Diário 99

Sexta-feira, 22 de Janeiro de 1999,10:00, calor intenso.

 

Aqui começa o registro 1999.

Lamentavelmente não são boas as notícias iniciais: a mãe está no hospital ( Ernesto Dornelles) e nada bem; a crise alonga-se desde o fim do ano passado e as previsões são desalentadoras.

Heloisa veio quarta feira da praia para ajudar e eu vim ontem de noite.

A Alba ficou por lá.

No momento Heloisa que chegou do hospital muito cansada, está dormindo.

Ate’ agora, dia 22 de janeiro, estivemos no Imbé de modo intermitente, indo e vindo.

Da turma, só o Ângelo e o Lucas ficaram uns dias conosco porque, de um modo geral, todos estão trabalhando: a Patrícia e o Carlos já tiveram férias, a Virgínia recuperando aulas e a Isinha fazendo um curso na ULBRA.

O Bolão que iria para lá, simplesmente sumiu: achamos que esteja no Pinhal.

O tempo e o mar este ano estão fora dos nossos parâmetros sulinos: sol constante e o mar verde com água quente.

Helena tem telefonado e está gostando muito da experiência mas penso que, nesta altura, já deve estar batendo o banzo, o que é normal: poucos agüentam mais de quinze dias sem querer voltar logo para casa.

Outro acontecimento que deve ser registrado é a crise pela qual passa(?) o Brasil.

Começou quando o Itamar Franco, agora governador de Minas, resolveu decretar moratória e não pagar as contas do Estado.

A notícia correu o mundo só que ninguém sabe que Minas é um Estado e o Itamar agora é governador.

Em suma, o fato foi interpretado como se o Brasil tivesse em moratória e aí foi um salve-se quem puder: todo o mundo resolveu retirar a grana que tinham aplicado aqui e a coisa funcionou como uma corrida ao caixa do banco que vai falir.

O Governo resolveu deixar o dólar flutuar e aí tocou barata – voa!

Teve gente, no Uruguai, comprando dólar a cinco reais quando a cotação no paralelo é R$1, 56.

Estas loucuras são resultado das notícias alarmantes dos meios de comunicação: ontem, a Wite Fibbe terminou o Jornal da Globo desejando a todos uma boa noite, melhor que a do FHC.

Também a Lúcia me telefonou alarmadíssima com a crise, achando que o país vai acabar, como aconteceu com a Rússia.

Até pode mas a situação é bem diferente principalmente porque os USA têm o maior interesse em que o Brasil não quebre.

Estas crises econômicas são cíclicas, como os cometas, só não sabemos os seus períodos e são resultado da produção tornar-se muito maior que o consumo.

A saída clássica tem sido as guerras e é justamente por causa disto que Marx elaborou sua doutrina da supremacia do Estado.

Entregue ao mercado, ( depois da Era Industrial) a produção cresce geometricamente e o consumo, aritmeticamente e aí a crise.

Se o Estado puder controlar a produção, irá manter o equilíbrio.

Até aí tudo bem, mas no prosseguimento, Marx se perdeu.

Para eliminar o segundo problema, a guerra, a solução seria um estado universal, “trabalhadores do mundo, uni-vos” eis que sem Estado obviamente não há guerras.

Acontece que as piores guerras não são as econômicas e sim as religiosas e aí Marx foi do social para o psicológico e como soi acontecer, perdeu-se.

A solução dele foi simples: elimine-se as religiões, “ópio do povo”.

Só que…

Assim que estamos numa crise braba que, pelo menos dá chances a que se façam alguns comentários supostamente eruditos.

Ninguém tem receita para as crises econômicas e, até agora, todo o mundo, de Hitler a Stalin, para citar os mais recentes, quebrou a cara.

Pode-se dizer que o Roosevelt enfrentou e venceu a crise com o “New Deal” mas a verdade é que a guerra sobreveio logo após e aí a crise estaria vencida e qualquer jeito.

É como se alguém com pneumonia, tomasse um xarope quebra – peito e, em seguida, uma forte dose de penicilina.

Até pode – se dizer que foi o xarope mas é brigar com a evidência.

Quando estava escrevendo, faltou luz mas o Word recuperou certinho todo o documento.

Ótimo.

Estive no hospital e a mãe apresenta um quadro estável.

Heloisa ficou para que a Saara fosse para casa tomar um banho e atender suas necessidades domésticas.

Virgínia foi para a praia porque deve apanhar o Henrique que está em Atlântida desde Domingo passado.

Parece que Patrícia e Carlos também vão mas não sei quando.

O calor continua forte assim que dá vontade; hoje, até a charge da ZH trata do mar e do calor do Imbé.

Almoçamos no Mama, Heloisa e eu; apesar dum garçons de alta qualificação, o boiame continua atroz.

Esta filial do Mama foi alienada para umas pessoas que têm mais jeito de Fritz do que de buona gente.

Se for, temos relados que alemão fazendo galeto, é de chorar.

Alemão é bom em bolinhos em geral: batata, carne, aipim, arroz etc.etc.

Até que eu gosto de einsbein mas que é de matar, é.

Saí para tomar chope com o Ingo e comemos “hagenpeta”,  suponho que seja assim que se escreve, comida alemã que traduzida é um sanduíche de carne crua super temperada.

Mais ou menos o que chamava-se de “carne de onça”.

Falando no Ingo, ele comprou um Mercedes e um Thunderbird(?).

No dia em que ele veio me buscar, juntou gente para ver o Thunderbird – ou o que for.

Trata-se de um cruzador de 5000cm3 de cilindrada.

O Alemão teve sorte porque hoje os tais importados devem estar muito mais caros.

Também já andamos no Mercedes que é realmente muito confortável sob qualquer aspecto.

Mas, do jeito que as coisas vão, talvez tenhamos que voltar para os Fucas, como aliás queria o Itamar.

Veremos, no Jornal da Globo, de como comportou-se o mercado hoje.

Acho que vou ter que levar janta para a Heloisa e Saara no hospital e que constitui-se em sanduíches do Zaffari e Coca Cola.

Eu como qualquer coisa, de preferência sorvete de manga.

Boas noites.

 

Sábado, 23 de Janeiro de 1999, 18:30, calor.

Hoje reapareceu o Bolão que estava no Pinhal; esteve no Hospital justamente quando a Bia achou que a mãe estava se apagando.

Era um rebate falso motivado pelo fato da Bia querer que a mãe fique permanentemente acordada, falando ou comendo.

É um sufoco a Bia.

Fui buscar a Saara em casa e fomos para o Hospital onde encontramos a mãe comendo gelatina.

O Bolão já havia me dito pelo telefone que não havia motivo para correrias.

Tudo bem, afinal as intenções da Bia são as melhores.

Hoje Heloisa posa lá; ontem veio posar em casa.

A mãe realmente está muito mal mas com altos e baixos.

Veremos o que acontece amanhã.

Estivemos na Alda que está muito bem.

Na praia estão a Virgínia e a Patrícia mas não vão ficar.

Sem a avó, ninguém fica.

Semana passada estiveram por lá o Carlinhos o Indiana.

O Carlinhos contou causos divertidíssimos, como é do seu natural.

Um deles é a história dum garçons malandro de um buteco fuleiro onde o Carlinhos almoçava nos gloriosos tempos do Bomfa.

Lá pelas tantas apareceu um engravatado de pastinha 007 e o garçons vibrou: é hoje que tiro o pé do barro.

Consultado, o engravatado pediu um meio completo!

Desanimado, o garçons partiu para a etapa seguinte:

  • E para beber?
  • Será que tu me arranja um copo de água?

E o garçons, bem alto, para todo o mundo ouvir:

  • Sai um Guaiba duplo aqui para o de gravata!

O causo não se esgotou aí mas o “Guaiba duplo” vale um registro.

O Indiana e a Ângela retornavam de Paris e nunca a Cidade Luz foi tão marretada.

Apud illis, pior que Paris só Cambará e no inverno: no verão há dúvidas.

A Ângela deitou e rolou na malhação.

O que não é de estranhar.

Até amanhã ou depois.

 

Segunda-feira, 25 de Janeiro de 1999, 18:30, calor intenso.

 

Ontem foi um dia de muito calor e intensa movimentação:

Estivemos de manhã, de tarde e de noite no hospital.

Heloisa veio dormir em casa e ficou lá a Dirce.

Hoje Heloisa volta para o plantão.

A situação da mãe é a mesma, ou seja bastante delicada.

Neste momento estou esperando a Heloisa e o Bolão que vem tomar um café e voltar.

O Beto e a Vânia continuam na Serra: parece-me que ele deveria ficar aqui, para, pelo menos cuidar do Paulo que é uma pulga na camisola da Saara e agora também da irmãs dele.

É só.

 

Quarta-feira, 27 de Janeiro de 1999, 17:20, tempo bom.

 

Ontem, às 20:30, a mãe faleceu; estavam no hospital o Bolão e a Bia.

Foi um longo período de altos e baixos em sua saúde pois, se vocês observarem, iniciei os registros do ano passado contando que o Bolão detectara, na mãe, uma grande infeção renal, não tratada.

O sepultamento foi hoje, as 11:00 no Cemitério da Santa Casa onde a Saara possui um jazigo perpétuo.

Apesar das férias, do pouco tempo para avisar parentes e amigos, muitas, muitíssimas pessoas compareceram, o que mostra como a mãe era querida.

Continuo recebendo telefonemas e agora mesmo ligaram a Zilda e o Alemão.

É muito difícil escrever sobre a morte da nossa mãe mas creio que já disse tudo sobre ela no primeiro volume da a história da família.

Até ao fim, a mãe manteve  suas características principais: não encheu o saco de ninguém, aceitou a morte com toda a dignidade e, dentro do possível manteve sua privacidade enquanto lúcida.

Exagerando um pouco, poderia dizer que a mãe não se envolveu com a sua morte mas, para quem a conheceu, isto não será surpresa.

Este comportamento induz os mais circunstantes para que hajam da mesma maneira.

Assim que tudo transcorreu de modo tranqüilo e discreto, bem ao agrado de D. Célia.

Iremos todos sentir a sua falta.

Repito uma antiga afirmação de origem desconhecida: quando perdemos nossa mãe, morremos pela primeira vez.

Bem.

Se no futuro alguém quiser mais detalhes sobre as exéquias da mãe, o Bolão e a Heloisa poderão detalhar eis que participaram de todos os momentos finais; também a Patrícia e o Carlos preocuparam-se orientaram a parte médica com grande cuidado.

Obviamente eu poderia escrever muitas páginas sobre a morte da mãe mas, sendo seu filho, faço aquilo que posso, segundo nossas características.

Voltemos ao quotidiano que diz-se banal.

Os pequenos estão na praia sob orientação e cuidados técnicos da Isinha; devem estar aproveitando porque o tempo continua ensolarado e muito quente; pretendemos voltar amanhã para o Imbé mas ainda não está decidido.

Helena chega Domingo e o Bolão deve ir para a praia hoje ou amanhã.

Hoje é o aniversário do Paulo Fietz e talvez iremos jantar com a turma que está aqui em Porto Alegre, inclusive o Tergolina que foi ao enterro da mãe.

Dadas as circunstâncias, nada certo e estou aguardando telefonema.

Até a próxima.

 

Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 1999, 21:20, frio.

 

Cheguei hoje do Imbé e seria correto dizer que minhas férias acabaram mas na verdade pretendo espichá-las mesmo que interrompidas segundo as necessidades.

Heloisa ficou por lá com um monte de gurizada, mais especificamente o Ângelo, o Lucas, a Helena, Carol, Graziela, Henrique, Pablo e Diego!!!

Festa grande…

Em compensação, semana que vem, esvazia a pensão eis que os Barrios seguem para Jurerê, os Fietz para Perequê e a Isinha para Mariscal.

Quem passou o fim de semana conosco foi a Maria Helena que queria ver os guris: ela veio para o aniversário do Pablo mas o festejado deverá estar em Jurerê.

A turma já comentou que vai chover em Santa Catarina…

En parlant, o tempo que esteve glorioso em janeiro, entrou fevereiro com ares de inverno: ontem era um garoa gelada e fazia uns 15 graus.

Afinal, o verão já está mais para lá do que para cá e como sempre deixa a impressão de que passou depressa demais:

Mais uns dias e acaba o horário de verão; mais um mês e os crepúsculos ficam dourados, as pessoas mais lentas e recolhidas e haverá cheiro de goiabadas pelo ar.

Recordemos um atentado à poesia cometido quando o escriba estava desterrado no Rio, lá por 1949.

O vento – ouro das minhas latitudes

Embala as folhas em balanços lentos,

 poetas passam meditando, graves,

Buscando versos entre os cata-ventos.

 

…(não lembro mais)….

há cores loucas sobre o rio lá embaixo

num arrabalde a minha velha tia

faz goiabada em seu dourado tacho.

 

Do resto eu não me lembro mas confesso que os primeiros quatro versos são realmente muito bons.

Só lembro que termina com a figura do moço Outono muito elegante a recitar Verlaine…

O original completo deve estar por aí perdido em alguma gaveta.

Quero observar que o corretor ortográfico do Word pede assento em todas a palavra por.

Na verdade, só se deve acentuar quando for verbo.

As novidades são que o Pingo ganhou carro novo, a Isinha foi dispensada do IPA e a Helena não voltou muito deslumbrada dos USA.

Voltou muito magra porque a bóia no Novo México é terrível, algo assim como o mal de Atahualpa, pimenta misturada com pimentão e tudo regado a chilli.

Helena trouxe um baralho para a Heloisa e um isqueiro Zippo para mim; o mínimo que se pode dizer, partindo dos presentes é que não somos velhinhos comportados, caso em que a Heloisa ganharia um rosário e eu um par de meias de inverno.

Que bom: velho virtuoso é um ponta – pé nas partes.

O Joaquim apareceu umas duas vezes lá por casa e agora anda empolgado com os cátaros e os Templários, matérias nas quais eu estou no limite de Kelvin, zero absoluto.

Mas, como me passou vasta literatura, vou me embrenhar me mais uma cultura totalmente inútil.

Em termos de política, conforme previsto, o RGS e mais uns malucos aí, estão querendo fazer uma confusão nos princípios federativos.

Como já antes disse, o Olívio vai arranjar outra confusão grande, tipo aquela da encampação dos ônibus.

O dólar anda lá por R$1,80 mas deve cair.

Nomeou-se presidente do Banco Central o gerente administrativo do Soros, o maior investidor – ou especulador – do mundo, capaz de quebrar qualquer país remediado.

A grita está grande mas eu acho que é uma boa saída: procura-se o melhor independentemente de que ele seja Flamengo ou Vasco.

Vendi o meu terreno da Uruguaiana: durante mais de vinte anos paguei impostos altos e certamente não recuperei o que gastei mas, pelo menos me livrei da preocupação.

Ainda tenho que cortar algumas coisas para me acomodar à famosa crise mas devagar, muito devagar, vamos.

O próximo corte vais ser o tal celular que simplesmente não uso: fazia falta na praia mas agora não precisamos mais.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999, 16:25, tempo nhenhenhe.

 

Cheguei hoje do Imbé para atender as eventuais urgências e à audiência da Saara, Quarta feira, dia 24.

Heloisa ficou só pois até  a Alba foi passar o week end em Capão e só deve retornar hoje de tarde.

Isinha está por lá com o Ângelo; o Pino já veio trabalhar e o Lucas está com o Tergolina passeando em Santa.

Restante da tropa em Porto Alegre.

Heloisa telefonou para dizer – entusiasticamente – que perdi o melhor banho da temporada!!!

A manhã estava realmente muito bonita e o mar anda quente et pour cause, bem verde mas justo hoje ser o melhor banho da temporada é uma injustiça com este que vos escreve.

Se bem me lembro, não é a primeira vez que isto acontece…

Os catarinas já retornaram todos e igualmente deslumbrados com melhores banhos, agora do mundo: o Tergolina declarou enfaticamente que nem o Caribe se assemelha ao Perequê!

Como se vê, o veraneio foi, economicamente seletivo: os Barrios em Jurerê, os Fietz em Perequê, nós no Imbé e o Bolão em Pinhal.

Considerando as possibilidades futuras do Bolão e da Liege, logo seremos os meridionais da família.

A moçada, na medida em que vai se abonando, vais subindo.

Dizem que no Canada as praias são ótimas…

Quem está com a Isinha é a Graça que, se emagrecer ainda mais, vai ter que adotar a cidadania da Somália.

Domingo foram almoçar lá em casa e a Graça, que vive de regime, abusou um pouco – muito pouco – da bóia e ficou o resto do dia imprestável.

Me lembrou a mula do inglês.

A novidade do veraneio foram as crianças Maomé que acamparam lá em casa; a Graziela e o Henrique ficavam com o Ângelo e o Lalo desde de manhã até altas horas da madrugada.

Também apareceu o neto do Ivan Motta Dornelles, um piá muito simpático e que joga uma bola redondinha.

Aquele será craque, sem dúvida.

Sábado fomos a um churrasco no Vares que estava bastante bom; o Vares agora passa o dia na NET assistindo programas culinários e até que faz uns pratos ótimos.

Quem diria!

A Saara está no Imbé mas deve retornar manhã, definitivamente; ainda não está boa do joelho.

Este ano resolvi fazer vinho, o que aliás é muito simples; estou com cinco litros na frigider porque já está engarrafado e  o processo de fermentação é violento, pior do que a gingerbeer.

Se não fermentar o vinho fica adamado e muito gostoso de beber.

Se fermentar na garrafa, que deverá ficar aberta, temos um vinho de melhor qualidade.

O meu deve ser de grande qualidade porque a uva está ótima, foi debulhada e a amassada à mão e a fermentação inicial foi curta, três dias.

Ainda estou pensando se deixo fermentar para ver como é que fica ou se consumo adamado.

A prova está ótima.

Estou pensando em fazer 200 litros no ano que vem; não é muito trabalhos, só se precisam recipientes adequados.

Para não esquecer, Sábado acabou o horário de verão.

Infelizmente, vieram notícias más do Rio: a Zilda está com nódulo maligno no pulmão.

O Carlos diz que isto é comum em quem já teve sarcoma, é operável sem maiores problemas se houver um só nódulo e pulmonar.

A Zilda deverá fazer outros exames.

Heloisa ficou muito abalada e, assim que couber, iremos ao Rio.

Antes é preciso conversar com o Carlos a respeito que, por sua vez, precisa ouvir o médico da Zilda.

Situação realmente delicada eis que ainda há que pensar o que fazer com a Alda.

Bem.

Este ano o camarão está rolando no Imbé e trouxe uns quilos para o inverno.

O preço está a R$5,00 o quilo, direto dos pescadores na beira do Rio.

Hoje recebi um folder do fornecedor de bacalhau de São Paulo e preciso telefonar para saber os preços.

R$24,88 o quilo do filé Porto; desejo alertar que no Zaffari – vi hoje – está a mais de R$40,00 o Porto!

Negócio é comer piava na Páscoa.

Piava no bom sentido, não vá o Tarciso Meira interpretar mal.

É para ver como são as coisas: quando todo o mundo pensava que as piavas haviam desaparecido da bacia do Guaíba, elas, graças aos cirurgiões plásticos, ressurgem aos montes.

O povo ecológico deveria montar um agradecimento público aos Uebel da vida.

Donde menos se espera, dali mesmo é que não sai nada.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 10 de Março de 1999, 21:29, calor.

Voltamos ontem do Imbé com grande vontade de ficar porque o calor aqui está medonho; contrariamente, este ano tivemos um veraneio fora do comum com mar verde, quente, quase nenhuma chuva e abundância de camarões.

A vontade que se tem é de ficar na beira do mar até que venha o outono mas, temos muitas ligações aqui e depois que se volta é difícil retomar o veraneio.

Parece que o povo irá no fim de semana que vem e eu, de qualquer forma devo voltar para cobrir a piscina, colocar algicida etc. etc.

Este ano consegui manter a água num padrão excelente.

Se necessário já terei uma outra profissão: encarregado de piscinas!!!

Até que no verão é uma atividade bem agradável.

Nestes últimos dias tivemos o Evaldo por lá e parece-me fora de dúvida que ele não tem mais condições de estar só.

Qualquer dia irá acontecer um acidente sério com ele.

O que nos surpreendeu é que em nenhuma oportunidade algum membro da família dele tenha telefonado para saber de como iriam as coisas.

Bem.

O Tergolina e os guris retornaram ontem de Fernando de Noronha e o Ângelo telefonou para dar um breve relatório da viajem: gostaram de mais e até o Pingo que sempre fora arredio a turismos, faz os maiores elogios ao passeio.

Filmaram bastante e ídem fotografaram.

Bolão comprou o Fuca da Marília e decerto irá se incomodar bastante por causa disto mas passarinho que come pedra sabe o cú que tem.

Patrícia debaixo de mau tempo, cada vez mais solicitada o que também vale para o Dr. Carlos Barrios.

Isinha fazendo um curso de fim de semana na Ulbra o que, com este verão prolongado, certamente não é uma boa opção.

Paulo Martins deve retornar breve do Espirito Santo.

Zilda deve operar-se esta semana: Heloisa falou para a Alda da operação.

Vou encerrar porque está um calor danado e acaba fundindo o computador que já está lento.

Até a próxima.

 

 

 

Quinta-feira, 11 de Março de 1999, 22:07, tempo bom.

 

Hoje fomos ao cinema para ver o filme que concorre com “Central do Brasil”.

Fomos no Guion e realmente é um centro de diversões muito bom. Tomamos um chope e traçamos um sanduíche, nada além de razoável. E, caríssimo; prevejo que aquilo lá não agüenta muito tempo.

O filme também é razoável, falta alguma coisa que eu defini como “história”; estamos acostumados às novelas que basicamente são enredo e assim, quando vemos um cinema predominantemente de imagem, parece que falta alguma coisa.

Na verdade, cinema é imagem assim que não há o que reclamar e até pelo contrário.

Tudo para concluir que “Central do Brasil” não tem a menor chance.

Neste momento o Grêmio está perdendo no Olímpico para o ABC de Natal…

Era a maior barbada e a coisa encrencou mas agora o Grêmio empata 3 x 3 e está classificado.

Houve uma falta geral de energia elétrica, parece que em todo o sudeste e sul.

O que será que houve?

Acabamos de falar com o Alemão; a Zilda opera-se Segunda feira e a Alda queria ir mas telefonou para lá e o povo dissuadiu-a. A Alda ficou indignada mas na verdade acho que eles têm razão, seria uma pessoa a mais para ser atendida.

Bem.

O João trouxe aqui o fuca que o Bolão comprou da Marilia e devo dizer que a compra nem merece comentários.

As partes envolvidas no negócio, pelo menos, são diferentes.

Ë muito possível que amanhã voltamos para o Imbé para que possamos trazer o resto da bagulhama e fechar a casa.

Ainda temos o problema do que fazer no dia do meu aniversário mas penso que a melhor solução é uma janta num destes bastantões que abundam por aí.

Fogo de Chão, por exemplo.

As pessoas acham que fazer 70 anos é um episódio que merece comemoração mas penso que o interessado não tem o menor mérito na coisa toda.

Como dizia o Pitigrilli, se quiseres viver muito, escolhe bem teus ancestrais.

O problema é que nunca se sabe de qual ancestral iremos herdar as nossas características vitais: às vezes ressurgem nas famílias velhos personagens de cinco ou mais gerações anteriores.

E aí você pode apagar com trinta ou com cem anos.

Neste momento e pessoal da radio está fazendo entrevistas para esclarecer o que houve com e energia elétrica que atingiu seis estados, fato inédito na história.

Tomara que não tenha sido sabotagem porque aí a casa cai.

De um modo geral, a situação geral da Bulgária já está horrível, com o Brizolla pregando a renuncia do FHC, o Tarso pedindo a sua substituição, a inflação reaparecendo, a criminalidade aumentando e por aí empós.

Situações assim não permitem um bom prognóstico.

A verdade é que os habitantes deste país são a escória da humanidade e procuram aproveitar-se de qualquer chance para depenar seus semelhantes: a maioria dos comerciantes, quando foi liberado o câmbio, imediatamente subiu até 30% nos preços.

É uma velha história que tem origem na formação das classes economicamente dominantes, as quais se estruturaram no tráfego de escravos.

Como bem sabia o Ciro Gomes, a única maneira de acabar com a inflação no Brasil é segurar o dólar e liberar as importações.

Vou registrar um exemplo: o Waldir, vendia água mineral por R$6,00 o garrafão e quando o dólar subiu, aumentou para R7,80 enquanto o Alemão vendia a mesma água por R$5,50!

O Ruy Barbosa sintetizou toda esta infame realidade na oração que deveria ser afixada em todo o país a qual versa sobre o triunfo das nulidades e o sucesso dos patifes e vigaristas e sua descrença no Brasil.

Infelizmente, cada vez mais o que ele disse é verdade.

Enquanto isto, o Olívio continua enchendo o saco: ele agora aprendeu duas palavras novas “espraiar e capilarizar” e fica falando isto a toda hora e sob qualquer motivo.

Antigamente era “transparência”!

O cara é um galocha.

No momento desenha-se uma briga com o PDT que quer cobrar em cargos do governo o apoio que deu para a eleição do Olívio e que foi fundamental: não fosse a candidatura daquela anã de jardim, a Emília Fernandes, o Brito ganharia no primeiro turno.

Só que o Olívio que reduzir o pessoal em 40% – no que ele tem razão – e já encheu com as pedinchices do PDT.

Je veux que s’en fous.

No fim, a Patrícia tem razão: o negócio é se mandar para outra pátrias que esta aqui é uma merda; vejam que eu não uso o verbo “estar” e sim ‘verbo “ser”.

Mudando de assunto, agora de noite estivemos na Saara que está bem e me devolveu a miniatura do espadim de Caxias que eu havia dado à mãe em 1947!

São mais de cinqüenta anos.

A mãe pretendia transmiti-la a algum neto que segui-se a carreira militar mas não apareceu o candidato que, aliás,  só poderiam ser ou o Beto ou o Bolão.

E para quem irei passá-la?

Com tão profunda reflexão, o melhor ir dormir.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 15 de Março de 1999, 21:18, bom.

 

E assim, depois de quase três meses, encerramos o veraneio de 99, um dos melhores que tivemos; se foi influência de La Niña, bons vento a tragam de volta no ano que vem.

Por aqui tudo em ordem, a casa brilhando graças aos muito bons ofícios da Olívia.

Bolão chegou junto conosco e estão todos bem na casa dele.

Está meio desanimado com o fuca mas agora é tarde.

No mais, tudo em ordem.

Para amanhã, meu aniversário, planeja-se uma janta conjunta no Fogo de Chão, sob a batuta da doutora Patrícia.

Faço setenta anos, como todos sabemos.

O fato mereceria algumas digressões inteligentes mas penso que já expus o que penso do assunto: procure escolher ascendentes longevos.

Claro que no tempo em que se usava penicos, papel higiênico era sabugo e água de poço, era muito difícil viver-se tanto mas, mesmo assim, o Matusalem – dizem – viveu bem mais.

Os avanços científicos, mais especificamente aqueles referentes ao Projeto Genoma, estão indo tão rapidamente que a futura geração, nossos netos, certamente vão fácil além dos 140 anos.

Vai ser duro enfrentar no mercado de trabalho um cara com cem anos de experiência.

Na verdade o sucesso é uma soma de fatores tão heterogêneos que não se pode afirmar que uma longa experiência seja fundamental.

Certamente vai continuar valendo o QI ( quem indica).

Também me parece que os negrão da Somália não terão muitas chances de beneficiarem-se com as descobertas do povo da universidades americanas.

Ainda vai haver gente cuja maior preocupação será a mandioca do almoço.

Ou seja, vai se acentuar o famoso gapp daquele gordão da Fundação Hudson (?).

E nois aqui às voltas com o Olívio!

É dose.

O Galo tem, pelo menos, fornecido boa matéria prima para os chargistas e certamente irá fornecer muito mais.

Ainda vem muita besteira pela frente.

Telefonou o Banda para informar que foi tudo muito bem com a operação da Zilda que sequer foi para a UTI.

Surpreendente para uma operação de pulmão.

Chegou o Paulo Martins; contrariamente ao que sempre doutrinou, parece que passa o verão no norte e o inverno aqui.

Pelo menos é uma pratica curiosa.

Quem esteve na praia este fim de semana foi a Maria Teresa que almoçou conosco no Domingo; muito educada e agradável, parece ser mais uma vítima de um mau serviço de relações públicas.

O Imbé está deserto e a praia vazia mas muito agradável e ainda hoje fizemos nossa caminhada a beira mar.

Trouxemos camarões mil, muito bons, graúdos  e por um preço razoável para o período de Páscoa: R$6,00, com casca.

Reencontrei, na praia stritu senso o Rudá de Oliveira Freitas, irmão mais moço do Ibá, colega de turma que já está com Manitou; trata-se de um coronel de Cavalaria da ala radical, TFP, UDR, candidato a deputado federal, estes babados.

Papo brabíssimo.

Como só estava ele e uns papa – terra ariscos, valeu a experiência.

Por sorte não é galocha e se arranca na primeira chance.

Como eu!

Boas noites.

 

Quarta-feira, 17 de Março de 1999, 18:41, quente.

 

Ontem festejamos meu aniversário no Fogo de Chão; foram todos mais a Saara e o Paulo, o Leo e a Enilda e o Paulo Martins nos seus trajes de mendigo nordestino.

Estava muito bom e como havia uma picanha fora do normal, fui perguntar de onde era.

Pois era do Texas!

Até em picanha, um de nossos últimos totens, já estamos no segundo time.

Pior do que isto, só o governo do PT; agora os pátrias arrumaram uma briga com a Brigada Militar.

Transferiram uns coronéis na calada da noite – olha a transparência – e como os caras chiaram feio, hoje já há umas notícias nos jornais, daquelas meio ambíguas, sugerindo que os caras são maus sapos, bandidos; esta técnica de avacalhamento sub-reptício é antiga, a SS usava muito.

Reitero: estes caras do PT, radicais e ideológicos, ou seja burros e donos da verdade, ainda vão incomodar e muito.

Não esquecer que eles, confessadamente, admitem a luta armada para chegar ao poder; só que, quando começam a levar pau, vão para a rua gritar que são mártires, vítimas da brutalidade etc.etc.

Conhecemos esta novela e vimos até pela televisão naquele episódio em que uns bichas da UNE agrediram a Ruth Cardoso.

Vou arrumar um bom emprego em Santa Catarina.

No mais, tudo em paz; hoje há um Grenal e decerto o Ângelo já está no Olímpico fazendo a ola.

Pela lógica, ganha o Grêmio e fácil.

Ainda hoje registrarei aqui o que aconteceu.

Acabou de telefonar o Bagé que ontem não me encontrou; aliás, houve mil telefonemas e também ganhei muitos presentes, dentre os quais uma bolsa de mão, chiquérrima que vai me obrigar a estreá-la no mínimo em Paris…

Foi presente do conjunto dos filhos, exceto a Isinha que me deu um livro do Luiz Fernando.

Vou desligar este computador que está um calorão danado e acaba queimando o processador, o que já aconteceu com o Carlos.

Volto mais tarde, se refrescar.

Agora, 10:40, o Grêmio e os nojento estão em 1 x 1.

Estive lendo o livro do Luiz Fernando que ganhei de aniversário; acho que o vizinho é realmente muito inteligente mas anda exagerando pour épater les bourgeois.

Interessante que não li e nem ouvi nenhum comentário sobre este livro; talvez a crítica não tenha gostado e com razão porque o livro é – digamos- excessivamente snob.

Uma demonstração de erudição e de situações pelo menos surpreendentes.

Vamos ver como continua pois ainda estou no primeiro terço.

É uma mistura de “Caso dos dez negrinhos” com “Cem anos de solidão”.

Na praia comprei e li umas histórias de futebol escritas pelo Galeano. Sem comentários.

Agora, sem comentários mesmo é o livro “Sala de Redação” que foi sucesso na Feira do Livro.

Francamente não nem a ser uma porcaria, é uma picaretagem primária e nada mais.

E, como tal não merece comentários.

Falando em droga, o grenal terminou em 1 x 1.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 18 de Março de 1999, 12:28.

 

Resolvi trazer cópia destes registros aqui para o escritório porque sempre aparecem uns tempinhos vagos entre um chato e outro.

A função de advogado é realmente muito estimulante mas, além das dificuldades decorrentes das lide em si, ainda há os clientes.

A coisa funciona mais ou menos assim: de manhã o pátria acorda e fica imaginando que o processo está demorando muito, que decerto o advogado está se jogando nas cordas.

Aí telefona e passa a levantar mil e uma hipóteses que podem ameaçar o seu dereito!

Na verdade, a prestação jurisdicional é um serviço público como qualquer outro e acaba dando a César o que dele é.

O resto é chifre em cabeça de égua, neurose, freudismo.

Às vezes perco a elegância e sou ríspido com os oligões, o que também não é certo.

Às vezes sugiro aos pátrias para irem estudar Direito, formarem-se e assumirem seus pepinos.

Como me disse um mestre, sou mais jurista do que advogado o que significa que preocupa-me mais o Direito do que o direito dos eventuais clientes.

O Diogo, por exemplo, fazia qualquer negócio para ganhar suas causas, inclusive praticando ilegalidades, prática com a qual nunca concordei.

Admito que advogados assim ganham fama e pecúnia mas acho que desservem a Justiça, o que não é bom para ninguém.

Pior do que advogado safado, só juiz corrupto, mal do que estamos livres aqui no RGS mas que é comum no resto do Brasil.

Neste momento o Antônio Carlos Magalhães, Presidente do Senado, está fazendo uma campanha para abrir uma CPI que irá investigar o Poder Judiciário o que vai causar uma alaúsa danada porque aqueles tribunais do Norte e Nordeste, são o fim da picada.

O Almir Pazianotto, presidente do TST, resolveu brigar publicamente com o ACM, o que, pelo menos, é uma temeridade.

Em seguida ficamos sabendo que o Pazianotto, considerado vestal, emprega toda a família no Tribunal…

Vai ser um rebu geral.

Particularmente acho que o ACM tem razão e a Justiça do Trabalho deve ser extinta porque ao longo do seu funcionamento foi criando um monte de aberrações e safadezas jurisprudenciais que a tornaram execrável; cito o caso das perícias, da inversão do ônus da prova e os acordos a qualquer preço.

Hoje, em qualquer junta, juizes e vogais forçam o acordo, inclusive ameaçando a parte reclamada de que irão se ralar se não pagarem algum para o reclamante, geralmente um safado apoiado por formandos da Unisinos e da Ritter dos Reis que ficam lá no Mercado Persa faturando umas migalhas resultantes de acordos com domésticas e faxineiras.

Foi assim, no Mercado Persa, litigando contra a CEEE cujos advogados amoleciam porque também eram funcionários, que o ilustre vestal Tarso Genro enriqueceu e fez o seu cartaz como defensor do povo.

Defendeu foi o bolso dele.

Ainda bem que o PT já está mostrando o que quer e pode e não demora muito desmorona.

Pena que iremos nos ralar junto.

O tema é interessante: passa-se a vida inteira constatando que o treinamento, a capacidade, são cada vez mais necessários para o bom desempenho de  determinadas funções e aí, na hora de eleger um governante, escolhe-se o pior, o galo da Bossoroca, puta que pariu!

Costuma-se dizer que, para arrancar um dente, exigimos treinamento universitário mas para presidir a república, basta ser eleitor.

Já li algures que foi por defender tese de mesmo mérito que Sócrates foi condenado à cicuta.

Até pode ser verdade porque a filosofia socrática pode ser resumida numa frase: bom é o que sabe.

E aí nois elege o Galo!

Como é que os caras têm coragem de ironizar a Carla Perez por achar que história começa com “i” e que Blumenau é no Rio Grande do Sul?

Que mal nos faz a falta de erudição da Carla Perez?

Alguém já gozou o bolha do Olívio porque usa “capilarizar” e “espraiar” como sinônimos e na realidade são antônimos?

Alguém já disse para um tal imbecil que “capilarizar” não existe no vernáculo?

Aliás, é bom não dizer porque aí ele volta para “transparência” e  “cidadania” palavras que acabou decorando.

Até mais.

 

Sexta-feira, 19 de Março de 1999, 21:30, calor brabo.

 

O verão continua medonho  não há esperanças de que vá melhorar; hoje, o movimento da friuei estava grande, o bloco se mandando para o litoral.

Como amanhã é o casamento da filha do Lins, não podemos ir; também porque Segunda feira tenho um audiência em Passo Fundo.

Depois vai começar a operação Bagé.

O João teve um problema de choque térmico e está com um lado do rosto paralisado; diz a médica que é coisa de pouca monta e que ele sara em 48 horas.

Está o próprio Paulo Santana.

Hoje almocei com o Bagé no Plazinha que está uma droga; o Eduardo está com o negócio da casa dele fechado; com o dinheiro da venda pretende pagar a primeira parcela do BB e liberar a fazenda de Bagé.

Tomara que dê tudo certo.

Encontrei também um velho conhecido, o Heinrich Pudler, um alemão muito simpático que faz parte do meu folclore; um pouco por causa dele é que hoje sou advogado.

Acho que ele é da Odessa.

Uma coisa que pretendo fazer nestes registros é anotar propagandas boas, daquelas que a gente não esquece tipo “nois viemo aqui pra bebe ou pra conversá”?

A Antártica lançou uma em que aparece a fazenda dela na Amazônia onde plantam o guraná. Aí o apresentador, com cara de safado, pega a frutinha do guaraná e diz:

  • Está é a fruta que a Antártica põe no seu guaraná. Agora pede para a Coca Cola mostrar a frutinha dela…

Mais ou menos assim e estou registrando porque saiu do ar, é agressiva e a Coca deve ter ido para o Conar.

Em compensação há uma propaganda da Telet – ou algo assim – que enche o saco.

E, passa a toda hora.

Aquela dos gordinhos do DDD também é para acabar com o saco de qualquer um.

Interessante registrar estas coisas porque a gente esquece mas sempre aparece um galocha que pergunta:

  • Tu te lembras daquela propaganda da Minancora que saia no rádio quando a gente era guri?

E por causa disto, vou lembrar algumas que nunca mais foram esquecidas:

  • “Veja ilustre passageiro…
  • “Safrol, o amigo do peito…
  • “Pilulas de Vida do Dr. Ross…
  • “Talco Ross…
  • Água Salus (em Botafogo, no Rio)
  • O Dragão da rua Larga ( no Rio).

E por ai empós; na medida em que me ocorrer, registro.

Domingo é o aniversário da Isinha mas não sabemos qual será a programação porque ela fica na ULBRA desde Sexta de noite até Sábado idem.

O Ângelo fica só em casa e não sei como ele se arranja para comer.

Agora ele treina futebol no IPA todas as tardes, da duas às cinco o que é péssimo para quem deve fazer vestibular no fim do ano.

Acho que no terceiro ano do 2º grau, as pessoas deveria dedicar-se só ao estudo, é uma questão de prioridade.

Mas, cada um sabe de si.

Vou desligar este computador porque o calor está demais.

Boas noites.

 

Terça-feira, 23 de Março de 1999, 19:08, calor.

 

O tempo continua seco e muito quente: do jeito que vai, o verão só termina no dia de São João.

Ontem fui, com o João, a Passo Fundo; aproveitamos para comprar erva em SÃO LUIZ DA MORTANDADE, lugar que eu, não sei porque, havia escrito chamar-se SÃO JOÃO etc.

Acho que deve ser porque o São Luiz não senta muito com mortandade enquanto o velho São João da Salomé, é muito mais afim com acontecimentos de tal tipo.

Fica a retificação que agora está documentada com uma foto.

O João teve um acidente facial que o deixou parecido com o Paulo Santana mas, nada de mais, agüentou muito bem a viajem que se não é muito longa, também não é um piquenique; principalmente por causa do calor que está de rachar.

Hoje o Ângelo viria estudar aqui mas acho que me enganei, é amanhã e Quinta eis que Sexta ele tem prova de Matemática.

Domingo tivemos o aniversário da Isinha com grandioso galeto e o Lucas apanhou goiabas para mim que até já foram transformadas em doce.

Há miríades de goiabas lá na Isinha e neste momento o Lucas acaba de telefonar que colheu mais um montão que virão amanhã.

A Lígia do Muratore está de olho.

Heloisa foi agora de tarde ver “Shakespeare Apaixonado” o filme que faturou vários Oscars.

Conforme previsto “Central do Brasil” não levou nada e os prêmios, inclusive de melhor ator, ficaram com o italiano “La Vida é bela”.

O povo crítico daqui está metendo uma lenha federal nas babaquices da festa do Oscar e nos prêmios e premiados.

É claro que trata-se de uma festa americana et pour cause babaca e os prêmios têm como fundamento a possibilidade de bilheteria: sé é um filme que tende a faturar alto, leva o prêmio, mesmo que seja um água com açúcar e parece que foi o caso.

Heloisa informa que “Shakespeare” é um filmezinho e nada mais.

DE qualquer forma, o assunto das últimas semanas tem sido cinema e até que não é dos piores.

Voltando para o dia a dia, o Stalin dos Pampas resolveu cortar a grana da Ford e da GM, contrariando o que documentalmente afirmava durante a campanha do segundo turno.

Enquanto o povo não se convencer que estes caras são radicais e fazem qualquer sujeira para alcançar o poder, iremos repetir a mesma farsa, o chamado estelionato eleitoral.

A história é muito antiga.

Hoje assassinaram o vice – presidente do Paraguai e o presidente mais o Lino Oviedo, um general fanfarrão estão sendo formalmente acusados o que significa guerra civil à vista.

Também no Chile a coisa está muito feia por causa do affaire Pinochet que terá o seu pedido de extradição julgado amanhã.

A América latina volta a se agitar e estamos no bolo; se os pretorianos dos USA resolverem meter-se no agito, o Olívio será uma das justificativas: afinal o RGS corresponde a três Paraguais e, pelo menos um Chile.

O Olívio para eles, é, mutatis mutandis, um novo Allende; sei que o Allende não merece a comparação mas a moçada no exterior não sabe que o Galo toma sopa de garfo.

E fazendo barulho…

Há muito tempo atrás, no tempo do neo – realismo italiano, apareceu um filme em quatro episódios, cujo título era “I Bamboli”; um dos episódios chamava-se “La zupa” e deveriam passá-lo de novo.

Com os PT no palácio, está atualizadíssimo!

Neguinhos colocam o bico a um metro a colher e chupam a sopa com um ruído que assusta a Eva Sopher lá no São Pedro.

Falando nisso, essa filha de Israel tem menos amor próprio do que expõe ao público: quando os PT assumiram e lhes foi perguntado se iriam manter a Sopher no São Pedro, responderam que se ela atendesse aos pressupostos, sim.

Se não, seria defenestrada. Todo mundo pensou que ela iria mandar o Pilla Vares enfiar o teatro no cú mas ela preferiu atender ao telefone com “Governo popular Democrático: Teatro São Pedro às suas ordens”.

Foi por estas e outras que os judeus foram massacrados pêlos alemães: se eles tivessem reagido os fredolinos teriam pensado duas vezes antes de baixar-lhes o cacete.

Afinal, se eles já estavam mortos mesmo, pelo menos levavam um fritz junto.

Mas não, embarcavam como cordeirinhos.

Estamos também que a OTAN vai atacar a Iugoslávia e se os pintas pensam em uma nova guerra do Golfo, estão completamente enganados.

As guerras mundiais sempre começam nos Balcãs porque aqueles cabeças de porongo são terríveis e combatem há mais de mil anos quase que ininterruptamente: eles já irrompem com um máximo de crueldade, o que só acontece quando a guerra se alonga e os ódios vão se acumulando.

Enquanto isto a OTAN entra de boinas verdes e salto alto.

Vai começar mais uma inana e das boas.

Ou seja, irá acontecer a clássica saída para as crises mundiais: Guerra!!!

Nihil novu sub soli, frase que agora se atribui a Shakespeare quando na verdade é dos Eclesiastes ou vai ver até está em alguma tijoleta dos babilônios.

O que é a ignorância e o Oscar.

Com o que me despeço para ver Casseta e Planeta.

Boas noites.

 

 

Terça-feira, 30 de Março de 1999, 23:10, refrescando.

 

Essa foi uma semana cheia e então temos o seguinte paradoxo: se os acontecimentos são muitos, então não tenho tempo de registrá-los; se são poucos, o tempo sobra para vir para cá e escrever.

Só que aí não há o que escrever.

Parei na Terça passada; durante Quarta e Quinta, foram aulas de Matemática para o Ângelo.

Na Sexta fui para Bagé com o Eduardo, donde retornamos Sábado.

No Domingo, grandioso churrasco nos Barrios para comemora os 44 anos do Carlos.

Também a família Leuschner chegou da Alemanha; estivemos no aeroporto mas como o vôo atrasou três horas, voltamos para casa.

Amanhã vão todos para Torres; no dia 9 d abril farão uma open house para o que já nos convidaram; será também o bota – fora dos fredolinos que retornam para a Alemanha acompanhados da Ilsa que irá permanecer pôr lá até outubro.

O Paulo Martins deve retornar para o seu paraíso no dia 15 e a Alda prepara-se para ir até ao Rio, visitar a Zilda caso em que a Heloisa também irá.

Silvia embarcou hoje para os USA e telefonou do aeroporto se despedindo; voltam e dezembro e querem que eu vá inaugurar a churrasqueira da Gávea.

Como vemos as viagens são muitas tanto que estamos nos preparando para ir ao Imbé na Páscoa…

No campo esportivo, o Grêmio perdeu o Grenal mas classificou-se para a Copa Sul, o Brasil perdeu para a Coréia e amanhã decerto irá perder de novo para o Japão.

No que concerne à política local os PT continuam brigando com todo o mundo: montadoras, Brigada Militar, União, Assembléia etc.

A Ford já está arrumando as malas e a GM parou.

Esses PT estão retornando aos anos 20, quando o Stalin assumiu na Rússia.

Nois merece.

O dólar em queda livre, os investimentos crescendo, parece que a tão famosa crise já era, para desgosto do Brizola que agora prega a renuncia do FHC do mesmo e exato modo como pregava a permanência do Collor.

O Brizola falou ontem na televisão contra o governo do Brito que ele classificou como governo de “velhas raposas” da política…

Ele se acha uma raposa nova.

Coerência em política não é muito praticada mas, não se pode exagerar.

No âmbito mundial, a OTAN segue atacando a Iugoslávia o que vai acabar engrossando porque o presidente da OTAN é um espanhol e o da Iugoslávia um bandido, ou seja, a mesma coisa.

Quando começarem os combates terrestres é que os neguinhos irão ver o que é bom para a tosse.

Os OTAN se acostumaram mal com o arabatachos do Sadan.

Colocar soldados inexperientes em combate terrestre contra veteranos que ainda por cima conhecem o terreno é o mesmo que levar bois para o matadouro.

Observem, via TV, o equipamento dos iugos: um gorrinho na cabeça, um bornal de munição, sapato confortável, um bom fuzil e nada mais; agora vejam a parafernália que carregam os da OTAN e vejam se não se parece com as armaduras que os cavaleiros da Idade Média carregavam e que, na prática, os impediam de combater.

Colocar um encouraçado daqueles em cima de um cavalo era um operação que exigia três ou quatro pagens; quando o pátria caia do matungo, estava liquidado porque sequer conseguia se levantar, tamanho era o peso da lataria.

Infante, quanto mais leve, melhor, inclusive o armamento.

Uma arma calibre 22 produz feridos o que exige evacuação, hospitais etc.

Uma arma 45 produz mortos, coisa muito mais simples de manejar, segundo as cruéis razões da guerra.

Como já estamos cansados de saber, a vontade de lutar é que dá as vitórias na guerra e, por definição, tropas mercenárias não apresentam este atributo.

A tropa da OTAN é mercenária.

Nesta altura, caberia uma dissertação sobre italianos e oriundi como os portenhos que não têm muita vontade de andare a la guerra perche se mangia male e se duorme per terra.

A grafia em italiano aí de cima não está errada: é um dialeto!!!

Então tá.

Dia 27, o Banda fez aniversário e tudo bem por lá; a Zilda está melhorando mas o quadro é sério.

Como se diz, arte de escrever é a arte de sentar o que significa que deve-se reservar tempo e perseverar; na medida em que a gente escreve menos, menor é a disposição.

Depois da Páscoa, pretendo voltar a escrever de modo mais assíduo e, principalmente, mais interessante, fazendo uma abordagem mais humorística.

Aguardemos.

Este negócio de escrever só por escrever ou seja, para não publicar, sem nenhuma obrigação, coloca a coisa toda num plano muito baixo das prioridades: se der deu, se não der, tudo bem.

O que não é estimulante.

Boas noites.

Quarta-feira, 31 de Março de 1999, 17:19, vem chuva.

E assim entramos no glorioso mês de abril: parece mentira mas já faz um ano que estivemos em Portugal.

As memórias ainda estão muito vivas, parece que foi ontem, desculpem o chavão.

Durante o veraneio, li o livro do Saramago das viagens que fez pelo interior de Portugal.

Cada um na sua mas a visão dele é completamente diferente da minha e penso até que ele foi patrocinado por algum órgão público que cuida de antigüidades.

Os comentários versam sobre igrejas e castelos velhos mas não nada sobre de como viveriam os construtores e usuários.

É uma descrição muito bem feita e com comentários inteligentes mas totalmente impessoais; como ele é materialista ferrenho, penso que não está interessado em aspectos subjetivos mas, por isto, a obra fica meio maçante.

De qualquer forma, muito bem escrita embora nada a ver com o Garret, fato aliás que ele deixa bem claro na apresentação.

Aprende-se muito mais com o Eça do que com o Zé Saramago.

En passant, no aniversário do Carlos, a filha do Renato pediatra lia um livro do Eça, obviamente para fins de vestibular; aí fiz uns comentário e ela resolveu dar uma impressionada geral na burguesia circundante.

Disse-me que adorava o Tolstoi e também o Dostoiewski!

A guria deve ter uns quinze anos e deu para sentir a esnobada no pobre marquês.

Aí perguntei a ela se havia lido o Tolstoi em russo e ela vibrou porque teve a chance de responder que não, que o fizera em inglês!

Disse a ela que as traduções em inglês eram fracas e que o melhor então – já que em Português eram muito ruins – seria ler em francês.

Ela disse que não sabia Francês mas já estava tratando de corrigir tamanha falha em sua educação, matriculando – se na Aliança!

Com o que só me restou recomendar-lhe a leitura de ” Almas Mortas” do Gogol.

Em francês!

Mas a menina é muito simpática e, quem sabe, não será mesmo uma (futura) literata?

Esqueci de perguntar qual a Faculdade que pretende cursar.

Em matéria de leitura e literatura, a gente pode esperar tudo dos supostos entendidos.

Estes dias um cretino qualquer da PUC comentou em Zero Hora, uma pesquisa feita na Alemanha sobre quais seriam os eus maiores escritores e o cara estava escandalizado pela presença destacada de Thomas Mann e Karl May.

Não vou comentar o Mann que aí já é brincadeira mas sobre o Karl May ele disse que ele era leitura de ” nossos avós que eram semi – analfabetos”.

Que grande imbecil, filho duma puta: o mundo inteiro leu

“Winnetou”.

O que mais me impressiona é que ninguém chiou mas eu vou escrever ao amigo Scliar – que certamente leu também – para que publique algo a respeito.

E vai ser hoje antes que me esqueça.

O pinta este deve ser esquerdinha de bar pelo que falou de Goethe, Schiller e Thomas Mann.

É um saco agüentar esquadrinhas de bar.

Na novela “Andando nas Nuvens” capítulo de ontem, há uma cena em que um desses pintas regouga para um público pouco asseado sobre uma exposição de “vanguarda” que a polícia de Brasília impediu que fosse feita no pátio do Legislativo.

Há dois personagens envolvidos, além do apresentador da exposição, uma repórter idem metida a intelectual e um repórter mais dado ao quotidiano brutal.

O repórter faz umas perguntas para o apresentador e diante das respostas cretinas conclui:

  • Na minha terra, isto não é arte, é picaretagem!

Eis aí um resumo perfeito do que acontece em casos semelhantes.

Com exceção do teatro local que nem mesmo picaretagem é.

Já comentei muito.

Hoje o PT está comemorando o 31 de março – aniversário da revolução de 64 – ao contrário: haverá várias reuniões de  “intelectuais” para analisar o que realmente ocorreu.

Um dos locais preferidos do PT, como “Espaço Cultural”, é a Usina do Gasômetro que só não foi demolida porque uns caras, egressos do Colégio Militar, não deixaram.

Andavam de chapéu na mão pela cidade pedindo ajuda mas sabiam que, se desse certo, logo apareceriam novos pais.

Não deu outra.

Dizem quem por lá anda, que as manifestações de arte popular que lá se exibem são tão ridículas que dá vontade de praticar o haraquiri nacional.

Quem já ouviu o papo de algum adido cultural do Município e não teve uma apoplexia é por que sofre de autismo.

E, definitivamente o PT não quer a Ford e encerrou o assunto.

Um deputado da oposição perguntou se não foram consultadas as bases do Orçamento Participativo, porque o Olívio decidiu sozinho uma questão que interessa tanta gente.

Aí os caras desconversam ou nem respondem conforme a velha tática do discurso stalinista.

Todo o mundo pensava que depois de Descartes, a Escolástica estava enterrada mas agora sabemos que volta com os PT.

Como sabemos, a Escolástica não admitia dúvidas nem questões e nem diálogo: o padre explica tudo e o que não pode explicar, é uma razão de fé e, temos conversado: ou aceita ou vai para o Inferno, para a fogueira ou para o Gullack, depende da época e do país.

E a gente no meio.

Aliás, pensando bem, não surpreende porque o Olívio é Misssioneiro, herdeiro da cultura jesuíta, classicamente escolástica.

Os jesuítas queixavam-se muito que os índios deixados de per si eram indolentes e cachaceiros o que confirma a ,minha tese.

Também diziam que o sonho deles era tomar chimarrão e ver as encenações que os padres faziam com os índios num arremedo de teatro.

Também confere.

Semana passada, numa cerimônia oficial importante, formatura de oficiais da Brigada, o Olívio ficou no palanque tomando mate.

Não demora vai virar motivo de galhofa.

Os caras já são loucos para gozar os gaúchos e com uma deixa destas, vai ser uma festa.

Já estou imaginando que irão chamar o Olívio de Monica Lewinski dos Pampas: vive chupando.

E, nóis no meio!

Aí os tradicionalistas vão ficar indignados e dizer que isto é uma barbaridade.

Barbaridade é o Olívio.

Pior que ele só o Brezol.

Que vai Ter que calara boca porque os investidores voltaram, as exportações subiram e o dólar despencou de tal modo que o Banco do Brasil foi obrigado a comprar para segurar o preço.

Hoje entrou o Negrão na briga: vai entrar com uma Ação Popular” contra o orçamento participativo que está deslocando os Conselhos Regionais criados por ele e filiando os que por lá aparecem, no PT.

Eu sempre disse e repito: para derrotar o PT só o Negrão Collar que usa armas piores do que as deles.

Infelizmente o Brezol, com medo da concorrência, fechou as portas do PDT para o Negrão e assim transformou o PDT em capacho do PT.

Aquela anãzinha de jardim, a Emília Fernandes, empregadora de filhos e mais parentes é a que mais torpedeia o Negrão porque, se ele volta, ela também volta: para Livramento.

E assim vão as coisas neste Rio Grande: de mal a pior.

Vou fazer coisa mais útil do que falar do PT, por exemplo, ver se arranjo um bom lugar em Santa Catarina ou alhures.

Até.

 

Segunda-feira, 5 de Abril de 1999, tempo chuvoso.

 

Passaram os feriados de Páscoa e não fomos à praia porque choveu barricas; a Isinha foi mas voltou no Sábado quando caiu um toró que alagou tudo; em frente de casa, a Rio Grande ficou intransitável.

Ontem fizemos um grandioso espeto corrido e estiveram mis de vinte pessoas, inclusive a Saara, o Paulo e a Bia.

Os feriados transcorreram calmamente e pouco saímos ou melhor, nem saímos.

Hoje de manhã o tempo estava ensolarado mas já fechou e parece que continua assim por uns dez dias.

Não demora e os caras que choravam por causa da seca, irão se queixar da enchente; lavrador é chorão por natureza, principalmente contra o tempo meteorológico.

A frase mais conclusiva sobre o tema é de – esqueci o nome do autor de Tom Sawier – que dizia:

– Ouço todo o mundo falar mal do tempo mas ninguém faz nada a respeito!!!

O que adianta queixar-se de falta ou excesso de chuva? Existe alguém capaz de diminuir chuvas ou aumentá-las?

Só São Pedro que já encheu o saco com os pidões e chorões.

Amanhã é o aniversário do Pingo mas acho que será difícil encontrá-lo por causa do trabalho, estudo e Rachel.

Ainda por cima a Isinha dá aulas de noite.

Vou mandar um E Mail para ele.

Hoje de noite creio que iremos até a Liris que também cumple años.

Março e abril são os meses mais marcados por aniversários.

Como a Heloisa não esquece as datas e faz questão do presente, penso que o orçamento dela deve estar estourado.

O João levou o Fuca do Bolão para concerto em Flores e voltou de ônibus; de qualquer forma, é possível que a partir deste concerto, pelo menos o Fuca fique mais seguro.

Até acertar aquela cacaiama ainda tem muita oficina pela frente.

A próxima compra do Bolão vai ser uma fábrica de chapéus gelot.

Falando nisto, o dólar está preocupando: é que vem caindo sistematicamente e daqui a pouco vai voltar ao patamar dos R$1,30 o que – diz-se – é ruim para exportações.

Este país não é para entender.

E a OTAN prepara-se para atacar os sérvios, com Infantiria de linha.

Antes porém – se é que eu ainda entendo alguma coisa de guerras – vão arrasar aqueles batuqueiros com ataques aéreos.

Neguinhos irão se arrepender de degolar os outros.

A dúvida que fica é : tira o Misoloviks ou algo assim e bota quem? De que religião? De que nacionalidade?

Acho que a única saída é criar mais três países nos Balcãs e avisar:

  • O primeiro que se meter de pato a ganso vai levar tanta bala que isto aqui vira mina de chumbo a céu aberto.

Mas que os albaneses irão atrás dos sérvios, certamente irão; nem que seja no ano 3000.

Enquanto isto o gambá da Sibéria descobriu a pólvora e avisa:

– Cuidado! As guerras geralmente começam nos Balcãs.

Ninguém não sabia disto velho Bóris, só tu!

Quanto mais confusão por lá, mais os neguinhos aplicam suas granas aqui e talvez esta seja a explicação pelo rápido desaparecimento da crise, baixa dos juros, do dólar etc.

Acho que até o fim do ano, se a coisa continuar assim, os economistas do governo vão começar a desconfiar:

  • Não será por causa dosovo que a crise se foi tão rápido?

Boas noites.

 

Quarta-feira, 7 de Abril de 1999, 17:27, chuva forte e contínua.

 

Penso que agora acabou a seca; aguardemos o pranto das enchentes.

A fofoca hoje está grande por causa da Ford e da GM; acontece que ontem, em entrevista ao Lazier, o Olívio declarou mil vezes que não vai dar dinheiro para rico, só para pobre.

Hoje o povo da GM disse que ou ele cumpre o contrato ou eles congelam a fábrica; a Ford vai além, se os PT não cumprirem os contratos, vão processá-los por lucros e perdas, entre outras coisas.

O presidente da Ford disse que a instalação de uma fábrica do porte da Ford é um problema que mexe com o mundo todo e que dia dezesseis ele tem uma reunião nos USA, com empresários que viriam operar as fornecedoras de partes e peças e que esses tais vêm da Alemanha, França etc etc.

Quem vai pagar as despesas que esses caras já fizeram?

Já vi este filme quando o Galo assumiu a Prefeitura e privatizou linhas de ônibus

E o que o presidente da Ford  vai dizer para eles? Que o Rio Grande é uma província marxista? Que somos nós, Cuba e a Coréia do Norte?

Com que cara ele vai ficar, se é que vai ficar porque – afinal – foi enganado com promessas por uns 171 de província, uns babacas do interior.

Como eu venho dizendo há tempos, este negócio de PT é muito mais sério do que estão imaginando os simpatizantes de bar.

Estes caras querem o poder por qualquer preço e pregam abertamente – inclusive o Olívio – a luta armada.

Estamos preparando um Allende.

A oposição já está se organizando para impechar o Olívio por total incapacidade administrativa.

Hoje ouvi no rádio o líder do PT na Assembléia defendendo as idéias do Chefe: a gente tem vontade de ir lá e dar umas porradas no cara, tamanho é o cinismo, tanta a cara de pau.

Os caras mentem sobre fatos conhecidos, são incoerentes com atos recentes, deduzem mal e prevêem pior.

Nem o povo das SS era tão safado.

O Goebells não seria aceito no PT por excesso de ética.

Tem mais: quem pensa que acabou o tempo das degolas, está totalmente enganado; esta merda aqui fica pior do que a Bosnia, a Sérvia, Kosovo etc.

O Roberto Campos esteve aqui, assistiu uma palestra do Olívio e chegou à conclusão que o referido é um habitante de Marte, tamanha é a sua desinformação sobre o que está acontecendo no planeta Terra.

Tenho para mim que a solução vai ser o Brasil chutar o Rio Grande da Federação!

Seria uma bela saída para o impasse que estamos criando.

Aí voltavam os jesuítas, aldeavam os nativos, passávamos a viver de carne e chimarrão, tudo como quer o nosso nunca assaz amado Galo Missioneiro: todo o mundo pobre, cagando no mato e limpando o Cu com sabugo.

Chô égua!

No mais, tudo andando: neste momento realiza-se aqui em casa o chá das véinhas de Vacaria que agora contam com o Vares no plantel para fins de completar a roda de jogo.

Acabei de chegar da Liege onde fui fazer uns tratamentos dentários; o consultório está muito bem instalado e nota-se que a Liege está entusiasmada porque está colocando ar condicionado, porteiro eletrônico etc.

E, os clientes começam a aparecer.

Logo eles estarão se mudando para a Três Figueiras, conforme previsto.

Se bem que a Glória é muito agradável e, para mim, traz boas recordações de infância.

Não mudou muito, a Glória.

E já fazem mais de 60 anos que moramos na Cascata 2319.

A casa não existe mais mas muitas contemporâneas ainda estão lá, firmes.

Quando passo, vou informando:

  • Ali era o açougue do Cantarutti, ali o armazém da D. Joaninha, ali morava o Alfeu Barcelos, a padaria do Pagano, a baiuca do Sapateirinho…

Por dentro, eu!

Ontem a Liris nos emprestou um livro de crônicas sobre Taquara, escrito por um primo da Heloisa o DR. Alberto Martins, vulgo Beto, um bolha oculista que faz questão de ser chamado de DR. Alberto.

Como de prever, o livro(?) é uma porcaria inominável e o cara mistura datas e fatos com a maior sem cerimônia.

É Guerra do Paraguai com a revolução de 93, é o Borges governador fazendo uma saudação ao Júlio de Castilhos, viagens de trem para o canela que duram mais de seis horas, o Canelinha em Taquara, o rio Parinhanha, um monte de besteiras.

Nem a seqüência de estações do trem entre Taquara e Canela o oligão sabe.

Ele é membro da Academia Taquarense de Letras!!!

Um imortal, portanto.

Não sou isento porque sempre achei o tal de Beto um cagalhão enfeitado.

Ressalto que ele é formado, nos idos de 60 pela Faculdade Catarinense…

O cara não passou nem no vestibular da PUC.

Então tá.

Esquecia de dizer que hoje estamos vivendo o que parece ser um dia de inverno, do que já tínhamos saudades.

Estou tomando chimarrão, friozinho, chove, a tarde está gris e a música do CD Player da Heloisa é um tango; pena que cantado por aquele espanhol especialista em boleros, no momento não lembro o nome mas é mais manjado do que Coca Cola.

Quando estou escrevendo e consequentemente pensando no que virá a seguir, a memória fica totalmente bloqueada para nomes; acho que chama – se a isto, no bom sentido, concentração.

No mau sentido é velhice.

Bom mesmo é jogar com palavras.

  • ? Señor don Pepe, como le vá em Tzelcoatlan?
  • No tan bien como si viviera en Sonora ou Vera Cruz.
  • ? Su mama, va bien, la vieja azucarera?
  • Sigue bien viviendo com un mariache aquel un que compuzo “Me cago en tal”
  • -? Si? Un valz ?
  • -No, una conga!
  • Ay que recuerdos de Agustin Lara.

E por aí a gente vai jogando com palavras sonoras.

Sou vidrado nos nomes das províncias do México.

E mais tarado ainda por mariaches.

Rucucucu paloma…

O meu portunhol está pior do que o do  Ferreira; ficou inesquecível a pergunta que ele fez para um colombiano que fez a EsAO conosco:

– Como vão as mojajas?

O pobre do colombiano – que era um simplório – ficou todo enrolado para responder enquanto o velho Ferreira insistia:

  • Si, las mojajas, las mojajas…

Aí o Vares interveio e esclareceu mas, imediatamente, tratou de divulgar por toda a Escola a pedrada do Véio.

En parlant, quem esteve por Porto Alegre ontem foi a Maria Helena Barrios mas já retornou para Montevidéu.

Está querendo fazer uma viajem ao nordeste e perguntou se não queríamos ir junto.

Vai de avião e volta de ônibus o que me deixa com um pé atrás porque já conheço os ônibus aratacas.

Fizemos uma viajem de Recife a Maceió que foi uma novidade.

Era para ser um ônibus executivo, via litoral e acabou um pau de arara pelo interior.

Foi bom porque conheci a terra do Graciliano, Palmeira dos Índios, lugar um pouco para lá e um pouco pior do que o fim do mundo.

Como se depreende, estou enchendo lingüiça, aguardando a hora das jogadoras pegarem o boné e eu ir jantar.

Mais uma hora e desfaleço de inanição porque hoje não almocei nada e estou com duas bananas desde a manhã.

Antes que bata o pior humor, saludo a todos.

07/04/99 18:55:21.

 

Segunda-feira, 12 de Abril de 1999, 22:28, tempo razoável.

 

Não me parece que tenha havido grandes novidades entre Quarta feira e hoje mas como a gente esquece muito do trivial, é bom não confiar.

O Saramago escreve só sobre triviais com bacalhau e ganhou o prêmio Nobel de modo que não devemos desprezar as banalidades: o difícil é escrever bem sobre elas.

Falando nisto, o Santana que quer ser um grande cronista, está esquecendo de uma regra básica: crônica não pode envolver valores objetivos, fatos, porque senão vira reportagem.

Ele publicou uma crônica sobre a falta de leite para as crianças da Ilha do Pavão e culpou o Ministério da Saúde ou algo assim.

Meteu o pau no Governo Federal, o que agora está em moda e daí os caras vieram para a televisão e provaram que a culpa era do Município de Porto Alegre.

O Santana, um bobalhão vaidoso, não voltou com a mea culpa mas o episódio deixou claro que cronista deve falar de sabiás, das ruas de antigamente, dos doces da vovó, enfim, assuntos subjetivos.

Por exemplo, caberia perguntar porque Ilha do Pavão?

Ao que eu saiba, nunca tivemos pavão in natura e certamente o povo que mora por lá nunca viu um.

É como Ilha da Pintada; tudo levava a crer que fosse uma corruptela de Pintado, Ilha do Pintado, um peixe que abunda no Guaíba.

Mas não: Pintada era o apelido de uma pescadora sardenta que por lá vivia e adquiriu fama de uma maneira que não conheço.

Vai ver que era a mesma que deu origem ao nome Saco da Alemoa, um canal entre as ilhas do mesmo Guaíba.

Afinal, alemoa tem muita chance de ser pintada.

De sardas.

Neste fim de semana fomos ao Imbé e estava tudo bem por lá, embora já um pouco frio e úmido.

Houve um fato que cabe narrar.

Desde o verão que ouvimos grandes encômios a um restaurante de Tramandaí, O Chalé.

Estávamos esperando a chance de ir lá; é verdade que o Anjo da Guarda nos protegia e acabávamos no 40.

Desta vez estávamos resolutos e fomos em busca da referida casa de pasto; não foi fácil de achar o que já deveria ser um forte indício. De qualquer forma entramos para avaliar a coisa toda.

Heloisa, após inspecionar o bufet de saladas, propôs uma retirada honrosa mas eu ainda estava curioso quanto a qualidade da comida que era altamente elogiada por todos e resolvi durar na posição.

O proprietário, querendo valorizar o estabelecimento e certamente nos impressionar, mostrou um enorme panela de ferro onde guardava a surpresa, o botim de Pantagruel.

Abriu a tampa e mostrou orgulhos a dádiva dos deuses:

  • PAELLA!!!

Mal sabia ele que de paella – ou pelo menos o que chamam assim – detestamos até o cheiro.

Assim que, resumindo, concluímos que de todos os restaurantes de Tramandaí e adjências – como se dizia no Ao Vencedor – o Chalé é o pior disparado.

Nunca confie em informações de pessoas acostumadas a comer em bastantões e bufets de R$1,99.

Uma explicação sobre paellas.

Aquilo é um prato tipo cozido, arroz com lingüiça, feijoada etc. ou seja, um sopão para muita gente em que você vai enfiando o que tem na cozinha.

Paella leva porco, galinha, peixe, lula, marisco e, como enfeite alguns camarões, tudo entulhado com arroz, grão de bico, o que tiver para aumentar o bolo.

Ora, não é possível misturar galinha com peixe, marisco com porco e esperar que saia alguma coisa que preste.

Claro que um espanhol da Andaluzia, cujo trivial se resume a pão com cebola, quando vê uma mistura assim , baba na gravata.

Não pensem que estou exagerando: ainda há poucos dias, uma senhora de extração peninsular e notório saber culinário, descrevia-me de como se faz uma paella e de como os eventuais degustadores vão a loucura com tal miserável pirão.

Uma pessoa normal, cujo paladar não tenha sido devastado por pão e cebola ou mesmo ovelha todo o dia, só se aproxima de uma panela de paella para atirá-la na cuca do anfitrião.

No próximo aniversário que se festejar na mansão dos Barrios e que o prato de resistência for paella, levo um sanduíche.

E, de mortadela!

Isto daí foi uma demonstração de como se pode escrever sobre bobagens subjetivas.

Negócio de comida é realmente estimulante e dá origem a grandes divagações; registro aqui um esquecimento dos ingleses vitorianos que recomendavam falar-se sobre o tempo e as estradas para alimentar um papo entre pessoas pouco conhecidas.

Faltaram as comidas mas falar disto na Inglaterra não gera controvérsia e consequentemente não alimentam altos papos porque nem mesmo os ingleses concordam com sua culinária medonha.

Enfrentei o trivial inglês no hospital de Edimburgo: era baratíssimo, 40 pi mas em compensação tratava-se de batatas e carneiro. Lembro que serviam também um líquido verde a título de refrigerante e que parecia mistura de querosene com quiboa.

De sobremesa um cake que, se não ingerido junto com a tal mistura verde, não passava na garganta.

Não era mol!

Os escoceses detestam qualquer tipo de refrigerante alienígena e se você pedir uma Coca, é convidado, friamente, a se retirar do recinto.

As crianças tomam cerveja com suco de limão e não estou exagerando.

Quem achar que não é bem assim, quando for à Escócia, peça um hagish, a comida nacional.

O Hitckoc, cirurgião famoso no mundo inteiro, enquanto eu não provei a porcaria, não descansou e todas as manhãs me perguntava, sério, se eu já havia me deliciado com a tal monstruosidade, miúdos de ovelha ensacado com sangue e outros refugos de açougue.

Mein Gott, o que já passei neste mundo!!!

En passant, estou lendo “O Livro dos Snobs” de Tackeray aquele escritor vitoriano, autor de Vanity Fair.

Até aqui, fracalhote: mudaria o Tackeray ou mudei eu?

Ou os snobs?

Na verdade, snob para ele eram o que hoje chamamos de “grosso”.

Já para nós e modernamente, “snob” é um personagem afetado, um bobalhão que troca a naturalidade por um comportamento supostamente formal.

Um novo rico, um emergente, em suma um bestalhão.

Assim que o livro de Tackeray perde um pouco do interesse que poderíamos ter; por exemplo, ele chama de snob um cara que come ervilhas com a faca.

Não deveria ser chamado de snob e sim de malabarista: comer ervilhas com a faca é mais difícil do que tomar sopa de garfo.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 15 de Abril de 1999, 17:24, chuvoso.

Esta é a semana das partidas aeronáuticas: hoje de madrugada foi o Paulo Martins a quem fomos levar no aeroporto e amanhã serão os fredolinos Leuschner que voltam à Alemanha acompanhados da Ilsa.

Tudo de madrugada, horário de índio, Vasp.

Pessoas de bem não viajam pela Vasp, vão pela Varig que sai ao meio dia ou, no máximo, às 10:00AM.

Assim, quando alguém disser que vai viajar, devemos imediatamente perguntar por qual companhia.

Se for Vasp, trata-se de um chinelão, acostumado a levantar de madrugada e pegar T3 para o batente.

Ou, neguinhos tá duro e que aproveitar o descontes…

A Ilsa, que é metida à aristocrata, irá reclamar, garanto.

Bobeia vai de pé no corredor ou sentada na mala do comissário.

Bons ventos para todos.

Hoje bati um longo papo com o Diogo, principalmente sobre a famosa casa dele; fiquei sabendo que a área construída é de 2.000 m2!

Negócio chiquérrimo com todos os avanços mostrados na FUD de São Paulo.

Fiquei tão boquiaberto que vou escrever para a dupla propondo-nos – Heloisa e eu – para sermos caseiros!

A idéia foi da Heloisa e não é má: penso que devemos encarar,  como dizem us magru.

No plano profissional, está em andamento a operação Bagé e não vai ser sopa; é um jogo de xadrez.

Tive que recorrer ao Diogo porque a coisa é complicadíssima e chega num ponto que embaralha as convicções.

En passant, há uns seis meses atrás, fiz um recurso sob protesto e só fiz por causa do desespero da Brunilde Hansen que iria perder seu apartamento, único. Cogitei até de fazer e um outro bolha assinar para não queimar o eventual conceito que penso ter no Tribunal de Justiça.

Como não tinha a mínima chance, parti para um dramalhão de mega neurônios, coisa aí de fazer o leitor exclamar:

  • Nun intendi nada mais me arcança um lenços que vou chorar.

Pois muito bem: ganhei de 3 x0!!!

Não acreditei mas é verdade.

A vida é cheia de boas surpresas.

Hoje vêm jantar a Liege e o Bolão mais prole e devemos tratar dos meus dentes.

Ando querendo melhorar o visual dos dentes mesmo que em prejuízo da chamada função mastigatória mas a Liege acha que devemos esperar.

Respeitemos a opinião da expert.

O Ângelo apareceu também para dormir e pousar.

Boas noites. 15.04.99.

 

Sexta-feira, 16 de Abril de 1999, 18:43, frio!

Duma hora para outra, a temperatura despencou: estamos aí por uns 6ºC!

Pasteurização, sem dúvida.

Hoje de manhã fomos ao aeroporto embarcar a turma da Mônica mais a Ilsa; estão levando quase 40 quilos de carne para o Alemanha.

Dizem eles que carne para bife – esta é a especificação – custa US$20,00 o quilo!

Por registrar a emoção da despedida da Isabel: deu muita pena porque ela se abraçava na gente e chorava, demonstrando nitidamente que não queria ir.

Todo o mundo se emocionou.

Não é fácil morar no norte da Alemanha, particularmente quando se é daqui.

Ainda bem que eles são abonados economicamente porque pobre, estrangeiro e morando naqueles climas, deve ser de matar.

A razão principal pela qual os emigrantes geralmente dão certo em termos econômicos, é justamente esta: eles vão aos extremos de suas forças para poderem racionalizar o ato insano que é emigrar.

Penso que dentro de uns dois anos, os Leuschner voltam; o Jorge é realmente uma pessoa muito diferente e valeria a pena conversar um pouco mais com ele para tentar desvendar aquela alma.

Ele sacrifica tudo para operar pessoas daqui sem a menor preocupação de remuneração.

E, não é fácil: ele tem que trazer os aparelhos da Alemanha, conseguir quem lhe faculte as instalações hospitalares, quem se responsabilize pelo que ele faz e, também gasta todas as suas férias trabalhando quase que dia e noite.

E, sempre alegre e de bom humor.

Uma pessoa notável, gostaria de saber quais são seus objetivos de vida.

Na próxima viajem irei tentar.

Bem.

A novidade de hoje é o frio que chegou mais cedo e de modo intenso; acabei de vir do açougue e voltei gelado.

Dizem os meteorologistas que semana que vem melhora, muito sol etc.etc.

Na verdade ainda nem chegamos na metade do outono e se continua assim, vamos ter neve no inverno aqui em Porto Alegre, o que já aconteceu antes.

E, continua a novela das montadoras: ao que tudo indica, a GM fica e a Ford vai mas o PT ainda está apostando em um blefe da Ford.

Acho que os pátrias não conhecem bem a moral protestante americana: quebra de contrato é pecado mortal.

Os PT, para amenizar a crise das montadoras, resolveram dar um golpe demagógico, diminuindo no peito e unilateralmente o preço dos pedágios: é claro que todo o mundo gostou e aí está a demagogia.

Acontece que as concessionárias simplesmente pararam de cobrar pedágio para não caracterizar aceitação tácita e contrataram o Brossard.

Vem mandado de segurança por aí e não há modo de evitar que as concessionárias tenham seu pedido acolhido porque houve uma quebra unilateral de contrato.

Os PT gostam de se meter em embrulhos que acabam saindo caro e quem paga semos a gente; no fim vão ter que indenizar mais as concessionárias do que gastariam terminando as obras de infra-estrutura da Ford.

Como disse um leitor de Zero Hora: concordo plenamente que o Olívio afaste a Ford e a GM e abra várias fábricas de carroças porque burros para elas é que não faltam desde janeiro!

É uma velha história.

Ante ontem recebi os registros 97 encadernados e já comecei a distribuir; certamente Domingo distribuo o resto.

Não sei se alguém lê ou, ao menos, guarda mas é possível que daqui a uns cinqüenta anos tenham algum valor.

Porque, pôr menos descritivo que eu seja, sempre há algo relacionado com coisas que são ou que estão acontecendo.

Dr. Barrios estava com planos de viajar amanhã para Artigas mas com este tempo não me parece que irá: se aqui está assim imagina lá naqueles descampados.

Falei hoje de manhã com o povo de Bagé e eles dizem que o frio está de tirar lixiguana.

Esse é um velho ditado guarani, que era usado pelo meu pai e que não sei explicar.

Lixiguana é um lagarto comedor de mel: ele bate com o rabo na colmeia e depois foge para lambê-lo fora do alcance dos marimbondos.

Vou tentar me aculturar mais sobre tão momentoso tema.

O pai usava muitas expressões indígenas aprendidas decerto na região missioneira onde nasceu mas me parece também que era de uso espraiado pelo Rio Grande, como dizia o Olívio.

“Cuña grã puta” era uma.

Sei traduzir literalmente mas do real significado – que era extremamente pejorativo – não sei.

Porque aplicava-se aos homens e “cuña” ou “cuñã “significa moça.

Só se queria sugerir que o ofendido era fronha!

Fronha usava-se para definir as bichas, frutas, gays em suma.

Boas noites.

 

Sábado, 17 de Abril de 1999, 18:54, frio.

 

Acabo de deixar a Heloisa no Ginásio Tezourinha onde a ULBRA disputa com o SUZANO o título brasileiro de vôlei.

Acho que o vôlei é um esporte muito repetitivo, bom para dar uma olhada mas não para assistir toda uma partida.

É sempre a mesma coisa mas respeitemos o gosto alheio.

Hoje o Bolão vem dormir aqui com sua turma; viriam jantar mas os guris tinham outro programa.

Estivemos lá em casa e manhã e dois assuntos merecem registro.

O primeiro refere-se a uma fotografia da família do velho Janguta, tirada há uns 75 anos atrás.

O interessante é de como ela reapareceu; estando o Beto no Salto, uma senhora perguntou a ele se era dos Corrêas e, a seguir disse-lhe que tinha uma fotografia que iria interessá-lo.

O Beto, quando viu a foto imediatamente reconheceu a mãe – que deveria ter uns dezoito anos – e todos os seus irmãos, além do velho Janguta e da Dona Olinda.

A Bia tirou cópias e ganhei uma da Saara.

O que chama a atenção é que a mãe está muito bonita na foto – ela era bonita – e a data em que a mulher do Salto deu a foto ao Beto: 26 de março, a um mês do falecimento da mãe!

Bem.

Estando a Saara lendo a Zero Hora na sala da frente, ouviu nitidamente o mesmo barulho que a mãe fazia no seu quarto quando levantava da sesta, abria o armário e guardava o travesseiro.

Segundo ela era um barulho inconfundível porque ouviu-o durante anos.

De qualquer forma a Saara não ligou muito porque ela não é chegada em manifestações mediúnicas e continuou lendo.

É quando o Paulo entra na sala e pergunta para a Saara:

  • Quem eram aquelas duas senhoras que estavam na frente da

televisão?

Obviamente o Paulo não pode dar maiores esclarecimentos porque tem dificuldades em reconhecer quem quer que seja mas, por outro lado, também é incapaz de inventar qualquer coisa.

Fica o registro.

Vamos ver como progride este tema.

Estão em foco pessoas que não tem o menor pendor para acreditar em manifestações extra corpóreas, a começar pela mãe assim que os relatos devem, pelo menos, serem levados a sério.

Amanhã, como de costume, grandioso churrasco; o Bolão trouxe uma picanha linda de Parobé e pela metade do preço daqui.

A carne de lá é, reconhecidamente, uma das melhores do Estado.

Quem supre de carne aquela região é São Francisco de Paula que cria um excelente gado, principalmente na recosta da serra.

Se der no jeito, passo a reabastecer-me lá, via Bolão que trabalha em Parobé aos sábados.

Ontem Heloisa falou com a Zildinha e as notícias não são boas, a Zilda já está depressiva, o que não é bom, mesmo que tenha motivos.

Parece que há uma intima dependência entre depressão e resistência imunológica.

Penso que logo deveremos dar uma chegada por lá.

Heloisa ficou bastante abalada com o que a Zilda lhe disse, particularmente no que se refere à eventual ida de D. Alda.

A Zilda encara isto como uma despedida e teme não agüentar, seria penoso demais.

É uma decisão difícil a de D. Alda. Mesmo assim, ir ou não ir?

Talvez um pouco de tempo acomode as coisas.

Mudando de assunto, ontem houve uma assembléia geral do CEPERS que agora escancarou: vão fazer greve de um dia por melhores salários mas, ao mesmo tempo, fizeram uma baita manifestação de apoio para o Olívio!

Ficou claro agora que o Cepers é um órgão político e que do rico dinheirinho que as professoras pagam por mês, parte vai para a CUT e daí para o PT.

Quando o sindicato apoia o governo diz-se que os sindicalistas são “pelegos” porque servem de escudo nas relações entre os sindicalizados e o empregados.

Assim que a deretoria do CEPERS compõem-se de pelegos.

Não houve sinetaço, greve geral nem nada, só apoio ao Olívio e repúdio ao FHC e ao Malan!!!

Na verdade esta assembléia foi uma manobra diversionista do PT que está atolado até as goelas com o caso das montadoras: a URGS fez uma pesquisa e 92% dos entrevistados são a favor das montadoras e contra o que os PT estão fazendo.

Repito: estes caras vão se complicar e nos vamos junto.

Penso que, qualquer dia, o Senado resolve votar uma moção para tirar o RGS da Federação.

Se alguém acha a idéia delirante, gostaria de dizer que isto já aconteceu antes e que os nossos compatriotas de mais ao norte, costumam nos chamar de “país amigo”.

Inclusive na Escola de Estado Maior.

E aí?

Vamos ter uma nova Albânia por aqui?

Boas noites.17/04/99 19:40.

 

Quarta-feira, 21 de Abril de 1999, 18:53, tempo bom.

De um modo geral, semana tranqüila; Domingo tivemos grandioso churrasco com a presença de todos, sem exceção – não considerando o Pingo -.

Estava bastante bom e inauguramos um picanha de Parobé que estava muito boa; o Bolão trouxe de lá e vale um comentário.

Nos tempos do GBOEx e da Confiança, o General Adroaldo, que fora meu professor na EPPA, costumava me convidar para uns churrascos que fazia em sua casa no Imbé.

A carne vinha de Taquara e era a melhor carne para churrasco que jamais vi.

Na verdade a carne vem da recosta, como já sabemos.

Desde aquele tempo que penso em estabelecer um sistema para me abastecer de carne em Taquara e até já tentei um ou dois mas não deram certo; agora, com o Dr. Bolão trabalhando em Parobé, é bem possível que funcione.

É o que veremos nos próximos meses.

Interessante o Bolão em Parobé: era o meu lugar preferido de passar férias, no tempo em que o tio Aparicio Antunes era o sub – prefeito de lá.

Praticamente eram só duas ruas, uma de cada lado dos trilhos da Viação Férrea.

Ia-se para lá de carro-motor, uma espécie de ônibus que se deslocava pela linha férrea; é o que cariocas e paulistas chamam de litorina.

Saia da Estação Ildefonso Pinto, ali no Mercado Público, ( um prédio de estilo arquitetônico medieval) e levava duas horas até Taquara.

O trem era mais demorado.

No Mato Grosso, onde impera a linha férrea por causa do Pantanal, as litorinas são super incrementadas e vão de Campo Grande até Aquidauana e mais além, até a terra no Nelson Chama, a famosa Corumbá.

Andei nelas e lembro que havia moças que atendiam os passageiros no melhor estilo de linhas aéreas.

Decerto ainda funcionam por lá.

Hoje, feriado nacional, almoçamos na Isinha que caprichou numa massa al pesto.

Estava muito boa mas os guris parece que não apreciam muito esse tipo de iguarias e ficaram na clássica bolonhesa.

O Pingo está muito impressionado com uns mistérios colhidos na Internet e que sugerem ser o Bil Gates algo assim como um ser demoníaco; é que, aplicando a numerologia ao nome dele – o nome real – dá 666, o dito número da besta.

Acontece que a Internet aceita tudo e qualquer maluco pode ingressar nela e divulgar disparates.

Em numerologia a interpretação dos números fazem-se com dezenas e disto vou passar um E Mail para o Pingo, alertando-o.

Estou sendo muito sucinto mas acho que tamanhas bobagens não merecem maiores explicações.

Na verdade a numerologia teve origem com Pitagoras é era uma coisa séria, haja vista na escala musical.

Depois, como tudo aliás, na Idade Média e mesmo um pouco antes, a partir do século III, virou picaretagem.

De qualquer forma, com tudo o que está acontecendo, chega-se à conclusão que tem mais malucos por aí do que podemos imaginar.

O Pingo está impressionadíssimo.

Falando em bandidos e picaretas, hoje o Grêmio perdeu para o Flamengo e daqui a pouco jogam Palmeiras e Vasco pela Libertadores.

O Grêmio está horrível no que concerne a ataque.

Tem um tal de Zé Afonso…. sem comentários.

O melhor do ataque é um Zé Alcino que até dois anos atrás, tocava boi lá em São Borja.

Continua tocando…

A Zilda telefonou agora de noite e o negócio lá está brabo: ela está deprimida decerto em decorrência da quimioterapia.

Pensa em voltar e vamos conversar com o Carlos a respeito.

Há mais coisas mas fogem ao estilo destes registros.

Heloisa está fortemente inclinada a ir para o Rio.

Acabo de falar com o Carlos que irá telefonar para a Simone e dar o seu veredictum.

Aguardemos. Boas noites.21/04/99 22:10

 

 

Quarta-feira, 28 de Abril de 1999, 18:18, chuvoso.

Ou seja, passei uma semana sem comparecer!

Como foi uma semana tranqüila, o que realmente aconteceu foi um pouco de preguiça.

Também, apareceram uns processos daqueles que exigem um mágico e não um advogado mas a gente fica sempre batalhando para ver se consegue uma brecha para salvar o cliente e aí perde o saco para sentar e escrever: a cuca já está exausta.

Esta semana vou começar uma pausa no fumo, pelo menos até ao fim do inverno.

De vez em quando é bom fazer um exercício de vontade.

Pena que a fome aumente tanto: estou na base do cozido na janta se não estouro de gordo.

Hoje o Brasil jogou com o Barcelona que comemorava cem anos; foi um jogo bonito e teve um resultado politicamente correto: 2 x 2.

Jogaram juntos o Ronaldinho e o Romário o que é um espetáculo a parte mas, inegavelmente, o Romário é mais craque.

O jogo foi em Barcelona e nesta altura o Scheid e o Romário já devem estar voando de volta porque jogam amanhã de noite no Maracanã em  Grêmio x Flamengo.

Acabou de sair daqui o Bolão que estava vindo de um plantão; aproveitou para ver o jogo, comer uns pinhões e ir para casa.

Não quis ficar para um chuletão, daqueles que trouxe de Parobé.

Daí, não farei chuletão e vou ficar no cozido que já está pronto.

O Ingo estava pensando em ir tomar chope hoje mas acho que não deu por causa do jogo da Seleção, fui ao Forum cedo e depois vim para casa.

OU então ele está enrolado com um problema que saiu ontem na TV: encontraram um monte de rótulos de produtos dele jogados fora, num terreno baldio, o que é indício de falsificação ou fabricação clandestina.

Tomara que o Alemão não esteja num esquema burro ou sofrendo vendeta pelas malandragens que faz com os seus concorrentes.

Acho que mais dia, menos dia, o barraco dele vai chacoalhar porque o Ingo se arrisca muito mas espero que sejam só problemas fiscais.

Ontem encerrei o processo da família Pfeifer, mandando o resto do dinheiro para o Alemão que agora está me embromando com o recibo.

De um modo geral, os meus trabalhos profissionais estão andando bem e quase todos com solução favorável à vista, o que mostra que um número anual de processos novos, entre 20 e 25, podem ser administrados sem maiores correrias.

Domingo estiveram todos os netos no tradicional galeto; todos não, o Pingo e o Ângelo, os dois mais velhos já estão noutras.

O Ângelo ainda aparece mas cada vez de modo mais esparso.

E, é assim que as coisas são e tem de ser.

Qualquer dia somem a Helena e o Lucas, depois o Pablo e o Henrique e depois Diego, Chico e Zé.

E, quando menos se esperar, começa tudo de novo, seja com novos personagens seja com os mesmos que reaparecem saudosos.

Bem.

Quanto menos você escreve, menos consegue escrever: se eu venho todos os dias, conto causos, comento as bobagens do Olívio, gasto cultura inútil etc. etc. etc.

Se apareço uma vez por semana, aí a coisa fica díficil porque com duas linhas acho que já esgotei toda a minha literatura.

E é o que está acontecendo neste momento mas não entregar a rapadura.

Agora temos um businaço aqui na frente porque todos os bagaceiras de Porto Alegre, todas as mães que vão buscar os filhos na Escola, passam por aqui: qualquer dia não vai dar para sair de casa com automóvel e quero lembrar que a rua Dona Laura deixou de ser residencial por causa de fato semelhante.

O que  também ocorreu com a Carlos Gomes e a D. Pedro II, ruas que tinham as residências mais bonitas de Porto Alegre e que hoje só têm comércio.

Grande parte da culpa cabe ao Negrão que, quando Prefeito, vendia autorização para ampliar áreas a serem construídas, além do que permitia o Plano Diretor.

Com isto a judeuzada lavou o caco e tudo quanto Bronstein da vida, construiu o seu edifício aqui em Petrópolis.

Aí vão morar na cobertura luxuosa mas ainda mijam na tábua da patente, assoam o nariz com os dedos e, se peidam no elevador, acham a maior graça.

Nois merece.

Falando em merecer, as fofocas das CPI do Judiciário e do Sistema Financeiro, estão soltando um mar de merda inimaginável.

O Getúlio suicidou-se por causa do que ele chamou de mar de lama  mas, perto da sujeira que está aparecendo, aquilo era uma poça d’água e água limpa!

Vale a pena comprar e guardar as Veja dos dois meses seguintes, o que eu já fiz antes com os escândalos do Collor.

Boas noites.28/04/1999.

 

Quinta-feira, 29 de Abril de 1999, 17:37, mais ou menos.

 

Tempo “mais  ou menos” significa que chove, faz sol ,esfria, esquenta, tudo num período diário.

Hoje  a grande alaúsa é o fato da Ford ter mandado o Olívio enfiar no rabo as suas malandragens, malícias camponesas e bagaceirices : pegou o boné e foi embora!

Pena que a GM já foi longe demais para fazer o mesmo.

O que me deixa indignado é a dialética mentirosa dos PT que agora estão querendo atribuir à Ford a culpa pelo abandono do Projeto Amazon!

Os caras são muito caras de pau e desdenham demais da inteligência alheia.

Eles inventaram uma regra nova do Direito: o Contrato serve para que as negociações sejam iniciadas!!!

Na verdade, o Contrato é o fim da fase negocial.

O Olívio brecou a Ford por pedido dos metalúrgicos do ABC que iriam ficar sem empregos, esta é a verdade.

Além, é claro, da doutrina albanesa que ora nos governa.

Mas é o fim da picada, nunca vi tanta safadeza e tanta ignorância juntas.

Qualquer dia vou me negar a falar com qualquer pessoa que defenda o PT, seja quem for; os caras são vigaristas demais.

E inclui Tarso, Fortunati todo mundo, é tudo merda do mesmo cubo.

Agora, o safado do Pedro Simom que vivia puxando o saco do PT e do Olívio, já vem para o jornal dizer que é uma barbaridade, que não pode etc.etc.etc.

Já vimos este filme protagonizado por um cidadão chamado Chamberlain e outro conhecido com Hitler.

Vamos ver se aparece um Churchill para acabar com estes fedorentos.

Como eu digo, só o Negrão que já soltou o verbo sobre o assunto Ford, metendo o pau nas nulidades do PT.

Quero ver o que o imbecil do Brizola irá falar.

Imbecil e safado.

Bom mesmo seria se a GM fosse embora também e os USA fizessem um bloqueio comercial saneador com o RGS, para ensinar estes vigaristas menores a manterem suas palavras.

Tudo bem: no fim nem pizza vai dar e o Olívio será elogiado por não ter deixado que o tráfego na Ponte ficasse mais difícil do que já é.

Podem crer que o episódio irá encerrar com razões deste calibre.

Na família , penso que vai tudo bem porque sem notícias.

Heloisa encontrou com a Isinha hoje na rua do Rosário: vinha do cursinho e ia para casa para voltar trazendo os guris para a aula.

Ipanema é muito bom mas urge um motorista.

En passant, o Carlos pensa ir neste fim de semana – Sábado é feriado, mais um – a Artigas e decerto leva o Orlolha quem, cada vez que vai lá volta impressionadíssimo com o fato de pessoas falarem uma língua diferente da nossa.

Para ele, isto é um assombro.

Pensando bem , até que é mesmo um assombro pessoas falarem línguas diferentes mas não creio que o Orlolha esteja analisando sob perspectivas mais complexas.

O aparelho fonador é igual para todos, o cérebro, por aí, então, qual que é chefe?

Conheço muito pouco do assunto e do que sei, muita coisa não concordo: aquela história da vaca amarela dos arianos e muita razão e pouquíssima devoção.

Negócio seguinte: os hiperbóreos criavam vacas amarelas as quais eram conhecidas por uma palavra muito assemelhada à  “yellow”.

Os prisioneiros de guerra, que não falavam a língua dos hiperbóreos, ligaram a palavra à cor do bicho e é por isto que em todas as línguas cujo tronco é ariano, a palavra amarelo é muito parecida.

Daí estabeleceu-se uma regra de lingüística.

Tudo bem com pílulas De Lussen mas é pouco para explicar as diferentes falas do macaco nu.

Há um monte de coisas que são envolvidas no pobrema.

Por exemplo: se eu disser “Cachorro faz mal à moça” todo o mundo no Brasil já sabe que é uma manchete safada sobre uma menina que comeu um cachorro quente estragado.

Em inglês seria intraduzível porque os WAP não tem a noção de “fazer mal” como nós entendíamos.

Falando nisto, aquelas velhinhas que pregavam Cruzadas contra a semvergonhice dos homens devem estar, pelo menos, arrependidas: não do preconceito mas sim do fato de não terem aproveitado a juventude para que algum trouxa lhes fizesse mal.

Uma coisa que as feministas nunca entenderam bem é que, no tempo do fazer mal, era muito melhor para as malheres que se ressarciam do dito prejuízo com uma pensão para o resto da vida advinda da reparação legal que era o casamento.

O assunto até que dá margem a maiores comentários mas não me parece que valha a pena: afinal já vivemos outros tempos e aquele veiedo vitoriano, preconceituoso, malicioso e arrogante, já está pedindo o boné para a Eternidade.

Leiam “O Primo Basílio”.

Leiam “Bovary”.

“Ana Karenina”.

Devo registrar que o original é “Bovary” ; os outros são adaptações.

Como “Germinal ” também foi adaptado pelo mundo afora.

Os franceses foram muito copiados no século XIX mas não vamos entrar nessa que é assunto explosivo e ofende os brios dos nativos, aqui, nos USA, na Rússia, enfim onde houvesse um pátria com uma pena, papel e um romance francês.

O gordinho aí da frente não publicou “Comédias da Vida Privada” ?

O autor do original também era gordinho.

Por sinal que o LFV transformou-se num chato de galochas a partir do momento em que assumiu uma coluna diária na Zero Hora: o cara é PT roxo e fica doutrinando e dizendo asneiras todos os dias.

A maioria dos leitores já está de saco cheio.

Ainda acho que as genialidades do bacorinho são fruto dos seis meses por ano que ele passa na Europa: lá a produção intelectual tem outra qualidade e um colecionador meticulosos, lendo diariamente um monte de jornais e revistas, faz um estoque de gênio para, no mínimo, seis meses.

Hoje tem Grêmio x Framengo mas vai ser muito difícil reverter a derrota sofrida aqui.

Boas noites.29/04/99 18:43:28.

 

Quarta-feira, 5 de Maio de 1999, 20:52, chuvoso.

 

Não acredito que passei uma semana sem registros; tem algo errado aí porque ainda no Sábado lembro de escrito alguma s coisas.

Vai ver que está no disquete de cópia.

Domingo almoçamos nos Fietz porque o povo estava meio desgarrado ou obrigado: ao Barrios foram para Artigas, o Bolão recebia a família do Edú, a Isinha constava que iria para a praia.

Na verdade, a Isinha ficou em Porto Alegre.

Ainda não fomos ao Imbé depois do vendaval mas creio que se algo houvesse acontecido, teriam nos telefonado.

Falando nisto, os USA estão debaixo de mau tempo com a temporada de tornados: faz muitos anos que o tornados não eram tantos e tão violentos como nesta primavera.

E as CPI funcionando a mil, pegando no pé de juizes do trabalho corruptos: a idéia é acabar com a Justiça do Trabalho, com o que concordo.

Também são altas as fofocas a CPI dos bancos: o que teve de gente sabendo que o dólar iria subir, não tem no Gibi: vai sobrar pena para tudo quanto é lado.

Lembro que nos idos de 1966 houve uma máxi e algumas pessoas da EsCEME ficaram sabendo; quem patrocinou o vazamento foi o Geise Ferrari cujo irmão trabalhava no SNI.

Me lembro do Dagmauro Sabino Pinho vendendo um monte de coisas para comprar dólar e ganhar 30% em uma noite.

Mas, naqueles tempos tudo era diferente e ninguém tinha mais do que o necessário para comprar uns US$500,00.

Devo lembrar – para dimensionar as coisas – que, quando fomos para os USA, passar mais de um mês, a convite do governo de lá, o Presidente Geisel, muito a contra – gosto, nos deu uma ajuda de custo de US$100,00 …

E ainda tivemos que fazer uniformes novos.

De qualquer forma fica o registro de que a malandragem do vazamento, é muito antiga.

Ontem fui depor em dois processos penais em que o Pinho é réu; ele agora está assustado porque o Sergio Schapke, grande hijo de puta mas dono da Cia Geral de Industrias e ex presidente da Fiergs, acaba de ir para a cadeia pelo mesmo crime do Pinho.

E o mesmo aconteceu com o Horst Woelker, dono da Ortopé.

O Gordo está meio assustado.

Acho que é para estar.

Outro que está assustado é o Olívio: mandou uma carta para o presidente da Ford nos USA, pedindo que reconsidere.

Claro que não vai levar e ainda confessou que fez uma baita duma besteira.

Pensei que o Olívio iria agüentar no osso do peito os efeitos do seu radicalismo mas não: mixou-se, ora vejam!

O Paulo Fietz estava muito impressionado com uma fala pública do Cachurrão que declarou, intercoetera, que este negócio de automóvel já era, que em país adiantado não se usa mais automóvel, e que esta é a razão porque as montadoras estão vindo para cá que tem mesmo é mandá-las embora!!!

O Paulo ficou assustado porque o Cachurrão parecia convicto do que dizia, não era só para defender o Olívio.

E agora o Galo Missioneiro inventa esta de pedir pinico! O Cachurro deve estar indignado, passou por troglodita desnecessariamente.

Embora seja realmente um oligotroglo.

Hoje fazem uns dez dias que parei de fumar e, não fosse a fome desesperada, não haveria problema.

Quando completar três meses, avalio os benefícios da abstenção de tabaco e o aumento de peso.

Gostaria de saber o que afinal tem a ver o surto de anta -tabagismo com o bloqueio econômico de Cuba.

Que aí tem coisa, tem; sou do tempo em que o charuto era parte na etapa dos soldados americanos.

A gente achava gozado aqueles guris todos fumando charutinhos.

Depois do bloqueio comercial contra Cuba, começou a campanha anti tabagista.

Os cubanos pensam que o negócio é por aí.

O tempo nos dirá.

Esta semana Heloisa foi na médica dos mil exames e está tudo bem mas a referida esculápia, mandou fazer mais mil; acho que os exames técnológicos são muito bons para confirmar diagnósticos mas, para levantar suspeitas, acho que não são o melhor método.

Nasceu hoje o filho do Jube Vares.

O Jube já está meio velhote para estar tendo filhos mas, no fim, tudo dá certo.

Parabéns e felicidades.

Amanhã o Dr. Barrios embarca para os USA, Atlasnta se não me engano e deve ficar lá por uns quinze dias.

Qualquer dia, quando os guris estiverem chegando na época de ingressar na Washiú, os Barrios passam a morar mais lá do que aqui para gáudio da Dra. Patrícia.

Quem virou cucaracha deslumbrada é a Helena e vi mesmo para os USA o ano que vem e , se bobear, de forma definitiva.

No meu tempo de dezoito anos, também era assim mas nós tínhamos muitos mais motivos do que o povo de agora; inilla tempora, as diferenças eram abissais e hoje nem tanto, pelo menos no meio em que nos agitamos e, se a pessoa pensar bem, irá concluir que aqui se veve melhor.

Mas, respeitemos as preferências de cada um; a Ilsa, por exemplo, foi há menos de um mês para a Alemanha, com a intenção de voltar em dezembro.

Já está telefonando para o Pinho ir buscá-la.

Não é fácil passar a vida fazendo ordem unida e comendo carne de porco.

 

Desejo boas noites a todos.05/05/99 21:43

 

Sexta-feira, 7 de Maio de 1999, 17:47, tempo bom.

 

Fizemos rancho no Carrefour e hoje fomos ao Zaffari: a diferença está grande, grande demais.

Registro porque tenho a impressão que o Zaffari deu um passo maior do que as pernas e do jeito que vai, vai mal.

A concorrência é enorme e com muita experiência; este pessoal do Big é de Portugal e trabalha no ramo em muitas partes do mundo.

O Carrefour também é multinacional e o Real já existia um lustro entes do Zaffari.

Pena mas acho que se a vaca não for para o brejo, pelo menos irá emagrecer.

O tal de Bourbon Ipiranga foi bolado e estudado antes da crise; é verdade é que estamos voltando às vacas gordas mas, no meio tempo, a moçada foi atrás de preço.

Isto aí, não vou gastar minha beleza nas disputas de varejo.

O Ângelo pousou aqui e estudamos um pouco de Analítica; volta Domingo à tarde porque tem sabatina na Segunda.

Domingo à tarde é um péssimo dia para estudar.

Dr. Barrios seguiu para os USA; telefonou de São Paulo para se despedir porque até a hora de embarcar a agenda dele esteve cheia.

O Carlos tira férias nestes congressos que, penso, têm entre outras, a finalidade de propiciar aos esculápios um pouco de relax.

Patrícia mandou o carro para Flores da Cunha para ser revisado pelo pessoal de lá.

O carro está um caco.

Domingo faremos churrasco em homenagem ao Dia das Mães; sou contra estes mercantilismos mas se você se posiciona forte, acaba virando o vilão da novela.

Então é embarcar e aceitar as papagaiadas decorrentes mas com a possível dignidade.

Como a minha mãe também era contra, estou bem acompanhado.

Creio que semana que vem terei de ir à Bagé que está pegando fogo: tudo quanto é ação pipocando, o Renato enrolado na fazenda, a Anna se virando para me mandar o que peço, os outros personagens muito quietos, em suma um quadro que obriga a que se vá lá dar uma olhada e tomar algumas providências.

Acaba de chegar por Sedex a cópia completa do processo principal: é uma caixa grande, parece embalagem de televisão.

E, vou ter que ler toda esta novela porque uma juizasinha novata deu um despacho totalmente descabelado no processo.

Daqui a pouco vêm o Vares e a Meneca para jogar e hoje estou disposto a ganhar.

Semana passada perdi porque estava desinteressado mas hoje, não.

Contrariamente ao que se imagina, a sorte não é mobile, nos é que não sabemos porque ela vai para lá ou para  cá.

Quem descobrir isto está com a vida feita.

Uma coisa é certa, a sorte existe, é palpável e mensurável, agora como atraí-la, eis o mistério.

Mistério por enquanto.

Lembro as canções de encantamento que funcionavam como iscas amorosas e quem sabe se não é por aí?

Mais informações no meu tratado de Magia a ser terminado neste inverno.

Boas noites. 08.05.99, Sexta feira.

Sábado, 8 de Maio de 1999, 21:28, tempo bom.

Estamos em pleno outono, com a temperatura começando a baixar; hoje de noite, segundo as previsões, devemos chegar ao 11º C.

Não é muito mas, para meados de outono já é frio.

Lembro que, lá pelos idos de 62, 63, estávamos todos na faculdade e íamos de manhã, em maio, caminhando pela Redenção e quebrando geada.

Acho que foi em 63 e os caminhantes éramos a Heloisa, o Guiga e eu, vizinhos de Faculdades: Arquitetura, Biblioteconomia e Engenharia.

Foi um tempo divertido e a gente acreditava que iríamos seguir nossas sortes até formar-nos, morar definitivamente em Porto Alegre, ver os filhos estudarem nos colégios em que havíamos estudado, enfim, criar raízes.

Não foi bem assim porque em 64 tudo mudou.

Assim que o famoso movimento de 64 também afetou e muito nossas vidas.

Velhas histórias já conhecidas.

O assunto hoje, além da Ford, é o auxiliar de enfermagem do Rio de Janeiro que resolveu instituir a eutanásia em um hospital público: no último plantão ele liquidou com cinco pessoas mas há fortes indícios que, no total, tenham sido uns cem!!!

Há ainda a possibilidade – mas não acredito – dele trabalhar para uma funerária e levar mil pratas por presunto!

Hoje a OTAN fez a besteira que pode dar início à Maldição do Balcãs: bombardeou a embaixada chinesa na Iugoslávia e matou uma porção de gente!

Isto equivale a atacar território chinês e mesmo que o ataque tenha sido involuntário, o negócio vai complicar como sempre acontece em tudo o que envolve os Balcãs.

Houve uma época, que durou de 1900 até a metade do século XX que os Balcãs eram chamados de “O barril de pólvora da Europa “e nenhum político prudente sequer tomava conhecimento da existência deles.

Não esquecer que a primeira Grande Guerra começou justamente lá e, no fundo, por uma confusão semelhante à atual.

Negócio engrossou porque a China é uma potência nuclear e nunca chi chabe o que pode sair da cuca de um mandarim.

Parece que um funcionário da OTAN selecionador de alvos, recebeu a informação que o prédio  X era uma instalação militar dos sérvios.

Tudo indica que a informação foi passada por um personagem que fora jantar num china e descobrira que as almondegas eram feitas com sobras de carne de cachorro!

Sobras do almoço.

Já temos, portanto, vários alvos errados atingidos pêlos mísseis da OTAN, o que é muito comum com a Artilharia; eu mesmo já fui alvo de tiros diretos, quando na AMAN.

Acho que já contei a história mas acho também que pelo menos a metade dos milicos profissionais, já levou tiros de sua própria Artilharia que, por sorte, não costuma acertar nem mesmo nos amigos.

Nenhuma mira é perfeita e todas elas podem sofrer interferência, por exemplo: há foguetes ar – ar ou terra – ar que são dirigidos para o alvo pelo calor que emana dele mais especificamente pêlos motores no caso dos aviões.

Só que… o calor não usa uniforme assim que os foguetes acertam tanto amigos como inimigos!

Enfim, há n tipos de miras mas nenhum deles é perfeito e se alguém disser que existe o sistema perfeito, está mentindo.

Vistas ao que está acontecendo agora na Iugoslávia em que a OTAN errou até de país.

En passant, a Ilsa deve estar se borrando na Alemanha que faz parte da OTAN e tem tropas no TO; se alguém resolve atacar alguém para valer, começa pela Alemanha.

Em suma, está se armando um belíssimo enredo.

O Bill Clinton que hoje apareceu no Oklahoma para ver os estragos dos tornados, não vai escapar dos comentários dos que são contra os bombardeios da Iugoslávia:

  • O Velhinho não joga mas fiscaliza…

Acontece que o cenário em Oklahoma é quase igual ao da Iugoslávia: destruição por tudo quanto é lado e um número de mortos igual àquele causado pelos erros de alvo da OTAN.

Bem.

Amanhã, pretendemos reunir a moçada para festejar o Dia das Mães; a Alda já informou que não estará presente por falta de condições físicas e emocionais.

O Carlos está em Washington e o Tergolina decerto irá à Caxias ver a mãe dele.

Talvez reapareça o famoso Pingo mas há dúvidas.

De tarde o Ângelo pretende ficar por aqui para estudarmos Analítica mas tenho dúvidas que depois de um churrasco, o estudo renda.

Pena porque ele foi bem na 1ª prova e seria ótimo se tirasse um bom grau nesta.

Ontem, contrariando os meus prognósticos, perdi no joguinho das sextas: acontece que perdi a vontade de ganhar, um negócio meio esquisito, você simplesmente não quer ganhar e também não se importa de perder.

É um assistente ativo e aí, ninguém ganha.

A Sorte é muito dengosa e se não for cortejada, vai embora procurar outro devoto.

E, chega: boas noites.08/05/99 22:26

 

Segunda-feira, 17 de Maio de 1999, 22:43, bom.

 

Fazem quase dez dias que sumi no terreno!

Dia 8 de maio foi um Sábado, Sábado atrasado, coisa séria, nem me lembro mais do que aconteceu no intervalo.

Houve o churrasco do Dia das Mães, fui a Bagé, houve a comunhão do Alemão ontem, O Dr. Barrios continua nos USA, o restante caminhando em paz.

O Lucas esteve com  o que presumiu-se ser sarampo e fomos até lá na Sexta passada porque a Isinha faz não sei o que e ele fica só  o que também acontece aos sábados quando ou o Ângelo ou ele, Lucas, cozinham.

Aconteceu um fato divertido: o Ângelo estava provocando o Conam quando, sem querer, machucou a perna dele, pouca coisa mas o Conam partiu para cima do Ângelo que levou o maior cagaço.

Na verdade ele não iria fazer nada mas aquele bicho vindo brabo para pegar a gente, assusta.

Foi cômico.

Ontem vieram todos para a festinha do Alemão: só não estavam o Bolão – em Parobé – e o Carlos – em Atlanta -, cada um no seu cada qual.

Questão de tempo: não demora muito o Bolão estará atendendo em Novo Hamburgo.

Na área médica, no momento, o assunto são as picaretagens em matéria de cirurgia plástica; dá a impressão que os picaretas matriculados estão movendo uma campanha contra os picaretas outsiders.

Na verdade é tudo um bando de picaretas da pior espécie mas alguns são credenciados pela Associação de Cirurgia Plástica  e os outros não.

Como a tal associação é freda, os picaretas licenciados não podem aparecer à frente da atual campanha mas é evidente que eles estão financiando as reportagens sobre barbeiragens em matéria de plásticas.

It snees.

Não sei porque perco tempo com tamanhas inutilidades.

Hoje estão aqui o Pablo e o Diego para fins de estudo enquanto a Dra. Patrícia foi a um jantar que lhe oferecem os residentes.

O Pablo estudou flauta com a Heloisa e Matemática comigo; achei- o ótimo e na flauta até que ele ataca bem.

E por música!

Na verdade esta flauta de soprar não chama-se flauta mas alguma coisa parecida com gaita ou estarei completamente enganado?

Vou me aculturar e depois informo aos prezados telespectadores.

Em matéria de instrumental para música, sou bastante analfabeto

Embora ache as palavras referentes muito sonoras “bombardino, oboé, flauta doce, tuba em bemol, pianoforte, etc.etc”.

Permitam-me informar que acompanho qualquer música – ecom extrema perfeição – imitando uma tuba.

Seria um maestrino em tuba só que até hoje nunca ouvi falar em virtuoses tubísticos, pôr assim dizer.

Lembro que o Afonso Feltz, maestro da banda de Campo Vicente, a qual tocava nos kerbs de Parobé, era um entusiasta da tuba.

Depois dos bailes, os instrumentos ficavam em cima da mesa e se a gente cruzasse por perto, sentia o bafo da brama saindo da tuba do Afonso.

Acho que até o tarol levava bafo.

Só que naquele tempo, falo de 1942, 43, não havia Brama e sim Continental da Bopp, Sassen e Ritter.

Por sinal que ontem os PT tombaram a velha cervejaria dos Bopp, alí na Cristóvão Colombo.

No tempo da Continental havia uma canalização de chopp saindo da fábrica para a casa dos Bopp que era na frente, do outro lado da rua.

A casa já foi desmanchada há tempos e lá se construiu um edifício no qual a Luciana tem uma parte ideal de 20% num apartamento que era da Maria, irmã do Pfeifer.

As casas têm histórias, né mesmo?

Imagine você escritor, com tempo e sustância para ter tempo, escrever a história das casas da sua quadra, nem falo em rua?

Nesta nossa quadra mesmo, com umas doze casas se muito, quanta coisa teríamos para contar.

Quem se lembra, for instance, dos inúmeros restaurantes que ocuparam a casa onde estava, até a semana passada, o Mama?

Que agora, saibam, já não é mais Mama, parece que é Papa!

E que certamente irá desaparecer em breve.

E porque aquela casa só é alugada para restaurante mesmo sabendo-se que nenhum deu certo?

E a historia do Alemão Uebel,  coloninho de São Leopoldo que através de assessoria de RP ingressa no mundo internacional, sofistificado e safado da cirurgia plástica?

E a nossa história, como seria?

Lembram daquelas pessoas que moravam na esquina, defronte à pracinha?

Enfim, enredos mil.

Certamente com mais substância do que “Voyage au tour de ma chambre”.

Afinal há uma grande diferença entre um quarto e uma rua.

Estes dias, no elevador do Forum, pedi “Quarto” à acensorista (?) e um engraçadinho desconhecido imediatamente observou:

  • Aqui não tem quarto, só sala e cozinha!

Aí eu olhei para ele  e disse:

  • Não entendi!

O cara repetiu e eu também.

Na terceira vez o cara estava tão encabulado que achei que ele iria ter um infausto.

Mas, mereceu: uma piada destas justifica até pena alternativa.

São onze e meia, a Dra. Patrícia ainda não voltou do

ágape e os guris que levantam cedo, devem estar dormindo.

Vão acabar tendo que pousar aqui e amanhã irem direto para o colégio; isto se não houver problemas de roupas.

Hoje falei com o Diogo que me ajuda muito quando tenho dúvidas mais cruciais; acontece que ele é muito estudiosos e o Ministério Público traz grandes experiência em determinadas áreas, principalmente Direito de Família.

E o Diogo gosta de ajudar: digo que ele está devolvendo os trabalhos que eu fazia para nós na Faculdade.

No momento trato de resolver um baita pepino do David Freitas.

O crioulo vai pagar e bem pela novela.

Muito bem, vamos ver o que está acontecendo com os gurís.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 19 de Maio de 1999, 21:15, frio brabo.

 

Hoje estamos estreando o inverno e estreando bem: de tardezinha começou a soprar um vento frio gelado e a temperatura deve andar pelos 5ºC.

Acabei de falar com Bagé e eles dizem que parece que irá nevar mas acho meio exagerado.

Amanhã o aniversário do Ângelo, dezessete anos, será festejado no Fogo de Chão, com freqüência reduzida mas não fica afastada a hipótese de uma geral porque o Tergolina irá patrocinar e aí a coisa pode se ampliar.

A idéia era que eu oferecesse a janta mas, com o Tergol na parada, ele assumiu, o que é justo.

Tudo bem.

Dr. Barrios chegou bem dos USA, hoje ao meio dia.

Declara que eles lá estão indo bem, sem maiores problemas…

O Carlos esteve em Atlanta, aquela cidade que queima em “E O Vento Levou”; já estive lá e é lindíssima.

Quando andei por lá ainda havia muito racismo e a negrada era muito agressiva.

Tenho umas histórias para contar a respeito mas neste momento, estou sem saco.

Falando em histórias, morreu ontem em acidente de carro, o Dias Gomes, quem, dizem, era o autor mais conhecido no Brasil; são dele “O Pagador de Promessas” “O Bem Amado” e outras tantas novelas e peças de teatro; aquela da Viuva Porcina é dele.

Era da Academia Brasileira de Letras e um dos membros mais antigos do PC.

Ele a Jussara Cony!!!

Se o Dias soubesse que a Cony era sua correligionária, imediatamente pediria inscrição no Partido Nazista.

Imaginem a cena:

Gabinete do Dias lá na Academia; entra um porteiro engalanado e declara solene:

  • Mestre, está aí uma madame que deseja uma entrevista com

Vossa Excelência!

O Dias, malandro velho, logo imagina uma fã de carteirinha, uma daquelas cariocas machadianas, de braços roliços e olhares lânguidos, como a Capitú!

Aí entra a Jussara Cony!!!

Me lembrei: Roque Santeiro ( da viúva Porcina).

Pois é.

Daqui a pouco teremos a transmissão de Palmeiras x River Plate, lá de Buenos Aires.

En passant, ontem li uma definição interessante: referindo-se ao técnico do River, o cronista escreveu que, como todo argentino, ele se supunha simplesmente o melhor.

É verdade: os de alla, os tchê boludos, os Gardelón, realmente acreditam que eles são o sal do mundo: há uma estação de TV argentina que está na NET ( 59?), que é uma das coisas mais ridículas que se pode ver na atual conjuntura.

Os caras só sabem discutir tango e o mais moço deve ter sido contemporâneo do General Belgrano: dá pena ver aqueles múmias, de cabelos pintados, pele esticada pela maquiagem, querendo se passar por malandrins mas na verdade loucos para irem para casa botar uma touca, uma pantufa e tomar um chá de camomila enquanto assistem a TV.

São divertidos aqueles pátrias.

Mas, come-se bem na Argentina e isto é o que realmente importa.

Estou estudando Commom Law e a conclusão que se chega é que ser advogado nos USA não é fácil.

Viva o nosso sistema racional e codificado.

É impressionante constatar de como um sistema maluco como aquele pode produzir uma sociedade organizada mas, pensando bem, esta é uma afirmação que necessita ser melhor estudada para ver se não esconde um erro de Lógica

Vou ver o jogo.

Boas noites.

 

Sábado, 22 de Maio de 1999, 19:00, frio.

 

De Quarta feira até hoje, as novidades ficam por conta do frio e do aumento de volume dos trabalhos no escritório.

Hoje cumprimos as devoções dos sábados – feira e visita lá em casa – e à tarde fomos na Igreja de Santa Rita, dando uma pasada na Isinha.

O movimento de carros para Guarujá, onde está a Igreja, estava intenso e a gente chega a pensar que afinal, o Cachurro tem alguma razão: é que o Cachurro declarou publicamente que este negócio de automóvel é algo ultrapassado, não se usa mais em países civilizados!!!

Então tá mas se a cidade continuar com estas vias de tráfego que tem, realmente para automóvel não dá.

Falando nisto o Pablo ensaiou horas com a Heloisa a música “Porto Alegre” do senador Fogaça para ser executada em solo de flauta  (?) e tirou dez.

É bonita a música do Fogaça mas difícil de executar, a linha melódica é tênue.

Eu manjo de musicalidades…

Não pensar que esqueci de verificar de como se chama aquele assopra em um bocal e obtem a escala de sons abrindo e fechando furinhos com os dedos.

Prometo que volto com uma explicação erudita.

Vejam que interessante a história que vem a seguir porque contém matéria prima para grandes reflexões.

Os alemães se prepararam obter sigilo em suas operações de guerra com um aparelho que eles supunham produzir textos indecifráveis, salvo para outro aparelho igual.

Acontece que os ingleses conseguiram um dos tais aparelhos, via resistência polonesa e começaram a decodificar as mensagens alemãs, tanto táticas quanto estratégicas.

Era um segredo muito bem guardado e muita gente acredita que a vitória na guerra só foi possível graças a essa operação chamada ULTRA.

Fredy Winterbotham era o seu chefe e ligava-se diretamente com Churchill, Einsenhower, Montgomery etc e com os comandantes de grandes unidades, tipo Grupos de Exército, Exércitos etc.

Agora vem a parte interessante:

MUITOS COMANDANTES RECUSAVAM-SE A RECEBER AS INFORMAÇÕES PORQUE ACREDITAVAM QUE AQUILO ERA UMA SUJEIRA, UMA MANEIRA MENOS NOBRE DE COMBATER O ADVERSÁRIO.

Se imaginarmos do que se trata em uma operação de Grupo de Exército, e os efeitos de um sucesso ou uma derrota, poderemos avaliar até que ponto os conceitos éticos prevalecem nas ações de um cavalheiro inglês.

Não juro mas penso que entre os generais junkers, tipo Guderian ou o velho marechal Rundsted, prevalecia a mesma opinião e recusavam-se a receber informações obtidas por interferência nos meios de comunicação dos adversários.

C’est ça.

Com vistas aos nossos grampos telefônicos…

Mais uma vez a minha teoria explicativa da riqueza deles e da nossa pobreza: é o comportamento ético.

Cabe acrescentar que os americanos, na guerra, apatifaram total: eles diziam que os alemães eram gangsters e como tal deveria ser tratados.

Isto aconteceu por ordem expressa de Ike, como o primeiro general alemão capturado na França.

O assunto é vasto.

Acabou de telefonar a Lucia pedindo para mim ver um Email dela; telefona depois que vir um filme sobre o julgamento de Oscar Wilde.

Não sei porque o Wilde exerce tanta fascinação sobre a Lucia.

Heloisa comprou um livro com a s máximas dele: na época em que foi publicado, o livro deve ter causado o maior furor na sociedade vitoriana mas hoje é simplesmente soft, ainda não politicamente correto mas, quase.

É como o padre da Igreja de Sta. Bárbara de “O Pagador de Promessas”: hoje não se admite que haja ou tenha havido um padre assim mas a verdade é que ele os havia ( como diria o Eça) e não faz tanto tempo.

Amanhã devemos ir até ao Imbé para darmos uma olhada e pagarmos o povo que cuida por lá; o Lucas deve ir junto.

A previsão indica tempo bom mas penso que não será um dia ensolarado.

Boas noites.

 

Terça-feira, 25 de Maio de 1999, 18:14, indo para chuva.

 

Ontem de noite o João precisava ir até aos Barrios e emprestei-lhe o Santana; combinamos que ele me pegaria aqui hoje de manhã.

Realmente o João apareceu cedo mas para contar que fora assaltado naquele entroncamento que dá acesso aos Veleiros,  Wenceslau Escobar etc. e lá foram carro, dinheiro, documentos etc.

O João rodou um bocado com os assaltantes e acabou sendo largado em Canoas.

Quando íamos saindo para a cidade, ainda hoje de manhã, a Doris telefonou que alguém estava informando que o meu carro estava abandonado na frente da casa dele, no fim da linha do ônibus Agronomia.

Imediatamente fomos para lá e era verdade: o Santana, depenado estava lá.

Os caras roubaram os bancos, as ferramentas, estepe e os meus óculos.

O espanto fica por conta dos bancos, que nem eram lá estas coisas e já estavam velhos.

Os documentos do João passaram pelo mesmo processo: algume telefonou informando havê-los encontrado.

Já vi este filme umas quatro vezes mas, o que fazer?

O que fazer iremos decidir nos próximos capítulos.

Neste momento o carro encontra-se sendo recompletado.

Acaba de chegar o Ângelo, vindo de um jogo; nada contra o esporte mas em ano de vestibular, um treinamento quase profissional, certamente não é uma boa opção.

Reapareceu o Napoleão, chegado do Rio.

Passou uma semana lá e, como seria de se prever, quase não viu nada.

Acontece que no Rio, as distâncias são enormes e perde-se muito tempo em idas e vindas.

Um mês é o tempo mínimo para bem conhecer o Rio e suas cercanias: Cabo Frio, Araruama, Marambaia, Angra, Petrópolis e

Parati, Agulhas Negras etc.

O Napoleão não conseguiu ir na Praia Vermelha!!!

Cada vez que vou ao Rio, pelo menos uma voltinha eu dou ali pela Urca e Praia Vermelha, inspeciono o General Tibúrcio, a Casablanca, uma caminhadinha na praia e pronto.

Assim que, estamos em quê.

Ou seja, embromando enquanto não começa “Casseta e Planeta”.

No ínterim, vou ver o que está acontecendo com os processos que correm no forum local.

Boas noites.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quarta-feira, 26 de Maio de 1999, 16:47, chuva forte.

Hoje, Quarta feira, fins de maio, e estamos nos encontrando com o primeiro dia de inverno do ano!

Um dia gris, chuvoso, frio, as pessoas loucas para virem para casa tomar alguma coisa quente, abrigarem-se, jantar bem e irem dormir cedo.

Um pinhãozinho vem bem, bolinhos de chuva, estas coisas…

Parece óbvio que estou com fome, mesmo que não devesse estar porque almocei em casa e fiquei por aqui e não fui para o centro.

Acontece que quando vou para o escritório – é a regra – não almoço e aí sim, quando chega esta hora, estou vesgo.

Bem.

O Lucas veio para fazer um trabalho na Internet porque o Pingo não abre a senha para os mais familiares.

Neste momento está dormindo no quarto da frente.

Esta gurizada que tem aula de manhã, vive com sono; lembro que nos meus tempos de aluno da EPPA e principalmente AMAN, a gente só pensava em dormir: aquilo era uma obsessão.

Quantas e quantas vezes vi colegas que deixavam de aceitar qualquer convite no Rio para ficarem dormindo nos fins de semana.

Os chamados “laranjeiras” na maioria das vezes só o eram por dependência de sono.

Laranjeiras eram os caras que nunca saiam da Escola, nem em feriados, fins de semana, nada; geralmente eram cadetes de lugares remotos do Brasil que não tinham parentes nem conhecidos nos locais das Escolas.

Ou, como eu disse, os que preferiam ficar dormindo.

Mudemos de assunto: como sabemos (?), o Lauro Quadros faz um programa matinal de radio, em que ele lança uma pergunta para o povo responder.

Assuntos palpitantes tipo Ford x Olívio; hoje a pergunta era a seguinte:

  • Você prefere a ditadura militar ou isto que está aí?

Debatendo de um lado, o Pedro Américo que como sabemos é um coitado e do outro lado uns pintas que suponho do PT, professores da PUC, estes babados.

Inclusive uma malher da escola da Tarsinha Genra.

Pois bem,a resposta do povo: 75% preferem a ditadura militar!!!

E agora seu José?

Acontece que estamos sendo governados por cariocas e aratacas, uma combinação terrível que conduz à corrupção, incapacidade,

irresponsabilidade, leviandade e total desprezo pela vida dos mais participantes.

Ou seja FHC avec ACM.

Assim não dá, é preciso afastar o Brasil tropical, mulato pachola, vagabundo, incompetente e abusado e retemperar a bagunça com um pouco de anglogermanismo.

Aratacas e galegos, fora!!!

Chega de cortesãos de D. João VI, chega de moedores de cana e fazedores de cachaça e goiabada.

Chega de banhos de semicúpio.

Agora é de chuveiro, diário e gelado.

Nunca esquecendo o Padre Vieira e suas definições do que eram este país e seus habitantes, no século XVII.

Não mudou nada.

Alguém aí sabe onde está enterrado o padre Vieira?

E sabem porque não sabem?

Porque ele era contra as patifarias que até hoje nos envergonham e as expunha do púlpito.

Ladrão para ele não era empresário bem sucedido, era ladrão mesmo, o Vieira não usava a semântica do “politicamente correto”, era pau no citado burro.

Vale a pena ler sobre a vida dele que se desenvolveu num plano muito mais alto do que sabemos.

Acontece que in illa tempora, os sermões eram a televisão, o cinema, enfim, a grande diversão das partes.

Que acorria em massa quando aparecia um pregador capaz de galvanizar a massa como hoje acontece com estes roqueiros da vida.

O Vieira causou tumulto até em Roma tamanha era a frequência de seus sermões.

E ele pregava em italiano, latim, o que fosse necessário.

Fez tanto sucesso e marretou tanto que acabou em cana via Inquisição.

Grande surpresa…

O Vieira, está enterrado em Vitória do Espírito Santo mas soube disto via Napoleão Freitas que vive viajando.

Porque, oficialmente, nunca li nada a respeito.

Quem será que está com o livro “O Melhor do Mau Humor”?

Sempre digo que jamais devemos subestimar a ignorância alheia e hoje aconteceu um fato que ratifica a minha tese.

Como chove muito forte e estão previstos jogos do Grêmio e do Boloral, o debate na Sala de Redação versava sobre gramados drenagens etc.

Lá pelas tantas o Ruy Carlos Osterman, chamado de “O Professor”, e que o é de Filosofia e já foi Secretário Estadual da Cultura, anunciou a seguinte espantosa novidade:

  • No gramado do Grêmio, estavam plantando uma espécie de grama exótica, maravilhosa que resultava naquele aspecto lindo, verde exuberante e na resistência ao pisoteio.

Uma verdadeira preciosidade, descoberta pelo Grêmio!!!

O Ruy inclusive, citou o Fábio Koff como a pessoa que teria  incentivado o uso da mágica gramínea, cujo nome é AZEVEM!!!

Azevem meu, é aquele capim que dá no inverno e que os carroceiros colhem nas beiras dos arroios, quando estão voltando para casa, para alimentar seus burros.

Qualquer jaguara que arguma vez teve algum alemal no Rio Grande véio, sabe o que é o azevem, onde nasce, quando dá e para o que serve.

Qualquer jaguara menos aqueles da Sala de Redação.

Aqui nestas invernias, alem do pasto natural, deve ser planatdo um pasto de verão e um de inverno; o de verão pode variar porque são muitas espécies mas o de inverno é sempre o consagrado azevem.

Só que, se não cortar ou não houver bichos pastando curto, ele cresce e cresce muito rápido.

Se o Grêmio plantou azevem, é bom que tenha várias máquinas de cortar grama ou compre umas vacas de leite.

Então tá.

Suponho que amanhã o Santana retorne ao serviço.

Boas noites.

Quarta-feira, 26 de Maio de 1999

 

Segunda-feira, 31 de Maio de 1999, 21:24, frio.

 

Tivemos uma semana de frio e até ameaças de furacão, o qu e acabou não acontecendo e promoveu alguns vexames; é impressionante como as pessoas são medrosas e capazes de inventar as maiores barbaridades para justificar sua covardia.

Um serviço qualquer de emeteorologia, fez um comunicado público sobre a chegada de um furacão e pediu `as pesoas que se acautelassem.

Foi o que bastou: o número de boatos , mentiras, demonstrações de oligofrenias foi incrível: houve gente que abandonou seus apartamentos em andares altos, diretoras que fecharam escolas, gente que amarrou móveis e animais, enfim um vexame total.

E, niente…só um ventinho muito mixuruco.

Aí a gente fica imaginando o que aconteceria numa guerra.

Bem.

De vez em quando consigo enriquecer estes registros com um caso interesante, totalmente fora dos padrões.

Lá vai um.

Lá por 1965, o Vares que estava exilado no nordeste resolveu passar as férias em Santana do Livramento, sua terra natal.

E se mandou de João Pessoa, com a Meneca e os quatro filhos num Fuca!!!

Para completar, totalmente “pelado”o que significava pousar nas piores espeluncas.

Em Arapiraca, ficaram numa pensão, ou algo assim, em cujo WC havia uma quina de parede na qual estava escrito:

“Proibido se limpar na parede”!

Acontece que a referida quina estava completamente suja com oque educadamente chamamos de dejetos, na verdade merda!

Ou seja, os aratacas, após aliviarem os intestinos, limpavam a descarga esfregando- a na quina da parede.

O que responde a uma velha indagação minha de como as pessoas limpariam a bunda antes do papel higiênico e não havendo jornal.

Sabia do sabugo de milho, usado mundialmente, mas o recurso da quina de parede é surpreendente.

Digo que o sabugo era(?) uma prática mundial porque há um conto americano “O Especialista” – muito bom – que versa sobre o tema.

O conto faz parte daquele livrinho publicado pela Ipiranga

“As calcinhas cor de rosa do capitão”, uma coletânea notável de contos idem.

Particularmente, do que mais gosto é “O amor é uma falácia” mas todos são bons.

Ontem a Heloisa falou com a Zilda que continua com dores insuportáveis.

Foi barbeiragem dos cirurgiões que fizeram uma cirurgia cujos procedimentos ainda são experimentais.

Eles seccionaram o nervo ciático e a dor já está condicionada no cérebro ou seja, agora mesmo sem causa, dói.

Negócio meio complicado.

O Alemão vai me mandar via Email o nome dos remédios que a Zilda está tomando para que os esculápios daqui dêem seus palpites.

De uma coisa sempre tivemos certeza: teria sido melhor se a Zilda houvesse vindo para cá mas não foi esta a decisão deles.

A Medicina no Rio é ruim e os picaretas abundam.

No blame no complaint.

Ontem fiz grandioso churrasco com a presença de todos exceto o Pingo e o Ângelo que não estão mais naquele de ficar agüentando encheção de piás.

Já vi este filme algumas vezes.

Quando tiverem seus próprios piás, voltam; e irão ficar brabos se alguém achar que os referidos são uns chatos.

Com vistas ao Dr. Bolão.

Consta que o Pingo brigou com a Rachel de modo definitivo, o que seria de se prever.

Agora ele está na gandaia o que também é normal e previsível.

Pena que não tenha feito o CPOR para enriquecer a biografia.

Domingo, depois do churrasco, numa manobra de inspiração ecológica, o povo todo foi conhecer o sitio do Tergolina lá perto do Paulo Paetrolino.

Gostaram muito e acharam tudo muito bucólico, com figueiras majestosas, vertentes de água cristalina em abundância etc e tal.

No inverno, sabemos, campo é um lugar úmido onde as aves passeiam cruas…

A respeito, hoje está uma notícia no jornal sobre Papeete, Oceania Francesa, considerada um paraíso terrestre: o pátria que andou por lá diz que tudo bem, o lugar é lindo mas nos cartões postais não aparecem nem o calor medonho nem os mosquitos!

Os franceses não têm eletricidade nas ilhas e acham que os mosquitos também são filhos do Criador.

Assim que, como na maioria das coisas, a realidade é um pouco diferente do marketing.

Nunca esquecer as racionalizações de quem faz turismo: o cara dá um duro danado para arranjar tempo e dinheiro e aí, deliberada e voluntariamente, abdica de sua dignidade para ficar ao comando de alguns mentecaptos que irão mentir ou repetir lugares comuns por alguns milhares de quilometros; voluntariamente irá ingressar num grupo social que é hostilizado pelos nativos em todo o lugar que passa;

irá tolerar impertinências de subalternos que jamais suportaria em sua terra natal; será explorado por babacas que não têm condições de sequer engraxar-lhe as botas.

Vai ficar stressado com medo de perder o trem ou o avião vai andar em bando grudado na saia da guia com medo de perder-se.

E, quando volta para casa, vai admitir tudo isto?

Claro que não, o negócio é racionalizar.

Mesmo que involuntariamente.

Para dizer que Paris é um ponta pé nos bagos, cara, fedorenta, só o Indiana e a Ângela e assim mesmo quero ver até quando dura este posicionamento.
Porque as pessoas tendem a esquecer e a colorir as lembranças na medida em que o tempo passa.

Não esquecendo que um realista é um chato social: ninguém quer saber que há muitos mosquitos em Papeete, que o Chile é uma porcariazinha hortifruti, que na Bolivia as cholas defecam na rua etc. etc. E tal.

Neguinhos querem contar, de modo  “en passant”:

– Estava eu dando uma voltinha na Rive Gauche quando…

Para quem não viu “Mon Oncle” que versa o tema sob outro ângulo, recomendo.

Acaba de telefonar a Ana Lúcia informando que a anulação dos registros referentes à suposta venda dos imóveis de Bagé, já foi procedida via cartas precatórias para Lavras e D. Pedrito.

Com o que, o meu contrato de trabalho estaria cumprido e bem cumprido mas, creio, ainda terá que continuar por um longo eito.

Pelo menos até os malandros devolverem as terras e os bois e serem – talvez – deserdados.

Em matéria de terras, penso que esta foi uma das maiores “causas” da história jurídica do Rio Grande do Sul.

Afinal estavam em jogo mais de 4.000 hectares de excelentes campos, fora gado, instalações etc.

Vou aguardar esta semana e, se a parte adversa não se mexer, o que espero faça, retomo a iniciativa.

Nunca esquecendo que em processo, a posição do réu é muito mais confortável do que a do autor.

Quando se é autor, a gente acaba mostrando o caminho da roça para o réu.

Bem, vamos ver o que temos no E Mail.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 3 de Junho de 1999, 18:29, frio.

Apud a  Witte Fibe ( Uaite Faibe como dizem os Cassetas), hoje vai dar uma virada feia no tempo com ciclone e tudo; este “caco” do ciclone deu o que falar porque muita gente aproveitou para uma “coçada”geral.

Foi um vexame mas particularmente eu acgo que as demonstrações de pusilanimidade foram as piores coisas que aconteceram.

Houve um psicólogo da PUC que disse que  no fundo funcionou o espírito de imitação, que a moçada queria comportar-se como um americano ao aviso de tornado.

Falando nisto, faz tempo que eu não como um tournedô.

Antigamente, em qualquer restaurante suburbano, estava lá no cardápio: tournedaux (?) a Chateaubriand.

Ou, tournedô ao molho de Madeira.

O “aux”vai por conta de um plural inexistente: afinal eu não sei o que vem a ser tournedeaux em francês.

Vou ter que pesquizar: é incomensuravel a minha ignorância.

Para quem não sabe ou para os guris quando chegarem em restaurantes finos, tournedô é um filé mignon alto, aí com uns oito centimetros, servido mal passado geralmente com molho Madeira.

Estou me dando conta que quase não existem mais restaurantes com cardápios mais sofistificados: hoje é na base das chorrascarias, galetos, cantinas e bufetes.

Tudo bem mas, fica o registro: os restaurantes ditos à la carte, estão em vias de desaparecimento, como os dinosaurios.

Se não for assim que se escreve dinosaurios, é assim que é certo, semanticamente certo.

A frase aí em cima está brabíssima.

Amanhã a dona Branca, mãe do Vitta, faz cem anos e está convidando para um chá, suponho, no Plazza.

Deveremos ir lá pelas cinco da tarde.

Ontem o Ângelo veio para cá de noite e fomos jantar no ex – Mama, atual Papa : achei caro e xoxo.

O Ângelo descontou o prejuízo porque eu não comi nada mas ele arrazou o tal de Papa que ainda não se sabe se é o Pontífice ou o ex-marido da Mama.

Em compensação hoje a Heloisa fez uma massa maravilhosa e eu uma sopa de anioline de babar na gravata.

Casualmente a Mary apareceu para almoçar; está muito bem, sempre discreta e educada.

Ontem o Boloral levou quatro ( 4 x 0) do Juventude e está fora da Copa Brasil; amanhã ou depois joga contra o mesmo Juventude pelo campeonato gaúcho e, se levar chumbo de novo, a casa cai.

Acontece que o Inter é muito ruim e o Juventude pior ainda: os golos só acontecem por sorte, xiripa, frango etc.

Jogada mesmo, nenhuma assim que tanto um miserável como o outro pode ganhar.

Falando nisto o Guga, devidamente endeusado pela Globo. Já nominado como o número 1 do ranking, perdeu para um velhinho careca ucraniano e está fora de Roland Garros que os locutores nacionais insistem em dizer “garros”.

Em francês não se pronuncia o “s”de final de palavras: é Garrô.

O outro bolha, o tal de Meligene, continua mas decerto irá perder em seguida.

Também: um catarina e um argentino! Não pode dar certo.

Não deu!!!

 

Segunda-feira, 7 de Junho de 1999, 21:02, frio mesmo.

 

Temos tido umas temperaturas baixíssimas, de renguear cusco.

No entanto, ainda ontem saiu uma vasta reportagem sobre o chamado “Efeito Estufa”.

“Efeito Estufa “é o aquecimento da atmosfera causado pela retenção do calor nas nuvens de gazes que se formam em decorrência de combustões as mais diversas.

De acordo como os Ecologistas, deveríamos voltar à idade da Pedra, e só queimar lenha para assar alguma caça.

Para provar a teoria do Efeito Estufa, temos tido os invernos mais severos dos últimos tempos e aumento na calota polar antartica…

É interessante notar como os Ecologistas são catastróficos.

É maré vermelha, efeito estufa, camada de ozônio, desmatação, desertificação, fim da água doce, fim das baleias, poluição dos mares, lixo interplanetário, elevação do nível dos mares, enfim um horror só.

Ninguém fala em banhados  mortais drenados e transformados em belíssimas áreas verdes, ninguém conta que as piores doenças estão nas selvas (vejam -se os vírus Ebola, Aids etc.), ninguém declara que um maremoto ou a erupção de um só vulcão causa mais danos ao meio do que 1000 anos de ocupação humana, ninguém elogia o reflorestamento ordenado.

Só interessa o tragedião, a profecia catastrófica.

Mas, se a gente levar em consideração o que acontece quando a espécie humana se civiliza, se aperfeiçoa, iremos ver que a natureza acompanha.

O meio ambiente americano é bem diferente daquele do Haiti ou de qualquer outra república do Caribe.

O que polui é a miséria.

O que mata é a fome.

O que destroi é a ignorância.

Bem.

O Ângelo veio pousar aqui por causa do futebol e eu sempre aproveito para conversar com ele sobre História e Geografia.

Ontem, passamos o dia no sítio dos Tergolinas; estava um lindo dia e foi um belo passeio.

O Tergolina fez um churrasco muito bom e , no final, as pessoas trouxeram montes de bergamotas, limões e limas.

Foram todos, menos o Bolão que ficou para fazer um trabalho impostergável.

O Ângelo organizou uma pescaria mas como estava bastante frio, os peixes não apareceram; peixe de açude, quando esfria, enterra-se no barro e não come.

Aliás todos os bichos comportam-se assim no inverno: as tartaruguinhas aqui de casa faz um mês que não comem.

Para variar um pouco, a Patrícia irá fazer uma feijoada no dia 20.

Pode ser que, aos poucos, a família organize outros programas de Domingo que não o nosso clássico churrasco/galeto.

Cozidos, strogonofs, bufês nacionais etc.

Bufê nacional é um conjunto de alimentos com predominância para alguns de uma determinada escola culinária e para o que todos contribuem: cada família faz, p.ex., cinco pratos o que nào é muito e resulta nun bufê de 25 pratos o que é razoável.

Também ir para a praia é uma boa pedida.

Em não havendo chuva, até no inverno é bom.

O Pablo e o Diego têm vindo para cá de tarde depois das inúmeras atividades que têm, tipo esgrima, futebol, tênis etc.

Falando em tênis o tal de Meligeni se foi, como previsto.

No que concerne a fofocas, consta que a filha da Graça, a Teca, fez lipo escultura!!!

Mas a guria é super elegante e tem só quinze anos!!!

Então tá mas a comadre está exagerando.

Acho que os adultos devem ser mais severos com estas aberrações dos adolescentes: olha o que aconteceu com a Luciana.

Consta também que o Pingo está com tremenda dor de cotovelo porque brigou com a Rachel e ela já está desfilando com outro.

Não sei se o Carlos sabe de tudo isto mas certamente, se soubesse, iria transferir a viajem para New Orleans para degustar melhor as fofocas.

E buenas noches.7 de Junho de 1999.

 

Terça-feira, 8 de Junho de 1999, 21:04, tempo bom, enfarruscando.

Durante o dia, vários assuntos me ocorrem para serem objeto de aqui comentários; pena que quando chego aqui, já nào os lembro mais.

A melhor coisa que se pode fazer é andar com um caderninho e tomar nota das idéias.

Parece um a prática simples mas não é: conheço n + 1 pessoas que já tentaram tal método mas não tiveram sucesso.

O Fernando Campos, um engenheiro que foi meu professor nna Arquitetura e, ao mesmo era meu empregado na APLUB, certamente é um excelente profissional e uma pessoa de grandes virtudes mas dele só lembro que andava com uma agenda e tomava nota de tudo!

E o que é mais importante, a tal agenda funcionava mesmo, o Fernando vivia consultando- a .

Esse “consultando – a “, está brabíssimo.

Mas, tentem mudar para ver de como o Português é uma língua miserável.

En parlant, muitas pessoas me perguntam se li o Zé Saramago e o que achei; penso que o Zé não é um escritor que convença na primeira leitura assim que todo o mundo fica com dúvidas querendo  que saber o que os outros acham dos livros dele.

O que eu penso é o seguinte, ele escreve muito bem, consegue manter a gente interessado mesmo para uns assuntos chatos como aquele sobre os nomes do Registro Civil.

E vejam que a abordagem do tema poderia ter sido muito mais interessante: um cartório destes em Portugal pode ter registros do século II AC, do tempo da colonização romana ou dos ostrogodos.

Na Sé de Braga, há túmulos romanos com os nomes dos “de cujus” datados do ano 40.

Há também muitíssimos túmulos de portugueses com mais de 700 anos, inclusive um Marquês de Moura ( trouxe uma foto).

Assim que o Saramago, se fosse um escritor de enredos, tipo Agatha ou Conan Doyle, poderia deitar e rolar escrevendo sobre cartórios de registros em Portugal.

Ou nas sacristias das Sés que era onde se registravam os bautismos desde antes da fundação do condado Portucalense.

É um assunto sem fim: por exemplo, como seriam os registros dos árabes?

A gente sabe que cada vez que um lado – árabe ou  cristão – tomava uma cidade, imediatamente tacava fogo em tudo mas alguma coisa deve ter sobrado nas regiões de dominação maometana.

Como seria?

Um assunto interessantíssimo é aquele que versa sobre o surgimento dos sobrenomes na Europa.

Gregos e romanos usavam nomes e sobrenomes e havia registros públicos que tratavam disto.

Depois, com as invasões bárbaras, o sistema famíliar romano desabou e a coisa toda ficou mais para uma sociedade nômade com tribos nórdicas e orientais indo e vindo pelas planícies da Europa.

Ninguém tinha sobrenome ou mesmo nome naqueles tempos infames da Idade Média.

Dizem os mais afoitos em bolarem teorias que os nomes surgiram no Feudalismo para que os principes soubesem quem era servo de quem.

Havia inúmeros feudos e as aldeias muitas vezes se confundiam assim que nadie sabia quem era o senhor e este não sabia de quem deveria receber os impostos, motivo para que grandes mudanças fossem feitas.

Falou em não receber impostos e a imaginação funciona e bem.

Daí os nomes: João de Borba, Carlos de Braga, José da Almeida Almendorino Lisboa e por aí empós.

Diz-se também que os nomes de profissões decorriam delas o que parece bastante razoável mas isto vale mais para os nórdicos do que para os mediterrâneos, stritu senso.

Alemão bauer, miller, pfeifer, schmidt, schumaker, tem de montão mas português ou espanhol com nome de profissão são poucos.

O que parece esclarecer um pouco das nossas mazelas econômicas.

Não sabemos fazer objetos, digamos assim (vejam que até a língua se comporta mal quando quero transmitir a idéia de “craft”), enquanto que os nórdicos são bons nisto.

Em todo o lugar em que se viva, sempre há um “Alemão Faz Tudo”.

Portuga Faz Tudo, só em anedota.

E não vai dar certo!!!

Como vivemos na Civilização do Frio ou seja cultura de estoque, de amontoar para o inverno, logicamente temos relados.

O tema é interessantíssimo.

E pode ser divertido também.

De tudo se depreende que o Zé Saramago é meio burro porque com todas estas fontes para fazer um ou uns baitas enredos, ele sai numa tangente paupérrima dum amor brega e suburbano.

Mas, como eu disse, bem escrito.

Tudo bain.

Sono cum fame.

Interessante de como consegue-se opiniões diferentes partindo de qualquer fato.

Um dia destes víamos na televisão uma cena que mostrava uma família em torno à mesa; o ambiente estava pesado porque as pessoas queixavam-se de que estavam desempregadas, sem dinheiro, sem esperanças etc.

Só um menino comia, os adultos olhavam, olho comprido.

Eis senão quando um dos que assistiam a cena na TV, comenta:

  • O guri está traçando um miojo. Excelente idéia, vou fazer um para mim.

Pode parecer um fato banal mas não é bem assim e dele devemos tirar uma lição importante: quando você lança uma idéia no éter, deve partir do princípio de que cada receptor irá interpretá-la de modo diferente.

A literatura está cheia de anedotas de erros de entendimento.

Falando em entendimento, as teorias que estão em alta são aquelas sobre a inteligência das moléculas.

A transmissão do conhecimento das moléculas de uma solução para outra, via condutores, fios não energizados, é a última descoberta dos ingleses.

Negócio seguinte: as soluções homeopáticas ganharam grande suporte científico depois da descoberta das partículas atômicas e sub atômicas.

As soluções homeopáticas por serem altamente fracionadas, chegariam mais facilmente àquelas partículas e fariam seus efeitos na origem da coisa.

Até aí tudo bem.

Acontece que um inglês partindo não sei de qual analogia, preparou uma solução homeopática e colocou num vaso; ao lado colocou um outro vaso igual, com água comum.

Mergulhados nos dois vasos, colocou dois fios de cobre e nada mais, sem corrente elétrica ou indutância magnética.

Diz ele que a solução migrou de um vaso para outro, ou seja, o que era água pura virou solução homeopática!!!

Não percebi muito bem o espírito da coisa mas creio que breve teremos mais publicação sobre o tema e então ficarei sabendo qual é o “logo” ao qual ele pretende chegar.

A primeira notícia, com comentários ligeiramente céticos, saiu na Time da semana retrazada.

Hoje eu iria no médico do coração, o Jorginho Pinto Ribeiro, mas na hora o referido teve que atender a uma urgência e desmarcou para Quinta feira às seis da tarde.

Ainda bem que não foi a las cinco de la tarde.

Estou pensando se desmarco também e vou no Gordo Sérgio que supostamente é o meu clínico.

Vou pensar; não que o Pintinho seja mau sujeito e muito pelo contrário mas o Sergio pode ficar chateado.

Falando en a las cinco, por onde andarão meus livros do Vargas Villa?

A procissão de la Virgen de la Macarena descrita pelo Villa, é coisa que nunca mais se esquece, mesmo que pase una vida.

Neste momento este registro chega a 100 páginas e como estamos no início de junho, tudo leva a crer que ele terá o mesmo número de páginas que os outros.

Boas noites. Terça-feira, 8 de Junho de 1999.

 

Quarta-feira, 9 de Junho de 1999, 18:00, chuva forte.

Depois de uma semana de frio e tempo bom, hoje despencou uma chuvarada forte que entupiu a cidade.

Os caras do PT não tem estatura para fazer obras grandes de saneamento: eles acham que resolver o problema das enchentes é limpar os boeiros.

Imagina um PT calculando a seção de vasão de um bacia de acumulação!

E é o cálculo mais fácil que existe.

Ontem quando saí daqui, estava passando na TV o Hamlet, uma peça pela qual tenho especial predileção porque representamos uma paródia dela na AMAN.

O pai de um atual artista da Globo ( fisicamente os dois são iguais), representava a Ofélia e houve grandes debates em torno do tema: afinal, um cadete pode ou não pode representar um personagem feminino?

Lembro que na época, encarávamos isto com muita seriedade…

Je, de moi, como dizem os franceses, era o Laerte.

Mas, venhamos para o tema principal, sempre o mesmo.

Estamos em Londres, século XVI, ou seja num lodaçal nojento, uma sociedade estratificada e extremamente inculta.

Servo ou assemelhado na Inglaterra era pouco mais do que um bicho.

Uma nobreza cheia dos preconceitos, de moral atroz( período elizabetano), idem inculta e ignorante.

Mas, é óbvio, com exceções.

O teatro era pouco mais ou pouco menos do que uma seqüela do teatro romano, bagaceiro, pornográfico, popularesco, atividade de terceira classe.

E, neste ambiente – e estou sendo gentil – o filho de um fabricante de luvas, costureiro portanto, ator de um teatro de porno chanchada, mal casado, pelado e desconhecido, escreve Hamlet, Romeu e Julieta, O Mercador de Veneza O rei Lear, Julio Cesar e por aí empós.

Quem ouve os solilóquios do Hamlet himself, está ouvindo o que de mais avançado alimentava a filosofia da época;

Os dramas da alma que são pintados, nem mesmo Sócrates abordou, são elocubrações originais e que jamais foram repetidas;

Os conhecimentos dos costumes de cortes estrangeiras, de nomes, de História, de latim, de grego, são enormes e parece, expostos com a intenção de épater les bourgeois.

A gente percebe claramente que o autor está se exibindo, está agredindo, está menosprezando, humilhando uma sociedade que certamente o repeliu.

Tecnicamente – este argumento não me lembro de alguém Ter usado – a urdidura das tramas substitui o coro do teatro grego por um personagem que – praticamente – explica a peça ou, o que talvez seja mais correto, recoloca num plano paroquial aqueles paroxismos de paixões que exumam dos temas ditos shakespearianos.

Explico: no teatro grego, o coro ficava ao fundo, explicando o que estava acontecendo com os personagens, era uma espécie de ponto do espectador que nem sempre era ateniense.

Nas peças atribuídas a Shakespeare, há sempre um amigo e conselheiro do personagem principal que é uma pessoa simples, terra à terra e cuja função é , por assim dizer, “botar a bola no chão” quando parece que tudo irá para o espaço.

E, mostrando a outra face da moeda, aquela que todo o mundo entende e discerne, estabelece a comparação para que as paixões tormentosas sejam também percebidas e valorizadas.

Para criar um tal expediente, só uma pessoa que conhecesse e muito bem o teatro grego.

Como para escrever peças que se passam em Veneza, na Dinamarca, na Escócia etc, é preciso conhecer aquelas regiões.

Observem a fina ironia contida no diálogo entre Hamlet e o coveiro quando o príncipe chega da Inglaterra.

Hamlet pergunta ao coveiro há quanto tempo ele desempenha suas funções e o coveiro responde que desde o nascimento do príncipe Hamlet que estava louco e fora mandado para a Inglaterra.

Hamlet pergunta porque mandaram o principe para a Inglaterra e o coveiro responde;

  • É porque na Inglaterra ninguém vai notar que ele é louco, porque lá todos são malucos.

Isto daí é comentário de senhor, nunca de vassalo.

Refiro-me ao escritor, que aproveita o texto para dar uma paulada na pátria amada.

Bem, resta sugerir quem escreveu as peças atribuídas a Shakespeare.

Revista TIME, 15 de fevereiro de 1999, página 44/45.

Em um artigo de duas páginas( na Time é um sucesso), um especialista mostra que Edward De Vere, (1550 – 1604) o 17º Lord de Oxford, se não escreveu, viveu as peças de Shakespeare (1564 – 1616).

Há uma sugestão, leve, que o dito Bardo era bicha ( The Swan of  Avon), amante de Vere o que explicaria este escrever e usar o nome do outro.

Quem quiser pesquisar mais, a matéria é vastíssima e instigante.

Alem de De Vere há um outro personagem  a quem se atribuem as obras de Shake.

É Marlowe, filosofo, poeta espadachim cuja vida totalmente desregrada impedia que ele desempenhasse qualquer atividade pública na Inglaterra, necessitando portanto de um ghost writer.

Atribui-se a Marlowe o episódio em que ele, desgostoso com o serviço de um garçon, trespassa-o com sua espada.

O taverneiro acode e brada:

  • Milord o senhor o matou!!!

E Marlowe:

– Põe na conta.

Assim que estamos aí.

Boas noites.

 

Sábado, 12 de Junho de 1999, 18:07, tempo feio, frio.

Quarta e Quinta feira andei à voltas com o Jorginho Pinto Ribeiro eis que há fundadas esperanças de que eu esteja com um pé na cova, por problemas cardíacos.

Como seria de prever; o Jorginho me mandou fazer um monte de exames; após o que, indicará um tratamento para o que ele chama de “o seu coração está mesmo devagar”.

Insuficiência cardíaca parece ser um termo mais apropriado.

Pode ser que os exames informem algum caminho mas, duvido.

É o que veremos na próxima semana.

Acho muita graça quando vou consultar com amigos da Patrícia que, percebe-se claramente – foram perfeitamente alertados por ela das minhas idiosincrasias.

Por exemplo, sem mais aquela , me pergunta o Jorge:

  • O senhor está ouvindo bem?

E, a seguir, faz uma preleção sobre o uso do aparelho para melhorar a audição

Não esquecer que o Jorge é cirurgião cardíaco…

E assim, outras coisas.

Assim que, antes de começar a consulta o hipócrates já tem o diagnóstico pronto:

– Trata-se de um ancião gordo – e bota gordo nisto – sedentário, comedor de costela e picanha gorda, fumante há mais de cinqüenta anos e que até bem pouco tempo atrás, tomava umas que outras e bem mais umas do que outras!

Traduzindo a ópera em termos estatísticos, o cara já morreu há muito tempo mas disto ainda não foi informado.

Até aqui, melhor, digamos até uns três anos atrás, os meus exames contrariavam as estatísticas mas agora, depois dos setenta, sinto que a coisa não vai ser bem assim.

Semana que vem, se ainda vivo, trarei as conclusões.

Amanhã grandioso galeto com maça e sopa de anioline.

Havia a previsão de uma feijoada mas como o Dr. Barrios segue Domingo para New Orleans, o ajantarado ficou para o próximo dia 20, véspera do início do inverno.

Uma observação erudita.

Como todos sabemos, nos USA vigora o que se chama “Commom Law” um sistema legal de origem normanda pelo qual o fato, o caso, a lide vem antes da lei.

Seria, mais ou menos, o que chamamos no sistema romano de direito pretoriano.

Os países de extração inglesa seguem a “Commom Law”enquanto os demais seguem o sistema codificado também chamado continental ou romano no qual a lei precede a lide.

Diz-se “continental” numa homenagem a Napoleão Bonaparte que criou o Código Francês que por sua vez foi modelo para a maioria das repúblicas do mundo.

O Código Francês baseava-se no Código de Justiniano o qual aplicou-se até o primeiro quartel deste século nas grandes monarquias tipo Alemanha, Austria etc.

Os advogados e os doutos alemães falavam Latim- e talvez ainda falem – com a maior naturalidade e diz-se que na FEB isto foi de muita utilidade nas relações entre os alemães e os brasileiros.

Voltemos então à observação erudita.

Os USA, com exceção de um único estado, adotam a “Common Law”.

O único estado que adota o sistema dito “continental” é a Lousiana, cuja capital é Nova Orleans, lugar para onde o Dr. Barrios viaja no Domingo certamente sem saber de uma coisa assim importante.

P.Ex. se eu quiser advogar na Louisiana certamente não terei dificuldades porque as regras do processo são as mesmas.

Já na Common Law, as coisas seriam completamente diferentes porque o que rege o processo é uma série de formalismos irracionais, assistêmicos, que somos incapazes de absorver.

É mais ou menos como aquela história da classificação dos cachorros no tempo da dinastia Ming: cachorro gordo, cachorro do vizinho, cachorro cego etc.etc.

A propósito, quem se lembra das divisões na classificação dos seres?

Reino, espécie, família,……?….. são oito se não me falha a memória. Fico devendo mas pagarei.

O nosso processo ou seja, a maneira de como operamos o Direito, é totalmente racional, analítica, dedutiva .

Já a Common Law funciona como os cachorros na dinastia Ming.

Acaba de telefonar a Isinha informando que o Lucas vem dormir aqui.

Sábado, 12 de Junho de 1999. Boas noites.

 

Quarta-feira, 16 de Junho de 1999, 21:17, tempo mas ou menos.

 

Estes dias tenho andado meio atribulado com exames de saúde, consultas médicas etc.

Hoje o Jorginho Pinto Ribeiro chegou ao resultado final: estou com uma super fibrilação desordenada, a parte superior do coração bate a 230 e a parte inferior a 130.

Qualquer uma das duas está exagerada e ainda bem que o diagnóstico foi rápido: segundo as fontes mais bem informadas eu corro o risco de um AVC!

Mas, já comecei a medicação e espera-se que tudo flua normalmente.

Estas coisa de coração, sendo rápidas, têm sua vantagens amas também desvantagens; uma coisa que sempre quis fazer é escrever o meu convite de enterro ou cremação mas, se bobeio, perco a hora.

Devo portanto preparar um documento com o tal convite, fazer uma distribuição dos meus bens pessoais,  fazer a relação dos bens da sucessão, estas coisas.

Negócio e morrer também é muito complicado!

No mais tudo em paz.

Dr. Barrios voltou dos USA, a Patrícia ameaçando uma feijoada, Tergolina pensando numa festa de São João no sitio, enfim tudo em paz.

Ontem o Tergolina me trouxe dez perdizes que ele comprou bo Bourbon; tão logo haja vaga, faremos uma perdizada com vinho do ano, polenta e massa.

Pão d’água com azeite de oliva e alho.

Loucura!!!

O negócio é misturar na panela umas perdizes caçadas naquelas compradas para dar o gosto de caça.

Isto daí é problema para o Renato resolver.

Uma perdizada se faz como a seguir:

Em primeiro lugar só se convida pessoas com quem tenhamos prazer em repartir uma refeição: nenhuma outra razão pode ser alegada.

Em segundo lugar, a coisa tem de acontecer numa noite de inverno, fria.

Em terceiro lugar, o lugar deve ser bem informal, como uma churrasqueira ou uma cozinha de chão, coisas assim.

O povo deve começar a chegar cedo, assim que escurecer e ficar trovando e tomando um vinhozinho enquanto os cozinheiros vào fazendo as perdizes e a massa.

O vinho tem que ser tinto, pesado, tipo beaujolais, Sangue de Boi, enfim um vinho forte e honesto.

Em cima do fogão de lenha, coloca-se uma frigideira com azeite de oliva e no azeite, cabeças de alho descascadas e partidas ao meio. Ao lado na parte menos quente da chapa do fogão, uma bandeija de táboa grossa e, em cima da bandeja, um pão francês de um quilo, cortado em fatias generosas.

Para que, a parceria possa pegar uma fatia, molhar no azeite, cobrir com umas cabecinhas de alho e deliciar-se.

Enquanto isto as perdizes estarão assando em espetos, colocada sobre uma calha comprida na qual se fritam os miúdos com o molho que cai da rega dos espetos das perdizes.

Negócio muito sério.

Depois de cozida a massa, põe-se numa panela grande para lavar e aí, depois de lavada, despeja-se no panelão o molho das calhas  dos miudos das perdizes e deixa esquentar.

E aí, serve!!!

Pena que nenhum de nós disponha dos terens necessários para executar uma tal receita mas penso que o Tergolina poderá montá-los no seu sitio novo.

Não é tão difícil, o problema é a calha que deve ter a largura para um espeto de perdiz e comprimento para umas trinta perdizes.

As perdizes assam no bafo do molho que está no fundo da calha, junto com os miúdos.

Como a última vez que assisti a uma tal pratica de culinária já fazem uns 40 anos, em Vacaria, com o Baggio no comando, gostaria de poder fazer um treino sem a presença do público.

Vamos ver como progride esta coisa.

Hoje o PT meteu-se em mais uma encrenca, reduzir os salários da moçada via a não incidência de vantagens sobre a famos FG.

Até que, no mérito, eles têm razão mas politicamente é suicidio.

Falando nisto, a FORD que o PT afirmou alto e bom som que estivera blefando o tempo todo, que não pretendia abrir fábrica nenhuma e aproveitara a chance para se escapar, anunciou hoje oficialmente a abertura da Ford na Bahia.

Os caras vão cair de páu nas costas do Olívio e mais bagaceiros.

Na verdade o PT não tem condições e governar um estado, nem como partido nem como individualidades.

Os caras vivem brigando entre si, a sua origem e formação não não vai além de um sindicato fuleiro( olha o Vice do Olívio!) e culturalmente são uns ignorantes.

O maior orgulho do Olivio – é ele quem diz – é ter sido cabo da Cavalaria!

Tudo bem mas para governar um estado com mais de dez milhões de habitantes e uma economia maior que a de alguns  países da América do Sul, um cabo velho de cavalaria certamente não é o mais indicado…

Hoje é noite de Grenal de modo que vou ver de como anda o jogo daquela confraria de pernas de pau.

Boas noites.16/06/99 22:11:14

 

Quinta-feira, 17 de Junho de 1999, 18:03, enfarruscado.

 

Passei o dia em casa porque a minha disposição para o trabalho era nenhuma e afinal de contas, um personagem que está pela bola seis, tem o direito de fazer uma gazeta.

Melhora-se com a medicação do Jorginho mas fica-se meio joãobobo, aqueles brinquedos que balançam, balançam mas sempre acabam de pé.

Ontem o Grêmio ganhou e tudo se decide no jogo de Domingo que, certamente dará uma baita renda.

O Palmeiras ganhou a Libertadores com as calças na mão do time de Cali – aquela moçada da coca – e até agora os paulistas estão festejando e a Globo reportando tudo o que acontece; se fosse o Grêmio – como já foi duas vezes – não dava nem no Jornal do Almoço, do Ranzolin, grande FDP mercenário.

É que o Palmeiras é da Parmalat, um grande cliente da Globo, e também paga o Galvão Bueno, US$50,00  cada vez que ele pronuncia o nome “Ronaldinho”  ou outro que esteja na caçapa.

Imagine-se quanto não fatura o Luxemburgo para escalar um daqueles pernas de pau que surgem e desaparecem na Seleção ninguém sabe nem como nem porquê.

Por aqui, o PT recuou na redução de vencimentos mas garante que no mês que vem vai mandar braza na moçada; na verdade os PT têm razão, com a volta da chamada Democracia, os grupos de pressão arrumaram mamatas tão vergonhosas que fariam enrubescer o Collor e tem muitos neguinhos aí, cujo cargo original era porteiro – não estou exagerando – cuja aposentadoria é de mais de 15.000,00.

Se somarmos o que ganham a Vera, o Nilson, o Ildefonso e a consorte, chegaremos a um valor aí pelos R$70.000,00 ou seja, mais ou menos 650 salários mínimos!!!

E reclamaram quando o Brito cortou o vale – refeição…

Por estas e por outras é que o Estado deve ser mínimo e se der para privatizar, privatiza sem maiores considerações.

É muito duro saber qual é a pior praga: a nomenklatura socialista ou o investidor capitalista.

A verdade é que a nomenklatura não corre riscos imediatos embora o fim seja sempre o mesmo: exílio ou miséria.

Como na Russia atual.

Mas este é um tema interminável.

É preciso registrar que os baianos, onde a Ford irá se instalar, festejaram com a seguinte manchete: “Bahia com H – de honra –   lugar onde se cumprem os compromissos”.

Ou seja, graças ao PT e suas malícias de camponeses, até os baianos que sempre foram símbolo de malandragem, irresponsabilidade e incompetência, cagam no nosso crâneo.

É o fim.

Os PT pensam que o que os esquerdas de bar escrevem sobre as grandes corporações, é verdade; não vêm que é muito fácil destruir imagens quando não se estabelece o contraditório

Em verdade, moral protestante é a grande causa do sucesso dos chamados países do primeiro mundo onde tudo é melhor desde as condições econômicas até o respeito ao cidadão.

O Olívio e seus bagaceiros achavam que a Ford estava blefando sem saber que na ética deles, o blefe e a mentira são crimes imperdoáveis, às vezes piores do que o homicídio e só superado pela felonia, a traição, o pecado de Judas.

Falando em pecado de Judas, lí um trabalho muito interessante sobre o tema.

A tese defendida pela Igreja cristã  é que Deus, quando deixou que seu filho morresse, exigiu dele o sacrifício máximo para salvar a ratatulha hebráica.

A dúvida levantada pelo autor, cujo nome esqueço mas até pode ser o Gore Vidal, é que o grande sacrificado não foi Cristo mas sim Judas.

Porque, inegavelmente, o sacrificio máximo foi de Judas que além de ir vagar pela Eternidade como um criminoso o mais nefando, também morreu e pelas próprias mãos, o que revela um terror psicológico insuportável.

Interessante, não?

Isto daí faz parte do chamado revisionismo histórico que, quando apoiado em fundamentos lógicos e evidentes, como é o caso, é uma atividade intelectual interessantíssima.

Pena que os caras queiram revisar a História à luz de doutrinas e filosofias e aí não é revisionismo, é contorcionismo.

Gutten tag.

 

Sábado, 19 de Junho de 1999, 16:55, chuvoso.

 

Continuo semi de molho acho que esta novela não acaba tão cedo apesar das informações do Jorginho.

A Saara tem um avizinha que volta e meia vai tomar choques o que significa que estas arritmias não consertam-se mas medicam-se.

Io sono frito.

Tudo bem, dos males o menor.

Amanhã grandiosa feijoada que já está sendo elaborada, na verdade  eu imaginei um sistema seguro de fazer feijoada mas tudo indica que a Alba não o acolheu.

O grande problema nas feijoadas é o sal dos componentes e geralmente a referida acaba salgada.

Se, para obstar o excesso de cloreto de sódio, você cozinha o entulho separado, além de dar a maior confusão porque os tempos de cozimento são vários, o feichoado fica sem gosto.

Então: cozinha-se um feijão principal na maneira trivial, só com temperinhos e tal; numa outra panela, faz-se o feijão secundário, com todos os componentes a que se tem direito.

Antes de servir, tira-se os componentes e serve-se separados.

No feijão secundário sobrou portanto um caldo que é um suco concentrado.

Pois é justamente com este suco concentrado que iremos fazer o blend do feijão principal, sem o menor risco de salinizar.

É um método novo e garanto que deverá ser um sucesso mas acho que a Alda não entendeu direito; a minha idéia era que eu mesmo fizesse a tal feijoada mas para evitar susceptibilidades, mantivemos a solução original.

A Heloisa estava aproveitando a tarde chuvosa para mais uma vez ver “A Noviça rebelde”; o filme é uma perfeição, um cult e ganhou todos os prêmios possíveis.

Mas, tem um erro de contra – regra que penso ninguém notou até hoje.

Acontece que estávamos em 1939 e os Trapp eram 9 pessoas.

Os carros in illa tempora eram bem menos potentes do que os atuais, os pneus muito mais fracos, as estradas piores assim que seria quase impossível colocar todos os Trapp em um carro, além da bagagem.

Convenhamos que é um erro menor mas, diante da perfeição do filme, cabe observar.

Mas, também cabe observar que não havia “vans” na Austria em 39 e, colocar dois carros na cena seria burocratizá-la demais, acabando com o clima que é realmente de muita emoção, como dizem os comentaristas esportivos da Globo.

Imaginem o Barão dizendo para  o Max:

  • Tú diriges o Mercedes que eu vou no Triumph mas cuidado porque a mudança está arranhando e o carro está puxando para a esquerda.

Bem.

Dirigir – bem – um filme, não é fácil.

Ainda hoje estava observando uma cena de um filme que se pasa m Montauban, interior da França.

Havia algo de familiar na paisagem até que me dei conta de que o diretor, justamente para caraterizar o interior da Provence, filmou recantos mutíssimos parecidos com aqueles dos quadros de Cèzanne.

O que dá a medida da preocupação de um bom diretor com as cenas que filma e explica porque os caras as repetem até dezenas de vezes, mesmo sabendo que o espectador jamais irá valorizar o detalhe.

No tema, eu volto sempre para “Mon Oncle”, filme onde quase todas as cenas são perfeitas; aí, quando aparece uma  – e é mesmo só uma – que distoa do padrão, você leva um choque e fica pensando e aquilo não é mesmo proposital.

Há muitas pessoas que vão ao cinema pelo diretor do filme e nem querem saber do enredo ou dos atores.

Geralmente dão-se bem porque um bom diretor não trabalha com canastrões ou roteiros desalinhavados.

No Brasil temos bons diretores de TV mas não de cinema; acontece que na TV o tempo de filmagem é quase ilimitado, você pode corrigir lá adiante a besteira feita aqui, os diretores são mais imediatistas e pressionados mais pela quantidade de filme do que pela qualidade.

Aliás, este é o grande problema da TV: é uma trituradora insaciável de matéria, são 24 horas por dia em que deve haver material para alimentá-la.

Daí para a produção em massa, para a vulgarização é um pequeno e irrevogável passo.

Com o que encerro este pequeno curso de cinema e TV.

Mudando de assunto, o tema das palestras políticas é a fraquesa do FHC como presidente.

O que me faz lembrar o Roberto Naime quando dizia que o FHC não seria um bom governante porque era um professor universitário ou seja um dono da verdade, sujeito à blandícia e à construção de uma imagem doutoral.

Fechou: foi exatamente isto o que aconteceu.

Bem que eu queria o Mário Covas.

É bom notar-se que está em andamento a campanha ACM para 2002: O FHC é um fraco, precisamos de um presidente porrada, logo o ACM.

Todos os dias a televisão ( Globo) mostra as condições precárias de atendimento em um hospital geralmente do Norte, Nordeste ou do Rio com o firme intuíto de evidenciar que  a Saúde está um descalabro, que o Ministro não presta.

Tudo porque o ministro é o Serra, potencial candidato – e bom

  • à presidência.

Ou seja, a campanha do ACM está muito bem montada prossegue a mil, com as CPI que ele comanda.

Quem declarou que quer se opor a ele é o Brizola, decerto convencido pelo próprio ACM.

Oponente melhor que o Brizola não existe.

Que o diga o Eneas.

No plano internacional, terminou uma parte da novela Kosovo: agora são os albaneses que estão correndo atrás dos sérvios e, se possível, cortando os bagos deles.

Novela cujo enredo já dura mais de 1000 anos e ninguém aprende que mexer nos Balcãs é procurar sarna para se coçar.

Agora os russos irão proteger os sérvios, os chineses ficarão olhando de longe, pondo lenha na fogueira e os americanos sem saber o que fazer.

Os comunistas costumam dizer que a História é uma tragédia que se repete como farsa mas nos Balcãs até frases de efeito não dão certo: lá a tragédia se repete como tragédia pior.

Hoje casa mais um filho da rainha Elizabeth, o PT se meteu em mais uma briga (de salários), o diretor da Policia Federal foi nomeado e desnomeado três dias depois, refaz-se o laudo técnico do assassinato do PC Farias, a previsão do tempo é de que, se esquentar, chove enfim, tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 21 de Junho de 1999, 21:19, bom.

Hoje, Segunda feira , dia de preguiçar, para mim foi ao contrário: fiz um monte de pequenas coisas, daquelas que ficam importunando a gente enquanto não feitas: tirar fotos 3 x 4, receber a devolução do IR, buscar resultados de exames, fazer exames etc.

De notável, a sede do Weinman , na Nilo Peçanha, lá perto do shopping Iguatemi: é de tirar o chapéu e deixa concluir que melhor do que poço de petróleo é laboratório de análises clínicas.

Para o cliente é uma beleza, exatamente o contrário do Weinman no Moinhos que está sempre cheio, sem lugar para estacionar etc.

Apanhei hoje meus exames no Geyer e os resultados são perfeitos, assim que ficamos cada vez mais sem saber a que atribuir o descompasso do coração.

O Jorginho em princípio concordou comigo: a causa são setenta anos de uso nem sempre apropriado.

Falando nisto, o Jacó ficou célebre porque serviu sete anos ao Labão, “pai de Rachel, serrana bela”; se isto merece Camões e imortalidade, o que dizer do meu coração que serve a setenta?

Donde se conclui que a Arte é muito mais valorizada do que a Vida.

O que não é exatamente uma novidade.

Sobre Arte, semana passada circulou o 1º número de “Bundas ” revista que pretende se opor a “Caras” e apresenta-se como herdeira do Pasquim.

Para variar e lembrando o que acontecia com o Pasca, o primeiro número nem chegou a Porto Alegre.

Eu pretendia comprá-lo porque será um número histórico mas vou ver se consigo o segundo número que sai Quinta feira.

Vamos ver se consigo.

Lembro que a minha coleção de Pasquim está encadernada e bem conservada mas não tenho todos os números: muitos se perderam nas viagens que fazíamos de um lugar para o outro neste Brasil.

O que eu deixei de livros e outros bagulhos no porão do Ed. Praia Vermelha, não dá para conter e, periga ainda estarem lá.

Até um piano ficou no depósito aqui de Porto Alegre, da Graneiro se bem me lembro e quase fui processado porque o tal piano era a maior colônia de cupins cariocas que jamais aportara ao Rio Grande e em aqui chegando tratou imediatamente de multiplicar-se para o que precisou de alimentos, por sorte achado bem ao pé da obra, nas mudanças depositadas na Graneiro.

Ainda bem que tudo isto aconteceu em pleno Regime Militar assim que os portugas da Graneiro chiaram mas baixo e pouco.

Este é um assunto com o qual deveria preocupar-me mais porque, com a idade que tenho e acometido de insidiosa moléstia cardíaca, duma ora para outra posso ir para o chuveiro e o que farão com os meus livros que, por baixo, somam mais de 3000?

O melhor é que cada um escolha o que quer e o resto seja doado a alguma escola ou biblioteca.

Se eu ainda ficar rico, compro uma área de uns três hectares aqui perto de POA e construo uma casa só para depositar livros e objetos que já não se usam mais.

Se a gente pensar um pouco, vai se dar conta de quanta coisa interessante já jogou fora, doou etc.

A Predicta, a Eletrola, meus chapéus pantaneiros, a pelerine e por aí empós, cada um de nós tem certas coisas com as quais gostaria de reencontrar-se.

Parece que esta minha idéia não é nova e até já inventaram uma palavra para ela: museu!!!

Para dizer que museu é muito mais interessante para quem o faz do que para quem o olha; interessantes não são os objetos mas sim as histórias que os cercam.

Os meus arreios que estão no museu do Caracol não fedem nem cheiram para os eventuais visitantes tomadores de chá de maçã com apfelstrudel mas, para mim tem uma baita carga de histórias e lembranças.

Tremenda parte vaga, hoje estou bastante burrovaldo assim que cabe enfatizar que tanto o chá como a torta de maçãs são ótimos, a minha prima política se esmera.

Deve ser influência do PT.

Com o que me despeço para ver Independence Day.

Não sei se vale a pena.

Dizem que sim. Boas noites. Segunda feira, 21 de Junho de 1999

 

Quinta-feira, 24 de Junho de 1999, 21:16, chuvoso.

Independence Day passou ontem e não Segunda feira.

Ontem veio o Lucas e estudamos um pouco de Geografia; infelizmente o Lucas está completamente por fora da noções básicas e precisa de um sistema de estudar que seja mais ordenado e contínuo: estudando só para a prova não vai resolver e faço aqui uma observação.

O Ângelo, graças às aulas que teve no ano passado, nas quais o objetivo foi firmar conceitos gerais, principalmente em História e Geografia, hoje tem muito mais condições de saber a quantas anda, tanto numa como na outra matéria.

Se lhe perguntarem onde fica um lugar com tantos graus de latitude e tantos de longitude, ele vai em cima; se perguntarem problemas de fusos horários, solstícios, equinócios, ele também sabe; sabe do movimento da terra, linha de data etc.

Ele sabia – ou sabe – muito bem fisiografia da Asia e da Europa.

Em História, sabe a divisão da História em Idades, tem noções dos grandes impérios da Antiguidade, sabe algo da Grécia, de Roma, do Egito.

Sabe porque a Cleópatra era grega, quem foi Alexandre e por aí empós.

O Ângelo, quando solicitado, irá surpreender muita gente que acha que ele só sabe do time do Grêmio.

Ledo engano.

Bem.

Domingo devo baixar ao hospital para ser eletrocutado na Segunda; de acordo com o Bolão só dez por cento das pessoas que fazem este procedimento morrem assim que tenho boas chances.

Falando nisto, o pessoal da Engenharia da URGS submeteu-se a um concurso para uma bolsa de um ano nos USA, algo assim como fazer lá um ano do curso ganhando cerca de US$1000,00 por mês, tremendo mumu de lata aberta.

Como a URGS é realmente muito ruim, só faz greves, os professores não prestam etc, dos quatorze aprovados do Brasil, quatorze eram da Engenharia da URGS e nenhum da PUC.

O Pino ainda vai chorar o leite que derramou.

O que acontece é o seguinte: as faculdades privadas partem do principio de que o aluno que lá ingressa é o lixo da humanidade, não sabe nada, se soubesse estaria na universidade pública.

Então têm que começar da estaca zero, do b a bá, da soma e da subtração.

Tudo bem só que os pátrias gastam um tempo precioso recuperando matérias inclusive do primário e do nível universitário, acabam por não ensinar nada.

Na universidade pública é o contrário: os mestres partem do princípio  de que ali estão uns guris cheios de empáfia, crentes que são os tais  e que por isto precisam ser colocados em seus devidos lugares.

E começam pelo Teorema de Steiner.

Ou pelo Concílio Tridentino para ingressar no Direito de Família.

Ou pelas equações de Planck.

No início chega a ser desanimante mas no meio e no fim, muito estimulante.

É o que eu pude constatar depois de passar por algumas faculdades e ter convivido com muitos mestres fora do ambiente de aula.

Claro que todos sabem que sou preconceituoso mas o meu preconceito cada vez evidencia-se mais como conceito.

Muito bem.

Tenho passado uns E Mail inconsequentes para a Mônica que idem responde bobagens.

Agora temos também o Diogo como correspondente o que me faz pensar em comprar um fac e instalar uma nova linha telefônica aqui em casa.

Negócio agora está assim: aqui nos bairros, em 24 horas você instala um telefone convencional; celular a gente compra em lojas e já sai usando, na hora.

Lembro de como via isto nos USA há três anos atrás e não acreditava.

O Brizolla tem razão, o negócio é nunca privatizar, é manter as empresas públicas com os monopólios que têm.

Hoje mesmo os combustíveis estão tendo uma alta de 20%; se não tivéssemos este maldito monopólio da Petrobras, decerto as coisas seriam como nos USA onde a gasolina só baixa.

O assunto é imenso mas cansa ficar mostrando o óbvio.

Como diz o Roberto Campos, em quanto os brasileiros não se convencerem que o petróleo é um hidro carboneto e não uma ideologia, vamos permanecer trabalhando para a Petrus.

Petrus é o fundo de pensão da Petrobras.

O povo daqui falava tanto das dashas da nomenklatura soviética e, na moita, às escondidas, fazia muito pior.

A gente diz que português é um inglês que não deu certo!

E brasileiro, o que que é que não deu certo?

Angolano?

Bororó?

Assim que boas noites.24/06/99 22:05:21

 

Terça-feira, 29 de Junho de 1999, 23:24, chuvoso.

Hoje retornei do Hospital Moinhos de Vento onde internei-me Domingo, dia 27 no apartamento 428.

Estava com o movimento cardíaco bastante complicado, a parte de cima do coração funcionando diferente da de baixo, frequência cardíaca alta,  e por aí empós.

O médico é o Jorge Pinto Ribeiro, colega da Patrícia, que foi muito seguro tanto no diagnóstico quanto no tratamento que afinal consiste em primeiro colocar as coisas no lugar via medicamentos e depois estabilizar a frequência cardíaca via eletro choque.

Devo ainda ficar sob controle um tempo mas sem maiores preocupações; como de praxe, o Jorge não acreditou no meu exame de sangue e mandou repetir tudo de novo.

Vamos ver se se confirmam os dados que deixavam o João Pedro espantadíssimo.

Ficamos muito bem acomodados no Hospital – Heloisa e eu – a hotelaria é de primeira e a assistência médica também.

Só passei trabalho na colocação daquele caninho que fica espetado na gente para futuras injeções.

A mulher enfiou na minha veia meio metro de cano da grossura de um dedo, o que me fez suar frío.

Injeções não são o meu forte e tomei seis na barriga!

Também fui vampirizado em quase um litro de sangue; se somarmos tudo isto à colocação da mangueira de que falei, recairemos no velho ditado relativo à pimenta no cu dos outros.

Também fiz todo o tipo de cardiograma em ciência admitido: por fora, por dentro, a cores, preto e branco etc.

E, não havia nada que merecesse tanta fanfarra: apesar de ter passado um bom tempo batendo como se eu estivesse disputando a maratona de Nova Iorque, o coração está perfeito.

Amanhã devo retomar o batente que, por sinal, está bem movimentado.

Amanhã também termina o primeiro semestre e passamos a caminhar para o equinócio da Primavera; antes disto, o Inverno que este ano está prometendo.

Devo fazer um Plano de Intenções para realizar até o inicio da Primavera porque depois tudo fica mais difícil.

Por hoje é só, boas noites. Terça-feira, 29 de Junho de 1999.

 

Sexta-feira, 2 de Julho de 1999, 17:14, frio e chuva.

 

Hoje não fui para o escritório porque não havia a mínima vontade de ir e o tempo está muito ruim.

Na verdade o tal de tratamento de choque, as far I concern, não adiantou nada e tudo segue na mesma.

Conversei com o Jorge Rechden que disse que várias pessoas da família têm esta anomalia e que as manifestações dependem de inúmeros fatores, desconhecidos.

Temperatura, posição de dormir, stress, enfim qualquer coisa imprevisível pode desencadear uma crise, por assim dizer.

Então tá.

Na área política dois fatos merecem comentários:

  1. O PT, oficialmente, via notícias pagas publicadas em Zero Hora, acusa FHC de ser o responsável pela não instalação da Ford em Guaíba!!!

Que os caras sejam cínicos, sabíamos mas estão exagerando.

  1. O Fidel Castro declarou no Rio que enquanto os americanos mandam soldados para os outros países, Cuba manda médicos.

A platéia delirou com a frase de efeito e ninguém lembrou ao

Barbudo de Angola, Bolívia, Honduras, San Salvador e os

guerrilheiros que ele treinou em Havana durante anos e anos.

Como se vê, a moçada usa a mesma cartilha; preciso conversar com a Liege para saber o que ela pensa destes dois episódios; é bom a gente se esclarecer de vez em quando com um radical.

Como já disse e repito, vamos pagar muito caro pela aventura Olívio que, decerto será pior do que a experiência Erundina, em São Paulo.

Passou por aqui o Teodoro que fez uma observação interessante a respeito: ele diz que o Olívio é a pobreza chegando no governo e querendo tirar desforra de ser pobre.

Em conseqüência, eles não querem construir nada, querem mesmo é avacalhar, colocar todo o mundo na vala comum, catando lixo para comer.

Até acho que o Teodoro tem um pouco de razão.

Como quase não é exagerado – com lembrança do Felipe – trouxe 48 garrafas de vinho Cardeal!

 

Antigamente, quando eu era guri, aí pelo quatorze anos, o Cardeal eras um vinho muito conceituado e uns amigos catarinenses mandavam para o pai, todos os anos.

Era feito em Urussanga, SC, uma região em que a uva é muito assucarada mas parece que agora não é mais e ficou só a marca.

Provemos para ver.

Outro acontecimento que marcou a semana foi a estréia do Ronaldinho do Grêmio na Seleção Brasileira.

O guri é mesmo um grande jogador de futebol e as jogadas dele são daquelas que levam as pessoas aos estádios.

Como acontecia com o Pelé: ninguém ia ver o Santos mas sim o Pelé.

Neste primeiro jogo o guri fez um golo que passa de hora em hora na televisão, parecido com o que o Pelé fez contra o País de gales em 58: dá um chapéu num zagueiro, desvia do outro e toca no canto.

O perigo agora é o endeusamento que está medonho: até o Beckenbauer disse que veio da Alemanha para ver o Ronaldinho do Grêmio.

Como a Seleção é composta de estrelões, cada um querendo aparecer mais do que o outro, vai ser difícil alguém passar uma bola boa para o guri.

Fato aliás que já aconteceu contra a Venezuela, patrocinado pelo Rivaldo quem, aliás, acho um bolha jogando na Seleção.

Algo semelhante ao tal de Zico que nunca jogou nada na Seleção mas sempre era titular absoluto.

Acabou patrocinando aquela baita incoerência na Copa da França e de novo ralou a Seleção.

Um bolha suburbano de Quintino.

O Ângelo pousou aqui ontem e continua crescendo, já está quase da minha altura; ontem o time do IPA ganhou um campeonato inter colegial e acho que é um bom momento para ele dar uma parada no futebol e enfrentar um cursinho pré – vestibular.

Ele é um bom estudante e sabe muito mais do que a periferia pensa.

A Heloisa tem comprado vários livros daqueles que devem compor a biblioteca de um estudante secundário: Machado, Lima Barreto, Arthur Azevedo, Raul Pompéia, Graciliano e os portugueses.

Resolvi ler o Policarpo Quaresma que eu jamais enfrentara porque achava que o Lima deveria ser um galochão.

Ledo engano, o livro é muito bom, o Lima é um muito bom cronista de época assim que a gente fica sabendo em detalhes de como era a vida no Brasil quando a República ainda lutava contra o Império.

A gente percebe nitidamente que a coisa era horrível, nasceu ainda pior e continua como sabemos.

Recomendo – e muito – o Policarpo se bem que quase todos já o leram.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 5 de Julho de 1999, 21:30, frio.

 

Ontem tivemos o aniversario do Zé com uma festa junina; estreou-se a churrasqueira para churrasco de gato, houve fogueira, quentão, pinhão, esses babados.

Por sorte o tempo endireitou e  tudo correu tranqüilamente.

Hoje recebemos do Rio os nunca assaz louvados pães da Lucia; vieram pela Varig, Hora Certa e o pobre do Alemão Pfeifer deve ter suado a camiseta para faze-los chegar aqui.

Como ele disse em seu bilhete, depois que o Poder Legislativo ( Lucia) aprova a lei, o Executivo ( Ele) tem só que cumpri-la.

Realmente o pão é muito bom e não fosse pêlos problemos das Comunicações – mudanças no modo de ligar – eu iria passar um E Mail para a Lucia, agradecendo.

Acontece que as ligações Internet e similares são feitas via programas e não se sabe se os personagens que armaram esta confa geral, lembraram-se deste detalhe!

Se não lembraram, aí sim vamos ter uma gritaria geral.

Aquele “problemos” ali em cima tem a seguinte explicação analógica:

Observemos a palavra “mergulho”; ao invés de usar qualificativos, poderíamos usar extensões explicativas.

Se o mergulho fosse no mar, teríamos margulho, se fosse no rio, riogulho, lagogulho, banheiragulho etc.

Sairia muito mais barato e ficaríamos com uma língua mais sintética.

É ou não é?

Imaginemos uma pessoa completamente vidrada em palavras, tão vidrada que viu vinte vezes “E O Vento Levou” só por causa do nome de um personagem, Mrs Merryweather.

E daquela negrinha chorona, a Beulah.

Imaginemos que esse personagem, depois de inúmeras peripécias onomásticas que incluem estudos pitagóricos, acabe em uma universidade européia estudando Semântica e Palavras Fortes, especialização que teve o patrocínio das esquerdas intelectuais para ser implantada.

Imaginemos que ele precise trabalhar para melhorar a bolsa do CNPq e – como seria de se esperar – vá para o teatro representar peças de autores russos porque os personagens e autores chamam-se Raskolnikoff, Igor Troubetskoi, Rasputin, Gogol, Checov. Illia Erenburgh etc. etc.

E algum Bernard Shaw.

Imaginemos que, pour cause, ele tenha um desempenho tão fantástico que a primeira dama do teatro nacional apaixone-se por ele.

E, ele por ela, cujo nome artístico é Ingeborg Sturm.

Imaginemos que,  ao fazer os papéis de casamento, ele descobre que a referida chame-se Matilda Smitt!!!

Esse enredo dá um bom conto, mas é preciso pelo menos umas quatro horas para alinhavá-lo.

Pode ser que algum dia eu tenha vagares despreocupados para enfrentar um enredo desses, tipo bombril.

Hoje instalamos um aquecedor a gás daqueles japoneses e parece que é mesmo muito bom.

O gozado é que o instalador levou com ele o meu Junker legítimo que nem existe mais.

Já reclamei e espero que me devolva amanhã.

Também amanhã irei até ao Touring para renovar minha carteira de motorista.

Olha aí outra palavra que poderia ter sufixos explicativos: mautorista, bomtorista etc. etc.

Noto que os alemanhos pararam de me mandar E Mails e que também os Pinhos desapareceram na paisagem.

Como mandei uns E Mail em alemão para a Mônica, fico pensando se não foi algum palavrão ou proposta indecorosa!

Não vá o Jorge me aparecer com padrinhos para um duelo!

Vai ver que é só economia.

Finalmente, devo admitir estar melhor das arritmias; já sei que esta coisa funciona por crises causadas por práticas que não sabemos e as quais temos de aprender a reconhecer com o passar do tempo.

Em circunstâncias assim, lembro de uma frase escrita na garaghem de barcos do tempo em que se remava no União, lá por quarenta e picos:

“Constância e intrepidez o remo vos dará! Cultivai-o”.

E, é verdade, nenhum esporte exige mais constância do que o remo, nem mesmo a natação.

Piada para o Olívio.

Menininha chega na Escola e diz para a professora:

– Fessôra , a senhora nem sabe: lá em casa nasceram sete

cachorrinhos e todos do PT!!!

Dia seguinte o Olivio vai visitar a Escola e a professora, para ser gentil, pede a menina que conte a história dos cachorrinhos para o Bigode.

  • Governador, o senhor nem sabe: lá em casa nascera sete

cachorrinhos e três são do PT!1!

A professora:

  • Minha querida, não foi esta a história que tu contaste ontem:

Os sete cachorrinhos eram do PT.

– É sim senhora mas é que agora quatro já abriram os olhinhos…

Toinnnn…

Já falei que os PT estão dizendo – e escrevendo – que a Ford foi embora por que o FHC e o ACM traíram o Rio Grande véio e ofereceram montes de benefícios para ela?

Eu não estou brincando!!!

Inclusive o vizinho alí de cima, o LFV, na sua crônica diária e ZH, defende esta hipótese com a maior cara de pau!

Acho que o LFV não vai longe com a sua coluna porque ele defende o PT de modo escancarado e o PT não é exatamente simpático à RBS.

Lembro que há um ano mais ou menos, houve uma polêmica entre o LFV e um outro escriba porque este escreveu que o velho Érico não era um escritor comprometido com as doutrinas populares, democracia, estes babados socialistas.

O LFV quis até deixar a Zero Hora por ter publicado os artigos do tal beletrista mas a turma do Deixa – Disto interveio e terminou em pizza.

Defendo a seguinte tese: este LFV era um frívolo peralta tão frívolo peralta que até a mãe dele expendia publicamente uma péssima opinião sobre ele.

Além disto o cara é, formalmente, analfa.

E, temos que reconhecer, apresenta uma produção literária que chega a ser de ótima qualidade.

Como se vê, as conclusões não tem nada a ver com as premissas e o conjunto nem sequer forma um silogismo, mesmo que viciado.

O futuro nos dirá o que realmente acontece com o LFV que talvez não fale porque não tem nada a dizer e não por ser tímido  como dizem.

Boas noites. Segunda-feira, 5 de Julho de 1999.

 

Segunda-feira, 12 de Julho de 1999, 17:27, bom.

 

Esta semana foi agitada assim que estou com um monte de coisas sem registro.

Em primeiro lugar, o Jorginho ficou muito impressionado com o meu exame: disse que daria para acertar o relógio pelas batidas do meu coração!

Também o exame de sangue – confirmação – repetiu o que ele chama de “sangue de fakir”.

De modo que estou quase fora da novela “mal cardíaco”.

Na seqüência, tivemos a festa de São João no sitio do Tergolina, lá junto ao Polo.

Estava muito bom apenas a Logística – surpresa – foi para 50 pessoas e foram umas vinte.

É sempre assim da primeira vez.

De notável, a fogueira, com uns oito metros de altura e lenha que queimou durante umas quatro horas.

Só no Brasil.

O sitio é muito pitoresco com figueiras enormes e cítricos de montão: bergamota parece que não vai acabar nunca.

Existe uma piscina rústica e o Tergoliona está fazendo um açude eis que o terreno é ondulado e há cinco vertentes – 0lhos d’ água – que correm para a ravina.

A planta da nova casa já está pronta.

A festa de São João do ano que vem já está combinada para ser realizada lá.

No mais estamos aí, todo o mundo em paz.

Na volta, em vez de entrar na BR 116, peguei o caminho da lateral de Canoas e foi um saco porque depois só se pode entrar na Farrapos.

Serviu no entanto para evidenciar uma coisa: Canoas vai ter que se separar em dois municípios porque a rodovia corta o existente pela metade e não há possibilidade de ligação entre um lado e e outro.

Não posso nem imaginar porque isto não aconteceu ainda : não há lógica nem bom senso na situação existente.

O futuro nos dirá mas temos aí mais uma mostra de como são lentas as reações dos grupos sociais; acho que o Augusto Comte nào formulou a lei fundamental da Sociologia:

A Multidão é burra.

Hoje a Tetê veio estudar Física e achei que ela está muito bem.

Ela está pensando em ir para a Austrália, o que também acontece com o Lucas.

A Helena irá para os USA e o Pingo manda seu currículo para a Microsoft.

Considerando que o Diego e o Pablo irão para a Washiu, daqui a uns anos vamos ter netos espalhados pelo mundo todo o que, pelo menos, é um bom argumento para viajar.

Com a história do mal cardíaco, se a gente quer viajar, deve ser agora.

Creio que será uma boa idéia ir a Paris em Setembro.

Se conseguirmos uma viajem organizada como aquela de Portugal, será ótimo.

Ótimo mesmo se conseguíssemos um grupo de oito e fechássemos uma van para percorrer o interior da França e talvez Itália.

Vale a pena tentar.

Hoje podei a parreira embora ainda um pouco cedo, o ideal é na última lua nova de julho.

De qualquer foram, já estou observando muita planta brotando é bom podar a parreira antes que ela “chore” na poda ou seja antes que a seiva escorra no corte.

Hoje não houve nenhum “choro”.

O próximo passo, ainda esta semana é um banho de malation na parreira, na pitangueira e na goiabeira.

Depois vou emprestar a máquina de sulfatar para o Tergolina ou vou eu mesmo para lá dar um banho de malation nas árvores frutíferas dele.

Seria interessante fazer uma poda econômica nas vergamoteiras para facilitar a colheita e aumentar o tamanho dos frutos.

Também adubar o pé das árvores com NPK.

Eu tenho aqui um livro precioso, “Poda de Frutíferas “,do Inglês de Souza e vou estudar o caso das vergamoteiras.

Já aprendi muito naquele livro mas o principal é que há plantas cujos frutos só dão em galhos novos assim que a poda deve ser o mais extensa e intensa possível, exemplo, parreira.

E, há árvores cujos frutos dão nos galhos velhos, exemplo cítricos e aí a poda só pode ser aquela dita econômica para facilitar a colheita e aumentar os frutos.

Ontem estivemos no Imbé e estava tudo bem por lá.

Não falamos com o seu Nenê que está travessando uma fase ruim eis que um seu filho está com um problema sério de visão.

E justamente o que era desenhista.

Quando formos lá de novo vou tentar esclarecer melhor o caso e depois conversar com o Afonso; geralmente no interior não há oftalmologistas e as pessoas acabam ficando sem a assistência devida.

Fomos almoçar no Samburá que, decididamente, não é do gosto da Heloisa.

Eles fazem um bifê com mutíssimos pratos mas o tempero deixa a desejar. Outro ponto negativo é que o esforço é no peixe, coisa que não é do nossos especial agrado.

Já é a terceira experiência que fazemos e, em todas, nos arrependemos de não termos ido almoçar no 40.

Acontece que Sábado havíamos comido montes de churrascos de gato lá no Tergolina e o forte do 40 é um espetinho de filé.

Resolvemos variar e entramos pelo cano.

Já tentamos o tal de Le Chalet, um outro ao lado do Willi e agora só falta testar o Beira Mar que já foi ótimo mas também na base do peixe.

O grande problema do peixe é que em Tramandaí o pescado é zurrapa, na base da tainha e outros semelhantes.

Também eles não são bons de panelas e frigideiras.

Ano passado nós, casualmente, estivemos na Festa do Peixe e não fugiu à regra das festas, uma droga fedorenta.

Esquecia-me de dizer que, junto com o João, fomos à Caxias, Farroupilha e Flores da Cunha.

Em Farroupilha existe um Centro Comercial com as lojas da cidade que vale a pena visitar, não só pêlos produtos que são de muito boa qualidade, como pêlos preços.

Antigamente o povo sacoleiro aqui de POA, lotava ônibus e ia para Farroupilha comprarpela cidade; os gringos não bobearam, fizeram o Centro Comercial, que reúne todas as lojas e, a Rodoviária ao lado dele.

Para quem vai fazer compras, é um xuá.

Os buona gente não brincam em serviço.

Flores da Cunha é um cidadezinha que não tem uma casa ruim.

Para lá eu tenho uma explicação: quem domina as industrias de lá é a Cosa Nostra, a Mafia italiana.

Como sabemos, a Mafia domina a industria das bebidas no mundo todo mas principalmente na América do Sul.

Bobeia eles entram e aqui tivemos, entre outros, o exemplo da Dreher que nem o Geisel conseguiu segurar.

Em Mendonza, na Argentina,  presença da Cosa Nostra chega a ser provocativa.

Flores da Cunha é território mafioso e daí a riqueza inexplicável.

De qualquer forma, é um lugarzinho muito agradável.

Compramos torteis e aniolines diretamente da família fabricante que também faz pães e biscoutos.

Biscoito é coisa moderna.

Visitamos a Caroline, filha do João, e sua mãe que agora tem uma loja muito bem arrumada.

Tudo suprido pelo irmão mais velho que idem organiza a vida dos outros irmãos.

Pessoalmente, o mais velho tem um restaurante chique que nem cabe para a cidade: O “Cosa Nostra”….

Hora da janta, boas noites. Segunda-feira, 12 de Julho de 1999.

 

Ontem o Brasil ganhou da Argentina e está nas semi finais da Copa América contra o Chile na Quarta feira.

Barbada.

Boas noites.

 

Sábado, 17 de Julho de 1999, 17:35, esfriando violentamente.

 

Esta semana andei às voltas com trocar o carro porque o meu está chegando ao fim; encontrei o que eu queria, um Versailles 94 e Segunda feira faço a troca.

Existe a venda um Crysler que é uma beleza, 97 mas está um pouco caro.

Não me parece que deva me apertar por causa de carro.

E, o Versailles é muito bom.

Conforme previsto, o Brasil chegou às finais da Copa América e decide amanhã com o Orogoai; os la pátria o la tumba  esperam reeditar Maracanã 50.

Até pode mas, vai ser mais difícil.

Falando nisto, os Barrios foram passar o fim de semana em Buenos Aires e devem estar enfrentado um frio brabo por lá.

Amanhã pretendo fazer o clássico churrasco de picanha; na próxima semana, ou na outra, será a vez de fazer uma perdizada mas aí será Club do Bolinha porque as malheres não são chegadas à perdizes.

As aves, adquiridas pelo Tergolina no Bourbon, já se encontram no freezer; vou ver se o Renato me manda algumas da Fazenda.

É bom misturar perdizes caçadas com criadas.

Quanto ao meu estado de saúde, está tudo bem e devo ir no Jorginho semana que vem para Ter alta, eu espero.

Profissionalmente, passei adiante a ação da tia Honorina para um advogado indicado pelo Raul Recheden; como agora só falta publicar o edital e despejar o vigarista, as coisas vão ligeiro.

E aí, irão dizer que demorou porque eu não me mexia.

Tudo bem.

Neste exato momento, a Heloisa anda com a Alda lá no Hospital Mãe de Deus para fazer uma radiografia eis que a Alda levou um tombo ante ontem e insiste que quebrou algo o que não me parece ser verdade porque estivemos lá ante ontem à noite, depois do tombo, e não havia indícios de fratura.

Talvez tenha rachado alguma costela mas aí não há nada a fazer.

Heloisa tem insistido para trazer a Alda aqui para casa mas ela não aceita de jeito nenhum.

A vida da Heloisa tende a se complicar com as caturrices da Alda.

No plano político, ontem o FHC montou o seu novo ministério para o segundo período e nada de novo, os mesmos bolhas de sempre.

O interessante é que o currículo dos candidatos era exposto assim:

Assaltou bancos com o MR8 em 67; participou do sequestro do fulano; era da VPR!

Acho que neguinhos estão exagerando e mesmo que os atuais generais sejam uns merdinhas acadêmicos, nunca é prudente contar com a totalidade, a curva de Gauss funciona.

Os PT estão mais quietos, levaram tanta bordoada que resolveram ir mais devagar.

Em nível mundial, hoje o Rio Grande do Sul é a segunda economia do mundo socialista: primeiro a China e depois nóis.

Ontem o Antônio Ermírio de Morais meteu o pau no governo em geral por causa dos benefícios concedidos à Ford e todo mundo está dizendo que o Ermirio e o Olívio estão no mesmo barco.

Na verdade não é assim: os dois são nacionalistas, o Olívio não sei porque eis que o Marxismo é internacional por definição e o Antônio Ermírio porque o sonho dele é ter o mercado brasileiro fechado só para a Votorantim.

No fim, como se vê, o barco dos dois pátrias é o mesmo mas, é furadíssimo: O Olívio por inguinorância e o Ermírio por safadeza e bota safadeza nisto, a pior de todas, aquela que alega patriotismo.

No Plano Cruzado, que esteve alí para dar certo, um dos grandes responsáveis pela derrocada foi o Ermírio que, não podendo aumentar o cimento, aumentou a embalagem, o saco.

Outro foi o Grupo Gerdau que inventou um revendedor, a Comercial, que comprava da fábrica e vendia pelo preço que queria e nas condições que mandava: o freguês era obrigado a pagar à vista, no pedido, e receber dali a três meses.

Por isto que eu sempre defendi a abertura dos portos: é porque o empresariado brasileiro é sórdido, um bando de filhos da puta sem escrúpulos.

Vejam que estamos sendo roubados só no setor de remédios e naqueles produtos monopolizados.

Remédios porque não se podem importar e monopólios “pour cause”.

Eu ainda vou escrever para o Serra: libera os remédios que podem ser vendidos nos USA e vamos ver o que irá acontecer com os preços.

É aí que eu defendo o Ciro Gomes: ele conhece o chamado empresariado nacional e sabe muito bem que só se pode colocar-lhes bridão e freio se liberando importação.

Já falei nisto.

Ontem jogamos no Vares sem a gêmeas que foram para o Orogoai.

Eles estão se preparando para viajar ao Canadá, no início de setembro, uma boa época.

Não imagino o que possa ser interessante no Canadá eis que – suponho – brasileiro não sai do Brasil para ver cataratas: Iguassu é imbatível.

Para quem gosta, é claro.

Pessoalmente não vejo nenhum mérito naquele monte de água caindo, monótona e previsivelmente.

Há certos gostos generalizados com os quais não harmonizo e vou citar alguns: rodeios paulistas, musica afro, Fórmula 1, animais amestrados, dupla caipira e outros mais.

Aquele “segura peão ” não pode ser mais lamentável; a negrada rebolando e repetindo refrões burros faz nascer na gente um desejo intenso de retorno à escravidão.

Antigamente, aqui no Rio Grande, quando se queria evidenciar o desprezo por alguém, a gente dizia:

  • Vai te deitar, jaguara!!!

Vale para duplas caipiras.

Como diz o cronista do “Globo”: na onda das fusões, a cervejaria Schincariol vai fundir com a Caracu para produzir a  Scancacú

que irá patrocinar a dança do Tchan, da garrafa!!!

Nunca esquecendo porém que, em matéria de “vaitedeitarjaguara” nada nem ninguém bate o teatro gaúcho, seus artistas e argumentos (peças).

Alí o negócio é paroxistico.

Lembro de uma vez que fui assistir a uma peça em trabalhavam pessoas conhecidas e o único desejo que me ocorria durante todo o espetáculo era ter à mão uma calibre doze com cartuchos de sal grosso para tocar fogo na bunda daqueles sacripantas irresponsáveis.

Se a peça é infantil e alguns adultos devem se fingir de bonecos, bichos ou algo assim, aí é demais e a única solução é o espectador fingir um ataque espamódico para interromper o espetáculo e ser retirado da sala.

São exatamente sete horas PM e a Heloisa ainda deve andar às voltas com a Alda.

Acabou de telefonar o Bagé atrás do Gerson e da Patrícia; nada feito porque do Gerson eu não sei e a Patrícia está por alla.

Conforme previsto por este registro, o tal de Mercosul está indo para el brejo; não existe ninguém no mundo que possa convivre harmonicamente com a arrogância dos argentinos, a vigarice dos paraguaios e a malícia camponesa dos uruguaios.

Assim que, metido com este trío, o Brasil estava entrando bem e bastou apertar um pouquinho a barrigueira deles para começarem a corcovear.

Os argentinos querem taxar os nossos produtos mas os deles devem entrar livres; os uruguaios são os maiores produtores de ouro do mundo, comercializado com favores do seu governo e os paraguaios nos roubam tudo e ainda contrabandeiam 2 bilhões de dólares por ano.

Grande Mercosul: o ideal seria que esta aventura terminasse num pau para recompormos nossas fronteiras sul e oeste.

Esta história que o Mercado é mais forte que qualquer outro fator de decisão é balela: vou comprar um Ford só para sacanear o Olívio e o PT!!!

Com o que me despeço.

Boas noites. Sábado, 17 de Julho de 1999.

 

Segunda-feira, 19 de Julho de 1999, 17:37, chuva e chuva.

 

Hoje eu pretendia ir trocar o carro mas a chuva e outras cositas mais, atrapalharam.

Por cositas mais entenda-se o fato de que meu carro consta dos arquivos da polícia como roubado e devo, antes de negociá-lo, declarar que recuperei o veículo.

Vamos ver se amanhã conseguimos fazer a troca.

Trabalhei o dia inteiro em um recurso super chato mas consegui deixá-lo pronto.

O prazo termina amanhã.

Ontem tivemos churrasco com freqüência bastante diminuída porque os Barrios estavam em Buenos Aires, os Fietz no Imbé a Liege em Canoas.

O Bolão dormia, refazendo-se do plantão.

De notável, o vinho da Embrapa feito por maceração carbônica com uvas colhidas no dia 23 0299, nem um dia a mais nem um dia a menos.

Comprei duas caixas mas uma era encomenda do Tergolina.

Talvez eu encomende mais porque realmente vale a pena, é um vinho muito bom, sem nenhuma acidez.

Qualquer produto vinícola da Embrapa é superior aos melhores similares.

Não esquecer que a Embrapa é sucessora do famoso Instituto de Enologia, de Bento, entidade que sempre teve a dirigi-la técnicos dedicados e sobretudo capazes e honrados cujo único objetivo é melhorar o vinho do Rio Grande.

Só o pai da Gessy, o Sr. Vianna, dirigiu o Enologia por cerca de cinqüenta anos.

Tudo o que vem de lá é bom; e é só telefonar que no dia seguinte está aqui.

Este vinho feito por maceração carbônica é resultado de uma técnica nova que diminui a acidez do vinho e enriquece-o não sei exatamente com que mas, consta do folheto que acompanha cada garrafa.

Em principio os cachos de uva são mergulhados em gás carbônico e depois prensados.

O vinho obtido deve ser consumido quando ainda novo porque não passa por fermentação.

 

O telefone do escritório pifou hoje; fazia um tempão que estava funcionando bem, graças a uma notificação que fiz ao presidente da telefônica e que deixou os caras assustados: eu notifiquei-os que, se o telefone continuasse tendo problemas, eu entraria com uma ação para obter lucros cessantes  de um salário mínimo por dia e 180.000,00 reais de multa.

Até o Olívio me telefonou!

Amanhã vou ligar para o diretor com quem devo ligar-me em caso de galhos telefônicos.

Hoje entrei em contato com o advogado da senhora que tem procuração ampla da Ruth Maria e combinamos que a venda do apto pode ser feita a qualquer momento.

Agora é só a Luciana combinar com os primos para ver a quem caberá a iniciativa da venda.

Je, de moi, não me nego pois passaria o problema para o Leo mas prefiro que eles resolvam.

Os pátrias conversam demais, deduzem demais e concluem demais sobre as intenções dos outros, coisa que sempre acaba em fofoca.

Munto véio para aturar tolices.

Os telefones do advogado Vilas Boas, são: 4706407(Res) e 3435169 (Escr).

Há uns três dias mandei um E Mail para o Liberato Vieira da Cunha, o crônista da Zero Hora porque ele publicou que o Paulo Salzano Vieira da Cunha, tio dele, havia morrido.

O Paulo era o dono do Jornal do Povo, de Cachoeira, onde eu escrevia o “Pijama de Bolinhas”.

Por isto mandei uma notícia de pesar para o Liberato que, imediatamente, respondeu “de cronista para cronista”.

Ele é uma pessoa muito educada e quando viajávamos de pé no ônibus de Cachoeira Porto Alegre, ele costumava oferecer o lugar.

Essas viajens de Cachoeira para POA, não eram sopa.

Imaginem a seguinte cena.

O rio Jacuí tão cheio que  até impede o uso da ponte que está por cima da Barragem do Fandango.

Os ônibus para Porto Alegre ficam na margem norte do rio mas o volume de água e a correnteza são tão fortes que poucas pessoas se atrevem a cruzar o rio nas precárias canoas disponíveis.

Pois, se bem me lembro, A Heloisa e a Alda, com as crianças atravessaram o rio!!!

Não tenho certeza mas irei confirmar com a Heloisa cuja memória está melhorando com uns preparados que toma.

Ontem o Brasil ganhou do Orogoai por 3 x 0 e é bicampeão da Taça América, o que não é grande coisa.

Na próxima semana começa a Copa das Confederações, no Mexico, e o interesse reside no fato de que o Ronaldinho do Grêmio e o Cristian do Inter irão formar a dupla de ataque.

Boas noites.

 

Terça-feira, 20 de Julho de 1999, 23:20, chuva, melhorando.

 

Hoje troquei o Santana por um Versailles mais moderno.

O carro está bastante bom mas devo fazer algumas coisinhas para deixá-lo bem.

Amanhã pretendo trocar os amortecedores.

Era só para dizer isto porque afinal, o Santana merece uma despedida: serviu durante muitos anos e, que eu me lembre, nunca nos deixou empenhados.

Foi um excelente carro e só espero que quando me despedir do Versailles possa dizer o mesmo.

Boas noites. Terça-feira, 20 de Julho de 1999.

 

Quinta-feira, 22 de Julho de 1999, frio, nublado.

As crianças, agora de férias, estão aparecendo por aqui: hoje a Heloisa saiu com a Helena, Pablo, Diego, Chico e Zé.

Ontem almoçou o Ângelo que informa estar o Pingo namorando outra loura branca, agora de Novo Hamburgo.

Vai ver que o Pingo tem o mesmo para mulheres do que os jogadores de futebol: é só loirosa dolicocéfala.

Continuo acertando detalhes do Versailles que, em termos de potência, é um Santana melhorado: não esquecer que a Ford e a WW trabalharam juntas até o ano passado como a Auto Latina.

Falando nisto, a fofoca da Ford vai de vento em popa: o Olívio conseguiu cutucar quase todo o Brasil, parte da América do Sul e até os USA com o episódio Ford.

Grande filho da Bossoroca!

Fizeram uma pesquisa em POA para candidatos a prefeito municipal.

O Tarso Genro tirou uma diferença tão grande que nem publicaram os resultados.

As alas radicais do PT são contra o Tarso.

Taí um episódio da história paroquial que valerá a pena acompanhar.

Hoje telefonei para o Jorginho quem encontra-se fora da capital devendo retornar segunda feira.

Dr. Barrios também está fora, em Ritiba.

Diego segue hoje para Gramado e adjacências; Pablo vai não sei para onde, família de globe trotters.

Já contei o episódio do Conan, semana passada , quando fomos buscar o Gol?

Creio que não, assim que lá vai.

O Conan tem por menagem, o pátio do chalé da Isinha e quando chego lá vem para a grade fazer festas.

Desta vez não foi diferente e ele estava particularmente carinhoso comigo: me lambia, mordia, pulava , grunhia, um exagero.

A cara de felicidade dele notava-se e baseado nisto o João aproximou-se para justamente comentar como é possível  as pessoas afirmarem que um animal daqueles é feroz.

Enquanto comentava, aproximou-se demais de mim e da grade e aí o Conan mudou completamente de semblante e pulou no João com uma ferocidade de assustar.

Foi muito interessante porque eu falava com ele e ele mudava na mesma  hora; bastava o João se aproximar e ele avançava  com os olhos vermelhos.

Muito interessante.

O Lucas estava conosco e testemunhou os fatos narrados.

Ë de registrar que o Conan está muito bonito, esbelto, pelo brilhando, excelente postura e excelentes tamanho e envergadura.

Ganharia qualquer exposição.

Tomara que continue assim e que nenhum vizinho tarado resolva fazer campanha contra ele simplesmente por ser Rottweiller.

Ante ontem, 20 de julho, fomos ao aniversário da Liege que não comemorou mas também não saiu de casa.

Fomos a Heloisa, eu e a Virgínia e lá estavam a Jacy e o Jefferson.

A partir de ontem, passei a assinar mais 10 canais da Net, aqueles que só passam filmes.

No canal 65, os filmes são só do Peter Ustinov, excelente ator inglês.

O 66 é canal de filmes nacionais, cada um pior do que o outro.

E começou hoje a novela penal da D. Carmem; devo contar que fui lá na coordenadoria criminal falar com o promotor a quem, afinal, tocou o caso dela.

Expliquei a ele que a D. Carmem estava aflita com aquela novela que não acabava nunca queria saber a quantas andava o processo.

Resposta do PT:

  • , diga a ela que não se preocupe: amanhã mesmo irei fazer a denuncia!!!

Tive que rir da ingenuidade do PT e agora só resta esperar que o juiz  não seja da Bossoroca.

Falando nisto, olha como o Sérgio Porto( O Estanislau Ponte Preta) adaptou, para rodas familiares, o famoso ditado mineiro do passarinho que come pedra: “Passarinho que come pedra, sabe o que vem atrás”.

A Heloisa tem comprado uma porção de excelentes livros por R$1,99 e entre eles veio um do Sergio Porto com crônicas leves sobre o viver carioca. Muito bom.

A idéia é que os guris vejam os livros e levem para ler mas não me parece que o plano esteja surtindo efeito: no fim quem lê ou relê, somos nós.

Uma grata surpresa para mim foi o Lima Barreto e acada livro dele que leio mais me convenço ser ele muito superior ao machado de Assis.

O Lima é autêntico e retrata a sua época, fim do século XIX, com rara mestria.

O Machado estava mais para inglês mesmo que seus assuntos fossem cariocas do Cosme Velho e suas vizinhanças.

Já disse que a casa dele fica bem pertinho do edifício dos Pfeifer ou melhor, ficava porque foi transformada numa pizaria?

De qualquer forma , para tirar uma dúvida e para não ser leviano nas afirmativas, vou reler o Machado e assim responder uma de suas perguntas mais conhecidas:

  • Mudaria o Natal ( O Machado) ou mudei eu?

Como defendo que cada idade tem uma realidade, é possível que quando li o Machado, a minha realidade concluía que ele era o pai dos galochas mas hoje pode ser diferente.

Vai ver que vou gostar dos textos do pardinho pachola.

Prefiro mil vezes o Scott Fitzgerald ao Hemingway mas uma declaração destas, nos USA, me custaria prisão perpétua.

Na verdade o Hemingway é bom mas o seu marketing ainda é melhor.

Aquela onda toda da vida dele em Cuba foi patrocinada pelo povo da Mafia que dominava a ilha no tempo do Batista e queria difundir seus cassinos para os americanos.

O Hemingway e suas cachacinhas na Bodeguita vieram mesmo a calhar.

Não esquecer que Cuba é anterior a Las Vegas e que a Mafia só foi para o deserto depois da queda da Batista.

A Mafia controla o mercado de bebidas, inclusive aqui e na Argentina. Vinho.

Se não fossem os Cosa Nostra, uma garrafa de bom vinho custaria em torno de R$1,20, sem imposto: uvas R$0,20, casco R$0,10 mão de obra R$0,20, resultado R$0,70.

Na verdade o vinho produzido artezanalmente e vendido nos famosos garafon, custa isto e até menos porque o casco de 5 litros barateia a fabricação.

Assim que boas noites e tomem vinho da Embrapa a qual, qu eu saiba, ainda não foi comprada pela Mafia.

Mas que tentou, tentou. Quinta-feira, 22 de Julho de 1999.

 

Sexta-feira, 23 de Julho de 1999, 17:32, bom.

 

Como fiquei mandriando (?) hoje, resolvi dar uma lida em coisas escritas anteriormente e gostei muito dos “Mouras”, particularmente porque quase nào abordava matéria pplítica.

Realmente o PT é um enredo muito chato, os personagens ultrapassados e os atores uns tremendos canastrões.

Perder tempo com os bigodes do Olívio é mesmo não ter o que fazer.

Neste exato momento está tocando um disco que a Virgínia nos deu: há musicas do mundo todo e agora estamos de fado.

Em termos de fados, sempre me lembro daquele personagem do Agildo Ribeiro, o assessor português que explica as coisas: nunca consegui entender uma só palavra e um fado cantado por lusitana!

Se o cantante não é patrício, a gente entende tudo mas se vai uma saloia, aí fica pior do que aviso de aeroporto na Alemanha.

E a portuguesama arma o maior mis en scène para um espetáculo de fado: quem vê pensa que vai começar a 5ª Sinfonia pela Filarmônica de Berlim mas quem  entra a Maria D’Nzaré e põe-se a brraire.

No Porto, região anti-fado, assistimos a um destes concertos com duas características inusitadas: a bebida era Vinho do Porto com pipócas e as cantantes eram amadoras, habituées do que se supunha ser uma cave boêmia.

O resultado não surpreendeu.

O que surpreendeu foi o preço: US$80,00 per capita.

Em Portugal, foi o único lugar em que me senti turista ou seja , trouxa em potencial.

Também, brasileiro dar uma de turista em Portugal, está pedindo para levar.

Lá a gente tem que ir por conta. E, se possível, a pé.

A gente roda, roda, um dia inteiro e quando vê está a 20 km de Lisboa!

É interessante de como muda a Geografia.

Quando se lê os livros do Eça ou do Ramalho, por exemplo, uma viajem de Lisboa para o Porto é tema de uma vida; a estrada para Cintra é algo assim como a Transamazônica, a diferença entre a cidade e as serras é como se uma fosse na Lua e as outras em Ganimedes (para satisfazer o Bolão que afirma já ter estado lá).

Na verdade, hoje, em uma hora de carro, ou menos, a parceria sai de Lisboa e chega na Estrela.

E, será que irá globalizar?

Acho que não, totalmente não.

Sempre comentamos que são Leopoldo a 23 km de Porto Alegre, continua sendo um burgo interiorano.

Penso que, se aqui onde nossas populações do interior não tem um forte substrato cultural próprio, a coisa não globaliza, imagina numa aldeia de Portugal ou da Escócia que já era velha quando os romanos chegaram.

Main Street vai continuar Main Street.

Falando em USA, morreu mais um Kennedy, o filho mais moço do John: desastre de avião.

Ele, a mulher e a cunhada iam a uma festa, a cunhada se atrasou e ele saiu para pilotar um vôo semi noturno sendo um piloto de 40 horas solo.

Só ele que não sabia que cunhados(as) são elementos perigosíssimos  cuja companhia deve ser evitada sempre que possível.

Lamentável.

Hoje a Heloisa deu para o Ângelo ler, umas crônicas do Sergio Porto, muito interessantes, cheias de humor carioca.

O Ângelo leu mas não se entusiasmou muito nem mesmo quando lembrei a ele que o Sergio é o autor do “Samba do Crioulo Doido”.

Acho que ele não conhecia a referida composição musical.

Faz lembra uma composição eclética que fiz quando na EPPA para encher o saco de um professor.

 

Estava a doce Inês posta em sossego

Por mares nunca dantes navegados

Quando da ocidental praia lusitania

Chegou-lhe um cheiro de peixe estragado.

 

Não era peixe, era D.Pedro

Que após sete anos  pastoreando burros e ovelhas

De Labão, pai de Raquel serrana bela,

Tirara as botinas e as melhas!

Infelizmente eu não lembro mais do resto mas parece que a doce Inês foge para a Tramontana alegando que era muito chulé para tão curta vida.

Lembro também que para rimar ovelhas com melhas eu alegava que tratava-se de português arcaico…

Tudo muito divertido.

Ainda vou descobrir onde anda o Jansen Julio Laborne a única pessoa que ainda pode ter uma cópia da paródia do Hamlet que fizemos e representamos na AMAN.

Era gozadíssima porque a parte dos vários personagens secundários tipo Gildernstein o Espectro etc. era escrita pelos intérpretes que tratavam de aumentá-las de todas maneiras.

Lembro que o cara que representava o Espectro conseguiu bolar uma cena muito cômica com diálogos surpreendentes fazendo a platéia rir e aplaudir.

No original, a cena do Espectro- ou as cenas – são aparições curtas e mudas.

Mas as grandes piadas ainda são:

– Como é o seu nome seu Jacinto?

– Ué! Cadê a melancia?

Hoje temos jogo aqui em casa e presumo que será de quatro porque as gêmeas estão em Montevidéu onde a temperatura está em torno de 5º C.  23/07/99 18:39.

Terça-feira, 27 de Julho de 1999, 21:21, chuvoso.

 

Fim de semana normal; por enquanto ninguém viajou de férias e só a Isinha com os guris foi até ao Imbé.

Falando nisto, hoje o Julio me telefonou par ir passar uns dias lá com ele; o Julio ficou preocupado com o meu mal cardíaco e acha que eu deveria parar de trabalhar e até pode ter razão mas até eu aprender a não fazer nada, vai demorar muito.

O problema é mais psicológico do que de qualquer outra natureza.

Nunca esqueço uma conversa que tive com o Geraldo Leal, um amigo de infância que virou pintor meiohipie.

Nos encontramos, depois de muitos anos, aqui em Porto Alegre e perguntei quais eram os seus planos.

Ele me disse que estava indo para Santa Catarina por uns tempos e perguntei-lhe qual a razão da viajem( não esquecer que Santa Catarina naquela época ainda não havia sido descoberta e ra considerada o fim do mundo).

O Geraldo respondeu que havia vendido uns quadros e com o dinheiro da venda ele poderia ficar uns dois anos na ilha, sem fazer nada.

Achei aquilo chocante, negócio de La Fontainne, A Cigarra e a Formiga.

Tanto que não esqueci embora já tenham se passado bem mais do que vinte anos!

Admito ficar sem fazer nada mas com alguma finalidade e aí a coisa peca por incoerência, o que não é o meu forte.

Assim que certamente não atenderei ao convite do Júlio mas admito o gesto.

Ele até carneou uma novilha para me esperar com um churrasco; claro que não foi só para isto mas a verdade é que as picanhas estão guardadas me esperando.

Sábado será o aniversário de quinze anos da Helena e vamos fazer um jantar aqui em casa.

Ocorreu-me que está na hora de fazer um giro de horizonte na família para ver de como andam os personagens.

Heloisa e eu estamos setentões o que significa estar idoso em qualquer sistema legal.

Virgínia dando aulas mas já pensando em s e aposentar e o Paulo advogando com escritório próprio que não sei onde é.

Isinha cursando pedagogia na Ulbra e dando aulas em cursinhos e particulares.

Tergolina morando no sítio do seu Paulo.

Carlos clinicando e dando aulas na PUC onde dirige o setor de Onco e Hemato; largou a URGS.

Patrícia clinicando e dando aulas na URGS; também atende na Diagnóstica.

Bolão fazendo residência de UTI no Conceição onde pretende continuar fazendo especialização em UTI por mais dois anos, escolha que não consigo entender muito bem.

Liege no consultório que começa a ter um movimento mais consistente e previsível.

Pingo mandando currículo para a Microsoft, Ângelo preparando -se para se preparar para o vestibular, Lucas nas lides normais de ginasiano.

Helena decidida a ir para os USA – se dependesse dela iria agora em agosto – no penúltimo ano do segundo grau.

Henrique fazendo regime para emagrecer, Pablo e Diego lá pelo João XXIII, Chico e Zé no colégio da fleras no fim da linha da Glória, um excelente colégio pelo que se pode deduzir de como eles se comportam.

Da parentama, a Alda firme, Banda e Zilda no Rio e Paulo no E. Santo.

Saara vai bem e idem seus rebentos; na moda o sitio serrano do Beto lá no Salto do qual dizem-se maravilhas.

Paulo Borges com Alzheimer mas comigo nunca demonstrou qualquer característica da doença.

O Bolão acha que o Paulo está numa teatral.

Não rejeito.

Quem tem me telefonado é a Luciana que está desesperada para vender o tal de apartamento; eu já desenrolei o pior que era a questão da sobrinha do Pfeifer que vive na rua e – dizem – está com AIDS além de – dizem – não bitocar bem.

Consegui descobrir o advogado de uma procuradora dela a qual tem poderes para vender o apartamento.

A menina recebe uma pensão gorda- ou alguém recebe por ela – e agora os primos da Luciana que nunca deram a menor bola para a coitada e deixaram-na viver na rua, querem interditá-la antes de vender o imóvel para  – digamos assim- cuidar dos interesses dela…

Temos pau pela proa mas como nenhum deles ( os parentes)  me agrada, acho que vou complicar o enredo.

Eu senti que debaixo desse angu tinha caroço.

A Luciana quer casar no ano que vem, eu suponho, e precisa desesperadamente da grana.

Vou pensar no que fazer.

Gozadíssimo o “Casseta e Planeta”de hoje.

Boas noites. 27/07/99 22:56.

 

Sexta-feira, 30 de Julho de 1999, 17:58, melhorando.

 

Segundo a Meteorologia, hoje para de chover – já parou – mas a temperatura deve despencar – não despencou!

Aniversário da Helena, acabamos de vir de lá onde deixamos umas flores e um anel que a Heloisa havia escolhido com ela.

Hoje a Helena vai para o Veneza(?) com a turma e, amanhã, teremos um jantar aqui em casa.

Que já está sendo providenciado pela Heloisa e Alba.

Negócio de vulto, à primeira vista são quase trinta pessoas adultos e seis crianças, como veremos a seguir:

  1. a) adultos:

– Família Moura, 1ª geração: 10

– Família Pereira, idem        : 2

– Pinhos, todos                     : 5

– Graça e Alda                     :2

– Dê, Alba                            :2

– Pingo, Helena, Ângelo, Lucas e Maetê: 4 a 5

– Não confirmados : 2 ( Saara e Bia)

TOTAL DE ADULTOS:25 a 28

 

  1. b) Menores : 6.

TOTAL GERAL: 33 pessoas.

Em termos de comida os números indicam uma necessidade média de doze quilos de comida.

Em termos de bebida, é difícil fazer previsões mas admitamos que das trinta e três pessoas, a metade tome refrigerante e temos a necessidade de 5 litros( a média de consumo é trezentas gramas tendendo a baixar no inverno).

Da outra metade, a metade tome vinho e necessitaremos 4 garrafas; de cerveja necessitaremos 14 garrafas.

Como há bowle, o que vai atingir mais os bebedores de vinho, teremos as seguintes necessidades:

– Alimentos: 12 quilos.( inclusive sobremesas e salgadinhos).

  • Refrigerantes: 5 litros.
  • Cerveja: 14 garrafas.
  • Vinho: de 1 a 2 garrafas.

Claro que haverá o dobro de tudo que será consumido e as pessoas poderão levar para suas casas o almoço de Domingo.

Para quem não sabe, um salgadinho pesa em média de 15 a 20 gramas e portanto, 200 salgadinhos pesam de 3 a 4 quilos e podem alimentar de seis a oito pessoas!

Esta hipótese de cálculo pode ir longe:

Se a pessoa comer 5 salgadinhos e a sobremesa, a sua capacidade para o resto dos alimentos cai para 300 gramas;

Dependendo do tipo de bebidas que se servem antes da comida, o consumo desta cresce ou diminui: se for cerveja e vinho, diminui; se for bitter ou destilados, aumenta.

Tudo isto é bom para se ter uma ordem de grandeza mas como dado prático, nào tem o mínimo valor porque a moçada trabalha só no palpite:

  • Acho que mousse vai faltar…

Aí, o povo que está encarregado da logística refuga a mousse e no fim sobra montes..

É aquela velha história colonial: quem não quis perú, de castigo, não vai ganhar sobremesa…

Falando em histórias, a Heloisa comprou no R$1,99 um livro de crônicas do Rubem Braga e daí cabem algumas divagações.

A gente lê aí o Santana, o Vieira da Cunha e até o Scliar e é levado a admitir que está na hora de voltar para a crônica diária.

Afinal de contas, lendo aquelas que publiquei outrera, chego a conclusão que são bem melhores do que as atuais.

Aí a gente se pergunta mas porque afinal foi que eu parei?

Pois uma das causas foi o Sabiá, o Rubem Braga!!!

Depois de ler o que ele escrevia, só nos resta pegar o saco, enfiar a viola e ir para casa pensando em mudar de vida!!!

Se bem me lembro, foi o que aconteceu comigo; naquele tempo eu escrevia para o Diário de Notícias, havia um convite do Maurício para a Zero Hora, enfim eu estava a mil.

Aí o Braga publicou um livro de que  nem lembro mais o nome e cheguei à conclusão que eu estava completamente enganado.E parei e pararia de novo.

Leiam um conto chamado “Não é ninguém” ou algo assim, nào tenho certeza e vejam se eu não tenho razão.

Tem mais: foi graças a ser conterrâneo do Rubem que Roberto Carlos emplacou na carreira dele: naquele tempo, o personagem ser de Cachoeiro era passsaporte para ser bem recebido e entrar em qualquer lugar do Brasil.

Tive um colega, o Zé de Paiva Sardenberg, que era de lá e assim que saiu oficial já tomou outros rumos e acabou na diplomacia.

Portanto, recomendo a leitura do Rubem Braga, o Sabiá da crônica, como era chamado.

Para dizer também que, antes dele, o sabiá era um passarinho que gozava de péssima fama: porcalhão, não se criava em gaiola, destruidor de pomares, cantor só na primavera, ninguém se importava com a sua sorte e como é muito burro, logo iria entrar na lista dos “em extinção”.

Aí surge o Rubem, tarado por passarinho e em especial por sabiás e começa a escrever sobre os referidos aquelas crônicas magníficas que lhe trouxeram o apelido.

E, todo o mundo começou a prestar atenção nos sabiás e, se possível, fazendo com que alguns viessem viver para as redondezas.

Hoje, difícil é descobrir um lugar que não tenha sabiás e já há muito gente que criou má vontade com o bicho porque na Primavera ele toca alvorada impreterivelmente às 4:45 da matina.

Assim que chega de sabiás.

O João foi para Flores da Cunha e deveria Ter voltado ontem mas até agora não apareceu: um dos problemas do João é que ele não consegue atender às promessas que faz.

Já lhe disse várias vezes que ninguém é obrigado a prometer nada mas, se promete, aí tem que cumprir, pena de perder a credibilidade o que é muito ruim para ele que trabalha como autônomo.

Velhas histórias.

Hoje, ao que tudo indicava, não haveria jogo com adupla Vares Maria Eloisa: é que, na última vez, semana passada, a Meneca estava muito desatenta e o Vares meio que perdeu a elegância.

Tudo bem, o Vares é mesmo temperamental mas o caso da Meneca não é só desatenção por causa de sono: para mim ela está com alguma coisa mais complicada.

Veremos.

Em compensação hoje há inúmeros jogos no pan – americano e na Copa das Confederações.

O Brasil, em futebol, joga com a Nova Zelândia o que não chega a ser um jogo.

Então, em princípio, boas noites. Sexta-feira, 30 de Julho de 1999 .

 

Terça-feira, 3 de Agosto de 1999, 18;24, muito bom.

 

Este foi um fim de semana cheio.

Alí em cima, em vez de Nova Zelândia, leia-se Arábia Saudita e o resultado foi 8 x 2 e a glorificação definitiva do Ronaldinho dito Gaúcho!

Ele fez três golos mas o importante é como ele fez: o guri é realmente um fenômeno.

Estou voltando na Quarta feira porque ontem chegaram onze mil visitantes e só saíram as onze da noite, entre eles o Leo e a Enilda e o Eduardo Bagé.

Como estou de enfermeiro da Heloisa, função que não casa com relações públicas, a Heloisa ficou sem janta e eu também.

Para visitar doentes, a farmacopéia recomenda Simancol.

É que a Heloisa fez a sua pneumonia anual, repetindo ipsis literis o que aconteceu há três anos, inclusive o desmaio na hora do exame radiológico: desta vez no Moinhos, a vez passada na PUC.

A Beatriz Seligman veio atender a Heloisa em seqüência ao Carlos que fez o primeiro atendimento com a sua habitual eficiência.

Exames mil porque há suspeitas de que as pneumonias sejam causadas por vasamento no estômago em conseqüência da brutal hérnia de hiato que a Heloisa tem.

O Omeprazol que a Heloisa toma diariamente facilita a vida de umas bactérias brabas que causam penumonia; a Beatriz recomendou uma prática que o Bolão já havia receitado há uns quatro anos: levantar a cabeceira da cama através de colocação de tijolos.

Na verdade a solução certa é a Heloisa operar a tal de hérnia o que, dizem os esculápios, obedecendo a tese de que pimenta no cú dos outros é refresco, é uma intervenção simples.

Vamos ver se agora diante das evidências, a coisa vai.

Sexta feira à tarde a Graça vai operar minhas palpebras porque se demorar mais , acabo cego.

Faz lembrar aquela velha piada do sujeito que pergunta:

  • Se eu te cortar uma orelha , o que acontece?
  • Eu fico meio surdo.
  • E se eu te cortar a outra orelha?
  • Fico mais surdo.
  • Errado: ficas cego porque aí o chapéu te cai nos olhos.

Então tá.

Sábado a noite tivemos, aqui em casa, o jantar oferecido à Helena pelos seus quinze anos; esteve concorridíssimo e se mais pessoas viessem, o suprimento iria falhar apesar dos meus cálculos logísticos já transcritos aqui.

Acontece que o consumo em noites de Sábado aumenta muito pois os personagens vêm jantar tarde e estão com toda a corda.

Bródios à noite já têm muito mais consumo do que durante o dia e se a noite é de Sábado, nada chega.

Mas não foi o que aconteceu no aniversário da Helena donde todos saíram satisfeitos e certamente com alguns quilos a mais.

O Raul, primo do Paulo, veio com a família; como ele estava num regime emagrecedor  violentíssimo que terminou justamente no sábado, aproveitou para tirar o pé do barro e arrazou!

Domingo marcou o aniversário do Tergol que estava de serviço e em conseqüência não pode festejar.

O Lucas foi com ele para fora; o Ângelo não foi porque estava doente e, aliás, continua baleado: hoje de noite o Bolão irá lá medicá-lo.

O Bolão, apesar dos choros de que não tem tempo para estudar, tem mostrado que não é trouxa e conhece bem o seu metier.

Como é muito inteligente e tem uma memória fabulosa a par de um acentuadíssimo senso de dever, certamente terá um grande sucesso em sua profissão o que  se traduz por aplausos da comunidade e não por sucesso material embora, como se sabe, é preferível sofrer numa suite do Plaza em Paris do que debaixo da ponte da Azenha.

O Dr. Barrios deve estar retornando hoje de São Paulo; só este mês tem mais de cinco viagens agendadas.

A milhagem do Carlos já deve dar uma volta ao mundo de graça embora me pareça que ele nem sequer sabe que existe um programa deste tipo.

Vocês sabiam que “viagem” substantivo é com “g” e o verbo “viajar” é com “j” ?

Este é um conhecimento do gênero dos inúteis família dos necessários.

A estes tipos de detalhes irritantes, chamamos de chinesices.

Já houve tempo em que um homem era catalogado pelo correto emprego dos pronomes.

Quem tiver dúvidas de como a Humanidade avançou neste século, leia com atenção o Lima Barreto e até mesmo o Machato.

Machado o Chato.

O Ângelo deve ler esta semana “O Continente” da trilogia de “O Tempo e o Vento”.

Justamente quando me preparo para enfrentar o Figueiredo Pinto para ver até que ponto o velho Erico andou bebendo no olho d’ água alheio.

Depois do “Incidente em Antares”  x Cem Anos de Solidão,vale qualquer hipótese.

Bem.

Esperemos que amanhã a Beatriz amenize as regras hospitalares da Heloisa ou, se confirmar a existência da tal bactéria muquirana, baixe-a ao hospital, planos que a Heloisa desconhece.

A tal bactéria é tão misteriosa que nem o meu Plano de Saúde, que é completo, cobre as despesas com os exames para pesquisá-la.

O que aliás tenho de confirmar porque as regras mudaram no mês passado, ampliando-se os benefícios.

Hoje temos a final da Copa da Confederações, jogando Brasil x México.

O Ronaldinho Gaúcho é a atração principal e se arrasar hoje,  estará consagrado como o melhor jogador do Brasil.

Enquanto isto o pobre do Cristian volta para casa com um balaio de vexames.

Até nisto o tal de Boloral está no fundo do saco.

Assim que boas noites. Quarta-feira, 4 de Agosto de 1999.

 

Sábado, 7 de Agosto de 1999, 18:13, frio e chuva.

 

Ainda ontem, a temperatura estava em 25º C e hoje deve andar aí pêlos 8ºC!

Quando isto acontece, me lembro do tio Nicanor da Luz, quando prefeito de Vacaria.

Um pátria da Secretaria de Saúde do Estado foi cumprimentá-lo porque em Vacaria não havia tuberculosos e o tio Nica respondeu que não os havia porque já tinham morrido todos.

Observem que nunca – e isto ocorre desde o tempo em que morávamos lá – nunca, repito, Vacaria é incluída entre as temperaturas mais baixas do Estado o que ocorre sempre.

É que o Serviço de Meteorologia de lá é municipal e os caras acham que é propaganda negativa informar as temperaturas.

No momento. Com o cartaz que as localidades da Serra estão obtendo com o frío, penso que Vacaria e Bom Jesus deveriam entrar na corrente.

O tal de São José Dos Ausentes, onde até o Tergolina – caxiense – foi passar um fim de semana, era um distrito miserável de Vacaria, só conhecido pêlos nativos dada a sua condição de fim do mundo.

Se bem me lembro, nem o Batalhão queria recrutas de lá porque eram aqueles indios grossos, de fundo de pinheirais que não conheciam nem torneiras e não estou exagerando.

De vez em quando aparecia um deles e eram causadores de gafes tão surpreendentes que viravam folclore.

Me lembro de um para quem o cara da boate serviu uma coca com canudinho de palha e ele comeu o canudinho!

Claro que foi induzido pelo dono da boate que era um gozador mas, de qualquer maneira, esclarece o padrão daquela moçada.

Pois, graças ao frio, São José Dos Ausentes virou “point”dos babacas que querem sentir frio.

En passant, a condição panurgiana tem se acentuado ultimamente e lembro os vexames quando do anuncio do furacão.

Pis ontem, quando anunciaram a subida dos combustíveis em 5%, o que significa mais ou menos R$2,00 em um tanque, havia filas de madrugada nos postos.

Os caras gastam mais esperando na fila do que economizam no preço.

O mesmo aconteceu quando da greve dos caminhoneiros e a TV anunciou que poderia faltar gasolina nos postos do interior de Goiás: naquele dia formaram-se filas na frente dos postos.

Com vistas também àquele conhecido episódio, já narrado, do Fanfa.

A Heloisa está se recuperando bem e fica a dúvida se realmente houve pneumonia uma vez que não teve febre a não ser no primeiro dia e assim mesmo coisa aí de 38ºC.

O corpo médico, que foi extremamente eficaz quando do início do processo, simplesmente sumiu e se eu cheguei a entender os mecanismos psicológicos da Beatriz Malman, é porque não há nada com que preocupar-se.

Amanhã teremos feijoada na Patrícia e não sabemos se será razoável a Heloisa ir com este frio brabo.

Vou pedir a manifestação do segundo médico em comando, o Dr. Carlos Barrios.

Je, de moi, tive alta como completamente curado e só devo retornar ao Jorginho Pinto Ribeiro no fim do ano, salvo se morrer antes.

Ontem a Heloisa falou com a Lucia e a coisa anda muito complicada na área carioca: o apartamento está em reforma, eles estão na Gávea, a Luciana casa em janeiro, a Claudia está sem ministério, tudo uma batalha longe das linhas de abastecimento.

A Lucia está numa triangulação Gávea, Laranjeiras, Ipanema e Barra o que é meio complicado.

A Luciana à beira de morrer de fome, não sei se terá condições de casar em janeiro: só se for para um local apropriado fazer super alimentação.

Bem.

Ontem a Alba ganhou o seu celular e ficou tão emocionada que chegou a chorar; é um aparelho Ericson de cartão o que impede que a pessoa gaste além de suas posses.

O meu, como não uso, passei para uma assinatura mais barata, R$15,00/mês e ligações mais caras mas, na verdade, não preciso de celular.

Do jeito que vamos, logo todas as pessoas de qualquer condição econômica, terão celular, o que é muito bom considerando a economia de tempo e transporte.

Qualquer prestador de serviço já dispõe de carro e celular assim que emergências são atendidas na hora.

Ainda ante – ontem, o portão automático pifou mas em uma hora já estava consertado mesmo que o “expert” morasse lá no fim da Assis Brasil.

Devo fixar uma regra de Gramática para estes registros: decida e definitivamente, eu não sei empregar o hífen e está meio tarde para decorar assim que escreverei conforme me parece e os eventuais leitores já sabem que não é pôr ignorância, é por preguiça.

O que me consola é que, até hoje, não conheci ninguém que tivesse a coragem de declarar solenemente que sabe empregar hífens.

Com exceção talvez do Pingo e do Ângelo que aprenderam tão difíceis regras no colégio da freiras, únicas pessoas que têm disciplina para exigir tais chinesices.

Falando nisto, o Ângelo está pensando em fazer Hotelaria, profissão que ele diz gostar muito.

Convenhamos que será uma novidade no âmbito familiar embora o Bolão já tenha atuado como gerente de hotel em outras latitudes onde a profissão é bem mais valorizada, eu suponho.

De qualquer maneira, um fato assim é novo e a gente fica curioso para ver de como se desenrolam as coisas.

Parece-me que se o profissional ingressa numa rede mundial de hoteis e sai-se bem, pelo menos viaja muito e conhece pessoas e lugares muito interessantes.

Ser gerente de hotel na rede Mediterranée deve ser uma festa.

Parece que foi aquela estada dos Tergolinas na Baía e justamente no Mediterranée que empolgou o Ângelo.

Vou conversar com o Bolão a respeito; ele tem passado aqui todos os dias mas hoje não virá porque está de plantão, o que ele tem feito todos os fins de semana para pagar a caminhonete.

Acho que mais um mês e termina a entrada e aí as pretações são barbada, R$270,00/mês.

Ontem a Alda veio visitar solita visitar a Heloisa: pegou o táxi e na volta não quis aceitar minha carona e idem voltou só.

Considerando os seus quase 95 anos, devemos admitir que é uma façanha.

A Heloisa tentou falar com a Zilda ontem mas não teve sucesso.

Para evitar eventuais surpresas, não insistiu quando o André que foi chamar a Zilda disse que parecia que eles estavam dormindo.

Tudo bem.

O Luiz Fernando Veríssimo parece que, sabiamente se considerarmos o emprego na Zero Hora, atacada pelo PT na passeata dos “Sem”, abandonou os assuntos políticos e voltou à crônica do quotidiano; hoje ele escreveu sobre o vício de jogar paciência no computador e abordou muito bem.

Notável também foi uma crônica que escreveu sobre o prazer de comer ovos fritos, o que estava proibido e agora está liberado pelos cardiologistas eis que ovo agora faz bem.

Vamos por aqui outra regra de ortografia: o verbo “pôr” leva acento mas a preposição, não leva acento; como o corretor do Word não sabe distinguir entre os dois, manda acentuar tudo mas aí ele entra numa área que eu manjo  enem dou bola para o referido corretor.

Aliás não é só nisto que as coisas divergem: a palavra “agora” também é motivo de discussão com o Word que é um corretor lusitano.

Prossigamos.

Acabou de sair daqui o Carlos que assegurou que a Heloisa pode comparecer à feijoada sem o menor risco.

Ótimo pois, pelas coisas que estavam na mala do Carlos, teremos uma feijoada grandiosa.

Pedi para o Carlos marcar um papo meu com o José Antônio Pinto, filho do Aureliano Figueiredo Pinto, acerca do livro “O Coronel Falcão” porque estou desconfiado que o ex – vizinho ali de cima andou cometendo uns faus.

Tentei comprar o livro na semana passada mas não achei; o vendedor da Globo me disse que já encomendou e deve receber esta semana que entra.

Depois do episódio da cópia de “Catalina” em “O Nome da Rosa” tudo pode acontecer.

Como vêm, abandonei os assuntos políticos porque realmente as coisas estão muito confusas, a ponto de pessoas razoavelmente esclarecidas me perguntarem se não acho que o FHC está meio louco.

Não dá para dizer com certeza que não porque é tanta pedrada uma atrás da outra que a gente fica de orelha em pé.

O caso das promessas aos motorista de caminhão que fizeram uma paralisação braba, é sintomático: uma das garantias para acabar com a paralisação foi a de que o diesel não aumentaria de preço e já no dia seguinte ao acordo, o governo anunciava a alta do diesel!!!

E, por aí empós.

Enquanto isto, a campanha para a Presidência em 2002, já começou a fu com o ACM no comando.

Aqui no Estado, os PT progressistas e os PT conservadores estão entrando em conflito sobre socialismo: os progressistas dizem que o socialismo já era mas os conservadores acham que ainda há uma esperança para que tenhamos aqui uma nova Albânia.

Repito uma coisa que sempre disse: os caras do PT têm méritos porque não são ladrões do dinheiro público e talvez a sua condição de pobres seja mais coerente com a pátria amada.

Se o Olívio tiver sucesso por aqui, o próximo presidente será do PT ou será o ACM.

Mientras tanto e conforme previsto por este relator, o Mercosul está indo para o brejo, se já não foi.

Outra previsão geopolítica que está se verificando é a revolta dos brasiguaios e a conseqüente criação de um novo país no norte paraguaio com a seqüente anexação ao Brasil como novo Estado Federado.

Os próximos dez anos serão muito interessantes.

Boas noites. Sábado, 7 de Agosto de 1999.

 

Domingo, 8 de Agosto de 1999, 17:57, tempo bom, frío.

 

Acabamos de chegar da feijoada na casa da Patrícia; a heloisa não sabia se iria mas o Carlos assegurou que não haveria o menor problema e assim fomos e, foi bom.

Ganhei muitos presentes: Um livro da Virgínia, um estojo de toucador( palavra antiga!) da Isinha, um livro, um estojo de tintas e uma tela da Patrícia e dos guris, dois pares de meias do Bolã e uma tábua de churrasco do Tergolina.

Do João ganhei uma placa de video e som para Internet.

Como se vê, rendeu a kermesse.

Dia muito agradável.

Neste momento o João saiu para Flores da Cunha para dar uma revisada geral no Versailles; se quisermos dar uma girada por aí, tipo Gravatal, Livramento etc. é preciso ter confiança no carro.

Hoje coloquei o bebedouro dos beija-flor defronte à janela do nosso quarto e rem sido uma festa a gente acompanhar a quantidade de passarinhos que vem ali para beber o nectar.

Os mais assíduos são dois beija – flores e vários sebinhos; estes sebinhos devem ter outro nome mas é assim que eu os conheço desde pequeno.

É um passarinho muito manso e se deixarmos as janelas abertas, eles entram.

Como eles fazem forte concorrência com os beija-flores, vou comprar um outro bebedouro específico para os beija.

Temos também uma forte colônia de sabias que passam boa parte de seu tempo cavoucando minhocas nos canteiros.

Na árvore da frente de casa, há uma trepadeira cujas frutinhas são o alimento predileto dos gaturamos; se eu conseguir transportar a parasita para a pitangueira lá dos fundos, certamente teremos gaturamos, finfins e pintassilgos no pátio porque eles costumam freqüentar a árvore da frente, aqui e na clínica do Uebel.

É divertido e facilita a vida dos passarinhos que, basicamente resume-se em andar atrás de comida.

De modo que tudo em ordem e podemos começar a nos preparar para a próxima semana.

Normalmente, a última tarefa de Domingo é coletar o lixo seco e colocá-lo na frente porque a coleta é na Segunda de madrugada.

Ontem o Ângelo veio para cá depois do ensaio de sua banda com a finalidade de pousar e seguir hoje de manhã para Caxias com o Tergolina.

No entanto a Isinha passou lá pela uma hora e levou-o para casa.

A boa surpresa foi uma fita que ele trouxe, com gravações da sua banda: o Ângelo toca muito bem a sua bateria, com variedades de batidas e excelente ritmo.

Agora o Lucas está aprendendo guitarra e como tem um ótimo ouvido musical, logo poderão forma r um conjunto porque o Pingo ataca bem na guitarra.

Diz a Isinha que a veia artística é herança do Tergolina que é um excelente pintor retratista e ninguém sabia!!!

Acontece que o Tergolina, no que concerne às artes, sempre se apresentou como tocador de acordeona e aí a gente logo imagina a cena daqueles guris que se apresentam no festival do colégio tocando valsinhas em dó maior sob o olhar deslumbrado das mães e o encafifamento dos pais.

Partindo deste pressuposto, jamais alguém, afins ou colaterais, teve coragem para pedir que o Tergol abrisse o foles e atacasse, por exemplo, o chote carreirinha.

Agora que sabemos tratar-se de um artista de elevada extração, na próxima festa de São João, ele vai ser o gaiteiro oficial, nem que a gente tenha que comprar-lhe o instrumento.

E a gente filma  e, se necessário, nofuturo, usa-se o filme como elemento de prova.

Condenatória!!!

Assim que, estamos aí.

Boas noites. Domingo, 8 de Agosto de 1999.

 

Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999, 23:00, esfriando, chovendo.

 

Estou especificando frio e chuva porque até ontem o tempo estava de verão e tivemos 30º C aqui em Porto Alegre.

Ontem fomos, Heloisa e eu a uma consulta com a famosa Beatriz Seligman que, como sabemos, desconfia até de cabelo fora do lugar.

Antes apanhei os exames da Heloisa e, pelo que deduzi, estava tudo tranquilo mas eu não contava com as desconfianças da Bia.

Acontece que, durante o exame com aquele martelinho para examinar reumas, a Heloisa sentiu dor no externo e a Bia exultou: imediatamente pediu exames de cintilometria, duzentos de sangue e mais alguns de urina!!!

Sem falar é claro no exame do esôfago.

Achei muito interessante que ela assumiu o caso da hérnia da Heloisa, posicionou-se contra qualquer cirurgia, receitou Plasil e um outro remédio e declarou enfaticamente que a solução é colocar dois tijolos na cabeceira da cama!

Lembro que esta foi a recomendação do Bolão quando ainda estudante em Pelotas.

Também recomendou aparelho de surdez para a Heloisa.

Realmente a Bia é uma clínica geral…

De qualquer maneira, deu alta para a Heloisa mas recomendou que os exames pedidos fossem feitos imediatamente.

Recomendou também que a Heloisa só tratasse o canário com uma máscara asséptica…

É excelente médica a Bia mas se pega um paciente impressionável, o tal nunca mais sai da cama e assim mesmo dentro de uma redoma de vidro, estou exagerando.

Assim que estamos em que a Heloisa está liberada para fazer o que quiser mas deve recomeçar a maratona de exames.

Fica a recomendação: se alguém for consultar a Bia, não abra a boca nem para pedir água que ela imediatamente irá pedir exames para verificar se não há evidências de diabetes.

No mais tudo em paz; hoje o Pingo veio jantar e declarou-se desiludido com as malheres e com o fato de estar desempregado.

Parece que agora irá aparecer mais eis que está fazendo musculação numa academia perto do Fornão.

Ontem o Ângelo dormiu aqui pois foi assistir o jogo do Grêmio 2 – x Independientes – 0.

Novamente  o Ronaldinho deu o seu show de bola e certamente temos um novo Pelé. O Grêmio não ganhou de 5 ou 6 porque não tem um centro avante para aproveitar as jogadas do Ronaldinho; imagino o que será quando ele jogar junto com o Ronaldinho propriamente dito, o que irá acontecer no dia 7 de setembro aqui em POA contra a Argentina.

O Inter perdeu pela quarta vez consecutiva e está liquidado.

Hoje instalei um fax muito bom no escritório porque estava precisando: recebo muitos fax e dependo do existente no escritório do Antônio/Doris embora o telefone de lá seja meu.

Tão logo eles comprem um telefone, transfiro o 224 8303 para o meu escritório.

O João levou o Versailles para Flores para uma revisão geral e o pessoal desmontou até a carrosseria mas o carro voltou incrível de bom.

Dá gosto rodar com ele e pretendo cuidá-lo bem para que dure bastante.

É um Ghia o que significa alto luxo, mais ou menos como o Evidence.

O painel tem mais luzes e censores do que um Boeing 707.

Se a porta fica aberta, se a gasolina vai acabar, se a água está pouca, se o injetor está com problemas e mais um monte de coisas, acende um censor.

Só para aprender tudo isto, o pátria leva um mês, principalmente se for um super idoso como eu.

Até o João, profissional do ramo, se enrola em tantas luzinhas.

E continua o show dos sebinhos e beija – flores: em dois dias liquidaram com uma generosa carga de nectar.

A Heloisa diz que eles passam o dia inteiro bicando no bebedouro.

Vou declarar no Imposto de Renda como gastos com a Ecologia.

Imagino que com a Primavera o número de comensais vá aumentar e terei que comprar outro bebedouro.

Falando em animais, a Isinha contou que o Conam deu uma estranhada com ela e deu-lhe uma bocada.

Até pode mas é surpreendente.

Na casa onde compro comida para as aves citadas, existe um catálogo de cães com os nomes com que são conhecidos em alguns países: se eu transcrevesse de como os franceses chamam os Rotweilers, teríamos uma comoção familiar mas devemos levar em consideração que em sendo cachorro de extração alemã, os franceses avacalham pour cause.

Então é isto aí, estamos voltando às rotinas normais e certamente Domingo teremos o clássico churrasco.

Boas noites. Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999.

 

Segunda-feira, 16 de Agosto de 1999, 22:28, frio de rachar!

 

Acentuei o frio porque este fim de semana foi de peidar e andar em roda, como se dizia em Vacaria.

Nevou em toda serra e os babacas que vieram lá de cima para sentir frio, desta vez ficaram felizes.

A previsão é que continue assim até Quarta feira o que será ótimo porque o Grêmio joga aqui contra o Vasco e no gelo os cariocas se borram.

A Heloisa está se recuperando da pneumonia mas ainda não se atreve a sair com esta temperatura.

No mais, forte movimento dos netos que têm vindo estudar aqui.

Hoje de tarde estavam cinco, Pingo Ângelo, Lucas, Pablo e Diego.

O Lucas veio estudar Matemática e confirmou uma velha tese: o problema deles é um péssimo serviço de RP eis que o Lucas sabe bastante mais do que eu imaginava com as informações e que dispunha.

Neste momento o Ângelo está estudando Biologia no que eu posso ajudá-lo muito pouco pois não sei nada.

Ontem fizemos grandioso churrasco com freqüência quase completa, o que não era esperado, e quase que falta carne.

Foi a primeira vez eis que a regra é sobrar um monte para o carreteiro da Segunda feira.

Também combinamos uma perdisada dia 26, Club do Bolinha.

Como estará o Diogo, virá também o Mambrini.

O fax do escritório tem funcionado a mil e está ótimo.

Hoje telefonou um funcionário da CEF perguntando se não quero quitar o apartamento onde mora a família Fietz.

Com R$ 1.800,00 está encerrado o assunto.

Vamos pensar e amanhã dou a resposta.

Parece que vale a pena.

O João voltou ontem de Flores da Cunha e contou uma história interesante.

Ele passou em Farroupilha para fazer umas compras e não encontrou mais nada!

Os turistas compraram tudo o que havia!

Assim que o frio é o maior marketeiro da serra.

Também fica-se sabendo que os gringos não são trouxas e quando montaram aquele Centro de Lojas para vender aos viajantes, sabiam o que estavam fazendo.

Enquanto na praia os catarinas só sabem negociar durante o verão, eles faturam o ano inteiro.

Va bene.

O Pingo e o Ângelo estão fazendo musculação aqui por perto e que depois da sessão diária, vêm para cá.

Como o Pingo vai para a Faculdade e depois pega o Ângelo, teremos tempo de sobra para estudar História, Geografia e Inglês.

A Isinha montou um cursinho soft de Matemática, Física e Química assim que o Ângelo terá uma boa preparação

Como ainda tenho que mandar meu Email para a Mônica, vou ficando por aqui.

Boas noites. Segunda-feira, 16 de Agosto de 1999.

 

Quarta-feira, 18 de Agosto de 1999, 18:32, bom.

Ontem foram dias de aula para a gurisada que parece ficar entusiasmada com a Matemática, particularmente o Lucas e o Diego.

A Isinha propôs me mandar alunos particulares mas ainda não é a hora. Mais para diante, quem sabe?

Não há dúvida que é uma atividade estimulante e cômoda.

Afinal, difundir conhecimentos, mesmo que pago para isto é, pelo menos, correta.

Estamos chegando ao final dos processos de Bagé, D. Carmem e outros; como não tenho me esforçado para patrocinar causas novas, é possível que sobre tempo.

Hoje o Grêmio joga com o Vasco e será a primeira vez que teremos oportunidade de avaliar se o Grêmio tem time ou se tem o Ronaldinho.

Pena que o marcador do guri será um tarado que dá coice até na lua, um tal de Nasa, coadjuvado pelo Odivan, imaginem.

Mas, penso que aqui, no Olímpico, não terão, coragem de agredir o menino que, no momento, é a coqueluche do mundo.

Primeiro foi o Beckenbauer que saiu da Alemanha para vê-lo jogar e, semana passada foi o Chico Buarque que não quis sair de Porto Alegre sem levar uma camiseta autografada.

Pena que o jogo não será televisionado; o Ângelo vai assistir, razão pela qual a aula de Trigonometria que tínhamos marcado, pifou.

A razão é boa, afinal Grêmio x Vasco com os times atuais, é uma vez na vida e Trigonometria já existe desde o século V antes de Cristo e decerto persistirá.

No fim de semana andaram arrombando o prédio lá dos escritório o que me deixa um pouco preocupado porque afinal tenho lá um patrimônio razoável, ainda mais agora com o fax novo.

Conforme, mando gradear as janelas.

Dei um empurrão no affaire  apartamento da Luciana mandando registrar o formal da Ruth Maria; o próximo passo é a venda.

Assim a Luciana poderá casar em janeiro pois terá a grana necessária.

Não fugindo a regra dos modismos cariocas, a Lu pretende morar na Barra o que eu considero uma decisão ruim eis que ela trabalha no Centro e vai levar pelo menos umas duas horas no percurso.

Também porque acho a Barra deprimente com aqueles blocos de edifícios amontoados e de arquitetura pretensiosa, apartamentos tipo Neno, ruas embarradas, um não sei que de nordeste e Miami misturados: mais para Caribe do que para local civilizado.

Mas, chacun a son gout e hoje o modismo carióca é morar na Barra.

Donde se conclui que os cariocas gostam mesmo é do modismo e não da Barra.

Estes dias a Heloisa lembrou o episódio da Kombi da Aeronáutica onde a gente comprava galinha e manteiga lá no EPV.

Formavam-se filas para comprar as tais galinhas que nem eram melhores e nem mais baratas do que a vendidas pelo Piranha, um português que tinha um armazém lá no prédio e que, ainda por cima, vendia no caderno.

Mas, todo o mundo ia para a fila da Kombi, era a moda.

Ou queria levar vantagem.

Indo para assuntos mais substanciosos, o que anda muito ruim é a Pátria amada.

Acontece que a famosa Constituição Cidadã daquele safado do Ulisses Guimarães, tornou o governo um refém do Legislativo; o Presidente, decorativo, é um títere nas mãos do Congresso e aparece aos olhos do povo como um sujeito fraco e dúbio.

Ele não pode afirmar nada porque se o Congresso não confirma, vai tudo para o brejo.

O inverso não se verifica e assim, aos olhos do povo, quem governa é o Antônio Carlos Magalhães, presidente do Congresso.

Via de consequência, o presidente se desmoraliza e perde a popularidade.

A coisa chegou num ponto que até o Collor já anda falando grosso e querendo voltar à presidência!!!

E, o que é pior, com o apoio do povão.

Hoje, no programa do Lauro Quadros de pesquisa popular, foi isto que se viu: a maioria prefere o Collor ao FHC.

Só resta emigrar para a Chechênia.

Mientras tanto o tal de Coronel Chavez que se elegeu presidente da Venezuela, quer dar uma de Fidel e bagunçar o coreto no melhor estilo latino americano.

Mais para o lado esquerdo do mapa, o presidente colombiano, o Pastrana, entregou uma parte do território, do tamanho do Rio Grande do Sul, como zona livre para as forças da guerrilha!

Só ele que não sabe como funciona a guerra revolucionária.

Zona livre para guerrilheiro é como filé em focinho de cachorro: è  tudo o que eles sempre sonharam e daí a fofoca está medonha com os americanos querendo que nós intervenhamos militarmente por lá eis que o tal território faz fronteira com o Brasil.

Imagina se eles não vão cavoucar um incidente com o Brasil na fornteira: se fosse no tempo dos republicanos e da Cia, o bolo já estaria formado.

Ao sul os argentinos exibindo a sua arrogância no Mercosul e se eles já atacaram a Inglaterra ainda ontem, porque não nós?

Quero lembrar que quando a Guiana fez sua independência, a Venezuela ia invadí-la alegando que parte do território da Guiana era seu. Aí o Jânio Quadros mandou avisar os llaneros que antes de ser venezolano, o tal território era do Brasil assim que ele atacaria também!

E mandou a Divisão Aero Terrestre preparar-se para atacar.

Com o que os venezuelanos recolheram os matungos.

O Jânio tinha razão: o território em tela – eu estive in loco – geográfica e historicamente faz parte do território do Brasil e só não o temos por causa de uma arbitragem safada de um rei europeu.

Mesmo não sendo fácil de encontrar, recomendo a leitura deste episódio da História do Brasil.

Assim que estamos diante do velho problema: o Império de extração lusitana contra as repúblicas de extração espanhola e para quem pensa que falo de anacronismos, devo lembrar os Balcãs, as guerras da Africa, da Irlanda, do País Basco, do Império Russo etc.etc.

Só falta a Alemanha querer refazer o Império Austro Hungaro, o que era, traduzindo, o sonho do Hitler.

Em História não há anacronismos nem mesmo depois de 10.000 anos como é caso de Sadan Hussein que quer fazer renascer as glórias e o poder de Assurbanipal.

Sem falar no Iraque, ex Pérsia que ainda não engoliu a conquista de Alexandre.

E nós no meio da confusão.

Na America do Sul pode estar chegando a hora do Brasil acertar de uma vez por todas a novela do Império.

Use-se o sistema mitimai dos Incas para ser coerente com a minha tese.

Buenas, seu.

 

Terça-feira, 24 de Agosto de 1999, 10:55, virando para chuva.

 

Ando meio preguiçoso para escrever mas também influi um novo costume que até já foi objeto de uma crônica do LFV: o joguinho do computador.

A gente senta no apareil e em vez de trabalhar vai jogar free cell que é mais divertido.

Mais disciplina é o que falta.

Quinta feira deveríamos ter uma perdizada comme il faut mas o dono da bola, o Tergolina, teve de viajar para o Rio e o Carlos vai não sei para onde no nordeste assim que transferimos.

Seria um clube do Bolinha com os marmanjos de casa e mais o Diogo e o Mambrini, convidados do Paulo.

Fica para a próxima semana.

Hoje foi publicado um documento oficial do PT em que os pátrias aqui mdo RGS pregam a luta armada para tomar o poder e fundar uma república socialista.

Como tenho dito, esta nossa aventura eleitoral ainda vai acabar mal.

Comenta-se que o PT quer aliar a Brigada Militar e o MST para formar uma milícia e partir para a ignorância.

E, como eu digo, nóis no meio.

Amanhã concentração de mais ou menos 100.000 CUTs etc. para criticar a política do governo; enquanto isto o imbecil do Brizola e o Lula pregam a renuncia do FHC.

Coisa de derrotados mas que causa a maior confusão na paróquia de per si já conturbada.

Sem falar na Venezuela e Colômbia que estão indo para um caminho muito ruim.

Como diria o Eça, este país é uma choldra.

No ambiente familiar quem tem aparecido é o Pingo que agora faz musculação aqui por perto.

Ele está ficando forte e surpreende a rapidez com que estes métodos novos de musculação transformam os personagens.

Heloisa melhorando mais acho que ainda não está em seu estado normal.

Enquanto não operar a hérnia do hiato, não desaparece o desconforto resultante que alcança boa parte do tórax.

Estou marcando e exame de endoscopia para ver qual é o veredito da Beatriz ou seja, opera ou não opera.

Apud Bolão e outros, a única solução é cirúrgica mas a Seligman em principio é contra.

O que está a perigo de não acontecer este ano é a Expointer: o Olivio achou um jeito de brigar com a Farsul que retirou o time de campo e ninguém vai levar os bois para a festa.

Alguma coisa parecida com a Ford porque, depois de feita a cagada, o Olivio quer retomar negociações mas a assembléia da Farsul já decidiu que não comparece.

Já era para estarem no Parque Assis Brasil mais de 1000 bichos e só estão cinco e assim mesmo ovelhas paranaenses.

A questão com o Olivio é quas sempre foi a Farsul quem organizou a Expointer mas logo que assumiu ele disse que agora seria com o PT cujo desejo era levar para lá os pequenos criadores e se sobrasse lugar, iriam os grandes onde e como o PT decidisse.

Como seria de se prever, fechou o pau porque o Secretário da Agricultura é um cara do MST  que não dialoga com fazendeiros.

Considerando os diversos considerandos, estamos a beira de uma guerra missioneira que certamente terá os mesmos resultados da outra.

Desta vez o Sepé Tiarajú vai se chamar Olivio, El Gallo Misionero.

Então tá.

Amanhã é o Dia do Soldado e o pessoal estará de prontidão por causa da bagunça prevista para Brasilia.

En passant, o documento do PT prevê uma aliança com o Inzércio para assumir o poder.

Pensando nos pontos de vista da Revista do Club Militar – cuja deretoria é de extrema dereita – até que a tese não é descabelada porque defendem exatamente as teses do PT: nacionalismo, estatismo etc.

Já sabemos que, se existe ente cujo quotidiano é socialista, este sem dúvida é o Exército assim que as partes iriam se dar bem.

Ressaltando que, quando aquela arataca que foi prefeita de São Paulo, a Luiza Erundina, foi Ministra da Administração, o povo V. O. gostou demais.

Assim que neguinhos estão loucos para bater continência para o Lula e para o Fidel.

Ou seja, traduzindo a ópera em Português, a confusão é geral.

E nóis no meio.

Esqueço de dizer que os americanos estão loucos para intervir na Colombia mas querem fazer a coisa via OEA e aí o Brasil teria que entrar de rijo no fandango, como aconteceu na República Dominicana.

Explicando rapidamente, o Pastrana, presidente da Colombia, cedeu uma área tamanho do RGS para os guerrilheiros( acho que já disse isso) os quais recebem dinheiro do tráfico de drogas a titulo de impostos eis que os traficantes operam em sua área.

Com o que, o tráfego fica solto e isto os americanos não engolem porque a droga vai toda para lá.

Cabe dizer que os americanos da Universidade de Arkansas afirmam ter descoberto uma vacina contra o vicio da cocaína mas em se  tratando do Arkansas, é difícil de acreditar.

No meio tempo, um terremoto na Turquia mata mais de 30.000 pessoas.

Hoje a Globo anunciou que está transmitindo direto e local para todo o mundo e foi emocionante ver a reação dos brasileiros que moram nos USA, assistindo ao Jornal Nacional como se estivessem em Pindamonhangaba.

Brincando, brincando, a gente se emociona também.

Semana que vem a Mônica vai poder ligar a televisão na Alemanha e ver o Bonner dando as últimas da pátria amada: garanto como vai haver lágrimas.

Estou ouvindo que o Grêmio ganhou do Velez Sarsefield na taça Mercosul.

E, sempre Ronaldinho e Magrão para decidir a partida.

Os tchê boludo estão dizendo que foi uma injustiça.

E assim, boas noites.

Segunda-feira, 30 de Agosto de 1999, 21:11, bom, quente.

 

O acontecimento da semana foi que Sexta feira, fiz a cirurgia de pálbebra com a Graça, lá no Cristo Redentor; a coisa toda é meia chata mas suportável. No momento ainda estou de Frankestein mas amanhã decerto melhora.

Na Quinta feira esteve o Diogo e saí com ele para compras.

Hoje ele me mandou a defesa prévia de D. Carmem e já está entregue no Foro.

Como veio por Email, tive de me socorrer do Pingo para abrir o arquivo, um calhamaço de dezoito páginas.

Foi bom porque aprendi a abrir arquivos de matérias esdruxulas que vêm por E. Mail e no que a Lucia é especialista.

Mais uma vez ficou comprovada a notável capacidade do Pingo no assunto.

Em matéria de Internet ele é doutor.

A gurizada em geral tem aparecido quase todos os dias para estudar ou simplesmente fazer pouso para outras paragens.

Ontem pousou o Ângelo que estava empolgado com a vitória do Grêmio sobre o Flamengo no Maracanã por 4 x 3.

Realmente foi uma vitória notável porque o Grêmio jogou atrás e acabou ganhando.

Já estamos em plena Primavera, com as azaleias florescendo e as outras árvores brotando; o perfume é muito agradável e tudo indica que este ano teremos frutas aos montes.

A pitangueira está carregada como nunca.

Também os sabiás já começaram os famosos concertos da madrugada e agora, sem os gatos, eles aparecem aos montes.

O restaurante dos beija – flor está em pleno funcionamento e nào há o que chegue porque eles têm forte concorrência dos sebinhos.

Enfim, como ei disse, Primavera.

No mais, tudo em paz; os Fietz passaram o fim de semana em Criciuma e nós não fizemos churrasco porque eu não posso chegar perto do fogo.

Ontem a Graça veio tirar os pontos e já aliviou bastante.

Lucas foi com o Tergolina para Caxias ontem, numa perdizada que houve por lá no sitio do Cláudio, irmão do Tergolina.

Diz o Lucas que estava ótima e pela descrição não era perdizes de supermercado e sim caçadas.

Heloisa ficou de telefonar para Iris para saber de como ela prepara as perdizes.

A Alba, pelo que diz, também é doutora no assunto e quero ver se em seguida fazemos as que temos no freezer, mesmo que compradas no Bourbon.

Com menos agito eu até teria ido a Bagé caçar umas perdizes mas este inverno está  meio imprevisível.

Lá por Bagé também as coisas estão complicadas com o MST invadindo justamente na zona de Hulha Negra onde está a fazenda do Renato.

Está todo o mundo de orelha em pé e certamente sem tempo de encarar amenidades como caça à perdiz.

Já na fazenda da Bahia, diz o Eduardo que tem perdigão aos magotes e a gente tem que se cuidar para não pisar neles!

Até pode mas eu nunca ví.

Diz o Eduardo também que, além de perdigões, abundam discos voadores e repito: até pode mas eu nunca vi.

Estamos marcando uma ida minha à fazenda para checar e se possível filmar os tais OVNI que, segundo o Bolão, são tripulados por habitantes de Ganímedes, uma lua de Júpiter.

Estamos todos bem arranjados…

Ontem veio um E Mail da Mônica muito saudoso: ela diz que às vezes acha que não vai aguentar o desterro e só o faz por causa das crianças.

Na verdade, o ato de emigrar é um dos mais difíceis para o homem e é justamente isto que faz com que os imigrantes se superem para alcançar sucesso, uma espécie de racionalização do sacrifício.

Observem que os imigrante sou são bem sucedidos ou naufragam, não há meio termo.

Um assunto difícil.

Heloisa hoje, pela primeira vez depois da pneumonia, saiu para jogar um torneio de buraco.

Estava com pouca sorte e perdeu feio; jogou de parceria com a Adelina.

Dei carona para as duas até o local do torneio, num restaurante ali na João Guimarães; a Adelina estava com um perfume brabíssimo e decerto foi isto que empacou o carro.

Se ela fosse versada em Magia, haveria de saber que perfumes ruins afastam os mensageiros da sorte.

Falando nisto, devo retomar meu livro sobre Magia só que não consigo achar onde estão os arquivos: com estas histórias de trocar Winchester, às vezes esquecemos de copiar arquivos.

Como esta minha cadeira é pouco confortável, lembrei que o Diogo comprou umas Giroflex para trabalhar no computador e que, diz ele, são ótimas.

Só que, custam R$400,00 cada uma…

  1. sem encosto, sem nada, só os amortecedores que são a gás, como no Versailles.

É muito parangolé.

Semana que vem, dia 10 de setembro, os Barrios vão para a Áustria e os guris vêm para cá.

Também o Vares vai em vilegiatura para o Canadá.

Mocidade viajora.

Mônica convidando para a Feira do ano 2.000 de Hanover.

Quem sabe?

Mais provável que a gente vá na feira do Grêmio onde os alemanho não incomodam e só estão ali para, humildemente, vender seus queijos, frutas e hortaliças.

Hortifrutigrangeiros como se dizia na década passada.

Não sei porque esta palavra caiu de moda.

Com o que, apresento meus mais sinceros desejos de boas noites.

Segunda-feira, 30 de Agosto de 1999.

 

Terça-feira, 31 de Agosto de 1999, 23:04, pancadas de chuva.

 

Apenas para dizer que semana passada consegui comprar o livro do Aureliano de Figueiredo Pinto, “Memórias do Coronel Falcão”.

Já comentei que a minha curiosidade prendia-se ao fato de não entender muito bem de como o Érico Veríssimo conseguira tamanha erudição campeira para escrever “O Continente” desde que ele não era um homo ruralis.

Depois de “Incidente em Antares” fiquei com a pulga na orelha.

Devo dizer que, nada a ver, não há a mínima semelhança ou melhor nada que possa induzir a uma idéia de copia.

O livro mostra um estilo e uma história completamente diferentes e nem sequer a famosa semelhança coincidente existe.

Melhor para o Érico.

Na verdade, o Aureliano, que era médico poeta e político, apresenta um estilo totalmente diferente de tudo o que por aí pervaga.

Escola francesa eu diria mas assunto totalmente regional.

É difícil fazer uma crítica correta porque ele escreve muito bem mas faz algumas concessões ao preciosismo mesmo que este preciosismo seja entreverado com termos regionais.

O Aureliano era um intelectual do fim dos tempos românticos e de vez em quando lá se apresenta “o moço Outono com olhar distante, sonhando amores a recitar Verlaine “.

Não literalmente, é claro.

De qualquer forma, recomendo a leitura, lembrando também que o Aureliano era o pai do José Antônio Figueiredo Pinto, vizinho dos Barrios quando residiam na casa da Mônica e também ilustre esculápio desta praça.

Tudo bem.

Hoje o Ângelo veio dormir aqui e fomos jantar no Fornão.

Heloisa estava sem maiores fomes e eu também desiludi a torcida principalmente porque os caras exageram: além de tudo quanto é tipo de filés, ainda há um bufê de saladas excelente e mais massas, lazanhas etc.

Coisa para caminhoneiro.

Já estou quase recuperado da cirurgia dos olhos e manhã retiro a última proteção e aí espero que fique normal.

Diz a Heloisa que não posso apanhar sol mas acho que não é bem assim, afinal não coloquei nenhum enxerto.

Consultaremos a Dra. Graça porque semana que vem há um feriadão e talvez se vá à praia.

O restante do povo em paz; neste momento jogam Vasco e Penharol e avisamos ao Carlos que o canal 39 está transmitindo.

Diz o Raul, comentarista, que nunca viu um jogo tão ruim.

Até o Ângelo foi dormir.

E eu também. Boas noites. Terça-feira, 31 de Agosto de 1999.

 

Segunda-feira, 6 de Setembro de 1999, 18:55, Primavera.

 

Depois de uma semana de chuva, hoje emplacamos sol e calor mas já há um ventinho de chuva; em compensação, no resto do Brasil, a seca está feia e meio país está em queimadas.

Afinal saiu a Expointer e o Olívio já aproveitou para discursar dizendo que o boicote era um blefe.

Bem feito para os pecuaristas que se afrouxaram.

Por muito menos do que o PT está fazendo com as invasões de terra, saiu a Revolução de 93.

Mas, nào perdemos por esperar: O PT está pregando aluta armada inclusive nas Escolas, através de um documento distribuido pela SEC.

Como eu já disse, vamos ter pau pela proa.

Também como já disse, começou a inana no Paraguai: o povo de lá está entrando em luta com os brasiguaios e estamos nos aproximando de um novo Acre.

A História se repete e não como comédia como queriam os marxistas.

Ontem tivemos churrasco e a surpresa foi a Graça que – fora ddos seus hábitos – comentou a cobrança de dívidas do Felipe pelo Teodoro.

Também fiquei surpreso porque a Graça teve que abraçar montes de pepinos deixados pelo Felipe e não parece justo que o Teodoro venha lhe cobrar contas de arrendamentos de campo.

Enfim, o bolso continua sendo a parte mais vulnerável do corpo humano.

Sexta feira os Barrios devem embarcar para Viena, onde o Carlos vai a um congresso e a Patrícia aproveita para uma agradável vilegiatura.

O principal assunto da semana passada foia situação da Zilda que piorou muito.

A Heloisa estava pronta para ir ao Rio mas houve pedidos ingentes do Alemão para que não o fizesse.

O Banda também está proibido de visitar a Zilda há mais de quatro meses.

O Alemão me explicou porque.

Acho que o Alemão não sabe a real situação da Zilda ou, o que é normal, não quer ver.

Na verdade é muito crítica, alguma coisa parecida com o que aconteceu com o Leandro aquele cantor caipira.

Estamos aguardando; a Heloisa também não está bem, com problemas gástricos só que desta vez, intestinais, assim que seria difícil ir ao Rio agora.

A Mônica tem mandado Emails da Alemanha e, pelo teor, ela não está conseguindo mais agüentar a Vaterland.

No fim, prevalece o bom senso se há bom senso, é claro.

Para quem é biruta, até é bom que nada prevaleça.

Boas noites. Segunda feira 06/09.

 

Terça-feira, 7 de Setembro de 1999, 18:19, toró.

 

Acabou o jogo Brasil 4 x Argentina 2, no Beira Rio.

Jogo bonito, a Seleção jogou muito bem e na verdade fizeram 6 golos para valer 4.

Tivemos um convite da Patrícia para café colonial mas não iremos porque o tempo está medonho e a Heloisa está com dor de barriga.

Informa a Patrícia que caiu um raio na rede deles e queimou a TV grande; talvez também o modem do Carlos.

Geralmente estas faíscas vêm pela rede telefônica e entram pelo modem.

Eu aqui, quando o tempo pinta tempestade, procuro desligar o telefone sem fio por causa da antena.

Acontece que eles moram no lugar mais alto de POA, eu suponho.

A família não deu sinais de vida neste feriado.

Por ressaltar que a TV sequer transmitiu toda a Parada Militar e que, logo após o desfile, a pista foi ocupada pelo Movimento dos Excluídos…

Estamos bem.

Finalmente achamos os documentos/99 do carro da Heloisa os quais há uma semana ando buscando localizar; movimentei Correios, Detran, etc. e afinal estavam aqui em casa.

Ainda bem.

Dos mais familiares, a Virgínia andava com a gurizada dela mais Pablo, Diego e Carol no Museu da PUC, se não me engano.

Do povo da Isinha e do Bolão, não soubemos nada.

Hoje procurei as obras completas do Borges, um livro que comprei em Buenos Aires e não achei; certamente emprestei mas não lembro para quem.

Houve uma época – no tempo do Carta Certa – em que eu registrava os livros que emprestava mas depois não continuei.

No entanto, há dois livros, pelo menos, que vou tentar recuperar: é o do Borges e “Voluntários do Martírio” do Dourado, sobre a Revolução de 93 que penso estar com o Pinho, um conhecido não devolvedor de livros.

Dia tranquilo e doméstico, não há muito o que registrar a não ser que eu resolvesse fazer uma viajem au tour de ma chambre mas estou com preguiça.

Assim que boas noites. Terça-feira, 7 de Setembro de 1999.

 

Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999, 23:58, tempo bom.

 

Mais de uma semana que não cumpro o meu dever de Pero Vaz.

As preguiças é demais e também tenho andado para cima e para baixo.

Domingo passado, grandioso churrasco, sem os Barrios que seguiram para o Oesterreich; a Heloisa mudou-se para a Vila Assunção porque facilita a vida dos guris.

Amanhã eles irão acampar e ele passa o fim de semana em casa; temos feriadão mas não iremos à praia porque os guris voltam Domingo.

Maria Helena que viria sábado, não vem mais assim que a Heloisa permanece lá.

O Bolão, agora com a Maria Edy no ministério, não tem aparecido.

Pingo vem sempre de tarde e Lucas e Ângelo, às vezes.

Recebemos convite para os quinze anos de uma neta do Pedro Schram que veio traze-lo personaly.

Está um caco velho, o Pedro.

Eu também só que não conto para ninguém.

No escritório tudo em paz: com a ajuda do Diogo, terminei a última fase de Bagé o que é uma grande preocupação a menos.

Voltei ao Lins para melhorar o dentame que está dando o prego.

Cabe dizer que a Liege declinou de mexer na minha arcada que, é verdade, é horrível.

Caberiam algumas considerações de ordem filosófica mas como o Grêmio acaba de perder de 4 x 1 para o Corintians – culpa daquela bichona, o Darnlei, frangueiro miserável – não estou em clima de divagações ditas eruditas.

Dia 19 é o aniversário do Diego, dia 24 do Chico.

Primavera comme il faut depois de um monte de chuvas.

Aqui em frente de casa o perfume é muito agradável.

Boas noites. Sexta-feira, 17 de Setembro de 1999.

 

Sexta-feira, 24 de Setembro de 1999, tempo excelente.

 

Só para aproveitar o gancho, o Grêmio perdeu anteontem para o Gama, um timeco de Brasília!

Desta vez a culpa foi daquele pardavasco fedorento, o Celso Roth, retranqueiro desesperado que quando o Grêmio estava ganhando de um a zero, tirou todos os ditos atacantes e botou uns defesas gordos e dispépticos.

Bem.

Esta semana, a Heloisa está na casa dos Barrios e hoje talvez eu pose lá para levar o Diego amanhã cedo no Gauchito.

Os guris estão treinando para ir jogar em Barcelona o que me parece mais um caça – níquel do Tarciso e seus asseclas.

A moçada de Ipanema têm aparecido diariamente.

Novidade: estou escrevendo no W/Office/98 que o João começou a instalar ontem e hoje já não apareceu apesar de ter telefonado de manhã que viria instalar a placa de fax, o que não é nenhuma novidade.

Também hoje ficaram prontas as grades do escritório.

Os Barrios chegam Domingo às nove da matina de modo que não haverá churrasco para as partes.

Salvo mudança de planejamento.

Esteve aqui um mensual do Fernando e levou os US$10.000,00 deixados pelo Carlos.

Coragem o Fernando tem em mandar um jacu daqueles para levar uma quantia que se não é vultosa, é expressiva.

O cara é daqueles que compra bilhete premiado mas como o Fernando não telefonou, penso que chegou bem.

O Ângelo parece que se decidiu pela faculdade que irá enfrentar mas é cedo para revelar.

Achei uma ótima escolha.

Ledi desentupiu os pluviais e fez umas outras coisinhas.

Faltou o trecho que vai da área dos fundos até o meio da área lateral; dalí para a frente está OK.

Naquele pluvial ao lado do nosso quarto havia uma bolinha de borracha e plástico que causou um alagamento.

Hoje, à nove, grandioso aniversário de uma neta do Pedro Schram, lá na ABB e pretendemos ir.

As notícias do Rio permanecem no mesmo compasso: cartas da Zilda dizendo que não quer ninguém para a despedida.

Resolvemos aceitar porque, afinal, é ela quem manda mas a Heloisa está desolada e com fundamento.

A Alda está na mesma situação e até pior porque ela recebeu uma carta mais categórica sobre a não ida.

A Luciana casa em 22 de janeiro/00;  decerto iremos e talvez antes.

No escritório, muito trabalho mas tudo em paz.

Finalmente cabe esclarecer que tenho comparecido pouco devido ao fato de que quase todas noites há outras atividades: ou vou para Assunção ou os netos vêm para cá, ou simplesmente assisto TV. Ninguém é de ferro!

Como sempre digo, a arte de escrever é a arte de sentar mas começo a substituir sentar por começar.

De qualquer forma, estou chegando nas duzentas páginas o que já dá um bom volume.

Como ainda faltam três meses para o fim do ano e escrevi quase setenta páginas por trimestre, termino em 280, quase um calhamaço.

Acaba de telefonar o João dizendo que vem amanhã.

Como a placa de fac aciona o Internet Mail e como tenho usado bastante tal meio, estou com um pouco de pressa mas não muita.

Paro por aqui.

Como são dezoito e trinta e ainda está claro ( Primavera), em vez de boa noite declaro até breve, espero.

Sexta-feira, 24 de Setembro de 1999.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 17:24, chuva.

Hoje de manhã chegaram os Barrios e fomos recebê-los e levá-los para casa.

Ontem aconteceu o aniversário do Chico e estava muito concorrido, colegas de aula aos montes e todos a fim de faturar todos os doces que aparecessem.

A Liege se virou o tempo todo mas penso que conseguiu atender à copiosa assistência.

O Chico faturou alto, rendeu a quermesse.

Sábado fomos a uma festa de quinze anos lá na ABB e o luxo do salão explica porque o BB sempre dá prejuízo.

E ainda há gente que é contra a privatização do Banco.

O interessante dessa festa foi abundância de veiedo, parecia um museu; não sei porque – era uma festa de quinze anos – o grupo dos setentões era avultadíssimo.

Estavam os Lomandos todos, o Rui Medeiros, o Severino ou algo assim e mais um monte de mumias, todos falando de suas doenças.

A festa em si estava muito boa, um bufê excelente mas a decoração, uns balõezinhos em forma de guampa, era meio chocante.

Sábado pela manhã, já meio cansado da tal festa, fui levar o Diego para treinar num campinho ao lado da rua do Negrão.

Cheguei à conclusão que o Tarciso é um ótimo treinador mas o especialista em Educação Física, o Mauro, não sabe nada.

Os guris estão treinando para jogar em Barcelona: o Diego jogará futebol 7 e o Pablo futebol 11, como eles dizem.

O Diego chuta muito bem e conduz a bola com elegância.

Vai ser um bom meia esquerda eis que é canhoto.

O Pablo não vi atuando em conjunto mas, diz o Ângelo, o especialista no assunto, que ele é muito bom.

O tempo estava muito bonito mas agora começou a chover: bastou a imprensa anunciar que vamos entrar num período de sêca e a chuva recomeçou.

Neste momento o Grêmio, que estava ganhando por 2 x 1, está perdendo para o Guarani de Campinas, 3 x 2; desta vez, cai o tal de Roth pois é a quarta derrota vergonhosa do Grêmio.

Mudando de assunto, instalamos o Windows 98 com os tradicionais problemas de Internet, já superados.

Não achei grande diferenças do W95 mas como usei pouco, talvez mude de opinião.

A Heloisa gostou da estada em Vila Assunção e os guris gostaram mais ainda: as mordomias da avó funcionaram a mil.

Dei uma voltinha e estava passando no canal 65 um filme feito pelo Rondon quando era Inspe(c)tor de Fronteiras, creio que lá 1928.

Ë interessantíssimo, pelos valores vigentes: P.ex., referindo-se aos índios ele diz que recém contactados, ele diz que são trabalhadores incorporados à sociedade.

Naquele tempo, o grande problema do Brasil era a escassez de população, principalmente no interior.

Ansiava-se por mão de obra; hoje já é o contrário, a gente quer é que os índios voltem para a maloca.

Outro problema era a terra sem gente, hoje é gente sem terra.

O que me espanta é o pouco tempo decorrido entre o vazío demográfico e os boias frias.

Sou de parecer que tivemos uma invasão marciana ou ganimedeana pois regiões que conheci desabitadas há pouco tempo, hoje estão cheias de gente.

A região noroeste do Estado é um exemplo.

Caxias na década de 50 era uma vila, Passo Fundo um pouso de tropeiros, Panambi nem existia e por aí empós.

A gente levava 5 horas para chegar em Tramandaí e para o Ibé se ia de balsa.

Como explicar, num Estado cujo índice de crescimento demográfico não é alto?

Só com invasão extra-terrestre.

E que ET vagabundos  vieram para cá, acampar na Avenida Dique.

Vai ver que o Olívio e sua trupe vieram de Saturno.

Ou da Lua.

Tudo indica.

Pode ser uma teoria meio maluca mas que está cheio de lunáticos por aí, está.

Acho que para um Domingo chuvoso já chega.

Ainda bem que o Coloral perdeu de 2 x 0 para o Vasco e que neste momento o Celso Roth e o Darnlei estão recebendo bilhete azul.

O Juventude perdeu de novo e está no rebaixamento o que pode acontecer também com o Grêmio e o Coloral.

Isto daí é fruto do, governo do PT: todo o mundo está louco para relar os gaúchos.

E, estão conseguindo.

Sem me alongar, conforme previsto nestes registros, o Mercosul está indo para o brejo por causa das malandragens dos tchê boludos; ninguém esperava que os argentinos fossem uns vigaristas, uma surpresa…

Ainda mais: O Pedrinho Simão está candidato para a presidência pelo MDB!!!

Não é brincadeira.

Indo do jeito que vai, acaba o Olívio saindo candidato pelo PT e ganhando a presidência.

Diria que, na atual conjuntura e considerando os candidatos que por aí pervagam, já é uma solução.

Iria ser um baque no nordeste porque os PT inegavelmente não são ladrões e sem roubalheira, o nordeste se vai ou melhor, volta a ser o que era.

Isso tudo se o Lula desistir e se o Antônio Carlos resolver gozar do ócio na Bahia.

Agora, eu se fosse ele, não ficaria sem imunidades porque aí os neguinhos vão levantar o tapete e a sujeira aparece.

No Acre, elegeram um cara do PT e já tem deputado federal na cadeia e tudo indica que será acompanhado de pelo menos três ex governadores.

O tal deputado usava um método eficiente para livrar-se de seus antagonistas: serrava-os com moto serra.

Vivos, é claro.

De modo que, se ampliarmos os horizontes do Acre para o Brasil, voltaremos a ter problemas populacionais… neguinhos vão emigrar para a Bolívia.

Boas noites.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 23:01, chuvoso.

 

O casal Barrios teve a gentileza de me dar um vidro de Obsession, uma colônia Calvin Klein super chique; nada como ter filhos ricos e de bom gosto.

O pior é quando acaba e se é obrigado a usar o Avanço da Gillete.

Não exageremos, eu uso Captain há muitos anos.

Era comprado no Uruguay mas como agora os de Rivera resolveram apatifar e falsificar, não dá mais.

No fim, tudo vira Paraguai.

Sente-se que o Brasil começa a melhorar mas o Brizolla continua pedindo que o FHC renuncie.

Por sua vez, o Lula agora é cronista da ZH e sua coluna sai ao lado daquela do Roberto Campos quem, en passant, foi eleito para a ABL.

O Lula ao lado do RC é brincadeira e um sinal dos tempos.

Como aqui manda o PT e jornal depende do Governo, decerto O Olívio fez uma forcinha pelo seu amigo sem perceber que está ajudando um futuro adversário.

Isto porque nas próximas eleições o PT irá escolher entre o Bigodudo e o Lula para candidato à Presidência.

Ganha o Olívio que está conseguindo se manter com a mesma popularidade com que começou.

Até que era bom dar uma sacudida nos aratacas, como está fazendo o cara do PT no Acre: metade da população já está indo para a cadeia e ainda nem começou.

O suplente de deputado que assumiu ante-ontem no lugar do Moto Serra, já entrou em sindicância para ser caçado também.

O Norte todo é assim: perto deles, os nordestinos são mais moralistas do que pastor luterano.

A história da humanidade nos últimos 2000 anos caracteriza-se por uma descida do Norte para o Sul com o consequente predomínio dos arianos; até nisto o Brasil é diferente, há uma inversão, os arianos estão sendo invadidos pelos nativos.

A civilização marcha do Sul para o Norte.

Algo assim como romanos e gregos só que chamar o Inocêncio de romano, é dose.

É um samba de crioulo doudo, como diria o Machado de Assis quem estou relendo e continuando a achar um galocha.

Hoje, lá no consultório do Afonso, li uma entrevista do….interessantíssima porque o referido põe os pontos nos ii.

Chama de chato quem é chato, de bobalhão quem é bobalhão e de ignorante quem também é.

Faz uma alusão particular às expressões da arte dita moderna e aí me lembrei do teatro riograndense que no momento está a mil com o tal de Porto Alegre Em Cena.

Pela propaganda a gente vê que trata-se de um bando de desajustados enganadores que aproveitam os PT no governo para dar vasão aos seus desequilíbrios mentais, culturais e físicos.

Tem uma malher que, literalmente, sobe pelas paredes.

Se alguém se lembra do título de alguma peça destas representadas pelos nossos imbecis, nos últimos cinco anos, ganha um prêmio.

Pior do que isto só teatro infantil.

Quero registrar que continuo não entendendo aqueles dois judeus que alugaram o São Pedro, os Sbórnia.

Só pode ser explicado pelo fato da Sopher ser patrícia e a Zero Hora idem porque em qualquer lugar civilizado o humor daqueles dois oligões já os teria conduzido à gerência de uma banca de churrasco de gato na Redenção.

Se alguém acha que tenho má vontade com estes seres repelentes, leia uma crônica do Urbim na Zero Hora: você fica com vontade de ir lá na redação e obrigar o pinta a comer o jornal.

Ao contrário, uma coisa que pretendo fazer é transcrever um artigo que o Paulo José escreveu quando recebeu o título de cidadão portoalegrense.

Alguém deve ter guardado e eu só não o fiz porque tenho fobia de jornal velho.

Acho que é influência daquela história conhecida dos irmãos que moravam sós e colecionavam jornais.

Mas não é só isto, detesto mais o cheiro.

E a Zero Hora fede.

No mais, tudo em paz.

Boas noites. terça-feira, 14 de novembro de 2017.

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 21:07, bom mas frío.

 

Achava que não fazia tanto tempo desde o último registro.

A semana foi normal, com muita chuva e pouco trabalho,  a maior parte do tempo limitei-me a zanzar fazendo pequenas coisas.

Fui ao Afonso que me receitou uns óculos a fu, enxergo tudo mais fico meio tonto se olhar para o chão.

Estou frequentando o Lins.

No mais rotina.

Conversei com o Ângelo para que comecemos a estudar a sério para o vestibular; afinal, são só três meses para a clássica virada mas para deixá-lo bem em História, Geografia, Literatura e Inglês, há tempo de sobra.

Está combinado que começamos Segunda feira.

Hoje começa o horário de verão, o que não tem cabimento no Brasil mas, temos que imitar os nossos amigos do hemisfério Norte que sentem mais os efeitos da eclítica.

É o fim da picada fazer horário de verão no trópico de Capricórnio e no Equador.

Amanhã grandioso churrasco; hoje me disse o açougueiro da feira que vendia 15.000 quilos de carne por dia lá no Parque Mauricio etc., durante a Semana Farroupilha!!!

Segundo ele, os caras passavam a churrasco dia e noite.

Sem maiores comentários.

Ontem, a Patrícia contou um fato que mostra bem o que é o PT: o Orlando, motorista dela, um portento, é Conselheiro – Chefe no Orçamento Participativo!!!

Ou seja, são uns babacas que o PT usa para conseguir eleitores.

Eu chamo o Orlando de Orlolha mas parece que o mel;hor é Orlurro.

Tudo bem e afim.

Mandei meu carro para Flores porque está muito barulhento; inegavelmente é um excelente carro mas está com umas buchas gastas e ficam frouxas.

Amanhã o Bolão está de aniversário mas como está de plantão não creio que sequer venha ao churrasco.

Os da Glória agora estão melhor: boa empregada, a Liege engrenando no consultório, o Bolão terminando a residência, eu suponho e os gurís muito bem no colégio das fleras.

Mais uns dois anos e decerto tudo ficará mais fácil para eles.

O Correio do Povo de hoje publicou uma notícia sobre um transplante  – na verdade implante – inédito no RGS, feito pelo Raul Hemb, a Patrícia e um outro esculápio quem, ao que eu saiba, não faz parte do time deles.

Quem leu telefonou parabenizando-nos.

Pablo e Diego en route para Barcelona e Helena para Uruguaiana, todos por disputas esportivas.

Hoje os Fietz foram para Gramado visitar uma prima do Paulo que está no Congresso dos Magistrados.

Com o frio que está fazendo, tende a ser programa de indígeno.

Amanhã o Tergolina não vem porque vai passar o Domingo com a gurizada no sítio.

Estivemos na Saara que, pensa em internar o Paulo num

Estabelecimento específico para doentes de Alzheimer.

É uma decisão difícil mas que ela terá que tomar.

Em termos físicos, ele está quase inválido, tem dificuldade até para por um casaco.

Hoje ajudei-o a fazer a barba com barbeador elétrico que não sabia nem como ligar.

É uma doença braba.

Ontem recomeçamos os jogos de Sexta feira, lá no Vares que está retornando de uma viajem ao Canada; ao que tudo indica, achou quase tudo ruim por lá principalmente a comida que achou caríssima, inclusive nos USA.

Fora de ônibus de Montreal até Nova Iorque mas não acharam nada bonito.

É surpreendente porque atravessaram a Nova Inglaterra, uma região belíssima.

Enfim, cada um com seus gostos.

Agora pretendem, em janeiro, fazer um tour pelo Nordeste e nos convidaram a participar mas declinamos por causa do casamento da Luciana que deve ser em janeiro.

Na época de praia é bom ir para a praia e não ficar viajando por aí, sem esquecer que o Nordeste no verão é boca braba.

Quem se lembra do  “Tantum Ergum”?

“Tantum ergum sacramentun

Laus et jubilatio.

Sed antiqum documentum

……………

Genitorium, genitoque…

Salus, honor virtus quoque… “

Como vêm, não lembro mais e bem que eu sabia.

Até a cultura inútil a gente esquece.

Mas, do frívolo peralta que foi um paspalhão desde fedelho, eu não esqueci.

Refiro-me ao Tertuliano.

Agora vejam como era a literatura no fim do século passado:

Quem hoje, referindo-se a um personagem malandro, safado, tipo que morto não faria falta como exagera o autor, chama-lo-ia de Tertuliano?

Vai ver que o poeta tinha ojeriza por algum tipo que levava o nome estigmatizado; tanto que nunca mais se viu nos registros civis da pátria amada Brasil algume ser apodado como tal: os Tertulianos que antes abundavam, tornaram-se criaturas em extinção após a publicação dos versos em tela, como dizem os burocratas.

É curioso este fato: alguem conhece algum Silvério? Ou algum Calabar? Ou Caim? Também  “Adolfo” , que os havia de montão, depois do Hitler, cairam de moda. Mas. Do jeito que as coisas vão na Alemanha, logo vão reaparecer.

Só os judeus insistem com Davi, um renomado rei patife, sem dúvida.

Do tempo de “Dallas” uma soap opera americana, restaram milhares de Suelens pelo Brasil afora; como Shirleis no tempo da idem Temple.

Tivemos um vizinho que se chamava Robert Taylor, não estou mentindo; a mãe dele, autora do joelhaço, era uma frau gorda e a gente pensava: – Quem diria?

Porque será que a Ilsa botou nas filhas nomes de femmes de nuit nas filhas? Na década de cinquenta, nos filmes franceses, as senhoritas que alegravam as noites dos bistrôs, chamavam-se Vivianes e Mônicas, ( Monique para ser mais exato) não esquecendo a nossa famosa Mônica alí do Cristal.

E agora?

Mistérios…

Silvia e Bruno, p.ex. se não me falha a memória, são personagens de Ibsen mas o que tinham a ver a Lucia e o Pfeifer com o Ibsen?

Assim que vamos dormir porque este papo é mesmo para tal fim.

E, repetindo o que disse João Gilberto em São Paulo a ser vaiado:

  • Vaia de bêbado não vale…não vale.

Boas noites.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 21:37, chuva.

 

Esta semana começaram os estudos do Ângelo com vistas ao vestibular; começamos com História e devemos continuar com Geografia, Português, Literatura e Inglês.

Se sobrar tempo, o que parece possível, daremos uma olhada nas provas de Matemática.

Física e Química é por conta da Isinha.

Uma excelente notícia no campo profissional: ganhamos a liminar na reivindicatória de Bagé e podemos dizer que está pelada a coruja.

Devagar estamos acumulando honorários para os próximos três anos.

Lá ainda falta reivindicar os bens móveis e são outros honorários felpudos.

Digo “nós” porque na reivindicatória estou trabalhando em sociedade com o Diogo que é, inegavelmente, uma mão na roda.

Mas  a febre agora são os estudos e sempre tem alguém aqui para umas aulinhas: hoje esteve o Henrique que queria estudar porcentagem. O Alemão é muito inteligente e pega as idéias com facilidade.

Heloisa acaba de chegar do Cristo Redentor onde a Isinha foi retirar um sebáceo com a Graça. Na volta, para variar, se perderam na Assis Brasil, o que também costumo fazer com a maior tranqüilidade, de modo que sempre vou lá de taxi.

Na última vez, graças às obras do PT que não terminam nunca, até o motorista do taxi se perdeu.

Decididamente o 4º distrito não é o meu chão.

O povo anda pensando em ir para a praia no fim de semana mas acho que com este tempo não vai dar; tivemos uma semana de frio violento, hoje começou a chover e consta que amanhã esfria de novo.

Quando digo “esfria” estou falando em seis ou sete graus embora já estejamos em plena Primavera e até com horário de verão.

Neste momento estou alcançando 200 páginas; se fosse um romance já estaria de bom tamanho.

Acabou de sair daqui o Tergolina que veio buscar o Ângelo para ver o filme “Mauá”, somando esforços para o vestibular.

Só não sabemos ainda para qual faculdade o Ângelo fará vestibular mas acho que tenho um palpite.

Ontem, estudando os fenícios, verificamos que eles circunavegaram a África bem antes do AD.

Aproveitei para dizer que o Camões, quando afirma no Lusiadas que a gente Lusitana ia por mares nunca dantes navegados, cometera uma patriotada.

E aí você já emenda com o que aconteceu na Idade Média quando os conhecimentos dos antigos ficaram soterrados pela Escolástica.

Mas, não dá para engrenar uma quinta porque a gurisada ainda não tem conhecimentos para absorver conclusões muito amplas.

Hoje estudei a escravidão entre os povos antigos porque o programa do vestibular é montado em cima da doutrina de Marx, ou seja, uma visão Econômica da História e das relações entre amos e servos.

Os PT teriam uma surpresa se estudassem de como era a escravatura entre os povos da Antiguidade.

Basta dizer que os romanos sancionaram uma Lei do Ventre Livre um pouco antes do período do Imperador Cláudio, aquele que era casado com a Velha Messalina.

Assim que a nossa simpática Princesa Isabel, esteve atrasada em cerca de 1600 anos mas mesmo assim, a plebe aplaudiu a sua magnanimidade.

Grande plebe, grande princesa, viva o crioléu que entrou numa fria.

Sem levarmos em consideração que um operário saia muito mais barato do que um escravo: não custava nada, comia de si e era chutado se ficasse velho ou fosse mandrião.

Justamente por isto os pólistas importararm os carcamanos, assunto agora muito em voga devido à novela “Terra Nostra”que versa o tema.

A Globo tente repetir o sucesso do “Rei do Boi “ e parece que vai indo bem.

Pensando bem até que a visão da História do Marx não é muito descabelada, apesar do PT que aliás está mais para Stalin do que para Marx.

Principalmente porque, para ser marxista, é preciso ler “O Capital “ e aí a coisa complica para a moçada do orçamento participativo.

Nem falo em “entender “ porque aí fica impossível.

O que surpreende é que, apesar de todas as burradas, a popularidade do Olívio não cai.

O poder de um bigodão…

Hoje o Bolão passou por aqui e está bem apesar do plantões seqüentes.

Mais uns dois meses e acaba a residência genérica mas parece que começa o período da especialização.

Ou seja, o curso de Medicina é de, no mínimo, 8 anos o que também está sendo pleiteado pela OAB para o Direito.

Neguinhos vão sair da Faculdade arrastando os pés.

Por hoje chega, Boas noites. terça-feira, 14 de novembro de 2017.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 17:15, chuva forte.

 

Verifico, com surpresa que a data inserida semana passada é a de hoje! Deve ser o bug do milênio ou algum virus extravagante que o Pingo introduziu quando fez um trabalho semana passada.

Menores, de um modo geral, são fogo e o velho Herodes Antipas tinha lá suas razões.

Por exemplo: liguei a secretária eletrônica e faz meia hora que estou ouvindo uma sessão de papo entre o Diogo, o Pablo, o Zé e o Chico.

Dá para acreditar? E como será que eles conseguiram gravar?

Por esta simples razão que somente hoje descobri, a secretária não estava funcionando: Claro, a fita estava lotada.

Então tá.

Sábado fomos para o Imbé e acabamos ficando até ontem aproveitando o feriado.

Estava bastante bom apesar de frio e ventoso.

Mas havia sol, o chão estava seco assim que tudo bem.

As Onze Horas da piscina totalmente floridas, uma beleza.

Quando cheguei havia um cadeado no portão grande e achei que seria coisa do seu Nenê com suas idiosincrasias sobre segurança, herdadas e orientadas pelo casal Mignot.

Não era: fui eu mesmo que coloquei o cadeado no fim do verão e não lembrava mais!

A idiosincrasia era minha, mais especificamente um curto circuito nos três neurônios que restam.

Estivemos na Figueira – funcionando a mil- que nos cobrou r$4,00 por umas trezentas gramas de salada de batatas, o que deve custar alguns centavos.

Ou seja, nunca mais.

Ontem fomos almoçar no 40, em Tramandaí, e como sempre, estava ótimo.

É o único lugar que não nega fogo.

Vistamos também o Joaquim e deixamos uns colchões para recapar.

Coloquei algicida na piscina mas a situação me parece feia, obrigando uma pré-limpeza em novembro para chegar no verão em melhores condições de pronto atendimento.

Dos familiares, só o Pingo estava no Imbé.

Os que foram para outros lugares, Helena (Uruguaina) e Ângelo, (Atlântida) voltaram doentes das vias aéreas superiores, o que é de se esperar.

Falamos com a Patrícia e os guris ainda não se comunicaram, o que também seria de se esperar.

Mas os pátrias que foram dirigindo a expedição deveria dar notícias.

Neste momento estão em trânsito por aqui o Bolão que foi cortar o cabelo e o Pingo que veio emprestar o carro da Heloisa.

O dele está um lixo e não há verbas para conserto.

Ter carro e não ter verba para manutenção nunca deu certo.

De acordo com o Pingo ele, no momento, é mais um desempregado.

A culpa é do FHC, claro.

Os PT parece que estão chegando à conclusão que governar é bem diferente de estar na oposição mas creio que o principal é que aprendam que nem todo o mundo fora do PT é ladrão e que mesmo entre os políticos há muita gente decente.

Eles agora estão vendo que tudo o que os outros faziam era por absoluta necessidade e devem estar amargamente arrependidos pela imensa cagada da Ford.

O Olívio quer descontar dos aposentados para a Previdência do Estado, coisa que bombardearam com veemência quando o Brito propôs.

Por causa disto, a Luciana Genro, meteu o pau no Olívio e mais asseclas.

O PT é um saco de gatos mas vai ficar pior na medida em que terão que fazer no Governo, exatamente o mesmo que os mais participantes fizeram.

Vai ter oposição do PT ao PT.

Que s’en foux.

Enquanto isto a Bahia regosija-se com a Ford e agora com o prêmio de sessenta e cinco milhões da Mega Sena.

Defendo a tese de que o nordeste – contariando a regra do Progresso- é uma civilização em declínio, indo da Idade do Ferro para a da Pedra e que, sempre que aconteceu isto na História da Humanidade, o fenômeno foi irreversível.

A Bahia, um quase nordeste está conseguindo mudar o velho conceito da Sociologia, acima exposto.

Lembro do tempo em que, aqui no RGS e talvez em todo o Brasil, chamar alguém de baiano era ofensa grave.

Aliás, o Chico Anísio ainda mantém o costume conforme se viu na entrevista que o Alberto Roberto fez com aquela cantora baiana da Banda Eva, a Sangalo:

-Ah! Cantora baiana? Que interessante, quase não se vê surgir cantoras baianas, é tão raro…

Por mim, a Bahia deveria fazer sua independência e transferir toda a sua população para a África.

Os nativos iriam reagir mas, no fim, o crioléu acabaria todo dançando a dança da tromba do elefante.

O nordeste surge nestes registros porque ontem a Globo reapresentou “Morte Vida Severina” do João Cabral de Mello Neto que morreu esta semana.

Barra pesada: a gente vê aquilo e compara com Jorge Amado versando o mesmo tema – retirantes da sêca – e chega à conclusão que o Turco é lamentável; até o Graciliano fica pequeno perto do João Cabral.

Os de Pernambuco geralmente são os melhores.

No mais, tudo em paz.

Boas noites.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 21:26, ótimo.

 

O Pingo introduziu algum comendo que muda a data dps registros feitos por último para a data do novo início!

Não sei como mas, vou descobrir; mas vou também proibir o uso.

Sexta feira à noite, tivemos, afinal, a cerimônia de formatura da Patrícia, só que, desta vez, o doutorado.

A cerimônia, e si, não difere muito daquelas de colação de gráu,

Muita gente, pessoas guardando o lugar para outras que acabam não vindo, discursos chatos e grande ajuntamento na saída.

Alguns melhoramentos: um coquitel ao final, a presença do coral da URGS e o local mais amplo, o Hospital de Clínicas.

De qualquer forma, como toda formatura, uma carga emocional muito grande que acaba emocionando.

Achei que poderiam ter dado mais destaque aos doutores do que aos mestres mas pode ser parti pris.

Depois, a família toda foi convidada para uma janta no Casavechia, o restaurante da moda.

Comemorávamos também o aniversário da Patrícia, obedecendo a moda atual de fazê-lo em restaurantes; o Fogo de Chão tem sido o preferido – juntamente com a Bina, uma pizzaria perto do apartamento dos Fietz onde festejamos o aniversário do Diego.

O Paulo, padrinho, na falta dos pais que encontravam-se em vilegiatura na Áustria suportou as despesas que não foram poucas porque foi todo o povo miúdo e a fome era grande.

Sem falar nas pizzas que estavam ótimas e incentivaram o consumo.

Na festa da Patrícia, estavam só os adultos, particularmente pelo adiantado da hora, como dizem os cronistas esportivos.

Sábado foi um dia agitado e Domingo mais ainda eis que o Naná faleceu de madrugada e fomos ao velório; também os guris chegaram de Barcelona às 15:00 e tivemos que dividir o churrasco em duas mesas.

O sguris chegaram bem, o time do Doego ganhou dos Argentinos de 8 x 0 e o Pablo ganhou o troféu de destaque no time dele.

Trouxeram presentes para todos como manda a melhor tradição familiar.

Ganhei uma boina basca e Heloisa, dois baralhos.

Gostaram muito da viajem e, pelo jeito, a não ser a comida, repetiriam o passeio.

Hoje o Ângelo voltou às aulas de História e o Lucas ficou aqui fazendo trabalhos.

Deu um galho no Word e vou parar: olha as confusões do Pingo.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 22:05, tempo ótimo.

Bem, parece que o verão chegou: já faz calor e um belíssimo sol.

Decerto chove amanhã…

Quando chega nesta época, começo de inverno no hemisfério Norte, eu, como bom hiperbóreo, fico numa lombeira braba que vai até ao Natal.

Como já estou acostumado e já sei que terei que fazer um esforço redobrado para as tarefas do quotidiano, passo a levantar mais cedo e não deixar para amanhã o que posso fazer agora.

E como agora só tenho as manhãs disponíveis, o tempo uuurge, como dizia na AMAN o famoso Araganoff.

A respeito, a gente até fez uma paródia do Quizás: estás perdiendo el tiempo….. não lembro mais.

Também, ano que vem fazem cinqüenta anos que nós cruzamos os portões da AMAN e atirando os quépis para o alto, demos o tradicional grito de “bobearam”.

Coisa que a gente repete em cada vez que se comemoram as formaturas.

É meio ridículo mas faz parte.

A turma já está se movimentando para a festa que querem de arromba mas no fim entra naquele ramerrão milico, repetindo o que já deu certo nos anos anteriores: a formatura no pátio, a foto, o almoço, a vista ao Parque de Engenharia, o baile no Club à noite com o Boli interpretando seus boleros.

E, sendo muito aplaudido.

O Boli é um colega boliviano que, terminado o curso não quis voltar e ficou trabalhando numa cadeia de lojas do Rio que eram de um colega nosso.

E acertou: os que voltaram foram fusilados sendo que um deles, o Villaroel, foi enforcado.

Seria interessante uma pesquisa para ver o que aconteceu com nossos colegas estrangeiros; além dos bolivianos, só sei o que aconteceu com o Alejandro Schreiber que, mesmo sendo de Engenharia, acabou comandante da Força Aérea do Paraguay.

No tempo do Stroessner.

Jamais irei esquecer a chegada dos bolivianos na AMAN: calor brabo, os caras usavam um uniforme de lã grossa e fediam.

A cabeça rapada e o tipo indiático da maioria, deixava uma impressão meio braba.

Mas eram boas pessoas apesar de não terem a mínima condição de acompanhar o curso.

Um outro personagem inesquecível foi um capitão português que foi fazer a Escola de Comunicações na Vila Militar onde a temperatura média é de 40º C.

O cara passou seis meses sem tomar banho ou trocar de roupa e o budum era tão violento que os colegas se reuniram e jogaram o cutruco dentro de um lago que havia no pátio da Escola.

Quase criou-se um incidente internacional.

O mesmo aconteceu com um colega nosso que fez meio curso da EsAO sem trocar o uniforme e não dava mais para chegar perto dele; até que uma comissão foi organizada para convencê-lo a trocar de uniforme.

O referido ficou indignado e rompeu com a turma.

Esse era nacional.

Com o que me despeço por hoje. Boas noites. terça-feira, 14 de novembro de 2017.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 23:06, bom o tempo.

Uma semana.

Realmente ando muito preguiçoso; acontece que o tal remédio que tomo para diminuir a freqüência cardíaca, me deixa em marcha lenta e tudo vira sacrifício.

A partir de ontem, reduzi o tal medicamento pela metade e já estou mais aceso.

A semana passada foi de rotina, muita aula para a gurizada, alguma agitação no escritório com a questão bageense mas nada de excepcional.

Temos agora uma canarinha cor de cenoura que veio destinada a começar uma criação; vamos ver se dá certo.

Domingo a Ana e o Renato vieram de Bagé e almoçaram conosco, um galeto que estava muito bom.

Ontem foi o dia das esmeraldas, uma história que contarei depois, quando as coisas estiverem mais consistentes.

Hoje esteve aqui o Roberto Naime para conversarmos sobre ouro nas terras de Lavras; acontece que os meus honorários da ação da Ana podem ser pagos em terra, algo assim como 100 há e a fazenda dela é bem na área aurífera.

Quem sabe a gente volta a garimpar para juntar um pouco de ouro para jóias da família?

Já sabemos que não é lucrativo mas divertido é.

O Roberto é da mesma opinião.

Aqui no Do Cul não dá para montar extração de ouro com planta industrial porque o mínimo que o meio ambiente faz é fuzilar o predador: acontece que as instalações são tanques de cianeto a céu aberto e aí realmente a coisa complica.

Fecharam aquela dos alemães lá em Cerrito do Ouro que era vizinha de nossa área, em San Sepé.

E eles tinham investido dois milhões de dólares e estava tirando uns 20 k de ouro por mês.

Oficialmente, fora o que ia para o Uruguai.

Amanhã recomeça o ciclo de estudos do Ângelo e penso que a parti da semana que vem não mais podemos perder tempo porque há muitos feriados e festas pela frente.

Pelo menos Geografia, História e Português temos que estudar.

O Pingo continua com o carro da Heloisa mas já está na hora de devolver.

Decerto amanhã ele aparece.

Estamos sem notícias de Niteroi; penso que amanhã a Heloisa deverá telefonar.

Domingo, no Fantástico, o Pedro Bial depois de uma notícia daquelas que não tem explicação usou um velho bordão meu:

  • Então tá.

Como o “tá “é regional, próprio do nosso linguajar, acho que a coisa já se espalhou.

Então tá e boas noites.terça-feira, 14 de novembro de 2017.

 

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 23:35, mudando.

Finalmente descobri!!!

Algum débil mexeu no computador e colocou a data em atualização automática.

Portanto, os últimos registros estão com a data de hoje.

É um saco e vou me obrigar a colocar um código para que os paleolíticos não possam mais fazer suas besteiras.

É aquela velha anedota da mulher que foi comprar uma máquina de lavar roupa e o vendedor lhe disse que a máquina fazia tudo automáticamente, bastava apertar um botão.

E ela com cara de desilusão:

  • Ah! Mas tem que apertar o botão…

95% do povo que mexe em computador é assim: não sabe nada e pensa que nem o botão tem que apertar.

Fim pros bruxos, mesmo que hoje seja o Halloween que agora já está sendo festejado no Brasil pelos paulistas, os malhores imitadores neste país de imitadores.

Qualquer dia – se já não fazem – irão festejar o thankskiving comendo perús, para a alegria da Sadia.

Só falta saírem para o mato de bibico e camisa xadrês para caçar os referidos.

Como aqui não tem peru selvagem, algum vivo vai criar uma reserva de caça  e cobrar por bicho abatido.

Que, decerto, já virá temperado.

Amanhã, se não estiver nevando ou granizando, pretendemos ir para a praia onde farei a limpeza preliminar da piscina.

Pelo jeito vai uma porção de gente, só ficando em POA o Carlos e a Patrícia.

Tudo por causa de mais um feriadão o que aliás se repetirá em mais duas semanas.

É muito feriadão.

No mais tudo em paz.

Bolão tem passado por aqui fazendo matrículas nos diversos hospitais para o 3º ano de residência.

É muita residência mas o que é do gosto regala a vida.

Patrícia fez concurso para cátedra na URGS e tirou segundo lugar; como só há uma vaga, entrou na fila.

Do ponto de vista de aposentadoria, é bom ter uma cátedra;

Do ponto de vista de conceito profissional, também: o professor, por mais lorpa que seja, sempre é o professor.

Apesar da velha regra: quem sabe faz, quem não sabe, ensina.

Não é caso da Patrícia, I presume.

Hoje a Heloisa comprou no R$1,99 três CDs com marchinhas carnavalescas, do tempo em que o Adão era cadete; as gravações são originais mas bastante boas.

3437101 é o telefone da amiga da Cláudia que chegou hoje.

Vai embora 3ª feira e nós devemos voltar 3ª feira.

Ela acabou de telefonar.

Engraçado: nunca vem e quando vem a gente não está.

Parece até data de audiência: leva dez anos para ser marcada mas é justamente no dia em que você não pode ir.

Veremos o que ocorre amanhã.

Boas noites. Sábado, 30 de Outubro de 1999.

 

Segunda-feira, 8 de Novembro de 1999, frio e chuva!!!

Desta vez exagerei!

Semana passada fomos para o Imbé e voltamos Terça feira por causa do feriadão de finados.

Estava ventoso, frio e chuvoso mas foi bom.

Estavam os Fietz, os guris da Patrícia e a turma da Isinha.

A Claudia voltou Terça feira assim que não falamos mais com ela.

Esteve na Patrícia que gostou muito da filha da Cláudia.

Realmente é uma criança muito bonita e educada.

Foi uma pena que não pudéssemos recebê-las.

Next time.

A novidade é que o Pingo passou no exame do BB mas com uma classificação ruim, coisa aí de 3600.

Se ao menos tivesse aberto o polígrafo, estaria numa boa e faturando o suficiente para sustentar-se.

Next time.

Quanto menos você escreve, menos vontade tem: a arte de escrever etc etc. e tal.

Hoje operou-se a Bia, da vesícula biliar e a Heloisa foi até ao hospital para acompanhar a Saara.

Foi tudo bem: agora fazem uma cirurgia que só abre um buraquinho e já mandam o parceiro de volta para casa.

Parece que só não pode comer ovo…

Falando nisto, em Tramandaí almoçamos no 40 que continua imbatível: até hoje nunca nos decepcionou e recomendamos.

É melhor que qualquer restaurante dito de luxo aqui da capital, expressão antiga esta.

Bem, vou parar porque já é quase meia noite e domani é giorno de lavorare, como agora se diz na novela das oito.

En passant: em um programa de perguntas do Silvio Santos, facílimas, eu teria tropeçado na seguinte: por qual time torce o Padre Marcelo Rossi?

Bota conhecimento inútil nisto.

A Heloisa sabia!!!

Boas noites. Segunda-feira, 8 de Novembro de 1999.

 

Quarta-feira, 10 de Novembro de 1999, 18:17, bom, frio.

 

A novidade é que estamos quase em dezembro e a previsão é de geada!

Já tivemos um verão em que predominaram o frio e a cerração e o que se aproxima parece estar com más intenções.

Ontem, li na Time que um iceberg enorme desprendeu-se da crosta na Antardida e se desloca em direção à América do Sul ou seja, poderemos vir a estar num frigorífico, daqueles antigos.

Imagina se o referido ancora em frente de Tramandaí?

O vizinho irá delirar com o espetáculo.

Todos para Maracangalha.

Acaba de ir para casa o Ângelo que veio estudar História para o vestibular.

Semana que vem começamos Geografia e depois Literatura; se houver tempo, alguma coisa de Inglês.

Vai passar fácil.

Biologia ele sabe, Química estuda com a Isinha e Matemática e Física não é em uma semana que se recupera.

Ou seja, ele vai para o vestibular um pouco melhor do que a maioria e valendo a Lei de Gauss, deve passar.

Não demora e chega a vez da Helena que certamente terá muito menos problemas que os outros porque é estudiosa e metódica.

Vamos ver se o Lucas começa mais cedo do que o Pingo e o Gordo; ano que vem veremos como fazer.

Mudando de assunto, hoje jogam Internacional e Palmeiras e se o Colorado perder, vai para a Segunda Divisão, buraco difícil de sair: o Fluminense já está na Terceira.

Vamos torcer. Pelo Palmeiras…

O Grêmio deve perder para alguém mas nem sei quem é: nesta altura, já perdeu a graça torcer.

No campo da política, grandes fofocas no PT eis que o Tarso vai disputar a candidatura e deve ganhar do Fortunati.

Se disputar, vai ser difícil ganhar dele mesmo que seja o Negrão Colar.

De acôrdo com o andar da carroça, tudo indica que o PT vai de Olívio para a Presidência e o Tarso para Governador e que estão fazendo onda para enganar a torcida dos outros partidos.

Porque, em se dizendo que o Tarso será candidato à Prefeitura, o resto da moçada se esconde e ninguém que ser candidato porque ele ganha de barbada.

Na última hora aparece o Fortunati e não dá tempo para a moçada se organizar.

O Olívio pode até não ganhar mas fará papel melhor do que o Lula que já está virando candidato folclore.

Ensina a tradição que se não ganhar em duas vezes, o melhor é pegar o boné, cumprimentar e sair.

Mais um pouco e o Lula vai para o Guiness.

A oposição aqui em POA tem apresentado algumas propagandas inteligentes: aquela do “evite a Protásio, evite a Aparício, evite a Farrapos…”é muito boa.

Também a do pintor de meio fio está ótima.

E dos guris que dormiam nos boeiros.

Mas o PT está contra atacando: anunciam a 3ª Perimetral e não sei quantas casa populares, entre outras coisas.

Eles deixam as grandes obras ( grandes do ponto de vista deles), para serem feitas quando se aproximam as eleições; não é novo nem inteligente mas cola.

Aliás, só cola o que é velho e medíocre.

Idéias novas e avançadas quando são aceitas já estão ultrapassadas.

Pelo menos na pátria amada.

O Bil Gates aqui estaria tentando vender alarme para carros.

Não enxergamos o óbvio: a CPI do narcotráfico está enrolada para descobrir a conexão do roubo de cargas e bastaria que fossem a uma loja de R$1,99 e perguntar de onde vêm aqueles artigos que custam mais de dez reais no comércio.

Pronto: já saberiam quem vende e daí chegariam nos ladrões de cargas rodoviárias.

Defronte ao escritório, há uma loja de esportes que vende bomba de encher bola por R$14,00 e ao lado do escritório há uma de R$1,99 que vende a mesmíssima bomba por R$1,99, é claro.

Por mais ladrão que seja o Pavão – e não é – uma diferença assim não se explica.

E assim “n” outros exemplos.

Em Tramandaí então, a coisa engrossa e a gente fica pasmo com os artigos.

Vai ser muito difícil acabar com o roubo de cargas.

Como já se disse em relação aos camelôs: não sei quem os inventou mas quero ver quem irá acabar com eles.

No mais tudo em paz. Daqui a pouco vou esquentar e reforçar o cozido para a janta.

Reforçar o cozido, para mim, é botar mais repolho.

Até a próxima e não dou boa noite porque ainda é dia claro.

Horário de verão, sabeis. Quarta-feira, 10 de Novembro de 1999

 

Sábado, 20 de Novembro de 1999, 21:57, calor intenso.

Não estou acreditando mas já fazem dez dias que eu não compareço!

Vai ver que algum registro foi para o espaço.

Estivemos no Imbé no feriadão do dia doze e estava bastante bom, já com fumaças de verão embora ainda meio frio.

A semana foi normal e passei boa parte do tempo às voltas com problemas menores.

O Ângelo quase não pode vir estudar porque andava às voltas com uma entrevista com o Luiz Fernando Veríssimo que acabou acontecendo Sexta feira, ontem, às dezenove horas.

A equipe do Ângelo fez um filme que está muito bom e que deve ser guardado porque entrevista com o LFV não é fácil de conseguir porque ele é avesso a essas coisas.

O fato de ter sido aluno do IPA ajudou muito e D. Mafalda também colaborou.

Hoje aconteceu um recital de flauta no colégio do Pablo e tivemos que ir porque o Carlos está na Suiça e a Patrícia no Costão do Santinho festejando vinte anos de formatura.

Lembremos que a Patrícia não teve formatura oficial.

A Maria Helena está na terra e, neste momento, com a Heloisa no show do Roberto Carlos.

Também ( porquê “também” ?) a placa do computador do escritório pifou mas já está consertado.

Assunto da Luciana resolvido ou, pelo menos, tudo encaminhado.

Os demais participantes em paz.

O Ângelo está inscrito para Jornalismo na UFRGS e Turismo na PUC; falta ainda Educação Física, ou no IPA ou na ULBRA.

Bolão fazendo exames na AMRIGS, dificílimos segundo ele;

Obviamente rodou em todos…

Ontem andamos às voltas com a Alda para comprar uns sofás mas não deu nada certo e hoje ela devolveu tudo e comprou outros.

Bia operou-se da vesícula e já anda fervendo porque agora esta coisa é muito simples: um ou dois furinhos na barriga e pronto.

O Paulo é que está muito ruim: achei que em uma semana ele caiu muito e já tem dificuldade até para caminhar.

Consta também que tia Honorina está em coma no Pronto Socorro; como sabemos ela foi posta em uma casa de geriatria pelo povo da tia Maria e, se considerarmos o tipo de vida que ela sempre levou, seria de se prever que não aguentaria muito tempo.

O assunto daria margem a muitas considerações de ordem ética mas não me sinto disposto a abordá-lo.

A verdade é que as casas de geriatria têm, a priori, o argumento para mandar seus residentes para um mundo suposto melhor.

Admite-se que uma pessoa com mais de noventa anos está sempre pela bola sete e na boca da caçapa: basta um assoprão.

Assim que nadie perquire nada.

Amanhã grandioso churrasco com a presença de todos menos os Barrios.

Quem anda sumida é a Graça que não vimos mais depois do enterro do Nana.

Ontem a Heloisa tentou falar com ela mas o telefone estava sempre ocupado; este é a maior conseqüência de ter filhos adolescentes, telefone sempre ocupado.

Ainda mais que a Teca vai em janeiro para a Austrália.

Já disse para ela que não volta: mulher bonita na Austrália nem chega a desembarcar do avião e já está casada.

Deve ser um saco morar na Austrália que além de desértica, foi colonizada pela ralé da Inglaterra e não há australiano que não tenha um degredado em sua árvore genealógica.

O que também aconteceu com os lusitanos mas em número bem menor.

E feitas todas estas considerações perfeitamente dispensáveis, desejo a todos boas noites.

Sábado, 20 de Novembro de 1999.

 

Segunda-feira, 6 de Dezembro de 1999, 17:06, friozinho.

Eu mesmo duvido mas já fazem quinze dias que deixei de fazer registros; acontece que estamos atravessando a temporada de galhos e aí fica mais difícil.

Por temporada de galhos entenda-se aqueles tempos em que os objetos pifam, as ações ficam enroladas, você tem que ir ao dentista, há muitas coisas que planejar mas ainda é cedo e subitamente fica tarde, enfim é quando incide a Lei de Murphy em toda a sua plenitude.

Estivemos no Imbé em duas semanas seguidas e, subitamente estava tudo pifado. Sábado, quando ia para lá saí da estrada na entrada de Osório e lá se foi a suspensão do carro o que é uma baita despesa, além da incomodação, a principal das quais é a insegurança que resta: afinal, o que aconteceu para que isto acontecesse já que conheço aquela estrada com um burro de leiteiro?

Por registrar também que o Alemão Henrique terminou o kerb do seu aniversário ( três comemorações), já arrumei a árvore e as luzes de Natal, o Ângelo tem vindo estudar à tarde mas com algumas falhas, a Maria Helena andou por aqui, o PT perdeu no Uruguai, a Isinha num desespero de fim de ano com seus alunos, o Pingo novamente apaixonado, o Tergolina voltou da Alemanha, estive em Caxias, concluí o assunto Luciana, Heloisa às voltas com a Alda e com presentes de Natal, muita correria no ambiente jurídico eis que os juízes devem estar loucos para entrar em férias, calor brabo alternado com frio e chuva.

Neste momento o João está comprando peças para consertar o Versailles e o Diego acaba de telefonar que está vindo para cá para estudar caligrafia.

Quero ver se hoje à noite escrevo para os mais personagens declarando o que eu quero de Natal, uma maneira de simplificar a vida deles que também está muito atropelada pelo fim de ano.

Os Fietz já começaram a casa do Imbé que deve ficar pronta antes do fim do ano, o que parece ser verdade pelo andamento da obra; a casa é boa e situada lá no fim da Santo Ângelo.

É uma repetição do que fizemos quando, há 43 anos, começamos a nossa casa no que então se chamava o Imbé Norte e ra no fim do mundo; lembremos que havia até duas misses, a Imbé e Imbé Norte que foi a Virgínia.

A Miss Imbé acabou casando com o Schneidão.

Por sinal que o tempo das misses está voltando.

Loirinhas, altinhas, magrinhas e do interior , são todas iguais e sonham ser modelos.

Eu, de mim, ando meio baleado, o que sempre acontece nos fim de ano; como agora insistem em que eu sou cardíaco, garanto  serei coagido a ir no Jorginho, mais um abacaxi numa semana que prevejo agitadíssima.

Na verdade sou um exemplar do hemisfério Norte e nestas épocas meus ancestrais estariam socados em casa, ao pé da lareira esperando o inverno passar.

Ainda não estou adaptado ao hemisfério sul.

Todo o mundo agitado com a chegada do ano 2.000 o que acho uma supina bobagem eis que isto é uma simples questão de calendário.

Com o que encerro o dia de hoje: obviamente não me lembrei da metade dos fatos que ocorreram nestes últimos quinze dias mas pelo menos fico com a ilusão de que estou em dia.

Até a próxima. Segunda-feira, 6 de Dezembro de 1999.

 

Sábado, 11 de Dezembro de 1999, 18:24, muito bom.

Esta semana foi bastante ativa, com três jantares, o que não é surpreendente no fim do ano: o aniversário da Saara com jantar feito pela Bia, o jantar da Engenharia no Schneider e, ontem jantar da turma de Direito no Galeto Veneto.

Estava o Diogo que veio dar um passeio e almoçou conosco ontem.

Quanto aos estudos do Ângelo, terminamos História e Geografia e vamos entrar em Matemática; claro que será uma passada rápida, mais para aprender macetes do revisar a matéria eis que não há tempo.

Também Bagé está agitado com um Recurso Especial interposto na ação de prestação de contas que é a mais importante de todas nesta altura dos acontecimentos.

Um insucesso e põe-se a perder tudo o que foi feito até agora.

A casa está com a iluminação pronta para o Natal e parece-me que a maratona dos presentes se não terminou está no fim.

Como meu carro está em Flores para acertar o acidente do Imbé, estou dando uma de motorista com o Gol.

Quem está no final é a tia Honorina: merece registrar que ela estava bem e que depois de ter ido para a tal casa de geriatria, em menos de um mês está na UTI, em coma.

Um velho tema, agravado pr alguns aspectos cruéis.

O Paulo Borges também está entrando numa fase dificílima e a Saara terá que tomar uma decisão a respeito.

Na reunião do aniversário da Saara ficou claro que, pelos demais participantes, ele vai para algum local especializado em Alzheimer se é que existe isto.

Tive que dar uma mijada nos circunstantes que riam abertamente das mancadas do Paulo: Desde quando as manifestações de umal tão cruel podem ser objeto de riso?

Amanhã pretende-se reunir a maior parte dos familiares para o tradicional sorteio do amigo secreto.

Hoje os Fietz foram ao Imbé para ver de como está a casa deles; segundo o construtor deve estar pronta até ao Natal.

Bolão passou na Santa Casa o que acho ser muito bom para quem pretende ser intensivista ou algo assim; a Santa Casa é hospital padrão no Brasil em matéria de transplantes e outras cirurgias avançadas e aí o intensivismo (tem a ver com UTI) avulta.

Antes de terminar este registro, pretendo fazer um giro de horizonte da situação familiar mas hoje termino por aqui.

Até a próxima.Sábado, 11 de Dezembro de 1999.

 

Quarta-feira, 15 de Dezembro de 1999, chuvoso.

Passei boa parte da tarde escrevendo um texto que achei muito bom e, na hora de gravar, consegui apagar tudo.

Saco!

Ontem ficou esclarecido um mistério: porque andava eu tão abostado, inclusive sem vontade de trabalhar, escrever etc.?

Pois era a dosagem do remédio para a frequência cardíaca.

Fui ao Jorginho que, constatado o fato, reduziu a dose para menos de metade.

Mas não me avisou que durante uma semana eu deveria me abster de qualquer fora de rotina.

Como fui hoje na Graça retirar um tumor de pele, tive um problema de circulação periférica e quase desmaio.

Por sorte o Bolão foi junto comigo e no fim deu tudo certo só que fiquei em casa o resto do dia.

Daí escrevi e daí consegui apagar.

Para não esquecer os temas que eram interessantes, vou resumir que falei sobre alguns mistérios que me intrigam.

Em primeiro lugar o modo de vida dos portenhos que ficam na rua até de madrugada, tomando copetins, trovando e jantando à meia noite.

Que horas trabalham?

Fiz considerações sobre os horários chilenos, restos da cultura medieval espanhola.

Outro mistério: qual a Logística dos camelôs de Porto Alegre que conseguem encher ruas com os mais diversos bagulhos e que somem durante a noite?

E ainda o mistério das moradias: onde moram aquelas milhares de pessoas que troteiam diariamente pelo centro da cidade?

Não sei como envolvi o Gomes Freire de Andrade nesse papo e também o Valdelirios, os comandantes da Guerra Guaranítica.

A relação fez-se pelo fato do Gomes Freire ser contra os ingleses ( acabou enforcado por causa disto).

É que os portenhos pretendem ser ingleses ( que eram contra os espanhóis, seus colonizadores) mas como não têm nenhum senso de humor, atravessam o fio da navalha  e o que deveria ser pomposo, acaba ridículo.

Em suma, escrevi quase sete páginas com algumas teses bem interessantes e não tenho paciência para de novo desenvolve-las.

O Bolão foi hoje para a praia com os guris e também para fazer um galeto para os residentes que deixam o Conceição.
pena que a previsão é de chuva.

Amanhã o Henrique apresenta um show no Americano e o Lucas forma-se sexta feira no primeiro grau.

Se tudo correr bem, ainda não estarei recuperado até lá…

O João trouxe o Versailles de Flores e está ótimo.

No mais, tudo em paz: a Dra. Patrícia vai hoje de noite para Artigas assinar o que presumo seja um termo de hipoteca para fins de empréstimo bancário.

O Lins recolocou-me uma antiga ponte inferior e estou tratando de me acostumar mas é brabo.

Fico devendo o giro de horizonte.

Boas noites. Quarta-feira, 15 de Dezembro de 1999.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deixe um comentário