DIário 2000

Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2000, bom.

Iniciando o DIÁRIO 2000.

Dia 24 voltamos do Rio onde fomos ao casamento da Luciana.

Desta vez, com mais tempo, o périplo de visitas e passeios foi quase completo.

Chegamos dia 19, dia 20 fomos para Niterói, dia 21 o casamento, dia 22 houve churrasco na mansão dos Chama e visitamos as Torres, dia 22 fomos a um churrasco em Niterói e dia 24, voltamos à noite.

Consideramos que o passeio foi excelente, fizemos o que planejáramos sem atropelos e sem surpresas.

Encontramos a Zilda com excelente aspecto, alegre, alimentando-se bem, mas com muitas dores, o que ela não demonstra.

Surpreendente a Zilda.

A família Torres Gonçalves literalmente no fim, o que é uma pena.

O casamento da Luciana aconteceu na Igrejinha da Urca e esteve bastante discreto simples e elegante.

Aproveitamos para visitar a Praia Vermelha que permanece como quando moramos lá.

A festa do casamento foi no Colégio dos Cirurgiões na rua Visconde Silva em Botafogo e estava a parentada toda, prevalecendo, em número, aqueles da família do noivo, todos muito simpáticos.

No churrasco oferecido pela Silvia e o Nelson, estavam os Chama e mais os Pfeifer e nós.

A casa deles é na Gávea, no meio do mato, local belíssimo; o jardim foi feito pelo Burle Marx.

Há uma piscina de 17 metros, mas lá em cima é bem friozinho; Heloisa sentiu frio e eu não fiquei motivado para um mergulho, o que foi a primeira coisa que fiz em Niterói, depois de limpar a piscina do Alemão.

O apartamento dos Pfeifer está realmente muito bonito depois da reforma que foi feita a capricho.

Lucia e Pfeifer estiveram impecáveis como anfitriões, como sempre, aliás.

É sempre um prazer estar com eles.

O povo de Niterói também compareceu em todas as vezes que estivemos lá, inclusive o Banda e a Jussara.

O Rio, desnecessário dizer, continua cada vez mais lindo mas o que realmente surpreende é Niterói: cidade limpa, moderna, organizada, muito agradável, tudo emoldurado por uma natureza exuberante e colorida.

Há bougainvilles cor de rosa o que não conhecíamos.

Quando voltamos, o Carlos, a Patrícia e os guris estavam nos esperando no aeroporto, apesar de terem chegado ao meio dia de Nova Iorque.

Fazia mais de 36 horas que não dormiam e ficamos comovidos com a gentileza, aliás comum de parte da família Barrios.

Amanhã de manhã pretendemos voltar ao Imbé, e devo ficar por lá até ao dia 3 ou 4 de fevereiro.

O tempo está bom e parece que irá se firmar com sol e calor.

Na volta continuo com mais vagar e conseqüentemente mais detalhes.

Até lá. Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2000.

 

Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2000, 17:43, bom.

Regressei ontem da praia; depois de dez dias de chuva, parou de chover e hoje deve estar muito bom por lá, mesmo que a Heloisa tenha telefonado que apareceu um vazamento na rede de água.

Já chamaram o encanador.

A Virginia e as crianças(?) estão lá, preparando-se para ir para a casa nova.

A Isinha e o Ângelo também estão na praia.

Em seguida devem chegar o Pingo e o Lucas que foram para o NE com o Tergolina.

O Pingo não quis permanecer no emprego (Detran) alegando que nada a ver com o que ele estuda.

Ele iria dar parecer sobre procedência de multas.

Por aqui, a não ser as infindáveis contas de fim de ano para pagar, tudo em ordem.

Retomei o escritório porque não dá para parar ou ficar coçando por muito tempo; espero que em março eu possa ficar no Imbé.

Na verdade, no verão, para tudo no Rio Grande do Sul e a gente nãp consegue engrenar porque ou as pessoas estão fora ou não querem começar nada.

Infelizmente, profissional liberal só ganha se trabalha e como eu preciso ganhar, deinde lavorare.

O Bolão deve vir jantar comigo hoje.

A Alda, que quebrou quatro costelas num tombo, disse-me que está bem mas muito dolorida, o que é de se esperar.

Paulo Martins pretende voltar sábado para o Espírito Santo/Guarapari.

Patrícia ficou de consultar os guris para ver se eles querem ir para o Imbé mas não se manifestou e decerto irão ficar por aqui até sábado que vem, quando viajam para o Santinho.

Esperemos que o tempo firme.

Saara também está na praia e não sei como resolveu o problema do Paulo. Parece que ele iria ficar com empregadas.

Quem tem aparecido na Isinha é a Tetê e uma cupincha: o Ângelo que não quis ir para o NE para ficar jogando futebol, agora está de pajem da dupla.

Também estão na Isinha a Bete e a filha mas aí o Ângelo aplaude porque a menina é um bocado bonita.

Acabei de falar com a Heloisa e não há vazamento nenhum: conforme previsto, era a mangueira do escorregador.

A Alba teve uma crise de pressão alta (27 x 13 ) e está sendo acompanhada e medicada no Posto de Saúde do Imbé; na verdade, ela precisaria fazer um regime alimentar mas não consegue.

Domingo, falei para ela da necessidade manerar na bóia e ela jantou só frutas: como fiquei lendo até tarde, flagrei a Alda assaltando a frigider às duas da matina!

Enredo feliniano.

Segundo o Bolão, ela está permanentemente a beira de um enfarte; particularmente penso que ela não tem condições de trabalhar – mesmo na moleza aqui de casa – ou então não gosta da praia e fica fazendo operação tartaruga.

Neste momento, são 18:00h, a Olívia continua limpando e lavando nos domínios da Alda; e olhe que a Olívia faz faxina numa casa desocupada há mais de um mês.

É uma máquina a Olívia.

Houve uns conhecidos que resolveram aproveitar o verão para se mandar: Dona Júlia ( mãe do Dibb), a Nina ( Diretora do Americano) e a mãe do Uebel.

Es la vida.

Quem passou o fim de semana em POA foi a Helena Maria e seu marido.

Retornaram ontem para Artigas; não posso imaginar o que acontece com a cuca de uma pessoa americana, classe média alta, que sai de Washington e vai para Artigas.

Deve dar um nó. Górdio.

Então tá.

Comecemos devagar para ir amaciando a máquina; fico devendo um monte de considerações mas a mão ainda está muito dura.

De trabalhar, a gente esquece ligeiro.

Até a próxima.

7 de Fevereiro de 2000.

 

 

Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2000, 22:30, tempo muito bom.

Hoje dei uma lida nos registros 94/95 e cheguei à triste conclusão que naquele tempo eu escrevia muito melhor, mais descritivo e, às vezes, até com um razoável senso de humor.

Acho que, na medida em que o pátria envelhece, vai ficando mais burro;

Lembremos o velho Érico e o “Incidente em Antares”.

Mas não há que exagerar: escrevi uns contos, quando navegava pelos trinta, que envergonham qualquer literatura, até aquela dos aborigenes australianos.

Parece que a lenda do Kanguru Perneta é do folclore australiano.

Coisa que me apraz é escrever como um inglês vitoriano; ainda essa semana que passou reli um livro da comadre Agatha e há passagens em que fico rindo sozinho.

Porque, nos livros dela, sempre há um personagem inglês, ligeiramente obtuso e tremendamente formal: a soma de tais eventualidades só pode ser um vitoriano.

Pena que tenha perdido um monte de contos ingleses que escrevi há uns dez anos: alguns eram realmente cômicos.

Vou ver se consigo transcrever um que faz parte do livro “Osvaldinho, El pibe Del Mercosul” um livro que me divertiu muito enquanto escrevi.

 

                            O fim de semana em Courtney Hall, durante a alta temporada, era o que havia de mais requintado em toda a ilha Britânica.

Os maledicentes e os despeitados, diziam que Lady Cordelia escolhia os convidados com o mesmo critério que os cozinheiros usam para selecionar os camarões na feira: deveriam ser frescos, rosados e terem na cabeça a mesma matéria.

Lord Osvald Tempelham veio a cavalo pois sua propriedade Marble Arch, distava umas poucas milhas de Courtney Hall.

O duque de Leeds, marido de Lady Cordelia, saudou-o alegremente:

– Robert! Que cavalo ridículo este seu! Parece um camelo.

– Perdão alteza mas o senhor é Robert. Eu sou Osvald.

– Osvald? Como diabos alguém pode chamar-se assim?

– É que meu pai atendia pôr Osmar e minha finada mãe pôr

  Valdirene.

– Santo Deus! Jeeves, um uísque!

Lord Osvald lembrou-se que no Cassino dos Oficiais do Regimento comentava-se que Leeds andava mandando uma rama federal, não nestes termos, é claro.

Pôr falar em Regimento, quem já havia chegado e estava comodamente instalado numa chaiselongue no campo de cricket e soberbamente municiado com o que se podia advinhar ser uma generosa pinta de gin, era Manninger Cooper, escondido atrás de seus terríveis bigodes.

– Osvald, meu caro, presumo que desta vez você tenha chegado  sóbrio!

– Manninger, devo admitir que você não está sendo muito

  agradável.

– Perdão Osvald, mas é meu dever lembrá-lo que da última vez,  você chegou atravessado na  sela com Lady Isolda puxando as  rédeas do seu, bem, digamos, cavalo.

  E, pôr falar nisto, como está a sua encantadora esposa?

– Neste momento deve estar embarcando no trem das 10h17min para Londres; vai ao dentista.

– Oh! Sim?

  Não lhe invejo a sorte mesmo que hoje seja domingo e dificilmente  ela irá  achar dentistas prontos para servi-la.

  Estarão todos no Beira Rio, magnifico estádio, devo dizer.

– Verdadeiramente não tinha me ocorrido este detalhe.

  Perdoe-me Manninger mas agora devo cumprimentar Lady Cordelia.

A abominável antepassada, como costumava chamá-la seu sobrinho Terence, naquele exato momento mostrava-se bastante agitada:

– Oh! É tudo tão ridículo! Matilda, Matilda.

– Sim, milady.

– Como pode alguém chamar-se Matilda?

  Bem que eu disse a Lord Tweeds que jamais aprenderia o  seu  nome.

– Leeds, milady, o seu marido é Lord Leeds.

– Deveras? Também é um nome muito complicado.

  Ah! Aqui temos o jovem Osvald quem, suponho, acaba de chegar.

  Você está sóbrio, não está Osvie?

– Querida senhora, eu jamais bebo antes das onze.

– Onze? Já são onze? Oh! que situação embaraçosa.

– Posso ajudá-la senhora?

– Você? Oh! sim, precisarei muito de você, é um caso de vida ou  morte.

Temo que neste exato momento, a vida de Lord Twinkenham corra seríssimo perigo!

 

Devo esclarecer (ó!) que Osvaldinho é um anti-heroi e percorre caminhos inusitados. Vejamos o referido na Rússia.

 

                    A carruagem fechada arrasta-se pelas ruas geladas da noite branca  de Moskva; dentro o príncipe Osvaldof, enrolado em sua peliça de astrakan, esfrega as mão enregeladas e antegoza o tremendo jantar do que irá participar na casa de Sergei Vassili Tekof, o Inspetor do Tzar. Certamente iria deleitar-se com magníficos bifes de chorizo,  vinhos e empanadas de Mendoza.

Na porta do palácio do inspetor, um mendigo.

– Uma esmola papuchka, um kopec e tu me farás um homem feliz ó  pai dos cossacos!

– Como sabes que sou o príncipe Osvaldof, capitão dos cossacos,  cavaleiro do  Don?

– Foi em Ekaterinburgo, paizinho, quando os pagãos cercaram o  Tzarevitch e tu, com os teus cossacos mandaste todos os infiéis  para o inferno. Que lindo foi ver o General Figueiroainhofski  espetar a lança na barriga daquele cão gordo Ortunhov.

  Eu vi, paizinho eu vi, eu era ordenança do conde Raskolnikof.

– Vassili, dá uma moeda ao mujique. Que terríveis lembranças ele  me trás.

-Tu poderias ser mais generoso Vassiliucha e bem poderias me dar  uma prata em vez  deste cobre miserável.

– Escapa-te escória antes que eu te dê umas chibatadas.

– Piedade, piedade ó pai de todos os cocheiros mas antes diz-me:  quem era o almofadinha enfeitado que chamas de amo?

Na mesa, o tovarich Sergei Vassili Esduardof, já completamente bêbado, conversava com a bela Alexandra Tatiana  Ekaterinaia, condessa Bieloskaia.

– Diz-me Babuchka, o que faz tua mãe, a doce Marienskaia, na

  quele seu castelo gelado de Petrogralinof ,na Sibéria?

– A estas horas deve estar dormindo com meu paizinho, o conde  Antonov  Balinoskaio, na dacha em Tzarkoie.

– E que belas coisas não estarão fazendo, ein Alexandra Tatiana  Ekaterinucha?

– Sergei Eduardofiushka, pôr tua mãezinha, a condensa

  Matildenskaia, é preciso ser mais cortês com Alexandriuxa

  Bieloskaia.

– Osvaldof, que imbecil me sais.  Vou fazer com que Igor Komanechi te de duzentas chibatadas pregado ao poste na casa de Monikoff Feldmalich o Quebra – Ossos.

– Antes irás sentir a ponta de meu sabre Sergei Vassili Catarinof!

– Cala-te cão das estepes!  Quem vai conhecer o gosto da ponta do meu sabre és tu quando a policia do Tzar te  apanhar em suas redes.

  Pensas que não sabemos que recebes em tua casa Vassili Illia  Erevitch, o Lenin?

 

E há outros episódios que acontecem em partes as mais diversas do mundo; mas Missões do primeiro período, há um que me parece divertido.

 Madrid, 1637, noite, uma figura soturna, encapuzada, bate à porta da Casa Manresa.

O porteiro abre a vigia e o vulto, sem uma palavra passa-lhe uma moeda de prata.

A porta se abre, o encapuzado entra. Fecha-se o olho que a luz da vigia abrira na escuridão da noite.

Na madrugada seguinte um longo, negro e silencioso cortejo deixa o convento, os cincerros das mulas ecoando melancólicos na estrada que leva a Palos.

São padres da Companhia de Jesus que, acompanhados de noviços e servos, vão embarcar para as Missões do Paraguai; entre os servos, o encapuzado.

Os dias se sucedem; os jesuítas temem que a campanha que sofrem acabe em bula papal e fechamento da Companhia e pôr isto acautelam-se de tudo e de todos.

Padre Mendoza acaba de fazer o porteiro confessar que, pôr uma moeda de prata, deixara alguém entrar no mosteiro e que este alguém desaparecera.

O padre teme que seja um português e que agora, certamente, já viaja para o Novo Mundo.

Nada mais pode fazer; só aguardar pelo próximo barco que levará correspondência ao superior de Cordoba informando da existência do espião.

Malditos portugueses.

Padre Mendoza revira a moeda entre os dedos porque não a reconhece: é mesmo de prata pura e tem uma efígie de um homem glabro.

Embaixo está escrito: Augustus Imperator.

A outra face está gasta mas percebe-se a palavra Roma e a figura de um animal, possivelmente um cão.

Pensativamente o padre guarda a moeda na gaveta.

Manda que enforquem o porteiro na figueira grande do pátio!

A caravela segue o roteiro de Magalhães e não toca nas costas do Brasil onde poderia ser apresada.

Depois de Laguna já está imunda, fedorenta, parte do povo já vomita os dentes com escorbuto.

Nem mesmo o serviço de trolha funciona mais.

Os padres não sabem da trolha mas o capitão registra no diário que um passageiro da comitiva  usou do serviço e pagou em prata.

A catraia para em Maldonado e os padres rezam uma missa em ação de graças para os sobreviventes.

Entre Buenos Aires e Assunción, os padres divisam uma povoação ribeirinha e atracam. Os habitantes acorrem em massa.

– Al final llegamos a la Missión de Martires! Señores missioneros,  donde están los padres?

– Meu caro senhor, está usted engañado: nosotros somos nativos e  llegamos aqui via Estreito de Bhering. Ou se preferir Ameghino,  somos autoctones asi como los ratones de los chinos que …

– Charap! Mire usted Don Pepe o lo que sea: estamos viajando  hacen três meses nesta caravela fedorenta, vomitada, llena de  cracas, estamos com hambre e temos cincoenta arcabuzes  apontados para ustedes missioneros: vais querer que eu esteja  enganado?

  • Bien venido a las Missiones, padre!

( com agradecimentos ao grande historiador americano D.Barry)

Dali pôr diante a comitiva seguiu a pé para Guaira, no que levou ciento e veinte jornadas.

Todas noites, o padre prefeito fazia a chamada para ver quantos haviam sido comidos pelas onças e mutucas.

O misterioso encapuzado que infiltrara-se na comitiva passou a responder pôr um musico que ficara para trás jantado pêlos mosquitos na foz do Apa.

– Primer bombardino Osbaldel?

– Presente!

– Senhor, su nombre es mui extraño; no se poderia simplificar para  Gardel? Quedaria mejor, no?

– Perfectamente.

– Y de donde viene, señor Gardel?

– De Francia: j’ai perdu ma plume au jardin de ma tante… La chaleur  corrompe la….

– Claro, claro, fique usted a su voluntad.

Imediatamente porém um vulto melenudo e com cara de compadrito aproximou-se de Osvaldel – Gardel e murmurou ameaçador:

-Tchê boludo, no te hagas el salame, te conoci num cafetin nel Onze.  No me vengas com Paris porque yo sé que tu vieja se paraba con el garufa del Parque Japonês.

– Ma mére? Hoy la evoco y veo que há sido em mi pobre vida paria  solo una buena mujer…

– Si insistes vas a ver lo que te pasa! Yo soy un faconero,

  peligrosisimo, mui inimigo!

Mal se fuera o da melena, veio outro, um bigodudo de boina, alpargatas, bombachitas e com una grande nariza:

– Estamos? Todos sabemos que es de Fray Bentos, un oriental, un  comedor de oveja, Obdulio Varela, La Cumparsita, estes babados.

  Se te dizes porteño te doi com las boleaderas en los cojones que  nunca mas te vas a parir un peido, malacara.

Osvaldel não sabia o que fazer e resolveu ir falar com o padre.

– Senhor padre eu não sou cantor, não uso gomina assim que não  queria ser Gardel.

– É verdade, é verdade, o senhor é musico, achemos nome mais apropriado.

  Que le parece Canaro? Francisco Canaro, un nombre cristiano y  ecológico?

– Canaro? Canaro tocando bombardina?

– Pues que toque el bandoneon, se lo permito.

Como havia um baile de candeeiro organizado pela indiada, Osvaldel saiu resmungando:

– Bandoneon? Y hoi es noche de fandango…

Sentou num canto do rancho, estendeu um pañuelo nos joelhos e começou a tocar:

-“Bandoneon, hoy es noche de fandango…”

A indiada gostou e uma cuñã gorda e que fedia mais que um gambá com vazamento aproximou-se de Osvaldel e disse, dengosa:

– Aé aba tinga.

– Pardon?

– Aé aba tinga menama.

– Was it das?

– Aé aba tinga menama  jucapira. Aé herehó emanomo abaeterecó, manjou ?

– Tetreketelis. ( Nota do editor: Resposta dada pôr Osvaldê em língua egípcia da I dinastia e que significa: “Não manjei porra nenhuma “.Na verdade o autor só colocou esta resposta para dar um ar de erudição neste enredo que está uma merda).

Osvaldê saiu de fininho e foi falar com o padre Montoya que manjava horrores da língua dos indigenos.

– Padre, o senhor ouviu? O bagulhão me disse “aba tinga menama  ou jucupira “. O que significa?

– Ela quer casar com usted, primer bombardino. Senão…

– Ilustre padre, je m’em vais de ici!

– Mas não mesmo Bombardino: estamos sendo ameaçados

  pêlos portugueses e você pode nos ajudar e muito.

– Portugueses? Aqueles barbudos que não tomam banho, dão um  pau federal na indiada e penduram os de allá pelo piscueço?

  Padre je m’em vais de ici e é já.

– Bombardino, eu recebi uma carta de Madrid do padre Cristobal de  Mendonza na qual ele pede que descubramos e enforquemos um  espião português que veio clandestino na expedição; ainda não sabemos quem é mas se insistirmos, logo descobriremos o sacripanta. En passant bombardino, diz “pauzinho “.

– Senhor padre, se é para combater os portugueses, diga ao povo  que fico!

– Bom guri! Apresente-se ao padre Romero.

O padre Romero era um magrão de bunda seca e cara de alcaide, entendido em militanças, perigosíssimo e andava em altas tramas com o cacique Abiaru, casualmente o pai da moça que queria faturar Osvaldel.

Padre Romero pediu que Osvaldel fizesse um breve resumo de suas aptidões e ficou assanhadíssimo quando soube que o distinto falava várias línguas, inclusive o português.

– Ahan! Temos aqui el hombre que podemos infiltrar!

– Padre, o senhor quer que eu me infiltre no meio dos portugueses?

– Justamente!

– O senhor vai me desculpar mas tenho pé chato, sou Testemunha  de Jeová e dispensado de incorporação.

O cacique Abiaru resolveu intervir.

– Aé aba tinga menama ou jacupira ?

Osvaldel reconheceu o som.

– Primer bombardino apresentando-se para infiltrar!

Padre Romero instruiu Osvaldel direitinho do que deveria ser feito; enfatizou que os portugas eram bons em terra mas ruins na água, que o único perigo era se eles pegassem os índigenos no Passo Grande, um local raso muito conhecido.

Padre Romero explicou a Osvaldel onde era o Passo.

Osvaldel embrenhou-se na mata e logo encontrou os portugueses em M’Bororé.

Declarou-se desertor dos padres e contou histórias de atrocidades que sofrera, queria mais era ralar os son of a beach.

Foi submetido ao teste do pauzinho e do pausão. Aprovado, incorporou e imediatamente contou aos portugueses a história do Passo Grande, único lugar onde eles poderiam acabar com o Padre Romero e seus asseclas.

As canoas dos índios estavam justamente atravessando o Passo quando os galegos atacaram: de espada em punho, aos gritos iam entrando na água, aos borbotões.

E, sumindo!!!

Sentado numa canoa, tomando mate, o Padre Romero comentou para o cacique:

– Eu sabia que o sacana iria nos trair: só que não era Passo

 Grande, era Poço Grande!!!

Osvaldel foi aprisionado e remetido para o Cabildo de Buenos Aires.

Anos depois foi libertado e remetido para Lisboa onde desembarcou em 1772 conforme registros da Torre do Tombo.

Da lista de desembarque consta o nome de Osvaldinho Oliveira Salazar.

Começava uma nova história.

 

  XXXXXXXXXX

Seguem-se outras, no Egito, em Portugal, no Continente de São Pedro e há uma coisa que devo observar: as desditas do Osvaldinho têm como pano de fundo acontecimentos históricos, as datas são reais e os episódios também.

O Livro é de 93 assim que se alguém acha que o Jô Soares descobriu uma nova maneira de escrever ficção, enganou-se: antes dele o Osvaldinho já fazia o mesmo.

De modo que, por hoje, já embromei bastante os eventuais leitores.

Notícias da praia informa que está tudo bem por lá.

Boas noites.

8 de Fevereiro de 2000.

 

Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2000, 21:07, trovoadas.

Fazem portanto 21 dias desde o último registro.

Lembrar tudo o que ocorreu, certamente não lembro mais mas festejou-se o aniversário do Pablo, da Heloisa, os Barrios foram e voltaram do Santinho, Os Fietz mudaram-se de mala e cuia para a casa nova, o Bolão tirou férias em Pinhal cercado de inúmeros amigos, os Tergolinas, parte em Maceió e parte no Imbé. Maiôs idas e vindas da Heloisa e minhas, caracterizam um veraneio sem continuidade.

Hoje viemos com todos os teréns e não sabemos se retornamos para o Carnaval que, acabei de aprender, é fixado em função da primeira lua cheia depois do equinócio do verão.

Tivemos duas inundações aqui em casa, frutos de fortíssimos torós de verão. Felizmente a Olívia e o Ledi estiveram em condições de minorar os contra-tempos.

Agora pretendo resolver em definitivo o velho problema da calha norte.

Finalmente vieram os documentos do meu carro.

Com exceção do Pingo e do Ângelo, os mais participantes do clã já se encontram em Porto Alegre: o Ângelo matriculou-se somente na PUC e desistiu da Educação Física na ULBRA porque os horários seriam impraticáveis.

Lucas saiu do Americano para o Leonardo da Vinci.

No que concerne ao povo miúdo, temos a Helena e o Lucas no segundo grau, o Alemão e o Pablo na sexta série do 1º grau; o Diego na quinta, o Chico indo para a segunda e o Zé no admissão ao 1º.

Este ano, a praia não esteve grande coisa: o mar quase sempre escuro, chuvas e temperaturas muito variáveis.

Mês de fevereiro choveu muito e tivemos até dias frios.

Nada indica que março venha a ser bom; na verdade, este ano temos um daqueles ciclos que se repetem a cada onze anos de grandes agitações na superfície do sol e aí o clima da terra fica bem maluco.

São Paulo e Rio têm sofrido muito com inundações brabíssimas e ainda falta um mês para que as coisas fiquem mais amenas.

A Alba tirou férias e a Heloisa vai enfrentar um batente em dois locais: aqui e na Alda que, de costelas quebradas, anda precisando de mais assistência.

As notícias do Rio não são boas e é preciso estar atentos a partir de agora.

No plano político, continuam as trapalhadas do PT que agora enfrenta greve do CEPERS, um velho aliado deles.

Como se sabe, a teoria na prática é diferente.

Temos também a crise da segurança pública e ao que tudo indica, hoje cai o Bixol.

Se não cair é porque ele é muito safado.

Hoje foi um dia muito agitado e estou com sono.

Boas noites. Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2000.

 

Sábado, 4 de Março de 2000, 15:29, dê-le chuva.

A greve saiu e o Bixol não caiu: O PT desfez as nomeações dele mas o cara de pau não pediu as contas. O poder seduz.

Estamos para ir ao Imbé desde ontem mas o tempo anda tão ruim que não dá o menor gosto; agora mesmo acendi a luz dos fundos para que o canário não pegue no sono, tal a escuridão da tarde.

Os Fietz e os Tergolinas estão por lá com exceção da Isinha que está em Montevidéu.

Os Barrios ficaram trabalhando e o Bolão, para variar está de plantão em Parobé.

Hoje estivemos na Alda que está bem. Vai nos mandar uma farofa de galinha para levarmos mas acho que iremos fatura-la à noite.

Na Zero Hora de hoje o Davi Coimbra escreve sobre o Badanha e cita o que escrevi sobre o assunto numa carta ao Scliar; citou certo mas concluiu errado ou então não entendeu.

Tudo bem, isto acontece com as melhores famílias.

Porto Alegre ainda está vazia o que é muito bom.

Pelo que li, hoje começam os desfiles carnavalescos com toda aquela parafernália de carros alegóricos etc.

Com este tempo, será um ano de trabalho posto fora.

Acho que no Rio Grande do Sul não deveriam ser programadas festas ao ar livre: ou está um frio de rachar ou chove em bicas.

Lá pelo Rio e mais para cima, a chuva é um alivio para o calor e não interessa se chove ou não de modo que os pátrias vão para a rua de qualquer jeito.

Aqui, se o neguinho se mete a fogueteiro, ou pega uma baita gripe ou encaranga.

Nosso negócio é churrasco na beira do fogo.

Nunca esquecer a famosa fotografia de carnaval em que aparecem a Graça, o Felipe, a Isinha e o Zé.

Aquela foto merece um Oscar pela mensagem.

Por onde andará o referido documento?

Em termos de clima já estamos no outono e até já estamos nos deliciando com doce de goiabas feito com frutas da nossa árvore.

Se o planejamento fosse ficar por aqui, teríamos ido à feira hoje e comprado uvas para a tradicional uvada que ninguém come.

Acontece que mais importante do que consumir a uvada, é fazê-la; esta casa ontem estava inundada com cheiro de goiaba, sem dúvida – pelo menos para nós – um cheiro de infância.

O que é muito bom.

Falando nisto, vou encomendar figada de Flores da Cunha, a melhor de todas.

A feita pela mãe do Tergolina, D. Íris, também é muito boa mas, com tantos filhos, não sobra para afins.

Devo esclarecer que as fontes de figada são: a Feira, o De Gasperi, a vizinha aqui do lado, D. Íris, Flores da Cunha e o caminhão da praia.

Geralmente, aquelas vendidas, vêm misturadas com abóboras na proporção de 50%: uma goiaba, uma abóbora!

Este processador, metido à lingüista, reclama quando as vírgulas estão postas de modo diferente  de suas regras; o bestalhão não sabe que, à semelhança da crase, vírgulas não foram feitas para humilhar as partes ou seja, você as coloca onde quiser para explicar ou enfatizar o discurso.

Por exemplo: num texto destinado à leitura – e qual não é?- a virgulação deve orientar o orador ou o leitor para o esclarecimento da idéia expressa.

Os gramáticos de subúrbio e casaco puído babam de alegria quando conseguem engazopar alguém com aqueles conhecidos jogos de frases que mudam completamente de sentido de acordo com a posição da vírgula.

Após o que, eles costumam doutrinar com voz de papo e ar sobranceiro sobre a importância da vírgula e aí dá vontade de dar um tiro de sal na bunda deles.

Como neste processador metido a besta.

Em mis virgulas mando yo!!!

Já que estamos em assuntos tais, ontem o Globo Repórter mostrou uma reportagem sobre as reais nascentes do Nilo, um assunto que parecia encerrado desde o tempo do famoso:

  • Livinstone, I presume?

Acontece que  Claudio Ptolomeu, um dos maiores sábios gregos que viveu no século II, afirmou que o Nilo nasce nas Montanhas da Lua, que agora descobriu-se ser verdade!

E o Ptolomeu não tinha satélites, GPS, etc.

E assim, muitas vezes você se depara com conhecimentos postos pelos gregos há mais de 2000 anos e que só agora estamos alcançando.

Afinal, quem eram esses gregos?

As Montanhas da Lua, Os Ruwenzori, como o Ptolomeu sabia que na Lua haviam montanhas?

Imaginemos que a Terra é um planeta experimental onde se tenta reproduzir o que já aconteceu num parente do Sistema Solar ou adjacências.

Imaginemos que, de vez em quando, os experimentadores mandem uma turma de pesquisadores para avaliar “in loco” o que está acontecendo e alguns deles gostem do lugar e desertem.

Chegaram os gregos.

Bem.

And the weather goes on raw and boisterous.

 

 

 

Acaba de chegar a farofa da Alda, trazida pela Ângela, com toda esta chuva.

Acho que já falei que tivemos duas inundações aqui, no quarto da frente, por causa da calha.

Bem, agora pretendemos ter resolvido o problema só que o carpete ainda não secou porque, praticamente, faz duas semanas que chove sem parar e o índice de umidade do ar é altíssimo.

Hoje liguei o ventilador de teto para aumentar o fator de evaporação.

Como ainda sabemos, a evaporação é diretamente proporcional à superfície exposta, ao calor e à movimentação da massa evaporanda.

 

Quarta-feira, 8 de Março de 2000, 21:07, razoável.

 

Quarta feira de cinzas, fim do feriadão de carnaval, voltamos da praia.

Caberia algumas considerações sobre “mais um verão”, Jorge Luiz Borges, etc. etc. mas não estou em maré de altas indagações.

Da família, vieram todos os que estavam no Imbé: os Tergolinas e os Fietz, a Saara e o Beto.

Este ano o maior carnavalesco foi o Ângelo eis que o Pingo estava com uma baita dor de garganta.

A moçada freqüentou mais a SAT embora também vagassem por alguns bares da orla.

Ainda não fizemos contato com o pessoal: apenas o Dr. Barrios me telefonou devolvendo um projetor de slides e eu emendei no ar enviando para eles um freezer!

Bobeia ainda acho alguma coisa bem volumosa para mandar junto.

Contou-me o Carlos que passou o carnaval em casa o que não acreditei porque imaginar que a Patrícia não quisesse nem mesmo ver o desfile da Escolas de Samba, é inadmissível.

Mas o Carlos explicou-me que fora obrigado a fazer uma barganha: trocou o carnaval por um baile de enterro de ossos no sábado quando irá participar de um bloco da turma da Patrícia na AABB!!!

Tudo na vida tem seu preço.

O Carlos vai fantasiado de baiana…

Bem.

Na praia, estive lendo um livrinho do Luiz Fernando Veríssimo, “Traçando Nova Iorque”.

No livro ele faz um monte de previsões sobre o que iria acontecer com os USA; inclusive, era tempo de eleições e ele previu que o Carter ganharia do Reagan a quem ele trata com o mais profundo desprezo dizendo que quando o Reagan contracenava com um macaco, o melhor ator era o macaco.

Previu que Nova Iorque iria ficar inabitável por causa da criminalidade crescente e incontrolável, que os USA marchavam céleres para o brejo e que nem a tradicional criatividade americana iria dar jeito e que em pouco eles seriam terceiros mundistas…

Ele não contava com o Bil Gates e nem com o Bil Pinton.

De qualquer forma, fica claro e expresso que a capacidade analítica do LFV é, no mínimo, horrível, assim que não devemos dar bola quando ele prevê o fim da globalização, do liberalismo e do sucesso do PT.

Acho até que vai dar tudo ao contrário.

Eu, daqui, minhas preocupações são outras: vou negociar com o Lucas para ele me colher umas goiabas no quintal de Ipanema e, a seguir, vou transformá-las em goiabada o que requer um planejamento acurado.

Como se sabe, não se usa mais açúcar na goiabada e sim uma pepsina que acelera o processo todo para uma meia hora!

Perde-se a poesia de mexer o tacho durante horas nas tardes de outono mas a goiabada fica melhor.

Pelo menos é o que dizem os experts.

Darei notícias.

A Heloisa, uma tremenda conservadora em matéria de cozinha, vai resmungar mas serei inflexível: vou de pepsina.

Até hoje sinto não ter trazido um tachinho do Chile, da feira de Valparaiso mas que era um trambolho, era.

Mas que era um taxinho lindo, também era.

Volto ao Chile e compro um tachinho que para outra coisa não vale a pena.

Tremenda pilhada, o Chile.

Em passant, o Pinochet foi liberado pelos ingleses porque estava tão doente que não agüentaria um julgamento: cadeira de rodas, cara de gagá, balbuciante, estes babados.

Quando o avião aterrisou no Chile, ele desceu lépido e faceiro, parecia um guri!

Os ingleses devem estar  putos da vida, como se diz.

Consta que o Pino foi industriado por um psiquiatra inglês para fingir-se de idiota e enganar os juízes.

Vamos ver no que vai dar a novela, esquecida no momento por causa do carnaval, assunto único de jornais e televisões.

Um saco porque é sempre a mesma coisa.

A respeito, no Rio, um turista suíço assaltou um motorista de táxi e depois um turista americano o qual, entrevistado, disse que volta ao Brasil mas certamente não irá conhecer a Suíça.

A gente tem que rire.

O suíço estava tão gambá que nem registraram a ocorrência na policia: põe  tudo na conta do Momo.

Acontece que os caras divulgam o carnaval brasileiro na Europa na base do “todo o mundo nu  “ e aí o publico alvo se pela e vai preso.

O estilo hoje está meio enrolado mas é preciso saber ler nas entrelinhas.

Tudo muito explicadinho, só em livro infantil.

Clareza, concisão e precisão, eis os brilhos do estilo.

E lá vou eu de caniço e samburá.

Estou devendo um giro de horizonte com os mais personagens desta família ou seja, o que fazem – ou não fazem – neste início do ano 2000.

Comecemos pelos troncos.

– Alda Hermínia, com 94 anos, mora no Bonfim, na Osvaldo Aranha, onde é servida pela Ângela; não quer saber de chaperone ou morar com alguém. Está muito bem de saúde.

  • Carmem Fietz, na casa dos sessenta, mora no bairro Rio Branco, viaja muito para o Mato Grosso onde vai visitar o Ricardo. Está bem de saúde.
  • Maria Helena Barrios, mora em Montevidéu, viaja muito pelos USA e Europa. Está muito bem. De vez em quando aparece por aqui e compra tudo o que encontra: no Orogoai as coisas estão caríssimas.
  • Paulo e Íris Tergolina, moram em Caxias e estão bem; dificilmente aprecem e o seu limite máximo em direção ao sul, é o sitio de Feliz.
  • Jaci Weber, mora na Glória, vizinha do Bolão e Liege; além de cuidar dos netos, participa de serviços comunitários. Está bem.
  • Dos genros, nada a acrescentar além do que sabemos: todos continuam com seus afazeres costumeiros, fieis ao principio de que o segredo do êxito é durar na posição.

O Paulo advoga socialisticamente, o Tergolina faz e vende plásticos para alienígenas, o Carlos dá aulas até em São Gabriel da Cachoeira e a Liege arranca dentes da comunidade da Grória, a preços módicos e crédito ilimitado.

  • Heloisa, eu e os quatro, não precisamos de esclarecimentos porque somos personagens constantes destes registros. Sucintamente, a Virginia leciona no Rio Branco com carga semanal de meia hora, a Isinha dá aulas em todos os cursinhos de POA e adjências ( mas não recebe), a Patrícia faz dopler em tudo quanto é hospital e tem consultório no Moinhos,e o Bolão trabalha na Santa Casa onde se especializa em Intensivismo, um negócio que tem a ver com UTI.
  • Pingo, na PUC, em Análise de Sistemas.
  • Ângelo na PUC em Turismo.
  • Helena no Americano, começando segundo grau.
  • Lucas no Leonardo Da Vinci, idem.
  • Alemão, no Americano, sexta série/1º grau.
  • Pablo, no João 23, idem.
  • Diego, no João 23, quinta série/1º grau.
  • Francisco, no N.Sra. da Glória, 2ª/ 1º grau.
  • Zé, idem no admissão ao 1º grau.

Pode ser que tenha cometido algum engano mas em princípio é isto aí.

Como se deduz, a única modificação foi a  saída do Lucas do Americano e ida para o Da Vinci que é um colégio com fama de ser bem mais exigente.

Em compensação é perto da mansão de Ipanema e assim o Lucas terá mais tempo para estudar…

Do que mostra o giro, as seguintes conclusões podem ser tiradas:

1º – o gráu de analfabetismo na família, é zero, o que nos equipara aos melhores países do chamado primeiro mundo;

2º – Considerando que, dos nove netos, oito estão em colégios de extração religiosa, a família é forte cultora da religião;

3º – Seis netos estão em colégios católicos, logo esta é uma família idem.

4º – Considerando que os meninos concluem o 1º grau com 14 anos, trata-se de uma família de gênios ( médios, médios).

5º – por razões óbvias, as mulheres vivem mais do que os homens.

Como se vê, as conclusões são lógicas mas nem sempre correspondem à verdade.

Por hoje é só. Boas noites. Quarta-feira, 8 de Março de 2000.

 

Domingo, 12 de Março de 2000, 11:41, nublado.

Penso que, pela primeira vez, escrevo neste horário, normalmente destinado ao churrasco domingueiro; acontece que com o verão, é tanto churrasco que a gente fica farto e nem quer ouvir falar em picanhas e afins.

Estou dando uma trégua.

Os Fietz e os Barrios – a parte infantil – está aqui em casa desde ontem.

Virginia e Paulo estão na praia e Patrícia e Carlos foram ontem ao tal baile de Carnaval na AABB.

O Carlos estava entusiasmadíssimo com a sua fantasia de tirolês, que consiste num chapeuzinho verde com uma pena de galinha tingida, tudo muito original.

Não sei porque ele desistiu de ir de baiana estilizada…

Parece que a Isinha também foi ao tal baile.

Bolão, Liege e as crianças foram para o Imbé. O Pingo idem: as pessoas, principalmente os mais jovens têm dificuldades em desligar-se do tempo do veraneio.

Depois, com o frio, vão rareando as idas à praia.

O Julio telefonou para avisar que as algas já estão se formando na piscina; antes de vir, coloquei algicida mas acho que o que é fabricado aqui, não funciona.

A única solução é fazer uma aspiração semanal.

Ou então abrir uma fábrica de cosméticos à base de algas cloradas.

Neste verão consegui manter a piscina impecável mas a primeira limpeza foi terrível: o Ângelo e eu tiramos algas com pás durante uns três dias, era um nunca acabar.

Há um momento em que a gente chega a pensar que não irá conseguir mas depois de mil manobras e outros tantos produtos químicos, finalmente a água fica limpa e transparente.

Mas, não pode bobear: é limpeza e cloração todos os dias e o exemplo é o de hoje: mal saímos de lá e já as algas estão se formando.

E o povo ainda acha que sou um chato de galochas, que fica reclamando dos usuários uma série de regras para usar a piscina.

Mal sabem eles…

Qualquer terrinha que vá nos pés, ou gordura, as algas aplaudem e festejam: é bóia para elas.

Ontem o Barichello tirou segundo no circuito da Austrália: houve uma malandragem da Ferrari para o Schumaker ganhar mas, de qualquer forma, já é um avanço.

Como sabemos, os dois correm pela Ferrari.

O Schumaker porque é o melhor e o Barichello porque é buona gente e brasileiro, país em que a Ferrari coloca grandes esperanças de consumo eis que há por aqui uma classe de consumidores de alto poder aquisitivo, todos ligados ao governo…

Em passant, a mulher do Pitta deu uma de Pedro Collor e dedurou todo o esquema de corrupção da prefeitura de são Paulo.

Os citados vieram a público para afirmar que a referida toma sopa de garfo mas, para quem conhece os mecanismos da corrupção, tudo o que ela disse é procedente.

Isto daí vai dar – já está dando – um bolo danado.

O PT agradece penhorado, embora ela tenha ressalvado o Covas.

Estive meditando sobre as grandes besteiras nacionais e, infelizmente, chego à conclusão que os milicos têm grande culpa no que hoje acontece.

No plano geral, em primeiro lugar, um regime forte favorece a impunidade de determinados elementos eis que a opinião pública fica divorciada dos fatos do governo; em segundo lugar porque uma classe política de fantoches, vota leis totalmente absurdas; em terceiro lugar porque as decisões de governo são tomadas sem debates; em quarto lugar porque, no Brasil, como herança da fundação da República, os militares se acham os únicos sábios e preparados do Brasil; em quinto lugar, um processo de estatização violento.

No plano particular, tivemos a unificação das caixas de pensão, o fortalecimento dos fundos de pensão das estatais, a construção de obras faraônicas como Itaipu e a ponte Rio – Niterói e as centrais nucleares.

Iatipu é uma grande fonte de energia mas o problema poderia ter sido resolvido com usinas hidroelétricas menores, menos vulneráveis e mais baratas. A ponte Rio – Niterói, construída com o dinheiro das futuras pensões do INPS, é um monstrengo que custou os olhos da cara e melhor seria se houvesse sido feita uma friuei pelo fundo da baía.

Quanto às centrais nucleares, custaram uma fortuna e sequer funcionam.

Penso que o pior de tudo foi a unificação das caixas de pensão e a criação do INPS.

As caixas funcionavam pelo sistema de capitalização e o INPS nasceu assim mas depois, o Geisel precisou de dinheiro que transbordava do INPS e mudou o sistema de caixa.

No sistema de capitalização, o dinheiro depositado pelo participante, é posto numa conta nominal que só é mexida, digamos assim, quando o referido se aposenta. Assim, uma entidade que trabalha neste sistema, jamais terá excedentes ou resultados de balanço.

No outro sistema, despesas e receitas são avaliadas anualmente e, é claro, numa entidade nova, ainda sem obrigações, a grana se acumula e no fim do ano fica à disposição da deretoria.

E aí a deretoria faz a ponte e outras cositas mais, segundo o velho aforisma “ Aprés moi, le delluge”.

O delluge veio acontecer depois de 90 e não tem solução.

De tudo o que por aí pervaga em matéria de filosofia e política, só de uma coisa eu tenho a mais absoluta convicção: é preciso privatizar o Estado de qualquer forma.

Não devemos esquecer que o patrimônio dos fundos de pensões das estatais, é parelho com a dívida externa do Brasil e que este patrimônio foi feito com a grana dos caras que se aposentam com um salário mínimo. Ou seja, o povo foi explorado – e continua sendo – pela nomenklatura.

Quem lê a Revista do Clube Militar, verifica que os milicos continuam firme em sua convicção de um estado poderoso, operando na área econômica.

O que ninguém sabe é que a maioria dos colegas que por lá pontificam são aposentados duas vezes pelo serviço público eis que abocanharam os melhores cargos das estatais durante o regime militar.

Portanto, estão ricos e dispõe de grana e lazer para ir para o Clube Militar meter o pau no governo que quer se livrar da estatais.

O que vale principalmente para a Petrobrás.

Imaginemos vender a Petrobrás: como iria aumentar a produção de petróleo e como iriam baixar os preços, sem falar que o caixa do governo ficaria saneado.

Pode ser que daqui a uns dez anos isto aconteça.

Mas também pode ser que o Lula se eleja na próxima e aí vai tudo para o brejo.

Como estamos assistindo aqui na terra do Galo Missioneiro.

É o fim da picada.

Para lembrar: existem três governos comunistas no mundo: Cuba, Coréia do Norte e Rio Grande do Sul.

Estamos bem acompanhados!!!

Então tá: até a próxima.

Domingo, 12 de Março de 2000.

 

Sexta-feira, 17 de Março de 2000 22:15, calor e nuvens.

 

Ontem tivemos o meu aniversário e depois de muitos anos, reapareceu o velho e amigo barril de chope, presente do Paulo e do Tergolina.

A noite estava quente e convidava mas, como hoje é dia de trabalho,  o povo foi comedido e sobrou chope.

Estavam todos os de casa mais o casal Vares, o Leo e a Enilda, o Joaquim que me trouxe de presente um confortabilíssimo par de sapatos;

Ganhei livros – conforme havia pedido – e um belo pijama dos Fietz.

Heloisa fez uma janta muito boa de maionese de camarão e fricassé de peito de frango.

O povo do Rio, telefonaram todos e hoje a Silvia.

Disse ela que o Nelson vai chegar tarde mas, se num horário familiar, irá ligar.

A semana foi juridicamente muito agitada e ainda não terminou, ficou um rabinho para traz.

Acontece que pretendo ir para Bagé na semana que vem e é preciso que fique tudo em dia. Os famigerados prazos.

Ontem cogitou-se do Ângelo ir trabalhar comigo eis que só tem aula de noite; é uma boa idéia e vou rearranjar o escritório para colocar uma mesa para ele.

Disse-me ele que quer fazer o serviço militar e vamos fazer força para que consiga o CPOR.

Curso de Engenharia.

Acho que dá.

No mais, tudo em paz: semana que vem apresenta-se a Alda.

No campo político, a mulher do Pitta, aquele negrão prefeito de Sãso Paulo, botou a boca no trombone e enredou o pé do cafuso e do Maluf.

Mais do que isto, desencadeou uma onda de denunciar corrupção e agora todo o mundo quer falar.

É uma grande chance de melhorar o Brasil.

Vamos ver no que dá.

De um modo geral, favorece o Lula e acaba com o ACM e o Maluf.

Provavelmente muita água ainda vai rolar debaixo da ponte e vai ter muita gente indo para escanteio.

O PT agradece.

PT que certamente virá de Tarso para a Prefeitura.

Pela frente o Negrão Colar quem, com sua habitual combatividade e raiva do PT, vai botar fogo no circo.

O segundo semestre 2000 irá ser agitado.

No mundo dos esportes tivemos o anunciado afastamento do Leão e a demissão do Dunga.

O affaire Dunga está dando panos para mangas porque, inegavelmente, o Colorado não tinha e não tem cacife para honrar o contrato que fez de, entre outras coisas, US$150.000,00 por mês.

O assunto foi para a Justiça e se o Colorado perder – e perde – acaba entregando o Beira Rio para o Dunga.

Aguardemos.

Assim que boas noites.Sexta-feira, 17 de Março de 2000.

 

Terça-feira, 28 de Março de 2000, tempo bom, esfriando.

 

Para registrar que o Dunga deu um chute na bunda do Colorado: o dinheiro que recebeu, R$350.000,00 foi doado para instituições de caridade!!!

Ontem estive pensando que este registro, por ser de um novo século, deveria ser mais sério, ter mais profundidade.

Vamos ver o que será possível fazer.

No âmbito familiar, neste tempo em que não compareci, as coisas se passaram normalmente: neste último fim de semana fomos ao Imbé e estava ótimo.

Os Fietz também estavam lá eis que agora o Paulo vai todos os fins de semana o que é normal para quem mora em apartamento.

E também porque estão equipando e completando a casa.

Até à Páscoa, decerto, o terreno já estará gramado.

Domingo chegou a Maria Helena Barrios que irá se operar de diverticulite ou algo assim; daqui a pouco vamos busca-la no Clinicas.

Também o Joaquim Freitas esteve baixado lá por uma semana com problemas cardíacos.

Interessante que durante o veraneio ele estava muito bem e várias vezes tomamos chimarrão; também no meu aniversário ele esteve aqui em casa e até chope tomou.

Aí bateram umas anginas. O problema do Joaquim é a terrível diabete.

Ganhei dele um sapato anti stress que é uma beleza.

Foi comprado em Gravatal, imagine-se.

O escritório vai bem, sem maiores problemas; pretendo comprar um birô para instalar o Ângelo que pretende me dar uma mão, a partir de abril.

O Pingo começou a trabalhar num escritório de advocacia.

No fim, o que quebra o galho mesmo é o curso de Direito.

Pena que ainda não haja sucessores: a pessoa receber um escritório montado é uma mão na roda.

E tem o do Paulo e o meu.

Estive em Bagé, fiquei dois dias na Fazenda da Ronda que está muito bonita, o Renato realmente é muito caprichoso.

A cozinheira é um desastre e as refeições eram iguais: arroz, feijão e ovelha. Houve substituição de ovelha por lingüiça…

Quando eu for a Bagé de novo, vou para Santa Ana ou fico no hotel.

Quem anda desaparecido é o João que está trabalhando em uma empresa de Informática.

O João perdeu a grande chance de resolver bem a vida dele quando foi chamado pela General Motors.

Por causa dos seus inúmeros envolvimentos emocionais, ele não conseguia ficar no estágio em São Paulo e acabou faltando mais do que trabalhando; aí, sobrou.

Não foi por falta de conselhos: fiz o que pude para convence-lo de que deveria esforçar-se ao máximo para atender às exigências da empresa porque multinacionais não têm tempo para envolver-se com assuntos pessoais de funcionários. É um toma lá, da cá, seco, sem adjetivos.

Só que o “toma lá” deles era excelente e agora o João trabalha por um quarto do salário que recebeu da GM.

Tudo bem. É o homem e suas circunstâncias.

Ontem o Ângelo passou por aqui, vindo do futebol e indo para o Mama, um roteiro comum no quotidiano dele.

O que me surpreendeu foi a sua altura: acho que já está mais alto do que eu.

Está gostando do curso de Turismo.

Falando nisto, está chegando a hora dele apresentar um trabalho sobre Barroco Brasileiro.

É um assunto interessante: dos barrocos que conheço, inegavelmente o nosso é o mais rico mas não em Minas como geralmente sonha a nossa vã cultura: é na Bahia e em Pernambuco que está todo o esplendor do barroco e é obra dos escravos e não dos Aleijadinhos da vida.

Imagine defender uma tese destas naquele poço de mediocridades que é a PUC. Barroco para elas ( são elas) é sinônimo de Ouro Preto, Mariana etc.

De qualquer forma, vou sugerir: ou o Ângelo se glorifica ou repete o semestre…

O barroco espanhol e o da América espanhola é sombrio, negro, fúnebre, metálico; o português não fica atrás, embora um pouco mais claro.

Já o daqui é uma delírio de clores claras, torneados incríveis onde predomina a madeira nobre.

A igreja de São Francisco de Salvador é, na minha opinião, a obra mais importante do mundo, em barroco.

Lamento não conhecer a variação italiana mas me parece que lá predomina o estilo clássico, greco – romano, em prejuízo do barroco.

Em Portugal, o estilo manuelino é um barroco muito complicado, com grande influência árabe.

Então tá.

Está começando a campanha para a Prefeitura e esta vais pegar fogo porque não será a mesma barbada de sempre para o PT.

O governo do Olívio está indo águas abaixo, o PT está rachado entre o Tarso, o Fortunati e o Raul Pont e o Negrão Collar está se armando para vir a mil para cima dos PT.

Vai ser muito estimulante.

Hoje começam as eliminatórias para a Copa do Mundo e o Brasil joga na Colômbia, a 2.600m de altitude, com cinco reservas no time.

Os colombianos estão a mil, super empolgados e é muito provável que ganhem.

Se eles jogarem sério, ganham de barbada porque o time brasileiro é, basicamente, uma gurizada.

Bem , está na hora de ir buscar a Maria Helena.

Começa que não era a Maria Helena, era a Patrícia que achou por bem fazer uma endoscopia do estômago; surpreendentemente não deu nada.

A Maria Helena já está num apartamento de luxo no Moinhos, tomando clisteres, com perdão da má palavra.

No Clinicas ( hoje é só hospital) encontrei a Sirley quem me disse que o rotorooter não resolveu nada, que as safenas que o Joaquim colocou também entupiram, em suma, situação desconfortável.

Parece que não há mais nada a fazer no campo das cirurgias e aí também é hora de mandar o Zago passear( sempre achei que “Zago” é nome de mecânico chapeador, funileiro).

– Leva no seu Zago e manda soldar a alça da panela.

É politicamente correto não se julgar pessoas pelo nome mas já imaginou vosmicê chegando num consultório de dentista com uma baita dor de dente e ficar sabendo que o nome do referido é Genésio!!!

Genésio não é “Dr.”, é “seu”.

  • Seu Genésio, me dá um quilo de cebola.

Tudo bem.

  • Genésio, por favor compareça urgente ao centro cirúrgico.

Aí, não dá , é ou não é?

Em passant, estivemos lá na Patrícia onde o Beto foi analisar o sistema de ar condicionado.

Aproveitei para contratar o concerto da porta do freezer.

E também para ver o futuro birô do Dr. Ângelo.

Achei o que queria.

Também vi o tamanho das calças do Carlos: 46, longo.

É que ele hoje está completando aniversário e é preciso comprar o presente.

Não haverá festa porque a Maria Helena está baixada.

Maybe no fim de semana.

Assim que entre atenienses e espartanos, todos estão bem e aproveito o ensejo para desejar boas noites e um bom jogo contra os colombianos.

Terça-feira, 28 de Março de 2000.

 

Quinta-feira, 30 de Março de 2000, nublado.

Tivemos, entre ontem e hoje, a operação da Maria Helena e o nascimento de mais um herdeiro para o casal Nico x Valdívia.

Ao que tudo indica, estão bem as senhoras referidas.

Prosseguindo no assunto( os ingleses recomendam falar do tempo e das estradas), visitei o Joaquim que esteve baixado uma semana no Clínicas.

Já foi para a casa mas naquela de “ não tem mais nada para fazer, a não ser regime alimentar e repouso”.

Assim que a temporada hospitalar está animada.

Por proposta do Veio Bauer, semana que vem começamos uma rodinha semanal de poker; os outros parceiros são o Vares e o Leibi.

Não vai durar.

Quem lembra os personagens Hooker e Gestendorf?

“O Grande Golpe”, eis a pista.

Um dos melhores filmes que já vi.

Hoje coloquei um pequeno birô no escritório com vistas à futura estada do Ângelo que vai ingressar no importante treinamento de office boy.

Das poucas coisas de que tenho certeza em questa vita a primeira é que o menino que foi office boy leva uma imensa vantagem sobre os outros.

Todos – todos – os bons office bois que conheci, acabaram diretores.

Vamos ver se a coisa funcionará.

O que está na moda é o programa de perguntas do Silvio Santos; é cada pergunta que a gente tem vontade de se esconder debaixo da mesa e mesmo assim, os cabeça de bagre não respondem.

O perguntando pode pedir ajuda para três universitários e aí é que a coisa complica: os caras erram quase sempre.

A coisa chegou num ponto que ninguém mais pede ajuda para aqueles pátrias.

Pode pedir também ajuda para um grupo que irá concorrer ao programa e também fazer um sorteio com cartas.

É uma barbada tão grande que todo mundo fica com vontade de ir lá e daí o programa estar com audiência muito maior que a da Globo.

O prêmio pode chegar a R$1.000.000,00.

Fica assim demonstrado o meu aforismo: nunca desprezes a ignorância alheia, ela é muito maior do que possas sequer imaginar!

Isto eu aprendi no quotidiano, convivendo com pessoas que deveriam saber ao menos qual é capital do Paraná.

Lembro um colega enfatuado que definia galináceo como sendo uma ave chamada galinha.

O pior é que ele achava que esta deveria ser uma regra generalizante, p. ex., leãozáceo é um bicho chamado leão.

Assim não dá.

Lembro uma vez que o Alex gaiteiro disse que a Noruega era ali próximo da Venezuela…

Naqueles tempos dizia-se “oligão” para intelectuais assim dotados.

E os havia, de montão.

Perdão, há.

Hoje ouvi um papo do Tarso Genro na rádio e o que o cara disse de asneiras foi realmente constrangedor mas o outro oligão, estava encantado com a cultura do Genro.

O Tarso só apareceu porque contracenou com o Olívio e aí é barbada.

Quero ver ele contracenar com o Negrão Collar.

O rei vai ficar nu.

Com o que, colho o ensejo para desejar boas noites às partes.

Quinta-feira, 30 de Março de 2000

 

Sábado, 1 de Abril de 2000, 23:38, bom.

O adiantado da hora é porque a Heloisa foi dormir na D. Alda que está amolada dos hemorroidas e eu fique vendo o Silvio Santos; por sinal, uma candidata respondeu certo mas a produção considerou errada a resposta.

Verifiquei no dicionário e ela está certa.

Marulhada, de acordo com a produção do programa é  “ marujo” mas, na verdade é movimento do mar.

Vamos ver de como o Abravanel sai desta.

Aliás, lendo “Nau Capitânea” verifico que já em 1500, havia em Portugal um judeu que se dizia cartógrafo mas estava mais para enganador.

Chamava-se Abravanel…

Telefonei para o Rio e parece que a Zilda entrou numa fase ruim, está no hospital.

A Simone ficou de manter-me informado.

Estou lendo, com surpresa, o Machado de Assis quem sempre considerei um chato.

Não é: os assuntos sobre os quais ele escreve é que são meio cansativos.

No entanto, há que reconhecer que ele escrevia muito bem.

Cabe a pergunta que ele mesmo formulou num poema:

  • Mudaria o Machado ou mudei eu?

Vou pensar.

Amanhã grandioso churrasco com, parece, boa presença.

No mais tudo em paz.

Boas noites.

Sábado, 1 de Abril de 2000.

Sexta-feira, 7 de Abril de 2000, 17:11, calorão.

Lembrando de uma churrascaria de que gostávamos muito e que ficava na rua Sete de Abril, presumo que hoje tenha sido uma data importante na história pátria.

Só lembro da salada que vinha numa travessa e era variadíssima, o que faz concluir ser o estômago mais importante do que a História.

Esta semana o Ângelo começou a trabalhar no escritório e está na fase do aprendizado: já fomos ao Fórum, ao Banco, ao Correio etc.

Obviamente ele aprende muito rápido o que seria de esperar de um universitário.

Ganha R$50,00 por semana o que, somado a uma mesada que decerto deve ganhar do Tergolina ou da Isinha, dá para suas necessidades não básicas.

Hoje temos jantar da Engenharia na 1ª DL e pretendo ir.

No momento, o que mais anda fervendo é a campanha eleitoral para a Prefeitura de POÁ.

Neste fim de semana sai o candidato do PT que deve ser ou o Tarso ou o Pont.

Logo sai o do PDT: se for o Negrão, a coisa vai pegar fogo.

Pelas pesquisas, ganha o Tarso disparado mas vamos ver.

O PT é muito competente eleitoralmente: no mo mento a cidade está toda em obras e até a nossa rua- caracteristicamente de borguês, como eles dizem – foi asfaltada e está sendo varrida todas as manhãs.

No plano nacional, é notícia a briga entre o ACM e o Jader Barbalho.

Os dois se xingam de ladrão para cima.

O Jader eu garanto que é .

Isto tudo por causa do episódio da mulher do Pita que, diga-se, já está no mato sem cachorro porque falou demais e não tem provas materiais do denunciou.

Vai se ralar.

A Maria Helena está se recuperando mas não temos tido notícias freqüentes.

No Rio, as coisas não vão bem: temos tido extensos relatórios da Lucia.

É interessante que, mesmo com pedidos freqüentes, os Rembold não informam nada.

No fim a gente cansa pois parece que somos intrusos na privacidade deles.

Vale para todos.

Até para a Lucia que vai lá freqüentemente, as fontes não são abertas, há sempre uma restrição.

Dá para deduzir que o Alemão teme que vá alguém para lá e aumentem as suas tarefas.

Se alguém fosse, é óbvio que não iria parar lá.

Mas, deste jeito, ninguém vai.

Amanhã, almoço de aniversário do Pingo e casamento da Karen.

Não fosse esta série de eventos sociais, certamente iríamos para a praia porque a temperatura está alta, 32ºC e brilha o sol.

Hoje almoçaram aqui o Alemão e o Ângelo; o Alemão veio mostrar uma prova de História em que tirou 9,8.

E, não era fácil. Decadência do Império Romano, a mestra aproveitou para dar umas pauladas no capitalismo e correlatos.

Já vi que os professores de História, contam-na como se tudo se passasse agora; na verdade, os conceitos eram bem diferentes.

A escravidão, p. ex. , era uma situação legal decorrente de derrotas guerreiras e a situação do escravo completamente diferente da que conhecemos pelo nosso instituto.

Recomendo estudarem o instituto da escravidão entre os povos antigos.

Havia diferenças fundamentais entre os escravos de árabes, de judeus, de romanos etc.

Na verdade quem criou o direito de vida e morte do senhor sobre o escravo foram os romanos, por analogia: se o vencedor podia matar o vencido se assim quisesse, também poderia matar o escravo já que este era um vencido na guerra.

Mesmo assim, as leis de Roma eram severas no que concerne ao tratamento de escravos por senhores.

Como costumo afirmar, não devemos pensar que todo o mundo era como os portugueses que sempre foram extremamente cruéis com que lhes estivesse submetido.

O tema vale um estudo muito interessante mas ninguém quer mais perder tempo com portugas.

Nem eles: em Portugal, a impressão que se tem é que os galegos não sabem nada do seu passado e se sabem, escondem-no.

De vez em quando eles se referem às riquezas de alguma igreja como”construída com o ouro do Brasil “ mas só porque, no momento são socialistas mas como ainda lambem as feridas do salazarismo fradesco, são reticentes nas afiramativas.

De leve porque nunca se sabe o que pode acontecer.

Agora, p. ex., na Rússia, ganhou as eleições o tarado que dirigiu a KDG por muitos anos.

Deve ter negrinhos se borrando e é nisto que os portugueses pensam.

Em passant, hoje passo “Nau Capitânea” para o Ângelo eis que o seu professor de História está dando a viajem de Cabral.

Na verdade o Galvani poderia ter explorado um pouco mais o quotidiano nas caravelas que é matéria interessantíssima.

Pelo Galvani, as coisas se passavam como num navio de hoje, o que está muito longe da verdade.

Vide o instituto da “Trolha “.

No mais, tudo em paz.

Até a próxima.

 

 

 

Terça-feira, 18 de Abril de 2000, 23:00, chuva.

Fazia tempo!

Acontece que tivemos muitos happenings noturnos e aí falta tempo e disposição para sentar e escrever.

Houve o almoço do Pingo, o casamento da Karen, o jantar anual da Engenharia, churrascos etc.

Também, quarta feira passada, dei uma batida com o Versailles que não estava no programa.

Estou a pé até semana que vem e aproveitando para colocar o Gol em ordem.

Registro que ele apresentava um ruído  feio que teve  “n” diagnósticos, desde coroa e pinhão até rolamentos da  caixa.

Personagens importantes na arte de localizar e especificar origens de ruídos, como o João, ficaram sem saber ao certo do que se tratava.

Aí o Ângelo saiu com a Heloisa e achou que o barulho vinha do painel e que ponteiro do velocímetro estava pulando!!!

Toing….

Hoje trocamos o cabo e regulamos o velocímetro.

Falando no Ângelo, ele vai muito bem no seus trabalhos comigo e logo estará passando da fase de ofice boy para estagiário.

Heloisa continua firme no seu curso de postura corporal, lá na ESEFURGS.

De um modo geral, o povo vai bem, todos esperando a Páscoa.

Como o tempo está meio enrolado, com chuva e até frio, estamos aguardando os acontecimentos mas é possível irmos ao Imbé na quinta feira.

Do Rio, silêncio de rádio. Nem Lúcia nem Alemão têm dado notícias.

O PT escolheu o Tarso para candidato e agora temos que torcer para o PDT escolher o Negrão.

Vai ser difícil porque o PT é muito competente politicamente mas, como Negrão, é possível que se chegue ao menos a um segundo turno.

Pelo PMDB vai o Busato que também bate forte.

Pelo mundo ocidental, continua a novela do Elian, aquele guri cubano, e a queda das ações das companhias de alta tecnologia.

O juiz que julgou a questão da Microsoft decerto não imaginou que a sua sentença iria influir no mundo inteiro.

Mas parece que o furacão já amainou: hoje as bolsas reagiram e as ações Nasdac ( High Tec), subiram bastante.

Também temos o caso Ronaldo quem , no primeiro jogo após a operação no joelho, rompeu os ligamentos e teve um deslocamento de rótula muito feio; tão feio que deu para ver na imagem da TV a rótula dele saindo do lugar.

Não se sabe se ele voltará a jogar.

Este ano, certamente não.

Olhando o que escrevi, até parece jornal de TV: é só notícia ruim.

A boa é que um índio quase espetou o ACM no Senado…

Aliás os índios estão fazendo o maior auê com a história dos 500 anos: um monte de beiçudos pintados, andando para e lá e para cá, de bermudas e chinelas de dedo, dizendo que o Cabral era um grande filho da puta.

E aí, os intelectuais de salário mínimo, aplaudem os nojentos e escrevem os mesmos lugares comuns de sempre: a descoberta não foi descoberta mas sim uma conquista, que Cabral sabia para onde ia, que os portugueses já tinham estado aqui etc. etc. etc.

Só eles que sabem disto: ninguém nunca desconfiou.

Até um livro “De esmeralda situ orbis etc. “ ou algo assim, um piloto português já havia escrito.

O cara ser intelectual em Porto Alegre significa ter feito curso de Letras na PUC, noturno, e escrever uma tese sobre o emprego que o Pero Vaz pediu para um sobrinho dele, na famosa carta ao rei D. Manuel.

Nunca esquecendo que deve freqüentar o cine Guion e os eventos de Porto Alegre Em Cena, na Casa de Cultura Mario Quintana.

O pobre do velho Mario deve amaldiçoar o nome da tal casa, tão ruins são as apresentações que fazem por lá.

Este ano foi tanto vexame que duvido que a coisa se repita no ano que vem.

Quando a gente lê as notícias sobre os tais espetáculos, fica pensando que alguém está brincando, que deve ser gozação mas, não é.

Os caras são medonhos, mesmo.

Este ano piorou porque agora tudo quanto é tarado do Mercosul tem estande para apresentar suas besteiras: vem gente do Chile, do Uruguai, da Argentina e até do Paraguai.

A condição é ser do PT de lá.

Teve uma malher – argentina –  que montou uma balsa dentro do Guaíba com um monte de comida dentro.

Resultado: os aribus acabaram com a pièce d’honeur dela e o fedor ficou insuportável,.

Tiveram que chamar a SMAM para recolher o lixo e a malher deu discursos, indignada com a inguinorância dos nativos que não sabem reconhecer uma obra prima.

Então tá.

E por aí empós: como disse, foi tanta besteira que duvido que o ano que vem reabra a tal feira de maluquices.

Um outro personagem montou um murinho de tijolos no Largo Glênio Peres e idem ficou indignado quando alguns provectos cidadãos, dedicados a empreendimentos papeleiros, na calada da noite, desmancharam o tal murinho para proceder à melhorias em suas residências.

O artista achou que eles estavam protestando contra a sua obra…

Nesta altura e no tal festival, andar com uma melancia pendurada no pescoço é uma declaração de recato e conservadorismo.

Pena que não fiz registros mais próximo dos acontecimentos: teria sido muito mais divertido; agora já esqueci muita coisa.

Quando o Stanislau escreveu “Festival de Besteiras Que Assola o Paíz “, em 64, ele nunca imaginaria o que iria acontecer em 2000,  no reinado do PT.

A Secretaria de Cultura do Município, é uma coisa de derrubar o queixo: no tempo do Olívio, até revistinhas de sacanagem eram publicadas mas agora parece que piorou.

A ordem deve ser  “ Èpater les bourgeois ”.

Prometo que vou ficar de olho nas promoções culturais do Município e do Estado.

Dizem que o Olívio foi numa festa de galpão, tomou umas canguaras e instado, declamou:

– Quando eu era pequeninho

Minha mãe me dava leite

Mas agora que eu sou grande

Minha mãe me dá porreite.

De acordo com as notícias, foi vivamente aplaudido pelos presentes.

Pior do que isto só as questãs lá de Bagé, com as inúmeras petições alegando que as ovelhas furaram as cercas, que os bois tiveram suas marcas trocadas, que o fulano derrubou o aramado, que o x churrasqueou os carneiros do y etc. e tal.

Eu não mereço, eu devia era morar em Princeton e lecionar História Antiga na Universidade.

Fumar cachimbo, ter uma poltrona e um cachorro simpático.

Maudit Cabral.

Muito bem, por hoje chega.

Boas noites. Quarta-feira, 19 de Abril de 2000.

 

Quinta-feira, 27 de Abril de 2000, 06:52, bom.

 

Ao que me lembre, esta é a primeira vez que começo a escrever tão cedo; acontece que fui ao aeroporto levar Heloisa que embarcou para o Rio.

Infelizmente a Zilda faleceu ontem de noite, 21:00 horas e a Heloisa está indo para o enterro.

Retorna hoje de noite.

A previsão é que o enterro seja hoje ao meio dia.

Foram três anos de sofrimento para a Zilda.

E a vida continua.

Bem.

Passamos a Páscoa no Imbé e estava muito bom: tempo de Outono perfeito, estiveram quase todos ( Bolão de plantão e Isinha voltou sábado), houve procura de ninhos, churrasco etc.

O inusitado ficou por conta do assalto que a Isinha e os guris sofreram na madrugada de sábado.

Ela estava com o Ângelo, o Lucas e o Edu Galinha no carro e fora em casa carregar para voltar a POÁ, lá pela meia noite.

Aí apareceu um personagem armado com revolver e, após ameaçar os guris, levou a bolsa da Isinha.

Ninguém se afobou, a Isinha levou o assaltante no papo e ninguém se machucou.

O cara estava chapadíssimo e só não levou a pior porque, nestas horas, a surpresa faz a vantagem e ninguém tem condições de bolar uma contra-ofensiva.

De qualquer maneira, os documentos todos foram achados no dia seguinte, domingo, e nem mesmo cheques assinados o assaltante levou.

O cara deveria ser um amador e só queria uns pilas para a droga.

Ficou só a raiva da impotência e a necessidade de mais precaução mesmo no Imbé.

Com a história da Polícia não mais baixar o cacete nos marginais, sejam eles assaltantes ou agitadores, a situação da Segurança está ficando medonha.

Tivemos um exemplo contundente agora nos festejos dos quinhentos anos do descobrimento: uns arruaceiros do PT e do PCB tocaram fogo no relógio dos quinhentos anos e a polícia só assistiu.

Questionado, o filho da puta do Olívio disse que a manifestação era legítima e a Brigada não poderia mesmo baixar o cacete.

Depois se desdisse com  maior cara de pau e é por isto que eu adjetivei o personagem.

Acho que, com esta o Tarso, terá dificuldades em se eleger.

Repito: estes PT ainda vão armar confusão e da grossa.

Ante ontem estive em Caxias e Flores da Cunha e trouxe de lá anioline, torteil e figadas. Além de uvada e pessegada.

A doceira de Flores é daquelas italianas típicas e o seu local de trabalho, com tachos, fogão a lenha etc. é muito agradável de se ver.

Na frente tem uma placa: “ CHIMIA…”

Ontem jogamos pocker e só eu ganhei.

Fiquei com a impressão de que os mais parceiros, Vares, Bauer e Leibi, não são páreo mas, em jogo, nunca se sabe.

De resto tudo andando.

Hoje seria o aniversário da mãe e pretendo dar uma chegada no cemitério.

Lembro que não costumo comentar os falecimentos, como é o caso da Zilda porque acho a morte um acontecimento tão complexo e inexplicável que não me atrevo.

O que cabe é lamentar e esperar que os sobreviventes consigam seguir suas vidas.

Até a próxima. Quinta-feira, 27 de Abril de 2000

 

Sábado, 29 de Abril de 2000, 18:26, nublado e quente.

 

Acabamos de chegar da Gauchacar (?) onde adquirimos um Gol 2000 para Heloisa: demos o velho ( mas ainda muito bom e com grandes serviços prestados à família), mais R$ 5.000,00 e o restante financiado em 36 meses a R$ 320,00/mês.

É um Gol de geração 3, mesmo que eu não saiba o que é isto.

Quem botou lenha na fogueira foi o João mas, estava na hora de trocar o Gol 89.

Inclusive, na volta da Heloisa do Rio, nos deixou na mão no aeroporto.

Hoje os pais do Tergolina festejam sua bodas de ouro e foram todos de ônibus para Piratuba, uma estação termal de Santa Catarina, vale do rio do Peixe..

A viajem começou ontem de noite e devem regressar amanhã.

Foram o Pingo, o Ângelo e o Lucas.

Grandes festas.

Ano que vem devemos idem completar 50 anos de casados.

Não demora e vão ter que inventar um metal para festejar 100 anos!

Urânio, decerto e os mais abastados irão festejar na Lua ou em Marte.

Lembremos que há 50 anos atrás, voava-se de DC2 e ir ao Rio levava de 5 a 6 horas.

Sugiro Imbé…

Aliás, amanhã pretendemos ir para lá, entre outras coisas para ver o filtro da piscina que, segundo o Julio, pifou de vez.

Há horas que quero trocar o filtro e parece que esta é a oportunidade.

Muito trabalho pela frente e pouca – pouquíssima – disposição.

O coração não anda lá estas coisas.

Hora de ir no Jorginho.

Os Fietz já estão na praia, sem notícias dos Barrios e o Bolão fazendo o seu tradicional plantão em Parobé.

Lembremos que segunda feira é feriado.

Isinha também sem dar notícias mas deve estar tratando de aproveitar a ida dos guris para dar uma geral na mansão de Ipanema.

Heloisa acaba de chegar da Alda e está tudo em paz, dentro das posssíbilidades.

O Paulo até agora não fez contato.

Amanhã, Grenal sem maiores interesses porque ambos os times estão uma porcaria.

Assim que desejo boas noites a todos.

Em tempo: para quem escreve, a maior dificuldade é de como começar uma história mas eis que me acudiu uma idéia genial.

Deve –se começar assim: “Era uma vez…”

É ou não é?

Sábado, 29 de Abril de 2000

 

Terça-feira, 9 de Maio de 2000, 21:28, frio.

Nestes dez dias muitas coisas aconteceram: a Heloisa recebeu carro novo, eu comprei um computador novo, encerrei uns processos muito chatos, o Collar ganhou as prévias do PDT, o MST está afim de botar fogo no circo e por aí empós.

Também perdi um dentão daqueles de traz, um caso de banguela virtual.

Amanhã devo fazer o seguro do gol para que afinal possa sair da garagem(?).

Sem seguro, nem pensar.

O carrinho tem uma placa fácil: IJL3453.

Os familiares estão todos bem, como naquele filme do Mastroiani.

Os Barrios passaram o fim de semana em Gramado e o restante do povo veio para cá faturar um grandioso galeto.

Esteve também o Paulo Martins que na hora do bem bom disse que queria carne…

E eu disse que carne não tem.

Então ta.

Hoje aniversaria, quinze anos, a Emanuela e a Heloisa telefonou para lá mas não há sinais de grandes festas.

Decerto para não surgirem tentações de guloseimas.

A Silvia já está trabalhando numa novela cafona mas é o que ela pediu para a Grobo pois deseja tempo para a família.

Nelson andou por aqui em assuntos budistas mas não apareceu.

De grão em grão a galinha enche o papo mas eu abusei na janta e estou meio enjoado.

Meu estomago que digeria aço inox, nestas alturas reclama até de canja.

Acho que estou ficando velho…

Acabo de vir da TV, canal 7, onde apresentaram a Virginia dando aula; pena que chegamos atrasados mas decerto alguém gravou.

Hoje as notícias são poucas mas não por serem e sim porque estou enjoado stritu senso.

Assim que boas noites.

Terça-feira, 9 de Maio de 2000.

 

Segunda-feira, 15 de Maio de 2000, 22:24, enfarruscado.

De vez em quando acodem-me lembranças de velhos poemas:

Lá brada César morrendo,

No pugilato tremendo

Quem sempre vence é o porvir.

Ora, o que é  que tem a ver o Cesar com as calças?

Pior do que isto só o programa da Hebe que a Heloisa está assistindo como costuma fazer às segundas feiras.

A Hebe, o Tom Cavalcante, o Sai de Baixo e até o Faustão, já deveriam ter pegado o bonde e ido para os vestiários; principalmente porque não existem mais bondes.

A pé, seus enganadores.

Domingo, ontem, Dia das Mães, grandioso churrasco; não esteve o Bolão que se divertia no plantão de Parobé, grande centro médico do Vale do Parinhanha.

Tem até espátula para baixar a língua dos eventuais amigdalíticos.

Em compensação, os açougues de lá têm carne ótima e barata.

Claro que não tão baratas como afirma o Bolão mas com isto já estamos acostumados.

Hoje estive em Guaíba, lugar que não ia há mais de 50 anos; é surpreendente a vista de Porto Alegre; fui na casa de um grande proprietário quem, do pátio, tem uma visão de Porto Alegre, ali, na frente.

Se houvesse barcos, poderia se dizer que mora no centro.

A terra é plana e o gramado se estende até a beira do rio.

Uma beleza.

A propriedade dele, uns duzentos hectares, fica ao lado da área em que seria construída a Ford!

O cara, que perdeu uns cem milhões nesta brincadeira, tem uma opinião muito especial sobre o Olívio e o PT.

Somente indo lá e ouvindo as partes é que a gente pode avaliar a cagada dos PT e o prejuízo que deixaram para o Estado.

Não vamos nos recuperar mais.

Com a Ford e a GM aqui, as duas maiores empresas tradicionais do ocidente, o Rio Grande estaria em todas as vitrines e despertaria o interesse do resto do mundo.

O que teríamos de novos empreendimentos é inimaginável.

Agora – é verdade- também estamos nas vitrines: junto com a Coréia do Norte , somos os únicos albaneses do mundo.

Não podemos esquecer.

Quinta feira o Dr. Barrios segue para os USA; leva a incumbência de trazer uma nova máscara para o Papai Noel.

No mais, tudo em paz.

Bastante trabalho e pouca, pouquíssima disposição.

Não sei quanto tempo mais agüento.

Ou talvez isto seja a síndrome da segunda feira?

Quien sabe?

Se o sob do Olívio pagasse precatórios, eu poderia me aposentar com toda a tranqüilidade porque já teria uns 150.000,00 garantidos.

Para registrar que um vendaval levantou parte do telhado da casa dos Fietz no Imbé mas foi coisa de pouca monta.

Assim que boas noites. Segunda-feira, 15 de Maio de 2000.

 

Segunda-feira, 22 de Maio de 2000, 17:39, bom.

Há certos versos que, mesmo sem ter nada a ver, casam – se perfeitamente:

 

“Estava a doce Inês posta em sossego

Por mares nunca dantes navegados…”

 

É claro que os dois são do velho e denodado Camões mas, um é uma coisa e o outro é outra, grande verdade!

A doce Inês é aquela que depois e morta foi rainha no século XIV e  quem andou por mares nunca dantes navegados, foi o Vasco da Gama e outros, no inicio do século XVI.

A pergunta é:

  • E daí?

Daí, nada, ora bolas.

Só de chato, vou ver se acho os poemas do sobredito e transcrever mas acho que o livro está com o Ângelo.

Não que ele seja fissurado em Camões, são lembranças do vestibular.

Uma coisa que agradou muito foi a obrigatoriedade dos vestibulandos para estudar o teatro do Gil Vicente, século VVI.

Acontece que assim eles passam a ter um termo de comparação com a s medonhezas que por aqui se cometem sob o nome de teatro.

Nunca esqueço um comentário ouvido na saída de um teatro local quando um bando de malfeitores escrachados, que atuavam numa companhia chamada “Asdrúbal trouxe o trombone”, apresentaram uma peça dita moderna:

  • O Asdrúbal deveria enfiar o trombone no … deles!!!

Aquela doméstica que faz o programa Vuvuca era a estrela do Asdrúbal e aí temos uma amostra do que era o resto.

Pior do que isso só Curitiba, de tarde, no inverno.

Voltando aos fatos, a semana passada foi normal, fez frio e a gripe acometeu o Paulo Martins donde foi para a Alda e daí para a Heloisa.

Dia 20 tivemos o aniversário de 18 anos do Ângelo que foi comemorado com um almoço em petit comitê na mansão de Ipanema. Estivemos nós e mais o Pinho e a Ilsa, além do Edu Galinha, único convidado.

Estava muito bom.

Não – não –  havia carne com cerveja, substituída por “poule ao vídeo”.

Nosso presente foi uma correntinha de ouro.

Patrícia foi para Curitiba no meio da semana e os guris ficaram conosco.

Ela voltou no sábado e como estava sem a chave, ficou por aqui também.

Domingo não fizemos churrasco e almoçamos no Mama que está bastante bom.

Bolão e Liege foram para o Pinhal e os Fietz ficaram em casa.

Carlos segue nos USA e Montevideu até o próximo sábado.

Patrícia, em agosto vai para Londres o que, sem dúvida é uma boa.

Deverá ficar por trinta dias.

Nós, vamos ver se conseguimos ir até ao Imbé no próximo final de semana…

Boas noites. Segunda-feira, 22 de Maio de 2000.

 

Quarta-feira, 24 de Maio de 2000, 21:15, tempo bom.

Hoje, dia da Infantiria de Linha, um pouco de ciência avançada.

A Física Quântica trata de fenômenos físicos que se verificam em nível atômico.

Por exemplo, um corpo se desloca a uma velocidade X mas, o que ocorre com seus átomos ?

Por exemplo, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, o que é também um imperativo categórico de nossa mente.

Mas, segundo os magos de plantão, ocupam!

Por exemplo, um corpo não pode estar em lugares diferentes ao mesmo tempo – o que é outro imperativo categórico – mas estariam.

Por exemplo, um corpo não pode comportar-se de duas maneiras distintas, dependendo se esteja sob observação ou não, mas se comporta.

O “mas ,”caracteriza as respostas dadas por um sem número de curiosos da Física Quântica os quais se resentem d emaiores informações científicas.Assolado por dois destes curiosos, que me encheram de livros mais ou menos quiméricos sobre o assunto, resolvi estuda-lo de forma séria para ver o que realmente está acontecendo nessa área.

Leiamos, com cuidado o texto que segue, uma tradução que fiz da Quillet.

 

CONSEQUÊNCIAS FILOSÓFICAS DA TEORIA DOS QUANTA.

 

Interessando de perto a problemas fundamentais, a teoria dos quanta, em sua forma recente, tem tido uma influência marcante sobre certos capítulos da Filosofia.

A razão profunda desta perturbação, foi a introdução do “descontinuo” na ciência do movimento, ou seja, numa ciência que até agora era, essencialmente, uma teoria do “continuo”.

As diversas conseqüências foram admitidas em decorrência de uma penetrante análise partindo da premissa do sentido que se deve dar aos termos “conhecimento do mundo físico e àquele do mundo atômico ou nuclear”.

De um modo geral, a sanção da experiência é capital para toda a teoria física; para que a hipótese que ela propõe possa ser considerado como descritora de um fenômeno natural, é preciso que os resultados que se obtêm estejam de acordo com os resultados das medidas experimentais.

O problema da medida de grandezas físicas está colocado nos primórdios da mecânica quântica e seu exame atento causou a modificação de um certo número de nossas antigas concepções.

Mede-se uma grandeza ligada a um sistema físico em evolução, observando a reação dele sobre “um aparelho de medir”.

Deve pois, haver, necessariamente, interação entre o sistema físico e este aparelho, sem o que este último não fornecerá nenhuma indicação.

Fica claro então que o processo, em si, de medir introduz uma perturbação no fenômeno observado, perturbação geralmente fraca e que não influi sensivelmente sobre o objeto considerado.

Pode-se até ir mais longe – em Física clássica  – e imaginar que, aperfeiçoando-se os aparelhos de medir, tornamos esta perturbação cada vez menor, o que modificará cada vez menos o fenômeno considerado.

Por uma passagem contínua ao limite, poderemos então conhecer experimentalmente um fenômeno sem que nossas medidas tenham alterado seu desenvolvimento.

Dizer, por exemplo, que um elétron mantém uma trajetória determinada, pode ter, na hipótese acima, um sentido experimental bem definido.

Resumindo, em Física clássica, admite-se que a perturbação introduzida pelo aparelho de medir, pode ser considerado desprezível e é precisamente neste ponto que a Mecânica Quântica nos obriga a mudar nosso ponto de vista!

Com efeito, esta Mecânica estuda o movimento das menores partículas da matéria, elétrons, prótons, etc.

Ou, em última análise, os aparelhos de medir, em si,  são constituídos por partículas do mesmo gênero; iremos medir portanto certos elementos com outros elementos do mesmo gênero e grandeza e não espanta portanto que, nestas condições, as perturbações não sejam , necessariamente, desprezíveis!

Este tipo de raciocínio não é convincente a não ser quando aplicado no domínio das partículas elementares; a priori pode-se imaginar que seja possível conduzir as medições de tal modo que todas as perturbações tornem-se desprezíveis quando se atinge o limite.

Isso, no entanto,  pressupõe uma condição essencial para passagem ao limite, a saber, a continuidade.

Ora, se esta continuidade existe em Física clássica, ela não existe em Mecânica Quântica: uma certa grandeza mecânica, o movimento, varia por saltos: seu valor é sempre um múltiplo inteiro da constante h de Planck.

A passagem ao limite é portanto impossível( em geral), e segue-se que toda a medição introduz, necessariamente uma perturbação ainda que imprevisível no fenômeno estudado.

Não podemos mais considerar o fenômeno em si mesmo, independente do instrumento de medição, o que nos leva a uma outra dificuldade ou seja, aquela de determinar a fronteira entre o sitema de medição e o sistema estudado.

Estas perturbações se traduzem por uma indeterminação essencial em nossas medições baseadas,( cifradas), em qualquer forma, pelo valor da constante de Planck.

A maneira de como elas, as perturbações,  aparecem efetivamente é muito rica até mesmo em conclusões filosóficas; examinemo-as no caso simples do movimento de uma partícula livre, um elétron, por exemplo.

Dirijamos, pois, um feixe de elétrons perpendicularmente a um écran que tenha um orifício de diâmetro d milimetros.

Os elétrons que passam pelo orifício terão assim uma posição aproximadamente determinada; teremos pois “medido” sua posição com aproximação de d milímetros.

Esta medição- pela passagem no orifício –  perturbou o fenômeno “movimento de um elétron” e a mecânica ondulatória nos ensina de que modo o fez.

A velocidade de um elétron – ou mais exatamente, a quantidade de movimento que lhe é proporcional – foi afetada de tal maneira que nos não saberemos daqui para diante medir sua componente ao longo do écran à mais de h/d, aproximadamente, qualquer que seja o método empregado.

Nós podemos diminuir o diâmetro do orifício d e reduzir assim a incerteza sobre a posição do elétron; mas então a indeterminação da velocidade de h/d, aumentará.

De um modo geral, d e p sendo as indeterminações com as quais nossas medições fixam respectivamente a posição e a quantidade de movimento do elétron, o produto p.d é sempre da mesma ordem de grandeza que h, resultado conhecido como Relação de Indeterminação de Heinsemberg.

 

Do ponto de vista geral que nos preocupa neste trabalho, a credibilidade da precisão de uma medição não se obtém senão em detrimento da exatidão com a qual se pode medir um outro elemento do fenômeno considerado.

No limite, se medirmos exatamente um dos elementos do fenômeno, nos estaremos seguros de que a perturbação foi de tal monta que um outro elemento resta completa e essencialmente indeterminado.

A constante de Planck introduziu pois uma indeterminação essencial:

as grandezas cujas precisões variam em sentido inverso ( como por exemplo p e d) chamam-se grandezas canonicamente conjugadas.

Nos não podemos conhecer simultaneamente duas grandezas conjugadas se dermos ao termo”conhecer”o seu único sentido razoável em Física, qual seja, “medir”.

Segundo esta concepção, o conhecimento dos fenômenos não pode ser ao mesmo tempo exato e completo: ou bem nós percebemos todos os aspectos mas de modo impreciso, ou percebemos um em todos os eus detalhes mas isto mesmo nos impedirá de distinguir um outro aspecto do fenômeno que chamamos complementar do precedente.

No fundo, não há nada de chocante em admitir, em princípio, esta dualidade eis que nossa experiência quotidiana no-la apresenta de mil maneiras: nós não podemos, por exemplo, perceber numa olhada, uma face de frente e de perfil; ou ainda, enquanto se observa uma preparação ao microscópio sobre um plano de corte determinado, todos os outros planos são, necessariamente indeterminados e inobserváveis.

Voltemos ao exemplo precedente.

Seja um fluxo de elétrons incidindo perpendicularmente sobre um écran com um orifício.

Um raciocínio simples mostra que, após a passagem pelo orifício, as velocidades não serão mais normais ao écran mas desabrocham em leque, tanto mais aberto quanto o orifício seja menor.

Passemos ao limite de um orifício infinitamente pequeno.

Assim que, antes do écran, ali onde a posição do elétron pode ser um ponto qualquer do espaço, as velocidades são todas paralelas; depois da passagem pelo écran ou seja depois de estar fixada a posição da partícula, obrigada por nós a passar pelo orifício, as velocidades preenchem todo o espaço e a propagação dos elétrons se faz de modo radial a partir do orifício, como se este fosse uma fonte, emitindo uma onda esférica.

O exemplo dado refere-se a um fluxo de elétrons mas a propagação por ondas esféricas tem lugar mesmo se um só elétron é lançado.

Temos pois no écran, antes e depois, dois aspectos complementares do mesmo fenômeno, o aspecto corpuscular e o aspecto ondulatório.

A luz se nos apresenta o mais comumente como um fenômeno ondulatório mas sabemos ser suficiente coloca-la sob certas condições experimentais para que apareçam seus caracteres corpusculares.

Um elétron é considerado essencialmente como um corpúsculo, entretanto basta faze-lo passar por um orifício suficientemente pequeno para constatar, do outro lado do écran o aparecimento de franjas de difração, prova irrefutável duma propagação ondulatória.

Do ponto de vista filosófico, uma nova noção se libera cuja importância ultrapassa o quadro  de sua aplicação, a noção de complementaridade, diferente daquela da exclusão.

Ou seja, alguma coisa que até aqui considerávamos exclusiva em relação à outra, pode coexistir complementarmente.

Paralelamente com o aparecimento de novas noções, certas noções clássicas perdem toda significação.

É assim ,por exemplo, a noção de “trajetória de um elétron”.

Para poder seguir um elétron em sua trajetória, seria preciso fixar , por medições, a posição dos seus diversos pontos.

Ora, a primeira medição perturba radicalmente o movimento e a “trajetória” desaparece.

Não é mais possível  fixar o que, em mecânica clássica, se chama

“as posições sucessivas de um ponto em sua trajetória” e esta constatação é prenhe de conseqüências ponderáveis.

A nova mecânica nos dá, em bloco, todas as posições possíveis do ponto ou, de um modo geral, todos os valores possíveis de uma grandeza mensurável qualquer; ela acrescenta, todavia, a probabilidade de que uma medição determinada forneça, precisamente tal ou tais valores entre aqueles que ela designou como possíveis.

As possibilidades aparecem aqui de um modo inteiramente diferente daqueles da teoria clássica. De fato, como conseqüência das concepções fundamentais é o problema  da casualidade e do determinismo dos fenômenos naturais que está em jogo.

Laplace formulou de um modo surpreendente a concepção do determinismo absoluto que é o da mecânica clássica:

Nós devemos portanto visualizar o estado presente do Universo como o efeito de seu estado anterior e como a causa do que irá se seguir. Uma inteligência que em um estante determinado, conhecesse todas as forças que animam a natureza e a situação respectiva dos seres que a compõe, e se fosse tão vasta que lhe permitisse a análise destes dados, incluiria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do Universo e também aqueles dos átomos mais leves; nada seria incerto para ela e o futuro, como o passado, estaria presente aos seus olhos”.

A situação mudou radicalmente com a mecânica quântica.

Retomando o exemplo simples antes mencionado, seria suficiente, em mecânica clássica, de dar a posição inicial de um ponto material e a lei do seu movimento ( sob a forma de uma equação diferencial) para se poder daí deduzir sua trajetória ou seja, suas posições sucessivas que estariam então perfeitamente determinadas.

Ora, em mecânica quântica, não é mais possível ligar entre si as “posições sucessivas” para constituírem uma curva real que seria seguida pelo elétron; em particular não é possível afirmar que tal posição é posterior a uma posição inicial àquela que  será conduzida através de uma série continua de posições intermediárias, permitindo estabelecer entre elas uma ordem de sucessão. Estando fixada uma posição inicial, a posição do ponto num momento ulterior não é determinada; toda uma série de posições são possíveis entre aquelas que tenham uma maior probabilidade.

Neste sentido, a mecânica quântica é indeterminista, ou melhor, apresenta um determinismo estatístico, probabilístico.

Certas teorias clássicas, a teoria cinética dos gases, por exemplo, fornecem também seus resultados unicamente sob a forma de probabilidades mas diferem na sua essência da mecânica quântica. Na verdade, o aparecimento das probabilidades não é devido, neste caso,  senão à intervenção dos grandes números e à ignorância em que nos achávamos no que concerne aos detalhes microscópicos dos fenômenos.

Os movimentos das moléculas gasosas obedecem à leis precisas que são aquelas da mecânica clássica; existe sempre nestas teorias estatísticas uma determinação sub-jacente, mesmo que se suponha seja o acaso puro que governa os movimentos elementares- porque o acaso puro, ou seja, a ausência de qualquer lei, é também uma lei perfeitamente determinada.

Nada disto tem a ver com a mecânica quântica: trata-se aqui de um indeterminismo essencial que tem sua origem, ao fim das contas, na introdução da descontinuidade do quantum h e em uma análise mais acurada do que se deve chamar de grandeza observável.

Cabe evitar, quando se examina estas questões, uma confusão que muitas vezes se faz entre determinismo e casualidade. Antes da mecânica quântica, o determinismo absoluto de Laplace permitia-lhe examinar os dois problemas simultaneamente. A mecânica quântica é indeterminista mas isto não significa que ela seja causal. Ë de todo evidente que ela não pode ser causal porque ela pretende prever a evolução dos fenômenos naturais e que a própria noção da lei natural se esvanecerá se abandonarmos a causalidade.

Ela prevê os fenômenos na medida em que é possível faze-lo e mostra precisamente quais são os limites desta possibilidade. Ela sobrepõe ao determinismo absoluto um determinismo estatístico que não permite senão enunciados de possibilidades.

Há mais: a argumentação precedente concerne unicamente a grandezas observáveis, derivadas de fenômenos naturais, ou seja, aqueles para os quais é necessário medir para descrever o fenômeno.

Podemos, no entanto, imaginar a existência de grandezas fisicamente inobserváveis, ligados de um ou de outro modo aos fenômenos considerados; suas leis de variação não são naturalmente submissas às restrições precedentes: não estamos mais no plano da Física mas no plano matemático onde a medida não intervém mais e onde nada nos impede de criarmos as hipóteses que julgarmos úteis.

Circunstâncias paralelas se encontram precisamente em mecânica ondulatória.

O “estado”de um sistema físico é ali definido por uma função   , chamada função de onda ( ondulatória), grandeza não observável.

Ora, a evolução no tempo desta função, é definida por uma equação diferencial, ou seja que ela se desenvolve segundo as leis do determinismo o mais estrito.

Podemos dizer pois que a mecânica ondulatória descreve a realidade segundo dois planos; de uma parte o plano dos estados do sistema , plano matemático, ideal, tratando de grandezas não mensuráveis; e de outra parte o plano das grandezas observáveis, plano físico no qual se reúnem grandezas acessíveis à experiência, que, em última análise, podem ser mensuradas e descrevem pois, fisicamente, o fenômeno considerado.

Os dois planos não se confundem e nem se sobrepõe : a separação é introduzida pelo ato da própria mensuração.

No plano físico não há determinismo; entre duas mensurações que determinam dois acontecimentos do plano físico, o “nexo causal” passa pelo plano matemático no qual as grandezas( inobserváveis) ligadas aos fenômenos seguem leis continuas e estritamente determinadas.

Em uma palavra: ou bem nós descrevemos os fenômenos no espaço tempo, no plano físico, no qual nós os observamos efetivamente e então não há determinismo mas sim relações de incerteza ou nós nos colocamos no plano matemático e obtemos uma imagem teórica, um esquema matemático no qual pode-se falar em “causalidade e determinismo” absolutos.

A diferença com a teoria clássica tem a ver com o fato que esta permite a descrição dos fenômenos no espaço tempo e determinismo absoluto.

Como se vê, a distinção entre grandezas observáveis no espaço tempo e grandezas essencialmente inobserváveis é muito importante.

A fronteira entre as duas categorias está perfeitamente delineada no estado atual da mecânica quântica mas não se pode afirmar,  a priori, que este traçado seja definitivo.

De fato, ensaios têm sido tentados recentemente para remover esta fronteira e toda a estrutura da mecânica quântica restaria modificada mas até ao presente momento, os resultados obtidos não deixam prever o rumo que tomará o desenvolvimento futuro.

Enfim, cabe mencionar um último ponto de contato entre a Filosofia e este ramo do conhecimento.

Examinamos as modificações profundas que a mecânica quântica traz à descrição dos fenômenos no espaço- tempo.

Em verdade, esta noção de espaço tempo é também uma noção de nossa escala e a questão que se põe é inquirir o que ela virá a ser e qual o sentido que deve-se lhe atribuir no que concerne ao infinitamente pequeno.

O problema ainda não foi estudado a fundo mas uma tentativa meritória deve ser assinalada. Partindo da introdução de descontinuidades em mecânica e mais particularmente de certas teorias que fazem crer a existência de um comprimento mínimo no Universo, uma hipótese foi formulada segundo a qual o espaço mesmo, poderia ser descontínuo.

O problema está posto e será necessário resolvê-lo; qualquer que seja a solução, sem dúvida alguma irá enriquecer a Filosofia.

Os eventuais pontos aflorados nas linhas precedentes mostram a a medida em que a nova Física Quântica caminha paralelamente à Filosofia.

Melhor ainda: os domínios respectivos vertem uns sobre os outros e, em certos momentos, as duas disciplinas se confundem; raramente , como agora, a Física mereceu o nome que outrora lhe foi atribuído:

“Filosofia Natural”.

Aí estão, portanto as respostas científicas às dúvidas dos quiméricos.

Acrescentemos algumas coisas, originais.

Há muito tempo atrás, quando despontavam os conhecimentos atômicos, eu dediquei-me ao estudo do que então se chamava Física Atômica, hoje Física Quântica e cheguei a algumas conclusões bem interessantes e que explicam muitas dúvidas ainda existentes.

Pode parecer cabotinismo mas formulei o seguinte teorema:

O estado corpuscular somente se manifesta quando o feixe de elétrons incide em sobre um corpo eletricamente instável.

Se a incidência ocorre sobre um corpo eletricamente estável, manifesta-se o fenômeno ondulatório.

Eletricamente estável é o corpo formado por átomos cujas órbitas não mudam de posição e nas quais o número de elétrons é constante.

Por exemplo, o vidro.

Assim, se um feixe de elétrons ( ou fótons como quis Einstein) incide sobre o vidro, eletricamente estável, o feixe atravessa o vidro comportando-se, antes e depois, como um fenômeno ondulatório.

Se porém incide em um furinho feito num papelão – ou algo assim, os elétrons do feixe arrastam aqueles dos átomos do papelão e manifesta-se o fenômeno corpuscular.

Parece-me muito fácil verificar o “teorema” em qualquer laboratório de Física que disponha de um emissor de elétrons, embora sob a luz pura da razão, o teorema seja uma evidência.

Prossigamos.

Se aplicarmos estes novos conhecimentos à Biologia, estaremos entrando na Bioquântica, palavra que acabo de inventar.

O que seria, por exemplo, um fenômeno corpuscular em biologia?

E um fenômeno ondulatório?

Poderíamos dizer que no fenômeno ondulatório vais só a mensagem e no corpuscular vai alguma coisa mais, por exemplo um “pedaço” de DNA?

Com a palavra os inúmeros médicos da família e também os químicos.

Bioquântica, não esqueçam.

O burro velho aqui vai continuar pensando no tema.

No mais tudo em paz, apesar da gripe da Heloisa e da Alda.

Boas noites.

Quarta-feira, 24 de Maio de 2000.

 

Segunda-feira, 29 de Maio de 2000, 21:44, frio com sol.

A gripe da Heloisa não era gripe, era mais uma pneumonia causada pela hérnia de hiato.

A coisa funciona assim: a Heloisa toma Propanazol para combater a azia decorrente da hérnia e o ambiente do estômago perde toda a acidez.

Acidez que acaba com as bactérias grã negativas que por aí pervagam.

Sem acidez no estômago, as bactérias ficam como querem e, por aspiração durante o sono, passam às vias respiratórias e fazem a pneumonia.

Ou seja, enquanto a Heloisa não operar a hérnia irá sofrer de pneumonias.

Assim que, quando se recuperar, começaremos os exames visando a operação que já deveria ter sido feita há, pelo menos, uns dois anos.

Domingo não tivemos almoços é claro e mandamos buscar um filé que estava bastante bom.

Isinha e os Fietz estavam no Imbé onde reinava um vento terrível e a conseqüente ressaca; diz a Virgínia que as ondas cobriam os quiosques o que suponho seja um leve exagero.

Bolão de plantão e os Barrios se recuperando das viagens aos USA, Uruguai e Curitiba.

O frio chegou e ontem estava brabíssimo; hoje melhorou um pouco o que significa que vem chuva.

“Parece que va llover

El tiempo se está cerrando

Ai mama me estoi mollando”.

Alda continua gripada e o Paulo ameaça retornar de imediato para o E.Santo, o que coloca a Heloisa em polvorosa.

Também o fato da Ângela estar doente e a Alda não querer sair dos seus penates, aumenta o problema.

A solução seria uma pessoa para dormir lá mas a Alda não admite mais estranhos na sua horta.

Vamos ver no que vai dar.

No mais, tudo em paz: a Heloisa já está melhor, apenas atribulada com o problema da Alda.

Ao que parece, a solução sensata é aquela proposta pela Patrícia: mesmo que não queira a Alda vai ter que admitir uma dama de companhia para a noite.

Boas noites. Segunda-feira, 29 de Maio de 2000.

 

Sexta-feira, 9 de Junho de 2000, 17:07, bom/regular.

Desta vez exagerei mas é que tenho estado ocupado com tantas coisas que, na hora de escrever, já esgotou a capacidade de trabalho.

De manhã, quando acordo, no período do espreguiçamento, escrevo bastante e certamente coisas muito interessantes; felizmente, até de noite, a febre passa…

Acho também que uma das razões para não comparecer é o programa do Silvio Santos, o Show do Milhão.

Comparecem alguns sorteados que se dispõe a responder perguntas para, tendo sucesso, no fim, ganhar um milhão de reais.

O que atrai no programa é que a facilidade das perguntas só é superada pela ignorância dos respondendores.

O  que motiva muitas reflexões.

Há uma fase em que os questionados podem se socorrer de estudantes universitários e aí a casa cai: ninguém mais confia neles porque ou opinam errado ou simplesmente não sabem.

Não pensar que são perguntas de nível ginasial: a maioria é matéria de primário.

Então fico pensando o seguinte: amanhã ou depois, um zebra destes pode chegar à Magistratura e como é que se argumenta com tamanhas nulidades?

Vou baixar a bola das minhas petições que, às vezes, vão meio longe demais.

Estou falando de Direito mas há também doutorandos e engenheirandos na berlinda.

Por isto, acho altamente construtivo assistir ao Silvio Santos, quem, tremendo ignorante, às vezes é surpreendido pela incapacidades dos candidatos.

O que reforça o meu brocardo: “Nunca desprezes a ignorância alheia: ela é muito maior do que se pode imaginar.”

Parece que no mundo inteiro somente uns três ou quatro ganharam o milhão mas, particularmente, creio que chegaria lá com enorme facilidade.

Bem.

As radiografias da Heloisa não confirmaram a tal pneumonia e os exames de sangue estão bons.

Achamos que foi só uma gripe.

Ontem – ou anteontem – o Paulo retornou para o Espírito Santo.

Esteve mais de mês aqui e só apareceu uma vez para comer, o que não é surpreendente.

  1. Alda recuperou-se e continua firme na disposição de não aceitar alguém para dormir lá.

O restante do povo vai bem e sem maiores novidades.

Esta semana o Ângelo não trabalhou porque está às voltas com exame de motorista.

Logo a seguir vem a inspeção de saúde para o Serviço Militar e as férias de inverno.

Acho que, à semelhança da Mecânica Quântica, o trabalho do Ângelo vai acontecer por saltos, sem continuidade.

Não esqueçamos: Matemática é a prove científica que prescinde da experiência (experimentação).

Esta é a tese filosófica vigente mas eu discordo: se o número é o resultado da comparação de duas grandezas, e se o número é a ferramenta de trabalho da Matemática, então, por conseqüência, a Matemática é também uma ciência experimental.

Quando se nega a natureza comparativa dos números, nada mais dá certo e entramos no reino da Fantasia.

Mas, há que respeitar certos princípios e este – a Matemática prescinde da experimentação ou seja é um método científico próprio – se for derrubado, a casa toda cai.

Também porque a gente pode verificar o acerto das conclusões matemáticas.

Por exemplo: calcula-se uma trajetória balística pela equação da parábola e se materializarmos o trajeto do projétil colocando alvos para que sejam perfurados, dá tudo zero a zero.

Salvo se… o foguete cair no coco de alguém.

A tese dos matemáticos é que, apenas com papel e caneta você pode analisar e concluir sobre todos os fenômenos que nos assolam, sem que ter que ir para o campo: a experiência vem depois só para confirmar.

É por isto que dá tanto galho em Astronomia, matéria em que não se pode ir para o campo.

Neguinhos bolam a teoria, demonstram por Matemática, montando umas equações meio furadas e, como ninguém pode contestar, ganham a fama, cátedras e alguns pilas.

Assim que dizer que a prova Matemática é fajuta, não é uma idéia que seja bem aceita no mundo acadêmico.

O restante do mundo nem tá, ou melhor, está no Silvio Santos.

Quem, aliás, pretendo assistir hoje à noite porque há uma senhora idosa que está prometendo.

Até a próxima. Sexta-feira, 9 de Junho de 2000.

 

 

Sexta-feira, 16 de Junho de 2000, 16;48, chuva.

 

Depois de um veranico de junho, o inverno está voltando.

Fim de semana…

Acabo de deixar Heloisa no Plaza, aniversário da Ilza Kieling que faz 80 anos e, mesmo morando em Florianópolis, veio festejar aqui.

Acho também que a mãe do Vita, Dona Branca, deve estar comemorando 101 anos por agora.

Como se denota, já entrei na quarta idade porque refiro-me a aniversário de amigos que já estão encostando no Matusalém.

Ante ontem esteve aqui, em visita, o Joaquim que me trouxe um livro para ler; o assunto é inteligência celular, matéria que andou me interessando no verão passado.

Na verdade o livro é uma picaretagem de alto bordo; claro que nos USA é bestseller mas só mesmo americano para engolir tanta ignorância, clichê e apelação.

O cara usa aquela técnica de rechear o texto com historinhas do quotidiano de consultório médico e é um clichê atrás do outro.

Depois resolve dar uma desbordada pela erudição e aí o barraco cai.

Segundo ele, a tentativa de adequar ciência com religião, começou há duzentos anos atrás.

Errou só por 2500 anos com Pitágoras e 1000 anos com Santo Tomaz.

E por aí vai o festival de asneiras cujo leit motiv é a afirmação de que o comandante da operação vida é o coração e não o cérebro, não passando este de um servo insubordinado e criador de caso.

Devemos lembrar ao insigne escritor que a vida já existe com coração mecânico e que, provavelmente, montar um cérebro mecânico, será bem mais difícil…

Também ele afirma que a batida do coração se propaga para fora do corpo na velocidade da luz, fenômeno ondulatório e assim, vai influenciar outros corações há n quilômetros sendo n um número infinito.

E daí, transmitir mensagens celulares…

Acho que o Sabino, de modo muito mais encantador, resumiu a dúvida  no dilema que assolava um personagem um seu personagem com dor de cotovelo:

  • Afinal, coração é instrumentos de sopro ou percussão?

Hoje fiquei sabendo que o Joaquim quer formar uma seita, ou Igreja Esotérica, e está me propondo para papa…

Como pretendo transmitir-lhe minhas observações sobre o livro que me emprestou, perece-me que a minha elevação a papa está seriamente ameaçada!!!

Eu mereço.

E por aí vamos.

O Ângelo, meu ajudante, sumiu no terreno esta semana.

Os Fietz vão amanhã para Criciúma.

Patrícia dá uma festinha para os doutorandos que estão sob seu magistério.

Isinha sem previsões e Bolão sem plantão no fim de semana.

A Liege me fez uma prótese nova que está bem.

O consultório dela pareceu-me bem movimentado.

Estão pensando em se mudar, por enquanto para a Glória mesmo, mesma rua.

Acho que devem.

Pessoalmente não ando muito bem porque se não tomo o remédio para o coração, fico cansado, com falta de ar etc. e, se tomo, o meu estômago explode.

Prefiro ficar cansado; não vou entrar naquela de tomar um remédio para compensar os males do outro.

Como dizem os franceses: estômago forte e coração fraco sinalizam um bom fim de vida.

No escritório, tudo em paz.

Hoje temos jogo no Vares mas como a Meneca não está muito bem do servo desobediente, vamos ver o que acontece.

Jogar, para ela, tem sido um suplício.

Novidade na televisão e aqui no computador é o programa do Silvio Santos de que já falei; agora o malandro está vendendo um CD multimidia que é igual ao programa.

A Heloisa e o Alemão jogaram bastante hoje de tarde e por duas vezes chegaram no prêmio de um milhão.

É meio chato mas inegavelmente instrutivo.

O CD ( R$29,90) bateu todos os recordes de vendas e já está lançado o seqüente com mais de mil perguntas.

O Abravanel realmente sabe de como ganhar dinheiro.

O Alemão almoça aqui às sextas feiras, com direito à cardápio, aliás invariável: massa.

Segundo ele, a sua alimentação é: massa no almoço e pizza na janta.

Falando nisto, com exceção do Zé, nunca vi qualquer um de nossos netos comer verdura.

Parece que a Helena andou mastigando umas alfaces em determinada época mas já abandonou o vício.

Eu sempre digo que estes meninos são sábios.

O Zé, mais dia menos dia, abre os olhos…

Escola, aluno para a professora:

  • Professora, lá em casa nasceram nove cachorrinhos e todos do PT.

A professora, CUT e CEPERS, vibra:

– Que beleza, amanhã quando o Bigode vier visitar a Escola tu contas para ele.

No dia seguinte, chega o Bigode e a professora chama o pimpolho:

  • Aristides, conta aqui para o Governador a história dos cachorrinhos.
  • Pois é, seu Olívio, lá em cãs nasceram nove cachorrinhos e cinco são do PT.
  • Ué! Não eram nove?
  • É fessora mas quatro já abriram os olhos.

Sei que é velha mas merece ser registrada como símbolo de uma época.

Por hoje chega. Vou começar a imprimir os registros do ano passado para encadernar e distribuir. Quem achou que tinha se livrado, enganou-se.

Até a próxima.

Sexta-feira, 16 de Junho de 2000.

 

Domingo, 25 de Junho de 2000, 10:31, ótimo.

Uma linda manhã de sol de domingo.

Estávamos indo para a praia  e antes passamos na Alda.

Acontece que, ontem à noite fomos visitá-la e na hora de irmos embora, ela tropeçou no fio do telefone e caiu.

Aparentemente não houve nada mas Heloisa ficou preocupada e resolvemos passar lá para ver de como as coisas se passaram desde ontem.

A Alda estava na cama sem poder se mexer assim que a Heloisa ficou com ela.

Havíamos combinado com os Fietz para um galeto no Imbé mas desta vez não deu.

O Ângelo está dormindo aqui porque ontem a turma dele da PUC

ficou jogando cartas até de madrugada. Entre os meninos está uma filha da Ana Banana, muito simpática.

Já é a segunda vez que vêm e são muito educados.

Os Barrios estão de churrasco na AABB, Bolão certamente de plantão em Parobé e a Isinha em casa.

Assim que irei almoçar no Mama, com o Ângelo se ele não for para casa.

O apelido dele no Mama é “Costelinha”porque ele come horrores de costelinhas de porco.

Quem me disse isto foi o dono do Mama.

Na semana que passou aconteceram algumas coisas registráveis.

A Isinha e o Tergolina estão acertando a chamada separação de bens, até aqui de modo tranqüilo que, aliás, é a maneira certa de fazer.

Da experiência como advogado, sabe-se que a operação separação de bens, se demora muito, vira picolé ou seja, começa no doce e termina no pau.

Esperemos que não seja assim.

O Pinho se enrolou, de novo, com a venda do tal apartamento da qual participei como meio de campo, um dia antes de ir para Portugal.

De modo que pode sobrar alguma rebarba para mim.

É a velha regra: você só complica quando tenta ajudar o próximo.

Claro que depende do próximo, mas a regra é quase geral.

A família está com grandes plano de viagens para os próximos meses: Patrícia vai para Londres e Isinha para Barcelona.

Teremos que nos desdobrar para atender a gurizada.

No plano político, apesar da intensa campanha contra FHC, movida peals esquerdas com vistas nas eleições de novembro, o Brasil vai melhorando.

Juros caindo, ausência de inflação estas coisas fundamentais.

Aqui em POA, até agora, o Tarso corre uma barbada e, a não ser uma grande virada do Negrão, nem segundo turno teremos.

Os PT, com sua tradicional eficiência política, estão fazendo tudo para impressionar os eleitores: as obras na cidade estão em ritmo acelerado e a  propaganda intensa.

Felizmente, até agora, tudo em modo civilizado, sem baixarias.

Tivemos um fato terrível em Uruguaiana: uma creche pegou fogo por total incúria dos encarregados e doze crianças morreram.

Casualmente ouvi no rádio uma entrevista da delegada que faz o inquérito e é de estarrecer: numa sala com crianças entre um e três anos, havia uma estufa no chão, cercada de roupas para secar e as encarregadas haviam saído para coletar brindes para uma quermesse!

Sem mais comentários.

Já estamos no inverno mas hoje está uma temperatura agradável.

A previsão é de frio hoje de noite, com chuva.

Ou seja, a velha regra: se esquenta, chove.

Boas noites .

 

Sábado, 1 de Julho de 2000.

Ou seja, já estamos no segundo semestre do ano 2000.

Ainda no domingo passado, Heloisa levou D. Alda para fazer radiografia e  Tomografia mas nada foi encontrado de sério, só o que parece ser uma pequena trinca numa ponta de osso do sacro mas, com dúvidas.

Como não pode caminhar, D. Alda está aqui conosco mas desejando retornar aos seus lares. O que é razoável, considerando que este é um ponto de vista dela, firmado e antigo.

Como todos sabem, parto do princípio de que, com mais de sessenta anos, a pessoa tem o direito de fazer suas escolhas sem que assista a ninguém meter o bedelho, por mais que o bedelho seja bem intencionado.

Hoje deu um pega com a Patrícia e Heloisa por causa disto: a Patrícia com sua visão pragmático – freudiana dos problemas, acha que a Alda não pode mais decidir nada e deve-se fazer o que for melhor para ela; Heloisa acha que a Alda deve ir para casa quando quiser e voltar quando quiser, o que parece bem mais razoável.

Vamos ver de como progride o tema.

Estivemos na Saara que já está no bagaço com o Paulo.

Também vamos ver de como irá resolver o seu caso, bem mais penoso.

Por isto tudo eu afirmo que, se a média da vida humana passar para 140 anos, ou fazemos uma mudança completa na estrutura familiar, voltando aos tempos romanos, ou a coisa irá se complicar e muito.

Isto porque, com a decifração do código do genoma humano, ficou todo o mundo alvoroçado porque pretende-se modificar o genoma que controla a duração da vida.

Já falei sobre o assunto.

En passant, acabei de ler um livro do George Orwel sobre a filha de um religioso anglicano e restou uma dúvida cruel:

O Orwel seguiu as pegadas do Steinbeck ou foi ao contrário?

O pior é que ambos são contemporâneos ( nasceram quase no mesmo ano – 1902 e 1903) e as obras referentes também são quase da mesma data.

No caso, do Steinbeck, refiro-me ao livro “As Vinhas da Ira “.

Para o Orwel, não são vinhas mas parreira de lúpulo.

No mundo nada se cria, tudo se copia mas, se tal aconteceu, é justo reconhecer que copiaram bem.

A Virgínia levou o livro do Orwel para dar um parecer, se é que ela ainda se lembra das “Vinhas”.

Hoje estava uma manhã lindíssima mas o tempo virou e já começa a chover.

Pena que estava montada uma festinha junina aqui na pracinha, com barraquinhas e tudo e a chuva acabou com a festa.

Idem com a rua da Saara que está toda enfeitada para a festa noturna.

São João quem no Rio Grande velho não é santo confiável ou então está de briga com são Pedro, o padroeiro da terrinha, que fica com ciúmes e manda água.

Negócio de santo é muito complicado.

No mais, tudo normal: Patrícia ontem foi a um fandango, os Fietz em lugar incerto e não sabido, Isinha e os guris em Ipanema e Bolão e Liege sem notícias hoje.

Amanhã, não faremos o tradicional churrasco.

Até amanhã. Sábado, 1 de Julho de 2000

 

Sexta-feira, 7 de Julho de 2000, 21:27, tempo ótimo.

Não sei se perdi alguma coisa deste arquivo porque deu um crepe quando copiei uma crônica do 6º BE para mandar para a revista que será editada em celebração de nossa formatura.

Falando nisto, quarta feira houve janta dos milicos no Schneider e fui porque estava previsto tirarmos uma foto para a tal revista.

Compareceram oito da turma de 50, quatro de Engenharia( Pinho, Vares, Devanir e eu) três de Cavalaria ( Gabriel, Falcão e Rezende) e um de Artilharia, o Mendes.

Pouca gente mas saiu a foto.

Tremendo veiedo, de assustar.

Por aqui tudo normal: D. Alda está melhorando com os cuidados da Heloisa. O Carlos aparece de dois em dois dias para dar uma olhada.

Também o César e o genro da Maria Luisa, um ortopedista, o Ungareti.

Até agora ninguém encontrou nada de importante.

Vamos ver de como progride.

Amanhã será festejado o aniversário do Zé e passamos o dia às voltas com o churrasco de gato: até a Virgínia que veio para cá hoje de tarde entrou na dança.

Tomara que não chova nem esfrie demais.

Ontem recebi também minhas esmeraldas, em pagamento de uma dívida que a Segurança tinha comigo ( parte).

Separei umas que me parecem boas para lapidar e iremos a Lajeado para fazermos isto. Não sei se têm valor comercial mas para mim o que interessa é que gosto de esmeraldas. É a pedra de que mais gosto.

A vez passada foi o Tergolina quem levou uns refugos para lá e, mesmo assim, lapidaram e ficaram bonitinhas.

É no SENAI.

Ontem o Tergolina esteve aqui para trazer a churrasqueira de gato que estava no sítio; amanhã os pais dele festejam as bodas de ouro e ele vai para Caxias, é óbvio.

Aliás, não sei se é amanhã ou domingo.

No mais tudo em paz: o escritório, um saco, naquelas fases em que o sujeito desiste de ser advogado.

Pero hai que trabajar.

A política começa a pegar fogo com a campanha municipal e ontem ouvi uma no programa do Lauro Quadros, “Polêmica” que me encheu o saco: um deputado do PT querendo dizer que a Ford foi embora por causa dos deputados gaúchos que votaram uma lei favorecendo a Bahia!!!

Que o PT não queria que a Ford fosse embora.

Foi tanta a cara de pau que todo o mundo chiou.

O Tarso vai ter que suar a camiseta para ganhar.

No primeiro turno não vai.

Quem está agradando muito é a Yeda Crusius.

E ainda tem o Negrão com o Zambiasi.

Vai ser divertido.

Piada contada pelo Carlos:

  • Qual é a ligação da mulher com o churrasco?

Bata na coxa e diga: coxão de fora e coxão de dentro.

Bata nos seios e diga: Maminha.

Bata na cabeça e diga: Vazio!!!

Do Olívio existem “N” piadas em curso.

Também do patrono Fidel que, com a história do Elian, anda cheio de gás.

Outra piada, eta clássica:

Sujeito chega no cemitério, meio perdidão, em busca de um determinado velório de alguém que ele não conhecia.

Aí cehga perto do caixão, olha, fica na dúvida e pergunta para um circunstante:

  • Quem é o defunto?

O circunstante aponta para o caixão e:

-É aquele.

Assim que, com duas piadas e outros assuntos ainda menos importantes,

colho o ensejo para desejar boas noites a todos.

Sexta-feira, 7 de Julho de 2000.

 

Segunda-feira, 10 de Julho de 2000, 21:11, chuva e chuva.

Sábado tivemos o aniversário do Zé que já adquire foros de ser a  festa junina da família; estava muito bom e vários colegas do Bolão, do tempo do Anchieta, compareceram. Estavam todos com exceção da Isinha e guris que foram à festa dos Tergolinas.

Heloisa também não pode ir porque estava de serviço com D. Alda.

Fiz o churrasquinho de gato e ficou o ensinamento: para churrasco de gato, use alcatra. Sempre achei que chuleta ou lombo seria melhor mas não é.

Alcatra.

Domingo ficamos em casa o que foi um bom programa eis que choveu o dia inteiro.

Hoje de tardezinha fui na Liege arrancar um dente.

Sábado o Paulo Borges foi para uma clínica especializada, levado pelo Bolão e Regina; a Saara não quis ir pois achou que iria se emocionar demais.

Beto estava no Canela e Bia muito cansada…

Çá va.

No mais, tudo em paz.

Dona Alda já anda caminhando pela casa e logo deve estar totalmente recuperada.

Como quer voltar para casa, resta resolver o problema de uma acompanhante para ela; parece que uma irmã da Ângela está sendo cogitada.

Amanhã, por iniciativa da Heloisa e da Patrícia, devo ir no Jorginho.

Como se vê, a maioria dos assuntos gira em torno de saúde.

Parece roda de velhinhos em aniversário: cada um quer contar os males que leva.

Um saco.

O Cruzeiro de Minas ganhou a Copa do Brasil, o Ronaldinho está baleado de um joelho, o Guga perdeu em Wimbledon mas continua o número 1 do ranking, as duas negronas irmãs, americanas, ganharam tudo no tênis.

O PT continua fazendo besteira em cima de besteira e a candidatura da Yeda Crusius e Vilela começa a crescer.

O Tarso que se cuide, embora o João, agora analista político, garanta que em POA, Caxias e Gravataí, não vai haver segundo turno: O PT ganha nas preliminares.

E, dê-le chuva.

Estamos planejando ir a Lajeado na quarta levar umas esmeraldas para lapidar mas deste jeito não sei se vale a pena.

Patrícia e Isinha se preparando para viajar rumo da Europa.

Ângelo sumido, fazendo exames de motorista e outras cositas mas.

Não sei se abandonou o emprego ou se está de licença.

Os demais, por aí, na vidinha normal.

Assim que, para não forçar a minha extração dentária, desjo boas noites a todos.

Segunda-feira, 10 de Julho de 2000.

 

Segunda-feira, 17 de Julho de 2000, 21:36, frio de rachar.

A grande novidade das últimas semanas é o frio que está demais.

Quarta feira nevou por aqui; a Saara estava almoçando e foi quem primeiro observou.

Não há perspectivas de melhora: deve ser o efeito estufa…

Domingo retomei o churrasquinho porque a Alda já está praticamente recuperada.

Estiveram todos exceto  a isinha e os guris que foram para a praia.

O Ângelo apareceu aqui domingo de noite, corrido pelo frio.

O Pingo ficou por lá, junto com a Maetê e outra amiga.

Como esta sala é literalmente um gelo e fico com preguiça de acender a lareira, não tenho comparecido.

De um modo geral, tudo em ordem e não há mesmo muito que registrar.

Claro que, havendo vontade, sempre cabem algumas considerações, porque, afinal, o quotidiano é repleto de temas.

Por exemplo, este teclado – novo – ainda apresenta um certo mistério porque há um monte de teclas das quais não sei a serventia.

Mas, descobrirei.

Diego sábado enfrentou um campeonato de esgrima mas não chegou ‘as finais.

Isto acontece muito em esgrima, é como tênis, qualquer coisinha, desgoverna a carroça e não tem volta.

O Guga, por exemplo, perdeu todas que tem jogado na Copa Davis  e ainda na semana passada ganhou em Wimbledon.

Amanhã jogam Brasil x Paraguai e tomara que não haja uma surpresa: o Paraguai é muito bom, inclusive jogam o Gamarra e o Enciso.

Vou ficando antes que encarangue.

Boas noites.Segunda-feira, 17 de Julho de 2000.

 

Sábado, 22 de Julho de 2000, 21:05, frio, nublado.

Esta semana o frio amainou mas, amanhã já está prevista nova massa polar.

Canela e Gramado estão forrando o poncho com paulistas e mais trouxas que vêm ver a neve.

Segunda feira os Fietz irão para lá.

Amanhã grandiosa feijoada na Patrícia: como eu até hoje só comi uma feijoada boa no Rio Grande véio, levo medo.

Em passant, a Patrícia ficou de passar por aqui para levar uns componentes do bródio mas até agora não apareceu.

Deve estar na Mônica que chegou hoje da Alemanha com os mais Fritz.

E que, ao que consta, estará presente na feijoada.

  1. Alda bem melhor e até já fomos ontem na Santa Rita; deve retornar aos penates na 2ª feira.

Aniversário da Liége  com baixa freqüência e bastante bom.

Quem não foi perdeu um belo quentão.

Andei relendo a biografia do João Francisco Pereira de Souza, cognominado “ A Hiena do Catí” e parece-me que consegui resolver um enigma antigo: por quê no GBOEX, as disputas eleitorais eram tão acirradas, totalmente despropositadas para o fim a que se destinavam e pelos elementos envolvidos, militares que são avessos a este tipo de coisas?

A resposta está na velha revolução de 93.

Acontece que   o povo que dirigia o GOOEx era todo de Santana do Livramento e um deles, o Chananeco Pereira de Souza, era filho do João Francisco.

Relendo a história de 93, verifiquei que os avós dos mais participantes, Zé Pedro, Derly, e outros pertenciam aos quadros pica-páus lá de Santana e ou degolaram ou foram degolados pelos maragatos.

Relembrei também da Maslova de Paula, uma secretária que tive, cuja nomeação me foi pedida pelo então Vice Presidente da República o Adalberto Pereira de Souza!

Ele me telefonou pessoalmente.

Referida senhora era neta do Firmino de Paula que degolou trezentos maragatos lá perto de Vacaria.

Acho que já contei que ela me deu de presente o sabre do Firmino…

Está lá no escritório.

Assim que eleições no GBOEX eram uma continuação de 93 e, se houvesse clima, os negos se mataraiam.

Levei anos para entender todas aquelas tramas, nem sempre éticas, para ganhar eleições e agora acho que entendi.

Como sou de família maragata ( o meu bisavô paterno, de quem herdei o nome, morreu numa emboscada em um trem em Marcelino Ramos), sem saber, eu era um estranho no ninho.

Ainda bem que não me descobriram…

De tanto ler, já sei muito sobre 93 mas ainda tenho algumas dúvidas que pretendo tirar com o Paulo Brossard, ilustríssimo maragato.

Claro que vou descontar do papo dele os exageros xiitas.

No mais, tudo em paz, andando.

A seleção do Luxemburgo perdeu para o Paraguai, 2 x 1 e quarta feira joga contra a Argentina e o Brasil inteiro espera que perca para que aqule mulato pachola vá  para o beleléu.

No meu entender, a Seleção Brasileira se acabou na Copa da  França  vai levar uns dez anos para reaparecer.

É o que veremos na quarta feira, quando o Brasil corre até o risco de não se classificar nas eliminatórias da Copa do Mundo.

Assim que boas noites. Sábado, 22 de Julho de 2000.

 

Terça-feira, 1 de Agosto de 2000, 21:14, tempo bom.

Bem, no sábado passado, inesperadamente, faleceu o Paulo Borges que estava numa clínica aqui perto de casa.

A Saara tinha estado lá de tarde e lê estava bem mas, subitamente o coração parou.

Foi enterrado domingo no cemitério da Santa Casa.

Era de se esperar, ele já estava na 3ª fase a doença de Alzheimer.

Com o Paulo se foram grandes histórias da boemia do bar “Ao Vencedor”.

A Saara agora está só  ainda não sabe se vende a casa ou se fica mesmo na zona onde sempre viveu e onde conhece e é admirada por toda a vizinhança.

Particularmente penso que a decisão mais prunte é aguardar um pouco antes de decidir.

Pelo menos por dois dias temos estado livres do frio de rachar mas..a previsão é que volte amanhã, após uma chuva: o velho dilema, pode escolher entre chuva ou frio.

Ontem a Patrícia embarcou para Londres via Rio e Nova Iorque, bota-fora pouco concorrido porque dia de semana quando todos trabalham; de estávamos nós e o Ângelo. O Diego chorou um pouco mas logo se consolou com os agrados de todos em especial o Carlos.

Deve estar saindo agora para Nova Iorque, após ter apresentado um trabalho em congresso no Rio.

Amanhã a Isinha segue rumo à Barcelona.

A moçada vai meio cabreira porque o que tem caído de avião não é mole.

Concorde então, é todo o dia. Ainda bem, estatisticamente já caíram todos os que tinham que cair.

Heloisa deve ficar lá por Ipanema mas com um olho em Assunção.

No mais, muito trabalho e trabalho chato no escritório.

Hoje fui lá no Saldanha eu fez uma perfuração de tímpano com o que minha audição melhorou muito.

Quase não agüentei a perfuração que é muito chata mesmo.

Estou menos resistente do que quando o Lang fazia isto.

Vamos ver se dura.

Tivemos churrasco domingo e vieram os que estavam na capital, inclusive a Graça.

Festejava-se o aniversário a Helena, com direito  bolo, velinhas  o tradicional grito de guerra da Patrícia.

Não vi a Helena ganhar nenhum presente.

Hoje aniversaria o Tergolina quem, neste momento está jantando fora com a sua turma.

O Ângelo voltou ao escritório depois de concluir as suas necessidades burocráticas de tirar carteira de motorista, CPF, inspeção de saúde no Glorioso etc. Em agosto deve apresentar-se no CPOR para o exame físico. Vamos chuliar para que passe.

Uma coisa interessante que li no jornal é que agora, para servir no Exército, precisa ter “peixada” de general!

Antigamente a briga era para não servir mas o país cresceu muito e o Exército diminuiu assim que há 15 candidatos para cada vaga.

Qualquer dia irá haver vestibular para sentar praça.

Para não esquecer, o Brasil ganhou de 3 x 1 a Argentina e o Ronaldinho deu um show, junto com o Axel, a dupla que toda a torcida brasileira pedia para o Luxemburro escalar.

Vou ficando; amanhã decerto tem mais.

Boas noites. Terça-feira, 1 de Agosto de 2000.

 

Sexta-feira, 11 de Agosto de 2000, frio brabo, de novo, 22:24.

Praticamente, temos quase duas semanas sem registro: semana passada tivemos a viajem da Isinha para Barcelona, sexta feira fui para Ipanema passar o fim de semana e voltei com uma prostatite muito chata e esta semana andei ‘as voltas com médico, exame etc.

Hoje fiz os últimos exames e, ao que tudo indica, nada de maior.

Patrícia, a britânica, já mandou dois Emails que foram prontamente respondidos: tudo bem nas Ilhas Britânicas, houve até um dia de sol.

Isinha telefonou várias vezes e está deslumbrada com Barcelona: a cidade é lindíssima e o verão está comme il faut.

Heloisa gostando muito de Ipanema, um viver interiorano com todos os recursos e pessoas muito agradáveis.

Já está pensando em se mudar para lá.

Alda, bem e telefonando diariamente para saber se não preciso de ajuda.

Assim que, de um modo geral, vai tudo bem.

Hoje é o Dia do Advogado mas não se houve mais falar no temido “pindura”.

Pode ser que no interior ainda vigore mas aqui está esquecido.

O que continua chato é o frio que não dá trégua: para este fim de semana a previsão é de temperaturas abaixo de zero na madrugada, inclusive aqui.

Como é o primeiro da família, registro que o Carlos comprou um DVD que foi instalado pelo Pablo que o fez sozinho.

Decerto hoje eles vão alugar filmes para ver se realmente vale a pena. O CD de demonstração, um show do Caetano, é realmente impressionante.

Não demora e a turma embarca na novidade.

Como não somos muito afeiçoados a ver filmes em vídeo, acho que resistiremos bravamente.

Domingo é Dia dos Pais e já avisei que quem trouxer presentes será sumariamente deserdado!

Faremos(ei) o clássico churrasco.

Como o Tergolina irá fazer o seu no sítio, a gurizada não estará presente.

No mais, tudo em paz.

Quando passa muito tempo, a gente esquece de muita coisa do quotidiano é certamente isto aconteceu.

De qualquer forma, penso que nada importante. O importante mesmo é que o velho aforismo se confirma: a arte de escrever é a arte de sentar.

Boas noites. Sexta-feira, 11 de Agosto de 2000.

 

Sábado, 12 de Agosto de 2000.

Não sei como, acabo de perder um longo texto feito hoje.

Deve estar em algum canto mas não sei qual e não há saco para reproduzir o que escrevi assim que, de saco cheio, encerro.

Boas noites.Sábado, 12 de Agosto de 2000.

 

Segunda-feira, 14 de Agosto de 2000, 21:22, chuva.

Ontem, dia dos pais, fizemos um bom churrasco e ganhei um perfume da Heloisa e um pijama e ovos em conserva a Virgínia.

A patrícia deixou um belo cartão e também telefonou de Londres.

A Isinha telefonou de Barcelona.

Os guris foram com o Tergolina para o sítio; de noite o Tergolina passou por aqui para me dar um abraço.

Dos filhos emprestados, telefonaram Graça e o Banda.

Foi um dia agradável.

Hoje fui buscar os exames e telefonei para o Bica que me mandou fazer um tratamento de dois meses, na base de antibiótico e calor|: neste momento estou sentado em cima de uma bolsa de água quente.

Não sei se vou ter saco para agüentar o tal tratamento. E ainda falta o do Saldanha otorrino.
Realmente, agosto, depois de uma certa idade, é o mês dos galhos físicos.

Também hoje arranquei um dente com a Liege,  e por isto não pude comer nada na janta.

Ainda bem que, no almoço, o Ângelo e eu comemos um bucado no per tutti, um bufê ali no começo da Marechal Floriano muito bom mesmo e muito barato: R$4,00 com não sei quantos pratos.

Heloisa está em Ipanema até sexta quando deve retornar a Isinha.

Está perdendo vôlei Brasil x Argentina por que a Net da Isinha é meia-boca, aquela mais barata.

No escritório tudo calmo;hoje coloquei o Ângelo para bater uns textos e ele fez tudo direitinho.

Devagar vamos.

Na verdade o Ângelo não é um burocrata,,o negócio dele é movimento mas aos poucos irá aprendendo e, quem sabe?, pode até vir a gostar de Direito.

O João encontra-se desaparecido, decerto em Flores da Cunha.

Ontem o Tergolina levou umas esmeraldas boas para lapidar em Lajeado. Vamos ver como ficam.

Como gosto muito de esmeraldas, não estou interssado no valor das pedras mas sim na sua beleza.

Pretendo dar uma para cada um dos descendentes.

Um colar para Heloisa e, para mim, um cebolão duns dez quilates que vou usar pendurada no pescoço, a moda dos bicheiros.

Se tudo der certo, vai ser um sucesso.

Ainda estou atrás do arquivo que bati ante-ontem e desapareceu mas acho que vou recupera-lo.

Pelo menos está num disquete.

Consegui!

 

Sábado, 12 de Agosto de 2000, 18:25, frio.

Acabo de chegar de Ipanema onde almocei;Heloisa ficou e só vem amanhã porque os guris estão em casa e vão jantar.

Passei na Saara (pegar uns documentos para o inventário do Paulo) que está totalmente só e me pareceu não estar gostando muito porque, além da solidão está com uma dor braba no quadril.

A Saara não é pessoa para viver só; vai acabar se mudando para local mais agitado, tipo Bonfa, se bem que com este frio, o negócio é ficar em casa.

 

As notícias esportivas vão desde o sucesso do Ronaldinho que, inegavelmente, é um dos melhores do mundo, até ao Guga que, neste momento deve ter perdido para um inglês muito bom;assistimos grande parte do jogo lá em Ipanema e, pelo rádio do carro, fiquei sabendo que o Guga estava perdendo feio no último set.

O Grêmio, que está um lixo, tente se recuperar e está jogando com o Santos que tem o Edmundo. Por enquanto 0 x 0.

Ontem eu vi na Internet um programa para mandar Email por voz mas achei muito extenso; de qualquer forma, vou fazer uns testes e, se valer a pena, instalo.

Deve ser interessante falar, por exemplo, com a Patrícia lá em Londres eis que o concunhado dela, o Bruce, como bom especialista no assunto, deve ter esse programa instalado.

Vou até avisar ao Pablo para que instale nos computadores deles.

Antes é claro, vou testar por aqui.

É o que farei a seguir.

 

Porque ficou em fonte diferente não sei mas presumo que o Word do escritório é diferente deste aqui.(Já corrigi)

Terei que perguntar ao João.

O Grêmio perdeu para o Santos e agora a casa vai cair: nunca na história do Grêmio o time foi tão avacalhado., é o último da Copa João Havelange.

Quinta feir o Carlos irá para os USA e ficarei com o guris por lá.

Na outra seman o Carlos vai para Fortaleza e na outra para a Inglaterra.

Qualquer dia o Carlos entra no consultório e a enfermeira irá fazer a clássica pergunta:

– Trabalhas na casa? Descontas INPS?

O Tergolina ontem me disse que está fazendo mestrado em Marketing, numa extensão da Getúlio Vargas aqui em Porto Alegre.

Estudioso e inteligente como ele é, decerto vai abafar a banca, literalmente.

Qualquer dia o Tergol surge como diretor da Ipiranga .

Acho que vou voltar a estudar formalmente porque, não demora, quem não tiver doutorado nesta família, não vai poder nem abrir a boca nos churrascos dominicais.

Uma boa idéia seria organizar um sarau mensal em que um dos familiares fizesse uma palestra, assunto a escolha.

Poderia haver convidados. Acho que vou tentar.

Pelo menos daria tarimba para os oradores.

Palestra das oito às nove, seguido de bufê ao encargo do orador.

Sou bom nestas coisas ou, pelo menos, era.

Bem, por hoje é só.

Boas noites. Segunda-feira, 14 de Agosto de 2000.

 

Sábado, 2 de Setembro de 2000, bom e frio, 19:00.

Afinal temos algo importante a registrar neste festival de tolices: sexta feira, dia 18 de agosto de 2000, este que vos escreve teve um enfartão daqueles de mandar o interessado para as pastagens de Manitou.

A situação geral era a seguinte: Heloisa, por sorte, resolveu vir de manhã lá da Isinha e eu não fui ao escritório e fui ao Zaffari comprar uma banalidades.

Quando voltei e mal chegado em casa, começou a inana: a dor no peiot é tão terrível que, enquanto não se desmaia, a única vontade é morrer.

Aí a Heloisa acionou a Samdu (?) e o Arthur, da equipe da Patrícia.

Se bem me lembro a Liege também estava em cena mas naquela altura e com aquela dor, as lembranças tornaram-se vagas.

Foi uma correria desesperada para me manter vivo até chegar no Hospital: foram mais de oito paradas cardíacas!

Em lá chegando vivo, graças ao Arthur, assumiu o povo do cateterismo e trabalhou bem e rápido.

Em suma , sobrevivi e no momento já estou em casa, em repouso senão absoluto, algo por aí.

A história é longa, cheia de episódios edificantes como, por exemplo, a vinda do Pfeifer, Lucia e Silvia do Rio, manifestações de amizade e carinho surpreendentes e tantas outras coisas.

Não é muito estimulante escrever sobre a possível própria morte mas também não é coisa do outro mundo…

Ontem estive no Jorginho que está um terrorista perfeito: ameaças explícitas de me acontecerem coisas horríveis se não obedecer.

Mudo de médico.

Carlos e os guris foram ontem para a Inglaterra e devem estar chegando em Londres.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 6 de Setembro de 2000, tempo bom, 17:36.

Pensei que, durante o período de recuperação, eu iria escrever durante boa parte do dia mas, a realidade é outra.

Com os remédios para baixar a pressão, a vítima fica meio entregue às baratas e só quer flanar, nada de lavorare.

Mas, devagar vamos: aos poucos diminui a dor nas costelas, a fome aumenta e assim caminha a humanidade.

Muito interessante é o número de pessoas versadas em recuperação de cardíacos: quase todas têm um conselho para dar, sobre os mais variados temas: alimentação, exercícios, atividades permitidas e proibidas etc. etc. e tal.

Ignorante mesmo no assunto, parece que só eu…

Do que, aliás, faço questão.

Um inglês, antes de falar em doença, esgota todos os assuntos, a começar por estradas e condições meteorológicas: aqui no Brasil, é bem diferente, se o pátria tiver um gancho, o menor que for, te conta desde o sarampo que teve aos seis anos de idade até  problemas  para peidar na UTI sem infectar – muito – o ambiente!

Acho que está faltando na Língua Portuguesa, uma palavra para indicar a paixão para falar em doenças.

Temos que inventar e, imediatamente , rotular os eventuais praticantes como oligões sociais, o eu fará com que, pelo menos, pensem antes de iniciarem suas entusiásticas incursões pelos assuntos de Hipocrates.

Acaba de telefonar a Virgínia dizendo que estão saindo para o Imbé.

Acontece que temos um feriadão gordo, eis que amanhã é quinta feira e sete de setembro.

Virginia m disse que os PT resolveram montar uma operação de vistoria de carros que saem para a praia, justamente hoje de tarde!

Os caras fazem tudo para conquistar a simpatia do distinto público e, deste jeito, o Tarso perde a eleição.

O que era uma “barbada” já não está tão fácil: a dupla Yeda – Vilela, avança firme como seria de prever.

O Vilela foi um grande prefeito, talvez o melhor que Porto Alegre já teve e a Yeda é uma senhora de notável postura ética e profundo conhecimento dos problemas nacionais. Não esquecer que foi Ministra do Planejamento.

Mientras tanto, o PT faz barreira em véspera de feriadão para ver se fatura algum dos desavisados, via multas.

Particular e subjetivamente considero o Tarso um carreirista,  na profissão( é advogado trabalhista), na Política e até mesmo no PT.

Os PT sabem disto e estão fazendo força para retirar a figura da berlinda.

Dos Barrios não temos notícias e hoje o João termina os consertos do carro do Carlos.

Devem estar em Paris ou adjências.

Silvia telefonou que vai fazer uma festa grande os 70 anos do Pfeifer, no sábado; desejava que fosse alguém daqui mas o povo está sem condições.

Como estamos impossibilitados, seriam indicados os da geração dela, Bolão, Patrícia, Isinha e Virginia mas nadie pode.

Ana informou que os Barrios chegam domingo ao meio dia; a Heloisa vai preparar algo para o almoço deles que preferem almoçar em casa.

Hoje esteve aqui o Salazar e ontem o Pinho e o Bagé.

Como parei com a chegada das visitas, perdi a embocadura  só me resta prosseguir amanhã.

Boas noites. Quarta-feira, 6 de Setembro de 2000, 21:32.

 

 

Sábado, 9 de Setembro de 2000, 11:49, tempo ótimo.

Ontem estivemos no Jorginho que ficou satisfeito com o meu estado; não negociou muito, como ele diz e marcou uma próxima consulta para daqui a quinze dias.

O povo todo está na praia; Bolão foi lá para casa e devem estar aproveitando porque o tempo está ótimo.

Patrícia telefonou agora de manhã, de Heathrow, e já estão embarcando de volta. Chegam amanhã ao meio dia e a Ana encomendou o almoço com Alba eis que não confia na Lili.

Seria melhor se os Barrios almoçassem conosco mas acho que por causa da minha situação, a Patrícia preferiu almoçar em casa.

Pingo segue segunda feira para a Inglaterra, junto com o Negão;

Vai bem suprido de grana, pelo Tergolina, é óbvio.

Heloisa, neste momento, está na Alda cuja situação ainda não está resolvida. `necessário que tenha assistência noturna mas, está difícil.

A campanha eleitoral começa a esquentar porque a Ieda está crescendo muito e assustando tanto o Tarso como o Negrão.

Ou seja, vai começar a baixaria.

Penso que, pelo efeito Olívio, quem fica mais exposto é o Tarso.

Depois o Negrão e, por último a Yeda que tem o menor índice de rejeição dos três.

Se todos os indecisos votarem nela, adeus PT.

É o que está se desenhando.

Particularmente, não tenho feito nada eis que estou sendo mantido com pressão muito baixa mas isto acabou hoje com a novas dosagens de remédios.

Como se depreende, já estou mais animado e segunda feira vou retomar os assuntos jurídicos. Até a próxima.

 

Quinta-feira, 21 de Setembro de 2000, 15:58, chuva e chuva.

Acho que, quase continuamente, chove há um mês.

É muita água e se continuar assim, teremos uma bela enchente de São Miguel, agora no fim do mês.

Creio que amanhã começa a Primavera, uma estação normalmente chuvosa. Esperemos que este ano não seja.

Nos países de latitudes mais comportadas, geralmente no hemisfério Norte, a Primavera é chuvosa e então planta-se; no verão, com o calor,  s plantas crescem e, no Outono, amadurecem. Colhe-se no início do Inverno.

É o ciclo normal da produção na chamada Civilização do Frio.

Não imaginar porém que é nos hiperbóreos onde esta coisa funciona melhor: na verdade a bacia o Mediterrâneo é onde as estações funcionam mais adequadamente para a agricultura sazonal.

Deve ser por isto que a Civilização desenvolveu-se por ali.

Muito referido é o Crescente Fértil que – afinal – também fica na zona de atração climática o Mediterrâneo mas parece-me que o início a nossa civilização, dita helênica ou Ocidental, tem mais a ver com as ilhas daquele mar.

Quem conspirou contra os mistérios de Creta – I presume – foi o  Daniken que alinhou um monte de asneiras sobre o assunto, referindo-se inclusive a uma escada que só subia.

Ou foi erro de tradução ou ele conseguiu uma abstração fora do alcance o nosso cérebro, tipo moeda de uma só face.

O que não é fácil.

No mais continuo na vidinha de enfartado que se recupera de crise recente ou seja, passo o dia sem fazer nada o que não é muito agradável.

Amanhã tenho consulta no JPRibeiro  e pretendo negociar com ele algumas coisas, principalmente dirigir e ir ao escritório, mesmo que d modo “soft”.

Continuo com pressão baixa e tudo me faz lembrar o quadro da mãe o que aliás, é bastante presumível: tal mãe, tal filho. Nem sempre, é claro.

O grande agito deste mês são os Jogos Olímpicos de Sidney.

O Brasil tem poucas chances e ganhar medalha de ouro mas certamente algumas irá conseguir: vôlei de praia, tênis, equitação e vela.

Em futebol, muito difícil mas não impossível.

Em vôlei de quadra, difícil mas não muito.

Natação foi um fiasco bem como nas pistas e canchas.

Judô até que rendeu duas medalhas de prata.

O interessante é que os caras que perdem, sempre dizem  a mesma oisa: o Brasil está atrasado séculos em relação aos outros.

Só que a maioria deles treina nos USA.

E Cuba? Será que Cuba é adiantada? Será que tem grana e meios para treinar o crioléu?

Não é por aí.

Tem mais a ver com o prestígio na comunidade, o velho e conhecido aplauso do grupo.

Por isto é que todo o mundo que ser boleiro e poucos corredores de 100ms ou nadadores.

A Helena tem um potencial enorme em natação mas prefere o vôlei.

O assunto merece uma análise mais ampla  hoje não é a oportunidade:

estou com rotação muito baixa e me custa até escrever estas divagações suburbanas.

O povo da família está bem: ontem foi o aniversário do Diego, sem festividades. Domingo teremos os festejos do aniversário do Chico com um galeto na Jacy.

Se não estiver nevando.

O Pingo tem dado notícias e pediu camisas brancas e calças pretas para trabalhar como garçon. É uma boa.

Vou passar um Email para ele.

Ontem passou um vendaval brabo lá por Bagé e fez grandes estragos.

Vou telefonar para saber de como estão os Sá.

Tenho recebido muitas visitas de amigos.

Percebo que as pessoas esperam encontrar um zombi  e quando vêm que não estou tão medonho assim, ficam surpresas!

Lamento contrariar as expectativas mas sempre há esperanças de uma recaída…

Até a próxima.Quinta-feira, 21 de Setembro de 2000, 16:55.

 

Segunda-feira, 25 de Setembro de 2000, 13:02, frio.

Como estamos no auge das Olimpíadas, passo mais tempo vendo televisão do que trabalhando.

E, o que é pior, é vexame em cima de vexame, os brasileiros, todos se achando os maiorais, acabam perdendo tudo ou disputando bronze.

A seleção de futebol foi um desastre tão grande que ninguém quer comentar.

Os mulatinhos perderam, nas oitavas de final, para o time de Camarões que jogava com nove!!!

E o Wanderburro, apesar das mais acusações de vigarista e safado, não vai cair do galho: é que ele não é o único patife no âmbito da CBF.

Vou destacar, apesar de politicamente incorreto, que esta foi a seleção dos mulatos desde o técnico até ao ponta esquerda.

Deu a impressão que o Wanderbicha só escalava branco ou preto quando não houvesse mais mulatos na fila.

Foi um festival de mulatinhos e , como sói acontecer, um desastre.

Depois do final desta novela, volto ao tema.

A seguir tivemos o caso do vôlei de praia: era uma barbada tão grande para as duplas brasileiras que até a Time anunciou medalhas de ouro para o Brasil.

Até agora, a dupla masculina mais cotada está fora e a feminina,que foi capa da Time, perdeu para duas australianas gordas.

A outra dupla feminina ganhou bronze.

Como estamos tratando de cariocas e aratacas, seria previsível.

Ainda temos o vôlei masculino e o feminino mas não convém esperar muito daquele conjunto de bolhas.

Bem.

Ontem transcorreu o aniversário do Chico, festejado com um glorioso galeto na casa da Jacy; obviamente não fomos porque ainda não estou liberado para galetos.

O Tergolina esteve aqui à noite e me trouxe as esmeraldas que mandamos lapidar em Lajeado.

São 100 quilates de pedras médias, nada de empolgar.

A campanha eleitoral continua firme mas, idem, nada de empolgar; a gente esperava que o Negrão fosse bater forte no PT mas não aconteceu, ele está uma donzela.

A macacada toda tem rabo prezo e quem não tem rabo também não tem carisma.

Deste jeito não vai haver segundo turno, o Tarsinho, ganha direto.

O mais interessante é que as pesquisas mostram que o eleitorado do Tarso é, quase todo, classe A.

São os chamados “ companheiros de jornada” ou “inocentes úteis”;

Deixa os comunistas assumirem em nível nacional que eles vão ver o que é bom para a tosse.

Interessante que este fenômeno aconteceu até mesmo na Rússia, quando da revolução socialista de 17.

A ascensão dos bolchevistas foi posterior à tomada do poder, quando as elites socialistas de bar  de boutique, deram espaço para os soviets.

Mutatis mutandis, podemos imaginar que o Tarso é o Lênin e o Olívio o Stalin, este um pouco menos louco.

O Stalin ( que significa homem de aço), quando assumiu o poder, ainda a Rússia era um sociedade meio romântica em que socialistas e comunistas disputavam o poder com um certo savoir faire.

Aí, o bigodudo da Georgia, um troglodita ex patris et mater, quando morre o Lenine, assume e começa a botar a bola no chão.

Realpolitik.

Quem não viajou para a Sibéria, morreu de fome ou foi fuzilado.

Eis como o Stalin resolveu o problema do MST russo.

Alguns milhões de camponeses foram cumprimentar o Criador onde já encontraram os esquerdas de bar, tomando vodka, jogando xadrês e falando francês.

É o que espera os daqui, com a diferença que não falam francês e só sabem jogar porrinha.

Então tá.

A Ilza Kerber é socialista e as pessoas querem saber a provável origem da preferência política que não combina com o resto do seu quotidiano.

Acontece que o pai dela era socialista, traduzia Schiller, Goethe e mais povo do romantismo alemão o que, convenhamos, sempre foi uma opção de extremo bom gosto.

Nada como citar Schiller ou Goethe para elevar o padrão do convescote.

Para quem estiver interessado em cultura alemã, recomendo Thomaz Mann.

Voltemos ao quotidiano.

Hoje relendo as anotações do ano passado, descubro que os guris, Pablo  Diego me trouxeram uma boina basca de Barcelona.

A pergunta é: cadê a boina?

O Lucas me deu um chapéu. Cadê o chapéu?

Até pode ser razoável que dadas as atuais circunstâncias, as pessoas se preocupem com os bens que irei deixar à sucessão mas porque só coberturas? ( No Glorioso, cobertura e´ o que se usa na cabeça).

Mistério!!!

Retomo à noite eis que e tarde fomos ao Jorginho que liberou geral!

Estou em forma relativa e amanhã já devo ir ao escritório.

Acabaram as minhas mordomias.

Sou mesmo muito burro: com um pouco de teatrinho, ficaria flanando por um monte de tempo.

Pior do que eu, só os voleibolistas de praia da pátria amada, Brasil.

Ratchimbum!!!

Boas noites. Terça-feira, 26 de Setembro de 2000, 22:14.

 

Quarta-feira, 27 de Setembro de 2000, 18:07, bom, frio.

Hoje, depois de exatamente um mês, retornei ao escritório que estava uma bagunça. O Ângelo foi dirigindo o que, aliás, faz muito bem.

Mas já posso dirigir. E foi o que fiz quando voltamos.

Tudo normal.

O fiasco das Olimpíadas prossegue: hoje de madrugada, o time masculino de vôlei que estava invicto no torneio, perdeu para a Argentina, um time de segunda classe.

Não d´para entender o que houve com os brasileiros que parecem totalmente desmotivados e loucos para voltar para casa.

A novela Luxemburro prossegue, com todo o mundo dizendo que entra o Felipão.

Acho que não mas, aguardemos.

Esteve hoje aqui o Napoleão e me deixou uma xerox do Tratado de Tordesilhas que ele trouxe mesmo de lá; interessante porque no texto que conta a história do tratado, ficamos sabendo de uma série de fatos, totalmente desconhecidos da memória lusitana.

Afinal, a História que aprendemos, tem lado e certamente este não é o de Aragão e Castela.

Ainda ontem, o Silvio Santos, um monumento à cultura nacional, ficou espantadíssimo ao saber que o autor da música do Hino da Independência é  D. Pedro I.

Aliás, o cidadão referido, foi um ser humano interessantíssimo

Com muitas virtudes de caráter e vasto saber.

Para nós, no entanto, trata-se de um malandro cuja única atividade era viver entre putas e malandros.

Não devemos esquecer que  propaganda republicana acabou com os Bragança; lembro que d.Pedro II, sem dúvida uma pessoa notável, foi apodado pela imprensa republicana como “ Pedro Banana”.

Para quem tiver oportunidade, recomendo a leitura dos jornais do fim do século XIX e princípios deste: é um verdadeiro terror,  as avacalhações mutuas, verrinas como se diza, se feitas hoje, acabariam em morte ou cadeia na hora.

Assim que, quando me falam de Belle Epoche, o que me assoma ao bestunto é a sua hipocrisia característica.

E que o Eça eviscera muito bem em “ O Primo Basílio”, “A Relíquia” o “Os Maias”.

O extremado conteúdo ético da Belle Epoche, a sua religiosidade e virtudes sociais, encontram-se perfeitamente retratados nos livros de Zola…

Eu sou o anti-saudosista.

Graças a Deus.

Eu tinha um assunto que estava com ganas de analisar mas esqueci.

O Napoleão me trouxe um livro para ler, do Moacyr Werneck Sodré que foi muito elogiado pela crítica, na verdade pela patrulha.

O Moacyr é (?) um aristocrata de esquerda o que nas hostes, é a glória.

O operário metalúrgico ser de esquerda até deveria ser uma regra de coerência.

Mas o Barão de  Maracangalha ou adjências, aí a coisa adquire fumos de verdade profética.

Aquele paspalho do Suplicy, se não fosse um Matarazzo não arrumava nem vaga de varredor no PT.

Idem para a mulher dele que vai se eleger prefeita de são Paulo.

Eu registro sempre “ adjências” porque acho muito mais lógico e divertido do que “adjacências”.

E também porque, num discurso proferido no bar “ Ao Vencedor”, por ocasião do aniversário do Juca Carijó,  um renomado orador da Zona, usou o rebuscado termo, para gáudio e admiração dos mais participantes.

Já faz mais de sessenta anos e ainda não esqueci.

Como não esqueci do Gafiero Gasparelo tocando violino e do Demófilo Xavier tocando piano sob a inspiração de Bacco.

Ambos são nome de ruas ou, pelo menos, o Demófilo é.

Estes dias estava pensando se conheci muita gente que ficou famosa e cheguei à conclusão que a minha praia foi a plebe ignara.

Além dos militares que chegaram à Presidência, e de um ou outro ministro, não lembro de mais alguém que figure na História do Brasil.

Já o Bolão costumava servir a Rainha Mão em suas dela esticadas a Paris…

Sem falar no Terry Savallas, com quem fumava um charutinho, na hora do cognac, perdão, Henessy.

Cognac é coisa de turista português pobre.

Heloisa hoje, agora livre do meu perigo cardíaco, irá jantar com a curriola da Yeda, nossa candidata a prefeita de Porto Alegre.

É como eu digo: a mim, nem o Negrão convida para jantar…

Boas noites.

Quarta-feira, 27 de Setembro de 2000.

 

Quinta-feira, 28 de Setembro de 2000, 17:46 , tempo bom.

Estamos com um belíssimo dia de Primavera, fenômeno meteorológico que ninguém mais acreditava ser possível.

Mas, ao que tudo indica, amanhã chove…

Hoje fomos visitar  igreja de Santa Rita de quem Heloisa é devota.

Creio que o objeto da visita foram agradecimentos pela minha recuperação.

Parece que há um erro de concordância mas não: no objeto podem estar contidos plurais.

Depois passamos na Isinha onde só encontramos o Ângelo, a Amada e o Conan.

Tudo bem por lá; o Conan faz grandes festas quando me vê.

Hoje não levei o tradicional pacote de biscoitos para ele.

Também passamos no Winckel(?) onde compramos umas mudas de flores para o jardim.

Decerto amanhã o Ledi irá plantá-las.

Heloisa foi para a Feira de UD com a Liris e esqueceu de dizer onde quer as mudas.

O vexame da Olimpíadas continua e está tão ruim que o povo já está desinteressado: ninguém mais assiste nada.

Acho que antes que acabem os jogos, Bourkina Fasso nos ultrapassa no quadro de medalhas.

No mais, tudo em paz.

Domingo teremos eleições e devemos chuliar para que haja segundo turno.

O PT é muito competente no que concerne à eleições mas em havendo segundo turno, pode haver surpresas.

O Lula esteve aqui no comício de encerramento da campanha do Tarso e, na minha opinião, a sua presença foi um desastre: estava mal arrumado, visivelmente tinha tomado umas canas e seu discurso foi de uma pobreza

de sertão da Paraíba.

Apareceu com um chapéu e declarou que só o estava usando para poder tira-lo para o povo de Porto Alegre…  isto foi o máximo de sua retórica

Olívio, Tarso, Cachorrão, todos bem arrumados e até elegantes, não sabiam onde enfiar a cara com o vexa do chefe.

O Lula caminha a passos firmes e largos para ocupar o lugar do Brizola na galeria dos ridículos nacionais.

Todo o mundo sabe que ele é analfa, sem nenhuma escolaridade ou erudição e, no entanto, há jornais que publicam a coluna semanal do Lula.

Ou seja, ele está cooptando uma farsa que certamente será usada contra ele quando julgado necessário.

Lembremos do Collor e dos artigos que copiou de um pensador seu amigo.

De qualquer forma, vai ser muito difícil tirar a prefeitura de Porto Alegre, do PT.

Bem como de vários municípios do interior.

Tão logo administre o poder na maioria do Estado, os PT vão partir para um aventura bem maior.

Aguardemos.

O povo da minha turma de Academia continua enfezado com a festa dos 50 anos de formatura: quase diariamente alguém telefona e insiste para irmos todos os gaúchos.

Quanto a mim depende do estado de saúde em dezembro mas a maioria está com idéia de comparecer.

Semana que vem vou fazer alguns contatos para sentir de como andam as intenções dos pátrias.

O Vares, que já voltou a Europa, sei que está com firmes intenções de ir e com ele o Conchita.

Se eu for, pretendo ir só  e comparecer apenas nas festividades da AMAN, como fiz na festa dos 40 anos.

In illa tempora, a Ecobras estava bem e havia carro com motorista no Rio: saímos de manhã ( O Pinho foi comigo) e voltamos logo depois do almoço.

Sem condução própria o negócio já fica meio suburbano.

Há que avaliar diversas hipóteses.

Se formos de três ou quatro, alugar um carro fica bem razoável.

A APLUB tem carro no Rio.

A Silvia tem três carros, e é só arrumar motorista, o que não deve ser difícil.

Como eu disse, fazer um estudo da situação, decidir e executar.

Acho que por hoje é só.Quinta-feira, 28 de Setembro de 2000 18:35.

 

Domingo, 01 de outubro de 2000, nublado.

 

Hoje é dia de eleições municipais e já fomos votar, Heloisa e eu, no Colégio Santa Inês; votamos na Yeda Crusius e no Dib mas será muito difícil derrotar o Tarso Genro do PT.

Fui e voltei a pé, sem nenhum problema.

Como já disse e repito, o povo do PT é muito bom em política e até que se aplique ao caso a regra lincolniana( enganar durante um certo temo etc.), os PT não largam a prefeitura.

Mas, um dia a casa cai.

O poder corrompe.

Diego está aqui em casa; Os Fietz foram para o Imbé e levaram o Pablo.

O Carlos deve ir hoje para o Canadá.

Como a Virgínia coleciona cartões postais e não tem do Canadá, vou lembrar ao Carlos.

Todos sabemos que em congressos médicos, não há tempo para firulas mas, cartões postais se encontram até nos quartos dos hotéis.

Quando for a Sander, mando um postal para a Virginia.

O que o Bolão poderia fazer de Parobé.

Penso que a coleção dela ficaria bem mais instigante com cartões postais de lugares assim, sem nenhum renome turístico.

Mas notáveis como cenário de histórias humanas.

Principalmente Parobé.

Hoje estou muito burro e metáforas e até palavras, custam a aflorar da mmória.

Por exemplo, sei que a palavra “instigante” não é a mais correta  sei também que existe outra bem mais apropriada mas, não lembro.

Repito: logo depois de fazer roto rooter, a minha memória estava um aço mas agora já começa  voltar à sua mediocridade costumeira.

Este teclado, cheio de recursos, é uma porcaria e costuma “comer” o e.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 18:46, chuva.

Pelo jeito, semana passada, passei em branco mas nada de anormal: puta preguiça.

Teremos segundo turno nas eleições municipais entre o Tarso e o Negrão Collar.

O PT está apelando, fazendo campanha em cima da Neusa.

Sinal de que a coisa não está tranqüila para eles.

Ontem a Heloisa resolveu retomar o bródio semanal com um strogonoff; Os Barrios não vieram porque passaram o fim de semana no Santinho e a Isinha porque o Juan está aqui em Porto Alegre.

A noite eles vieram aqui e conhecemos o Juan que nos pareceu muito simpático  agradável.

Os guris foram para a chácara com o Tergolina.

Pingo mandou um Email com suas aventuras londrinas; está pedindo o envio de várias coisas até mesmo aquele macarrão japonês que se faz em dois minutos.

Como o Tergolina vai para a Inglaterra na semana que vem, decerto irá levar um bom farnel para o Pingo.

Esta é uma velha história: a primeira vez que a gente vai para o estrangeiro, o que  nos arrasa no início é a comida diferente e passamos boa parte do tempo sonhando com churrascos, arroz e feijão, filés a pé e goiabada.

E, quando os exilados se reúnem, imediatamente planejam fazer uma feijoada que acaba saindo com perna de anão.

Não é fácil conseguir os componentes de feijoada aí pelo mundo de Deus.

No fim chega-se a conclusão que bão mesmo é aqui.

E,é.

Ainda sábado  li a Ilíada que me foi trazida pelo Joaquim quando veio tomar chimarrão na sexta feira.

A leitura a Ilíada é tão interessante que a gente lê de um fôlego, não á para interromper.

E já lá se vão mais de três mil anos desde a tomada de Tróia pelos gregos.

E, de inhapa, ainda cabem a seguintes digressões:

A primeira é que sempre que surge alguma coisa nova, os gregos já a conheciam. In casu, acho difícil que qualquer enredo, de qualquer literatura seja uma novidade em relação à Ilíada ou à Odisséia.

Em segundo lugar, ocorre-me que Jorge Luiz Borges e Garcia Marques são considerados os criadores do realismo fantástico.

Acho que, tendo referido a Ilíada e a Odisséia, não preciso dizer mais nada: ali temos um realismo fantástico muito mais elegante do que em Borges ou Garcia Marques.

A intervenção dos deuses nos assuntos dos mortais cria situações que não mais põem ser imitadas.

O Aureliano Buendia, fedendo a suor, vivendo em uma aldeia caribenha, quente, suja,  e miserável, não tem a menor chance em relação Zeus, sentado numa nuvem no Olimpo, ungido de óleos de rosas e se alimentado de néctar e ambrosia.

Assim que, nihil novum sub solem, exceto a imensurável ignorância humana.

Como hoje recebi um email muito interessante do Pfeifer e outro do Pingo, vou transcreve-los porque são marcos do quotidiano: o do Pfifr por ser o primeiro que manda para alguém e o do Pingo, por conter os primeiros acontecimentos de sua vida na Inglaterra.

Caro Moura:

Depois de vários dias com arrumações  nesta maquina maravilhosa, aqui =

estou para dar algumas notícias ,iniciar a pratica de trabalhar(ou =

melhor,me divertir)     enviar alguma piada sobre argentinos(ainda bem =

que o Carlos é uruguaio felizmente) que recebi aí da terrinha

Por aqui tudo bem, mas sem fechar contrato desde março…..Fora este =

pequeno e insignificante detalhe,estamos ,como vocês ai, esperando o =

segundo turno entre  Conde e Cezar Maia.Espero que este, vença o

paquiderme,que ,contudo não fez mau governo.Minha grande preocupação foi =

a possibilidade da negrona entrar neste etapa.O PT  me faz mal,ainda que =

,agora, tenha demonstrado alguma evolução graças ala moderada, que não é a do Tarso…

Nelson e Nicky viajaram hoje para Califórnia.Este ficarão em Carlsbad =

com ex-vizinhos e Nelson em Odyan.,mas só por 10 dias.Bruno retornando =

dai.KK no batente e Lu desesperada com as 3 horas de viagem diárias..

Aqui vai a gozação  esperando que nossos times consigam se classificar =

(acho difícil).UM beijo grande para todos dai e um especial abraço

para ti esperando que tudo esteja ok contigo. Abraços,    Pfeifer =

____________________________.

Porque Hitler perseguiu os judeus?

R: Por que não conhecia os argentinos

 

O que dá o cruzamento de cearense com argentino?

R: Um porteiro que pensa ser o dono do predio.

 

O que se joga para um argentino quando ele está se afogando?

R: O resto da família.

 

O filho de um argentino vai andando com seu pai e diz:

– Papa, quando yo crescer quiero ser como usted.

O pai todo orgulhoso pergunta:

– E por que filho?

–  Para tener un hijo como yo.

 

Você sabe como chamam aos argentinos no Peru?

R: De espermatozóides, porque de um milhão, só um é gente.

 

Qual a melhor marca de aspirador de pó na Argentina?

R: Maradona LTDA.

 

Você sabe o que é o ego?

R: São os pequenos argentinos que todos levamos dentro.

 

Você conhece o melhor negócio do mundo?

R: Comprar um argentino pelo que vale e vender pelo preço que ele se =

diz valer.

 

Um argentino pede a um taxista que o leve ao mirante da

estrada Mexico-Cuernavaca. Durante duas horas, fica vendo distraído =

a capital. Depois de muito tempo, o taxista pergunta muito impaciente e =

curioso:

– Que tanto o senhor observa?

– Estou olhando para ver como é a cidade sem mim.

 

Um escritor argentino e um mexicano que acabam de se conhecer, se =

re=FAnem para conversar. O argentino conta sua novela para o mexicano.. =

As horas passam e o paciente e educado ouvinte permanece em silêncio.

O argentino fala e fala, ate que pergunta:

– Agora vamos a hablar de usted: o que usted achou da minha novela?

 

Um argentino para em frente a um edifício com espelhos e diz em voz =

alta:

– Que fisionomia o cara tem!

Segue caminhando e encontra com sua namorada, uma loira deslumbrante, e =

volta a dizer:

– Que gata o cara tem!

Entra na sua Ferrari vermelha e diz outra vez:

– Que carrão o cara tem!

Chega em sua casa e encontra sua irmã, que é freira da Orden de las =

Esposas de Cristo.

Então, eufórico comenta:

– Que cunhado o cara tem!

 

Por que na Argentina tem tantos casos de bebes prematuros de 7

meses?

R: Porque nem as mães deles os agüentam por 9 meses.

 

Um argentino, um Sueco e um Nigeriano aguardavam ansiosamente na

maternidade o nascimento de seus filhos.

Eis que surge a enfermeira e diz:

– Senhores, houve uma tremenda confusão. Os bebes foram  trocados e

não sabemos mais quem é quem.

Só sei que temos 2 brancos e um negro.

– Não tem problema – sugeriu o Nigeriano. – Cada um escolhe um bebe

e vamos fazer um sorteio para  determinar a ordem da escolha.

Feito o sorteio, a primeira escolha coube ao sueco. Ele entrou no  =

berçário, olhou para os bebes e saiu com o negro no colo.

-Mas bwana! – reclamou o Nigeriano. – Você pegou o negro. Este obviamente =E9 o meu bebê. Eu sou negro, minha esposa é negra.  Me dê este bebê, volte l=E1 e escolha um dos brancos. E o sueco,indo embora:

– Tá maluco. E se eu pego o argentino?

F I M..

 

Agora, vejamos se consigo transportar pra cá o email do Pingo; acontece que, depois de transportar, devo corrigir o texto que é enviado em outro alfabeto, sem til ou ç.

 

E AI PEOPLE?

 

CONSEGUI UM COMPUTADOR COM INTERNET DE GRAÇA PRA MANDAR UM EMAIL DECENTE

PRA VOCÊS.

ESTOU NA CASA DA HELENA MARIA, IRMÂ DO GARDELON.

ESTOU CHEIO DE NOVIDADES..TANTAS QUE NEM TEM COMO LEMBRAR.

PRA COMEÇAR FOMOS A UM PUB NA SEMANA PASSADA COM O PESSOAL LÁ DE CASA.TOM=

EI UM PORRE E VOLTEI PRA CASA CAMBALEANTE.DANCEI REGGAE COM UM MENDIGO QUE

TAVA TOCANDO VIOLA NA ESTAÇÃO.TRABALHEI NUM CASAMENTO INDU MUITO LOUCO…=

.ESSA SEMANA ACHO QUE VOU CONSEGUIR UM EMPREGO FIXO NUM BAR DE BRASILEIROS BEM

NO CENTRO DE LONDRES.NÃO VAI DAR MUITA GRANA MAS VOU PODER FAZER MEU CURS=

O NA BOA. EU E O NEGO MAL NOS VEMOS, JÁ QUE ELE TRABALHA DE DIA E EU A NOITE=

O PAI VEM ME VISITAR DIA 21 DE OUTUBRO.QUEM QUISER MANDAR ALGUMA COISA,

MANDE!ACEITO CARTAS, MIOJOS, ROUPAS, REMÉDIO PRA PRISÃO DE VENTRE, DESODO=

RA, ATURGYLL(URGENTE), UM COLCHÃO DE CASAL, FILE MIGNON, ENTRE OUTRAS COISAS.=

DESCOBRI UM SUPER MERCADO QUE VENDE MIOJO A 9 pi E CONHECI O MAIOR FLIPER=

DA MINHA VIDA HOJE.O BAGULHO TEM 4 ANDARES E EU TIVE QUE SAIR CORRENDO PR=

A NÃO TORRAR MEU DINHEIRO.A TELEVISÃO AQUI NÃO E TÃO RUIM.ESSA SEMANA ASSIS=

TI

RAMBO 2, FRIENDS, WHO WANTS TO BE A MILLIONAIRE(JOGO DO MILHAO) E EXTERMI=

NADOR DO FUTURO 2.

OUVI DIZER QUE O GRÊMIO GANHOU O GRENAL…FUCK OFF!

 

PS:MANDEM MAIS MENSAGENS..ATE AGORA FORAM MUITO POUCAS.

 

PS2:MANDEM SEUS ENDEREÇOS POR QUE EU QUERO MANDAR POSTAIS PRA TODOS.

 

ABRAÇO DO PINGO.

 

PINGO EM LONDRES

 

Bem, consegui transportar o arquivo do Pingo.

Com tantas novidades, por hoje só.

Boas noites.

09/10/00 20:37

 

Quarta-feira, 11 de Outubro de 2000, 18:33, chuvoso.

Pensando bem, não adianta perder tempo registrando o tempo meteorológico porque é só chuva e chuva.

Hoje houve uma festinha no CPOR para festejar o dia da Engenharia e também fundar um “Batalhão de Engenheiros” com a curriola a reserva e da ativa; o primeiro comandante foi o Rotta que foi o homenageado na festa.

Fui com o Pinho e estava bastante bom.

Amanhã temos um feriado do qual nem sei qual o motivo porque há uma série de acontecimentos no dia 12 de outubro inclusive, se não me engano, a descoberta da América.

Aliás é de se notar que para nós, de extração lusitana, esse é um fato de que não tomamos conhecimento porque os portucalenses nunca engoliram o Colombo.

Sem querer esnobar os eventuais leitores, quero afirmar que quando o Colombo chegou em Santo Domingo, o tratado que vigorava entre Portugal e Espanha ( não era Espanha ainda mas não compliquemos), separava a terra por meio de um paralelo e não por um meridiano como Tordesilhas.

Quando o Colombo voltou, o rei de Portugal chamou o pinta e avisou-o que as terras descobertas pertenciam a Portugal.

Depois é que aconteceu Tordesilhas.

Tá bem, sejamos mais exatos.

Em primeiro lugar, Isabel era rainha de Castela e Fernando, rei de Aragão e daí surgiu a Espanha.

Em segundo lugar, o Tratado de Alcobazas, de 1479, um tratado extremamente complicado, entre outras coisas dava o direito de conquista do reino de Fez para Portugal e também o direito de navegação ao sul das Canárias.

Como as Canárias estão exatamente no paralelo 30°N, o bolha do Colombo realmente estava na área de Portugal e  o Rei D. João II esperou o referido em Valparaiso, 1493, e avisou para ele não se fresquear que as terras eram portuguesas.

Aí começa uma inana que só termina em Tordesilhas.

Vemos então que quando avançamos em Tordesilhas, a gente até que tínhamos razões.

Pensando bem, deveríamos ir atrás de toda a América Central e mais México e adjências.

Sem falar nos cucarachas aqui da Sur América.

Ah! O reino de Fez é o norte da África. Boas noites.

 

 

Domingo, 15 de Outubro de 2000, 10:32, chuva.

Estamos em que houve um tornado violentíssimo aqui no RGS, causando inclusive algumas mortes!

Acabou de telefonar a Gessy para informar que lá em casa houve uma grande inundação.

As calhas de plástico foram destruídas pelo granizo e aí a tromba d´água adentrou no recinto, como dizem os cronistas esportivos.

Assim que o tempo melhorar devemos ir até lá para, pelo menos, pendurar as roupas na rua.

Amanhã é o aniversário da Patrícia e vamos comemorar hoje com um almoço chinês, novidade que está sendo testada.

Acontece que a Heloisa não quer que eu faça churrascos, por enquanto.

Penso que ela ficou muito chocada com a experiência do meu enfarte o que, aliás, não deve ser fácil.

Talvez eu não esteja avaliando muito bem a situação da minha saúde mas acho que para fazer churrascos já dá.

Na outra semana deveremos ir ao Jorginho e acertar alguns detalhes sobre o que posso ou não posso.

Por incrível que pareça, neste momento está entrando um raio de sol por aqui!!!

Dia doze fomos ao aniversário da Enilda, festejado com um risoto no salão paroquial da Medianeira.

Antes, lembrar que a Medianeira foi a paróquia d nossa infância, das inesquecíveis quermesses do padre Inácio Froener, vulgo Baratinha.

“ Fim a festa, fim do dinheiro, dedicatórias a um cruzeiro”, este bordão fui eu quem criou para aumentar  arrecadação no setor de dedicatórias.

As dedicatórias eram feitas para “ a mocinha de vestido grená e flor no cabelo”.

Era um prelúdio de namoro que ainda não foi estudado nos inumeráveis tratados sobre relações amorosas com que nos assolam as “Claudias” da vida.

Com vistas às psicólogas da PUC para uma tese de mestrado:

“Quermesses e dedicatórias: suas influências na formação amorosa dos jovens brasileiros”.

Sem demora alguma confrade americana iria demonstrar em estudo comparado que idem lá o fenômeno ocorria, só que em vez de quermesse tratava-se de feiras.

O que iria motivar alguns “sueltos” em edições dominicais, nos quais o articulista de vanguarda faria comentários desairosos sobre as feiras como instrumento do capitalismo burguês e sobre as quermesses, resquícios da influência medieval fradesca.

En passant, se eu achar, irei transcrever aqui um folheto no qual se ensina de como fazer um discurso “de esquerda”; é notável e parece que a gente está ouvindo o Olívio, ou o Tarso,a Luciana ou qualquer outro desses medonhos que ora nos assolam com sua oratória chata.

Há muito tempo atrás, a esquerda descobriu a semântica e foi daí que surgiu o “politicamente correto” dos americanos.

Acontece que, no fundo, aplicar a semântica para transformar o sentido de uma palavra, é uma empulhação et pour cause, acabou em galhofa.

Mas não aqui: aqui o PT continua tentando enganar as partes com uma semântica suburbana, marota  descarada.

Por exemplo, aumentar impostos passa a ser debatido como

“modificação da matriz tributária”.

Há outros exemplos mas esse, como mexe no bolso do público alvo, já está se encaminhando para a gozação e certamente os PT devem estar nos bares de chope, pensando de como evitar o ridículo.

Não vão conseguir.

Sem dúvida alguma, em termos de partidos políticos, o PT é um dos raros que tem uma identidade filosófica e uma característica operacional muito importante que é a honestidade.
Por outro lado, a agremiação é assolada por intelectualóides, donos da verdade, que são um ponta-pé nos bagos.

Complexados, burros, arrogantes e paroquiais, estes os adjetivos que cabem nos festivas do PT.

E por isso, nego-me a ser governado por essa gente e voto contra, mesmo sabendo que o Negrão ou similar encabeçam um bando de rapinantes, loucos para meter a mão na burra.

Mas eles ainda vão continuar por mais um período, não tenhamos dúvidas; o Negrão não tem suporte para ganhar do Tarso, mesmo com as besteiras do Olívio.

Por registrar que a anãzinha de jardim, a Emilia Fernandes, que saiu do PDT e foi para o PTB para se eleger senadora a custa do Zambiasi, agora saiu do PDT para não apoiar o Negrão.

Como disse um colunista político, é fácil sair de um partido que está se esfacelando para ir para outro que está no governo mas cheira à traição  interesse.

Aliás essa malher, que deu a vitória ao Olívio, ( O Brito ganhou no 1° turno mas, no segundo, os votos dela foram desviados para o Olívio, por maquinações do Brizola que agora amarga a bobagem que fez), até agora só fez bobagens como senadora: nepotismo, viração de casaca, operaçõs plásticas, total incapacidade, viagens por conta a viúva, enfim, um desastre.

Acho que a eleição da Emilia foi o maior exemplo do que pode a Televisão e de como votamos para senador.

Para senador a gente vota sem a menor motivação, o que é um grande erro.

E a tal Emília tem uma grande presença na TV embora pessoalmente, seja uma anãzinha de jardim, com uma baita cabeça e perna curta.

Como na TV a imagem pode selecionar só o que interessa, ela a parecia muito bem, tipo prenda açoriana, falando com forte sotaque da fronteira   aí a gente marchemos, including me.

A outra opção era o Schirmer, anche brabissima.

Então ta.

Vou aproveitar o resto do tempo até ao almoço para passar um mail para o Pingo.

Ontem o Tergolina seguiu para os USA e de lá para a Inglaterra; a Heloisa pretendia mandar algumas coisas para o Pingo mas, a ida direta do Tergolina, ( pensamos que ele iria voltar a POA), truncou os planos.

Decerto o Tergolina resolve os problemas: o que o Pingo pediu, certamente tem lá.

Isto aí. Acaba de telefonar a Graça que mudou-se pra a casa nova.

Vem almoçar conosco.

A rive.Domingo, 15 de Outubro de 2000.

 

 

 

Sexta-feira, 20 de Outubro de 2000, 18:44, tempo bom.

Realmente a semana passa muito depressa.

Muitas coisas aconteceram na semana que passou e decerto não ri me lembrar da metade.

Trabalhei bastante porque eram muitos os processos em andamento mas já estão em dia.

Estive no Hospital Militar para fazer inspeção de saúde com vistas a ficar dispensado do IR  outras cositas mas.

Segunda feira, devo fazer os exames que o médico do HMPA, DR. Jairo me pediu.

Trata-se de um major e me pareceu competente.

Interrompi o registro porque a Heloisa chegou da festa de aniversário do Americano e estava na hora do café.

No intervalo, telefonou o Marcelo Vares convidando para uma janta amanhã na casa dele. Aceitamos o convite.

Telefonou também o Paulo e amanhã vamos até ao Imbé para ver o que aconteceu por lá.

Domingo, ao que se sabe, o almoço será nos Barrios, sistema americano, cada um leva um prato.

Estamos inaugurando um novo estilo, pelo menos até eu ter licença para voltar aos espetos.

Já ando com saudades de uma picanha mal passada, salsichão, lombinho, etc. e tal.

E, por hoje, chega.

Boas noites. 20/10/00 22:03:11

 

Terça-feira, 24 de Outubro de 2000, 16:20, chuvoso…

Tenho ido trabalhar de  manhã para vir almoçar – há aquele monte de remédios para tomar no almoço – e aí fico em casa.

Hoje o Ângelo foi comigo para o escritório e agora foi passar no Foro, antes de ir para casa, que é caminho.

Heloisa foi a um chá beneficente no Plazza.

Domingo tivemos o almoço nos Barrios com freqüência maior do que a prevista.

O Carlos resolveu fazer um galeto só para não ficar “de varde “ e caba que foi a salvação da debatida lavoura.

Interessante como lavoura e pecuária sempre foram motivo de gozações porque os chamados produtores primários estão sempre llorando y llorando: ou é seca ou é enchente ou é o adubo, a super produção, enfim os caras tem um balaio chio de motivos para chorar.

E não é que, mesmo assim há um monte de gente querendo ingressar em tão desacorçoante negócio?

Não seria o caso de mandar lavoureiros e/ ou pecuarista fazerem conferências para os MST?

Garanto que com duas ou ter palestras, o MST se esvaziava!

Se é que os caras querem trabalhar na terra: pode ser que eles só queiram a terra.

E aí, como diz um baiano ilustre, deitar na rede, cuspir para o lado e jogar conversa fora.

De vez em quando, um galinhazinha de cabidela coisa que nós chamamos de angulista ao molho pardo.

Quem é o baiano ilustre? No momento não lembro o nome mas em sendo baiano, qualquer um, ilustre ou não, pode ter sido o autor da frase.

O baiano é aquele que escreveu “ Viva o povo brasileiro”.

João Ubaldo Ribeiro.

Ontem fiz um monte de exames que me foram pedidos pelo médico do HGPA.

Pensei que não iria agüentar o esforço na esteira mas não houve problema, continuo vivo.

Retornou a Heloisa: o chá foi ontem… estavam sorteando uma viajem para Paris, eu suponho.

Acho que se for a Paris, vou ter que ir por minha conta…

Bem.

Às vezes surgem, no quotidiano, assuntos interessantes e me ocorre escrever um conto ou uma crônica relacionados mas, como este registro deve ser impessoal, é preciso ter cuidado.

Por exemplo, temos agora em voga o tema “ A Mocreia e o Gardelon “  e eu estava pronto para me divertir um pouco quando começaram a me assolar as dúvidas.

Em primeiro lugar, teria que fazer uma descrição física acurada dos personagens para que os eventuais leitores não se reconhecessem nos referidos e eu sou horrível em descrições.

A Mocreia teria que ser loura, gordona, ter sotaque, primeiras letras e solteira o que, me parece, afasta qualquer semelhança com femininas da família. Ah! Vestido largão do Paraguay e tênis sem meias.

O Gardelon, deveria ficar ainda mais bem definido para elidir o fato do Carlos já levar o apelido, comum a todos os que estão ao sul do rio Uruguai.

Então, argentino, gorduchote, cabelo repartido no meio e alisado com gomina, gravata borboleta e sapatos com polainas; falastrão, picareta e balaqueiro. Roupa listrada e colete listrado.

Agora, pensem bem: será possível alguém desenvolver um enredo razoável com tais personagens?

Difícil, muito difícil!

Em primeiro lugar, eu não sei escrever sério e, mesmo que saia com tal intenção, no meio do caminho a coisa descamba para a galhofa e assim dos trinta e três enredos clássicos para a composição literária, dois terços já estariam afastados.

Partindo desta limitação, pensemos logo num romance entre os dois.

Para o Gardelon querer um romance com a Mocreia, só se ela fosse muito rica ou parecida com a Libertad Lamarque, o que, absolutamente não é o caso.

A Mocreia ficar caída pelo Boludo? Teria que ser muito trouxa o que também não está incluído no seu perfil: pelo jeitão, a referida está mais para Elaine do que para Suzana Martins, lembremos velhos personagens.

Assim que, desisto, entrego os pontos.

Fica apenas o registro de que, numa determinada época, lidamos com os dois personagens e não soubemos o que fazer com eles.

Até a próxima. 24/10/00 16:54:11.

 

Domingo, 29 de Outubro de 2000, 10:51, frio.

 

Acabamos de chegar da votação, segundo turno, Tarso x Negrão.

Se a Yeda Crusius tivesse chegado ao segundo turno, ganharia a eleição mas o Collares apresenta uma rejeição muito grande.

Pena, está na hora de tirar o PT a Prefeitura.

Ontem mudou-se o Bolão para a casa nova que é muito boa; o João, está procurando apartamento para se mudar.

A notícia é que os alugueis estão muito baratos.

Verifico que me esqueci de comentar o jantar oferecido pelo casal Luciana e Marcelo Vares.

Estava ótimo, o apartamento deles é muito bem decorado, uma cobertura na rua Ijuí.

O cardápio foi fondue de carne; depois, na hora em que antigamente se tomava licor e fumavam-se charutos, houve uma demonstração de karaokê .

Como só havia músicas modernas no cartucho(?), não participei das cantorias.

O Marcelo e a Luciana cantaram bastante.

Estiveram também o Vares, a Meneca e as gêmeas.

Cabe retribuir.

Falando em visitas, ante – ontem esteve aqui o Luiz Carlos Porto Alegre Rosa, um colega dos tempos de EPPA e a quem devemos gentilezas, tanto quando chegamos na EsAO, quanto idem na EsCEME.

O Porto Alegre sempre nos esperava com almoço e, se fosse o caso, local para ficar até nos instalarmos.

É bom não esquecer.

Ontem esteve o Joaquim para tomar um mate e me trazer livros; desta vez foram duas biografias, César e Aníbal Barca.

E “A Odisséia” a viajem de Ulisses, também conhecido como Odisseu, depois que deixou Tróia.

Do Aníbal eu não sei nada a não ser as origens de Cartago e a razão de sua destruição pelos romanos.

Cartago foi fundada pelos fenícios e dominava o comércio do Mediterrâneo ocidental.

Como sabemos, Cartago ficava onde hoje é Tunis, a capital o Kadaffi.

No Mediterrâneo, fenícios, gregos e romanos, nesta ordem, estabeleceram suas colônias.

Como Cartago ficava mais ao Leste e na África, não foi muito perturbada pelos Gregos que preferiam a costa européia do Mediterrâneo.

Já os romanos não admitiam sócios no “Mare Nostrum”  por isto,

“ Dellenda Cartago “.

Gostei muito de voltar à “Ilíada” mas “A Odisséia”, sempre achei meio chata.

De qualquer forma, e´ muito bom reler os textos que deram origem à quase toda literatura ocidental.

O Joaquim, pelos livros que me trouxe, anda  empolgado com a cultura clássica o que não é muito compatível com morar em Tramandaí…

Imagine-se o Joaquim, dando uma de Cícero, falando para as ondas…

Hoje teremos grandioso almoço com gnochis e intercertera; Heloisa acha que eu ainda não estou em condições de fazer churrascos mas, amanhã, na consulta com o Jorginho, esclarecerei o assunto.

Já ando com saudades de uma picanha gorda, acicatada por uma propaganda das carnes do Bourbon; na propaganda o personagem principal está assando umas picanhas que deixam todo o mundo babando.

Inclusivel eus..

Voltando ao tango “Maria”, a Meneca confessou ter musica e letra da raridade…

A Meneca estudou piano e decerto ainda guarda pautas de musicas de ayer; imagino os tangos que ela deve ter mas, como é muito moiteira, hai que preguntar.

Então, para a posteridade, a letra de “ Maria”.

Acaso te llamaras solamente Maria

No se si eras el eco de uma vieja canción

Pero hace mucho, mucho, fuiste honamnte mía

Sobre un paisaje  triste,

Desmayado de amor…

El otoño te trajo, mojando de agonía

Tu sombrerito pobre y el tapado marrón…

Eras como la calle de melancolía,

Que llovia…lllovia…

Sobre mi corazón..

Maria…

En las sombras de mi pieza ..

Es tu paso el que regressa…

Maria…

Y s tu voz pequeña y triste,

La del dia en que dijist:

Ya no hay nada entre los dos…

Maria…

La mas mia… la lejana

Si volviera otra mañan

Por las calles del adios…

 

I bis

 

Tus ojos eran puertos que guardaban auscentes

Su horizonte de sueños y un silênciso de flor

Pero tus manos bunas

Regressaban presentes,

Para curar mi fiebre

Desteñidas de amor…

Un otoño te trajo

Tu nombre era Maria

Y nunca supe nada

De tu rumbo infeliz…

Si eres como el paisaje

De la melancolia

Que llovia, llovia

Sobre la calle gris…

 

II bis y fin.

Fica registrado que qualquer outra letra de tango, eu tenho no Livro que a Graça me deu, no qual só faltava Maria.

Acho que já falei sobre o assunto.

O povo já começa a chegar assim que vou parando; não vem a família Bolão por causa a mudança  o Paulo Fietz que foi para a praia.

Até a próxima.

 

Terça-feira, 7 de Novembro de 2000, 16:21, tempo ótimo.

Semana passada foi picada por feriadão, desde quarta feira até anteontem assim que se explica a minha relapsidade, é claro que não existe tal palavra.

Na praia, algumas goteiras remanescentes do litodiluvio mas o principal era a caixa d´ água que estava com a bóia trancada e causava goteiras,

além de não encher a caixa.

Pelada a coruja.

O Julio ficou de consertar as mais goteiras mas, como anda cheio de obras, tenho minhas dúvidas.

Deixei a piscina limpa.

Estava bom, apenas um pouco frio.

Sábado fiz churrasco o meio dia e o Antônio fez de noite, como é de seu costume. Domingo o Paulo fez galeto como também é de seu costume.

Heloisa me deu de presente uma poltrona de vime muito bacana; até acho que deveria ser trazida para POA porque lá é um perigo.

Pablo e Diego foram também mas ficaram com os Fietz ou melhor, parte lá, parte aqui.

Diego teve dor de dente; acho o fim da picada uma criança ter dor de dentes: isto não se usa mais desde a Grande Depressão.

Inda mais tendo dentista na família.

Desde ontem ando às voltas para encaminhar os pedidos de isenção de IR e aumento dos vencimentos.

No Exército propriamente dito, SIP/3, as coisas até que andaram bem mas acho que consigo apenas o que concerne ao Imposto de Renda.

O resto vai ser difícil.

Merece uma torcida.

Bolão mudou-se, a casa é muito ajeitadinha  bem situada.

Eles moravam num malocão que já estava caindo; agora melhorou muitíssimo e até já estamos convidados para jantar lá, na quinta feira.

O restante da família, por aí m seu quotidiano: Patrícia e Carlos bastante agitados profissional e socialmente, Isinha recebendo a visita do Juan, Bolão no plantão, Liege trabalhando diuturnamente no consultório, a gurizada se preparando(?) para as provas de fim de ano.

Je, de  moi, bien.

Pingo começando a mandar E Mails saudosos: já quer saber se alguém vai passar o Natal com ele…

Quando começarem as férias aqui e ele lá estiver enfrentando o inverno londrino, aí as coisas vão se complicar e decerto termina  o De Bello Gallico.

Coisa boa é quando a gente senta no avião da Varig para o vôo de volta.

Falando nisto, o Dr. Nico e Valdívia voltaram encantados com o nordeste e pensando em ir morar lá.

Imediatamente a Ilsa  incorporou a idéia e also wants to live there.

Então ta: antigamente, quando as dificuldades da vida eram reais, a gente fugia do nordeste por todos os meios.

Mesmo que o pátria fosse convidado para ser vice-rei da catinga e adjências, nem pensar.

Eu sei que é “ adjacências” mas estou  perpetuando a cultura dos malandros do Bar Ao Vencedor a qual, com a morte do Paulo Quatrolho, perdeu um grande repositório.

Pena que o Paulo não escreveu nada a respeito.

Por incrível que pareça, ele tinha um apuradíssimo feeling para perceber as situações humorísticas.

Tratando de lembranças, hoje fui ao QG e encontrei lá  filho da Dirce, o tenente Nestor, encarregado do Museu da Região.

Trata-se de um rapaz (?) muito simpático e educado.

Disse-me que, quando era guri ia estudar Português e Aritmética lá em casa, com a “ veia Saara”!!!

Se a Saara souber que há quarenta anos ela já era a “ veia Saara” decerto irá ficar muito satisfeita com o tenente Nestor…

Também fiquei sabendo que o filho do Zé Augusto, o Zezé, como diz o Carlos Alberto, que está comandando aquele regimento de mamíferos ungulados ali do Partenon, é um baita dum chato, um murrinha que azucrina a vida de todo o mundo com seus amores aos referidos gados cavalares.

Não conheço o pinta mas conheço o gênero: ninguém é mais chato do que um cavalariano chato porque, além de chatos são grossos e burros.

Com o que, aguardo melhor oportunidade para continuar.

Terça-feira, 7 de Novembro de 2000.

 

Quarta-feira, 8 de Novembro de 2000, 17:27, tempo bom.

Finalmente parece que está chegando o verão!

Hoje sulfatei a parreira acompanhado pelo Pablo que, como é de praxe às quarta feiras, veio para cá depois não sei de qual aula, futebol, esgrima, natação, por aí. Diego apareceu mais tarde e já foram para não sei qual outro compromisso.

Heloisa foi ao chá da Liris; o famoso chá de Vacaria anda meio xoxo porque virou cassino: o jogo passou  ser o pressuposto para a reunião e, como o jogo tem lá suas exigências, a coisa toda anda meio indo para o brejo.

De qualquer forma, creio que está durando por quase trinta anos.

Estou lendo a Odisséia que considero mais difícil de ler do que a Ilíada.

Como sabemos, ambas as obras estão na origem da literatura grega e também de toda a civilização dita helênica, qué dizê nóis.

São os primeiros textos gregos de que se sabe.

A Ilíada conta a história da guerra de Tróia e a Odisséia, a viajem de volta para casa – depois da guerra de Tróia – do Ulisses, also known as Odisseu.

À semelhança do que acontece com  Shakespeare, também a existência de Homero é contestada pelas partes e as interpretações da Ilíada e da Odisséia, são delírios de imaginação que nos deixam de boca aberta.

A Iliada seria a idealização da expansão grega no Mediterrâneo e a Odisséia, a conquista dos mares e da arte de navegação pelos dóricos, basicamente uma tribo nórdica da Europa Central.

A esse respeito, origem dos dóricos, tenho minhas dúvidas.

Porque os gregos tinham uma grande ojeriza pelos hiperbóreos.

Não vou continuar este assunto porque a civilização helênica, na sua origem é muito complicada.

Por sinal que o Carlos andou em Creta, onde viveram os minóicos –  cretenses aos quais muitos atribuem o esplendor da civilização dita grega ou ocidental. Esperemos que tenha visitado as ruínas de Knossos.

Voltemos à Odisséia.

A única coisa razoável que ouvi a respeito a viajem de Ulisses é história de que ele teria chegado ao Atlântico e aportado na foz de um rio onde, posteriormente surgiu uma cidade, Ulissipona, modernamente Lisboa.

Si non é vero, é bene trovato.

“Arma virumque cano…”

“As armas e os varões assinalados “…

No mundo nada se cria, tudo se copia, eis a tese

Copiar não é pecado: pecado é copiar mal, eis o corolário.

Fui lá dentro para ver se achava o telefone da cabelereira e acabei vendo o endereço do Jorge e da Mônica que transcrevo a seguir porque é muito complicado:

Quem teria sido esse Max Eyth?

Em sendo alemão, a gente logo pensa num professor, num violinista, cientista mas também pode ter sido um cabo da SS.

Este é o grande paradoxo dos fritz: a gente nunca sabe se está tratando com o Goethe ou com o Göebels.

Sempre lembro o meu professor de Desenho no Ginásio Anchieta, o Richter, uma rica criatura que quando ficava brabo, gritava com a gente:

– Vai logo para a África seu mulato aí!!!

Naquele tempo o Rommel, a Raposa do Deserto, estava ralando os ingleses na África e parecia que a guerra iria terminar em seguida com a vitória total do Eixo.

Para quem não sabe, o Anchieta era um antro de nazistas: o famoso padre Pauquet tinha pregado na parede do quarto dele alguns quadros da Hitlerjugend decerto para nos emular para o mesmo caminho.

Todo esse papo porque achei o endereço do Jorge ou, como quer a Ilsa, Georg, muito mais chique.

Tive que interromper. Voltei agora, já são dez e meia PM e vou encerrar.

Até amanhã. Quarta-feira, 8 de Novembro de 2000

 

Sábado, 11 de Novembro de 2000, 18:49, tempo bom.

No momento o Grêmio está jogando contra o Atlético Paranaense e não pode perder.

Está no fim do primeiro tempo e o Grêmio está ganhando 1 x 0.

O Ângelo está lá.

Em matéria de esporte, o que tem chamado a atenção das partes é o caso Ronaldinho.

O guri adquiriu fama através de jogadas individuais que deixaram o mundo todo encantado.

Com isto, ele sobreleva aos demais e inclusive ao tênico e aí a coisa enguiça: na fase atual do futebol brasileiro, as estrelas são os técnicos e não os jogadores.

Observem que quem substituiu o Luxembista, um mulato pernóstico, foi o Leão, outro megalomaníaco.

Até o sarará Celso Roth resolveu criticar o Ronaldinho pelas suas jogadas individuais. Só falta passarinho cagar para cima!!!

Acontece que o guri  é realmente muito bom e vai acabar por desacreditar os bobalhões que se dizem tênicos.

Falando nisto, o Luxembista está empepinado com uma CPI que o acusa de várias vigarices, sendo a principal o recebimento de comissões na venda de jogadores, previamente valorizados por uma escalação na Seleção Brasileira.

Acabaram de sair daqui a Patrícia e o Pablo; amanhã farei grandioso galeto mas acho que os Barrios não virão porque o Pablo está com um intenso programa esportivo no Gauchito e no Colégio.

O Carlos está em Recife, devendo retornar hoje à meia noite.

A turma da Isinha e a própria vêm.

A Isinha agora é entrevistadora de TV, um programa no canal 20, às 16.00 horas das quarta feiras.

Ela desempenha-se bem mas a equipe técnica é um desastre.

Principalmente o editor.

No âmbito das amizades, já foram entrevistadas a Graça, a Viviane e a Patrícia.

Bem.

Ontem jantamos no Bolão e eles estão satisfeitíssimos com a casa nova que realmente é muito melhor que a anterior e proporciona muitos recursos para ser decorada.

Devagar eles estão vestindo a casa.

Jogamos cartas  eles ganharam todas as partidas, a Liege estava com muita sorte.

(2 x 0 para o Grêmio e adivinha de quem foi o golo?

Ronaldinho é claro.)

O FDP do Leão que não o convocou para o jogo do dia 15 contra a Colômbia, já deve estar arrependido.

Acontece que, se ele não convoca o Ronaldinho e o Alex  a seleção perde, aí ele dança.

Como aconteceu com o Wanderlista.

O gozado é que depois o jogo com o Goiás –estava 2 x 0 e o Grêmio aceitou o empate – nem mesmo os narradores tem coragem de dizer que o jogo está ganho.

Acabou 3 x 0 e o Grêmio está classificado na copa João Havelange.

Bem, por hoje é só.

Boas noites. Sábado, 11 de Novembro de 2000, 21:15.

 

Terça-feira, 14 de Novembro de 2000, 11:58 razoável.

Fui buscar meus exames de sangue no Weinman e cheguei a duas conclusões:

  1. Meu tipo sangüíneo é O positivo.
  2. Houve um engano no que concerne ao piripaque que eu tive!

Tendo em vista as minhas reivindicações no Exército ( não pagar IR e receber um percentual de 25% a mais), a única maneira de obtê-las é escondendo o teste de esforço e este exame de sangue.

Acho que vou ter que comer mais picanhas gordas para ver se aumento um pouco o colesterol.

Continuo achando que o enfarte foi causado por uma reação alérgica: não esquecer que tomei uns antibióticos fortíssimos por causa da inflamação da próstata.

Vamos ver de como prossegue esta novela.

Domingo tivemos galeto que estava muito bom mas com freqüência reduzida, o Bolão de plantão, o Diego na casa de um amigo.

Amanhã teremos mais um feriado e o tempo está prometendo.

Conforme for, poderemos dar uma chegada no Imbé.

Parece que o Bolão também quer ir até lá para uma arejada.

Sempre é um belo programa ir até ao Imbé.

Terça feira que vem, tenho audiência em Lavras.

Sábado, o aniversário da Filha da Nara e do Gilberto Hugentobler, em Novo Hamburgo.

E no outro final de semana, o casamento da Vivi.

Como se depreende, o fim do ano está prometendo: eu ainda tenho o aniversário lustral de formatura da turma do Direito e o idem jubileu a AMAN.

E por falar em fim de ano, continuamos sem as roupas do papai Noel, eis que os viajantes para os USA nem estão aí para o Bom Velhinho.

Se dependesse deles, o papai Noel viria de bermudas  sandália e dedos.

Na cabeça, um gorro da Ipiranga, com a aba para trás e os presentes em sacolas do Carrefour.

(O David Barry diz que os adolescentes são tão incapazes que nem conseguem colocar o gorro direito na cabeça.)

A idéia é esta mas ele disse bem melhor.

Ontem fomos dar uma olhada no Carrefour e, como de costume, pela milésima vez, ficamos com a impressão que não vale a pena.

Comprei, por R$ 49,00, uma furadeira chinesa que pretendo doar para alguém no Natal.

Pareceu-me excelente mas está tão barata que a gente desconfia.

Até agora não consegui formar uma opinião sobre produtos chineses porque eles não têm tradição mas lembro que quando os japoneses começaram a vender radinhos de pilha, também era considerados o fim da picada, que só sabiam fazer porcarias.

Hoje, todo o mundo tira o chapéu para a tecnologia e a qualidade dos produtos japoneses.

Quem sabe os chineses também estão nesta?

Por enquanto, o made in China, assusta.

Ontem havia um E. Mail do Pingo mas como ele costuma faze-los gerais, dirigidos a um monte de gente, não existe a preocupação de resposta.

Também recebi carta dos amigos australianos que devo responder antes do Natal.

E já é hora de organizar a lista de cartões de Natal a serem remetidos; penso que a relação de endereços, se não está atualizada, está quase e em menos de uma tarde coloco-a em dia.

Este ano, pretendo fazer etiquetas, o que nunca fiz antes.

Parece que com este Word é muito fácil.

Devo consultar o João que já fez algo semelhante.

Agora, encerrando para o almoço.

Voltando para testar um novo teclado, que está parecendo muito bom.

Dia desses mandei pra o lixo acho que uns 10 teclados e, no momento, já deve haver um estoque de três.

É a velha história dos computadores: quando te entregam o novo, ele já está ultrapassado.

Isto o Davy Barry dizia quando as winchesters eram de 20 mega e 2 mega de memória Ram era um exagero.

Naquele tempo ele já declarava solenemente que, para desenvolver seu mister de jornalista, não precisava mais do que um 286.

Tinha razão mas eu já botei um 286 funcionando no lixo.

Gostaria de saber qual equipamento ele tem hoje.

Acabou de telefonar o Eduardo lá da Bahia para saber de como eu estou.

Estou bem.

Também telefonou o Alvinho, a respeito do meu processo de invalidez.

Acho que não vai dar mas, nunca se sabe, pode ser que o Glorioso esteja menos rigoroso na interpretação de regras que digam respeito aos seus componentes.

Em qualquer outra organização, pública ou privada, eu já teria assegurados os direitos  que assistem a quem tem moléstia grave do coração; no Glorioso não.

Excelente o teclado, aprovado com nota 9.

Trata-se de um Netrix e tem um monte de teclas das quais desconheço a finalidade.

Chego lá.

Mais uma vez vou encerrar.

Terça-feira, 14 de Novembro de 2000, 17:45.

 

Quinta-feira, 16 de Novembro de 2000, 17:36, bom.

Entrou uma onda de frio e, quase em dezembro, ainda estamos amargando temperaturas menores do que 10° C; insisto em afirmar que isto é uma manifestação do efeito estufa!

Só que aqui, para variar, conseguiram avacalhar e a estufa virou ventilador.

Adoro ecologistas pois vai chegar o dia em que o crcodailos não vão mais ter o que comer e aí nóis atiremos eles.

Os caras são os arautos do Apocalipse, ou é estufa, ou é camada de ozônio, ou é choque de placas ou é falta de água doce.

Quando vejo um parceiro destes pregar o Juízo Final, sempre me ocorre aquele personagem do “Exercito de Brancaleone” que era doutrinado para morrer porque a vida no céu era bem melhor do que aqui na terra e na Idade Média.

No fundo, os ecologistas não têm coragem para viver mas não querem abandonar a festa.

Pelo menos não sós.

Será que ninguém consegue ver o ridículo da situação quando um monte de universitários de faculdades particulares, ditos biólogos, ficam salvando cobras e lagartos de enchente de barragens?

E não só o ridículo mas também o contra-senso, num país onde muita gente tem dificuldade para se alimentar?

Falando nisto, a mulher do Garotinho criou no Rio, na Central do Brasil, um restaurante que fornece uma bela refeição por R$1,00.

Acho que o fato não é novo, até a Evita Perón fez coisa mais contundente mas a verdade é que  a repercussão foi grande e estão chamando o Garotinho de Getulio II, Pai dos Pobres.

O que eles não sabem é que o Getúlio era Pai-Patrone e dava um pau feio na gurizada.

Atrás da bóia vinha o rabo de tatu.

Tudo muito divertido.

Agora temos uma novela que acontece na década de 40, em que o autor faz uma feijoada com tudo o que acontecia na época: a ditadura do Getúlio, a Quinta Coluna, a FEB, as cantoras do rádio, as casas noturnas( aí eles pifaram porque a que eles apresentam, está mais para Cassino da Urca do que para cabaré), a Guerra, as enfermeiras e por aí em frente.

A coisa está entre o ridículo e o lamentável mas esta é uma opinião critica que não pode ser declarada, pena de expulsão do círculo familiar.

Tem um pianista que se alista como 1° tenente e o capitão da história, até em combate anda com uniforme de passeio!!!

O enredo da parte guerreira já foi abordado com mais propriedade e graça pelo Hemingway e tenho certeza do breve surgimento do “ Nada de Novo no Front Ocidental “. Neguinhos não resistem e sai a coladinha.

À semelhança dos filmes americanos, já apareceu até um major FDP, personagem que não se preocupa com a vida dos seus subordinados etc. etc. e tal: já existe uma situação em que o irmão de um também praça se ralou-se por causa do major e o mano está a fim de engrossar.

Acho que já vi este filme.

Após esta profunda digressão sobre tema de elevado interesse social, voltemos o quotidiano.

O Dr. Carlos Barrios, esta semana – esta semana- viajou para Praga.

Lembremos que semana passada o referido cientista esteve em Creta.

Lembremos que Praga é um monumento à Idade Média e Creta uma relíquia da civilização que deu origem à nossa cultura.

Esperemos que o Dr. Barrios inverta a ordem da viajem, no que concerne à absorção de cultura.

Se bem que o Minotauro não é flor que se cheire.

Se não estou enganado, o Daniken começou a sua derrocada quando afirmou, com fotos, que em Knossos – por ali – havia uma misteriosa escada que só descia, não subia!!!

À semelhança da moeda de uma só face do Borges, ninguém conseguiu entender nada: como seria uma escada que só desce?

Aí todo o mundo passou a desconfiar do Daniken que, como o Beto Albuquerque, seria um grande atocho –embromador.

O personagem Beto Albuquerque é ora referido porque, ontem, no programa do Lauro Quadros ele defendeu umas teses daquelas que fazem corar um ator inglês.

Acontece que o PT resolveu aumentar o pedágio em 33% e aí surgiu a pergunta:

  • Mas escuta, o Brito não era o pedágio e o Olívio a estrada?

Pois o Beto Albuquerque tentou provar, com a maior cara de pau, que 33% era pouco, que na verdade seriam 42%, que com o aumento todos sairiam ganhando, o governo, o usuário e a companhia concessionária!

O pior é que o representante da concessionária esteve do lado dele fortalecendo os argumentos de que o PT teria feito um ótimo acordo para beneficiar os usuários.

É a primeira vez que vejo um comerciante que foi ralado, aplaudir o ato ralador…

O tal Beto Albuquerque é um FDP deslavado.

Claro que a opinião publica deu o troco, votando contra a sacanagem do aumento.

No programa do Lauro Quadros, “Polêmica”, as pessoas respondem a uma pergunta, votando.

Ontem terminou a  Feira do Livro que considero uma outra forma de picaretagem para vender porcarias que ninguém lê.

Nas famosas tardes de autógrafos, só comparece a família do autor e assim mesmo os mais chegados.

Primo não vai, só mãe, avó, avô, por aí.

E, no fim, os livros na feira estão mais caros do que nas livrarias.

Aliás, este fato acontece em toda feira que já fui: as bergamotas, os morangos e demais hortifrutigranjeiros são mais caros na feira do que na quitanda.

Na festa do pêssego, logo depois do recinto da feira, vosmicê encontra frutas melhores e mais baratas, na beira da estrada.

Os comerciantes brasileiros são muito atilados: como há muitos clientes na feira, eles imediatamente aumentam os preços.

Só que esta prática burra acabou com os fenícios, quando eles deram volta na África há cerca de 4700 anos.

Buenas noches.

 

Sexta-feira, 24 de Novembro de 2000, 21:40, chuvoso.

De importante, cabe dizer que estive em Bagé esta semana.

Até que não foi ruim, e, com uma comida melhor, creio que eu nem notaria que sou um doente cardíaco grave.

Conheci a famosa Fazenda Santa Anna que, afinal, foi com o meu trabalho que a família a teve de volta. Entre outras.

A Tala e São Camilo.

Eu me perguntei se eles avaliam o que isto significou.

Quando vi a Dona Rosa e a Anna sentadas na frente da casa, tomando mate, olhando para aquelas terras intermináveis e contando histórias de antigamente, dei-me conta do tamanho da obra que fiz.

Dei-me conta também do que o outro lado perdeu e anotei para levar arma quando for  Bagé novamente.

Ainda há muito o que fazer por lá;vou fazer e vou cobrar.

Dona Carmem foi absolvida; lembremos que quando o Diogo resolveu abandonar o barco, certo que estava da derrota, eu não gostei da atitude dele e resolvi que iria absolver D. Carmem.

Explico: o Diogo concordou em advogar comigo no caso e estivemos juntos no instrumento de mandato; quando ele viu que o juiz acolheu a denuncia, ele ficou com medo de perder e retirou-se, o que fez sem comunicar-me, mesmo sabendo que eu, supostamente, não tinha condições físicas para tocar o caso sozinho.

Às vezes as pessoas esquecem quem é o feiticeiro e quem é o aprendiz só porque o mestre deixa que eles mexam a panela da poção mágica.

Tudo bem.

Só que…

Voltando a Santa Anna, a fazenda fica entre Torquato Severo e Lavras o que nos dá uma primeira idéia sobre a civilização do entorno.

Lavras, se comparada a Torquato, é uma metrópole trepidante.

Conversamos com um vizinho da Santa Anna, pessoa notável o Joel, que declarou que não agüenta mais a cidade, que nem consegue dormir por causa do barulhão!!!

Ele estava referindo-se a Lavras…

Lembrei aquela história do Carlinhos, do cara que foi passar o carnaval na Bossoroca.

Sempre achei que o Carlinhos estava queimando campo mas agora achoe que é verdade.

Bossoroca, perto de Lavras é um burgo progressista.

Tudo isto para dizer quer a região da Fazenda é um desertão verde, um mundo à parte aonde a civilização só chega via meios de comunicação sem fio.

Bom lugar para curar stress.

Chega por hoje. Sexta-feira, 24 de Novembro de 2000.

 

 

Sábado, 25 de Novembro de 2000, 18:44, tempo bom.

Hoje iremos a um aniversário de quinze anos, em Novo Hamburgo.

Como o número de “intes” é grande, o Paulo Alugou uma van para 11 pessoas, o que me parece uma excelente idéia: enfrentar a 101 de tardezinha ou de noite, não é fácil.

O aniversário é da filha do Gilberto e da Nara, prima do Paulo; salvo engano, a menina é afilhada do casal Fietz.

A reunião dos viajantes é aqui em casa, às oito PM.

O Lucas já chegou e me pediu para dar um nó na gravata dele.

Pelas roupas do Lucas, a festa deve ser chique.

Ante ontem a Ângelo e seu grupo de trabalho tiveram que montar um stand sobre o Espírito Santo; com a colaboração da Heloisa e da Alba, fizeram uma moqueca de  receita capixaba, enriquecida com alguns temperos baianos.

Além, é claro, de textos, cartazes, panelas, camisetas etc. de extração espírito santense.

Diz o Ângelo que o sucesso foi total e que a moçada rapou a panela e lambeu os beiços.

A tralha toda – panelas, pratos, garrafas de barro etc.- já foi devolvida.

Hoje, como de hábito, fomos à feira e chegamos à conclusão que o Zaffari está numa pior.

Primeiro foi a retirada do Pedrinho Zaffari e agora os preços que estão simplesmente fora de qualquer mercado.

Como exemplo, um a couve flor grande que custa R$1,00 na feira, é vendida no Zaffari por R$ 5,00!

Um quilo de tomate gaúcho, na feira, custa, em média r$1,00; um tomate – um tomate – no Zaffari, custa R$ 1, 59!

Ou seja, pelo menos o Zaffari não está pesquisando os preços dos concorrentes, o que é ruim.

Ontem, além de estar reduzido o número de caixas, quando fomos pagar nossas compras, havia quatro caixas vazias, situação que eu nunca tinha presenciado no Zaffari.

Pena mas todo o mundo ficou com a impressão de que o Bourbon Ipiranga foi um passo maior do que as pernas.

E, a concorrência a mil pelo Brasil, principalmente o estrangeiros, Big E Carrefour.

No campo esportivo, o Inter está jogando hoje, em Curitiba, a classificação na Copa João Havelange; não sei o resultado mas não houvi nenhum foguete.

Amanhã é o Grêmio em Campinas, contra o Ponte Preta, uma baita pedreira.

Amanhã também, inovando no pedaço, teremos, ao invés de churrasco, um lanche dominical que as pessoas, erradamente estão chmando de “ajantarado”.

Ajantarado é o nome que os cariocas dão ao almoço de domingo que se prolonga quase até de noite e aí ninguém precisa jantar.

É o caso das famosas feijoadas de subúrbio ou então as rabadas.

Já disse que feijoadas e rabadas, só no Rio?

Não adianta faze-las em outro lugar.

É como galinha de cabidela da Bahia, aqui conhecida como galinha ao molho pardo.

Só que, comparada com a baiana, nada a ver…

Uma vez, no Acre, comi um restinho de pato ao molho pardo feito por uma baiana e era de não se acreditar.

Embora o pato tivesse sido encomendado para mim, como cheguei atrazado, os cretinos que me antecederam, comeram quase tudo.

Foram todos despedidos na semana seguinte.

No mais tudo em paz; aguardemos os convivas.

Boas noites.Sábado, 25 de Novembro de 2000, 19:12.

 

Domingo, 26 de Novembro de 2000, 19:30, bom.

Estou aproveitando um tempinho antes do “ajantarado”, uma novidade que certamente não irá prosperar.

Ontem tivemos a festa da Patrícia Hugentobler, lá no Clube Aliança em Novo Hamburgo.

Fomos, onze pessoas, de van o que é uma boa solução para festas que terminem tarde.

O serviço de van é ótimo e todos os participantes aplaudiram a iniciativa do Paulo.

Pegamos a Carol em São Leopoldo e ás 21:40 chegamos lá, atrasados portanto.

A festa esteve um sucesso, muito bem planejada, de modo a não deixar tempos ociosos e, principalmente, com um bufê excelente.

Nara organizou as mesas por idade e ficamos junto com as componentes da roda de chimarrão da tia Mary, mãe da Nara e tia do Paulo.

Da família foram Os Fietz, a Izinha, o Lucas, Pablo e Diego, Heloisa e eu; mais a Carol.

Os guris estavam embecados, de gravata e blaser. O Diego, de gravata mas sem casaco.

As senhoras, de longo.

Helena e Carol muito bem.

Assim que a família respeitou e até valorizou os hábitos conservadores da sociedade hamburguesa.

Conversei bastante com o Raul que está empolgadíssimo com o hospital que dirige, o Regina que ele afirma ser superior ao Moinhos em equipamentos e instalações.

Resumindo, foi uma festa excelente,  bem planejada e ainda melhor executada pela Nara e pelo Gilberto.

Retornamos às três da matina: os guris  ficaram aqui e hoje de manhã, a Patrícia veio busca-los para leva-los a um churrasco.

O Carlos viajou de manhã para um congresso na Bahia.

Acho que já é hora de encerrar porque o povo deve estar chegando.

Até agora reina intensa expectativa de como ira desenrolar-se o tal ajantarado.

De mim, vou tomar café.

Na sem antes registrar que a moda no PT agora é dizer que as reuniões são tensionadas o que significa um tremendo bate-boca entre os representantes das quatorze correntes que animam aquela instigante agremiação político – partidária.

E também que uma pombinha rola adentrou nossa sala mas acaba de voltar ao seu habitat natural.

Boas noites.

Domingo, 26 de Novembro de 2000

 

Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2000, 12:27, chuva.

Mais de uma semana sem registros.

E, o que aconteceu no intervalo?

De cara assim, a gente não lembra mas depois, aos poucos, voltam as memórias, que frase chique.

Estivemos no Imbé no fim de semana e os dias foram de verão; os Fietz também foram e domingo o Paulo fez uma bela picanha.

O Julio insistiu para ficarmos porque o tempo convidava mas, para variar, esta noite virou e amanheceu chovendo.

Quem se empolga, se rala, este é o destino dos gaúchos no que concerne a tempo meteorológico.

Convém fazer um pequeno giro de horizonte para saber de como andam as coisas.

Os Fietz, em paz, o Paulo indo para o Imbé sempre que possível,a Virginia tratando da aposentadoria, Helena e Alemão firmes e bem no colégio.

Dos Tergolinas, agora separados, a Isinha sempre correndo e apresentando um programa de entrevistas no canal 20, quartas feiras de tarde; Tergolina, já morando em seu novo sitio que, diz o Ângelo, está uma beleza.

Pingo firme na Inglaterra; Ângelo e Lucas, O . K.

Os Barrios vão bem: o Carlos faz, pelo menos, três viagens transcontinentais por mês, fora as nacionais; no momento está nos USA.

Se aquele negócio de Smiles funciona, ele já deve ter milhagem para duas voltas ao mundo com a família, o cachorro, o papagaio e o Orlolha.

Patrícia vai bem e os guris estudando para ver se não ficam em recuperação e entram em férias neste fim de semana.

Bolão e sua turma, empolgados com a casa nova e desaparecidos.

Hoje a Liege telefonou pedindo uma solução para o freezer de 2.400 litros, reminiscências do tempo em que o Bolão mascateava com  camarões.

A solução foi chamar o Mensageiro da Caridade.

A Liege tentava negociar com um padre mas negócio com padre a gente já sabe de ante-mão quem irá levar vantagem.

Eu nunca fiz negócio com padre embora lá em Vacaria de vez em quando eles nos procuravam para pedirem algumas coisas.

Falando em pedirem – ou pedir ( Eu não sou daqueles que…tenho dito) – estou lendo o livro do Major Elton sobre a obra do Guimarães Rosa.

Ele selecionou textos do G.R. par demonstrar a enorme criatividade do escritor.

Particularmente sempre achei que o G. R. não era deste mundo.

Ou então tinha uma cabeça organizada para outros mundos: igual a nos ele certamente não era.

O Elton fez um belo trabalho mas como se trata de erudição pura, acho que ele nem será convidado para o Programa do Gordo.

Olha aí uma idéia que me ocorreu.

Vou pensar no caso e talvez agir.

Estivemos há pouco na Alda que está muito bem e pensando seriamente em ir para o Rio, passar o Natal.

Ela sonha em ir de ônibus mas aí já é demais.

Veremos o que acontecerá.

Ontem o Grêmio classificou-se para as semi-finais da Copa João Havelange, antigo Campeonato Brasileiro, vencendo o Sport de Recife; o fato teve um sabor especial porque o técnico do Atlético é o Leão que não convocou o Ronaldinho. E o Ronaldinho fez todos os golos do Grêmio nas duas partidas.

O Leão vai se dar mal como técnico da Seleção porque é um vaidosão e quer os holofotes todos em cima dele.

Falando nisto, o cara menos vaidoso do esporte brasileiro é o Guga.

E o Guga, a partir de ontem, é o tenista número 1 do mundo!

Ele venceu o Agassiz num jogo que só vendo para acreditar: o que o Guga fez  acho que nunca mais alguém faz.

Nem ele…

Assim que de esporte é isto.

Amanhã o Renato e a Anna vêm de Bagé e certamente irão querer discutir o assunto da Fazenda da Ronda, no que concerne á exploração de carvão da mina do Poacá.

O Poacá é um arroio que corta a Fazenda e a jazida de carvão sub-jacente tem uma reserva superficial medida de 60 milhões de toneladas.

O Renato está empolgado e tem razão só que… a Fazenda está penhorada para o Banco do Brasil por R$19.000.000,00.

Sob tais circunstâncias, não cabe oferecer a Fazenda e sim aguardar comprador que, certamente aparecerá.

Uma coisa é oferecer um pepino para vender; outra, muito diferente é alguém querer comprar o pepino independente de ser cucurbitácea.

Pelo atual Código de Mineração, o superficiário tem direito a 10% do IUM pago pela mineradora. Aproximadamente 1,2% das vendas da mineradora.

O carvão vale US$30,00 a tonelada.

30 x 60.000.000= 1.800.000.000,00

Dólares.

É fácil calcular 1% disto. É só cortar dois zeros.

US$18.000.000,00

Só que há muito mais carvão em outras reservas do Poacá.

Quem anda em POÁ é o Joaquim Freitas e quero ver se amanhã telefono para ele.

O Joaquim também não vai à festa dos 50 anos da nossa turma de Aman.

Ele tem lá seus ressentimentos com os colegas que, quando ele foi cassado, não foram capazes de qualquer manifestação de solidariedade.

Eu não vou porque achei a dos 40 anos uma droga chata e, pelo visto, o programa é exatamente o mesmo.

O Amaury malandro desculpou-se com os organizadores alegando que como eu não posso ir, por motivos de saúde, ele, por solidariedade, também não iria…

Mentira do Macaco que não vai porque idem não tem mais nada a ver com a militância.

O Vares e a Meneca vão mais aí já é outro enredo.

Também este ano festejamos os 25 anos de formatura na Faculdade de Direito.

Hoje teve um coquitel na UFRGS e dia 19, grandioso jantar no Veleiros.

É muita festa para um cardiopata que pode, a qualquer hora, partir para as planícies de Manitou.

E, estragar a festa.

O tio do Pfeifer viveu um drama assim: estava dançando com a mãe dele numa festa quando ela morreu!

Até posso estar enganado mas que foi algo assim inusitado, foi.

Hoje montei a árvore de Natal e agora é aguardar a gurizada para a ornamentação; antigamente vinham o Lucas, o Henrique e os guris da Patrícia.

Duvido que o Lucas ainda esteja nesta mas, nunca duvidando.

Ainda esta semana, se possível, vou revisar as lâmpadas decorativas e comprar as que certamente estarão queimadas.

Também pretendo escrever uma carta natalina aos mais participantes, o que não fiz o ano passado.

Boas noites.Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2000, 23:23, chuva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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