CRÔNICAS DO 6º BE

Creio firmemente que o maior grupo de self-entusiastas que o
Exército já reuniu numa mesma Unidade, pertenceu ao 6º BE
durante os anos de 51 a 53.
Ali, como dizia o Paulo Genes Muratore, quem menos via
desmontava Omega no escuro…
Verdadeiros "experts"em todos os assuntos possíveis e
imagináveis, para aquela famosa equipe não havia nenhum
problema: tudo se resolvia – é claro que nem sempre da melhor
maneira.
De modo que
– , quando o Amaury Soares Macaco surgiu com o problema da
manutenção dos tanques de borracha do Suprimento de Água,
houve logo várias soluções.É preciso esclarecer que o
equipamento de Sup. Agu. era um dos pontos altos do BE em
virtude de ser do tipo mais moderno, com um filtro chamado
"diatomito".De maneira geral, o que sabíamos dele era o
nome, bastante sonoro.Quando falava-se em "diatomito ",
todos tomávamos um ar grave e ficávamos a pensar que diabo,
afinal, queria dizer aquilo.O verdadeiro técnico no assunto era
um major do Sv. de Engenharia quem, fosse casado com o tal
misterioso equipamento, não seria mais apaixonado pôr
ele.Vivia no BE enchendo com tal filtro, querendo saber,
cheirando, perguntando.Uma sarninha o senhor major.E, foi
através dele que soubemos que o nome derivava de ser o
elemento filtrante de terra diatomácea, um calcáreo fóssil
caríssimo e dificílimo de conseguir-se enfim, um poço de
superlativos.Ficamos muito impressionados com a tal terra e,
se encontrássemos com ela, certamente lhe faríamos
continência.Portanto, quando o Macaco anunciou que os
tanques de borracha estavam pifando, a equipe toda- como já
dissemos- entrou em ação para solucionar o momentoso e

importante affaire.Borracha era coisa de Motomecanização
porque se ligava à câmara de ar, de modo que, ao técnico do
assunto, o famoso Agustin Vares coube a palavra final.E esta
foi simples, seca porém imperativa, peremptória:- Talco!!!O
Macaco bateu na testa: exato!Pois não é que no depósito do
Sup. Agu. havia sacos de talco?Estava na cara!!!O Agustin foi
muito felicitado pelo seu gênio e durante dois dias passeou
pelo pátio à moda de cientista louco: escabelado e
distraido.Para dar ênfase ao papel, perdeu noventa e sete
chaves, trinta e nove pás, dezenove enxadas e uma betoneira
mas isto já é outra história.Dois dias durou a alegria porque,
ao fim deles chegou ao quartel o tal major ""enloved"para
saber de como ia o problema dos tanques.Desta vez deu-se
mal porque o Soares, sacando para o futuro, fez-lhe ver – e de
modo categórico – que ele não entendia bolacha do assunto
visto que, apesar de todos os seus cursos e manicacas não
pudera solucionar uma coisinha atoa que afinal o fora pôr um
simples aspirante, o agora ainda mais famoso Agustin
Vares!E, sem maiores explicações, convidou o cabisbaixo e
humilhado major para passarem ao depósito do Sup. Agu.
onde estavam os tanques mergulhados num mar de talco: o
Macaco gastara três dos quatro sacos de talco mas fizera um
serviço bem feito!Ficamos no meio do pátio, esperando a
volta dos dois para darmos também a nossa
gozadinha.Espetáculo inusitado ocorreu então: de longe vimos
quando o major, saindo pela porta do depósito jogava mãos
cheias de talco para cima e, em seguida, atirando o quépi no
chão, sapateava em cima dele!!!Ficamos atônitos até que o
Jacinto Bodosão tomou a iniciativa:- Deu cupim no coco dele.
Vamos lá se não é capaz de desencarnar o Sagui!Corremos e
quando íamos agarrar o major, fomos detidos pelo Soares que,

cara esbranquiçada, voz lúgubre, moral em zero absoluto,
explicou:Não era talco. Era terra diatomácea…

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