Arrabalde                                 

Poema escrito pelo Coronel em conjunto com a filha Heloiza (Izinha)


O vento ouro das minhas latitudes

Embala folhas em balanços lentos

Poetas passam, meditando, vagos

Buscando versos entre os cata-ventos

 E o  moço outono passa lentamente

Com cores loucas sobre o rio lá embaixo

 E no arrabalde, minha velha tia.

Faz goiabada em cobreado tacho.

Por isto o ar, na rua se incendeia.

Espalha o aroma de sua cor rosada.

Que salta muros, invade avarandados.   

Deixando a tarde morna, açucarada.

E a gurizada chega barulhenta

Ao quintal verde, a despedir o dia

E como o outono, segue lentamente,

Rodeando o tacho da minha velha tia 


 José Antônio Correa de Moura

Heloiza Moura Tergolina (filha)

Mais memórias

Quarta-feira, 4 de junho de 1997,15:48h. tempo bom.

Inicialmente quero dizer que, nas andanças de transferir Winchesters, processadores etc., o João deu uma esquecida e, no momento, estou com dois meses e registros perdidos pôr ai!

Computador, aprendamos, é algo que se estiver funcionando bem e de modo compatível com o que necessitamos, não mexa!

Mexeu, dá, pelo menos, confusão.

Esperemos que se consigam recuperar os arquivos.

Hoje de manhã o Pingo veio apresentar seu carro novo, um Fiesta muito bom.

Desejei-lhe muito boa sorte com o carro e tenho certeza que terá.

Também fui ao Monik que, depois de me examinar, me deu alta em definitivo.

Aí, na hora de encerrar minha ficha, viu que faziam SÓ três meses que havia me operado e achou que seria bom eu usar sapatos de salto alto pôr mais um mês.

Tudo bem, o sapato não incomoda em nada.

Assim que começo a caminhar normalmente, com cuidado, é claro.

Ontem o Grêmio, como previsto, ganhou de 2 x 1 do Cruzeiro de Minas mas foi eliminado da Libertadores deste ano o que, afinal, foi bom porque o time já não existe mais, a maioria dos jogadores está no estaleiro.

Na onda dos galhos – tudo acontece ao mesmo tempo, máquina de lavar roupa, processador, portão da frente, registro de entrada da água, vazamentos etc. – estávamos com um vazamento chato no banheiro e hoje chamei um personagem para consertá-lo e também ao registro de entrada de água. O preço foi salgado mas o serviço foi perfeito.

Assim que registro o telefone do seu Darcy: 332 32 51 e 9695542.

Também fazem outros serviços daqueles ditos domésticos: eletricidade, pintura, alvenaria etc.

Daqui a pouco vêm os intelectuais do portão e o intelectual do processador.

Aos poucos vamos repondo as coisas nos lugares.

Dr. Barrios no rumo de Nice na Coté D’Azur; deve estar embarcando.

João acaba de telefonar que não será fácil recuperar os dois meses de registro, coisa que eu já imaginava. Ele está se sentindo culpadíssimo e com a moral lá embaixo.

Na verdade estas coisas acontecem: ele foi fazer um up grade de Winchesters e não se deu conta de que os arquivos da Winchester velha se sobreporiam àqueles da nova .

Intuitivamente a gente pensa que se o arquivo mais velho for menor que o mais novo, o up grade só alcança a parte em comum: ficamos sabendo que não.

Bem, agora é tocar para diante.

Interessante como o dia hoje passou de frio para quente; deve ser o veranico de maio chegando atrasado.

Se continuar assim, pretendo propor um fim de semana na praia.

Heloisa está no chá das senhoras de Vacaria que, depois de quase trinta anos de funcionamento, encontra-se ameaçado de extinção ou porque as participantes estão sempre às voltas com enfermidades próprias ou de familiares ou porque há perus do sexo masculino adentrando ao recinto.

Acontece que o Rolla e o Vares, inicialmente apareciam no fim do expediente para apanhar a madamas; depois passaram a ficar para o chá e, finalmente a participar da roda de jogo o que, inegavelmente reduz a privacidade das titulares que já começam a chiar.

Na verdade foram elas que convidaram os dois para participarem quando faltava alguma das referidas assim que o assunto deve ser submetido ao contraditório.

Existe também a questão das gêmeas, excelentes pessoas quem, praticamente, são acessórios da Meneca do Vares.

Convidar a Meneca e não convidar as gêmeas é normal mas também é constrangedor.

Resulta em que o embroglio encaminha-se para uma descaracterização do chá das senhoras de Vacaria que já não é só de mulheres e nem de Vacaria.

Acho que elas encontrarão uma saída.

Um outro comitê que funciona é o da turma da Heloisa que se formou no Americano em 1944!

Mais de meio século e a moçada continua firme.

Bem, vamos encerrar. Tremendo papo furado.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 6 de junho de 1997,18:21h., tempo chuvoso.

Neste exato momento o Bolão foi para a redoviária, Heloisa para o circo Thiany com a Patrícia e os gurís e eu fiquei porque minha coluna está incomodando.

Heloisa iria dormir na Alda mas acabou não indo porque a Alda não quer.

Claro que é um querer não querendo mas é preciso acreditar no que as pessoas dizem. O

canário cantador fugiu o que nos deixou bastante chateados; o João, que estava chegando aqui, andou até pôr cima dos telhados atrás do canário mas não houve jeito.

!Fim imprevisto da fórmula

Não sei o que é isto aí em cima! Surgiu quando eu estava arrumando um comando de campo.

Mistério!!!

Estas duas últimas semanas têm sido de “galhos “: acho que já enumerei alguns mas ainda cabe acrescentar a fuga do canário e os óculos da Heloisa.

Heloisa, em decorrência da operação de catarata, teve que acertar as lentes de seus óculos.

Levou-os na Ótica Cruzeiro do Iguatemi e foi buscar ontem.

Tudo O K. só que, chegando em casa, verificou que os óculos que trouxera, não eram os seus.

Hoje fomos no Iguatemi de manhã e agora telefonaram: os óculos da Heloísa sumiram!!!

Então tá!

Veremos como irá acabar esta novela.

Ontem passamos o dia tentando acertar este computador, agora um 6×86, com o hardware de cores e monitor antigo; não tivemos sucesso e hoje resolvemos que a coisa só vai com um monitor .28 e uma placa de som de 2MB.

Neste momento estamos assim: nos trinques.

Veremos pôr quanto tempo.

Ao que tudo indica, aqueles dois meses de registro que existem mas não se podem ver ( é sério! ) terei que refazer mesmo que sucintamente.

Este aqui chama-se diario97-2, o que fiz para separar do anterior diário 97 e assim diminuir a possibilidade de um acidente maior.

As notícias do Rio não são muito animadoras: talvez a Zilda tenha que fazer nova operação porque houve um acidente cirúrgico com o Tendão de Aquiles.

Mas, nada definitivo.

Amanhã telefonaremos.

Acaba de telefonar o Banda informando que a Zilda está bem e mais animada. Não haverá necessidade de outra cirurgia. Ótimo.

Heloisa chegou do circo e diz que é ótimo.

Como tenho que instalar alguns programas neste computador, apresento o meu cordial boa noite.

 

Sábado, 7 de junho de 1997, 18:49, tempo bom, frio intenso.

Acabamos de vir lá da D. Alda e a velha Protásio continua imbatível: um vento gelado que obriga a gente a refugiar-se nas ruas laterais.

O que me faz lembrar os tempos de faculdade quando eu vinha a pé, no inverno, tarde da noite, Protásio a fora: era de encarangar e, volta e meia eu entrava nas ruas perpendiculares para aquecer um pouco.

Antigamente, quando guri, eu sabia de cor as perpendiculares a partir da Ramiro mas agora já não tenho tanta certeza: Ramiro, Felipe, Fernandes, Telles, Thomaz, Garibaldi, Santo Antônio. Será?

Acontece que o velho Janguta morou na Santo Antônio e na João Telles assim que a gente, que vinha de bonde desde a Glória e descia na frente do Avenida, tinha que saber exatamente onde era para cruzar a Redenção no rumo certo.

Também a minha tropa de escoteiros, a Guia Lopes era na João Telles: palmilhei aquela zona pôr bastante tempo.

E depois, na EPPA, não esqueçamos.

Hoje de manhã retomamos a velha prática de ir na mãe aos sábados depois da feira.

Está tudo bem lá e todos estão empolgados com a casa nova do Imbé.

Também D. Alda está bem, apenas com uma bronquitezinha chata.

Bolão deve retornar hoje de Pelotas porque amanhã está de serviço.

Não haverá churrasco porque a freqüência está diminuída: os Fietz vão a um aniversário em Novo Hamburgo, os Tergolinas ficarão lá no interior e estaremos a Patrícia, os guris e nós.

Haverá lasanhas, pizzas e língua ensopada, prato que gosto muito.

Estes pratos compramos numa loja de patisserie (?) e congelados que está perto do apartamento dos Fietz, naquela ruazinha onde uma vez morou a Clarisse.

Tudo lá é muito bom; as massas vêm de Caxias.

Descoberta da Virginia, no verão passado.

Levamos muitos para a praia mas como são caros, não dá para mantê-los no veraneio quando a gurizada tem uma fome muito intensa.

Está na hora do café e considerando que hoje irá passar um filme muito bom na TV, não creio que retorne.

Boas noites.

O comentário a seguir refere-se ao Bolão.

Ontem ele medisse que tem chances de ficar um tempo no Glorioso como médico militar lá mesmo em Pelotas.

Sob certos aspectos é uma boa, sob outros não porque não irá fazer residência tão cedo.

Veremos o que acontece.

Perguntei se ele queria “peixada “mas não quer e, nas circunstâncias o melhor é deixar as coisas acontecerem.

Penso que o fato de ele não ser reservista pode atrapalhar e até impedir.

Também a idade deve ser fator restritivo.

 

Domingo, 8 de junho de 1997, 17:27, chuva e frio.

Uma tarde de domingo escura e fria, tarde gris, parece até letra de tango , Buenos Aires, té com masitas, estes babados.

Patrícia e os guris vieram almoçar e acabaram de sair; ficaram assistindo Brasil e Itália.

Como de costume, uma porcaria de jogo. Acho que o Grêmio incorporou uma tal dose de suspense no futebol que, quando a gente vê uma partida normal, nem acha graça.

En passant, o Brasil empatou com a Itália.

Nesta tourné, perdeu para a Noruega e empatou com a França e Itália. Andiamo bene.

Hoje de manhã o guri de Santa Catarina, Gustavo – Guga, ganhou o torneio de Rolland Garros.

Assisti ao jogo e realmente o guri é bom demais e, se mantiver o padrão, tão cedo ninguém ganha dele.

Este computador ainda não está 100% confiável. Na verdade o processador tem que ser Pentium senão há sempre possibilidades de chuvas e trevoadas.

Carlos telefonou de la Coté  para a Patrícia dizendo que aquilo lá é um desbunde, não nestes termos.

Durante muitíssimos anos, até à II G.G. a idéia geral das pessoas civilizadas era que o Paraíso ficava no Mediterrâneo francês. Ambiente requintado, viver elegante, pessoas charmosas, hotelaria perfeita, cassinos comme il faut. Saint Tropez, Montecarlo eram o fino da bossa.

Acontece que em illa tempora, só os ricos faziam turismo pôr lá; os burgueses quando muito iam para lugares menos refinados onde seus tornozelos grossos e farofas não chamavam muito a atenção dos mais participantes.

Lembro, para ilustrar o tema, o filme “As férias de M. Hullot”.

A seguir, houve a invasão da bagaceirada americana enriquecida com a guerra.

Ma é interessante ressaltar que eles não duraram na Cotë: depois de uma violenta invasão, quando até uma miss  virou princesa, foram se sentindo desconfortáveis e parece que está se restabelecendo a velha ordem.

A mesma coisa que aconteceu com as estações de banho: todo o mundo pensa que elas caíram totalmente de moda mas, não é verdade, apenas voltaram a ter os seus antigos freqüentadores que querem tudo menos barulho e publicidade.

Como espero que aconteça no Imbé.

Mais detalhes quando o Carlos voltar e der mais informações.

Porque a maioria das pessoas que visitam a Coté limitam-se a informar que a areia é preta e o mar é frio.

Aí fica difícil…

O grau de – sejamos elegantes – mediocridade de viajantes, mede-se e é diretamente proporcional ao número de fotografias que trazem na volta e, principalmente, fazem questão de mostrar, uma a uma para os incautos. Se você atropela o petiço e passa pôr cima daquelas em que a família aparece na frente de uma estátua da avó do Colombo, pode contar que o interessado insiste:

– Estas ainda não vistes.

Eu costumo olhar firme para o galochão ou chona e afirmar, categoricamente que já vi todas!!!

Fotografias são feitas para serem vistas dez anos depois de tiradas.

Como diz o Millor, as fotos têm a notável propriedade de fazer-nos mais moços quanto mais velhas elas ficam.

Eu acrescentaria que fotos atuais têm a característica de mostrar-nos bem mais desarrumados do que somos.

Há uma velha piada sobre o tema: Se você está parecido com a foto do seu passaporte, então está mesmo na hora de tirar férias!

Então tá.

Boas notes.

 

Segunda-feira, 9 de junho de 1997, 18:29, tempo bom, frio.

Não muito frio.

Hoje fui para o centro o que pretendo fazer regularmente a partir de agora.

Ainda não estou caminhando como um aborígene australiano mas devagar vamos.

Fizemos umas correções na placa de som deste PC que estava configurada para oito bytes: é uma placa antiga mas muito boa. Comprei no Office’s Depot.

Ontem esteve aqui o Dr. Eduardo Sá com a estranha notícia de que o fulano que arrendou a fazenda, abriu um hotel lá!

Ou o parceiro é louco ou há algo errado na notícia.

Um hotel – fazenda naquelas latitudes, só se for para atender o pessoal da usina.

Também o contrato de arrendamento não permite estas variações em torno do tema.

Hoje o Eduardo iria esclarecer o imbroglio.

Acaba de telefonar o Juvenal querendo notícias de D. Alda que não atende ao telefone.

O telefone de lá é um problema; nem tanto o telefone quanto os usuários.

O Santana está consumindo água e não posso imaginar porque: vazamento da junta do bloco não é porque o motor está funcionando que é uma beleza.

Mas também não se percebe vazamento assim que temos mais um mistério.

Para bem entender tudo o que acontece com as máquinas latu-senso, a pessoa tem que ser uma enciclopédia ambulante e entender de tudo, mecânica, eletricidade, hidráulica, informática, eletrônica e pôr aí empós.

Sem esquecer as ciências humanas e sociais.

Aquele personagem da novela “Indomada ” que vive perguntando “porque? ”  não é tão louco quanto pretendem os autores e até pelo contrário: acho que ele é mais honesto que a maioria que não pergunta de vergonha ou, como diziam os jesuítas, respeito humano.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 11 de junho de 1997, 23:33h. tempo frio, gris.

O Santana estava com a cebolinha do ventilador automático estragada, é claro.

Mandei arrumar e também trocar as borrachas das portas que já estavam todas velhas.

Amanhã pretendemos ir ao Imbé para ver o que está acontecendo com a água cuja conta mensal está um horror.

Hoje os guris da Patrícia vieram para cá ter aulas de desenho; se aprenderem como o Angelo, vão acabar desenhando muito bem.

Carlos já voltou da França.

Aguardemos o destino da próxima viajem, sempre uma surpresa.

Bolão na reta final: mais quatro semanas e terá terminado o curso.

Acho que vou mandar fazer uma placa para ele pregar na frente da casa:

DR JOSÉ A. C. MOURA Fº. MÉDICO.

Daquelas antigas, ovais, brancas com fundo preto.

Pode parecer brincadeira mas o assunto é sério, afinal ele chegou onde queria e foi um longo e difícil caminho.

A placa é merecida.

Creio que nem ele pode ainda avaliar o que isto significa mas o tempo irá mostrar-lhe.

Aliás, em todas as profissões é assim: a primeira vez que chamam a gente de Doutor, corre um calorzinho bom pela espinha…

Penso que ele e Liege, um médico e uma dentista, têm excelentes oportunidades de ganharem a vida honesta e folgadamente.

Mesmo no Barro Duro mas creio que esta fase logo irá passar.

Telefonou o Pingo que pretende fazer vestibular em julho para Informática.

Acho que irei dizer-lhe que o preço do êxito é durar na posição.

Antigamente dizia-se que pedra que muito rola não cria limo mas, quem quer limo?

No mais tudo tranqüilo: hoje houve chá pôr aqui e estiveram o Rolla e o Vares, como de costume.

Helena veio buscar um daqueles vestidos de prenda da Patrícia mas creio que, pela altura dela será uma prenda de mini-saia!

A Helena está quase do meu tamanho.

Sem notícias do Rio.

Hoje resolvi encostar o sapato de salto que estava massacrando a minha coluna e melhorei bastante.

Mais uns dias e estarei caminhando normalmente, se Deus quiser.

Como eu disse, tudo tranqüilo.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 12 de junho de 1997, 22:05, tempo bom.

Passamos o dia no Imbé que estava uma beleza!

Mar azul, sol, sem vento, tranqüilo, dá até vontade de ir morar lá.

Em casa tudo bem e nada que indique as fabulosas contas de água que me foram apresentadas.

Devo telefonar segunda feira para a Corsan para ter o resultado da inspeção que irão fazer lá em casa.

Almoçamos no 40, em Tramandaí que, como de costume estava excelente e barato demais.

Cheguei a dizer que, considerando os diversos considerandos, o 40 é o melhor restaurante que conheci.

Nunca a comida está menos do que excelente, o serviço é ótimo, o ponto muito bom e sempre há um bom lugar para a gente sentar.

O forte deles é um espetinho de filé o que, convenhamos, é um prato de luxo em qualquer lugar do mundo.

Agora, pôr R$4,80 e com aquela qualidade, só lá.

É muito provável que em Paris existam bistrôs tão agradáveis como o 40 mas duvido que tenham espetinhos de filé iguais.

Fomos também no novo Camelódromo que está muito simpático.

O Alemão estava em paz e o Barrufi fechado.

Passamos na casa dos Tergolinas cujo pátio está um desbunde.

O pátio e o resto.

Saímos às dez e meia porque tivemos que passar antes no Iguatemi para pegar os óculos da Heloisa e às cinco já estávamos de volta. No caminho compramos uma abóbora de pescoço para fazer doce ide com coco. ( Gozado “coco “não levar acento ).

Antes fomos buscar um casal de canarinhos lá perto da casa da Alba – presente para a Heloisa no dia dos namorados –  mas a mulher que os vende não estava em casa.

Amanhã irei buscá-los.

O que está incomodativo lá em casa é a árvore da Denise que despeja toneladas de folhas em nosso pátio.

Foi uma péssima idéia da Denise plantar aquela árvore que não dá flores, só folhas.

Aliás, coisa que deve ser muito bem refletida antes de executada, ë o plantio de árvores.

E, geralmente a gente se arrepende.

Acho que lugar de árvores é no mato.

Quando falo disso, lembro de uma famosa reflexão sobre os indigenos:

– Índio mora no mato, debaixo do arvoredo.

Frase que resume uma política indianista.

Quanto ao mais, tudo em paz.

Bolão foi a uma janta.

Parece que a moçada que faz estágio no Conceição é muito chegada à festinhas mas ele quase não vai.

Acho que se fosse solteiro o negócio iria pegar fogo.

Deve ser uma maneira de aliviar a pressão em quem faz medicina de ambulatório.

E boas notes que estou com muito sono.

 

Sexta-feira, 13 de junho de 1997, 18:37, tempo fechado para toró.

Nem tinha me dado conta que hoje é sexta feira 13; esperemos que não haja nenhum vírus tarado neste computador.

Está fazendo um calor inusitado o que faz prever toró  que, alias, já; aconteceu no interior do Estado.

Negócio de tempo está completamente maluco e os jornais já noticiaram que o El Niño está se aquecendo para entrar em campo.

Se acontecer teremos um verão daqueles de vento, chuva e frio.

É um saco o tal de El Niño.

Hoje é dia de jogo aqui em casa e tudo indica que seremos seis, nós contra a família Vares.

O João hoje finalmente deu pôr terminada a incrementação deste PC.

É placa de vídeo de 24.000.000 de cores, processador 686, 166MH, monitor Philips, em suma um desbunde. O melhor de Porto Alegre!!!!

Então tá.

Agora começa o meu trabalho de colocar a configuração a minha moda, my way.

Joguinhos, Corel Draw e outros programas interessantes.

O Ângelo passou pôr aqui ao meio dia para pegar uma grana para almoçar com os colegas dele no Mama; ficou de voltar mas não apareceu.

Decerto atrasaram o almoço e já tinham algum jogo de bola engatilhado.

Se a turma do Ângelo come como ele, o Mama hoje está amargando prejuízo.

Está telefonando a Maria Teresa e informando que o Alvinho está ótimo da perna!!!

Esteve anteontem no bruxo que lhe deu alta curado.

Vamos ver as radiografias depois.

Se não houver mais sinais de desgaste da cabeça do fêmur, devo imediatamente informar ao Monik quem, segundo ele mesmo declarou, passará a encaminhar todos os casos semelhantes para o bruxo.

Mas, só com o testemunho da radiografia.

Como diz a Maria Teresa, pode até ser psicológico mas a verdade é que o Alvinho está sentindo-se ótimo.

Hoje esteve aqui o Pinho para um aconselhamento jurídico; está arrasado e chegou às lágrimas.

O pior é que está consciente de que a culpa de todo o imbroglio é dele.

Agora a pouco fomos buscar os canarinhos e são bem bonitos: o macho é branco e a fêmea pintada.

Agora é só dar sumiço na gata.

Daqui a pouco o Brasil joga contra a Costa Rica pela Copa América e como estaremos jogando, vou gravar para ver depois.

Certamente a Costa Rica não é um grande adversário mas com a seleção do Zagalo, as surpresas acontecem.

Este ano a maioria dos países mandou timécos para a Copa América pôr causa das eliminatórias para a Copa do Mundo. O Brasil e o Paraguai, grandes candidatos ao título, estão com força máxima.

O Paraguai é treinado pelo Carpegiani e já está praticamente classificado para a Copa do Mundo.

É um time valente e tem quatro jogadores do Grêmio e do Inter: Gamarra, Catarino Rivarola, Enciso e Arce.

Chamam-me para o bródio.

Até amanhã.

 

Segunda-feira, 16 de junho de 1997, 18:05, frio e tempo gris.

Fim de semana com tempo muito ruim, frio, garoa, chuva.

Sábado à noite fomos ao aniversário de quinze anos da filha do João Pedro lá no Plaza S. Rafael.

Estava muito bom e gostamos bastante.

Domingo tivemos churrasco assado pelo Bolão e com a presença de D. Alda que no sábado fora posar na Patrícia porque estava muito deprê.

Presente o Dr. Carlos Barrios que me trouxe um uísque quinze anos da Europa.

Ë o mesmo que tomamos na semana passada na casa deles, excelente.

A Liege está aí com os guris e deve retornar amanhã.

Hoje fui ao escritório de manhã e senti que se começar a comparecer, começam a aparecer os causos jurídicos que terei que enfrentar porque a grana está ficando curta.

O Angelo veio estudar Geografia mas teve que dar uma saída não sei para que.

Como de noite tem jogo da seleção brasileira, já vi que não haverá tempo para ver toda a matéria.

Com este montão de apelos para diversões que essa gurizada têm, é mesmo muito difícil achar tempo para estudar.

Veremos no que vai dar a geração de meninos ricos da família.

A Isinha almoçou aqui e informou que a casa pré-fabricada que irá montar no terreno ao lado da casa deles, já chegou

Saiu um artigo na Time sobre o assunto.

Na Matriz é a mesma coisa.

Acaba de retornar o Ângelo e vou dar uma parada. Não sei se a Liege e o Bolão vêm pousar mas, pelo jeito, não.

É brabo andar perambulando pôr aí com a gurizada, neste frio.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 20 de junho de 1997, 18:10, tempo gris.

Achei que estava atrasado uns dois dias mas a verdade é que não compareço desde segunda feira.

Esta foi uma semana com bastante trabalho no escritório e como peguei a famosa bronca do Vares,

estive sem ânimo para literaturas, mesmo que ruins.

Um registro: se eu fumo nos jogos de sexta feira, ninguém diz nada mas fazem cara feia.

Agora, se o Vares vem jogar com uma baita bronca ( gripe ), infectando todo o mundo, sequer passa pela cuca dos presentes que esta é uma situação muito pior do que fumar.

Chama-se a isto preconceito burro.

Tivemos um caso interessante: Saiu uma foto na Zero Hora de uns malandros que foram capturados pôr roubo.

Um deles, na foto, igual ao Pingo! E, o que é pior: o carro dos meliantes era um Kadete e o sósia do Pingo chamava-se Eduardo.

Telefonei para O Pingo contando o causo e ele, em seguida para a Rachel.

Aí a Rachel notou que as velhinhas da família estavam em concilíabulo no andar térreo e foi ver de quoi s’agitait il.

Verificou que as referidas estavam em pânico, lendo a Zero Hora e achando que o tal bandido era o Pingo!

Bem.

O Dr. Barrios  acha que finalmente conseguiu uma proposta do proprietário para a venda do terreno ao lado de sua casa.

Como sabemos, o referido é chinês assim que eu tenho fortes dúvidas que o negócio saia de imediato.

Ainda vai correr muita água pôr debaixo da ponte.

Principalmente porque, ao que sei, aquele terreno não está cadastrado na Prefeitura.

E, não está mesmo o que significa que não paga imposto e aí a confusão será grande.

Salvo se a Prefeitura mantém rotinas diferentes de registro para terrenos desocupados.

Veremos.

O Ângelo esta semana veio estudar para duas provas.

Em Geografia foi muito bem e diz que em História também o que duvido porque a matéria é terrivelmente desinteressante e muito detalhada.

Para um guri como o Ângelo aprender  os fatores de como a queda do Império Romano do Ocidente resultou no Feudalismo, é realmente um saco.

Também, movidos pôr questões ideológicas, os professores detalham as relações de trabalho entre servos e senhores no Feudalismo, chegando a detalhes que são o cúmulo em matéria de conhecimentos inúteis e cultura de almanaque.

Além do que, o livro texto do Ângelo contém uma série de informações que se não erradas, pelo menos são tendenciosas.

No Feudalismo as relações jurídicas foram tão complicadas, tão enroladas que a não ser pôr diletantismo erudito alguém se atreve a analisá-las.

Donde concluo que o Ângelo não pode ter ido bem na prova mesmo que ele ache que acertou tudo.

Bolão acaba de sair para Pelotas junto com o João e a namorada.

Acho que irão complicar a vida da Liege; salvo se o João for para algum hotel.

O Bolão faz aquelas famosas ofertas cariocas ( passa lá em casa para tomar um café) mas esquece que estamos no Rio Grande: aqui as pessoas costumam levar a sério os convites e até achar que é uma obrigação atendê-los.

Com este frio, na beira da Lagoa, receber um casal de hóspedes às onze horas da noite, é o tipo da surpresa meio rebarbativa.

A Liege vai ter que apelar para os velhos princípio hipies.

Tudo bem.

Hoje teremos jogo no Rola.

Amanhã acontecerão três partidas de futebol decisivas.

Brasil x Paraguai, Inter x Veranópolis e Grêmio x Brasil de Pelotas.

Com o Inter – para variar – aconteceu um fato muito interessante em que o feitiço voltou-se contra o feiticeiro.

Estamos nas semifinais do Gauchão e o Inter jogava a primeira partida contra o Veranópolis no campo dos buona gente.

De cara, fez um golo e tudo indicava uma goleada ou pelo menos uma vitória tranqüila.

Aí os intelectuais- Ibsen, Zaquia etc. – deram uma de malandro: considerando que o jogo de volta seria aqui em POA e portanto uma barbada, mandaram que os jogadores pendurados com dois cartões amarelos, forçassem o terceiro para chegar na final com o Grêmio com o time livre e desimpedido.

Claro que os indigitados eram os melhores do time, os únicos bons jogadores do Bolorau: Arilson, Fernando etc. etc.

Só que o Veranópolis virou o jogo e ganhou!

Agora o Inter vai jogar a segunda partida com os reservas e tem que ganhar para, pelo menos, chegar na prorrogação.

Ou seja, a final do campeonato gaúcho será entre o Grêmio e o Veranópolis!

Não posso imaginar como o Ibsen, o Zaquia e até o Amaury irão sair desta.

Bem.

Ontem, na Seleção Brasileira, também ocorreu um fato inusitado: o Ronaldinho saiu de baixo de vaia e foi substituído pelo Edmundo que entrou e, de cara, fez um golo!

O Zagalo só substituiu o Ronaldinho porque a torcida ficou naquela de “burro, burro “.

Amanhã jogam contra o Paraguai do Carpegiani e o furo é bem mais embaixo.

Veremos se o Ronaldinho joga.

O Romário, depois que foi substituído, simplesmente passou a ser um espectador privilegiado mas é inegavelmente um craque o que não se pode dizer do Ronaldinho.

Boas notes.

 

Terça-feira, 24 de junho de 1997, 01:21, tempo super úmido.

Na verdade ainda é segunda feira para fins deste registro.

Fim de semana quente e chuvoso, combinação clássica do inverno gaúcho.

Assim que ficou-se em casa – o que é um bom programa – galeto no domingo, jogos míles na TV, eventuais visitas.

Visita em dia de chuva geralmente é de povo que mora em apartamento e está de saco cheio com o confinamento e aí vai até em exposicão de artesanato.

Quando nem isto tem, aparecem justamente na hora da tora e, o que é pior, crentes que estão agradando.

O five-ó-clock tea dos ingleses é uma maneira elegante de informar às partes que antes daquela hora, qualquer personagem é mal vindo, se é que existe tal expressão.

Mas se há bem vindo, porque não mal vindo?

Antigamente era muito comum o nome Bemvindo ou Benvinda mas ultimamente não tenho me deparado com personagens ornados com tal onomástica.

O que, convenhamos, não tem a menor importância.

Hoje esteve aqui o Ângelo para me mostrar a prova de Geografia: tirou nove.

Quando ele estuda, sempre vai bem.

Também o Pablo e o Diego vieram para a aula de desenho.

Estão aprendendo e levam a coisa a sério; o Pablo chegou a me perguntar se eu não ia dar o tempo de recreação, antigamente conhecido como recreio!

Interessante: o Pablo tem o famoso algo mais. O Diego ainda está muito preocupado em não errar.

Estou curioso para ver o que eles farão quando começarmos a trabalhar com cores.

Para ensinar pintura acadêmica, luz, proporção, distância, sombra etc. o meu local não é bom mas pelo menos eles ficarão sabendo como deve ser um bom ateliê.

É claro que também não sou professor de Desenho ou Pintura mas o que aprendi na Arquitetura já é um bom começo.

Se gostarem talvez se encaminhem para uma escola verdadeira.

Ainda pretendo batalhar para que o Ângelo faça um curso de Corel Draw porque ele é realmente notável em desenho eletrônico.

A Isinha tem uma colega que é cobra no assunto e vou falar com ela.

Bolão passou o fim de semana em Pelotas junto com o João e sua namorada.

Gostaram muito e o João confirmou as informações do Bolão de que o camelódromo de lá é realmente muito bem organizado e sortido.

O João me trouxer um barbeador portátil chinês, parecido com meu Panasonic, só que muito mais barato.

O Pinho esteve no escritório, inter coetera para ver se não queremos ir a Portugal em setembro.

Deve estar bem de grana.

Segundo a Lei de Falências, só pode viajar com autorização do juiz mas acho que ele não sabe disto.

Dr. Barrios informando que achou um Glenlivet de não sei quantos anos, o melhor de cada lote fabricado.

Chama-se ARCHIVE’S (?) porque as garrafas eram mandadas arquivar em separado como amostra de excelência.

Custa US$200,00 a garrafa!!!

Se o Glenlivet dito comum já é o melhor scotch, imagina este.

Qualquer dia iremos provar.

Também o Carlos está fazendo grandes planos para o terreno que pretende comprar.

Tomara que o chinês não roa a corda.

No mais tudo em paz.

Estou imaginando se posso assumir um trabalho com horário, se pintar, é claro.

Acho difícil porque estou muito preguiçoso.

Ou muito velho o que parece mais realista.

Se der para ir tocando os meus processos e faturar algum para o caviar, sigo assim.

Se não, vou para o mercado de trabalho e temos que admitir que com um currículo até incomum.

Estive pensando porque nunca fiquei rico.

A verdade é que para ficar rico o personagem deve correr atrás do dinheiro e eu sempre corri atrás de conhecimentos.

E devo admitir que na matéria, sou muito mais rico do que a quase totalidade dos circunstantes.

Assim que sou rico de conhecimentos, justamente o que sempre quis.

Ça va.

Lucia telefonou e temos uma belíssima fofoca em andamento.

Na medida em que se desenrole, darei mais detalhes.

Falei com o Banda quem me disse que a Zilda está bem tanto que ontem a Alda lhe telefonou para lhe dar uns conselhos daqueles tipo “teria sido melhor se… ” e levou um chega-prá-lá da Fumagali o que significa que ela já está se recuperando.

A Alda falou com a Heloisa hoje e estava uma arara sem razões explícitas.

Agora já sabemos porque.

Bem, já são duas e dez e vou dormir.

Antes porém uma notável piada do Tom Cavalcante.

Raptor português seqüestra filho de industrial.

No dia seguinte o horrorizado pai recebe uma carta com uma orelha ensanguentada.

Texto da carta:

” Esta orelha é minha: a próxima pode ser a do seu filho!” Assinado: Joaquim.

Boas noites.

 

Terça-feira, 24 de junho de 1997, 19:21, chuva e temperatura despencando.

Hoje é dia de São João mas com a água que está caindo aqui no RGS, fogueira só em lareira.

Ontem estava trinta graus e hoje se estiver doze, é muito.

Não há quem resista.

Hoje resolvi um velho problema que acontecia quando da impressão de determinados textos.

Apareciam uns espaços malucos e não se conseguia chegar a um consenso.

Pensei, pensei e descobri: o drive de 3″ daqui de casa não tem a mesma capacidade daquele do escritório.

O João ultimamente fica muito impressionado com os meus diagnósticos.

Qualquer dia viro guru de carteirinha.

A verdade é que quanto mais galho, mais se aprende.

Dr. Barrios telefonou para que eu analise o PCV do terreno o que significa que comprou.

Significa mais: ele está realizando um dos maiores sonhos da vida dele e isto é bom.

Novidades também sobre ações da Siderurgica. O Carlos pode até tirar parte do terreno com ações.

Os Barrios irão ficar com uma bela propriedade, quase 50m de frente pôr outro tanto de fundo, com a vista mais linda de Porto Alegre.

Virginia baixou ao HMV para uma histerotomia que deve ser feita amanhã de manhã.

Esperemos que tudo corra bem.

O Henrique jantou aqui, uma bela pizza fornecida pelo (Fredi)-Berto.

Não provei mas é mesmo tentadora; o preço é que arrepia, como aliás qualquer coisa da dupla.

Dupla que não é mais dupla, só o Berto.

Falando nisto, o Guga foi eliminado já no primeiro jogo de Wimbledon.

Durou pouco a glória do guri.

A NET pifou e não sei se é aqui ou lá mas tudo indica que é lá.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 26 de junho de 1997, 18:37, tempo gris, previsão de frio.

Acabei de chegar do HMV, quarto 440, onde fomos visitar a Virgínia que ontem fez uma histerotomia.

Está bem; estranha-se porque resolveu ficar em um quarto com outra pessoa creio que pôr medida de economia.

Agora chegou o Bolão informando que a colega de quarto da Virgínia acontece ser cunhada da tia Ana!

Mundo pequeno.

Na verdade o quarto é ótimo e até nem se justifica mesmo pagar uma nota alta pôr um pouco de privacidade em período tão curto eis que a Virgínia deve dar alta no sábado.

Veremos o que será dito da experiência.

Uma coisa já é certa: em havendo possibilidade, escolha o Moinhos.

Ontem recebi a grana da Unicar e já repassei ao João a sua parte.

Trata-se de uma devolução de um consórcio, a famosa Pampa, que eu vendi ao João que não pode continuar pagando.

Se eu tivesse lugar para guardar, teria pago todo o consórcio da Pampa, veículo que é de grande utilidade, principalmente quando chega o verão.

História antiga.

No mais tudo em paz. Heloisa deve ficar no Hospital até às oito porque não há lugar para acompanhante.

Como hoje temos jogo da Seleção do Zagalo, verdade que contra os reservas do peru, não creio que retornarei.

Assim que boas noites.

 

Segunda-feira, 30 de junho de 1997, 17:47, frio de rachar, sol.

Sexta com jogo, sábado agitado, domingo ídem.

Sábado visitamos a Virginia no hospital e domingo ela veio para casa.

Almoçamos, na Patrícia. Levamos o Henrique.

Os acontecimentos esportivos predominaram neste fim de semana.

Sábado houve a luta do Tyson x Holyfield na qual aconteceu um fato nunca visto no box.

O Tyson, sentindo que não iria dar para a bolinha dele, mordeu a orelha do Holyfield duas vezes

Primeiro a orelha direita e depois a esquerda e foi de arrancar pedaço.

O cara é louco de atar e penso que com esta encerrou sua carreira de boxeador.

Inclusive parece que não vai levar a bolsa de US$30.000.000,00!!!

Quando passaram aquele filme do Anthony Hopkins em que ele faz o papel de um psiquiatra canibal, muita gente, inclusive eu, achou que os caras estavam exagerando em Holywood.

Pois o Tyson demonstrou para dois bilhões de pessoas que existe aquele tipo de loucura.

Domingo tivemos um grenal de doer de tão ruim e acabou em 0 x 0.

Como eu disse, o Grêmio já era e o Inter nunca foi, assim que o jogo deles dá pena.

Finalmente a Seleção Brasileira que, com uma mãozinha bastante expressiva do juiz, ganhou da Bolivia pôr 3 x1 e, em conseqüência, a Copa América.

O Tafarel, como costuma fazer contra a Bolivia, tomou um peru de arrepiar o cabelo.

O Zagalo, que dizia-se estava pela Bola Sete, botou a boca no trombone e declarou que agora os seus detratores vão ter que enguli-lo até a Copa do Mundo.

E, vai ganhar a Copa do Mundo porque com os jogadores que tem, até o Lazzaroni.

Finalmente hoje de manhã o Brasil perdeu de 3 x 0 para Cuba, no vôlei, o que já é um fato muito conhecido.

Acontece que a Seleção Brasileira é composta pêlos reservas de 96: os bons, Marcelo, Giovani, Tande e o levantador, caíram fora, presume-se que pôr não se enquadrarem com o novo técnico.

Amanhã jogam contra a Itália e vão perder de novo.

Domingo pifou a bateria do Santana e trocamos hoje; registro pôr causa da data de garantia que são dois anos..

Os guris acabaram de sair daqui depois da aula de desenho. O Henrique também anda querendo aulas de desenho e vai marcar hora.

Não sei desenhar mas penso que sei ensinar alguma coisa, não muito.

Acendi a lareira e está bastante agradável aqui; acho que faziam uns dois anos ou mais que eu não acendia a lareira.

Aí pelo interior tem feito um frio danado e a previsão é que continue.

Já estou caminhando normalmente.

Amanhã pretendo ir para o escritório e também visitar o Cavalieri.

Ontem telefonou o Bagé lá da fazenda da Bahia e fala-se perfeitamente.

Imagino que domingo de tarde na fazenda deve ser um saco e a grande pedida é telefonar para os amigos.

Assim que estiver 100%, vou dar uma chegada lá para ver as grandes melhorias que o Bagé tem feito.

Hoje morreu o canarinho decerto do frio.

Não temos muita sorte com pássaros.

O Bolão parece que, terminado o estágio oficial, irá fazer um outro no Clínicas, em Obstetrícia.

Acho muito importante que um médico do interior conheça bem obstetrícia porque partos deve ser o que mais acontece.

Estamos em notícias dos Tergolinas; ao que sei, o Pingo  pretende fazer novo vestibular em julho para Informática, na PUC.

A casa pré-fabricada da Isinha já está sendo montada no terreno ao lado da casa deles.

Também o Dr. Carlos fecha o negocio do terreno esta semana.

Os Barrios irão ficar com uma chácara na Coroados, mais de 2500 m2.

Dá até para criar umas vacas de leite.

Mas o que o Carlos quer é montar um complexo esportivo com canchas de tênis, vôlei, futsal etc.

Sem dúvida uma idéia excelente.

Com a piscina ao lado, e uma boa churrasqueira, terão verões concorridos.

O Alemão Uebel fez algo semelhante e realmente ficou muito agradável.

Vou lembrar ao Carlos que deve haver alguma previsão para eventuais garden parties, particularmente no que concerne à instalações hidráulicas e elétricas.

Os médicos adoram garden parties à luz de tochas.

É ferramenta de trabalho, relações públicas.

Estamos ficando iguais à matriz.

Pena que o período útil de trabalho da minha geração aconteceu junto com a miserável da inflação.

Hoje, um bom profissional liberal, pode enriquecer com dignidade.

Bem, são os fatos da vida.

En passant, hoje Hong Kong volta ao comando da China e não posso imaginar o que irá acontecer.

Afinal a China ainda é comunista e Hong Kong é o próprio símbolo do capitalismo ocidental.

O povo acha que nada irá acontecer mas eu acho que tudo irá acontecer.

O embate entre a burocracia socialista e o liberalismo britânico vai gerar muito desconforto e muita grita.

E, não demora muito.

É mais ou menos a mesma coisa como Miami passando a ser uma cidade do estado de Alagoas.

Os aratacas iram partir para uma depenagem geral, roubar tudo que estivesse à mão.

Agora imaginem os velhos e denodados chineses, com 6.000 anos de experiência em gatunagem, recebendo aquele tesouro de piratas, transbordando de riquezas.

Vai ser uma festança no arraial.

Só não sei o resultado final porque os interesses das ditas grandes potências são grandes pôr lá.

Mas que vai dar muito arranca – rabo, vai.

Quanto ao mais, tudo em paz.

Hoje, para a janta, teremos uma bela sopa de ervilhas com bacon.

Ainda esta semana pedirei à Alba que faça sopa de feijão com pimentão que também é um senhor prato.

Acabei de falar com a Virginia que me disse que hoje teve um desmaio; os médicos consultados disseram que trata-se de uma queda de pressão decorrente do fato de ter estado muito tempo deitada.

Esperemos que não se repita.

Pensamos que teria sido melhor se Virgínia tivesse vindo do hospital aqui para casa mas ela achou melhor ir direto para casa.

Em havendo outras pessoas junto não há problemas mas tendo que ficar só, podem acontecer acidentes como este.

É isto aí.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 2 de julho de 1997, 17:06, frio e chuva.

Presumo que este bolha deste computador está atrasando o reloj. Pelo menos nunca confere com o meu..

Tem feito um frio de rachar e agora, com a chuvinha, embolou o meio de campo.

Hoje de manhã fui visitar a CR, uma empresa que fiz para o Cavalieri.

Fiquei muito satisfeito com a recepção; o povo de lá é todo oriundo da ECOBRAS assim que me receberam com muita alegria.

Vão bem e decerto irão ainda melhor. Com a Economia estável, as empresas de Engenharia têm boas chances de irem bem.

Com inflação, é quase impossível.

A lareira está acesa e realmente aquece bastante; aqui nesta peça, sem lareira, é de rachar.

Relendo os registros do ano passado, verifico que em termos de clima, estamos iguais.

Uma das coisas boas de registros como este é que, de vez em quando se dá uma olhada no que aconteceu nos anos anteriores nos mesmos dias.

Pareceu-me que em 1996 eu fazia muito mais comentários de ordem geral e muito mais inteligentes.

Este ano estou meio burro e totalmente repórter.

Pode ter acontecido que o gesso, além da perna, imobilizou também o meu cérebro.

Vou comunicar o fenômeno ao Friedman para que ele alerte seus clientes.

Hoje aconteceu um fato estranho no vôlei: o Brasil venceu fácil a Holanda.

Como temos Grenal agora de noite, tomara que o fato não se repita ou seja uma zebra de grandes proporções.

O Inter é a zebra.

Telefonei para o Ângelo para aconselhá-lo a não ir ao estádio hoje – é no Beira Rio – mas ele estava jogando bola.

Falei com a Isinha e está tudo bem.

O telefone da Virgínia hoje não está atendendo: acho que ela desligou o som porque imagino o número de telefonemas que deve estar recebendo.

Acaba de telefonar o Paulo informando que o telefone deles está pifado e que está tudo bem.

Bolão foi a uma festinha e o João trocou o disjuntor que estava pifado.

Heloisa ainda não veio do chá que hoje é lá no Vares.

O Vares mudou-se para o apartamento ainda em obras de modo que as coisas ficam meio complicadas para as eventuais visitas.

Falando em visitas, ontem telefonou o Renato dizendo que irá me trazer umas linguiças e pedindo para que eu faça um churrasquinho.

Esta história do churrasco repete-se desde o ano passado e como é um fato inusitado, creio que entra aí as bruxarias do Renato.

Acontece que ele e D. Vina têm lá pôr Bagé um guru que aconselha determinados procedimentos.

Tem guru nesta insistência do Renato porque ele não é disto e, quando vem a Porto Alegre, pôr razões óbvias, prefere ir comer na Santo Antônio.

Vai ver que, do ponto de vista do guru, o meu churrasco dá sorte.

Quem também tinha um vidente era o Ingo.

Geralmente são pessoas bem intencionadas que desejam apenas o prestígio da função, digamos assim.

Mas, às vezes surgem uns vigaristas e se aproveitam forte da credulidade alheia.

Ainda estes dias lembramos um caso que ficou famoso no Brasil e que atingiu um amigo das Torres Gonçalves.

O cara era riquíssimo, herdeiro do laboratório que fabricava o Elixir de Nogueira e foi depenado pôr um malandro, ex – oficial da Aeronáutica que se auto – denominava… não lembro mas a Heloisa sabe.

Aliás, na época, década de 50 – 60  o pessoal da FAB, a maioria dos quais tinha servido na FAA, enriqueceu o fabulário, da vigarice nacional.

Além do profeta aí de cima, tivemos o famoso caso das “Filipetas ” que consistia em comprar carros à vista pôr um preço absurdamente alto, pagando em letras chamadas ” filipetas”e vender a longo prazo em suaves prestações.

O nome “filipetas “decorre do inventor do sistema o Ten. Av. Felipe não sei das quantas.

O negocio foi um sucesso nacional e era só do que se falava no Brasil.

Até que estourou!

No fim, a malandragem das partes era tanta que tudo acabou em galhofa.

Mas o Felipe ficou riquíssimo.

Como não tínhamos nenhum mecanismo de defesa legal para controlar tais malandragens e o povo era muito igênuo, os golpes proliferavam com enorme sucesso.

Nunca esquecer que o nosso Sistema Financeiro surgiu depois de 964, pôr  iniciativa do Roberto Campos, Ministro do Planejamento do Castelo Branco.

Não havia Banco Central, CVM, legislação financeira, nada disto.

Cada um montava seu barraco como bem entendesse, sistema inglês.

Só que no Brasil – como em Portugal – sistema inglês não dá certo.

Português, sabemos, é um inglês que não deu certo.

Penso que, ao final, este foi o grande problema da estrutura montada pelo Roberto Campos: uma concepção perfeita e principalmente ética como convém ao liberalismo mas uma execução apatifada em todos os sentidos.

O BNH foi uma concepção perfeita: Instituiu-se o Fundo de Garantia do Trabalhador que é uma massa incrível de recursos.

Estes recursos seria – seriam – usados para a construção de casas dos trabalhadores que remunerariam o empréstimo no mesmo valor que o fundo pagava aos participantes.

Perfeito!

Só que as construtoras faliam pôr incompetência ou pôr não quererem dar grana para os fiscais, ninguém pagava as prestações, uma zorra.

No início tudo funcionou direitinho mas depois que o povo aprendeu o caminho da sacanagem, o sistema se foi águas a baixo.

Uma pena porque a oferta de imóveis era tanta que os vendedores ofereciam um monte de vantagens para quem comprasse.

Lembro que fomos ver uns apartamentos ao lado da PUC, Jardim Guanabara, se não me engano.

Os caras vendiam sem entrada e ainda davam seis meses de prestações quitadas.

Ninguém comprava porque era muito longe…

A inflação ajudou e muito a acabar com a festa porque nunca se sabia qual o valor da prestação seguinte.

Concordo com o Fernando Henrique que nada é pior pra a Economia do que a Inflação.

Tomara que não volte, apesar do esforço que as esquerdas burras fazem para torpedear o Real.

Penso que recém agora, depois de três anos, as pessoas estão aprendendo a viver em Economia estável.

Penso também que tudo tende a melhorar.

Se saírem as Reformas Constitucionais que ainda faltam, o segundo termo do FH vai ser glorioso.

Bem, vou ver o Jornal Nacional.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 16 de julho de 1997, 18:23, chuva.

Até eu me surpreendi com o tempo em que estive parado sem fazer nenhum registro.

São duas semanas!

Aconteceu que deu galho neste computador, pifou o famoso processador 686 mas até chegar-se ao diagnóstico correu um eito.

Agora estou com um Pentium 166 e esperemos que só de galhos de adaptação.

É que configurar tudo o que está instalado não é bem assim.

Não me parece que tenham havido fatos de grande relevância ou imprevistos mas cabe registrar que o Bolão terminou o estágio muito bem e voltou para Pelotas para receber o canudo e estudar para o exame da AMRIGS.

Hoje tivemos notícia que as coisas lá est          ão complicadas com o Barro Duro alagado, as crianças e a empregada baleadas.

Bolão está na Logística e aí falta tempo para estudar.

Tentamos descobrir a data da formatura nas não conseguimos: a Faculdade informou que ele não participará da solenidade pública porque preferiu receber o diploma no gabinete do Reitor e isto eles não sabem quando acontecerá.

Acho que passei um mês arrumando o Osvaldinho para imprimir: os galhos maiores aconteciam nos recuos para diálogos: acabo de descobrir que, com um comando simples se resolve o problema!

É brabo mas não havia nenhum manual que ensinasse o macete.

Repete-se uma velha evidência: você deve conhecer profundamente o programa com que trabalha e a verdade é que a maioria conhece pela rama, datacontrol, não consegue extrair nem 10% do que o programa lhe oferece.

A regra é: se alguma operação deveria poder ser feita e não é, então o problema é seu que não sabe realizá-la. Tente até descobrir.

E, principalmente: você deve conhecer o significado das palavras que são usadas.

Em processadores de texto, feitos para editoração, se você não conhece o significados dos termos, a coisa fica muito mais difícil.

Também devo registrar que aumentou o trabalho no escritório e a conseqüente possibilidade de faturar uns pilas.

Virginia está melhorando já está quase entrando no quotidiano normal.

A mãe levou um tombo feio que lhe deixou muitas dores mas, surpreendentemente, não teve nenhuma fratura. Certamente não tem osteoporose.

Temos tido notícias da Zilda que está bastante down; a verdade é que a cirurgia que fez não é sopa.

  1. Alda está muito bem.

Os guris continuam com suas aulas de desenho; Pingo fazendo vestibular para a PUC em Informática e, ao que sabemos, indo bem.

Angelo sofrendo com o Grêmio que está no fundo do poço; Lucas com a liberdade restringida pôr razões de desempenho escolar.

Helena bem e o Alemão com gripe como a maioria das pessoas.

Os guris do Bolão, já disse, baleados ídem com gripe.

Aliás o tempo anda bem maluco porque dizem que se está armando o famoso El Niño.

Com atividade vulcânica exarcebada, e terremoto pôr tudo quanto é lado, é bem possível que a temperatura da água do Pacífico aumente e aí vem o tal de El Niño.

O que significa verão com chuva.

Como a gurizada entra de férias no sábado, estávamos pensando em ir para a praia mas do jeito que vai o tempo, não me parece razoável.

Em termos nacionais, o que está complicando são as greves da Polícias Militares.

Aí, o governo que é contra o Exército – não esquecer que o FHC e a sua turma foram subversivos – tem que apelar para o Glorioso que está sucateado embora não se deva espalhar isto.

Os caras esquecem que não há direito sem força.

Só que o Exército está bem pior do que as PM.

Os oficiais da Brigada, conforme publicado pôr eles, ganham três vezes mais do que os do mesmo posto no Glorioso.

O que surpreende e choca é a diferença dos ganhos dos oficiais para aqueles dos praças.

Uma vez, creio que no governo do Sarney, foi proposto ao Exército o mesmo critério mas os generais não aceitaram e com razão.

O que acontece nas PM é que os oficiais geralmente provêm da ralé e estão a fim de acertar as suas vidas.

O tema é meio complexo e já foi objeto de estudo em minha turma de Estado maior quando verificamos que somente se candidatavam para a AMAN pessoas das camadas sociais e econômicas mais baixas.

O que aconteceria quando estes pátrias chegassem aos postos superiores?

Acreditávamos que iria acontecer exatamente o que aconteceu com as PM; os caras usam do poder de intimidação que têm para forrar o poncho.

A preparação moral e intelectual de um oficial de carreira é uma coisa muito séria porque a nação entrega para ele o poder de subjugá-la.

Agora, o que irá acontecer é que o Governo irá convencer-se de que nenhum país subsiste sem forças armadas capazes de dar força ao Direito.

Como aliás já aconteceu com o SNI: depois de destruí-lo, o Governo chegou à conclusão que não pode governar sem um excelente serviço de informações o que  já tínhamos.

Se não sabem, quando o Collor assumiu, o SNI foi completamente destruido, móveis e equipamentos foram atirados pelas janelas, arquivos queimados, prédios vandalizados.

Claro que não interessava ao Collor manter um serviço que iria descobrir suas patifarias muito mais rápido do que o motorista aquele.

Aliás nem era descobrir, era expôr. O SNI já tinha um dossiê dele que assustaria até a um capo di mafia.

Bem.

Estou fazendo uma associação para o Indiana, algo relacionado com o Taimbé e as atividades turísticas dele.

Daqui a pouco irá passar pôr aqui para acertarmos detalhes.

Não gostei do nome e vou tentar mudá-lo.

Vou ver se despacho o Indiana rapidamente porque hoje joga o Grêmio e se perder a coisa fica muito feia.

É contra o Portuguesa lá em S. Paulo.

Amanhã de tarde pretendo ir tomar um mate com o Napoleão que está empolgadíssimo com uma teoria que bolou sobre a origem do Universo e quer minha opinião.

Diz que atende a todas as hipóteses.

Claro que não tenho condições de julgar teorias sobre o Universo a não ser que haja um fau muito violento.

Lucia escreveu pedindo que eu escreva umas contra-razões para uma crítica avacalhativa que foi publicada no Rio sobre o filme “O Egípcio “.

É um filme muito antigo, com o Victor Mature imaginem, e não é nenhuma obra de arte assim que soa meio ingênuo e até tolo.

Acontece que o crítico não leva em consideração este fato e faz ironias de gosto suburbano o que irritou a Lucia que, decerto amou a película como diria a mulher do Ipiranga Pitiguari.

Pôr sinal que hoje a novela vai apresentar um capítulo que é um must.

Vou ter que gravar para assistir depois.

Bem.

O Tergolina foi para Milão e só deve retornar no fim do mês.

Carlos fechou o negócio do terreno e já pagou a primeira parte.

A casa pré fabricada da Isinha já está quase pronta.

Creio que pôr hoje é só; se não coloquei em dia as semanas passadas, pelo menos andei perto.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 17 de julho de 1997, 21:48h, tempo frio e nublado.

Acabo de falar com a Isinha que, via Rachel, ficou sabendo que o Pingo passou em Informática na PUC.

Nenhuma surpresa: pena que ele não tenha feito direto para a URGS no verão passado.

O curso de Informática da URGS, para evitar que os alunos se distraiam do curso e vão trabalhar fora, concede bolsas de valor razoável.

Mais uma vez registremos que o medo é um sentimento que não constrói nada.

Dia normal, à tarde fui até o apartamento do Napoleão para conversarmos sobre a teoria de Cosmologia que ele está montando.

Como eu disse, não tenho condições de analisar mas, do que eu vi, e entendi, é bem interessante.

Vamos ver como progride.

Telefonou o Pingo confirmando a sua aprovação.

Ontem o Grêmio levou 3 x 0 do Portuguesa e como não ganha a doze jogos, sobrou o Evaristo.

Não creio que o Grêmio consiga se recuperar; a culpa é da deretoria que vendeu os jogadores bons e não adquiriu outro de igual talento.

História antiga.

O Angelo deve andar de crista caída.

O que está ficando feio são as greves das PM.

Já houve confronto a bala em Maceió.

Aqui, hoje, não teve Brigada na rua. Quando os ladrões se aperceberem do que está acontecendo, vai ser uma festa nos bancos.

Já houve um caso semelhante no Canada há uns quinze anos atras e os resultados foram terríveis.

O carro da Heloisa está com o João que foi a Flores da Cunha terminar a manutenção dele.

Hoje telefonou a Ana do Renato preocupada com a situação.

O Eduardo prometeu liberar a hipoteca da Fazenda de Bagé em um mês o que me parece uma perspectiva otimista.

Acho que liberar a Fazenda, sem prazo, já é uma perspectiva otimista mas não disse isto para a Ana.

Telefonei para a Lu que está de aniversário; penso que faz 23 anos.

Heloisa telefonou para o Mario que nasceu no mesmo dia, no mesmo hospital mas em circunstâncias completamente diferentes.

Uma longa história.

Bem, vou aproveitar que hoje os filmes estão brabíssimos e escrever para a Lucia sobre o tal crítico de “O Egípcio “.

Antes tenho que dar uma olhada na história das religiões para ver o que consta a respeito de Akenaton quem, ao que sei,  além de coisas mais sérias, foi casado com Nefer Nefer e sogro de Tutankhamon.

Assim que boas noites.

 

Sexta-feira, 18 de julho de 1997, 22:07h, frio, nublado.

Hoje não tivemos o clássico joguinho das sextas feiras porque a parceria ou está envolvida com outras coisas ou fora de contato.

Quem veio pousar é o Angelo.

Frase gozada, não? Mas, creiam, certa.

Saiu a relação dos aprovados da PUC e fico sabendo que o Pingo fez vestibular para Adm. Empr. e Análise de Sistemas.

Ele deve estar pensando que isto tem a ver com Informática mas creio que está enganado.

Na minha opinião isto é curso para analfas mas, respeitemos as escolhas alheias.

Mesmo que fundamentadas em premissas erradas.

Enquanto escrevo estou ouvindo um CD muito bom; neste momento tocam Stormy Weather.

Pena que não seja cantada pela Lina Horne.

Eu devia ter uns doze anos quando comprei o disco da Lina cantando Stormy Weather e A Foggy Day in London Town, um 75 rotações.

Negócio muito sério.

Tanto que tive que vender no sebo uma gramática latina para comprá-lo.

Era uma joia mas, numa sessão de garagem para ouví-lo num picape, como chamávamos, alguém sentou em cima e quebrou.

Também foi um negócio muito sério; tanto que fazem uns cinqüenta e picos de anos e ainda não esqueci.

Estes dias vi a Lena na televisão e está muito bem só que as musicas que canta já não são do calibre das que cantava.

O CD é da Orquestra Tabajara, famosa nos anos quarenta e cincoenta e que está retornando.

Fomos a vários bailes em que tocou a Tabajara.

Lembro o nosso Baile do Adeus e o da formatura da AMAN, em Quitandinha.

A Tabajara abria os bailes tocando o Guarany em ritmo de samba, algo inesquecível.

Os caras são realmente muito bons.

Logo teremos um revival das grandes orquestras tipo Beny Goodman, Xavier Cugat, Harry James etc.

Aqui em POA tinhamos o Aderbal, onde o Banda tocava, o Baldauff e outras de menor expressão.

Hoje seria fácil montar uma grande orquestra com o povo da OSPA.

Em um casamento naquela igreja em que a Virgínia casou, ouvi um trumpete excepcional.

Fui lá perguntar e o musico, um argentino, me disse que era da OSPA.

E, não era o primeiro trumpete.

Que tal montar uma orquestra assim com a Denise Laude de vocalista?

Idéias temos o que não temos é peito.

Imagino o sucesso que não seria reviver o Baile do Perfume como era em 50.

Talvez servisse até para os metaleiros e afins verem que há coisas bem mais bonitas, agradáveis e elegantes do que raps e funks.

Acho a musica, o ambiente, o enredo e principalmente os personagens de funks e raps um ponta pé nos bagos da Humanidade.

Então aqueles de São Paulo e subúrbios da Central, no Rio, são a escória do lixo da raça. Humana!

Aqueles caras fedem.

O que está ficando ruim é a greve das PM: já está se alastrando pôr todo o Brasil e isto vai acabar mal.

O PT está cada vez acirrando mais a oposição ao governo, entrando pôr caminhos da mentira, da intolerância e da ameaça.

Já vi este filme mais de uma vez.

Faz lembrar a conhecida história dos saguis e das jibóias.

Os saguis, quando vêm uma jibóia ficam em roda dela enchendo o saco, gritando, cutucando até que a jibóia resolava comer um deles.

Aí vão embora aos guinchos, desesperados.

Então tá.

Acho que vou dormir porque estou com muito sono: noite passada, não sei porque cargas d’água, não consegui dormir.

Acho que o trabalho para a Lucia sobre o Akenathon me deixou com a cuca a mil.

Então boas noites.

 

Segunda-feira, 21 de julho de 1997, 21:48h, tempo chuvoso.

Tivemos um fim de semana chuvoso, de sexta até agora.

Sábado Isinha veio almoçar com o Angelo e o Lucas.

Havia muqueca de abrótea e idem frita, mais ou menos.

De tarde fomos na mãe que não está se recuperando bem do tombo.

Domingo, churrasco.

O Scliar publicou domingo a carta que escrevi para ele a respeito do Badanha.

Napoleão telefonou para dizer que quase se mijou de tanto rir com o Osvaldinho.

Como se depreende, literatura em alta.

Falta só a Lúcia manifestar-se sobre o Dudu.

A Alba entrou de férias nestas duas últimas semanas de julho. Registro para que no ano que vem não hajam dúvidas.

Foi paga de tudo e até um pouco mais eu acho.

Hoje de manhã fui para para o escritório e de tarde lá para a mãe que andou dando umas rateadas.

O Carlos acha que houve alguma esquemia pequena e pretende baixá-la amanhã para exames mais detalhados.

Hoje de tarde a mãe estava muito bem a não ser as seqüelas do tombo que ainda lhe causam muitas dores. Mas, conversou bem, comeu uns bolinhos de chuva e, quando saímos estava assistindo à novela das seis.

Beto e Bia estavam lá.

Os dois são como filhos e realmente sentem muito quando a mãe não está bem.

Veremos o que dirão os exames.

Quando a Saara estava mais atucanada com a mãe, a tia Honorina telefonou para dizer que havia sonhado que a mãe tinha morrido…

É o famoso elefante em casa de louças…

Notícias de Pelotas esclarecem que a formatura do Bolão será dia quinze de agosto em cerimônia particular na Reitoria.

Se é como ele quer, assim seja.

Estão bem em Pelotas, dentro das possibilidades gripais e, ontem foram almoçar fora porque era aniversário de Liege.

Continua o assunto da Brigada Militar mas o mais interessante é que até agora ninguém sentiu falta dos brigadianos nas ruas.

Bobeia os caras perdem o emprego…

Lá pelo Nordeste a coisa está mais encardida, principalmente em Pernambuco e Alagoas.

O PT. CUT, MST, PDT estão marcando grandes manifestações contra o Governo, aproveitando os movimento das polícias.

Este é o grande problema do PT e das esquerdas: os caras são muito burrros.

Não percebem que estão cooperando para um Estado de Emergência que não será nada bom para eles.

Ou, o que é ruim: o FHC resolve dar uma de esquerda, perde o controle da coisa e aí a vaca vai para o brejo.

Pior se os caras da esquerda radical resolverem partir para o confronto o que parece uma idéia maluca mas não é.

Lembro que ontem houve uma assembleia do PT aqui em POA e a ala da Luciana Genro e outros maluquetes ganhou disparado dos chamados moderados tipo Tarso Genro, Fortunati etc.

Os caras são doidos de atar e, em conseqüência, a idéia de partir para a porrada já deve estar até circulando entre eles.

Imagino as Cony da vida fazendo um Estudo de Situação e concluindo que é agora ou nunca eis que o dispositivo policial está desmantelado e o Exército na maior penúria porque há uns seis anos não tem verbas nem para comer quanto mais para comprar armamento e munições.

Ledo engano.

Já se foi o tempo em que se pegava o Glorioso de calças na mão.

As experiências anteriores são muito recentes e muito expressivas.

É bom lembrar que os milicos da Argentina estão loucos para defenestrar o vigarista do Menem.

Aí começam as confabulações, o negócio vai crescendo, saindo do controle e logo aparece um maluco que acende o rastilho.

Permito-me registrar que o chefe do EMFA americano esteve ontem em Brasília conversando com o FHC.

Já vi este filme em 64, com outros atores: Dulles, Wernon Walters etc.

Em fins de março de 64, lá pelo dia 28 ou 29, o Walters veio a Porto Alegre para rever velhos amigos

particularmente o Adalberto que comandava a 6ª DI e que era o chefe dos revolucionários, só que ninguém ainda sabia.

Eu estava lá no Gabinete do Comando da DI quando o Walter chegou e só falava em caçar perdigões no Rincão.

Tudo muito parecido e os sobreviventes estão todos com a mesma impressão.

Hoje houve até um panelaço em São Paulo, igualzinho como em 64.

E todo o mundo no pé dos milicos: porque vocês não tomam conta para acabar com a pouca vergonha destes políticos corruptos etc. etc.

A turma geralmente acha que quando os Democratas estão no poder nos USA, não há perigo de quarteladas na América Latina.

Na verdade, só o presidente é Democrata, o Congresso  é Republicano.

E, há muito dinheiro americano rolando aqui dentro e, quando se trata de defender os interesses dos nativos, sempre apela-se para a política do big stick.

Também porque a pressão contra o Clinton é enorme pôr suas eventuais safadezas sexuais.

Bobeia os caras forçam a uma renúncia como aconteceu com o Nixon.

Um quadro meio sombrio.

Aguardemos.

Infelizmente não há nenhum lado que mereça apoio: a Democracia brasileira é realmente uma vergonha mas a opção pôr eventuais governos fortes também não resolve porque, afinal, somos todos vinhos da mesma pipa.

Alias nós não: os gaúchos somos diferentes e uma solução que pode aparecer será a do separatismo.

Daqui a pouco alguém se lembra dessa saída honrosa.

Também não será novidade.

Então tá.

O resto do povo todos bem: consta que o Pingo foi para a praia, acho que de férias.

Com esta chuva de quase uma semana, o Imbé deve estar uma beleza.

Hoje, quando fui comprar sacos de lixo lá perto da antiga Mesbla, desfilei pela Volunta e uma coisa que me espantou foram os preços!

Artigos chineses, principalmente roupas, pôr preços tão baixos que a gente nem acredita.

O Lucas comprou uma calculadora bem boazinha pôr R$1.99!

Há de tudo e se as coisas continuarem assim, os chineses tomam conta do mercado mundial com um pé nas costas.

O que é mais interessante é que eles estão com uma tecnologia muito boa, melhor que a dos japoneses quando invadiram o mundo com seus radinhos de pilha.

Todo o mundo ria daquelas porcarias japonesas mas olha no que deu!

Agora o chineses vêm muito mais a fu e com tecnologia mil vezes superior.

Não vai sobrar ninguém a não ser que os caras consigam fazer melhor e ainda mais barato.

Um dos maiores assaltantes do Brasil sempre foi o setor de confecções: a gente nem acreditava nos preços com que os sacanas abriam as temporadas.

Todo o mundo dizia: “Os caras enlouqueceram “!

Acontece que com uma inflação mensal de quase três dígitos, os safados acabavam pôr vender seus bagulhos e aí tinhamos o fenômeno de “grandes empresários “ tipo Ana.

Agora, se formos comparar o preço das roupas chinesas com as nossas, iremos verificar que os caras realmente eram uns assaltantes.

Esperemos que vão todos para o brejo. Como merecem.

Lembram o setor coureiro calçadista? Foi um Deus nos acuda quando da paridade do dólar porque os pintas faturavam em cima do  paralelo: exportavam para suas próprias empresas no Panamá pôr um preço baixo e depois reexportavam para os USA pôr valor bem mais alto.

Como o Panamá é paraíso fiscal, o que sobrava ia tudo para o paralelo com lucro finaceiro de até 50%

E aí, os filhos da puta dos coureiro calçadistas invadiram os locais antes destinados à pessoas mais esclarecidas e educadas e passaram a exibir seus tornozelos grossos na praia enquanto comem milho.

Mas agora, para não explodirem de vez, tiveram que recambiar seus dólares e, subitamente toda aquela bancarrota que inundava os noticiários de TV , sumiu!

O que foi atribuído à grande capacidade de recuperação, ao tino empresarial dos referidos.

Mais vivos mas não menos safados, foram os caras da Azaléia que, quando sentiram a truta, foram à China e encomendaram centenas de milhares de pares de sapatos com a marca deles, a US 2, 00 o par.

Tudo gente finíssima.

Alerto que os próximos a se ralarem vão ser os vigaristas da Industria Farmacêutica, na totalidade uns piratas de fórmulas e carcamanos de ingredientes.

Carcamano vem de acarcar a mão no prato da balança, roubar no peso.

O mercado farmacêutico é mafiosíssímo mas os caras exageraram e o pessoal já está começando a chegar lá.

Ainda hoje ouvi um debate no radio e me parece que a mocidade está na pista certa.

Daqui a pouco os caras se acordam e publicam um decreto dizendo que a venda de remédios aprovados pela FDA é livre no Brasil.

O que seria uma garantia para o consumidor e um pontapé nos bagos dos ladrões da Industria Farmacêutica nacional.

Como se vê, à semelhança dos barbeiros e motoristas de táxi, estou capacitado a resolver boa parte dos problemas nacionais.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 23 de julho de 1997, 19:02h. tempo melhorando.

Hoje abriu um sol que anima um pouco a gente.

Como eu tenho que ir até à praia, levar a precatória da tia Honorina, tomara que o sol continúe.

Acabou de telefonar a Bia para dizer que as casas do Beto e da Saara foram arrombadas no Imbé.

A mãe ainda não conseguiu baixar para fazer os exames; a Bia pediu também para verificarmos se a Heloisa não trouxe os óculos da mãe trocados porque ela não está enxergando bem com os que estão lá…

Como Heloisa está no chá, aguardemos e chuliemos para que realmente tenha trocado.

Hoje liguei a estufa a gaz que parece ser muito boa.

Também mandei cerzir o meu casacão, o que só registro para não esquecer: fica pronto dia 30.

Afinal, como se escreve “gaz “?

Será gas? Ou gás?

É gás!

A Varig preferiu pagar r$800,00 para o Carlos ao invés de dar-lhe uma passagem para Miami.

Assunto resolvido sem danos materiais para o Carlos que já havia se ressarcido via Cartão de Crédito.

Os guris e eu ficamos no prejuízo porque eles não receberam os brinquedos e eu o sapato Scholl que, nas atuais circunstâncias, faz falta.

Li a carta que o Carlos escreveu para a Varig e a minha teoria foi confirmada: a gente só fala e escreve bem na língua materna: não chega a ser um Portunhol mas anda perto.

Acabo de descobrir porque a VIARS não consegue funcionar neste computador: é a placa de vídeo.

O João coloca o que há de mais moderno, a placa de vídeo é 4Mg, e aí dá galho.

A anterior era 0.5 Mg.

Teremos que reconfigurar os jumpers da placa.

Fica-se satisfeito quando se descobre  a razão de um galho como este que estava dando dor de cabeça.

Situação geral da Bulgaria, péssima.

Ontem os MSD, empurrados pelo PT invadiram a área destinada às instalações da GM, justamente no dia em que a direção da GM veio anunciar as fornecedoras de peças e expor o cronograma das obras.

O presidente da GM comentou que parece que o Rio Grande do Sul não quer a empresa aqui.

O PT se desgastou muito com isto.

Como costume dizer, o PT é burros demais.

Burros mesmo, no plural!

Se a GM desistir, a casa cai.

Fora os pobremas que o pessoal do meio ambiente está criando.

Deve ser cômico para os americanos verem a sujeira que se acumula nas margens do Gravataí e ter que engolir quinhentas mil exigências da SMAM ou algo assim.

A maior poluidora é a falta de cultura e a miséria e, nisto somos imbatíveis.

Bem, vou começar a janta – um carreteiro – porque já senti que D. Heloisa irá se atrasar.

Ficam para amanhã umas considerações sobre o Brasil Legal de ontem.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 24 de julho de 1997, 17:30h., tempo bom.

Hoje resolvi o processo Kerber e, espero, o da Viviane também.

Chego à conclusão que, mesmo levando a advocacia de mansinho, dá para viver razoavelmente.

Se a pessoa deseja faturar alto, basta trabalhar um pouco mais.

Num sistema liberal, é óbvio que as profissões liberais têm grande chance de prosperar.

Está um dia bonito o que nos levará para a praia amanhã.

Helena, Henrique e Lucas vão junto.

Devo distribuir a precatória da tia Honorina e passar o fim de semana.

A previsão de tempo é boa; apenas um pouco de nuvens no sábado.

Semana que vem promete ser ótima.

A fofoca política continua mas tende a se acomodar porque acho que os caras do PT se assustaram com os excessos da turma do MSD e sindicatos.

Para variar, estavam pondo lenha na fogueira a Jussara Cony e a Luciana Genro.

Um pouco menos mas idem fervendo, a Maria do Rosário.

Mulher radical é fogo.

Botam para fora milênios de merecida submissão aos homens.

Hoje telefonou uma médica aqui de POA que namorou o Zé, colega do Bolão, para apresentar congratulações pela formatura deles.

Vai ver que é hoje.

Chacun a son gout e, se o Bolão não quer comemorar com os parentes, faça-se a sua vontade.

Forçar é carregar mala e eu, pelo menos, não tenho mais saco para carregar malas.

Houve uma época em que valorizou-se muito o que se chamava de ser adulto.

Para mim ser adulto é dizer e fazer exatamente o que se quer.

Em suma, falar a verdade.

Bem.

Amanhã os Barrios vão para Artigas passar o fim de semana.

Acho que os guris gostariam mais de ir para a praia mas o Carlos gosta muito de visitar os irmãos, no que tem toda a razão.

Qualquer dia destes pretendemos dar um pulo em Rivera e conforme correrem as coisas, visitamos os Barrios de Artigas.

Acaba de bater um cara pedindo dinheiro para a gasolina de sua caminhonete.

A gente tem que rir.

Pensei que fosse o “engenheiro” que pedia dinheiro para o táxi mas aquele saiu na Zero Hora e decerto não se arrisca mais.

Imagino o que seria a fila de malandros se não houvesse a grade.

Antigamente os malandros pediam dinheiro para pão, remédios e coisas assim; vestiam-se mal, traziam bandagens e contavam histórias tristes.

Hoje a coisa mudou: com o preço da comida lá embaixo, roupa de chinês quase dada, os malandros querem é verba.

Vestem-se bem e apostam no papo.

Da primeira vez conseguem mas depois nunca mais.

Eu já estou no depois.

No Imbé pretendo conversar com o Joaquim para saber o que andam pensando as esquerdas radicais do momento político.

O Joaquim atua em grupos radicais que antigamente eram os chamados subversivos mas agora trabalham em conjunto com a ala mais radical e atrasada dos milicos.

É até cômico pensar – mas é verdade – que o Joaquim anda em altas fofocas com o Grupo Guararapes, cujo chefe é um oficial de Engenharia o mais radical dos caça comunistas, o Helio Ibiapina.

Os caras agora, como não têm mais comunistas para caçar,  estão se dedicando aos liberais o que dá a justa medida da cultura e da coerência deles.

Pela primeira vez vi na televisão uma análise bem feita sobre o momento atual.

O Afonso Ritter disse o seguinte:

O que está acontecendo, é a transição do Estado como forte agente econômico para o Liberalismo em que o Estado é um mero espectador do fenômeno econômico.

Como, no Brasil o Estado não pode demitir, reduz os salários dos servidores para obter o mesmo efeito

e daí estes movimentos todos que são unicamente de servidores do Estado.

A análise está correta e é realmente o que está acontecendo.

Convém lembrar no entanto que o Roosevelt saiu de um pepino muito maior do que o nosso com a doutrina do Welfare ou seja, investimentos maciços do Estado em obras públicas.

Claro que a emergência da guerra européia elevou a economia americana às nuvens e o Welfare acabou sendo considerado como a doutrina de salvação depois da Recessão da década de trinta.

Na verdade, sem a guerra, não sabemos se a doutrina rooseveltiana teria dado certo.

Em termos de Macro Economia, devemos admitir que o polígono das forças produção – consumo tende a se equilibrar, principalmente depois da era industrial.

Um exemplo bem simples: qualquer dia os automóveis começam a se empilhar nos pátios das fábricas porque já não há mais consumidores.

Idem para liquidificadores, televisões etc.

Uma das maneiras mais efetivas de criar mercados consumidores, é a guerra.

Quando começou a II GG, os americanos tinham estoques de proteinas para dezoito anos de consumo e uma produção que aumentava dia a dia com as novidades tecnológicas.

Tremendo pepino, os alimentos praticamente não custavam nada e mesmo assim não havia consumo.

Além do que, estocar alimentos perecíveis às vezes custa mais caro do que os próprios.

Os depósitos de grãos do Kansas eram famosos.

Aí veio a Guerra e o polígono se abriu numa das regiões mais ricas e povoadas do mundo.

E lá se foram os estoques americanos a peso de ouro.

Como conseqüência, quase todo o ouro do mundo foi para os USA e estabeleceu-se o padrão dólar como garantidor  indireto de emissões de papel moeda.

Fort Knoks (?) garantia o dólar

Em termos simples, é isto.

Argentina e Uruguai, em escala bem menor, fizeram o mesmo mas escolheram o lado perdedor assim que, terminada a guerra, terminou o fausto.

O Brasil, infelizmente, não tinha excedentes para vender.

Mesmo assim, tirou umas casquinhas.

O assunto é vasto e muito estimulante mas é tão vasto que até hoje ninguém teve coragem de escrever obra que o esgote.

Nem eu.

Voltando ao quotidiano paroquial, ontem o Grêmio levou outra surra do Santos e os dirigentes começam a admitir que está muito difícil dar a volta pôr cima.

Vai ser interessante o Campeão do Brasil ser rebaixado para a segunda divisão.

Domingo o Grêmio joga contra o Juventude e vai levar ferro de novo.

Os colorados estão deitando e rolando: agora dizem que o centerforward do São Paulo é o Dodô e o do Grêmio é o Dadó!

Realmente dá dó ver a linha do Grêmio jogar.

O Ângelo deve andar passando maus pedaços, principalmente com o Pingo.

Isto aí.

Todo o mundo lembrando 64 e apregoando que a situação está igualzinha e até muito pior.

Na verdade está pior mas acontece que o Glorioso não quer saber de confusões.

Lembremos que o pai de todos este arranca rabo é o Ulisses Guimarães com a sua Constituição Cidadã.

Uma Constituição socialista num país semi – liberal e parlamentarista num regime presidencial.

Só podia dar no que deu e mesmo que seja grandemente modificada, o rescaldo ainda vai levar muito tempo.

Mesmo a contra – gosto, a gente tem que dar razão ao Sarney que, quando promulgaram a Constituição disse que o país iria ficar ingovernável.

Ficou!

A mãe está melhor e talvez nem precise baixar ao hospital para exames mais detalhados.

Segundo o Carlos, o prazo para aparecerem sintomas mais graves, já decorreu.

Acho até que a Saara foi hoje ao Imbé para ver o negócio do roubo na casa dela.

Bem, são mais de dezenove horas, estou com fome e paro pôr aqui.

Devo voltar só na segunda feira.

Boas noites.

 

Sábado, 2 de agosto de 1997, 16:48, tempo chuvoso.

Passamos a semana inteira tentando configurar o VIARS com o Pentium mas não deu certo: ao que tudo indica, é preciso atualizar a placa de fax porque a minha é muito antiga.

Na semana que está terminando, tivemos os aniversários da Helena e do Tergolina.

Viriginia fez uma janta para os avós e a Isinha idem para os irmãos e nós.

Creio que a Isinha fez o jantar mais para os irmãos do Tergolina; nós e os Barrios fomos de perus.

Mas, sem problemas, sobrou comida.

O Pingo, no que concerne ao Serviço Militar, foi dispensado pôr excesso de incorporação.

Não me pareceu muito empolgado porque acabou gostando das cerimônias a que teve de participar, Juramento à Bandeira etc

Bem.

Daqui a pouco iremos à formatura da Karen, Informática na PUC.

Antes, é claro, passagem pela FUNAI.

Hoje almoçamos na Alda, um carreteiro de charque e estava bem bom.

As velhinhas estão bem: a mãe bem melhor e a Alda firme.

Mais um mês e o povo mais idoso se vê livre do agosto e arriba.

Esqueço de dizer que no fim de semana passado, estivemos no Imbé e estava ótimo, tempo de verão.

Quase consegui deixar a piscina limpa mas como não tinha floculador, ficou mezo a mezo.

Fomos na sexta porque eu tinha que distribuir uma precatória da tia Honorina no Foro.

Sábado foram os Fietz acompanhados de uma sobrinha do Paulo, a Juliana.

Voltamos segunda feira de tarde. Heloisa combinou com o Julio para mudar os azulejos do quarto da empregada.

Ontem estive lendo os Diarios 95 e 96 e é muito interessante verificar de como as coisas correm mais ou menos parecidas.

Existem pequenos fatos que mudam mas, as grandes rotinas são quase as mesmas.

Com mais tempo irei registrar as mudanças que diria significativas e que irão influenciar as próximas.

Está na hora de conclamar a Heloisa para a tal de formatura: ela está dormindo o que é ótimo numa tarde chuvosa e quase fria como a de hoje.

Pretendo voltar para atualizar a semana passada.

 

Segunda-feira, 4 de agosto de 1997, 21:57, frio.

Acabei não voltando depois da formatura da Karen.

Cerimônia tranqüila, uma hora e meia. Beto e Vania foram para a Mesa representar os pais dos formandos.

Estavam a Saara e o Paulo.

Ontem fizemos churrasco e vieram a Ilsa e o Pinho.

De noite telefonou Elusa informando que o Romeu havia falecido.

Hoje de manhã levei Heloisa até ao cemitério.

Romeu era uma excelente pessoa e na época em que dirigia a Odorico Monteiro foi uma figura conhecidíssima nos meios automobilísticos de Porto Alegre.

Eu me dava muito bem com ele.

Bom descanso para o Romeu.

No mais tudo em paz, sem maiores notícias do povo em geral.

Bolão deve estar se preparando para vir receber o Mário Miguel que chega depois de amanhã, vindo do Peru via Chile.

Já deve estar viajando; não invejo ter que passar a Cordilheira no inverno e de ônibus.

Ainda bem que ele vai subir os Caracoles porque descer nesta época é um risco muito grande.

Esperemos que o ônibus do Mário não fique preso en el Puente del Inca.

Neste momento o Grêmio está ganhando do Sport Recife pôr 2 x 1.

Se ganhar, melhora a situação do Grêmio que está horrível.

Agora estou no metier de recolocar este computador em ordem para o uso quotidiano.

Ainda falta acomodar o VIARS que não quer funcionar com o processador novo.

Vamos ver se acertamos amanhã.

Hoje esteve a Viviane apanhando uns livros no escritório e levou um monte.

Pôr registrar que o frio voltou e, de acordo com o Cleo Khun, vem a mil.

Nenhuma surpresa porque, afinal, estamos em agosto.

Ontem falei com a Zildinha que riu muito com o Osvaldinho o que era justamente a minha intenção.

A Zilda está precisando de umas risadas.

Falando nisto, quero ver se amanhã ligo para o Napoleão que mandou editar o Cristo Nhandejara(?), seu livro sobre as Missões.

Ele está empolgado para publicar e acho que irá conseguir.

Amanhã tenho uma audiência de divórcio às 9:30h.

Hoje a Alba retornou de férias. Mesmo a tempo de ajudar nesta semana que promete.

Bem, vou parando para começar a pôr este computador em ordem.

Boas noites.

 

Terça-feira, 5 de agosto de 1997, 22:53h., frio.

Terminei hoje, em tempo record, menos de um mês, um processo de divórcio direto amigável.

De tarde fomos ao Carrefour e ficou constatado, pela milésima vez, que não vale a pena.

Zaffari Ipiranga, alí sim.

Pode ser mais caro mas é melhor. O que é uma prática de vida.

Este computador agora está exatamente como eu quero: sem lixos e miçangas, só o que realmente uso.

Afinal o VIARS está funcionando bem e o fax vai lá para o escritório porque um interfere no outro.

Amanhã vem o Bolão e talvez a Liege com a s crianças porque o Zé parece que está com cachumba.

Se confirmar, a Liege não vem.

Inverno em beira de Lagoa e no interior é fogo.

A maior ilusão das pessoas é que a vida no interior é mais saudável: não há lugares no mundo mais cheios de vírus e bactérias do que matos e banhados.

Pôr isto que a média de vida no Mato Grosso é de 37 anos e em São Paulo 74.

Campo é um lugar úmido onde as aves passeiam cruas.

Homem é um animal urbano. Indio é que mora no mato, debaixo do arvoredo.

Angelo passou pôr aqui hoje e disse que vem estudar na quinta feira.

Amanhã não sei se poderei dar aula de desenho para os guris.

Tenho o que fazer no escritório e também algumas compras para o churrasco que o Bolão pretende fazer amanhã de noite para o Mario Miguel.

Acho que com este frio, churrasco não é uma boa idéia mas o anfitrião é o Bolão.

Falei com a Silvia pelo telefone secreto porque supostamente a festa de aniversário da guria da Cláudia seria hoje e no apartamento da Silvia.

Ela recém estava chegando de São Paulo e fazendo as crianças dormirem.

Aniversário não é hoje e a festa dia 9!!!

Então tá.

Estiveram aqui ante – ontem o Afonso e a Mirela trazendo o convite de formatura dela.

Tivemos bastantes formaturas neste meio de ano.

Bastantes stritu senso.

Com o negócio do Forum e do Carrefour, acabei não falando com o Napoleão.

Deve estar meio chateado porque enquanto estive engessado, veio várias vezes me ver.

Sou meio relaxado em compromissos sociais.

A notícia de hoje é a ide da senadora Emilia Fernandes para o PDT.

A mulher está crente que se elegeu pôr mérito próprio e nada a ver com o Zambiazi.

A famosa Mosca Azul.

Na minha opinião, estão arrumando uma maneira de o PDT ter candidato próprio para o governo do Estado e assim cremar o PT.

PT tem feito tantas asneiras que nem o Tarso se elege mais se for candidato.

A Tarsinha está correndo o risco de ser caçada junto com – adivinhem – Jussara Cony.

Seria a glória.

Telefonou o Ingo para dizer que o Geraldo foi dispensado do Serviço Militar.

Outro assunto brabo é o das Policias Militares.

Depois da greve que os meganha fizeram, estão pela bola sete, só não sei como.

Os pátrias estão buscando uma solução mas não é fácil.

Nem o Exército tem Linha de Ação para este problema.

Pelo menos não como um todo porque nivelar a Brigada, pôr exemplo, com a PM do Rio, simplesmente não dá.

O que já indica que não deve haver uma solução global, nacional.

Talvez pôr Estados.

Bem, deixa eu carregar uns programinhas neste computador.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 8 de agosto de 1997,17:47, tempo bom.

Quarta feira foi um dia movimentado no âmbito familiar: o Bolão veio de Pelotas com a turma para esperar o Mario Miguel Alba, um rapaz dominicano que conhecemos lá.

Veio do Peru, via Chile, de ônibus, o que já é uma expedição.

Chegou bem; o Bolão queria esperá-lo com churrasco mas o bus atrasou e não deu.

Liege voltou hoje para pelotas e deixou o Chico.

Bolão anda fazendo turismo com o Mario o que significa que ele vai levar uma péssima impressão de Porto Alegre…

Hoje parou de chover e começa a esfriar, as usual.

Ontem o Ângelo veio estudar para prova de Matemática; parece-me que agora tem uma ótima professora e deve ter ido bem na prova porque estava sabendo bastante.

Heloisa acaba de retornar do Leopoldina onde o Pablo disputava um campeonato de tênis.

Levou junto o Chico que não ficou muito empolgado com o esporte branco.

O negócio do Chico é a Cartoon Network: com a televisão ligada ele apaga para os circunstantes.

Hoje de manhã, quando a Liege se preparava para partir, o Chico ainda estava dormindo e acordou-se só para dizer para Liege que não esquecesse de levar o Zé…

O Zé deve ser uma pulga na camisola do Chico.

Há uns dias escrevi para o Scliar sobre um personagem do Bom Fim quem supus que ele houvesse conhecido quando de suas andanças menineiras.

Hoje recebi a resposta, uma amável cartinha, manuscrita.

Vou guardar como autógrafo.

Pela rapidez das duas respostas que tive dele, presumo que gosta do que escrevo.

Ontem instalei uma secretária eletrônica no escritório e hoje já me serviu com o recado da ANAPP.

A minha parafernália eletrônica cada vez cresce mais.

Deixarei uma bela sucata de herança.

Hoje haverá jantar na Virgínia para os padrinhos da Helena, os Tergolinas, e a Viviane.

O aniversário da Helena foi festejado pôr partes: houve vários acontecimentos relativos.

Temos ligado bastante a estufa a gás que o João nos deu: é muito boa e, sobretudo, muito prática pôr ser móvel.

Também o gás é muito mais barato que a energia elétrica.

Em dias úmidos, é excelente porque deixa o ar mais seco.

Até agora o Mario Miguel não queixou-se frio, o que é estranho considerando que em São Domingos o calor é terrível.

Confirma a tese de que, em parte, o sentir frio é de origem psicológica: os cariocas e nortistas logo que chegam aqui também não sentem frio.

Até encarangarem…

Ilsa telefonou ontem que o Pinho deve fazer uma operação de hérnia, herança daquela outra cirurgia

desnecessária que fez pôr abuso de AAA, receitado pôr esculápio de Cachoeira.

O que foi detectado pelo Carlos infelizmente após a cirurgia que foi de urgência pois havia sangramento.

Agora o Gordo corre o risco de uma infeção hospitalar; se fosse nos USA, o médico cachoeirense iria pensar mais antes de receitar caminhões de aspirina para uma simples dor nas juntas.

Fico sabendo que, em Pelotas, linha de celular tem à vontade e não posso deixar de lembrar que lá a telefonia é privada.

Liege vai dar de formatura para o Bolão um celular.

Qualquer dia ele já estará comprando o carro do ano.

E, votando para reeleger o Fernando Henrique.

Aqui no RGS tudo marcha para que tenhamos a candidatura Olivio – Fernandes, sendo Fernandes aquela malher, a Emília, que era vereadora em Livramento e agora é senadora.

Quero ver o que irá dizer o Negrão Collar desta aliança PT x PDT.

Isto porque a Emília volta para o PDT, segundo ela um partido que luta pela causa popolar!!!

Se ela achou que o PTB é um ninho de ladrões – e é – agora é que ela vai ver o que é bom para a tosse.

Periga termos que agüentar o Galo Transparente no Piratini.

Que saco!

O Brasil é um país muito difícil e penso que a democracia ocidental não é para nós.

Milênios de regime tribal, de sobas e caciques acabam virando uma segunda natureza.

Se os pátrias não enxergam o cacete erguido sobre suas cabeças, só fazem apatifar.

Repito: enquanto não for dada uma demonstração de força para valer ao MST e quejandos, a atual folia não vai acabar.

A não ser que eles entrem na praxe nacional e partam para a galhofa.

Alias, o primeiro sinal já foi dado: uma das líderes do movimento vai pousar nua para a Playboy!!!

É verdade, deu no jornal de hoje.

Daqui a pouco o Rainha consegue um bom emprego no Incra, o MST vira samba enredo, neguinhos começam a vender os lotes e ir para a periferia e tudo bem.

Então tá.

Acabam de chegar Bolão, Mario e o Ângelo.

Vou ver o que pasa.

Mui buenas noches.

 

Domingo, 10 de agosto de 1997, 18:47h., tempo bom.

Hoje Dia dos Pais, tivemos churrasco concorrido com a presença de todos, exceto os Tergolinas que vieram ontem porque hoje foram para Caxias.

A quermesse rendeu: Virgínia me trouxe um pijama, Patrícia uma camisa trop chic e Graça um livro com letras de tangos. Ontem o Tergolina trouxe um licor e uma coqueteleira.

Os guris do João, Israel e Raisa, trouxeram um estabilizador de corrente que já está funcionando.

Maria Helena chegou dos USA e também compareceu.

Alda não quis vir.

Depois do almoço, o Bolão pegou a gurisada  mais o Mario Miguel e foram para o Morro da Televisão, antigo Morro da Difusora.

Antes passaram na Funai.

Neste momento estão regressando.

A Liege deve retornar amanhã e Bolão na quarta feira porque dia 15, sexta feira, recebe o canudo.

Creio que o Miguel irá com ele.

Não sei quais são os planos do Miguel mas penso que não irá concluí-los porque são muito ambiciosos.

Incluem, inter coetera, uma viajem à Foz do Iguaçu.

Em cerca de dez dias, Pelotas, Gramado, Imbé, Foz do Iguaçu, até pode mas duvido.

Ontem estivemos na mãe que está muito bem e já querendo voltar às atividades domésticas.

Estivemos também na Costaneira vendo os frisos que a Heloisa quer para o banheiro das empregadas no Imbé.

Tudo leva a crer que teremos um banheiro políticamente correto.

Corretíssimo.

Amanhã não tenho muita coisa pôr fazer mas passo o dia inteiro fora, não venho almoçar porque é dia de faxina.

Vai ser difícil para a Olívia porque com o pessoal todo aqui, o mínimo que acontece é atrasarem o serviço dela.

Ontem o Pingo levou o Miguel no jogo do Colorado que ganhou do Vitória.

Já o Grêmio empatou com a América de Natal.

Devagar o Grêmio vem vindo; até já anunciaram um dream team que, se confirmar, certamente irá complicar a vida dos parceiros.

Dizem que o dream team joga o Grenal.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 11 de agosto de 1997, 17:39h., tempo bom.

Hoje é o Dia do Advogado, mais conhecido como o Dia do Pindura.

Lembro que há uns trezentos anos atrás, fui jantar no Rancho Alegre com uns caras do Egito e não quiseram nos servir pôr causa da pindura. Muita gente hoje fecha os restaurantes.

Liege retornou para Pelotas e o Bolão anda pôr aí, vagando com o Mario Miguel.

Considerando que o Bolão tem que estudar para o exame da AMRIGS, a vinda do Miguel  aconteceu numa época pelo menos imprópria.

A clássica visita a Gramado esta semana nem pensar pôr causa do festival de cinema.

Fica para a próxima.

Amanhã quero ver se levo a turma para jantar no Nova Brescia; como em Santo Domingo não tem carne, o Mario terá história para contar.

Eles já foram – apesar dos avisos – na Churrascaria Zequinha que está uma droga.

Para impressionar turistas, Os Italianos também é um ótimo local.

O que está maluco é o tempo meteorológico: hoje, meados de agosto, um quase verão.

Influência do El Niño e decerto vamos pagar o pato no verão stritu senso.

Ontem morreu o Betinho.

Não sei muito sobre ele além do fato de ser irmão do Henfil.

Imperdoável.

No campo político, o PT radical de POA tanto fez que acabou obrigando o tio Briza a romper com eles.

Politicamente foi um suicídio porque o Brizolla se candidata a senador, apresenta a Emília como candidata a governadora e aí o PT não elege nem o Tarso.

A esquerda radical do PT, como todos os radicais, é de uma burrice e arrogância extraordinárias.

Repito: estes caras ainda irão incomodar.

Como a jibóia e o sagui.

O Negrão Collar e a Neusa devem estar rindo de satisfeitos.

Só falta agora a Assembléia cassar a Genro e a Cony.

O Lula está buzina com os xiitas do Rio Grande porque ele também perde voto de montão.

Numa visão mais ampla, o PT está repetindo o Partidão.

Vai para o nicho do folclore.

Esteve ontem aqui a Marilia, retornando da Bahia; adorou a viajem mas ficou impressionada com os esgotos a céu aberto de Salvador, pipi etc. correndo na sarjeta.

Lembrei do Raul Nunes dos Santos quando foi ser professor do CM da Bahia.

Ele ia passando, de terno branco, pôr uma rua do Pelourinho quando ouviu uma voz vinda de uma janela daqueles sobrados seiscentistas:

-Cuidado Yoyô que lá vai cocô.

Em seguida o conteúdo de um pinico desabou sobre a cabeça dele!

O Raul, um português brabo como zorrilho, não teve dúvidas, pediu transferência para qualquer parte do Brasil!

Assim que a Marilia  vivenciou um costume já bem mais civilizado…

Vai ver que os papos de que a Bahia mudou muito são apenas papos.

Idem para Maceió: quando estivemos lá pela última vez, era uma porcaria com esgoto correndo na sarjeta do melhor bairro residencial.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 13 de agosto de 1997, 18:08, tempo ótimo.

Ontem não compareci porque cheguei tarde e ainda fui fazer a pomada de pariparoba para o dedo do Bolão que, afinal, desistiu do tratamento fito e fez cirurgia hoje com a Graça.

O dedo doía muito.

Neste momento o Mario Miguel está se dirigindo para o Beira Rio para assistir Inter x xPalmeira.

Ele e metade da população de Porto Alegre!

Quem irá ciceroneá-lo é um amigo da Renata.

Os dois pretendem se encontrar defronte ao estádio.

50% de chance de dar desencontro e o caribeño ficar perdido en la noche.

Veremos.

Amanhã pretendemos ir ao Imbé levar frisos do azulejo e voltar.

A ideia é ir sexta para Pelotas e retornar ainda sexta.

A formatura do Bolão será às 16:00h.

Sábado tem a formatura da Alemoa do Afonso.

No comments!

Os guris acabaram de sair daqui, da aula de desenho.

O Pablo me perguntou se a Patrícia pagava as aulas e como eu respondesse “Claro que não! “, ele acrescentou:

– Que pena!

Não entendi.

Maria Helena mandou uma caixa de papo de anjo que já foi convenientemente escondida.

Dominicanos adoram papos de anjo…

Ontem telefonou p Joaquim e falou durante umas duas horas sobre umas teorias gnoseológicas que ele elaborou.

Vou aguardar uma oportunidade para dizer-lhe que elas já estavam na mão da múmia.

Faltam conhecimentos de Filosofia para a moçada.

Nihil novum sub soli.

Acontece que o novo do Joaquim é mais velho que a Sé de Braga.

O pior é que ele está misturando gnoseologia com espiritismo e aí a coisa fica felpuda.

Também telefonou o Zola Pozzobon do Rio, recomendando o último livro dele que encontra-se à venda na Martins Livreiro.

É sobre o Honório Lemes que ele chama de Lemos, o que é comum e para rimar com a segunda pessoa do plural, tipo “Não se caguemos como dizia o Honório Lemos “.

Agora, com o computador, é moda entre os aposentados escreverem livros.

Como eu.

Acontece que, quando eu escrevia para jornal, adquiri o cacoete de não encompridar os assuntos, estilo telegráfico, como se diz.

No máximo três páginas e deu.

O hábito ficou e não consigo encher linguíça com descrições da natureza, análises psicológicas, considerações filosóficas etc. etc. e tal.

O velho doutor escreveu um livro sobre o gaúcho a pé.

Um livro inteiro, não muito maçudo é verdade.

 

Domingo, 17 de agosto de 1997, 19:16h. tempo de verão, 34ºC.

Estamos sob a influência intensa do El Niño: nunca vi agosto com temperaturas tão altas.

A Time desta semana publica um trabalho sobre o fenômeno e nós estamos na área de calor e chuva.

Até agora, os da Time estão absolutamente certos.

Quinta feira fomos até ao Imbé levar frisos para o Julio.

Voltamos à noite; o Mario foi junto, visitamos o Parque Osório, almoçamos no 40.

Sexta de manhã saímos para Pelotas para a formatura do Bolão.

Os cinco que iriam se formar no gabinete do Reitor viraram 113 e cerimônia (?) aconteceu no auditório da Universidade.

Negócio meio jombrega.

A Liege, em sociedade comigo, deu de presente para o Bolão um telefone celular que foi recebido com

desdem e repúdio!

A Heloisa deu um blaser super alinhado que teve a mesma recepção.

Acho que tão cedo o Bolão não ganha presentes da Heloisa que lhe deu também uma carteira com uns pilas dentro.

Voltei a noite e peguei um tremendo toró na estrada, foi brabo.

O Mario ficou, acho que sob protesto.

Mas o pior é o movimento de caminhões: é simplesmente incrível o que aumentou o tráfico pesado para aquela zona.

Idem para a praia: a freeway estava lotada até Gravataí.

Acho que não temos infra estrutura para este desenvolvimento que está acontecendo no Estado.

Ontem fomos à formatura da Mirela e realmente as formaturas da UFRGS estão com um nível muito bom.

Beautiful people, cerimonial elegante, platéia educada etc. etc.

A única parte que acho extremamente suburbana são os agradecimentos que cada formando faz.

Impossível também é a quantidade de gente que vai assistir às formaturas.

Eram só quarenta formandos, chovia em bicas e estava tudo cheio milhares de pessoas se acotovelando para descobrir onde estaria o seu bacharel.

Acontece que é um saco tão grande ir à formaturas que, quem vai, faz questão de comprovar a presença.

Os Fietz e os Tergolinas compareceram o que deixou o Afonso e a Mirela radiantes.

Hoje fomos almoçar na Patrícia, um galeto muito bom.

Maria Helena embarcou para Montevideu.

Depois fui visitar o Joaquim no Hospital de Clínicas e Heloisa foi para a D. Alda.

O Joaquim vai fazer rotorooter numa artéria.

O apartamento em que ele está é excelente, ainda não tinha visto nada parecido em Porto Alegre e nem fora daqui.

A arquitetura do HCPA é de inspiração totalitária, aquelas obras gigantescas dos nazistas e

fascistas de antes da guerra.

No Clínicas, tudo é imenso e o apartamento em que está o Joaquim não foge à regra.

É muita área perdida mas, inegavelmente, dá imponência ao Hospital.

Bem vamos mangiare una lazanha.

Boas noites.

 

Terça-feira, 19 de agosto de 1997, 22:13, chuva.

Estive com um problema no Word e espero que já esteja resolvido.

De vez em quando acontecem umas coisas esquisitas nos computadores…

Ontem fiquei vendo  Wiath Earp com o Kevin Costner, uma porcaria de filme.

Pôr isto não compareci.

De manhã passei no cemitério, no enterro do marido da Bia, o Hermógenes.

Falei com o Joaquim que amanhã faz o rotorooter.

Como se depreende, a nossa geração começa a tirar o boné do cabide.

Se eu fosse o Joaquim, não sei se faria o tal procedimento, mesmo que menos invasivo, como dizem os esculápios.

Deve ser feito com o cidadão consciente o que é, pelo menos, muito desconfortável.

En passant, amanhã vou fazer uma visita ao Monik que reclamou do Carlos que eu não apareci mais.

Semana que devo ir ao Rio para o aniversário da ANAPP e para pedir demissão de membro do Conselho Superior.

Aproveitarei para dar uma chegada em Niteroi.

Bolão e mario podem chegar ainda hoje ou amanhã.

Está caindo um toró extremamente barulhento e daqui a pouco falta luz e perco estes registros.

Vou gravar e me despedir. Boas noites.

 

Quinta-feira, 21 de agosto de 1997, 00:38, chuva.

Estamos lidando com o computador desde as 18:00.

Quando cheguei do Monik, estava sem chave e fiquei na rua; pôr sorte apareceu o João e logo a seguir o Bolão.

Os dois subiram pela grade e conseguiram abrir a porta dos fundos.

Mas todos tomamos um banho de chuva.

Acontece que a Heloisa estava no Vares que ninguém sabia onde era e o Bolão também estava sem chaves.

Bem.

O Monik ficou satisfeitíssimo com o resultado da operação e declarou-me 100% curado.

Assim que tudo bem.

Hoje choveu o dia inteiro e está esfirando mas pouco.

Mário não conseguiu transferir a viajem e vai domingo.

Como já está muito tarde vou dormir informando antes que persiste o mistério deste computador e até já estamos contemplando a hipótese de virus.

Amanhã vamos dar um format na Winchester para ver o que acontece.

Se não der certo, teremos esgotado todas as possibilidades e estaremos diante do mistério da esfinge.

Como diz o Jô Soares, o computador veio resolver uma série de problemas que eu não tinha antes…

Boas noites.

 

Sexta-feira, 22 de agosto de 1997, 18:00, tempo chuvoso, esfriando.

Bem, realmente estávamos com este computador infestado de virus: jerusalem, terças e quintas, ping pong e pôr aí.

Deu um trabalhão mas afinal, resolveu-se o problema.

E foi bom porque o João fez uma faxina geral em todos os disquetes que tem e que são inúmeros.

Hoje instalei a Internet e o Pingo veio para me ensinar a operar mas não conseguimos acesso.

Deve ser porque está uma tarde chuvosa e a gurizada toda está pendurada na rede.

Mario Miguel vai daqui a pouco para Novo Hamburgo onde fica até amanhã de noite.

Domingo de manhã, a las siete, embarca de volta, via Chile e Peru.

Liege vem amanhã de noite e volta segunda feira.

Está saindo caro para eles a visita do pibe.

Segunda de manhã devo ir para o Rio, meio de arrasto mas vou.

Hoje tem jogo no Vares e vamos retomar o velho costume.

Chegou o Angelo.

No mais tudo tranquilo, o Joaquim foi bem no rotorroter e já está em casa.

Diz que o negócio é muito chato de fazer.

Preferiu a cirurgia mas acho que está exagerando.

Entào muito boas noites.

 

Sábado, 30 de agosto de 1997, 22:15, verão!

Passei uma semana fora assim que devo ter muita coisa para escrever.

Domingo passado fizemos galeto e vieram, além dos de casa, a Jacy , o Jeferson e a Marilia.

Os Fietz não vieram pôr razões de programas da gurizada.

Segunda de manhã viajei para o Rio e Bolão e Liege retornaram para Pelotas.

No Rio fiquei inicialmente nos Pfeifer que estavam em um hotel secreto preparando-se para viajar para cá.

A Silvia ofereceu um jantar em seu apartamento no Flamengo.

Estão de mudança para a Gavea Pequena onde compraram uma bela casa.

No dia seguinte houve a festa da ANAPP.

Na quarta feira fui para Niterói visitar a Zilda e depois o Banda, onde posei.

Quinta à noite retornei.

O Banda promoveu um passeio turístico na Fortaleza de Santa Cruz, muito interessante.

Achei a Zilda bastante bem, com bom aspecto; o fato de ela não levantar da cama é causado também pôr velhos hábitos.

Deve fazer uma outra cirurgia para corrigir um rompimento de tendão(?) e aguardar um ano para que o ciático, seccionado na cirurgia principal, recomponha-se.

São quarenta centímetros de diferença e o ciático cresce um milímetro pôr dia.

Um ano e um mês mas já passaram quatro.

Niterói continua muito bonito e o clima estava ótimo.

Fomos jantar num restaurante de comida mineira – quarenta e oito pratos típicos fora as saladas – e quase tive uma indigestão.

Minha hospedeira no Rio foi a Luciana e como sempre muito gentil e incansável.

Claudia está mais ou menos e muito magra.

O mais ou menos vai pôr conta do René que não consegue emprego há um ano.

A Beatriz, filha da Claudia é uma criança saudável e tranquila. E, muito bonitinha.

Bem.

Ontem coloquei minhas pendências em dia e hoje cumprimos o programa de sempre.

Era nossa idéia ir hoje para a praia mas a preguiça me bateu e desisitimos.

Uma pena porque o tempo está lindo embora anuncie-se chuva para amanhã.

No que concerne à Procergs, este computador está uma droga e desinstalei tanto a ViaRS como a Internet.

Voltarei com mais tempo.

Para mim o Win 95 do João está com problema.

Ou melhor, continua.

Se não for a placa.

Segunda feira chegam Pfeifer e Lucia assim que não terei tempo para maiores elocubrações.

De qualquer forma, penso que terei tempo para comparecer nem que seja de dois em dois dias.

Boas noites.

 

Terça-feira, 2 de setembro de 1997, 22:53, chuvoso.

Domingo houve grandioso churrasco na Patrícia com a presença de todos; dos Tergolinas foram a Isinha e o Lucas. O Tergolina foi para a praia e o Angelo e o Pingo não estão mais nesta de churrasco com crianças e veiedo.

Pfeifer e Lucia ainda não apareceram: devem estar gostando, amando Itapema!

Ontem tive o prazer de ver a ação da Maryangela, irmã do João, ser acolhida.

Em dois meses e pico, mesmo com os prazos quadruplos do Estado, o juiz deu a sentença favorável.

É gratificante na vida profissional quando isto acontece.

É uma ação gorda em termos financeiros.

Esteve aqui o Eduardo agora separado da Cristina. Está o legitimo Rei do Gado.

Também falei com o Cavalieri para aplainar o terreno do Carlos e prometeu que mandaria um intelectual para avaliar o pobrema.

Conversei com o Erny Toniollo sobre o caso da parceria com o Nelson.

Pareceu interessar-se.

Amanhã o João faz o famoso exame de DNA para verificar a paternidade da menina de Flores da Cunha.

É uma ação inédita, cautelar, em que o pai pede comprovação de paternidade.

Também hoje conseguimos acessar a Internet e agora espero o Pingo para me dar umas aulas.

Acho que é um caça níqueis.

Heloisa ontem foi ao enterro da Gerda que morreu subitamente em Gramado.

Ao que tudo indica- mas eu não creio – emocionou-se com a morte da Princesa Diana e teve uma parada cardíaca.

A morte da Princesa em desastre de automóvel em Paris dia 31 de agosto, perturbou o mundo inteiro e é só o que se vê na televisão.

Até agora a principal fofoca da TV era a sem – terra que pousou nua para a Playboy.

Particularmente achei a malher um bagulho e se não fosse sem – terra não pousava nem para o almanaque do Capivarol.

Quando digo que no Brasil não há movimento que resista à nossa capacidade de galhofa, as pessoas acham que exagero.

Daqui a pouco neguinhos irão dizer que não é Sem – Terra, é Sem calça.

E pôr aí empós até que tudo acabe em galhofa.

Hoje recolocamos este computador nos eixos e chegamos à conclusão que no Windows 95 não se pode desinstalar programas.

Também retiramos a memória cash para um teste.

Até agora, tudo bem, tudo funcionando.

A temperatura baixou um pouco e está garoando mas, inegavelmente as previsões sobre o efeito El Niño estão se confirmando.

Certamente teremos um verão chuvoso; a pior parte parece que irá tocar para Santa Catarina.

Já falei para o Bagé sobre umas eventuais férias dos Barrios em Angra e ele gostou muito da idéia.

Acho que Santinho está fora de cogitações porque a Maria Helena que patrocinou a festa o ano passado está ressabiada.

É muita grana e, se chover não tem graça nenhuma.

Bem, vou dar uma voltinha na Internet para ir me familiarizando com a coisa.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 3 de setembro de 1997, 17:44, tempo ótimo, verão.

Hoje, como de costume, fiquei em casa de tarde para dar aulas de desenho e pintura para os guris.

Eles não querem nada mas, aos poucos vão aprendendo.

O que eles querem mesmo são as mordomias da vovó.

Têm bom gosto.

Acabou de chegar o Lucas que fazia tempo não aparecia.

O Pingo vem amanhã para vermos como se opera a Internet.

Nesta viajem ao Rio, anotei duas coisas interessantes que merecem maiores comentários.

Em primeiro lugar, a Luciana que é a única pessoa de que, jamais ouvi falar, não gosta de água!

Ela acha ruim o gosto de água!

Nunca li ou ouvi que este fato acontecesse com alguém.

A outra singularidade é um jovem que mora ao lado do apartamento dos Pfeifer e que é chegado num rock paulada que ele executa numa bateria envenenadíssima e não deixa a Luciana dormir.

Aí ela reclamou e o pinta optou pôr uma solução originalíssima: gravou o canto de um galo garnizé que tem uma voz esganiçada e, na madrugada, de cinco em cinco minutos coloca o galo no amplificador!

Como de canto de galo ninguém reclama, o cara consegue incomodar sem ser incomodado!

Grande imaginação, sem dúvida.

Isto daí dá literatura porque são fatos únicos, ao menos que eu saiba.

Falando nisto, os Pfeifer ainda não cruzaram a fronteira do Rio Grande.

Acho quer estão aguardando vaga no Plaza que está lotado pôr causa da Expointer.

Aliás, diz o Bagé que não há vaga em hotel  de Porto Alegre.

Como se depreende, a pecuária vai mal.

Na midia continua a novela da Lady Di.

Dependendo da posição dos personagens, variam os culpados pelo acidente: paparazzi, motorista, o pai do Al Fayed e até a princesa que devia ser mais comportada e cautelosa.

Os ingleses acham que a culpada é a família Real e estão afim de transformar a ilha numa República.

Ainda teremos muita confusão na área.

Bem.

Os guris e o Lucas acabaram de ir lá para a Patrícia.

Aqui em casa a azaléia já floresceu e começa a ficar feia o que é uma pena.

Em compensação a Primavera já está florescendo e, o que é melhor, perfumando o jardim(?)

Nos fundos, vamos repetir uma velha prática: comprar mudas no alemão da Tristeza, plantá-las e esperar que nasçam os gatinhos que irão deitar em cima a amassar tudo.

Todos os anos é a mesma novela porque a gata Candelária costuma parir em meados de setembro e, quando os gatinhos atingem a idade de brincadeiras, o local que eles preferem são os canteiros.

Esquecia-me de um outro fato inusitado.

Ante – ontem telefonou a Alda, bastante braba, porque descobrira que está coberta de piolhos!!!

Fazia horas que ela estava com coceira e com o couro cabeludo vermelho mas os circunstantes afirmavam que ou era genético ou era da idade.

Quando a coceira virou paroxismo, os piolhos foram descobertos e a Alda ficou indignada com os palpiteiros que não acreditam em suas realidades.

Resta saber quem foi o veículo da piolhama.

Se  for quem imagino, possivelmente opera tanto com piolhos domésticos como aqueles ditos pubianos.

A Alda com chatos iria ser muito chato…

Foi sorte.

Vai dar samba.

Um bom noveleiro pegava a moça que não gosta de água, o galo eletrônico e a matriarca com piolhos e fazia um baita conto em realidade fantástica.

En passant tenho que escrever ao Scliar que afirmou que o Borges baseou-se no Gabriel Garcia Marquez para escrever seus contos.

Ledo engano: quando o Gabriel ainda escrevia artiguetes muito ruins para os jornais da Colombia, o Borges já publicara El Aleph.

E, não dá para comparar um com o outro.

O Borges criou figuras que transcendem a imaginação: a moeda de uma só face, o livro de areia etc. etc.

O Gabriel coloca um anjo velho e piolhento num galinheiro o que na realidade é adjetivar um anjo e não inventá-lo.

Sou mais, muito mais o Borges.

O Scliar foi gentil e não quis falar em “Incidente em Antares” um pecado que o vizinho Érico não precisava ter cometido e que foi – aí sim – uma imitação do Marquez.

E o João Ubaldo andou perto com o “Sorriso do Lagarto “.

Penso que fui a primeira pessoa em Porto Alegre a publicar uma crítica sobre “Cem Anos de Solidão”.

Lembro que eu afirmava que, ao contrário da maioria dos escritores, o Gabriel diluia uma tonelada de fatos em uma gota de água.

Eu pensava no Jorge Amado que dilui uma grama de fatos numa tonelada de palavrório.

Inegavelmente o Gabriel causava impacto na primeira leitura que se fazia de sua obra.

Depois  ficou se repetindo pôr anos empós.

Dele o que mais lembro é a história das máscaras, do que já falei inúmeras vezes.

E mais não lembro a não ser alguns nomes sonoros tipo Erendira e sua avó desalmada.

O Bolão trouxe do Caribe a edição espanhola de  “Doze Contos Peregrinos “.

Realmente o pátria escreve muito bem em sua língua.

Já as traduções são fraquíssimas.

Falando nisto, li que há traduções do Guimarães Rosa, coisa que acho absolutamente impossível.

Duvido que 2% dos nativos consigam entender os textos do velho Guima; já seria muito difícil traduzi-lo para o Português imagine-se para o russo!

E agora preparem-se para uma opinião que sei será repudiada pôr todos!!!

O escritor brasileiro que mais se aproxima de Guimarães Rosa sem copiá-lo, chama-se José Sarney!!!

A gente custa a pegar um livro do referido para ler mas um dia eu criei coragem e adentrei ao “Norte da águas “.

É uma tremenda surpresa e, no fim, a gente fica sem saber o que dizer: se engole o sapo ou se deixa prevalecer o preconceito.

Mas que o bicho é muito bão, é.

Pôr hoje chega de literaturas.

Sinto o cheiro da janta que está ótima: galinha com ervilhas e massa.

Para mim isto é melhor do que caviar com trufas.

O certo seria “para eu “porque o verbo comer está oculto.

Mas, soa mal para burro!

Boas noites.

 

Sexta-feira, 5 de setembro de 1997, 5:42, nublado e quente.

Ontem comecei a operar este computador e ele empacou; hoje até agora está normal.

Começo a desconfiar que temos algo como super-aquecimento.

Até vou telefonar ao João dizendo que não precisa vir até aqui que está tudo  OK.

Acabei de instalar mais um bagulho eletrônico aqui no meu gabinete.

Trata-se de um refletor muito prático e elegante que a Lucia nos deu.

Em termos de iluminação, nada pode ser melhor.

Mas, se a coisa vai neste ritmo, qualquer dia vou ter que me mudar para a churrasqueira, expulso pela bagulhama.

Falando nisto, o Bagé vem para jantar uma picanha; ele agora está solteiro e meio desgarrado.

Hoje o Glenlivet sofre um baque pôr que ele me disse que vem a mil.

Soube que o Iese deixou o GBOEx.

Telefonou o Zaldi Toniollo sobre o assunto Urucum – Nelson Chama e, finalmente, acertei um papo com o Alberto da Segurança para compormos a dívida deles comigo que é grande.

Ou seja, nesta semana equacionei alguns penduricos que estavam na minha agenda, algumas há bastante tempo.

Foi uma semana ótima principalmente porque tive sucesso na ação da irmã do João.

Veremos no que vai dar a apelação.

Hoje morreu a Madre Tereza de Calcuta’.

Ela era cupincha da Lady Dy, o que não deixa de ser instigante.

Amanhã a Ilsa embarca rumo à Alemanha.

Ontem, conversando com o Pingo que veio me ajudar na Internet, percebi que ele já está conseguindo avaliar o que é a URGS comparada com a PUC.

Em Matemática ele está achando brincadeira o que exigem; também está vendo que os colegas dele são uns burrovaldos.

Logo ele vai perceber que cursos da PUC, na maioria, são exercícios de diletantismo.

Ou vitrine para jovens casadoiras.

Velhos temas.

Consegui ontem falar com o Pfeifer que ficou meio aborrecido com o fato de tê-lo localizado em Itapema.

Na verdade quem insistiu com o telefonema foi Heloisa pôr achar que eles poderiam estar precisando de alguma coisa porque o Alemão está baleado na cabeça do fêmur.

Eu não queria telefonar porque conheço melhor os bois do meu arado.

Mas está tudo bem.

Hoje paguei uns livros que o Bolão comprou em São Paulo e cuja fatura der cobrança andava extraviada.

Tenho que avisá-lo para que não haja pagamento em dobro.

Também optei pelo seguro saúde da OAB, aparentemente mais barato e com mais cobertura do que aquele da Bradesco.

E, la nave vá.

Vou estudar uns documentos que me mandou o Zaldi e aguardar o Bagé.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 8 de setembro de 1997, 17:06, calor brabo.

Sábado de manhã fomos ao embarque da Ilza e convidamos o Pinho para almoçar um grandioso bacalhau.

O Gordo não disse nem que sim nem que não e fomos `a feira.

Quando chegamos ele já tinha ido embora porque tinha um compromisso à uma da tarde.

Ficou sem o, bacalhau que estava bastante bom.

De tarde estiveram o Leo e a Enilda com um presente para mim.

O Leo está com um Vectra que é um assombro.

E com uma barriga que ídem é um assombro!

Depois, finalmente chegaram os Pfeifer que já andavam pôr aqui desde sexta feira.

Ficaram no Plazinha.

Depois chegou o Bolão com quatro crianças, as dele e mais duas!

Como se depreende, dia movimentado.

Domingo fiz grandioso churrasco com a turma toda, inclusive a Graça.

Bolão, que havia trazido pôr esquecimento a chave da D. Maria, mãe do Regis e uma chata de galochas, teve que voltar ontem para Pelotas.

Liege só ficou sabendo da vinda dele depois que estava aqui!

Encerrado aqui.

 

09/09/97 16:41, tempo chuvoso.

Mudei o formato da data pôr causa de um eventual virus.

Ontem, quando estava terminando o registro, começou a dar uns galhos diferentes que já corrigimos, presume-se.

João, depois de acertar os set up, mudar o processador e as memórias, foi ao forum para tirar umas xerox.

Hoje o Pfeifer amanheceu tonto e resolveu ficar de molho no hotel.

Acho que foi uma refeição de sorvete que ele fez ontem, depois da meia noite.

Lucia está aqui em casa; conseguiu estrear o famoso casacão embora a temperatura não tenha baixado tanto assim.

Ela e Heloisa estão jogando cartas.

Se a Lucia morasse aqui, penso que o bloco do carteio iria ter mais uma aficionada.

Está um dia porteño, gris, chuvinha fina.

Não fui ao escritório porque não havia nada urgente.

A respeito dos porteños e de sua  empáfia notória, o Scliar conta a história de um rabino ortodóxo de Buenos Aires que vai em missão religiosa para a Patagônia.

Roupa preta, chapéu de aba, barbudo, cabelo comprido, talmude debaixo do braço a figura desembarca naqueles fins de mundo onde nunca um rabino havia pisado e logo provoca a curiosidade dos circunstantes.

O rabino para, olha para os nativos e pergunta indignado:

– O que é ein? Nunca viram um porteño?

Boazinha, não?

O Bolão telefonou para o João dizendo que vem amanhã ou depois para ver o título de eleitor dele e o certificado de situação militar.

Falando nisto, o Ingo esqueceu o bacalhau que iria oferecer pela dispensa do Geraldo.

No mais , tudo em ordem e vou encerrando.

Boas noites.

 

12/09/97 22:17, tempo nublado.

Ontem fomos jantar no Fogo de Chão, sendo hostess a Dra. Patrícia.

Depois estivemos na casa dos Barrios para que os Pfeifer a conhecessem.

Hoje é o aniversário do Alemão; almoçaram aqui em casa e depois foram jantar na sobrinha do Pfeifer que reuniu afamília.

No caminho o Pfeifer entrou numa farmácia e esqueceu a bolsa na hora de sair.

Sumiu!

Todos os documentos, cartões de crédito etc.

Um tremendo abacaxi para quem está em viajem.

Penso que os documentos os eventuais mãos leves devolvem.

Veremos.

Mais ou menos às dezenove horas, apareceram Virgínia e Paulo para jantar.

Heloisa havia convidado e esqueceu de cancelar.

Menos mal que eles foram jantar no Riverside.

Recebi a sentença de Bagé: BINGO!

O povo de lá já me telefonou umas vinte vezes querendo saber o que irá acontecer.

Ainda não sei.

Acho que eles esperavam que eu soltasse foguetes e fizesse uma festa.

Não é do meu fetio.

Bolão encaminhou todos os documentos e deve começar em Campo Bom na quinta feira que vem.

Campo Bom é um lugar excelente.

Ele agora está se convencendo que um diploma de Medicina é um negócio muito sério, abre quase todas as portas.

Amanhã de manhã vai para Pelotas.

O Angelo está aqui esperando o Tergolina que virá buscá-lo.

Carlos embarcou para Espanha e Alemanha ontem às 19:30.

Anteontem almocei com o Amaury.

Rolla e Eda continuam no Rio imagino que tentando resolver o problema do visto da Vanessa para entrar nos USA.

Se não foi concedido, os americanos não costumam voltar atrás, nem mesmo com os prantos e as virações do Rolla.

Foi lembrado o famoso caso do Zé que, mesmo com um contrato de médico para os Estado da Califórnia, passou o maior sufoco para conseguir um visto.

Lembrei também o caso do Bolão e daquele judeuzinho filho da puta que era cônsul em Porto Alegre.

Penso que se a Vanessa não conseguir voltar, vai ser bom para ela.

Eles têm casa lá mas são clandestinos.

Ela não gosta dos USA mas o marido dela é deslumbrado.

No frigir dos ovos, o cara não passa de um motorista de van, clandestino, que fica peruando eventuais turistas brasileiros nos desvãos da Disney.

Eu vi, lá no Rock Café, em Orlando.

Bem.

No mais, tudo tranqüilo.

Boas noites.

 

13/09/97 18:17, tempo frio e chuvoso. Gris.

Mais uma tarde porteña.

Muita chuva de manhã mas assim mesmo fomos à feira e depois na mãe que está ótima, totalmente recuperada de seu tombo.

Lucia e Pfeifer almoçaram aqui; o peixe, que a Heloisa foi comprar no mercado de madrugada, filé de linguado fresco, tinha algumas espinhas que foram parar no prato da Lucia; provavelmente eram as únicas espinhas de todo o peixe.

Agora há pouco telefonou a Cláudia para informar que os documentos do Pfeifer foram achados: telefonaram para o Bruno no Rio.

Já contatei com a pessoa que está com os documentos e é só apanhar.

Farei galeto amanhã, de preferência sem pimenta.

No mais tudo tranqüilo.

Boas noites.

 

17/09/97 17:25, tempo bom.

De quarta feira até hoje, as coisas transcorreram sem maiores novidades.

O plantão do Bolão em Campo Bom michou mas ele já arranjou outro em Gravataí.

Deve estar chegando de Pelotas neste momento: como vem de mala e cuia, o João foi buscá-lo na redoviária.

Ontem jantamos e jogamos no Plazinha com a Lucia e o Pfeifer.

A Lucia é uma jogadora terrível e ganhar dela não é fácil.

Também o que jogam é diferente da nossa canastra: a modalidade deles é bem mais difícil.

No momento terminou a aula de desenho dos guris que reproduziram o dálmata da Heloisa.

Ficaram muito bons os trabalhos deles.

Diria que o do Pablo ficou excelente.

Encaminhei hoje as contra razões em apelação no processo da Mary Angela.

Penso que estão bastante boas.

Amanhã começa a viajem de volta dos Pfeifer; creio que iremos sentir a falta deles porque são muito agradáveis.

Daqui a pouco vêm para cear conosco.

Sábado é o aniversário do Diego e depois iremos até ao Imbé para pagar contas.

Comprei a placa do Pingo e amanhã devemos ir até lá instalar.

O Pingo está preocupadíssimo em me pagar: a mesada dele é de R$50,00 assim que levará uns três meses para quitar a dívida…

Os guris cansaram de esperar a Heloisa que hoje retomou o famoso chá das quartas e foram para casa.

Sem a avó eles não acham graça, falta a famosa mordomia que tanto os agrada.

Mas, deram as suas mastigadas.

Ontem compramos mais um canário amarelo, da mesma origem do cantador que fugiu.

Pôr enquanto não iniciou a cantoria mas está bem serelepe.

Vamos torcer para que saia um Roberto Carlos.

Hoje joga o Grêmio e, se não ganhar, adeus possibilidades de classificação.

Domingo, depois de um primeiro fácil, ganhando pôr 2 x 0, deixou os baianos empatarem.

Com a saída do Koff e do Luiz Felipe, o Grêmio se desmanchou, mesmo estando com um time melhor.

Creio que pôr hoje é só.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 22 de setembro de 1997, 17:48, tempo bom, fresco.

Quinta feira ficamos na folia de despedida dos Pfeifer.

Saíram com destino a Itapema.

Penso que gostaram da estada aqui em POA.

São muito bons companheiros.

Sexta feira instalamos a placa do Pingo que ficou satisfeito e já pode voltar à Internet.

Isinha pagou metade do custo da placa, R$50,00.

Sábado festejou-se o aniversário do Diego lá no João XXIII; de manhã decoramos o local com a Helena e o Lucas que haviam pousado aqui; estava bom, o local é amplo e a gurizada se espalha pôr lá que até fica difícil para ajuntá-los.

Domingo fomos ao Imbé pagar as contas.

Encontramos tudo bem e o seu Julio em grande forma, com pinta de cantor de tango.

No ínterim, o Grêmio ganhou do Atlético Paranaense e do Coríntians.

Se ganhar mais três, classifica-se entre os oito finalistas.

Bolão segue firme fazendo bico em Gravataí.

Serve como período de adaptação à situação de médico trabalhando sem assistência de outro mais experiente.

Ele estava um pouco receoso mas está vendo que, como em qualquer profissão, a pessoa sai da faculdade sabendo mil vezes mais do que irá aplicar na prática.

O povo tem ido ao tal show do Gigantinho, A Bela e a Fera, e achado fracote.

A compra de ingressos deu a maior confusão mas, no fim, tudo se ajeitou.

Quinta e sexta feira, irão Heloisa, Saara e Patrícia.

Também sexta feira temos um convite para assistir à posse da Vivi, filha do Mirandinha que assume a magistratura.

A guria puxou ao pai: há recém uns dois anos que se formou – na PUC – e já consegue passar em concurso para Juiz de Direito, o que não é fácil.

Quando fiz o discurso de parabéns no dia da formatura dela, representando o Mirandinha, previ que isto iria acontecer e não estava sendo meramente gentil, eu acreditava na cuca da Vivi.

Bingo!

No mais tudo em paz; recebi hoje a visita do Napoleão que andou um mês pela Europa e Nova Iorque.

A partir de hoje pretendo retornar a um velho hábito, o de escrever crônicas.

Como não tenho mais jornal para publicá-las, ficam registradas aqui e servirão, pelo menos, para dar uma idéia do que está acontecendo no quotidiano geral.

Assuntos variados para contentar todos os gostos do respeitável público.

 

A TURBULÊNCIA DO PT.

As pessoas estão surpresas com a turbulência que vai pelo PT: é gente sendo defenestrada, alianças que são recusadas com desdém, candidatos excelentes que são preteridos etc. etc.

O que estará havendo?

A explicação parece simples.

Lembremos que o PT é um partido que foi fundado e sobreviveu graças ao trabalho intenso e obstinado da turma da graxa, de operários metalúrgicos, sindicalistas de salário mínimo enfim, trabalhadores legítimos, apoiados pêlos comunistas do velho e denodado PC.

Como costuma acontecer, na fase de consolidação aceitou em suas fileiras muita gente que nunca havia pegado no batente, povo mais chegado a uma brama do que pás ou picaretas.

Depois vieram os intelectuais, a moçada do “a nível de, razões epistemológicas, comissão temática, socialismo pragmático, doutrina de Gramci “ etc. etc. e tal.

Quando os históricos abriram o olho foi para verificar que os “a nivel de “estavam comandando o partido, sendo leitos deputados, senadores, prefeitos etc., dizendo e fazendo as maiores asneiras que assolam o país.

  1. a turma da graxa, se não estava voltando à dita, pelo menos corria sério perigo.

Daí a reação que, analisada historicamente não surpreende, e até deixa entrever qual fação irá emergir da disputa.

A revolução russa é um exemplo.

Ela foi feita pêlos socialistas que até chegaram a montar um governo extremamente democrático como pregava desde o início do movimento.

Subitamente, pôr sucessivos golpes de audácia, os sovietes assenhoraram-se da situação e, aos poucos mandaram os socialistas ou para a Sibéria ou para o exílio.

Vide Trotski.

O interessante é que lá aconteceu o contrário: a massa menos culta, formadora dos sovietes, derrubou a intelectualidade socialista.

Já na China as coisas se passaram de modo diferente: os socialistas intelectuais estão no poder depois de acabar com a curriola iletrada e demolidora de Mao.

Na Alemanha os socialistas fizeram República de Weimar mas quem ficou no poder foram os nazistas.

Dá para concluir que, quem começa o movimento acaba entregando a rapadura para os parvenus.

E no Brasil, o que acontecerá?

Pela regra, os a nível de irão passar os mão-de-obra para traz.

O Lula perde mais uma vez, o Galo Missioneiro  ídem e aí será o fim.

Em 2002, o PT certamente será dirigido pôr alguma Ana Cristina da vida, formada em Psicologia pela PUC.

Quem viver, veria, mas como no Brasil qualquer conclusão lógica é sistematicamente avacalhada pelas partes, é bem possível que tudo saia ao contrário, que o próximo presidente seja o Lula, que o Galo Missioneiro vá cantar na Praça da Matriz e que o Tarso acabe no PFL, aceitando uma boquinha de Ministro no STF.

Até a próxima.

 

Terça-feira, 23 de setembro de 1997, 18:19, tempo bom.

Um dia tranquilo, sem maiores novidades.

O escritório continua com bom movimento.

Leva um tempo para se recuperar uma atividade puramente liberal mas devagar vamos.

Em Direito, há um ano de carência para começar a entrar a grana.

Bolão foi para Pelotas porque amanhã é o aniversário do Chico.

Isinha vai hoje no show da Disney e espero comentários: até agora, os intes não têm mostrado grande entusiasmo.

Vamos à crônica.

 

ARATACAS.

Li há poucos dias uma notícia que me deixou de cabelo em pé: as empresas que irão trabalhar na construção da GM e outras, estão trazendo operários soldadores da Bahia que já têm experiência em obras assim.

Paralelamente, anuncia-se o Rio Grande do Sul como o Estado com menor índice de desemprego, situação que irá melhorar com as fábricas que estão chegando.

Mais: o tal de El Niño está providenciando uma primavera quente e um verão chuvoso.

Ou seja, estamos na feição para uma invasão de nordestinos.

Logo começarão a chegar na rodoviária aquelas pessoas cheias de pacotes, sandálias de dedo, camisa floreada e bermudas esfiapadas.

Um desastre!

Jamais devemos esquecer o que aconteceu no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

O Rio era uma cidade elegante, educada, as pessoas andavam de gravata, as senhora faziam desfile de elegância nos bondes que iam do Flamengo para Copacabana, as moças eram bonitas e charmosas e tomava-se sorvetes e até mesmo chá na Colombo.

As conversas eram cheias de humor, o assunto leve e divertido.

Aí veio o surto imobiliário, precisou-se mão de obra e a aratacada, os paraibas , baixaram em massa.

E foi o que se viu e o que se vê: todo o mundo de sandália de dedo, mulherio feio de canela fina e cabeça grande, sujeira nas ruas, invasão das praias, ambulante para todos os lados, um desastre total

Nunca mais o Rio conseguiu recuperar-se de modo completo.

Vejam as novelas da Grobo que acontecem quase sempre no nordeste para satisfazer o respeitável e numeroso público.

En passant, já há pessoas no Rio que não vêm as novelas para não ter que aturar o sotaque horroroso.

Conheci São Paulo quando ainda era a cidade mais caipira do mundo. As pessoas eram agradáveis , ingênuas, vigorava a amizade entre vizinhos, havia festas de rua, principalmente São João, comia-se muito bem e bebia-se melhor nos restaurantes da Brahma. Não havia malocas só bairros de classe média bem como em “Eramos Seis”.

Gente de boa fé.

Todos usavam chapéus e os costumes eram bem interioranos com padres, quermesses e tudo o mais.

Com o crescimento industrial, a paraibada baixou em multidões, a ponto do Geisel elaborar uma lei, que acabou não indo para o Congresso, que quase proibia a migração.

E lá se foi São Paulo para o rap, guerra de gangs, prostituição, favelas, crack, menor abandonado e pôr aí empós.

A Brasilia, que iria ser a cidade paradigma do mundo, hoje é uma cidade nordestina com todos os defeitos inherentes.

A cidade fede a nordeste: em qualquer lugar que se vá, aquele monte de cafusos andando para lá e para cá, inoperantes, burros, mal enjambrados, fazendo confusão.

Brasilia é hoje o fim da picada. Se tivesse mar seria mais uma república caribeña.

Até aqui estivemos livres daquela sub raça, como dizia o Freitas, porque a lenda do frio mantinha os chinela de dedo à distância.

Também o fato de que tinham medo de levar um balaço nas guampas.

Sapato era caro mas até isto está contra nós: os chineses estão dando sapatos ali na Volunta e a aratacada, vide Alagoas, já chegou à conclusão que aqui ninguém mais dá tiro em forasteiro, que somos aprendizes de pistoleiros.

Agora, eles é que dão.

Na hora que a vanguarda  descobrir que o frio nem é tanto, que têm sapatos de montão, que a comida é barata e que tem barricas de terrenos baldios para fazer a maloca, aí temos fritos: vai aparecer paraiba de bando.

Logo vai ter forró, xaxado e outros que tais.

Mulherio, ao invés das louras e altas ou morenas e vitaminadas, vão virar para cabelo caju, canela fina e roupagens indescritíveis.

Acho que não escaparemos.

CTG vai virar CTNordestinas e o Laçador,  Bóia Fria.

Até a próxima, bichin.

 

Quarta-feira, 24 de setembro de 1997, 17:24, esfriando rapidamente.

Até às 16:00 de hoje, estávamos em pleno verão e agora, uma hora depois, o tempo virou e retornamos ao inverno!!!

Os guris vieram para a aula de desenho mas como o Diego havia ganho umas  pretensas luvas de box

( Jogo do Gugu) da Heloisa e um laboratório químico do Bolão, a aula acabou sendo de box e experiências.

A parte de Química não empolgou; antigamente fazia-se uma escrita invisível ou uma mancha com fenolftaleína e ficava todo o mundo de boca aberta; hoje , para abrir a boca de alguém só se fizer aparecer de dentro de um lenço um dinossauro perneta.

Estive na Policia Civil para registrar o Magnum e a Puma que ganhei do Jaime.

Vamos ver se consigo. Porque documentos não os tenho.

Como também passei no mecânico para arrumar a chave do carro, acabei não indo ao escritório.

Viviane veio apanhar as carteiras do Gigantinho e acabou de telefonar que não conseguiu comprar entradas porque está a maior zorra pôr lá.

Os caras armaram uma confa com as cadeiras perpétuas que ainda teremos muito assunto.

Particularmente vou entrar com uma notificação judicial proibindo a venda das minhas cadeiras.

Hoje é o aniversário do Chico e Heloisa já telefonou.

Quem reapareceu na terrinha é o Rolla; como a Eda está nos USA com a Vanessa , ele está having soup with the fork.

O Vares e sua turma ( 12) continuam na Escandinavia e Russia com escala na Funai.

Acho que agora ele já livre da obrigação de ir à Europa.

Parece-me que uma das coisas mais suburbanas que se pode fazer é ir à Europa para dizer-se que foi.

É uma regra burguesa das mais lamentáveis.

Parece também que é característica dos peninsulares de língua espanhola.

Assim como no caso dos fazendeiros da fronteira cuja maior glória é irem no verão á Punta e parar no Plaza durante a Expointer.

E, ficar andando para lá e para cá, de caminhonete rural, com bonézinho, bombachinha,  botas argentinas e cara de atrevido.

Quando vejo um destes tais, sempre lembro do Felipe que tinha profunda aversão pôr estes pátrias que ele chamava de gauchinhos.

É o triunfo da aparência sobre a essência.

Como em Pelotas.

Bem.

Este ano a Semana Farroupilha, apesar de bem comemorada, não teve a divulgação que anteriormente teve.

Acho que os de Israel, o povo da Zero Hora, pôr alguma razão econômica resolveram boicotar a coisa.

Quem fervia na Semana Farroupilha era o negrão Collar que se pilchava, pegava a Neusa e saía para o fandango.

E recomendava para que nas repartições do Estado, a moçada comparecesse ao expediente fantasiada de gaúcho.

Cabe lembrar que esta história de gaúcho é nova, movimento fomentado pelo Peron que no fundo queria anexar o Rio Grande e o Orogoai, com o lema “Três bandeiras, uma pátria, a pátria dos gaúchos “.

Até mil novecentos e picos, gaúcho era qualificação pejorativa.

Os farrapos se auto denominavam sul riograndenses.

Me lembro que quando era guri, um peão que tínhamos costumava referir-se aos gaúchos como “aqueles jaguara “.

Ainda vou reler o Simões Lopes com mais cuidado para ver se aparece o termo em qualquer dos seus livros.

Acho que com a atual conotação, não!

Idem para o Darcy Azambuja.

A APLUB publicou um livro com o que se admite seja a primeira manifestação de temas regionais riograndenses.

Lá eu tenho certeza que não há nenhuma referência a gaúchos.

É um livro interessantíssimo que mostra os costumes da época.

Costumes que não têm nada a ver com o que hoje se cultua e se exalta.

Vale a pena ler.

Se eu não me engano, o Saint Hillaire usa o termo mas de modo depreciativo quando se refere às tropas alegretenses que protegiam os nacionais contra as incursões dos de alla.

Ele diz que a proteção era pior do que os ataques espanhois.

Mas como diz-se que a tradução do livro de Saint Hillaire é simplesmente medonha, é possível que não seja bem assim.

Isto daí é o que se chama de cultura inútil.

Acontece que quando começa-se a escrever, uma coisa puxa a outra, são os famosos “ganchos “tào ao gosto da mocidade do PT.

A Isinha contou que numa reunião do IPA, em que as pedagogas PT/ PUC abusavam do “a nivel de“ e do “gancho”  um professor bem humorado declarou que não iria mais permitir que as moçoilas do PT pegassem no gancho dele!

Estas ridicularias sempre me fazem lembrar uma revistinha pornográfica que a Secretaria de Cultura Municipal publicou, na gestão do Olívio.

Negócio prá lá de brabo e que foi defendido na TV pela Lúcia do Alvinho; ela tem uma aparência séria, ficou muito embaraçada quando o interlocutor começou a fazer umas perguntas diretas e reclamou que o pinta estava apelando.

Aí ele deitou e rolou porque o texto da revistinha era muitíssimo pior, leu um trecho e parou porque realmente não dava, nem na novela das dez.

Foi chato.

En passant, a Lucia é Assistente Social da Prefeitura e a revistinha propunha-se a combater a AIDS.

Claro que tudo isto entrou para o rol das Leituras Edificantes ( aquelas que se fazem nos conventos enquanto os internos se alimentam) quando uma outra curriola de jornalistas, a nivel de Brasil, criou a famosa campanha do Braulio!!!

Aquele episódio do Braulio ainda está atravessado na nossa garganta e merece um estudo bem mais consistente.

Porque aquilo foi uma manifestação do engenho humano única no espaço e no tempo universal.

Jamais se teve notícia que alguma cultura histórica ou pré histórica tivesse engendrado, imaginado tamanha tolice.

Aquela foi de lascar e não sei como não acabou com o Jatene.

Vejam que pôr ato infinitamente menos esdrúxulo, o Riccupero teve que pedir o boné.

Até os US$30.000,00 do Magri desaparecem frente a grana que foi posta fora com aquela imensa demonstração de tolice.

E, não se falou mais no assunto porque a origem estava no PT, nos “a nível de“.

O PT, como sabemos, domina a midia.

Estou lembrando estes fatos porque os caras vivem cobrando tudo de todo o mundo.

Mas de coisas como o Braulio ou a revistinha de sacanagem, ninguém cobrou nada.

Bem, vamos jantar e voltaremos para crônica.

 

A RESPEITO DE TÓXICOS.

Parece incontestável que o uso de tóxicos resulta numa fuga à realidade; os usuários buscam uma sensação de euforia, de prazer que não existe na vida real.

O corpo, a parte material do ser , no entanto, sofre e se prejudica muito, podendo até sucumbir.

No entanto, mesmo sabendo disto, as pessoas usam tóxicos.

Parece lógico deduzir-se que a componente espiritual prevalece nesta relação.

No momento, alguns pesquisadores procuram negar aquela conclusão lógica e localizar a compulsão para os tóxicos numa área determinada do cérebro.

A explicação é coerente mas, a meu ver, não resolve o problema.

Porque, há outros tóxicos além das substâncias químicas.

O que dizer-se das religiões que se espalham pôr todas as partes do mundo, prometendo, última ratio, uma fuga à realidade, um paraíso que, sintomaticamente está se localizando em lugares fora da terra?

Parece evidente, pelo que temos visto ultimamente, que essas religiões também podem conduzir a uma destruição física dos participantes.

Então estamos diante de um fenômeno, de natureza principalmente psicológica, que se origina na busca de uma fuga à realidade e cujo preço pode ser a morte.

Como explicar um preço tão elevado? O que está encoberto, o que ainda não sabemos sobre a origem desta escolha tão terrível?

Se admitirmos que o homem é o produto final de uma célula que pôr sucessivos processos de adaptação e mutação, chegou ao seu atual estágio, obrigatoriamente teremos que admitir que alguma coisa falhou no processo porque ele é um ser desadaptado ou, se muito, mal adaptado..

Que existiu uma outra realidade, na qual o homem estaria muito melhor  e onde sentia-se tão feliz quanto se sente agora, através do uso de tóxicos, sejam eles químicos ou psicológicos.

Metaforicamente, a Biblia conta a história do Jardim do Eden, um lugar onde qualquer usuário de cocaina, ópio, daime, e seguidores de doutrinas ditas esotéricas, haveriam de sentir-se em casa.

O que concluir?

É o que veremos em próximos mas não seqüentes capítulos, eis que o tema é complicadíssimo e com tantas variáveis que exige um longo processo de análise.

Até a próxima.

 

 

 

Domingo, 28 de setembro de 1997, 18:09, chuvisco, quente.

O povo acabou de ir para casa, após um grandioso galeto.

Esperávamos que viesse a Alda acompanhada de seu filho Paulo, recém chegado do Espírito Santo mas, não apareceram.

Pinho almoçou conosco: saiu daqui muito vermelho porque tomou bastante cerveja.

Esperemos que não dê problema.

Ontem vimos “O Paciente Inglês “o filme que ganhou todos os Oscars do ano passado.

A meu ver tem erros de direção primários e não consegue passar  o enredo ao espectador: sente-se que a história é bem diferente do filme.

Creio que pode-se dizer sem injustiça que o filme começa e termina e a gente nem se mexe na cadeira.

É inócuo e as cenas que deveriam ser fortes em emoção acabam em lugar comum desolador o piano da abadia, a mina na estátua, o alicate caindo na água, a amiga alegrona morrendo no jipe, tremendo deja-vu.

Falando nisto – deja vu – tem uma cena em que um convite sutil para o amor, é feito com o balizamento, com velas,  do caminho desde o quarto da donzela até o quarto( barraca) do galã.

A cena é interessante e certamente original.

Assim que foi repetida, com a maior cara de pau, na novela “ A Indomada“ !!!

En passant, semana passada morreu o Red Skelton, um cômico muito apreciado na década de 40 – 50.

Quando o Carlitos terminou “Luzes da Ribalta “. um enorme sucesso, o Skelton fez um filme quase igual!!!

Foi lamentável porque até a cena final, a morte do palhaço, era exatamente igual: variava apenas a causa mortis.

Assim que nossos diretores de novela andam em boa companhia.

No mundo nada se cria, tudo se copia.

Erro não é copiar,  erro é copiar mal.

E, pôr ai empós.

Bem.

Já fazem uns dias que ando indisposto: dor de cabeça, boca amarga, down, sem vontade de fazer nada.

Pela minha experiência deve ser alguma coisa relacionada com alimentação e vou entrar num regime de chá de boldo para ver o que acontece.

O pior é a dor de cabeça.

Acabou de sair daqui um amigo do Bolão que trouxe para ele uma mágica comprada na Expointer.

O Bolão deve chegar hoje porque trabalha amanhã.

Grêmio,  Inter e  Juventude empataram todos.

Negócio agora começa a ficar mais encardido no campeonato brasileiro.

Hoje é domingo e não tem crônica.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 2 de outubro de 1997, 17:29, chuva.

Retornei hoje de madrugada de Bagé.

Há dois ônibus que saem de lá à meia noite o que é, pelo menos, inusitado.

Öbvio que os dois vieram vazios.

O que será que se esconde atrás de negócio aparentemente tão ruim?

De madrugada, não esqueçamos, não há a menor fiscalização nas estradas e Rivera é tão pertinho de Bagé…

Fui quarta feira no Executivo – o mesmo que leito – e que sai daqui às dezenove horas.

A viajem é ótima, com uma só parada na entrada para Cachoeira.

5 horas exatas de viajem.

Fui também à Lavras  o que é uma experiência imperdivel.

É um vilarejo perdido no meio da serra e parado no tempo.

A impressão que me deu é que se um guerreiro farrapo voltasse agora à Lavras, iria achar que a vila teria piorado muito!!!

Para quem está com stress de cidade grande, uma estada lá seria a cura imediata.

Bagé pareceu-me trepidante e muito bonita, limpa, bem iluminada e crescendo bastante.

A história de que a fronteira sul está estagnada e em decadência, não vale para Bagé e até pelo contrário.

Gostei de ver.

Parei no Hotel Charrua, bastante antigo mas com um serviço surpreendente:  tudo muito limpo, as pessoas são educadas e sente-se que estão treinadas para servir o que não é comum no interior.

Renato fez um churrasco muito bom ontem de noite com a presença de todos os familiares da Ana.

Ele inventou umas novidades como p. ex., assar picanha na grelha de assar pão e ficar molhando o assado com água pura.

Achei uma boa idéia porque a carne fica bem úmida, suculenta.

O povo está assanhadíssimo com a ação que ganhei e fazendo projetos mirabolantes.

Mas, muita água ainda vai rolar debaixo da ponte.

Hoje o papa está chegando no Brasil e a televisão está filmando o senhor Woitilla bem de perto.

É um polaco de feições grosseiras, na minha opinião sem o phisique du rôle.

O Grêmio ontem empatou com o Cruzeiro em 0 x 0 mas o time não teve culpa: é que a chuva era tanta que não dava para jogar bola.

Pena, este ano o Grêmio não está com sorte.

O tal de Colorado ganhou e já está na liderança, de novo.

No mais, tudo em paz.

Mudamos o forro do teto do Santana que ficou ótimo.

Com duas noites sem dormir, estou caindo de sono.

Portanto hoje não tem Crônica.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 6 de outubro de 1997, 18:01, tempo bom.

Este computador distraído ainda está com horário normal e já começou, ontem, o horário de verão.

Sexta feira tivemos um jantar com boa presença festejando o aniversário do Bolão.

Liege veio de Pelotas com os guris.

Sabado choveu o dia inteiro e não saímos.

Domingo, grandioso churrasco de picanhas e vazio argentinos, um sucesso.

Choveu em bicas.

Hoje dia normal, tem um sabiá cantando desesperadamente bem aqui ao lado; está na época de acasalamento e eles ficam desatinados.

Ainda irá surgir um movimento para eleger Porto Alegre a cidade dos sabiás.

Será bem vindo.

Hoje está sendo um dia normal; estranha-se o horário de verão porque já passam das seis e o dia ainda está super iluminado.

Escrevi o dia inteiro assim que estou meio cansado e vou parando, sem crônica ou quem sabe mais tarde.

 

Quinta-feira, 9 de outubro de 1997, 18:39, chuva.

Terça e quarta feira foram dias normais; ontem os guris da Patrícia vieram para a aula e fiz com que pintassem as árvores da frente para que aprendessem que há muitos verdes na natureza.

Como acontece sempre que há alguém na frente de um cavalete. As pessoas que passavam ficavam curiosas e um senhor que mora aqui na rua, no número 251, me disse que é pintor e vende muitas aquarelas para os USA.

Me deu umas barbadas sobre tinta acrílica que ele acha o melhor para as crianças.

Vou pesquisar.

Terça feira o desgraçado do Grêmio perdeu para o Flamengo; aliás não foi o Grêmio, foi o Rivarola que bobeou no primeiro e fez o segundo contra.

Depois foi expulso.

Sem comentários.

Hoje fizemos um ponto de água na pia da cozinha para futura instalação de um filtro que até já foi comprado.

Falei com o Zaldo Toniolo que já conversou com o Nelson Chama e também interessou-se pelo Poacá.

O Zaldi telefonou lá de Marabá mas, em compensação, o Nelson não me comunicou nada: decerto está preocupado que eu cobre honorários dele.

Em matéria de dinheiro o turco é simplesmente lamentável.

Amanhã deve vir o Renato e convidou para jantarmos no Prinz; não sei se vai dar porque talvez haja jogo da curriola das sextas feiras.

O resto vai devagar mas vai.

Bolão estudando para o exame da AMRIGS e fazendo expediente em Gravataí.

Ontem morreu a canarinha e me parece que o canário também está a perigo; com o que encerraremos o capítulo passarinhos aqui em casa.

Acho que é a gata quer põe olho grande…

Horário de verão, dia claro e está quase na hora da janta.

Hoje almocei em casa porque dei aula para o Angelo agora de tarde assim que não estou com muita fome.

A novela “A Indomada “está terminando e creio que hoje é o penúltimo capítulo; como sempre acontece, o fim é meio fracote, duma hora problemas gravíssimos são resolvidos com soluções  ridículas.

No caso houve cada uma de arrepiar o bom senso de crianças de sete anos.

Teve uma subida ao céu de um anjo que constrangeu até as poltronas da sala.

Parece que hoje tem mais.

É sempre assim, nenhuma surpresa.

Hoje joga a seleção brasileira mas é caça-níquel.

Assim que vamos encerrando.

Até à próxima.

 

Segunda-feira, 13 de outubro de 1997, 16:04, chuva e chuva.

O tal de El Niño não está brincando em serviço: é chuva e chuva.

Acabo de chegar de um lugar escondido lá no quarto distrito onde fui deixar Heloisa que, está indo para mais uma costumeira viajem ao Paraguay.

Tomara que as enchentes não atrapalhem o brilho do passeio: dizem que o Paraguay com chuva é um horrore.

Sexta feira de noite faleceu a tia Zilda mas como modernamente não há mais velório, fomos ao enterro sábado de manhã.

Tia Zilda foi uma pessoa notável e sempre esteve presente com gentilezas quando precisamos dela ou simplesmente pôr delicadeza masmo.

Quando casamos ajudou a montar nossa casa e no tempo de solteiros nos convidava para a sua casa no Imbé onde aliás, abrigava tudo quanto era parente e não parente.

A casa da tia Zilda e tio Chico no Imbé merecem um livro.

Ela gastava um bujão de gás pôr dia para alimentar a vara de perus.

  1. Alda não compareceu ao enterro porque não foi avisada pelo Paulo.

No fim ela achou melhor não ter sido avisada ou, pelo menos, foi o que declarou publicamente.

Fica o registro porque esta novela, a meu ver ainda não acabou e alguma coisa ainda vai sobrar para Heloisa.

Porque foi Heloisa, pensando que o Paulo havia avisado D. Alda como combinado na sexta feira de noite, quem telefonou do cemitério e perguntou para a Alda se ela não iria ao enterro.

A resposta foi “enterro de quem ? “e aí a Heloisa deu a informação.

Traduzindo a ópera em português. o Paulo não avisou pata não chocar e a Heloisa dá a paulada.

Nem era paulada – todo o mundo sabia que a tia Zilda estava a perigo – e nem o Paulo deixou de avisar pôr bonzinho.

Bem.

Domingo fizemos grandioso churrasco.

A Graça apareceu.

Estiveram em Porto Alegre o Renato,e as duas Anas mas como vieram nos visitar sexta à noite e o joguinho estava em pleno andamento, a visita foi bem curta.

Já voltaram para Bagé; não sem antes me deixar o processo de prestação de contas, umas mil e tantas folhas.

O Grêmio perdeu de novo e agora a briga é para não ser rebaixado.

No mais, tudo em ordem.

Segue a crônica.

 

A VISITA DE BILL CLINTON.

Está causando uma tremenda alauza a visita do Clinton.

A coisa começou com um relatório do embaixador americano no Brasil e terminou com as exigências da segurança do homem do Alabama.

O que mais surpreende é o relatório do embaixador e as perguntas que afloram são:

– Porque foi divulgado?

– Porque o cara usou expressões menos diplomáticas?

– Porque voltou atrás?

As três perguntas só podem ser respondidas de uma maneira:

Porque ele queria obter justamente este efeito de tornar a vista do Clinton um motivo de desentendimento!

que alias já aconteceu: o presidente do STF não vai receber o Clinton nem vai ao jantar oferecido pelo FHC.

Como sabemos, os USA começam a temer o Brasil pôr causa da sua expansão na América do Sul via Mercosul: os americanos temem perder um baita de um mercado principalmente porque o Japão negocia muito com o Chile e o MCE com a Argentina.

Via Mercosul, o Japão e o MCE entram no quintal dos USA.

Daí a tentativa de arrumar umas desavenças entre Brasil e Argentina.

Primeiro os americanos disseram que os argentinos são parceiros preferenciais dos USA, depois tentaram forçar a barra com a ALCA e agora vem o Clinton com a seguinte missão: avacalhar os brasileiros e elogiar os argentinos.

Se o Menem não fosse o grande filho da puta que é, o tiro sairia pela culatra mas com aquele pinta nunca se sabe.

Espero e até presumo que o nosso pessoal mais voltado para estes assuntos tenha percebido as sutilezas, principalmente porque os americanos são os maiores pecadores nas falhas de que acusaram o Brasil.

Está muito na cara: dizer que em São Paulo neguinhos fazem sexo no banco de trás e esquecer o episódio Divine Brown, é muito farisaismo.

Montar um esquema de segurança que inclui até a suspensão de tráfego de trens é esquecer o que aconteceu com Lincoln, Kenedy, Reagan e outro menos manjado.

Dizer que a justiça brasileira é lenta e esquecer que 60% dos caras que vão para a cadeira elétrica são comprovadamente inocentes ou mesmo que esperam dez a quinze anos no corredor da morte, só pode ser provocação.

E, é!

Espero que os de esquerda também tenham senso prático para enxergar a sacanagem e não  aderir ao “Clinton go home “.

Hoje ouvi um cara que é comunista sério e que esteve fora do país durante o período militar ( ele não disse que tenha sido desterrado) fazer um baita elogío ao Exército.

À semelhança do relatório do exmbaixador americano, também tem caroço debaixo desse angu.

Qualquer dia a Jussara Cony vai querer sentar praça!

En passant, recebi um jornalzinho que circulou pela 5º Seção do CMS que me surpreendeu: nem o Lula teria coragem de escrever os artigos lá veiculados,

Talvez a Tarsa Genra mas certamente não o pai dela.

Periga o Lula se eleger.

Até a próxima.

 

Quinta-feira, 16 de outubro de 1997, 18:04, frio, parou de chover.

Hoje é o aniversário da Patrícia e consta que haverá uma janta fora mas não creio que irei porque a minha perna está doendo com esta mudança brusca de tempo.

De qualquer forma, até agora nada está confirmado.

Heloisa deve chegar amanhã de manhã se não houver nenhum atraso pôr causa das estradas que estão ruins em alguns lugares do Estado.

Hoje parou a chuva aqui em Porto Alegre mas os rios continuam subindo devido ao minuano que começou a soprar e represa as águas.

Agora o povo começa a acreditar no El Niño.

O que não dá para entender é esta novela de flagelados: todos os anos é a mesma coisa.

Termina a enchente e as pessoas voltam para o mesmo lugar.

Porque as Prefeituras não os colocam em terras mais altas?

É uma situação que nunca consegui entender.

Hoje foi o dia de encontrar velhos milicos.

Primeiro apareceu o Napoleão com o papo clássico de Cosmologia; depois o Mambrini, o Pif-Paf e finalmente o Zé Pedro.

O Zé Pedro está muito acadelado porque ficou viuvo e só.

Saí do escritório às três horas e só consegui chegar na garagem às cinco.

O povo V. º gosta de um papo que se lambe; eu já não tenho mais paciência.

Acho também que estou inaugurando uma gripe.

Ontem o Grêmio perdeu para o Peñarol , uma vergonha porque os uruguaios estão caindo pelas tabelas.

O tal de Darnlei só faltou fazer golo contra.

Os caras são ruis demais; o Grêmio acabou e se bobeia perde para o Criciuma e é rebaixado.

O Bolão está estudando com força total para o exame da AMRIGS que será no dia 16 de novembro.

Acho que ele passa fácil.

Os de Cachoeirinha ou Gravataí, não sei bem, estão sem grana para pagá-lo.

Ontem também foi a missa da tia Zilda e encontrei lá, além da família, a Liris e a família Pinho.

Estava a Maria Amalia que eu não via há uns vinte anos.

Não mudou nada.

A Alda, na primeira fila, recebia as condolências.

A igreja estava cheia.

Acaba de chegar o Eduardo assim que vou encerrando.

Boas noites.

Em tempo: a janta da Patrícia, ao que tudo indica, pifou porque ela foi chamada para ir até ao hospital.

 

Sábado, 18 de outubro de 1997, 18:18, tempo nhem nhem nhem.

Heloisa voltou ontem do Paraguay e, as usual, encantada com a viajem.

Os preços estão baixíssimos e, em alguns casos deixam a gente de orelha em pé.

A minha secretária eletrônica Panasonic custou R$90,00 e a Heloisa comprou uma muito melhor, também Panasonic pôr R$37,00.

Um barbeador Philishave três cabeças pôr R$58,00!!!

Vale a pena ir até ao Paraguay.

Ontem de noite fomos jogar no Vares e vimos as tradicionais fotografias da viajem para a Escandinavia e Paises Bálticos.

Bolão seguiu para Pelotas; segundo consta os PT de Gravataí pagam-no segunda feira.

Está estudando firme.

No mais tudo indo.

Daqui a pouco os guris da Patricia vêm para cá porque ela e o Carlos vão a um churrasco no Bagé.

Como estaremos em água até amanhã, não será feito o tradicional churrasco de domingo.

Isinha também deve aparecer para ver os bagulhos que a Heloisa trouxe.(?)

Isto aí.

Até a próxima.

 

Terça-feira, 21 de outubro de 1997, 23:10, chuva.

Domingo almoçamos na Patrícia que apresentou um prato baiano, o famoso vatapá.

Estava bastante bom se bem que eu não entendo nada de vatapá.

Nem de vatapá  e nem de qualquer comida baiana: sempre achei que acarajé fosse uma gororoba tipo camarão com quiabo e otras misturas mas é simplesmente um bolinho com muito alho.

Moqueca eu achava que era um bolo de milho e outras mumunhas mas é um ensopado!

Siri mole ultrapassava a minha capacidade de realismo fantástico mas no fim é uma frigideira cheia de dendê com uns fetos de siri repelentes boiando lá dentro.

Cachaça de cabeça eu pensava que era uma cachaça feita com o cabeça da cana mas não é: é o primeiro produto da destilação ou seja, quase éter!

Realmente a minha herança genético-cultural nào tem nada a ver com a Bahia e nem mesmo a semântica me ajuda: traduzo tudo errado.

Lembro que uma janta na tal de Pavuna (?) me custou um mês de churrio daqueles de ficar sentado ao lado da suite, como diz o Tom Cavalcante.

Amaury de vez em quando me faz a apologia da Bahia, do carnaval, praias, modo de vida etc mas nem me toca: acho tudo um negócio meio jombrega, malandragem feita à máquina.

É como a literatura do Jorge Amado, elogio do cais dos saveiros, das putas e da malandragem narrados diretamente da suite presidencial do Hotel Plaza de Paris.

Abaixo a Bahia e os baianos!

Acabo de ver na TV um programa sobre Saint Louis MO e verifico que estive em outro lugar com o mesmo nome e no mesmo Estado.

Com exceção do estadium da Anheuser Bush e daquela sorveteria que fica numa esquina e onde todo o mundo vai, perto de onde os Barrios moraram a primeira vez, o lugar era outro.

E o Arco, é claro.

Nesta família estamos mal de guias turísticos.

Há excelentes locais de diversão principalmente restaurantes típicos alemães e italianos.

A nossa guia, Patrícia, só nos levou num restaurante mexicano (?) na Union Station; mexicano porque era decorado com chapelões de charro eis que a comida eram french fries and aquela coisa vermelha que o Henrique gosta muito, catchup.

E, pimenta que os babacas ( nós ) comíamos e dizíamos :” Que horror, como podem?

E a seguir contávamos a história da Isinha que no México pegou a doença do ultimo imperador azteca”de quem, no momento não lembro o nome.

Não é fácil ser turista.

En passant, vi as fotografias russas do Vares.

Um monte.

Tudo bem

Hoje de tarde vieram jogar aqui em casa velhos personagens de muitos anos atrás: a Ilsa Kieling, a Sandra e a Silvia; o povo até que não está muito baleado mas se percebe que se a lataria ainda está razoavel, a máquina já está queimando óleo 90.

Já tem gente capengando. Como eu.

Agora de noite a Heloisa foi jogar nas gringas eis que a Elusa encontra-se em fase de recuperação e não pode sair de casa.

Talvez ainda se faça um churrasquinho para ela que regressa sexta para Cuiabá.

A Alda telefonou informando que o Paulo desapareceu mas sabemos muito bem que houve uma rusga entre os dois e o Paulo tomou rumo de Tramandaí, apartamento da Marilia.

Velhos temas.

Parece que o Paulo irá casar-se no Espírito Santo com uma libanesa.

Bolão recebeu o primo salário de médico mas, segundo ele, já devia tudo no cheque especial.

Está estudando bastante para o exame da AMRIGS.

Eu, ao que tudo indica, peguei um baita resfriado.

Não há quem agüente El Niño.

O Estado está todo cheio de água e no noroeste, a coisa está feia mesmo.

Em Itaqui, a rua principal está submersa em nove metros de água.

No que concerne à política, vem aí uma chapa que vai dar o que fazer: Ciro Gomes e Luiza Erundina.

Ciro Gomes é muito bom de papo e de televisão e a Erundina tem um baita fã clube.

O povo do Exército gosta muito dela.

Vão incomodar.

Para quem não sabe, a Erundina saiu do PT porque as alas mais radicais acham que ela virou para o lado direito. Foi defenestrada.

Está agora no PSP, antigo partidão, PCB.

Se não for isto, é pôr aí pertinho.

Aqui no RS é capaz de pintar a dobradinha Olivio – Tarso e aí vai ser dureza.

Olivio está com discurso de candidato, sóbrio, cortês, elegante: o pau no burrro – no caso, Brito – fica ao encargo dos cachorros loucos tipo Khoutzi e o próprio Tarso.

Penso que o PT não pode continuar com a  mesma argumentação de desemprego, dinheiro para a GM, abandono rural etc. porque acaba discursando contra a evidência e aí perde a credibilidade.

A Emilia Fernandes também vai se candidatar e o meu desejo é que quebre a cara.

A malher simplesmente acha que elegeu-se sozinha, que o Zambiasi não pesou nada.

Vai ter uma baita desolosã.

João andou instalando umas memórias diferentes aqui neste computador que devem servir para acelerar gráficos. Como não trabalho com elementos gráficos, não sinto nenhuma diferença.

Deve ser bom para os desenhos do Angelo.

O João também anda sugerindo que eu instale uma tábua para desenhar: é uma espécie de lousa eletrônica, onde os desenhos feitos com uma caneta digital aparecem na tela e podem ser gravados.

Estou pensando no causo.

No mais, tudo em paz.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 22 de outubro de 1997, 22:42, tempo bom.

Hoje, quarta feira, dia de aula dos guris com duas novidades: começaram a pintar com acrílico e fiz um exercício de leitura e interpretação com o Diogo.

Acontece que, supostamente o Diogo lê mas não interpreta o que o levou a uma psicóloga…

Como sempre achei o Diogo muito inteligente, surpreendentemente inteligente, resolvi fazer um teste e dei para ele lêr um capítulo de “Caçadas do Pedrinho “e depois me contar o que lera.

Ele simplesmente leu e depois me contou a história mas foi além: me contou também o resto da história porque ele já havia lido o livro!!!

Acho que quem precisa de psicóloga é a própria para ver se abandona a picaretagem.

Na verdade o Diego não lê com facilidade mas isto pode até ser problema de olhos ou então excesso de televisão.

Vou telefonar para a Patrícia e dizer o que penso.

Neste momento estão jogando Grêmio e Internacional contra o Independiente e o Bahia, respectivamente.

O Internacional se ganhar – e está ganhando – vai ao primeiro lugar no Campeonato Brasileiro.

Recebi hoje o Help, um manual de lingua portuguesa editado pela Zero-Hora.

É excelente e até já copiei uma parte referente ao hífen, coisa que sempre complicou a minha vida.

No mais, tudo tranquilo.

Boas notes.

 

Sábado, 25 de outubro de 1997, 22:03, tempo bom.

Hoje, depois da clássica maratona matinal – feira, mãe, Zaffari, fomos ao Makro onde compramos um micro ondas novo, um Panasonic com dourador.

O nosso já está pedindo água. Vai para a praia.

O que a Saara havia comprado no Mensageiro da Caridade pôr R$40,00, estourou ontem!!!

A mãe não está muito bem, teve umas tonturas, uma espécie de amnésia rápida.

Vamos ver o que dizem os exames.

Neste momento o Internacional está ganhando do Flamengo mas ainda vai correr muita água debaixo da ponte.

Amanhã teremos almoço – a Heloisa está fazendo fricassè e, ao que consta, só virão os Fietz.

Os Barrios irão passear de barco pelo Guaiba…

Bem que o seu Mário chamava a Patrícia de indio…

Quem está em Porto Alegre é o Banda mas ainda não apareceu, só telefonou.

Paulo, para desespero da Alda ainda não deu notícia.

Bolão, que almoçou lá na quarta feira, montou uma baita duma fofoca que envolve o Paulo e a Glacy.

Parece que acreditaram.

Quem pediu a chave da praia foi a Marinês que telefonou de lá dizendo que a casa de máquinas está cheia de água.

Vou ter que ir lá para arrumar a cobertura da casa de máquinas antes que estrague tudo.

Vares foi hoje para lá.

Ontem jogamos nas gêmeas e conforme eu havia prometido ganhei todas as partidas e só perdi uma mão!!!

Eu fique meio indignado com o jogo da sexta feira passada e resolvi que desta vez iria ganhar jogando contra tudo e contra todos.

Enquanto jogarmos com a Família Vares, não pretendo perder.

2 x 0 para o Boloral.

Só falta agora o Grêmio ganhar do Palmeiras e ainda se classificar porque hoje o Goiás ganhou da Portuguesa, uma baita zebra.

O Internacional vai ser o primeiro lugar na primeira fase do campeonato.

Este Word é gozado: se eu começo duas frase com artigo, ele grita; o bicho velho, além de corrigir a grafia, quer também meter o nariz no estilo.

O pior é que tem razão.

O último Word que saiu há pouco, tem corretor de gramática.

Deve ser interessante.

Falando nisto, a Zero Hora publicou um suplemento excelente, o HELP, que trata de Língua Portuguesa.

Afinal consegui aprender o uso do hífen.

Acho que vou comprar mais uns três para os futuros vestibulandos.

A respeito, estava pensando ontem se algum neto irá estudar Direito para herdar o meu escritório.

Além, é claro de ser uma excelente profissão e que, na medida em que o país fica mais rico, adquire maior importância.

O Direito, sabemos, trata principalmente do patrimônio (e dos direitos da cidadania) das pessoas assimque quanto mais rico o país, mais os advogados são necessários.

Além do fato de que o curso de Direito abre um leque enorme de opções.

Juizes, promotores, procuradores, advogados públicos, delegados de Polícia e pôr aí empós.

O Pinho esteve aqui agora à tarde e tomou café conosco.

Pediu para eu arrumar um lugar para a Viviane estagiar.

Vou ver o que posso fazer.

Os Tergolinas continuam desaparecidos lá pôr Ipanema.

Com a casa do Imbé, geralmente vão para lá nos fins de semana.

O Angelo telefonou para dizer que foi muito bem na prova de logaritmos, tirou 4,2 sobre 5.

Não tirou cinco porque cometeu um erro de leitura; sempre digo para eles que a primeira coisa em prova é a leitura calma e cuidadosa das questões.

Estou ouvindo o jogo do Boloral e a torcida está a mil.

Têm direito.

Quinta feira aconteceu o leilão da CEEE e conseguiram vender as distribuidoras pôr mais de um bilhão!!!

É incrível a CEEE era o maior abacaxi do Estado e acabou rendendo uma grana que vai dar para acertar um monte de coisas.

Tiro o chapéu para quem bolou a solução de fatiar a CEEE e vender pôr partes.

Publicou-se hoje que as operadoras de comunicação da União vão ser privatizadas pôr mais de R$160bi, o que significa quase toda a dívida externa do Brasil.

E ainda tem um monte de estatais para vender.

Acho que o PT está liquidado e se bobeia perde até aqui no Estado.

En passant é bom saber que os USA eram os maiores devedores do mundo no século XIX.

Depois, nas duas Grandes Guerras, passaram a credores graças à sua enorme produção principalmente de alimentos.

Estamos indo no mesmo caminho.

Tinham razão os milicos: a gente faz todos os empréstimos que conseguir e monta um baita parque industrial que irá permitir depois pagar toda a dívida e ainda incomodar no mercado internacional.

E, é claro, melhorar demais o padrão de vida do nosso povo o que realmente ocorreu.

Ainda hoje estávamos recordando as dificuldades que tínhamos há nem tantos anos atrás para adquirirmos as coisas mais elementares como manteiga, leite etc.

O pensamento militar, em termos de país, é quase sempre estratégico o que pressupõe respostas a longo prazo.

Para esclarecer, as ações de resposta em curto prazo dizem-se táticas.

Mesmo com as mudanças tão rápidas como as que estão acontecendo no mundo moderno e que exigem respostas táticas, as ações estratégicas ainda devem predominar.

Quando vejo as coisas melhorarem assim e sinto que o povo começa a se orgulhar da pátria amada, me lembro dos anos 70, do Milagre Brasileiro, quando a nossa gurizada ia para Nova Iorque e tratava os americanos como cucarachas…

Há um livro do Henfil sobre o assunto.

3 x 0, o Flamengo está em perigo de levar uma goleada.

Com o que  vou encerrando.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 27 de outubro de 1997, 17:32, calor.

Acabei de chegar do otorino que fez aspiração assim que minha audição já está quase normal.

Devo voltar lá em dez dias com uma radiografia.

Trata-se do Luiz Carlos Saldanha, discípulo do Alemão Lang  e excelente pessoa.

Ontem o povo veio para o almoço da Heloisa que estava muito bom.

A Isinha, depois de bastante tempo, reapareceu.

A noite assistí na televisão o programa “Passando a Limpo “com o Boris Casoi, na Record

Ele entrevistou o Ciro Gomes, o Adib Jatene e a mestra da FGV que escreveu o livro de memórias do Geisel!

As opções que eu tinha para ver eram ” Sai de Baixo ” ou o programa do Silvio Santos!!!

Tenho a impressão que este programa, consideradas as outras opções, logo, logo irá dar maioria no Ibope.

Domingo passado o Faustão perdeu para o Gugu que atacou de Carla Perez e outras cositas mais.

A reação do Carlos Manga – o maior bagaceiro do Brasil _ , diretor do programa do Faustão, foi imediata: os caras pegaram um restaurant japonês de última categoria em São Paulo, cujo dono é um cafetão, e criaram um prato que é servido sobre mulheres nuas, inclusive aquela do cafetão.

Pode? Não pode mas foi o que aconteceu na televisão do Roberto Marinho.

Mundo cão, me admira o Faustão todo metido a crítico e cagador de regra, participar de uma baxaria daquelas.

Amanhã decerto já começa a grita nos jornais, menos daqueles tributários da Globo, é claro.

Aí você vai para a Record, do Bispo Macedo e assiste ao Boris Casoi, com a elegância que lhe é peculiar,

entrevistando o Ciro e o Jatene.

E começa a dúvida: será que o Edir Macedo é tão safado como dizem ou ele está simplesmente ameaçando os donos do campinho?

Acho que a Globo entrou no ramo descendente da curva.

Falando nisto, quando da passagem de Hong Kong para a China, eu disse que isto daria a maior alaúza do mundo porque os chineses iriam enlouquecer com o super – brinquedo que acabavam de receber.

E que não iriam engolir as usanças coloniais – britânicas de Hong Kong.

Sempre achei que isto daí era a coisa mais óbvia de se prever.

Pero nadie habló nada, tout va très bien Madame La Marquise.

Então, subitamente, pooiinnnggg…sexta feira passada, estourou a Bolsa de Hong Kong e com ela todas as outras do mundo!!!

Pior do que esta queda só a de 29, em Nova Iorque, mas esta já está em segundo lugar e, com mais um dia, ultrapassa a Quinta Feira Negra de 929.

Não sei se os cnineses bolaram este desastre mas a verdade é que eles não tem com que se preocupar: a sua Economia é de Estado, Socialista, nem Bolsa tem.

É bom guardar uma graninha porque se dá uma quebradeira geral, os preços vão despencar mesmo.

Só quero ver o que dirão os noticiários de hoje à noite.

Em valendo a pena, voltarei com maiores detalhes.

En passant, hoje deixei de fumar pôr razões higiênicas e não de saúde ou pressão social.

Muito menos pôr pressão social porque suporto muita coisa mas macartismo não!!!

Desde pequeno que odeio fariseus e puritanos de qualquer raça, crença ou ignorância.

Teria sido um ótimo Anti – Torquemada, mandaria para a fogueira todos os fanáticos particularmente os religiosos.

Um fato interessante: o livro sobre a vida do Geisel que se poderia qualificar como de venda para um público restrito, esgotou a 1ª edição em dois dias!!!

Sem badalação, sem midia, sem sexo, sem crime etc. etc. e tal.

E agora?

É comprá-lo para ver.

 

Quinta-feira, 30 de outubro de 1997, 18:20, chuva.

Tem chovido regularmente desde segunda, eu acho.

Fiz a tal radiografia e não deu nada.

A Clínica Radiológica pareceu-me bastante boa, bem organizada e tem a vantagem de ficar na frente do escritório.

Como é autorizada pelo meu Plano de Saúde, não tem o menor problema.

Porque, convenhamos, fazer exames no Moinhos é dose.

O Saldanha fez a clássica perfuração do tímpano e seqüente aspiração; do ouvido esquerdo ele tirou um corpo parecido com o âmbar e que, diz ele, os americanos chamam de ear gloom; parece mesmo uma cola, goma arábica.

Do ouvido direito, só irá tirar na semana que vem porque o tímpano está muito distendido.

Não chega a ser como uma extração de dente sem anestesia mas também não é muito sopa.

Resolvi parar de fumar pôr uns tempos – talvez até ao fim do verão – e, como sempre, não sinto falta do tabaco.

O que sinto é uma fome terrível mas, mesmo isto, estou controlando.

Hoje achei um sabiá caido na área dos fundos; é um filhote que deve ter sido caçado pala gata.

Como está em bom estado, coloquei-o na gaiola porque ainda não sabe voar.

A mãe dele deu um show hoje de tarde chamando -.o .

Espero que ela tenha tido acesso à gaiola porque se ela trouxer alimento para ele, o filhote se salva.

Se não, vai ser muito difícil.

Eu pendurei a gaiola em local onde a sabiá – mãe pudesse atender ao filhote; só que o Bolão que não sabia do enredo, recolheu a gaiola pôr causa da chuva…

Amanhã o Banda vem almoçar e farei umas picanhazinhas na grelha.

Também tenho um vazio razoável e salsichão.

Amanhã de manhã compro cerveja e carvão.

O jogo das sextas será aqui e parece que vem o Rolla, o que irá complicar; a não ser que ele arranje uma parceira ou parceiro, o que já é mais difícil.

A Eda continua nos USA dando cobertura para a Vanessa, decerto esperando o visto do marido da Vanesas; se as coisas ainda são as mesmas nos USA, não vai ter visto.

Cavocando em velhos arquivos, achei os manuscritos do famoso “Pijama de Bolinhas “dos tempos de Cachoeira,

Surpreendeu-me o fato de que os textos são bons, muito bons e alguns até excelentes.

A gente sempre imagina que, em termos de escrever, melhora com a idade mas, não é bem assim.

De vez em quando irei reproduzir alguns  para que não se percam nos descaminhos das faxinas.

Boas notes.

 

Sábado, 1 de novembro de 1997, 19:09, tempo enfarruscado.

Acabamos de chegar lá da mãe; os exames que fez estão OK e ela está bem melhor.

Tentamos ir na Virginia e no Zaffari mas, nem uma coisa nem outra: está tudo atopetado de carros.!

Programa de portoalegrense nas tarde de sábado chuvoso é ir para o Supermercado.

Ontem jogamos aqui e veio o Rolla com seu neto Carlos, excelente menino.

O Carlos é filho da Beti que mora em Curitiba; ele estuda na Famecos da PUC.

Ganhamos todas as partidas que disputamos e acabamos em segundo lugar!!!

Acontece que… bem, deixa prá lá.

O nosso sistema de jogo tem que ser modificado porque senão acabamos jogando contra quatro e aí é muito difícil.

Inclusive porque o prêmio do 1º lugar é de R$60,00, o que já não é só diversão e começa a crescdr o olho.

Amanhã, Dia de Finados, vamos até ao Imbé para ver como estão as coisas pôr lá.

Estamos sem telefone há três dias e pelo jeito, vai continuar.

Ontem o Banda veio almoçar conosco e fiz umas picanhas bastante boas, daquelas que o Zaffari está testando para vender com sua marca.

A novidade é que não uso mais espeto e sim grelhas de fechar porque aí a carne não encolhe; para vazio, é o fino da bossa.

O Banda está bem, deixou de beber suas cervejinhas, fuma pouco e cuida-se na alimentação ou seja, entregou a rapadura.

Deve ter retornado hoje de manhã para o Rio, de ônibus.

O Paulo ainda não deu notícias; decerto amanhã a Heloisa vai querer localizá-lo o que significa que irei marchar num almoço.

Ou então a Marília já conseguiu obter maiores informações sobre o elemento.

Bolão foi para Pelotas; pelo que entendi, um amigo dele que é pediatra e PT, chefia a implantação da Medicina Comunitária aqui em POA e convidou o Bolão e a Liege para integrarem o serviço.

Tudo depois do exame da AMRIGS que acontecerá nos idos de novembro.

Parece-me que, nessa hipótese, o Bolão não iria fazer Residência porque não há residência para Medicina Comunitária, eu presumo.

Ou estarei enganado?

De qualquer forma, se ambos ingressarem no tal serviço, será muito conveniente porque juntam emprego com ideologia o que, se não é bom para o geral, é excelente para o particular.

Como o PT remunera bem os SEUS servidores, deve ser uma proposta interessante.

Veremos se é assim mesmo ou se estou mal informado.

Acabou de chegar a Helena que vem jantar conosco porque o Paulo e a Virginia irão jantar fora.

Nesta semana não fumei; o problema é a fome.

Sem fumar, obrigatoriamente devo restringir a alimentação senão vou aos cento e trinta quilos

A solução é, pelo menos no início, aquela dieta sem carbohidratos, na base da picanha, ovo, queijo etc.

A vez passada, quando fiz a tal dieta, emagreci bastante e sentia-me muito bem.

Só que não se pode comer frutas e aí complica para mim que tomo suco de laranja aos montes há muitos anos.

Quem sabe uma meia dieta de carbohidratos?

Não demora muito – mais um mês – e e devo encerrar os registros 97.

Antes porém, como estão meio magros pôr causa daqueles dois meses perdidos, irei transcrever algumas cartas e artigos que escrevi.

Pôr hoje, é só.

 

Segunda-feira, 3 de novembro de 1997, 21:43, tempo enfarruscado.

Como se depreende, El Niño continua a mil; dizem os intelectuais que os efeitos dele irão durar até abril…

Teremos um verão alagado.

Hoje terminei e mandei as contra – razões nas apelações de Bagé.

Amanhã vou encerrar as primeiras declarações do inventário Ermógenes e fazer uma consignação para o João.

Também me telefonou uma senhora para marcar consulta em Direito Penal.

Há ainda o caso da Ilza; e o da tia Honorina, com quem falei hoje.

Acho que estão pegando muito no meu pé.

Nosso telefone segue mudo e hoje verificamos com certeza que o defeito está na CRT.

Ligamos um aparelho nos fios da rua e nem sinal.

É a prova maior.

O Bolão deu injeção na gata; daqui a três meses deverá ser reforçada a dose.

Inicio de fevereiro portanto.

Gostaria de saber se o Angelo foi acampar neste fim de semana; se foi deve ter passado uns maus pedaços porque foi toró em cima de toró.

Bolão retornou de Pelotas preocupado com o Zé que está com bronquite, sinusite, males que afetam as crianças que moram em’baixas altitudes, beira d água doce.

Pelotas em si já não é saudável pôr ser tremendamente úmida e o Barro Duro alia água e mato, um binômio muito ruim.

Logo vem o verão e as coisas tendem a melhorar.

Continuo sem fumar e a cada dia que passa – depois do sexto – os surtos de vontade vão diminuindo e ficando menos intensos.

Ontem foi brabo mas hoje já está mais fácil.

Tenho um organismo muito adaptável e logo sequer vou me lembrar do cigarro.

A vida fica bem mais simples sem fumar.

No que concerne ao quotidiano, a Feira do Livro prossegue apesar da chuva, o Grêmio quase se acaba pois perdeu aqui para o Guarani pôr 4 x 1, a oposição está iniciando uma campanha virulenta contra os governos federal e estadual, visando é claro, as próximas eleições.

A queda mundial das Bolsas de Valores está deixando os xito – socialistas nacionais rindo de orelha a orelha e rezando que vá tudo para o brejo, à semelhança do que aconteceu com a URSS.

Ainda não dá para avaliar a extensão do desarranjo na Economia Mundial mas é muito mais fumaça do que fogo.

Logo tudo se ajeita.

Estou impressionado com a virulência e o descaramento das oposições: hoje ouvi um pronunciamento do Sereno, em horário político, que me surpreendeu porque o Sereno não é um panfletário irresponsável.

Ele mentiu tanto e tão descaradamente que qualquer pessoa que tenha ouvido o que ele disse vai pensar que o Sereno enlouqueceu ou entrou para a ala radical do PT.

Que, pôr sinal, publicou um documento, um manifesto, no qual prega a luta armada para chegar ao poder.

Estes filhos da puta tanto fazem até que levam e aí pousam de vítimas e publicam livros mentirosos com histórias de torturas, desterros etc.

Garanto com o tal manifesto já está no arquivo para uso futuro.

O Imbecil do Brizolla continua se agitando, chutando, dizendo as tradicionais asneiras e – confirmando o que me disse – achando que é o único pinta capaz de derrotar FH.

O Lula será candidato o que significa que o Tarso entrou bem.

Vai acabar candidato a senador mas há dúvidas.

Em suma, a ala radical do PT cresceu demais e está ameaçado a tranqüilidade do país.

Isto daí vai dar bode porque os caras estão totalmente enlouquecidos; ouvir-se um papo da Tarsa Genra é um exercício estarrecedor tantas são as asneiras e tanto é o ódio que ela poreja.

É a Passionária do Galpão Crioulo.

Ainda acho que o melhor Presidente seria o Mario Covas mas, sem ele, opto pelo Ciro Gomes.

Bem, boas notes.

 

Terça-feira, 4 de novembro de 1997, 21:27, tempo enfarruscado.

Naquelas andanças de fins de abril quando perdi dois meses de registro, creio que foram junto uns artigos que escrevi para gozar o Napoleão e o Joaquim.

Assim que vou copiá-los de novo porque o fim do ano está chegando e este registro está super mixuruco

.

Osvald Manning Cooper, lord Isham.

 

(Transcrito de News Science Monitor, Isham, Devonshire, England ano CClV, 432,56)

 

Devo admitir que durante a maior parte da vida, temas que suponho maiores, não fizeram parte de minhas preocupações, digamos assim.

Diria que o fato do meu cavalo Toby peidar quando mudava de marcha – o que me impedia de montá-lo quando acompanhando damas- parecia-me mais importante do que eventuais idiosincrasias de planetas e similares em suas andanças espaciais.

Dois artigos publicados no Sun mudaram o foco de meus interesses: o primeiro afirmava que pelo Efeito Estufa, em cem mil anos as nossas ilhas britânicas estariam transformadas em uma placida lagoa na qual afloraria apenas alguma perdida destilaria das Highlands.

Estatísticas comprovam que a terra aquece 1 gráu centigrado a cada dez anos.

O segundo deixava bem claro e com a mesma certeza, que em menos de 5000 anos entraríamos em uma idade glacial e as ilhas britânicas iriam fazer concorrência a Saint Moritz.

Estatísticas comprovam que a terra esfria 1 gráu centigrado a cada dez anos!

Convenhamos que , na marcha em que iam as coisas,  seria de se supor que a próxima singularidade poderia me surpreender em plena hora do chá!

Decidi portanto estudar o que, pomposamente, os autores chamam de Cosmologia e é o resultado destes estudos que alinho a seguir.

Em primeiro lugar, é absolutamente necessário esquecer os gregos pois tenho observado que eles são comummente citados como sabendo de tudo o que hoje estamos descobrindo: na verdade quando alguém afirma que Demócrito descreveu o átomo e suas partículas, jamais indica a fonte de suas afirmações.

Estaria tudo na Biblioteca de Alexandria que foi totalmente queimada em um incêndio provocado por árabes ou romanos: os otomanos dizem que foram os soldados de Julio Cesar que queimavam os papiros para esquentar a água do banho do imperador e os romanos afirmam que foi um xiita que mandou tacar fogo na papelama argumentando que se o conteúdo fosse bom, estaria no Corão e  se não fosse, seria virtuoso queimar.

Mesmo assim, mesmo tendo sido queimados, os papiros de Alexandria são citados a todo o momento como fontes de informações, o que me parece altamente suspeito.

Então, fora com os gregos!

Comecemos com a Biblia do rei James onde a criação é descrita tão detalhadamente que um bispo inglês chegou a afirmar que o mundo foi criado num dezoito de outubro, às dez horas AM no ano 480 DC.

Posteriormente mudou de idéia quando um paroquiano mais atilado observou que criar o mundo depois de Cristo seria, pelo menos, fornecer matéria para argumentações deletérias pôr parte de eventuais heréticos.

As coisas permaneceram assim pôr vários séculos apesar dos intensos debates sobre detalhes importantíssimos como pôr exemplo, quem nascera antes, o ovo ou a galinha?

Para simplificar digamos que o panorama começa a mudar quando uma maçã cai na cabeça de um desavisado cidadão que imediatamente bola uma lei conhecida como a primeira lei de Newton por causa do nome de seu descobridor, Newton.

Referida lei afirma que quando um corpo entra em movimento, não para mais e como tudo girava no espaço, iria continuar girando da mesma forma ad aeternum; e que o impulso inicial fora dado pelo Criador.

Todo o mundo ficou satisfeito: os da Biblia e os que achavam que a coisa não fora bem assim.

A  primeira lei de Newton contentava gregos e troianos.

Mas o referido senhor afirmou também que a matéria atrai matéria etc e aí, uns duzentos anos depois, uns chatos começaram a argumentar que se fosse assim, nesta altura dos acontecimentos já estaríamos fritando bem no meio do sol!

Voltávamos à estaca zero.

E, começaram a pipocar teorias.

A maioria, convenhamos, totalmente descabeladas e herméticas; geralmente os cavalheiros , para se dar ares de erudição, começam afirmando que do caos- bagunça- surgiu o cosmos – ordem.

E engrenam pôr aí com considerações sobre planetas escuros, luas negras etc.

Outros afirmam que o caos tende para o cosmos e que ainda não chegamos lá mas quando chegarmos vai ser uma explosão só.

Alguns, mais complicados, dizem que as coisa fluem ao contrário, que o caos é entrópico porque para organizar-se qualquer coisa gasta-se mais energia desorganizando o que está em repouso e portanto organizado.

Cita-se como exemplo arrumar a mesa para o chá: os movimentos da maid gastam muito mais energia do que a organização resultante!

Negócio meio felpudo mas até que fácil de entender.

Ultimamente, ou melhor, penultimamente, surgiu a teoria do big bang.

O universo nascera com uma grande explosão e os pedaços ainda estão voando pelo espaço.

De novo os murrinhas de sempre contestaram que em sendo assim cada pedaço se afastaria de todos os outros e o sistema solar, pôr exemplo não poderia existir ou, se existisse, as órbitas mudariam a cada segundo.

Contra-argumentaram os do big bang que o negócio funcionaria com um balão de aniversário se enchendo: as pinturas da superfície do balão se afastariam igualmente umas das outras e se expandiriam, mantendo o mesmo afastamento.

No início colou mas depois se viu que eram uma besteira maior ainda porque não estava explicado o que aconteceria no interior do balão.

Surgiu então a teoria do buraco negro um negócio que, como a Conceição, ninguém sabe e ninguém viu.

Supõe-se que hajam corpos no espaço com uma tal concentração de matéria que nem a luz consegue sair de lá e que esta singularidade vai até um certo ponto de concentração e aí explode.

O problema é: explode porque?

A existência dos buracos negros diz-se comprovada pelo fato de a luz encurvar-se quando passa pôr eles mas os chatos de plantão perguntam:

-Se curva? Ué! Não tinha que entrar?

Agora já se imagina que tudo, o Cosmos todo, seja um buraco negro e que nós estamos metidos nele sem perceber.

Ou que tudo seja um anti buraco negro e que igualmente estamos metidos nele também sem perceber.

É o que querem os defensores da teoria unificada, outro negócio complicado.

Ou pior ainda: nós estamos inscritos numa das 47 dimensões existentes no Cosmos e das quais só conhecemos três!

A existência de mais dimensões do que sonha nossa vã filosofia pretende-se comprovar pelo comportamento dos spins (literalmente peões de fieira, aqueles das brincadeiras de infância) os quais dão uma volta completa sobre si mesmo mas não retornam à face original.

Não é meio esquisito que as maiores teorias atuais se tentem comprovar via balões de aniversário, peões de fieira e diavolôs?

Porque há uma outra que se baseia no diavolô, aquela dos universos em oposição, e não estou exagerando.

Feitas as contas, a melhor posição a respeito parece ser aquela expressa pelo cacique Boi Sentado ao intrépido general Custer:

-You wrong, cara pálida!

Ou então a resposta dada por Peter Pan quando o Capitão Gancho quis lhe fazer um toque de próstata:

-Tais brincando!!!

 

 

(Artigo traduzido em janeiro de 1997 pôr J. Moura exclusivamente para a biblioteca de Napoleão e Joaquim Francisco, ambos Rodrigues de Freitas, cabendo acrescentar que as opiniões aqui expressas são de exclusiva responsabilidade de Lord Isham)

Osvald Manning Cooper, lord Isham.

Não sei o que aconteceu mas o texto está com um sinal diferente na frente de cada linha…

Não sei como vou acabar com esta novidade.

Tudo Ok, bastou clicar em Normal na barra de baixo.

O telefone continua mudo, vou acabar tendo que chamar o homi porque a CRT nõ dá jeito.

Continúa o cagaço geral com a queda das bolsas que, aqui no Brasil, já reagiram e bem.

Acontece que a oposição ganhou um prato cheio contra a globalização da Economia e agora o festival de asneiras está violento.

Hoje o Lula, estreando na campanha presidencial e dando o tom da campanha, chamou o Fernando Henrique de patife para baixo.

É brabo mas creio que eu já havia previsto que a radicalização iria acontecer porque as esquerdas, sem argumentos, vão ter mesmo que apelar.

Não será fácil agüentar a guerra de propaganda.

Em matéria de não fumar, hoje foi um dia brabo porque a fome me assolou de um modo quase desesperador: lá pelas três e meia da tarde tive que vir para casa e comer alguma coisa pois já estava afim de enfrentar uma galinha de televisão de cachorro.

Acho que a nicotina funciona como um calmante do suco gástrico; quando se para de fumar, as enzimas vêm a mil.

Mas, vou levando.

Pôr hoje é só, sem maiores novidades.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 10 de novembro de 1997, 17:30, chuva.

Fiquei quase uma semana sem escrever nada e pode parecer que houve fatos impeditivos mas, não.

Preguiça mesmo.

Tenho trabalhado bastante mas não ao ponto de justificar alegações de canseiras.

Quarta só dei aula para o Diego, quinta não me lembro, sexta o clássico joguinho e sábado a chegada da Ilza e o almoço lá com eles.

Apareceu o Pingo de cabelo cortado pata visitar os avós.

O Angelo vem hoje para pousar.

O resto sem novidades.

Liege veio no fim de semana, enfrentou um programa indianista lá em Cachoeirinha e já voltou hoje.

O tal programa era um rodeio no qual o Bolão foi médico assim que ele fez grande propaganda do evento.

Numa tarde de calor abafante, em local campestre, junto com cavalos vacas e necessários produtos orgânicos, barraquinhas com artezanato e comidas locais, apresentações folclóricas do Grupo Escolar e outras atrações, só faturando algum.

O Bolão ficou indignado porque as partes não se mostraram emocionadas com o tal rodeio.

Então tá.

Esse tipo de quermesse é bom de noite; de dia é um pontapé no saco.

A Ilsa Kieling me contratou para melhorar a pensão dela.

Cobrei bem e vamos ver se dá certo; depois de amanhã vai ser julgada pelo TJE o recurso do IPERGS na ação da irmã do João, a Mary Angela.

De um modo geral, todos os meses tem aparecido uma ação boa e mais um pouco, tudo continuando assim, voltam a s vacas gordas.

O que está danado é o El Niño: esta semana a previsão é chuva todos os dias.

Lucia telefonou para irmos passar o verão no Rio se a chuva continuar.

Até que é uma boa ideia.

O Norte e o Oeste do RGS estão alagados e a situação tende a piorar.

De acordo com a Time, o Nordeste terá uma seca violenta; já avisei o Bagé para não plantar  agora no fim do ano mas ele não acreditou.

Vai se ferrar.

A esperança sempre triunfa sobre a experiência.

O grande acontecimento da semana passda e talvez do ano, foi que a queda das bolsas colocou o Brasil numa situação crítica obrigando o Governo a uma série de medidas ditas drásticas.

Bem analisada a coisa é um repeteco do que sempre aconteceu quando surgem os planos econômicos mágicos.

A coisa vai, vai, até que começa a fazer água e aí vem as medidas que no fim não adiantam nada.

É aumento do prêço da gasolina, do imposto sobre as bebidas e cigarros, demissão de funcionários não estáveis, e pôr aí empós com mais ou menos criatividade.

No fundo, a mesmice de sempre.

Com o que, elege-se o Ciro Gomes, vocês vão ver porque a oposição vai deitar e rolar em cima do FHC..

Na verdade a coisa é séria porque o que estava sustentado a dívida interna eram os investimentos estrangeiros que se mandaram com a quedas das bolsas e conseqüente aumento de juros lá pôr Hong Kong.

Eu sempre achei que, depois do México, a nossa legislação para capitais especulativos fosse mais restritiva mas, pelo jeito não é.

Também sempre defendi a tese que o Ministro da Fazenda –  numa conjuntura como a atual de mercado de capitais em nível mundial e cheio de picaretas de altíssimo bordo – deveria ser o Naji Nahas e não estou brincando.

Garanto como os especuladores não iriam ter condições de dar o tombo que deram nas bolsas brasileiras se o Nahas estivesse controlando a caixa.

Infelizmente o assunto é muito sério e ao babacas acadêmicos que ora nos governam marcharam e perderam um bocado de grana.

Espero ao menos que tenham aprendido.

Acho bom a gente plantar nossas couvezinhas, comê-las, mandar o que sobrar para o Mercosul e esquecer esta história de primeiro mundo, economia emergente, os escambáu.

No fim, somos  mesmo uns cucarachas igenuos e românticos e sempre prontos a cair no conto e no canto dos vigários.

Temos pauleira pela frente.

O Brizola já deve estar babando na gravata.

Nunca esquecer que o FHC não tem o menor apoio nas FFAA e qualquer coisa agora pode ser pretexto para uma mudança drástica.

O negócio da privatização da Vale pegou muito mal e pode ser o estopim.

Qualquer coisa que o governo fizer daqui para frente na área de privatizacões pode ser o estopim.

Acabou de chegar o Angelo e vou parar pôr aqui.

 

Segunda-feira, 17 de novembro de 1997, 20:53, tempo enfarruscando.

Semana passada não compareci mais P6or preguiça do que qualquer outro motivo.

Ontem o Bolão fez o exame da AMRIGS e, obviamente saiu-se muito mal.

Deve ter tirado uns nove e meio…

Ontem o Tergolina seguiu para a Italia.

A novidade pôr lá é um cachorrinho Rothweiler que eles compraram: é muito bonitinho e atarracado.

Acho que está muito gordo e recomendei a Isinha que não deixe a gurisada embuchá-lo.

Os guris da Patrícia ficaram aqui o fim de semana para ela trabalhar na tese.

O Carlos foi para alla ver como andam as plantações. Voltou hoje de madrugada.

Ontem, quando fomos levar a turma para casa, o povo quis jantar no Mac;

é impressionante o número de pessoas que vão lá.

Sempre pensei que este negócio de  franquia do Mac desse prejuízo mas, não é bem assim: com aquela quantidade de gente, as porcarias que vendem e o preço que cobram, certamente é lucro certo e grande.

Também neste fim de semana, nossos representantes no Campeonato Brasileiro entraram bem: o Juventude perdeu para o Vasco e o Inter para o Parmeira.

Ontem montamos a árvore de natal, penso até que mais cedo do que o ano passado.

Ainda falta os guris colocarem os enfeites mas o básico está pronto.

Este anos estamos com um dilema: há pedidos do Governo para economizar energia e, paralelamente um grande estímulo do próprio Governo para que as pessoas enfeitem suas casas com luzes natalinas…

Difícil de entender.

Estou completando três semanas sem fumar o que não tem sido muito difícil.

O importante é lembrar que aquela vontade braba de fumar só dura cinco minutos e se o personagem aguentar, some e vai ficando cada vez menos intensa e mais espaçada.

Em compensação já engordei uns três quilos.

Quando chegar nos cento e trinta, tomarei uma atitude…

Sexta feira passada jogamos no Rolla e ganhamos uns bons setenta pilas; o Vares ficou tão chateado que chegou a perder a elegância num determinado lance com a Heloisa.

Como conheço o meu eleitorado, acho que irá se desculpar.

Amanhã eleições na OAB e vou votar em branco porque os candidatos são abaixo da crítica: dois são formados pela Unisinos o que encerra o assunto.

O outro é advogado de imobiliária.

É isto aí.

Boas noites.

 

Sábado, 22 de novembro de 1997, 18:38, tempo muito bom.

Mais uma semana sem comparecer; estou ficando preguiçoso.

A novidade é que o Bolão passou no HMPA e no Conceição.

Ficou meio sem jeito porque segundo suas previsões havia rodado e feio.

Bem, velhos temas.

Patrícia foi para São Paulo e deve retornar amanhã.

O escritório está ficando muito movimentado e já começa a complicar.

Mas, junto vem a grana que no fim do ano é muito necessária.

Neste momento Heloisa, D. Alda e Virgínia estão num chá de vendas na Isinha.

Diz a Isinha que não está conseguindo atender os pedidos dos artigos do seu laboratório.

Ela agora conseguiu uma excelente vendedora.

Foi assim que a Avon começou.

O João trouxe a placa de desenho para ser utilizada no Paint Brush mas, ao que tudo indica, está pifada.

Vai ter que trocar.

Se funcionar é uma beleza. Destina-se ao Angelo que deve fazer trabalhos muito bons com um equipamento assim.

Vamos torcer para que haja outro: era o último.

Hoje os boloral jogam contra o Atlético, no Beira Rio: se perderem, adios muchachos.

Boas noites.

 

Terça-feira, 25 de novembro de 1997, tempo ótimo.

Hoje teremos o jantar do pessoal do Anchieta turma de 47 e vamos lá prestigiá-los.

Somos de 44 mas eles são da nossa turma de ginásio.

Meio século.

No mais tudo tranqüilo.

Ontem o Angelo veio pousar e presumo que estudar Português.

Bolão continua estudando para as provas.

Ontem perdeu pôr forfait uma prova no HGV.

O escritório vai indo, eu é que ando meio down.

Inegavelmente este foi um ano meio gozado, principalmente pela história do tendào que aliás continua; quem acha que fica totalmente recuperado de um tareco destes, está totalmente enganado.

A diferença é que eu agora estou me resolvendo a colocar esta porcaria no seu devido lugar e começar a caminhar com ou sem desconforto.

Hoje já saí de sapato de sola de couro.

O povo de um modo geral vai bem; Virginia com o que se supõe seja uma bursite.

As obras caminhando com o Ledi.

Ainda faltam muitas coisinhas para arrumar mas creio que no fim da semana que vem estará tudo nos eixos ou muito próximo disto.

Nada de fundamental.

Neste fim de semana teremos o aniversário do Henrique e no seqüente, o da Saara.

Quero ver se na semana que vem vou para o Imbé para dar uma primeira ajeitada na piscina e outras coisinhas mais.

Também encerrarei o registro do ano no inicio de dezembro para que possa imprimir e encadernar antes do Natal.

Como os caras da encadernação entraram naquela de prometer e desaparecer, não garanto; de qualquer forma, poderemos utilizar o material do João para encadernar.

Vai ficar diferente mas é bom.

Pôr hoje é só.

Enfrentemos as múmias jesuítas!

 

Segunda-feira, 1 de dezembro de 1997, 22;18, tempo enfarruscado.

E assim chegamos ao último mês do ano.

A grande novidade da semana foi o concerto do Carreras nas ruinas de São Miguel.

Um encontro de ruínas porque o Carreras é bananeira que já deu cacho, sejamos vulgares.

O mais interessante de tudo foram umas entrevistas feitas pela RBS com nativos da região.

Perguntado se conhecia o Carreras, um do povo respondeu:

– Este não, mas o outro eu conheço…

– O senhor quer dizer o Pavarotti?

– Não, não! o Beto Carrero.

Então tá.

Liege veio no fim de semana e já retornou a Pelotas junto com o Bolão.

Foram hoje porque amanhã é a formatura do Chico.

Heloisa perguntou ao Bolão se ele não achava ridículo o Chico festejar formatura mas ele achou que não e que inclusive tinha o dever de estar lá.

Pos é!

O Bolão está aguardando resultado das entrevistas para residências.

Estivemos de tarde na Isinha para instalar a mesa de desenhos do Angelo mas não foi possível porque faltou um adaptador.

Amanhã o João irá até lá se tiver tempo.

É o presente de natal do Ângelo.

O Pingo apareceu de tardezinha porque estava na Frau.

Está meio desleixado o Pingo, barbudo pé no chão, estes babados..

O cachorrinho está cada dia mais forte; vai dar trabalho quando adulto.

Os guris da Patrícia passaram a tarde aqui mas não havia ninguém.

Mesmo assim parece que eles gostam.

Penso que na semana que vem já estarão de férias.

Pretendemos ir quinta feira para o Imbé onde irei trabalhar para deixar a piscina em condições de ser limpa.

Se eu tivesse aquele produto que a Eda trouxe dos USA, seria uma barbada.

Ao que tudo indica, sexta feira não haverá jogo porque estaremos na praia, as gêmeas em Rivera e os Vares se recuperando de um rotorooter que irá fazer na quinta feira.

Ontem, em poucos minutos, dei as primeiras noções ao Alemão Henrique de como jogar free cell; pouco tempo depois ele já estava conseguindo resolver um jogo completo.

É medonho o Alemão.

Fizemos churrasco ontem e o povo veio para sortear amigo secreto.

Convidamos também a Eda e o Rolla que vieram com o Carlos, neto deles.

O Rolla anda bastante perturbado com a história do retorno da Vanessa.

Penso que se a pressão aumentar ele entra em parafuso.

Decidi que hoje será o último dia de registro/97. Reconheço que o trabalho deste ano está fraquinho ede leitura muito maçante.

Já não se escreve mais como antigamente.

Volto na semana que vem com novo título.

Boas festas!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Diário 98

Segunda-feira, 8 de dezembro de 1997.

 

Inicia aqui o Diário 98.

Amanhã, se tudo correr com a tranqüilidade esperada, começa a impressão do Diário 97.

Ontem a mãe baixou ao hospital porque estava se sentido mal e o Bolam verificou que era uma baita infeção urinária, sem tratamento.

Está no Ernesto Dornelles.

Outro que carunchou foi o Vares que deve fazer safenas na quarta feira.

Estivemos no Imbé e estava muito bom: a grande novidade é o Julio que agora opera um caldo de cana e outras cositas  bem ao lado do Parque Tupi.

O ponto é ótimo.

Já deixamos pronta a instalação de entrada do telefone.

Estou meio desconfiado com a tal de empresa que deve instalar a rede.

Como já estou meio velho para levar golpes desse tipo, quem deveria ficar preocupados são eles.

Ainda não consegui clarificar a água da piscina porque a quantidade de algas é incrível!

Bem.

Hoje o Ângelo veio estudar Português, especificamente crase e acentuação de palavras.

Estudamos pelo Help” que, apesar do nome pouco feliz, é um livro excelente.

“Feliz “, p. ex. é uma oxítona terminada em “i”, logo não leva acento!

As oxítonas terminadas em “u “ou “i “não levam acento.

As paroxítonas terminadas em i, r, n, l, u, x, um (uns), ã (ãos) , ps, oo, levam acento.

Vale até uma regra mnemônica.

“Imposto de Renda não, leão ultrajante! Xô.

“Um anão passou ontem “.

Vou telefonar para o Ângelo gravar a regra mnemônica.

Liege veio no fim de semana e fez o molde para meus dentes.

Bolão firme em Gravatai, ( oxítona terminada em ï não leva acento) aguardando resultado das entrevistas para residências.

A gurisada ansiosa aguardando as férias ( todas as proparoxítonas levam acento).

Boas noites.

 

Quarta-feira, 10 de dezembro de 1997, 22:07, calor e sol.

 

A novidade do dia é que a mãe já está recuperada devendo retornar para casa amanhã.

O assunto Bruno resultou em que fiz a petição inicial e mandei hoje para o Rio, aos cuidados da Luciana.

Telefonou o Alemão informando que tivemos sucesso na ação trabalhista em que ele era réu; eu havia feito a defesa pôr aqui.

Usei argumentos muito interessantes.

Ainda bem que colaram.

Qualquer dia vou ter que me mudar para o Rio para atender a freguesia carioca.

Estou atropelando o petiço para ver se entro em janeiro com a maioria dos processos se não resolvidos, bem encaminhados.

O João pediu para imprimir o Diário 97 numa impressora colorida Epson 500.

Está ficando muito bom mas vai demorar um bocado; não sei se até ao Natal estará tudo encadernado.

O João é perfeccionista mas acontece que as manias dele acabam saindo caras.

No que concerne aos Diários, a minha idéia não é fazer trabalho para a posteridade e sim deixar algum roteiro, um guia que informe quando tal ou qual coisa mais importante aconteceu.

Se algum dia a família produzir um escritor, creio que terá bastantes referências para montar seus enredos.

Também porque, mesmo que eu não seja particularmente chegado a descrições, alguma coisa fica dos costumes da época.

No que concerne às reformas anuais da casa, estamos chegando ao fim e creio que ela está em forma, bem conservada.

Pelo menos até o inverno que vem.

Hoje fiquei sabendo que na Tristeza está à venda uma ninhada de São Bernardo e estou louco para dar uma olhada.

Sempre quis ter um São Bernardo e pode ser a chance.

O tumulto dos mais participantes vai ser grande se eu aparecer pôr aqui com um filhote.

Acabo de saber que o Ângelo saiu muito bem na prova de Português e que na quarta feira da semana que vem vai ter prova de Matemática.

O Bolão passou muito bem em Pelotas e agora está naquele dilema que assola a vida de muitos médicos: fica no interior ou vem para a cidade grande?

Um dos maiores livros da década de quarenta, “A Cidadela “de  A . J. Cronin, versava o tema.

Mas, há outros, inúmeros outros.

Agora temos mais um.

Vares baixou hoje, amanhã é preparado e sexta operado.

Esperemos que tudo dê certo: o povo acha que cirurgia de colocação de safena é uma barbada mas não é bem assim.

O único cara que comentou o assunto de modo honesto, foi o Figueiredo: quando ele voltou dos USA disse que não era mais o mesmo homem, que estava medroso porque a operação fora como se tivesse passado um trator pôr cima dele, uma sensação horrível que ele nunca mais queria sentir.

O Joaquim também não achou barbada mas ficou no médio.

Falar nisto preciso saber como está depois do rotorooter.

No que concerne à Política, começam a aparecer os primeiros frutos das ações do governo federal e estadual: hoje o FHC inaugurou a famosa ponte de São Borja e a extensão da linha do Trensurb até a Unisinos.

A CUT e o pessoal da Jussara Cony ( inclusive ela) ensaiaram uma vaia e um protesto mas estavam com a banda podre porque vaiar uma inauguração de extensão de linha de metrô é burrice imensurável.

Li uma crônica dum PT metendo o pau na inauguração e dizendo que a obra não tina mérito porque demorara demais.

Bem se vê que o idiota nunca esteve metido em desapropriação de propriedades em zona urbana.

Os PT e associados vão começar a enfrentar uma correnteza brabíssima e enrolados em palas daqueles maiores que uma barraca.

A partir de março, as privatizações, as obras novas, as reformas da Constituição começam a frutificar e vai ser impossível inventar argumentos para eleger o Lula ou o Olívio.

Até a prefeitura de Porto Alegre o PT perde na próxima.

Amanhã irei buscar os azulejos que ainda faltam para o banheiro das domésticas e para o nosso boxe.

Creio que também irei comprar um peru no Makro.

Talvez tenha que levar a mãe para casa e, se houver tempo, ver a ninhada dos São Bernardo.

Heloísa acaba de chegar da festa de Natal do Americano.

Hoje era dia da aula de pintura dos guris mas não pude vir cedo.

Não sei se eles vieram mas penso que não.

Então boas notes.

 

Quinta-feira, 11 de dezembro de 1997, 22:06, tempo muito quente.

 

Hoje a mãe deveria ter deixado o hospital mas como a médica não apareceu à tarde para dar alta, fica até amanhã de manhã.

Estamos imprimindo a capricho os exemplares do Diário 97.

Está ficando um bom trabalho.

A Patrícia telefonou sobre a tese e seria interessante que também se fizesse uma impressão mais caprichada mas parece que não há tempo.

Ela deve entregar a tese até o dia 14, aproximadamente e sequer está em disquete.

Acabei de instalar também o Real Home Banking.

É bom para se controlar os saldos; às vezes a gente pensa que está com uma baita grana e vai checar está pelado.

Este mês me aconteceu isto.

Hoje foi um dia muito quente e há previsão de chuva para o fim de semana.

Se chegar o produto químico que a Vanessa trouxe para limpar piscinas, talvez eu vá até ao Imbé no fim de semana.

Essa coisa está um pouco vaga porque ontem encontrei o Rolla e a Eda na cidade e, francamente, acho que o Rolla está, de novo, à beira de uma crise.

A história da vinda da Vanessa e, ao que se comenta, sua separação do marido, desestabiliza o Rolla perigosamente.

Encontrei também o Rotta que já está de volta do Equador; ficou de aparecer para contar as novidades.

Se a gente for bem honesto, terá de admitir que não sabe nada a respeito do Equador.

O pouco que sei, pode ser até conversa de bar; diz-se que a principal ocupação pôr lá é procurar tumbas pré – colombianas para saquear o ouro e as esmeraldas.

Uma velha história já conhecida há milênios no Egito.

Penso que as culturas pré – colombianas daquela região era singularíssimas e os Incas mantinham ali entrepostos importantes.

Em suma, não sei nada deste nosso vizinho; e ainda falamos do Chirac que

pensa que o FHC é presidente do México.

Se eu fosse o FHC , teria estabelecido o seguinte diálogo:

– O senhor é presidente de Portugal?

– Não, porque?

– Pela sua declaração, pensei que fosse! Desculpe-me Tatcher!!!

Mataria dois coelhos com uma só cajadada, metáfora bastante burra esta.

Será metáfora? Acho que não que é uma outra figura gramatical, de nome

gozadíssimo.

Vou descobrir, me aguardem.

Bem.

Fazendo uma faxina, reencontrei velhos textos que escrevi em Cachoeira e

que vou reproduzir aos poucos nestes registros.

Ai vai um.

PIJAMA DE BOLINHAS.

É preciso dizer-se que esta é uma seção de última hora;

não, evidentemente, do jornal de mesmo nome e que versa sobre o caso

Klieman, mas escrita na última hora.

Geralmente em horas tardias, papel impróprio, letra sonolenta.

Daí algumas impropriedades de linguagem, repetições geralmente.

Não que eu seja contra o pleonasmo, que até em certos casos é uma figura

gramatical – esclareça-se – bem simpática.

Vejamos como exemplo a frase seguinte, ora com o pleonasmo, ora sem ele.

“Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil

” Ou o Brasil acaba com a saúva ou a antes citada acaba com o sobredito”.

Agora imaginem o senhor Washington Luiz de barbicha e fraque afirmando que o supra citado acaba com a sobre dita!

Iria ser de morrer de rir  todo o mundo passaria a criar saúvas só prá chatear.

Amanhã tem mais.

Até que há alguns pijamas muito bons e incrivelmente atuais depois de trinta e cinco anos.

Boas notes

 

Segunda-feira, 15 de dezembro de 1997, 20:36, tempo bom.

Ao que tudo indica, começamos a semana bem: a mãe está melhor, o Vares já saiu da UTI, o tempo refrescou, enfim, as coisas estão normais.

 

Terça-feira, 16 de dezembro de 1997, 16:57, tempo bom.

 

Ontem comecei a fazer registros mas estavam a Eda e a Vanessa e acabei não continuando.

Elas vieram me trazer o produto de limpar piscinas que eu havia pedido à Eda; acontece que o preço nos USA é US!15,99 e eu paguei cerca de US$40,00…

Mas isto é uma velha história, de quase meio século.

Bom cabrito – eu – não berra.

Ainda a Vanessa ficou para comer uma costela que a Heloísa havia preparado para mim.

A Eda queria ir chamar o Alberto para participar da costela mas não deixei; pode parecer meio mesquinho mas tudo tem seu limite.

Está certo que assalte o cofre mas pelo menos respeita a frigider.

Agora de tarde fiquei em casa porque houve um jogo da seleção e também porque o Ângelo estava aqui para estudar; acabou que a Isinha passou e levou-o.

O Brasil ganhou do México pôr 3 x 2. É a Copa da Arábia ou algo assim.

Amanhã se tudo corre bem, os originais do Diário 97 irão para a encadernação que promete aprontá-los para o Natal.

Estou achando que este ano as fofocas de fim de ano estão mais calmas.

Não vejo grandes festas nem confraternizações, coisas deste gênero.

O que está realmente fora do comum é o movimento de camelôs no centro; eu não sabia que depois das seis, a Vigário e a Volunta viram território livre: o que junta de camelô é um negócio incrível e os caras vendem de tudo!

Gostaria de saber como são abastecidos, onde estão os depósitos, como a muamba chega até aqui, enfim a logística deles.

Porque, não há como negar, é embasbacante: duma hora para outra aparecem na rua centenas e até milhares de barraquinhas sortidas com tudo o que se possa imaginar, de roupas a eletrodomésticos.

Não acredito que bagulhos em tal quantidade passem a fronteira via sacoleiros; para mim tem navio nesta jogada.

Estamos mergulhados em bagulhos e os de R$1,99 tomaram conta do campinho: até os camelôs tradicionais estão chiando com a concorrência das lojas de R$1,99.

Enquanto isto, lá na China os coolies estão se matando para nos vender barato.

Acabo de instalar o Real Home Banking que me pareceu muito bom.

Estava fresquinho mas o calor está aumentando violentamente; conforme correrem a s coisas, daremos um pulo no Imbé no fim de semana.

Estou com muita vontade de usar o produto americano; se comportar como na piscina do Rolla, vai ser um sucesso.

Caro, caríssimo mas bom.

É o que veremos.

Tomara que funcione porque a água este ano está com algas demais.

A cidade, de um modo geral está iluminada para o Natal.

As otoridades pediram economia de luz mas a verdade é que depois das 20:30 sobra energia e a iluminação de Natal melhora a receita das usinas geradoras.

Para aqui está confirmada a vinda da Ford para Guaiba.

Creio que com isto e mais umas novidades em matéria de industrias novas, o Galo Missioneiro perde as eleições no primeiro turno.

O Lula será candidato de novo mas está com a crista caída; o tio Brizol agitou, agitou mas no fim a aliança com o PT não saiu porque os caras sabiam eu era tudo jogo de cena do Brezol.

Também porque uma grande maioria no PT acha que no PDT só tem ladrão e corrupto o que é uma injustiça…

Outra que penso está sendo engazupada é a Emília Fernandes: promessas de candidatura ao Governo do Estado, de Vice na chapa do Lula e pôr aí empós.

A malher não tem cacife nem para vereadora de Bossoroca e os pátria sabem disto.

Ela está sendo o que se chama de “boi de piranha “.

O PT vai fazer convenção em março para escolher candidato, basicamente entre o Galo e o Tarso.

Ganha o Galo e aí o Brito se reelege no primeiro turno.

Se o Cachorrão continuar com a brilhante administração que faz, até a prefeitura o PT perde.

Ontem falei com a mãe do Tito e ela me disse que ele se forma este ano e que o meu convite já vem vindo!

Até que o Tito merece mas depende da data: se for em janeiro não penso estar aqui.

Amanhã é a formatura de segundo grau da Manoela e talvez tenhamos que ir.

Parece que me precipitei quando disse que este ano as folias de fim de ano estariam mais calmas.

A Dra. Patrícia, ao que eu sei, reservou vaga em Cosumel no dia 18 de janeiro, justamente o dia em que deve defender tese.

Ou estou enganado ou ela está.

Este ano acho que teremos uma revoada de gaúchos para todos os lados do país porque as passagens aéreas baixaram 50%!

Entre Rio e Bahia, a passagem de avião está mais barata do que a de ônibus leito.

Daqui ao Rio é pouco mais de R$150,00.

Inexoravelmente vamos nos aproximando da Matriz e deve ser isto o que chamam de globalização.

A Vanessa que chegou semana passada de Orlando, disse que não sente diferença nenhuma, que é tudo igual.

Claro que ela morava numa região de  cucarachos onde roía beira de pinico  mas, mesmo assim, há diferenças.

Um dia o povo vai de convencer que viver no Brasil é muito melhor do que nos USA.

A pior raça que existe é emigrante de país pobre: é puxa – saco, subserviente, renega suas origens, adota os piores hábitos dos hospedeiros, perde o amor próprio, aceita trabalho de lacaio e ainda agradece, enfim torna-se um ente ridículo e despersonalizado.

Vale para todos.

O Bolão, há um ano atrás, apareceu aqui em casa com um casal no qual ele era arabatacho e ela Américo – mexicana ou seja, americana filha de pais mexicanos daqueles que furam a cerca em Laredo.

O árabe era um vigarista e a mulher um pontapé nos bagos, uma chata, uma mulatinha ainda fedendo a bugre mas falando e se posicionando como se tivesse nascido na Nova Inglaterra e estudado em Vassari!

Um saco!!!

Se eu tivesse que emigrar, só para a Somália.

Quando falo com estes brasileiros suburbanos que emigraram para os USA e trabalham lá na bomba de gasolina ou no bar do esquina, não fico com pena ao ver o esforço deles para justificar a besteira que fizeram mostrando fotografias do carro de segunda mão, de bonecos de neve, do apartamento alugado no cortiço de New Jersey..

Fico com nojo.

Je veux que s’en fou.

Acho que está na hora de comer qualquer coisa.

Ou o Darwin estava completamente errado e aí os negrão da África e os china da Indonésia acabam pôr dominar o mundo ou ele estava certo e os sub – raça vão para o saco.

Bem.

Uma coisa que eu recomendo é a leitura dos artigos do Roberto Campos na Zero Hora de domingo.

Como não canso de repetir, o cara é simplesmente notável, talvez a maior cuca do Brasil.

Sempre seleciono alguma coisa do que ele escreve e esta semana estou registrando aqui a sua definição de método:

CAPACIDADE DE ORDENAR AS IDEIAS EM NÍVEIS SUCESSIVOS DE ABSTRAÇÃO.

Achei notável a definição porque correta e sucinta.

Como sabemos, Descartes resumiu seu método de resolução de problemas em quatro fases.

Pois bem, se excetuarmos a primeira fase que é o enunciado correto do problema e portanto implícita, as três seguintes estão expressas na definição do Roberto Campos.

COIENSA.

É interessante que em seu artigo ele defende uma tese que eu também defendo há muito tempo e sobre o que já escrevi bastante.

Pôr mais que surjam variantes esdrúxulas, o método cartesiano ( científico, racional, como preferirem ) ainda é o melhor para resolverem-se problemas e a emoção é apenas um defeito que contamina  a decisão.

À semelhança dos livros de regimens alimentares, 500 pôr ano, também agora pululam obras sobre inteligência emocional, primazia da emoção etc.

Até pode mas, para o dia a dia, recomendo Descartes.

Acho que no ano que vem vou reeditar o meu livro sobre Decisão.

Na verdade eu deveria ordenar meu tempo para escrever mais para, pelo menos terminar dois ou três livros que estão pôr aí, inacabados.

De vez em quando releio(-os) e até que estão bem interessantes.

Bem.

Acabo de saber que o Vares está bem melhor só reclamando muito das dores da cirurgia, principalmente do local de onde foram extraídas as veias.

Foi exatamente isto que o Joaquim disse.

Talvez quinta feira a gente dê um pulo no hospital.

Como o Vares nunca foi me visitar quando me operei, estou desobrigado.

Afinal a vida é uma rua de duas mãos.

Amanhã tem o almoço quinzenal com o Amaury que, no momento está super atucanado com a eleição do Inter onde ele é presidente do Conselho.

Registro que ontem, antes de dormir, tomei um copão de suco de laranja e tive uma comichão terrível nos pés e nas pernas.

Uma alergia besta mas bastante chata.

Não é a primeira vez mas só agora relaciono causa e efeito.

Domingo o cara do buteco procurava no guia a rua Sinimbu e não achava; fui ajudá-lo e vi que ele procurava na letra C.

Hoje o João que está ajudando na impressão do Diário 97 reclamou que uma palavra começava com ç!

Eu havia escrito “ça va “.

Então tá, o João sempre ficou depe em Francês no Col. Mil. onde foi aluno do Bertier que encontro todos os domingos na feira.

Vou ver a primeira parte da mini série sobre “Os Sertões “.

Dizem que está muito bem feita. É com o Wilker, Marieta Severo, Paulo Beti, um monte de cobrões. Guten Tag.

 

 

Quinta-feira, 18 de dezembro de 1997, 22:21, tempo bom, quente.

 

Ontem aconteceu a formatura da Manuela, segundo grau.

Os bolicheiros emergentes ou os borgueses decadentes fizeram uma festa como se a gurisada estivesse concluindo doutorado em Harvard.

Após o que,  Viviane ofereceu uma recepção na casa do Pinho.

Estavam lá os pais do namorado da Manuela. Simpáticos.

Bem.

Hoje chegaram Toco e Cia. Heloísa foi no aeroporto e eu fiquei dando aula para o Lucas que acabou de me dizer que saiu bem em Matemática.

Estamos chegando de uma visita à Glória onde fomos ver uma casa que está para alugar; é lá perto da Jacy e penso que deva ser vista de dia porque pareceu-me encaixotada.

Quem aluga é o Leo o que facilita as coisas.

Também levamos os três gatos que haviam sido postos aqui em casa e os soltamos lá perto da Ipiranga.

Já estão bastante grandes e não terão problemas de sobrevivência.

É a segunda vez que alguém põe gatos aqui em casa e se a Marília morasse perto eu diria que era ela.

Estivemos hoje à tarde lá no hospital visitando o Vares que está bem.

Parece que dá alta no sábado.

Está com umas cicatrizes feias, principalmente na perna direita; queixa-se muito da UTI.

Ontem almocei com o Amaury que anda às voltas com a eleição do Inter.

Ficou de aparecer no Vares mas acho que não irá.

Amanhã desejo ir para o Imbé porque quero limpar a piscina.

O produto que comprei do Rolla é só algicida; o que a Eda me mostrou era algicida e coagulante.

Assim que devo experimentar para ver como funciona.

Se eu não for bem sucedido, contrato o Joel para a primeira limpeza.

Daqui a pouco começa o penúltimo capítulo da série sobre Canudos e como pretendo vê-lo, me despeço.

Informando que segunda feira o Diário 97 já estará encadernado.

Já são três volumes que, com mais “Os Mouras”, perfazem cinco volumes.

Não é uma alentada obra mas se somarmos os outros que andam pôr aí aguardando oportunidade para serem organizados, vai a uns dez livros.

Boas noites.

 

Domingo, 21 de dezembro de 1997, 22:32, stormy weather.

 

Conforme previsto, fomos sexta feira para o Imbé e retornamos hoje.

O tempo lá estava muito bom, em ritmo de verão com El Niño: sol durante a manhã e toró à tarde.

Ontem, depois do toró, deviam ser umas dezenove horas, fomos agradavelmente surpreendidos pôr uma paisagem maravilhosa: um arco íris duplo, sobre o mar; a casa do Maomé e as outras da Alameda das Acácias, estavam iluminadas pelo sol do poente, as árvores molhadas e os arco íris no céu negro sobre o mar, criavam uma paisagem maravilhosa.

O Vita estava sentado conosco no avarandado e também declarou que aquela fora a coisa mais linda que jamais vira em sua vida.

Em termos de paisagem com arco íris, é claro.

Passamos preparando o veraneio, fizemos um pequeno rancho, instalamos o Micro Ondas e limpamos a piscina.

O tal produto americano é uma porcaria, um algicida comum, talvez até mais fraco do que os nossos.

Voltamos cedo para assistir Vasco e Palmeiras mas, chegando aqui, faltou luz que só voltou a pouco.

Bolão ficou em POA.

Neste momento chove ou pelo menos, troveja bastante.

Quando cheguei, telefonei para o Hospital de Clínicas, quarto do Vares e atendeu uma senhora que não a Maria Heloísa o que me fez pensar que o Vares já estava em casa.

Não está, está na UTI!

Esperemos que se recupere.

Hoje seria o aniversário do seu Mário e é o da Lúcia que não foi encontrada em sua residência.

Com o calor do Rio – hoje de tarde estava 42º C no Maracanã – devem ter ido para Camboinhas.

Lá pelo Imbé, deixamos tudo bem exceto a fechadura do galpão que estragou na hora em que fui fechar para vir embora.

O Júlio lavou os beirais e oitões o que deve ser feito todos os anos.

Ele continua firme com o Moinho de Cana, nome até bem sugestivo.

Amanhã começam os preparativos de Natal e devo comprar um peru inteiro e um peito, E, o lava – jato para os Barrios.

Talvez algumas champanhas para o bowle.

O bowle que faço leva só champanha e frutas em compota.

Amanhã também é dia de comprar moranguinhos e pêssegos para a salada de frutas.

E, é isto aí.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 22 de dezembro de 1997, 21:46, toró.

 

Estamos segundo e conforme o tempo de El Niño: sol de manhã e toró à noite.

Faz lembrar o verão de 95.

Ainda não consegui notícias concretas sobre o que realmente aconteceu com o Vares.

Parece que ainda está na UTI.

Amanhã talvez eu passe no Hospital.

Hoje comprei o lava a jato dos Barrios e o duro foi transportá-lo da Arapuã até a garagem.

O bagulho deve pesar uns vinte quilos.

Depois fomos ao super mercado e compramos o necessário para a ceia de Natal. Claro que ainda irão aparecer esquecimentos de última hora mas, o básico está comprado.

O peru é de oito quilos e esperemos que a Alba saiba assá-lo.

Os guris da Patrícia vieram aqui para casa de tarde e depois chegou a própria, extremamente mal humorada.

Acontece que a Patrícia teve cinco anos para preparar a sua tese de doutorado e não deu a atenção que deveria uma vez que é bolsista o CNPQ.

Agora as coisas atropelaram e logo surgem as racionalizações: os culpados são os brasileiros com o que estou de pleno acordo, a começar pela doutora.

Começar e terminar!

Durante o fim de semana estivemos sem energia no Rio Grande do Sul e só hoje as coisas regularizaram mas, continuamos sem água.

Esperemos que durante a noite encham a caixa da esquina.

Ontem estivemos conversando sobre o dilema do Bolão mas ao que tudo indica, não existe dilema.

Acontece que ele pensava que havia sido aprovado para residência em Pelotas mas, consta que não, que ficou na quinta suplência. Foi um erro de informação da Liege e para a Liege.

Neste caso, o negócio é mesmo o Conceição.

Não vai ser fácil para eles, principalmente no que concerne ao lado econômico da coisa.

De qualquer forma é um caminho que todos percorremos; na verdade eu sempre quis amenizar a coisa para os filhos mas o Bolão, na época devida, escolheu o caminho que lhe pareceu melhor.

Agora já fica mais difícil para mim ajudar de modo que não hajam problemas financeiros. Afinal, admitamos, estou velho.

Vamos ver.

O que tem sido notícia são as atividades sociais da Manoela; ontem foi o aniversário dela, com festinha.

Ante ontem , a formatura.

Trasontonte, a viajem a Porto Seguro.

E pôr aí empós.

A Mônica está na terra com o resto dos fritz.

Acho que já foram  para Torres.

Não demora muito e a Mônica já não mais poderá vir no fim do ano.

Aí, nas férias de verão deles, vão querer muito sol, o que não é o caso do Rio Grande véio em agosto.

C ‘est la vie.

Acabei de falar com o Ângelo que obteve notas excelentes nas provas.

O Ângelo é bom estudante e se retomar a embocadura, ano que vem será sucesso.

Isto eu disse do Pingo e ele realmente havia engrenado; aí surgiu o famoso acidente da Rachel e o último ano do segundo grau do Pingo foi meio tumultuado.

Veremos o que irá acontecer com o Ângelo.

O cachorrinho deles, o Kleber, vai muito bem, engordando e crescendo.

Neste exato momento está despencando um toró regolar.

É o quarto ou quinto de hoje.

Está telefonando a Ilsa Kieling e informa que lá em Florianópolis o tempo está igual: calor e chuva.

Ela está indo para Jurerê amanhã.

Quem está na terra é o Bagé e amanhã vem o Renato: os dois estão se estranhando porque o Eduardo não quer soltar a grana para ele comprar um carro novo.

Um velho tema.

Hoje o Eduardo me procurou e contou a sua versão; amanhã o Renato aparece e conta a dele.

Eu cumprimento a todos e desejo-lhes um feliz Natal, extensivo às excelentíssimas famílias.

Heloísa está vendo o programa da Ebe (?), o Bolão já se recolheu.

Bem, deixa eu dar uma voltinha na ViaRS para ver se há alguma novidade nos processos.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 24 de dezembro de 1997, 20:13, tempo bom.

Como se depreende pela hora, estamos com tudo pronto e aguardando a chegada dos convidados para a ceia de Natal.

Como ainda é dia claro, acho que os participantes ainda demorarão a chegar.

A festa e principalmente a ceia não diverge muito daquelas dos anos anteriores. O clássico peru com sarrabulho, lombinho, saladas miles, mousses diversas etc.

Salada de frutas, sorvetes, bowle; normalmente a Virgínia trás uns negócios diferentes.

O Henrique já está aqui há umas três horas, ajudando a Heloísa.

Fui preparar a filmadora mas as minhas baterias estão todas pifadas;

dá para usar mas aí o operador deve permanecer perto das tomadas.

O João esteve aqui de tarde trazendo uns presentes para mim e Heloísa e, é claro, recebeu os seus.

O Israel também recebeu um presente. Faltou a Raisa mas aí já complica.

Acabou de telefonar a Alda dizendo que irá chegar atrasada.

Liege e Bolão já estão aí.

Glacy foi a primeira a chegar.

A minha próxima atuação é a de Papai Noel. Até lá fico só recebendo os participantes.

Não sei se o Pingo virá mas é razoável prever-se que irá para a casa da Rachel.

A única defecção é a Marília que não virá porque a mãe dela está meio borocochô, andou até baixada em hospital.

Contrariamente ao que previam os catastrofistas de sempre, o comércio não conseguiu agüentar a pressão do consumo e já ontem boa parte das lojas já haviam estourado o estoque.

Foi uma correria terrível.

Ontem estiveram aqui o Leo com a Enilda e o Bagé com a Paulinha, sua filha mais velha.

Muito simpática e bonita a menina.

Depois, com Henrique, Pablo e Diego, fomos jantar no Mama Mia o que, no mínimo, é uma temeridade.

Acontece que a Heloísa há um mês mais ou menos testemunhou contra eles numa ação trabalhista pesada.

Pelo menos uma cuspidinha eles devem dar na comida…

Hoje levantei meio enjoadão mas como tomamos uns uísques ontem, decerto não foi só a comida.

Não consigo tomar mais nada em matéria de bebida de álcool e aí incluo até a cerveja.

É o fim da picada.

Bem, ao que tudo indica vai começar a inana.

Feliz Natal e boas noites.

 

 

 

Quinta-feira, 25 de dezembro de 1997, 20:37, tempo bom.

 

O fato de eu estar registrando “Tempo Bom “significa apenas que, neste momento, não está chovendo porque tem baixado uns torós de arrepiar o cabelo.

Ainda ontem de noite houve um na Zona Norte de Porto Alegre que inundou tudo e até agora ainda não foi totalmente resolvido.

Hoje de manhã  Patrícia, Carlos e os guris vieram almoçar; depois fomos lá na mãe.

Voltamos para casa e eu jantei porque Heloísa está enjoada e com dor de cabeça.

Estamos aguardando o Bolão que deve vir pousar aqui com a sua turma.

Hoje telefonou a Carmem lá de São Domingos.

Ontem foi a vez do povo todo do Rio .

Assim que tudo normal e não me parece que este registro esteja muito diferente daquele do ano passado.

O que é muito bom.

Como amanhã já é sexta feira, não creio que se possa fazer algo; talvez eu dê um pulo no escritório.

Com tão pouco assunto, o melhor é transcrever um

 

PIJAMA DE BOLINHAS.

Em nome dos distintos leitores, lamento não ser comentarista político porque teria muito assunto oriundo da convenção do PTB para escolha do candidato a prefeito.

Desconfio entretanto que o Braz Camilo vai dar um talho em tal e tão suculento matambre.

E eu também que a tentação é demasiada.

Mas, não vou avacalhar nem gozar, nem nada.

Apenas aplaudir a escolha e declarar que a Ala Moça foi mal em achar que os velhos estão superados. É preciso lembra que “mas vale el diablo por viejo do que por diablo “.

Reconheço que os moços são bons meninos, não há como duvidar.

E já é uma grande coisa ser bom menino.

Se não, vocês já imaginaram?

No programa de domingo, o Carequinha e o Fredi iriam reclamar:

_ Elizeu não vai mais fazer pipi na cama. Bom menino não faz pipi na cama…

Também li na reportagem do venenoso colunista aqui do JP que ao término da convenção, alguma matronas baixaram a sombrinha no deputado Barnasque, acusando-o de judas, paspalhão, quinta coluna, mequetrefe e quejandos..

Respeito muito a opinião alheia e principalmente quando o alheio é do sexo oposto, de modo que não vou querer abrir polemica sobre a veracidade dos adjetivos e até faço questão de, pôr cavalheirismo, endossá-los.

Mas gostaria de lembrar às agitadas senhoras de que o deputado Barnasque foi um sonoroso vate criador de inspiradas rimas.

E como tal poderia, suprema vingança, atirar-lhes ao rosto, em meio a uma que outra guarda – chuvada, aqueles ferinos versos:

Serem feias é um defeito

Disto não lhes acusam

Mas serem feias assim deste jeito,

Perdão, as senhoras abusam!

E, chega de política embora para não quebrar o assunto assim sem mais nem menos, deva acompanhar a decisão do PTB e ir pêlos velhos.

Isto é, vou contar umas piadas velhas. Velhas mas boas.

Refiro-me às piadas.

xxxxx.

Devo dizer que transcrevo os “Pijamas “como foram escritos.

Penso que hoje faria algumas melhorias no vernáculo mas penso também que os assuntos da época têm mais valor do que questões de gramática.

Esclareço que o Barnasque poeta era o Clemenciano, um amigo do meu pai e pai do que foi deputado.

Conheci o Clemenciano que morava na Ilha da Pintada onde fui com o pai a um churrasco na casa dele.

Lembro, para gáudio dos conservacionistas que no local havia um saladeiro para couros de jacaré que abundavam no Guaiba daqueles antanhos.

Eram uns jacarés meio michurucas mas, jacarés.

O assunto merece um desenvolvimento maior porque naquele tempo pescava-se muito no Guaiba.

Hoje já não se pesca mais mas penso que seja pôr um fenômeno cultural porque o rio continua o mesmo e nem tão poluído assim.

Acontece que naquele tempo, o mar ficava longe prá burro e a pesca de mar era quase toda artesanal assim que o abastecimento de peixe tinha mesmo que vir do rio.

Talvez pôr isto o porto-alegrense até hoje não consuma peixe porque do rio só saia pintado, jundiá e alguma piava beiçuda, peixes de terceira categoria.

Bem.

O Clemenciano era poeta regionalista e creio ter lido alguns versos dele.

Creio até que ele tinha uns livros publicados mas, não juro.

Um outro dia eu volto com mais detalhes sobre pescarias nos rios que formam o Guaíba.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 26 de dezembro de 1997, 18:02, tempo bom, quente demais.

 

A cidade está calma com muita gente fora, aproveitando um feriadão putativo.

De manhã fui ao centro cortar o cabelo e remeter um documento para o Renato.

O Bolão, que foi ontem de noite para Gravataí, ainda não reapareceu; hospital em fim de ano é fogo.

Heloísa passou o dia de cama como se tivesse de ressaca: ao que tudo indica ela comeu alguma coisa que fez mal mas não consegue lembrar.

O que aliás é a regra em casos de indisposição depois das festas de fim de ano.

Passados alguns dias é que a pessoa vai lembrar do que comeu e fez mal.

Mas, ao que parece indica, já se recuperou.

A gurisada tem telefonado para saber quando vamos para a praia.

Parece que a Virgínia irá este fim de semana; se for aproveito para pedir que ponham cloro e algicida na piscina.

Neste exato momento o tempo está se armando para um toró; estamos neste ciclo que, segundo o Kuhn vai até meados da semana que vem, ou seja, de manhã sol, de tarde um calor de rachar e ao anoitecer um baita toró.

A Zona Norte ainda não se recuperou do último e já estamos na iminência de outro.

Interrompi para receber o Ledi que veio fazer uma visita de Natal.

Daqui a pouco vou ao Mama buscar sopa para Heloísa apesar do risco da cuspida.

O calor continua insuportável e não estou vendo jeito de melhorar: o toró que estava pintando, meio que desapareceu.

Boas noites.

 

Sábado, 27 de dezembro de 1997, 21:20, chuva forte.

Estamos em regime de chuvaradas fortes e notícias do Imbé dizem que tudo está alagado pôr lá.

Hoje telefonou o Ângelo para saber quando vamos decerto porque ficar um tempo conosco enquanto a Isinha não vai; ela está trancada pela recuperação do Lucas. Tergolina somente entrará em férias depois do verão.

O Ângelo contou que um cachorro da vizinhança do Imbé foi se bobear na cerca e o Kleber foi para cima dele. O cachorro fugiu espavorido.

O Kleber promete.

Não parece haver mais dúvidas de que este ano teremos chuvas torrenciais em janeiro e fevereiro.

Talvez o Rio venha a ser uma boa pedida.

Vamos ver.

Acabam de chegar o Bolão, a Liege e as crianças junto com um amigo dele, o Marcelo.

Acho que o pinta é um daqueles fredericões perigosísssimos; entre outras coisas.

Há horas que ele tenta entrar na minha área reservada mas não vai conseguir: passei boa parte de minha vida evitando chatos, tenho curso.

Tenho a impressão que se eu tivesse vivido em tempos ditos bíblicos, certamente não seria um fariseu.

A hipocrisia não é o meu forte.

Hoje falei com a Maria Eloisa e o Vares já está melhor, retornou ao quarto e vai se recuperando lentamente.

Qualquer dia já estará retornando à vida normal, agora mais normal.

Amanhã não temos previsto nenhum bródio, se necessário iremos almoçar fora.

Ou então alguém resolve mudar um pouco de anfitrião e oferecer um almoço.

Como os Barrios estão debaixo de mau tempo, acho difícil.

Quando fiz mestrado em Relações Públicas, aprendi, cientificamente, que as relações humanas, para serem harmônicas, devem ser como uma rua de duas mãos o que acho absolutamente certo.

No concernente, nossas relações familiares não têm uma boa orientação, prevalecendo a cultura de clã, do castelo – maior, do pater familiae etc.

numa clara indicação de cultura ibérico espanhola.

Acho que a vida em família deve ter uma forte componente comunitária, todos cooperando para os objetivos comuns.

Inclusive para incutir nas crianças o senso de comunidade e cidadania.

De modo que todos fiquem sabendo que não concordo muito com as nossas praticas familiares one way.

 

PIJAMA DE BOLINHAS.

Embora particularmente contra as narrativas estupidamente edificantes, devo hoje, com minhas homenagens, contar aqui fatos da vida do Sr. Leonel Brizolla, para que os pais os recontem a seus filhos, como farol e escopo.

Pois, aquele senhor, já formado, governador, atirou-se aos livros e, pés dentro duma bacia cheia de água, para não dormir, atravessava noites estudando Economia, durante quatro anos para então conferir-se, particularmente, o grau em tão difícil ciência.

E, não digam os nativos que é tudo mentira e que o senhor Leonel tem demonstrado entender tanto de Economia quanto um burro de Logaritmos!

Pois então, não ficou provado, na Operação Bacupari, o quanto aprendeu da matéria?

Acham os senhores que qualquer analfabeto tem capacidade para comprar uma fazenda pôr 3 milhões, empenhá-la, reempenhá-la pôr 120 milhões e ainda vender a metade pôr dez bilhões, tudo em três anos?

Sem contar a rede elétrica que a CEEE levou até lá, é claro.

E, de lambugem, fazer Reforma Agrária?

Acham os senhores que tantos proveitos num só saco, meteríamos nós que não somos formados em Economia?

Jamais, jamais!

Pôr isto, repito, narrei esta história edificante.

Que os pais a contem a seus filhos e estes aos seus netos.

De tal modo que, daqui a uns anos, quando um guri destes for à Lua e lá chegando verificar que a lei dos dez bobos para um esperto subsiste em qualquer parte do Cosmos e, em vendo uma fazenda barata à venda, um governo de vigaristas e um bando de trouxas esperançosos, exclame:

– Oh! Que magnifica oportunidade para uma brizolada!!!

XXXXXXXXX

Como vocês podem ver, o tio Briza naqueles idos de 62, 63, dava uma de político nordestino safado e ganhava dinheiro com a Reforma Agrária.

Com o passar do tempo, esta é uma velha história, os ladrões vão acumulando fortuna e com ela compram da dignidade.

Acontece com todos assim que o Brizolla não é exceção o que explica porque o PT não quer saber de ligações com o PDT.

Seria pior do que a aliança que o FHC teve de fazer com o PFL para poder governar.

Creio existir entre os “Pijama” muitos que versam política da época, muito conturbada aliás.

Tão conturbada que desembocou no movimento de 64.

Pôr hoje é só; como eu qualifiquei, o tal fredericão ainda está aí e se alguém, abrir uma frestinha no flanco, dorme no quarto da empregada.

Mas aí entra o boçalão que vos fala.

Boas noites.

 

Sábado, 10 de janeiro de 1998, 01:24, tempo bom.

 

Acabamos de chegar da festa de casamento do Marcelo, filho do Vares com a menina que usa bonés, pessoa encantadora.

A festa foi no Country Club e estava ótima, comme il faut.

A cerimônia religiosa foi na igreja de Sta. Terezinha à 20:00 h.

O noivo, uma novidade em termos de Brasil, estava de casaca.

Para esta festa viemos da praia ontem de noite.

O Ângelo veio conosco.

Ë bom registrar que choveu desde o dia 1º de janeiro até ontem, dia 8.

As fossas  transbordaram, um caos.

 

Virgínia que pretendia ficar até segunda feira dia 05, mandou-se na sexta feira pôr causa, principalmente das fossas que já estavam transbordando.

Mas, é importante frisar, a Helena já prefere ficar em Porto Alegre porque  tem uma turma na Sogipa etc. etc. e tal.

Quando o Milton Dias vendeu a casa dele no Imbé.- e havia toda uma história atrás da casa do Milton – eu não entendi muito bem e fiquei confuso: porque o Milton haveria de querer vender aquela casa tão bonita e tão tradicional na praia?

Uma heresia terrível.

Ressalto que, na época, eu estava voltando aos pagos, lá pôr 1970.

Tudo o que eu queria era criar raízes, criar um passado.

Os anos passaram , lá vão quase trinta anos e devo admitir que verdadeiramente, cada idade tem uma realidade.

Creio que, para os meus filhos, vender a casa do Imbé ainda soa como uma heresia terrível.

Para mim também mas não com a intensidade de vinte anos atrás.

Penso que, com quase setenta anos, já estamos pegando o boné e treinando os ademanes para saudar e sair de cena.

Porque, afinal, como disse um personagem de quem não lembro o nome, desde que vamos inexoravelmente morrer, não interessa o quando mas sim o como.

Toda esta novela para dizer que em nove dias de veraneio ( ? ) tivemos oito de chuva e um de frio.

Pôr ressaltar que os Pfeifer nos convidaram para driblar El Niño, indo passar o verão em Camboinhas.

Só que o referido menor está fazendo acontecer tempestades tão medonhas no Rio que chega-se à conclusão que aqui estamos no Paraíso.

Climático, é claro.

Amanhã pretendemos ir à feira e depois do almoço retornar ao Imbé.

No dia 14 a Patrícia defende tese e pretendo assistir.

Ainda pretendo dizer a ela que aulas são como espetáculos teatrais; que as pessoas que estão assistindo, desejam mais a Duse do que o Rutherford.

Didática é o mesmo que interpretação dramática com um conteúdo específico.

Conteúdo especifico que regula a intensidade da dramaticidade não permitindo que ela atinja as fronteiras do ridículo.

Uma aula é pois, uma representação teatral contida.

E, boas noites.

 

Quarta-feira, 14 de janeiro de 1998, 16:40, tempo nublado.

 

Estou aproveitando um intervalo rápido para registrar que hoje de manhã aconteceu a defesa de tese da Patrícia e que ela saiu-se muito bem, obtendo um A de todos os examinadores.

A cerimônia é emocionante, principalmente na parte final quando a banca atribui o grau ao candidato.

Depois fomos almoçar no Grill do filho do dono da Churrascaria Santo Antônio: continua a mesma droga de sempre.

Vim da praia ontem com os guris e fui direto para a Patrícia para ensaiarmos a apresentação.

O Carlos ficou na advocacia do diabo no que concernia aos conhecimentos técnicos e eu na parte de didática.

Enchemos o saco da Patrícia mas, valeu a pena porque ela fez uma ótima apresentação, cronometrada, clara, falando numa cadência e tom de voz comme il faut.

Conforme já se sabia, o documento da tese deverá ser refeito para ser colocado na forma de Estudo; a Patrícia inventou uma disposição nova para o documento o que foi criticado pela examinadora do Método e com o que eu concordei 100%.

Assistiram a Viviane e a Renata: Virgínia foi mas não conseguiu achar o auditório que era mesmo muito escondido. Isinha não foi porque pensava que o exame não era aberto ao público.

Estava quase cheio o pequeno auditório da Cardiologia do HCPA.

Amanhã os Barrios partem para o México, Cozumel,  via Miami.

Retornam no fim do mês e o Pablo já anunciou que vai direto do aeroporto para o Imbé.

Até lá decerto telefone já deve estar instalado.

No momento estou aguardando o Pinho que vem para uma consulta.

Após o que, pretendo ir para a praia.

Está um calor brabo e tudo indica que termos toró pela frente.

Falei rapidamente ontem com o Bolão que idem estava enroladíssimo com uma aula que deveria ministrar hoje lá no Conceição..

Família de intelectuais.

 

Quinta-feira, 29 de janeiro de 1998, 17:49, tempo nublado.

 

Lembremos que, depois da defesa de tese da Patrícia, fui para a praia no daí quinze, há, portanto duas semanas.

Os Barrios estão chegando daqui a pouco do México, pelo menos esta é a informação da Anna.

Bem, quando cheguei no Imbé, quinta feira passada, a mãe estava baixando ao hospital com problemas cardíacos, mais especificamente um tremendo descompasso de freqüência que variava de 150 a 62!

Ficou três dias no hospital da Ulbra, bastante bom no que concerne a relações humanas e hotelaria.

Deus alta e voltou para casa segunda feira; ontem estava tão bem que a Isinha passou de noite lá pôr casa para dar boas notícias.

Hoje de manhã. Heloisa e eu fomos à feira e depois passamos na Saara para levarmos umas verduras que havia encomendado.

A mãe havia sido levada às pressas para o pronto Socorro do Imbé, com os mesmos sintomas da semana passada!

O médico do Imbé recomendou que a mãe viesse urgente para Porto Alegre e aqui estamos.

De lá mesmo a Saara conseguiu através de suas colegas uma baixa no Divina Providência que parece ser um bom hospital: pelo menos foi o que disse a mãe agora de tarde para a Saara.

Como ela não gostou do Ulbra – e que é bom – este deve realmente ser

muito bom.

Heloisa ficou na praia, Beto e Vânia também.

Viemos, além da mãe e eu, a Saara, o Paulo e o cachorrinho.

Aproveitei para ir ao escritório e adiantar algumas coisas.

Conforme for, retorno amanhã de tarde.

Na praia o tempo anda brabo e choveu praticamente todo o mês de janeiro.

Ontem estava um calorão e subitamente com uma tempestade de vento, o tempo mudou e esfriou.

Com tais mudanças radicais o Ângelo contraiu pneumonia e teve que vir semana passada para consultar um médico.

Já voltou e ao que tudo indica, está recuperado.

Isinha está com os guris na casa nova juntamente com o cachorrinho Conam.

Cito o Conam porque realmente é uma figura popular, todo o mundo que passa lá quer tirar uma casquinha nele.

E é bom que aproveitem agora porque depois de grande vai ficar mais difícil.

Ë um Rott Weiller!

Para que não esqueçamos, registro que nunca vi um cachorro comer tanto e tão ligeiro: é como se passasse um aspirador – potente – no prato!

Cresce e engorda um quilo pôr dia ou mais.

Tem quatro meses e deve pesar uns 20 quilos.

Bem.

A gurisada, inclusive o Pingo, rapou a cabeça.

Decerto, a seguir, o Pablo e o Diego farão o mesmo.

Lá pelo Imbé tenho nadado bastante e caminhado também.

Todas as manhãs, ou quase todas, Heloisa e eu caminhamos pela beira do mar até o fim do Imbé que coincide com a casa da Isinha.

Local onde armou-se um palco ao ar livre para um festival daqueles em que ficam um monte de desajustados no palco, urrando para outros desajustados na platéia.

Deste vez foi a moçoila que senta na garrafa, a Carla Perez e o Gilberto Gil,  ambos baianos, a união da sacanagem com a indolência.

Até hoje, o local está atulhado de sujeira, inclusive dos montes de merda deixados nos cômoros pêlos assistentes do show, gente finíssima.

O governo do Estado, que não tem dinheiro nem para pagar os professores em dia, é quem financia a patifaria toda.

Bem.

O Napoleão e o Joaquim aparecem seguido para o chimarrão; o Vares também está pôr lá, apesar de recém operado.

As gringas aparecem eventualmente para um joguinho de buraco. Casualmente ontem fomos até as três horas.

Hoje levantamos cedo para a feira e logo depois me mandei para cá: confesso que estava dirigindo com bastante sono.

Vou esperar o Bolão e depois jantar no Mama.

Amanhã de manhã marquei umas reuniões no escritório assim que somente poderei ir para o Imbé à tarde e se tudo estiver normal com a mãe.

Acabei de falar com a Virgínia que tem outras informações sobre a chegada dos Barrios: segundo ela, chegam amanhã.

Daqui a pouco saberemos qual a versão correta.

Bem.

Segundo o João, o Bolão alugou a casa da Glória, que está meio baleada mas tem suas vantagens: é perto da Jacy, bastante grande e quem aluga é o Léo.

No plano nacional, a aliança do Lula e do Brizola, sem comentários.

No plano mundial o affaire do Clinton que já está virando gozação:

ontem a Zero Hora publicou uma charge que diz que os americanos estão querendo o Impenishment do Clinton!!!

Mais notícias depois da janta, eu espero.

 

Domingo, 8 de fevereiro de 1998, 17:32, tempo nublado.

 

Estou chegando do Imbé onde estava desde sexta feira.

O tempo continua medonho, chuva e chuva.

Os guris da Patrícia estão pôr lá e vão ficar.

O interessante é que bateu uma miúda no litoral norte e está todo o mundo baleado do aparelho gastro intestinal.

Até agora, ao que se sabe, só o Américo e eu estamos livres do tal andaço que, segundo os atacados, é muito desconfortável, com dores no ventre, desarranjo, inapetência, vômitos etc.

Ocorreu-me agora que, quem sabe, não está aí a origem dos males que no momento afligem a mãe que, entre outras coisas como vômitos e dor na barriga, nega-se a comer.

Daqui a pouco vou dar uma chegada lá para ver como andam as coisas.

Este ano o aniversário da Alda passou sem maiores agitações.

Heloisa voltou para o Imbé na mesma tarde; eu fiquei e fui na sexta feira, dia 6.

Depois de amanhã devo atender uma audiência em Julio de Castilhos.

Espero que as estradas não estejam totalmente destruídas.

Os Tergolinas vão bem, com o Ângelo e o Lucas indo e vindo a todo momento.

Paulo, Virgínia e Helena foram para a praia neste fim de semana mas como ainda estão baleados do mal das tripas, já devem estar na estrada de volta.

Eu saí mais cedo para me livrar do tráfego e foi muito bom, vim tranqüilo como água de poço.

Liege em Pelotas e Bolão, neste momento dormindo, recuperando-se de plantão.

Estava crente que, na semana passada, quando viemos dia 3 para o aniversário da Alda, eu havia feito alguns registros mas verifico que não.

Deve ter sido pôr causa dos jogos do Brasil, às 22:30 h.

Aliás um verdadeiro fiasco, dois empates com Guatemala e  Honduras ou algo assim; hoje jogam contra El Salvador e se perderem, o Zagalo cai.

Quando vinha vindo do Imbé, ouvi uma entrevista dele no rádio e percebe-se nitidamente que está totalmente perdido quem sabe até senil.

Exemplo: estamos sem beque e ele vai improvisar um babaca qualquer.

Disse, entre outras coisas o seguinte:

– Eu nem sabia que ele até já havia jogado de zagueiro….

– Agora tu vês: o cara nunca me disse que já jogara de zagueiro!

– Sacanagem pô! Como é que eu vou saber se não me dizem?

Como se depreende, está mais do que na hora do Zagalo solicitar o boné antes que lho ofereçam.

Se a seleção empatar ou perder hoje, a casa cai.

Estão disputando a Copa de Ouro em que pontificam as seleções do México e a dos USA….

Era para ser um passeio e um caça níquel mas pelo jeito vai acabar mal.

Vou dar um pulo na mãe e prossigo na volta.

 

Segunda-feira, 9 de fevereiro de 1998, 23:32, chuva e chuva.

 

Um dia sem maiores novidades; de manhã fui para o escritório, recebi o INPS, paguei contas, fui no Zafari comprar mantimentos e vim para casa às 16:30, justamente quando começou um toró que ainda não acabou.

Já falei com a Saara, Virgínia e Carlos: tudo normal.

Não consigo ligar para a Heloisa: o tal celular do Bolão é mais frio do que nariz de pingüim se é que os ditos os têm.

Amanhã de manhã vou para Júlio de Castilhos, lugar que não conheço.

Estou tentando me lembrar de como era o nome original mas não consigo.

Hoje experimentei asar um bife de chorizo na pedra que o Tergolina nos deu de Natal.

O negócio funciona bem e deve ser interessante usá-la para fazer um monte de bife de chapa ou qualquer coisa que se asse na chapa sem

óleo.

Tortillas pôr exemplo; ou tacos.

Como jamais farei tacos ou tortillas, o exemplo é totalmente descabido.

Bolão hoje está de plantão.

Terminei de pagar as prestações da caminhonete dele. Dia 23 estará pronta a liberação.

Bem.

Acho que a Heloisa está se mantendo no Imbé só pôr causa dos guris que não querem vir de jeito nenhum.

Porque aquilo lá está brabo, tudo inundado, terreno molhado, embarrado, um saco.

E, nada indica que vá melhorar: as previsões desta semana são de chuva e chuva.

Já se fala que nem mesmo março será razoável.

El Niño ou Él Niño como dizem os cariocas está incomodando mais do que o esperado.

Ontem ouvi uma discussão sobre o Él dos cariocas, da impossibilidade de falarem o E fechado em El, Bolero etc.

Um parceiro defendia a tese que eles simplesmente não sabem pronunciar o E fechado o que não é verdade, há muitas palavras em Português que se pronunciam com E fechado.

Ë Rio de Janeiro e não Rio de Janéro.

Agora vejamos: em Português existe o E fechado e aberto; em Espanhol, somente o E fechado.
Parece então perfeitamente lógico e bem educado que pronunciemos as palavras espanholas como eles o fazem.

Para mim é um ponta pé nas partes ouvir aquele chato do Galvão Bueno falar Él Salvador, Él Niño etc.

Com o que me despeço porque já é tarde e amanhã devo levantar cedo.

Boas notes e na próxima irei registrar uma musica que os mexicanos cantam antes de ir para a cama. No momento não lembro.

 

Terça-feira, 10 de fevereiro de 1998, 22:20, tempo bom, lua cheia.

 

Estou retornando de Julio de Castilhos uma cidade semi-serrana, na subida do planalto central riograndense.

Havia cerração as duas horas da tarde e fazia frio.

Entre Santa Maria e Julio etc. há uma vila balnearia que imita Gramado.

É um cenário inesperado naqueles cafundós e realmente surpreende.

O caminho para lá é: São Sepé, Santa Maria, Júlio, bem longinho.

Tive o prazer de rever São Sepé e lembrar episódios mineiros.

Bons tempos, cheios de empolgação e esperanças.

Muito divertido.

Resumindo, o caminho pôr baixo para Júlio, via São Sepé é muito interessante, como se você saísse de um mundo e entrasse noutro completamente diferente.

A estrada cheíssima de marcela ainda verde.

Como a próxima audiência será em 10 de abril, poderemos colher montes de marcelas maduras.

Como no tempo da mineração.

Bem.

Fomos numa Fiat Week End – igual aquela que enterrou o Collor- que comportou-se muito bem.

Estrada boa. Alguns buracos entre Santa Maria e Júlio.

O mais gozado é que em pleno mato, um deserto brabo, a estrada está coalhada de sonorizadores e quebra molas.

Deve ser para acordar alguma vaca perdida porque gente não tem.

E, é isto aí.

Hoje jogam Brasil e USA, às duas da matina.

Não sei se vai dar para esperar porque estou meio cansado da viajem: afinal foram quase oitocentos quilômetros. E uma audiência.

Heloísa não telefonou e nós daqui não conseguimos ligar para o tal telefone do Bolão.

Deve estar tudo bem.

Hoje o tempo deve ter melhorado pôr lá.

Buenas noches.

 

Terça-feira, 17 de fevereiro de 1998, 22:28h. tempo bom, fresco.

 

Cheguei do Imbé hoje de manhã; ficaram lá em casa os guris da Isinha e o Henrique.

Não esquecer o cachorrinho Rot Weiller que dá mais trabalho do que toda a turma junta.

É um animal belíssimo e decerto quando adulto será um campeão.

Os Rot Weiller eram usados pêlos habitantes da Galia para o pastoreio de gado vacum. Os primeiros a darem notícias da raça foram os romanos de Júlio Cessar.

Pelo menos foi o que eu li mas não garanto que a notícia seja verdadeira.

Vou pesquisar na Quillet.

Sábado festejou-se o aniversário do Pablo que foi quase interrompido pôr uma explosão no forno do fogão.

A Heloisa estava defronte ao forno mas escapou sem sequer um arranhão!

A causa foi gás acumulado no forno, o que é comum quando o fogão tem acendedor automático: a pessoa tenta acender algumas vezes e quando consegue, o forno já está cheio de gás e explode.

No domingo, o Pablo que passara o sábado em Atlanta, resolveu retornar para Porto Alegre e daí o Diego veio junto.

Durou pouco a idéia do Pablo de se aposentar e ir morar no Imbé.

Hoje a Heloisa telefonou de lá para que eu orientasse o cara que deveria trocar o registro da piscina mas  senti que ele não vai fazer nada.

No fim, convoco o Beto e fazemos a operação.

Quando levantamos hoje a Heloisa procurou a sua bicicleta e nada!

Fui acusado pelo roubo (?) porque dissera a ela que os guris guardariam a bicicleta.

Na verdade a acusação não resistiria a um raciocínio lógico porque:

  1. A bicicleta não é minha, logo não me cabe guardá-la.
  2. Nunca usei a bicicleta, logo não teria interesse em furtá-la.
  3. Não furtei a bicicleta.

Seria mais razoável acusar-se aos descuidistas do que a mim.

Felizmente a bicicleta apareceu. Velho tema.

Hoje almocei com o Amaury lá no Nova Brescia.

O Soares está em plena forma, saindo de uma festa porrada para outra.

Ontem ele participou de um clube de cozinheiros do qual faz parte.

E hoje mandou brasa na cerveja. E comeu bem.

Eu já não consigo mais tais proezas: se abuso numa refeição, e moderadamente, só me recupero em 24 horas.

Hoje na janta só comi um bauru e assim mesmo porque o Bolão foi buscar para ele e para o Edú ( um eletricista lá de Pelotas que está refazendo a instalação elétrica da casa que o Bolão alugou), e me trouxe um lá do Trianon.

Na verdade, apesar da fama, é um bauru mixuruco.

O povo precisava ver o que era um sanduíche de filé lá do restaurante Tribuno( Restaurante que ficava na Riachuelo, no prédio do GBOEx).

Não sei se ainda fazem e nem mesmo sei se o Tribuno ainda existe mas era inesquecível o tal sanduíche de filé.

Caro mas bom.

Eu comia um sanduíche, tomava um copo de suco de laranja, meio bule de café preto forte e depois um bom cigarrinho.

A glória!

No momento estou sem fumar há uns bons quatro meses principalmente porque já não tenho mais coragem para fumar.
Coisa funciona mais ou menos assim: na medida em que você fica velho, vai perdendo a coragem de correr riscos, fica naturalmente mais deprimido.

Se você fizer qualquer excesso, acresce mais um sentimento negativo e aí fica down mesmo.

E, mesmo tendo consciência disto, você não consegue anular o negativismo.

Então o jeito é não fumar, não beber, adotar idéias moderadas, ser politicamente correto, comparecer a todos os enterros e missas de sétimo dia, não mandar ninguém à puta que pariu, não engordar, enfim, afundar na mediocridade de modo definitivo.

Essa é a minha visão boa da velhice.

O gozado é que a velhice chega de soco: quando se vê, a musculatura das pernas não obedecem mais, você não consegue mais correr, a sua cara incha, o pescoço pregueia e, principalmente, você começa a ficar cauteloso.

A medida do prazer passa a ser bem menor do que a do risco e o cara fica vendo televisão, sentado na poltrona.

Como estou meio acadelado, tento passar o que acontece quando o velhinho toma duas cervejas no almoço.

Parece mentira mas é isto aí: duas cervejas, um monte.

Como diz o Jó: na nossa idade, comprar leite é uma aventura!

Telefonou a Lu para dar notícias de como vão as coisas lá pelo Rio: ela se forma depois da manhã.

Em seguida faz exame para a OAB e já está montando escritório.

Tudo isto em pleno carnaval e em meio às chuvas que este ano estão acabando com o Rio.

Um sufoco.

Tenho que escrever para ela sobre as dificuldades do início de carreira de profissional liberal.

A Cláudia está grávida. Também irá receber uma carta. A Silvia, que está de aniversário dia 24, ídem.

Amanhã, portanto, é dia de escrever cartas.

Antes de ir dormir devo dizer que domingo a Alda apareceu lá pelo Imbé junto com o Paulo. Foram depois para Xangrila atrás do Luisinho mas não acharam.

A mãe foi sexta feira passada para a praia e até ontem estava muito bem, apenas sem apetite.

O Beto está lá.

O nosso telefone ainda não foi instalado.

Nessa área, pode-se esperar de tudo. A picaretagem tanto pública como privada, impera.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 18 de fevereiro de 1998, 23:15, tempo regolar.

 

Passei o dia no escritório e depois fui ao Zaffari e vim para casa comer alguma coisa e ver televisão, escrever etc.

Encontrei Paulo e Helena no Super.

Isinha deve ter retornado hoje para o Imbé.

Sem notícias dos Barrios que devem estar com a visita da Helena Maria.

Bolão, de plantão.

Ao que tudo indica, os guris vêm no fim de semana e a Liege retorna pra fazer a mudança.

Quero ver o Zé ficar sozinho, sem a Liege.

Os assuntos jurídicos estão esquentando e a verdade é que você estando no escritório, as coisas aparecem.

Entramos na última semana de veraneio e o tempo continua brabo.

Parece que só para de chover em maio!!!

Ainda hoje saiu um artigo na Time sobre a história de El Niño.

Há registros do tempo dos ximus e afirma-se que a destruição da civilização deles, deve-se ao El Niño.

Como sabemos os ximus viviam na costa do Pacifico e suas cidades – de tijolos –  eram irrigadas pelas águas que vinham dos Andes.

Era uma civilização muito adiantada e rica mas não resistiu aos furores do El Niño.

Acho que esta Time traz o mais completo estudo sobre El Niño de que se tem notícias.

É A DO DIA 16 DE FEVEREIRO DE 1998!

Sempre achei que a Time deveria publicar um índice de assuntos a cada fim de ano.

Como eles não fazem, eu agora passarei a registrar aqui os artigos fundamentais.

O mais interessante é que eu li sobre a destruição da civilização ximu e agora não consigo encontrar!

O parceiro que escreveu o artigo afirma inclusive que um túmulo ximu era mais rico do que o do Tutancamon!

Sonho não foi porque eu sabia do tal túmulo.

Será que foi na Zero Hora? Acho muito dificultoso.

Descobrirei e voltarei para informar.

Amanhã. Boas notes.

 

Terça-feira, 3 de março de 1998, 21:04, tempo ótimo.

Chegou março, ferias over, tempo ótimo.

Então tá.

O negócio do Tutankamon eu li nas Seleções.

Cheguei domingo da praia; Heloisa ficou e, pelo que me diz nos telefonemas está gostando e aproveitando muito.

De vez em quando é bom tirar umas férias completamente sem obrigações.

Aqui, o Bolão desapareceu!

Ao que tudo indica está arrumando a mudança na casa nova.

Mas penso que poderia dar um alo.

“alo ” sem acento é brabo mas é a regra.

A Alba veio também e comparece de tarde para preparar minha janta e arrumar a casa.

No mais, sem maiores novidades: a gata mia, o cachorro do Alemão late, a grama do jardim cresce, o Eduardo aparece para tomar os schnaps e bater papo, o escritório com bastante movimento, os filhos e netos envolvidos com o retorno às aulas, o bolha do Cachorrão cada vez pior, transformando a cidade num imenso e sujo camelódromo, os Sem Terra procurando sarna para se coçar, o Brizola dizendo um monte de asneiras, o Olivio se preparando para perder para o Brito.

Como eu disse, nenhuma novidade.

O Brizola agora inventou que o Jango foi assassinado num complô para acabar com os lideres de esquerda da América Latina…

A Maria Tereza Fontela acha que ele está louco, tomando sopa de garfo, o que já é velho.

Se der a dobradinha Lula – Brizola, vamos ter um espetáculo imperdível e uma derrota daquelas de implodir o PT e o PDT juntos.

O negrão Colar fazendo comícios em palanques junto com o Flávio Koutzi vai ser a maior piada de judeu e negrão do anedotário popolar!

Vejamos uma.

Negrão, com uma baita gripe vai ao médico.

O médico judeu manda ele tirar a roupa e ficar de quatro no meio do consultório.

O negrão fica desconfiado mas obedece. O médico olha, olha, manda ele levantar e ficar de quatro num canto do consultório.

O negrão cada vez mais desconfiado mas, o que fazer?

O médico manda ele ir par o outro canto da sala e novamente ficar de quatro, recomendando que arrebite um pouco mais a bunda!

O negrão já está em pânico mas como o médico é menor do que ele, obedece.

Aí o médico manda ele levantar e se vestir.

O negrão senta na frente do médico que lhe diz:

– Olha, é só uma virose, uma gripe, nada de mais. Tome este

medicamento que em três dias estará bom.

– É, foi o que eu imaginei mas me diga doutor Jacó: porque o senhor

precisava que eu ficasse nu e de quatro nos cantos e no meio da sala

para chegar a esta conclusão?

– Não, não, não é nada disto: é que eu comprei uma mesa preta e queria

ver o melhor lugar para ela ficar…

Contavam esta tendo como personagem o negrão Colars.

Quem gosta de contar histórias de crioulo é o João. E o Carlos Barrios.

Algumas do João são de mau gosto.

En passant, alguém já ouviu anedota de índio em que o referido é o vilão?

Acho que não: em todas as anedotas de índio, é ele que é o bão.

Estação de trem no interior do Winscosin.

Sentado na gare, enrolado num xale, um índio que com fama de ter uma memória fantástica.

Um almofadinha do leste desce do trem e lhe pergunta:

– O que você comeu anteontem no café da manhã?

– Ovos!

– Grande coisa. 90% das pessoas comem ovos de manhã! Pilhada.

30 anos depois, na mesma estação, o mesmo cara desce do trem e se espanta de ver o  mesmo índio sentado, enrolado em sua manta.

– Ué!!! Você? Mas como?

– Cozidos!

Esta aí, estava na mão do faraó cujo túmulo foi descoberto esta semana e que data de 1500AC.

Mas que é boa, é.

Já se estudou – para tentar transformar em algo que se pudesse aprender – quais as caraterísticas principais de uma piada, uma anedota.

A única regra é que a narrativa deve ter um fim inesperado e divertido.

Os dois exemplos aí de cima são clássicos.

Mas, a verdade é que ninguém aprende a inventar piadas. Tão pouco se sabe como elas nascem e onde.

Nos tempos do regime militar, uma das coisas que se pesquisava era a velocidade de deslocamento de um boato.

Bolava-se um boato que obedecia a determinadas características que lhe garantissem a originalidade e a impossibilidade de ser divulgado pêlos meios da mídia, só e exclusivamente no boca a boca.

Soltava-se no Rio e controlava-se a sua chegada no Rio Grande do Sul.

Como até hoje eu não entendi os resultados, não irei dizer quais eram mas saibam que eram inacreditáveis.

O mesmo ocorre com as piadas.

Antigamente eu mantinha um caderninho em tomava nota das boas piadas que me contavam.

Anotava só o leit motiv assim que muitas vezes não consigo mais lembrar do que afinal se tratava.

O mais importante porém é que, daquelas que eu lembrava, a maioria eu acho sem graça.

Donde se conclui que a capacidade de achar graça e rir é inversamente proporcional à idade.

Eu até calculo a idade mental dos pátrias pelas suas reações às anedotas.

Se o cara se esbagaça de rir com uma história façameofavor, é porque  ainda não pode tomar a primeira comunhão.

Não confundir com o “não entendi “que já é um outro capítulo da psicopiadologia, ramo da ciência que estuda o homem e suas relações com o humor.

Sabe-se que os animais não riem e tem muitos neguinhos que acham que esta é a grande diferença.

Outros acham que a diferença reside na maneira de urinar: o homem é o único animal que sacode!!!

Ou seja, o besteirol é vasto e, muitas vezes divertidíssimo.

Seria interessantíssimo um livro que contasse todas as idéias malucas que andam pôr aí para explicar determinados fatos naturais.

Claro que deveriam começar com as letras de samba enredo.

Quem fez obra parecida mas pontualizada foi o Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta, que escreveu “Festival de Besteira Que Assola o País ” logo depois de implantada a Gloriosa de 64.

Eu tinha lá na praia mas, sumiu, foi-se para a quinta dimensão, junto com outros livros, isqueiros, guarda-chuvas e umbrelas.

A quarta dimensão, muito usada em narrativas fantásticas, para quem não sabe, é o tempo.

Um fenômeno no espaço, às vezes, não fica perfeitamente definido somente com x y z, necessita do t, a quarta dimensão, a quarta medida.

O tempo biológico não é quarta dimensão, expressão que só deve ser usada quando a problemática envolver noção de posição.

Se a terra fosse parada no espaço, não haveria dias noites etc. ou seja não haveria tempo-dimensão.

Deu para entender?

Acho que sim e vamos em frente.

Quando a palavra em Português é um pontapé no saco e sonora em outras línguas, eu me nego a usar o vernáculo.

Entre sombrinha e umbrela acho que não há a menor dúvida.

Entre “pret a porter” e “meia confecção” a coisa fica ainda mais contundente.

“Bunda ” você não fala em reuniões sociais porque seria de mau gosto mas se você disser que fulana leva um belo “derriére “as pessoas vão achar a expressão trés chic.

Acho que, depois do Latim, o Francês é a língua mais expressiva e elegante em uso pelo macaco nu.

No livro “Memórias “do João Neves, há n citações em Francês que enriquecem e embelezam qualquer texto.

Eu ainda vou ler de novo os dois volumes ( um já me afanaram), só para copiar as citações.

Com o que vou encerrando.

Não sem antes dizer que os Registros de 1997 já estão comigo e serão distribuídos no primeiro domingo em que a mocidade se reunir.

Estão fracotes principalmente porque perderam-se umas cinqüenta páginas.

A regra deve ser contar um fato e bordar considerações se possível jocosas de modo que os leitores gostem.

Boas notes.

 

Terça-feira, 10 de março de 1998, 21:02, CHUVA, ESFRIANDO.

 

Depois de exatos dez dias de sol e calor intenso, tivemos hoje uma queda de dezoito graus na temperatura!

Cara de inverno.

Retornei da praia hoje de manhã; Heloisa ficou mas telefonei há pouco e está arrependida devido à mudança no tempo.

Talvez eu consiga terminar minhas pendências amanhã e volto para o Imbé.

Segunda feira ou terça, encerraremos o veroneio.

Hoje arrumei a chave do carro que havia pifado na semana passada.

Saí do Imbé às seis da matina e cheguei aqui às oito; fui ao forum, ao mecânico e ao banco.

Lá pelas dez desabou um toró de assustar.

E foi a partir daí que a temperatura despencou.

Bem.

A gente passa a vida pensando em fazer uma piada ou pelo menos construir ou participar de um episódio único e nada.

Subitamente a coisa acontece.

Hoje a Secretaria da Fazenda me pediu detalhes sobre um semovente que constava de uns bens a inventariar.

Acontece que o Código de Processo arrola os bens que devem ser declarados e a seqüência de como devem ser descritos.

Há o item “Semoventes “.

Coloquei o item e embaixo escrevi: “nihil “ou seja, “nada”.

A Fazenda pediu-me para especificar idade, tamanho, valor etc. do semovente nihil!!!

Estes dia eu ia indo para o forum e chuviscava, ou melhor, garoava.

Passa uma senhora com o guarda – chuva aberto.

Aí para, põe a mão para fora do guarda – chuva, verifica que não chove mais e fecha o trambolho.

Também foi um espetáculo inédito, uma charge viva.

Bem.

Os Fietz foram para a praia no fim de semana sem a Helena que está ingressando na gloriosa fase conhecida como adolescência.

O Tergolina, que estava no Imbé, galeteou conosco no domingo.

Na sexta feira fomos, com os De Gasperi e o Tergolina, tomar uns chopes em Tramandaí, no Willi, que continua ruim e caro.

Hoje o Grêmio joga no México mas acho que não vou agüentar porque estou com muito sono: levantei de madrugada.

Sem notícias do Bolão, Liege e crianças que já devem estar morando na casa nova.

Casa nova é força de expressão porque a casa é muito velha.

Se tiver goteiras, hoje deve ter virado uma cachoeira.

Esperemos que não.

A partir da semana que vem estaremos aí para darmos uma força.

A novidade da praia é um produto novo, um fixador de cloro para a piscina.

Como sabemos todos, o cloro em presença da luz solar, simplesmente se esvanece, palavra chic.

Em dez minutos a concentração de cloro na água vai de 3,5 para 1 e olhe lá.

Com o tal fixador, passei dez dias sem botar cloro na água e a piscina estava como num musical da Metro: uma maravilha!

Nos testes, a quantidade de cloro na água mantinha-se sempre alta.

E, em conseqüência, a água limpíssima, livre de algas.

Vale a pena porque o produto é aplicado uma só vez na temporada.

Veremos o que acontece no inverno; vou deixar a piscina descoberta e checar o aparecimento das algas.

Hoje é o aniversário da Cláudia, ainda não instalaram o nosso telefone no Imbé, o Bonetto acaba de telefonar, segunda feira é o meu aniversário, a Saara pretende ir para a praia no sábado, o piso dela está uma droga, a mãe está bem, a Alda ídem o Paulo cada vez mais cada vez, sempre indo para algum lugar e nunca indo enfim, tudo em paz.

Preciso saber de como anda a gurizada e o cachorro Conan que, conforme informações da Isinha estava meio jururu quando veio da praia.

Assim que vou telefonar.

E vou tentar pagar uma conta pelo Real Home Banking.

 

Quarta-feira, 11 de março de 1998, 21:30, TEMPO BOM.

Ao que tudo indica, o outono está desembarcando, de mala e cuia.

Ano atrasado – que expressão antiga – viemos da praia mais ou menos nesta época e ídem começavam a soar les sanglots longs des violons d’autone.

Quem tiver dúvidas consulte os registros de 1966.

Esta é a grande vantagem de registros como estes: quem é tarado pôr estatísticas pode fazer constantes verificações das freqüências dos eventos e formular as leis decorrentes.

Só não deve se aventurar na previsão do temo do próximo verão porque para isto é necessário conhecer Cabala, conhecimento aliás que começam a entrar em moda.

No último domingo, no Fantástico, apareceram uns picaretas intitulando-se mestres de Cabala, beneméritos cidadãos que pôr alguns poucos pilas, transmitem para umas gordinhas mal amadas os segredos dos filtros do amor e os encantamentos para separar amantes.

Negócio aí meio de Idade Média, dos romances de Giesta, Cantigas de Amigo e outros babados que tais.

Acho que vou terminar o meu manual de Magia.

Acontece que a matéria é própria para ser versada pôr picaretas e eu não consigo me afastar dos fatos ou de sua interpretação experimental.

Quando se adentra a Magia, a gente deve adotar uma posição não científica e não céptica e aí é que começam as dificuldades.

Pôr exemplo, eu acredito firmemente que a sorte existe e que pode ser induzida pôr determinados comportamentos.

Tenho certeza porque já fiz experimentos mas não consigo me livrar da dúvida de que estou afirmando e defendendo uma tese que é pura tolice.

E, não é.

Muito bem, mas neste caminho passa a ser razoável admitir que os filtros e os encantamentos também podem ser reais e também serem evocados pôr comportamentos determinados.

Porque não?

Se existem seres que comandam a sorte, porque não existem também os que regem os encantamentos?

Falo em encantamentos porque são a forma de magia mais comum, mais amena e mais praticada, mesmo que os praticantes não saibam o que estão fazendo.

No livro que estou escrevendo, explico como se especificam as diferentes práticas mágicas.

Vamos ver o que posso fazer neste inverno em matéria de literatura.

Estou me convencendo que devo dedicar-me inteiramente à advocacia, porque adquiri bastante conhecimentos que me permitem ajudar as pessoas aflitas.

O problema é que são tantas as agressões ao direito das pessoas que se o advogado se empolga e se arma com a espada de paladino da lei e da justiça, acaba na Pinel.

Mas que estou me empolgando, estou.

Não sou muito vulnerável à vaidade ou à lisonja mas me agrada saber que meus argumentos são convincentes.

A minha lógica, reconheço que não é empolgante mas penso que seja convincente.

Para lições de Lógica, vide Cícero: até hoje não sei se o Grão de Bico era espontâneo ou se preparava as suas arengas.

Porque ele desenvolvia suas teses de um modo tão completo e coerente que a gente fica sem saber se ele as construía na medida em que os adversos levantavam suas oposições ou se já começava com a ladainha toda desenhada.

Não era fácil o Dr. Marco Túlio Cícero.

Neste momento histórico em que, ao contrário do que se pensa, o Estado cada vez mais domina, ou quer dominar, os cidadãos faz muita falta o Cícero que pregava  a prevalência da lei sobre o Estado.

É aquela velha história :

” Il y a Sire, les lois du roi et les lois du royaume et ces sont celles ci que permitent au roi d’ être roi.

O francês está midueño e da frase somente guardei o sentido mas perdi a elegância dela o que é uma pena.

Ainda irei escrever ao Brossard pedindo que me mande o texto completo.

Amanhã de manhã volto para o Imbé; penso que terça feira encerramos o veroneio.

Planejamos voltar pelo menos uma vez pôr mês mas isto fazemos todos os anos e acabamos não cumprindo.

Vamos ver o que acontece na Páscoa.

Acabo de falar com o Dr. Barrios e está tudo bem; de tarde falei com o Ângelo que está gripado. Informou que o Conan ( Kleber) continua crescendo e engordando.

O João instalou um soft que permite conversa telefônica via computador.

É bem interessante e tem muitos mais recursos  e devagar vou aprendendo a usá-los. A placa de modem eu já tinha apenas não estávamos usando todos os seus recursos.

Era a melhor placa até dois meses atrás; agora já existe uma melhor que poremos no escritório.

Falei com a Saara e dei notícias sobre a obra: ela pensa que trocaram a cor do piso que comprou mas eu posso ter me enganado no que vi porque não prestei muita atenção.

Bolão continua sumido e como não tem telefone, fica difícil.

O celular dele está com a Heloisa na praia.

O Grêmio ontem perdeu para um time mexicano miserável: o jogo estava tão ruim que só tive saco para ver o primeiro tempo, uma pelada horrorosa, um jogo de várzea.

Interessante que o Grêmio está com bons jogadores mas com um time ruim. O ano atrasado era exatamente o contrário.

O pobre do Roger – um bom jogador – está tão ruim que levou um baile dum ponta miserável mas um baile tão baile que parecia o Garrincha com os seus Joões.

O tal de Ronaldinho, um juvenil que pintou bem, ontem estava horroroso, não passava nem pela bandeirinha do corner.

Falando nisto, o meu velho amigo Gilberto Medeiros está pela bola sete.

Paciente do Carlos.

O Gilberto foi o primeiro civil com quem eu me dei bem quando fui para a reserva; ele já era diretor da Aplub.

Ainda é.

Há uns quinze dias ainda falei com ele porque era oposição ao Amorety nas eleições do Internacional.

Estava bem ou pelo menos aparentava estar bem.

Como diziam os antigos: “Para morrer basta estar vivo”.

O que, convenhamos, é um baita dum truismo.

Bem, vou brincar um pouco com este computador.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 16 de março de 1998, 17:57, tempo bom, outono.

 

Hoje encerramos o período de praia relativo ao verão de 1998;

na verdade não foi bem verão mas, se considerarmos que a Terra andou se deslocando pela parte superior da eclíptica, o percurso correspondeu ao que chamamos de verão.

Mas, foi chuva e chuva: em março, na primeira semana, melhorou mas logo veio a chuva, o frio e estamos chegando no outono.

Portanto, aguardemos a Páscoa que deseja-se com temperaturas que convidem à mesa e ao vinho.

Falando nisto, vou mandar buscar em São Paulo uma caixa de filé de bacalhau do Porto, negócio muito sério.

Custa R$16,00 posto aqui; no mercado custa r$28,00 o quilo!!!

Esta foi a matéria prima do famoso bacalhau feito pela Alba há uns dois meses e que ficou na História da Gastronomia familiar.

Vamos torcer para repetir.

Acabaram de telefonar a Lucia e a Luciana; outras pessoas já telefonaram mas eu estava “torando “.

A Enilda me achou acordado.

Quando estava chegando no Imbé, uma tombeira, inesperadamente e sem nenhum pressuposto, bateu na traseira do Gol.

O motorista era um senhor bastante idoso, muito idoso e que sequer percebera que eu estava parado na frente dele.

A tombeira, novinha, é de uma firma de Engenharia da qual o filho do velho senhor é o gerente geral.

Já falei com ele que prontificou-se a pagar o prejuízo.

Os dados dos personagens estão na minha agenda de endereços.

O João até já foi no chapeador para obter um orçamento.

Sabemos que todos os anos o Dr. Nilson surge com uma novidade lá pela praia.

Este ano tivemos o rumoroso caso do jipe, que ainda não terminou e que pode ser resumido da seguinte maneira:

Pôr razões desconhecidas, o Dr. Nilson resolveu trocar um jipe novo pôr um jipe velho, um cacareco da década de 50 e que está sendo consertado(?) com peças de um Galaxie demolido!!!

Como seria de se prever, os consertos nunca dão certo e o casal – que já deveria ter ido para S. Catarina e Goiás – permanece ancorado no Imbé, sob violentos protestos da D. Vera, já de si meio enrolada com o quotidiano.

Ontem, meia noite, o mecânico foi entregar o jipe mas a tradição não se processou porque o Dr. Nilson achou os serviços mal feitos.

Penso que o Dr. Nilson não está com todas as porcas apertadas: alguma deve estar meio frouxa.

 

No mais tudo como de costume: Heloisa sempre relutando em deixar o Imbé mas satisfeita quando chega aqui.

Realmente nossa casa é muito boa e está bem conservada.

Agora de noite, iremos jantar no restaurante Os Italianos para festejar o meu aniversário.

Penso que irão todos.

Hoje recebi o processo da irmã do João x IPE, em condições para requerer o precatório.

Andou rápido o processo.

O da Ilsa já está para sentença mas dificilmente poderá ser executado este ano.

Acaba de telefonar a Graça que não pode ir ao jantar.

Ante – ontem faleceu o Gilberto Medeiros que conheço desde a minha chegada na APLUB.

Uma pessoa séria, correta e muito combativa. Foi presidente do Inter e autor de uma frase que ficou famosa: “assumo a presidência não para ganhar títulos mas para pagá-los “.

Foi também quem criou a metáfora “Império Otomano “para se referir ao Azmuz, Zaquia e outros arabatachos que dominaram o Internacional pôr longos anos.

Uma pena: o amigo dele, pessoa que eu também gostava muito, o Olinto Zinn , já faleceu há bastante tempo. Os dois eram inseparáveis.

Interessante: conheço vários casos de amigos inseparáveis que co-morrem numa seqüência muito rápida.

Pode e deve ser coincidência.

Hoje telefonou o Pingo para cumprimentar pelo aniversário e ver se o João não arranjaria um emprego para ele na área de Informática.

Vou ver o que posso fazer.

Amanhã vem o Ledi e vou preparar um lugar na churrasqueira para colocar um refrigerador maior.

A Heloisa está de olho naqueles refrigeradores que são também mostruários e que ficam no supermercados exibindo sucos, leite etc.

Realmente são muito bonitos mas ídem muito caros.

Trouxemos da praia um porção de mudas. Daquelas florezinhas que só se plantam uma vez; trouxemos também uma bela muda de Rainha da Noite.

No Imbé este ano plantamos pouco: a preocupação maior foi podar o que já existe principalmente pôr causa da piscina.

Árvores e piscinas não se dão bem.

O que estava lindíssimo este ano foram as hortênsias que floriram em azul, rosa, lilás, cores nunca vistas e muito bonitas.

Pena que em fevereiro já comecem a secar.

O que fica bonito em março são as alamandas.

Estou reforçando o time das alamandas: já plantei mais uma ao lado do portão do Antônio Pedro.

Flores devem ser plantadas em grandes touceiras de uma só espécie: nada é mais bonito do que touceiras de petúnias, alegria de jardim, flores do campo etc.

A única flor que é feia ao natural, no pé, é a rosa.

Talvez seja porque o efeito touceira só se obtenha em vasos.

 

Quarta-feira, 18 de março de 1998, 22:52,tempo chuvoso.

 

O jantar de aniversário nos reservou uma grande surpresa: o presente para Heloisa e eu foi uma viajem de dez dias para Portugal, um antigo desejo meu!!!

Realmente nunca imaginei e ficamos bastante emocionados com a mensagem intrínseca do presente: o desejo de nossos filhos de nos proporcionarem algo muito agradável.

O que nos faz pensar.

Espero poder aproveitar tudo o que Portugal pode oferecer em matéria de História.

Como sabemos é uma das nações mais antigas da Europa e as heranças nórdicas, romanas e árabes estão presentes em seus costumes e arquitetura.

Vou reler “Lendas e Narrativas ” e levar junto a “História de Portugal “de ª Herculano.

Os livros do Eça fazem com que criemos imagens dos cenários portugueses que não devem ter mudado muito.

Farei o maior esforço para conhecer uma quinta, a estrada de Sintra, qualquer cidadezinha do Algarve, comer bacalhau nalguma tasca costeira, desfilar pelo Rocio etc. etc.

Hoje o Napoleão me deu algumas barbadas mas o gosto dele não sintoniza muito com o meu.

Também percebi que sua erudição sobre Portugal, é mínima.

Aliás, acho que há uma certa dose de snobismo nas pessoas que desdenhan Portugal e Espanha em favor de Paris.

Sob qualquer ponto de vista, romano ou otomano, a península Ibérica é superior à Gália, principalmente em História.

Acho os franceses uns gambás pouco asseados.

Pelo menos todos os que conheci eram assim.

A França, das perucas, dos piolhos, do budum, não me atrai.

A comida francesa, alguns objetos repelentes mergulhados em gelatina, sequer despertam o meu interesse visual.

Acho o cúmulo da cafonice o cara pagar US$100,00 para dar uma volta de barco no Sena enquanto janta uma galantina do ano passado e toma um beaujolais que envergonharia qualquer produtor de vinho de garafon.

Antes o “Cisne Branco “.

E não se diga que são uvas verdes. Nos tempos de riqueza, recebi vários convites para passar semanas em Paris e nunca aceitei.

No Plazza Athenée.

Tenho certeza de que os bufarinheiros do Country Club irão perguntar:

– O que? Foste a Lisboa e não foste a Paris? Não dá para acreditar…

A resposta também não vai dar para acreditar.

Igual aquela que a Isolda dá para o Osvaldinho no episódio da sala de aula.

Não há nada pior na fauna social do que mercadores emergentes: eles somam vulgaridade com insegurança e o resultado é péssimo.

É como dizia o Pitigrilli: a burguesia emergente, que ainda tem um pé na lavoura, devia ir à praia de borzeguins para esconder os tornozelos!!!

É que, diz-se, o pé de uma criatura nos conta se ela descende de cavaleiro ou de peão.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 20 de março de 1998, 17:45, tempo ótimo.

 

No próximo final de semana, a esta hora, é possível que estejamos passeando pôr Lisboa Velha.

Ontem pesquisei, no Atlas, o percurso que iremos fazer e a coisa é séria. Das cidades a percorrer, a mais moderna foi retomada dos mouros ou assemelhados, no século XIV!

De cara, vamos à Fátima, Óbidos e Coimbra, para o Norte portanto.

Não esquecer que a parte do país ao sul de Lisboa foi tomada dos mouros em épocas mais recentes, coisa aí de 500 anos, um pouco mais.

O Porto é ao Norte e o Algarve ao Sul de Lisboa.

Já estudei um monte de coisas mas o meu Atlas Zero Hora, o bom, creio que emprestei para o Ângelo.

Vou telefonar para ele perguntando.

A partir de segunda feira começo a me aculturar a mil.

Acaba de telefonar a Asta que mudou-se lá para a 24 de outubro. O ingo também mudou-se para um baita apartamento no Morro Ricaldone, o que era o sonho dele.

Uma história comprida atrás disto.

Hoje ouvi uma entrevista com o Galo Missioneiro e achei que ele está com um discurso bastante melhorado.

Tudo indica que será ele o adversário do Brito; o Tarso não tem base partidária para ganhar uma prévia do Olívio.

E o Olívio não tem cacife para ganhar do Brito.

Salvo se as coisas ficarem tão ruins que o socialismo volte a ser uma esperança.

Mas acho que isto não irá acontecer se bem que esteja muito difícil viver neste país.

O que se nota é uma crescente fome pôr dinheiro de modo que está todo o mundo achacando, cobrando, roubando, pedindo etc.

É impressionante!

Pretendo adotar um esquema de vida em que nenhuma oferta irá me comover.

Pode oferecer um Cadillac conversível pôr R$1,00 que eu não compro.

Não compro mais nada.

Agora só vendo serviços jurídicos.

Vendo.

Hoje tem jogo lá no Vares.

Ao que tudo indica, as gêmeas caíram das bocas mas hoje teremos a confirmação.

A situação está feia para a Edda que não quer deixar sua casa aqui mas já está morando em Curitiba.

Consta que foi o Luiz quem aconselhou ao Rolla para vender a casa aqui e se mandar.

Se isto realmente acontecer, duas coisas:

– Ou o Rolla volta em um ano ou

– apaga a vela muito breve.

Ele é o cara mais portoalegrense que eu conheço, daqueles que consideram a Praça da Alfândega sua propriedade particular.

Nascido, criado e vivido.

Está permitindo que uns bagaceiras tomem a cidade dele.

É assim que se perdem as guerras: é quando se perde a vontade de lutar.

Eu vou começar a andar armado com a firme intenção de acabar com uns dois ou três pivetes.

Ainda vou decidir se faca ou revolver.

Faca é ótimo: a gente conhecendo o pivete – o que é fácil – encosta atrás dele e enfia a faca na espinha.

Ninguém percebe porque o cara nem grita.

Estou devendo isto para mim mesmo desde que os filhos da puta me bateram uns trocados em 1996, um dia antes de embarcar para St. Louis e me romperam um monte de ligações do braço direito.

Promessa é divida e estou prometendo aqui e agora.

Ontem meteram de novo a mão no meu bolso mas não tinha nada.

Interessante que isto só ocorre nas vésperas de viagens para o exterior.

Não acredito em olho grande  e até nem aconselho.

Bem.

Heloisa saiu para levar D. Alda a um médico; digo um médico porque ela decidiu fazer uma maratona pôr tudo quanto é esculápio de Porto Alegre que mantém convênio com o B. B.

Se a Alda soubesse quantos exames os caras vão pedir e o que significa para o organismo qualquer exame destes, ficaria no seu canto tomando chá com biscoitos e vendo a novela das seis.

Acho que a penúltima década da vida, digamos que agora seja dos setenta aos oitenta para os longevos, o personagem ainda pode se agitar pela aí mas depois deve se recolher aos seus penates, sejam eles quais forem.

Acontece que quando os familiares mais moços vêm um pai ou um avô sentado ao sol numa cadeira de balanço, simplesmente pensando, acham que aquilo é um prenuncio de tumba e tratam de agitá-lo.

Grande engano pensar que agitação é sinônimo de vida.

Agitação é sinônimo de mediocridade, de ignorância, comportamento de ralé.

Visualizem um Te Deum na capela de um mosteiro trapista e, ao mesmo tempo, o auditório do Faustão na apresentação daquele louquinho já meio velhote, o Lulu Santos.

Não precisa mais nada para sentir o perfil psicológico dos participantes.

Bem.

Os PT estão fazendo grandes confusões no trânsito; eles acham que basta trocar mãos, colocar umas sinaleiras e umas placas e o transito em Porto Alegre vai ficar jolia.

Na verdade se ainda não estamos totalmente engarrafados, devemos isto ao Socias Villela que fez grandes obras pôr aqui como as perimetrais, o Projeto Renascença, o Parque Marinha , o Parcão etc. etc.

Todos achávamos que o dimensionamento proposto e executado pelo Vilela agüentaria até 2025 mas não é bem assim.

As Universidades desequilibraram o sistema viário sobrecarregando os eixos de escoamento para o Norte (Unisinos etc) e para o Leste PUC.

O Paulo Petrolino desequilibrou para o Oeste e a Restinga para o Sul.

Agora, com as fábricas ao longo da friuei, o eixo Leste -Norte que era mais ou menos folgado, irá saturar.

Aguardemos que a Transpolentona alivie a barra.

Aguardemos também que os PT acabem pôr entender que viadutos são obras de arte correntes e não ideologia capitalista.

Tenho a impressão que, se depender do Burrão ( Ex. Cachorrão), tudo que vai sair será uma ponte pênsil pôr cima do Ipiranga.

Digo mal, não será ponte pênsil: será uma ponte de concreto capaz de servir de moradia para um monte de papeleiros com o que estará justificado o gasto e atribuído um alto conteúdo social ao empreendimento.

Então tá.

Até a próxima.

 

 

Segunda-feira, 23 de março de 1998, 21:34, tempo bom.

 

Ontem, grandioso churrasco que pôr sinal estava ótimo: o Zaffari estava vendendo uns vazios uruguaios de tirar o chapéu.

Melhores do que os argentinos porque frescos.

Até na Feira a carne era uruguaia.

Hoje o Ângelo veio estudar Português e Matemática, o que pretende fazer todas as segundas feiras do ano.

Acho que será bom para ele, principalmente se começar cedo.

O João instalou um CD de 32 x que é o último grito no mundo. O Pingo também instalou um.

A única coisa que não funcionou aqui foi a super placa de fax – modem da Genius, 36: a Internet só entra com 19,200, no máximo.

Decerto eles acabam chegando lá.

Comprei dólares turismo e acabou aquela história de passagens, limites etc: você pede quanto quiser e paga quanto o banco te cobrar.

Penso que até mais caro do que no paralelo.

Comprei US 2.000,00.

Como a viagem está toda coberta pôr vaucher, não vou conseguir gastar tanta grana.

De qualquer forma, sigamos a velha regra: para viagens, leve metade da roupa que imagina irá usar e o dobro do dinheiro!!!

Amanhã vou comprar um abrigo bom mas até isto estou pensando porque o meu velho não é tão velho assim.

Esta histórias de usar roupa nova em viagens, é coisa de jacu.

Não quero dizer que não sou jacu em termos de Europa mas no mais, já tenho um bocado de quilômetros rodados. E sei que sapato novo e roupa idem são um perigo: sapato então pode criar um problema insolúvel quando machuca os pés e cria bolhas etc.

Pior do que bolhas nos pés, só diarréia.

Macaco velho então viaja de sapato folgado, só come massa e arroz e de bebida só coca ou água mineral.

Ou bacalhau!

Claro que bacalhau vai bem mas com o vinho já deve haver cuidado.

Nunca esquecer o famoso episódio do pato com tucupi lá em Belém do Pará, quando estávamos no 3º ano da EsCEME.

Pasteizinhos de Santa Clara com chá japonês, vão bem, muito bem…

 

Há muito tempo atrás, um filho do Moreira Leite importou um restaurante de Portugal.

Veio tudo: o nome ( A Tasca ) louça, talheres, móveis, panelas, cozinheiro, maitre, garçons, receitas etc. etc.

A comida era uma loucura e a coisa ia de vento em popa mas os cutrucos não agüentaram o calor do Rio e se mandaram.

Foi uma pena: a Tasca durou pouco.

O Dr. Bolão ainda almoçou um dia lá.

Vou atrás da Tasca lá pôr Lisboa.

Bem.

Sábado aconteceu o aniversário da Isinha que fez um almoço ( paella ) para a parte feminina e adulta da família.

Heloisa disse que estava ótima e que a tal paella é uma boa pedida: quem faz é uma patroa de Cachoeirinha ou Gravataí.

Bom  e barato.

É o que dizem.

Domingo, no churrasco, comentou-se o aniversário do Carlos tendo o referido declarado que, contrariamente ao que aconteceu o ano passado, não teremos festas porque certamente estará fora, em viagem de serviço

Como os participantes embargassem tais declarações, buscou-se socorro nos registros/97.

Verificou-se então que o Dr. Barrios usara exatamente o mesmo expediente para evitar festejos natalícios.

Os debates prolongaram-se até a sobremesa mas não chegou-se a conclusão alguma.

A Mesa recomendou que dia 28 março os interessados devem telefonar ao lar dos Barrios e, subtilmente, inquirir a Ana que ela entrega o ouro.

Daí é só ir para lá e faturar uma salada de macarrão e um purê de claras.

Bem.

A turma menor está bem: todo o mundo crescendo violentamente, com destaque para o Ângelo e o Pablo.

O Diego também está espichando muito.

O Chico e o Zé parece que estão de adaptando muito bem.

O Chico já está estudando Informática no Colégio da Fleras, N. S.da Glória.

Quando a gente sai do Barro Duro, é muito difícil não melhorar…

O Bolão está dando um duro danado e diz que quando a Liege começar a trabalhar, larga os PT de Gravataí ou Cachoeirinha, per me é tuto la mesma romba.

Falando nisto, ontem foi a eleição de escolha do candidato do PT a governador.

Disputaram o Olivio e o Tarso.

Ainda não acabou porque houve impugnações, acusações de mutretas, tudo igual aos partidos bagaceiros como dizem os do PT.

Começa que dos militantes, nem 30% compareceram para votar porque os neguinhos tinham que estar em dia com a caixa do partido e na hora de pagar a militância vai para o boteco gastar em trago que é mais melhor.

Os PT gostam mesmo é de sair para a rua com a s bandeirinhas e faturar dez pratas e bóia pôr meia jornada.

Só que não é PT: aqueles pintas sacodem até bandeira da TFP.

Acho que a eleição para Governador do Estado, se não acontecer um acidente de percurso, vai ser uma barbada para o Brito.

Não voto nele mas também não voto no Galo.

Não voto no FH. Meu voto é para o Ciro Gomes.

Prá prefeito voto naquele caolho feio do PDT, Carlos não sei das quantas.

Não voto em candidato do PT, os caras avacalharam com a cidade.

A minha rua, lá no centro virou uma maloca.

A rua da Praia ídem: este Cachurrão ( Cachorro + burro + ão ) é um desajustado psicológico e social, um indivíduo cheio de ódios e rancores, um porcalhão, um biriva  do interior que não conhece e não gosta de Porto Alegre e não vai descansar enquanto tudo não for uma maloca só.

Hijo de Puta!!!

Ão, é de “boca mole “.

Assim que tenham todos uma boa noite.

Em tempo: hoje chegou carta da Lucia e como imaginei ela estava afim de ir para Portugal mas o Pfeifer está atarefado.

Quer viajar em outubro para Paris.

Vou pensar se vale a pena pagar para ver.

E, como já disse, tenham todos uma boa noite.

 

 

 

Quarta-feira, 25 de março de 1998, 22:25, tempo bom.

 

Hoje foi dia de arrumação de malas; o Bolão veio nos trazer duas que são ótimas, malas de milionários.

A Patrícia também colaborou com valises muito boas e estou utilizando a “necessaire “do Carlos.

A minha Sansonite de couro, encontra-se desaparecida.

Vamos com bastante espaço: no fim a gente acaba aprendendo a não exagerar na bagagem.

Penso que um viajante civilizado e financeiramente confortável, deveria viajar só com a escova de dentes e o pente: o resto compra no local de destino, o que me parece bastante razoável.

Se, pôr exemplo, o pátria vive no Ceará e destina-se a Vladivostok, é melhor que ele compre roupas pôr lá!

Bagagens gigantescas são relíquias vitorianas dos tempos em que o império inglês compunha-se de lugares ínvios e gentes exóticas assim que os gentlemen deviam viajar com todos os seus terens para terem algum conforto fora das ilhas.

Quando fui para a Academia Militar, levei uma mala de bordo que ficou na história da turma.

Para quem queira ter uma idéia do que seria viajar com aquele monumento, ela está guardada no quartinho dos bagulhos.

Houve também o famoso retorno dos USA em 1994.

Conseguimos encher – literalmente – a garagem do Rick com os dezessete volumes que trazíamos.

Naquela oportunidade convenci-me que o Carlos Barrios , se houvesse nascido na Idade Média, hoje estaria na iconomia católica.

É iconomia mesmo.

Para Portugal, nossa bagagem está comedida: duas malas e meio vazias.

Hoje de tarde ainda tivemos que ir assinar a escritura do Pinho.

Não irei comentar porque a situação pôr lá começa a ficar muito feia.

A Renata não está estudando este semestre e a Kerber está chegando no limite.

Consegui salvar o apartamento do Cristal para as gurias.

O Pinho, com a venda do apartamento dá uma respirada mas o prosseguimento está muito difícil.

Bem.

Hoje saiu a sentença favorável à Ilsa Kieling; considerando que já há jurisprudência formada no assunto, não sei se o Estado sequer irá apelar.

Decerto irei ganhar uns pilas mas confesso que não fiquei satisfeito porque a Ilsa já ganha mais do que merece.

Quem está na terra tratando da saúde é o Nogueira Paes que continua  econômico como sempre.

O Amaury me contou as aventuras do velho para não ter que gastar o seu rico dinheirinho.

Lembrei de alguns episódios que tivemos, o Nogueira e eu.

O casamento da Mate Leão com o Carpenter Ferreira, foi digno de registro, o que farei em ocasião mais oportuna porque é uma história que merece disposição para escrever muitas páginas.

Quem sabe numa tarde de inverno?

A turma toda compareceu hoje para dar uma força e se despedir o que fez a Heloisa comentar que, em matéria de filhos e genros, estamos mutíssimo bem.

Quem sabe um dia – não pode demorar muito – juntamos a turma toda e vamos fazer um tour pôr aí afora?

Afinal, não somos muitos mas já dá para fechar um grupo.

Vou começar a levantar esta tese.

E, pôr hoje é só.

Devo retornar lá pelo dia dez de abril.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 9 de abril de 1998, 18:31, tempo bom.

Ante – ontem, quando chegávamos de Portugal, o Tergolina, que fora nos esperar no aeroporto, ouvindo os meus primeiros comentários sobre a viajem, disse que eu tinha matéria para um livro.

É verdade mas, certamente não irei tão longe;

assim que, para medir a extensão do tema, irei escrevê-lo com este tipo de letra, mais apropriado a assuntos principalmente medievais.

Para começar com uma grande síntese, a primeira idéia que me ocorreu depois da viajem foi escrever um artigo para os jornais, com o seguinte título:

“ESTAMOS TODOS ENGANADOS”.

Porque Portugal não é nada daquilo com que sonha nossa vã filosofia e nosso inegável despeito de colonizados.

Tudo acrescido da demolição promovida pelo Eça e pelo Ramalho.

Pelo menos eu sempre achei que iria me deparar com um país atrasado, um povo carola e anti-científico, vivendo em aldeias erodidas, tomando caldo verde e cultivando couves entre ruínas das passadas glórias, ruínas estas que  eles nem mesmo saberiam reconhecer e avaliar.

Como eu disse, estamos todos enganados.

A gente se depara com um país com excelentes estradas, tráfego civilisadíssimo, milhares de construções novas, sem mendigos, pedintes ou homelesses, pessoas educadas e bem vestidas que se comunicam de forma cortês e amigável; não há desemprego, a vida é farta e barata, as localidades do interior têm um aspecto agradabilíssimo com suas praças e jardins floridos, seus habitantes reunidos nos inúmeros cafés, um dolce farniente que nos encanta, a nós que já soubemos tê-lo e não sabemos mais.

E, tudo plantado, arborizado, florido.

Andando pôr lá, em determinado momento ocorreu-me uma metáfora do Chico Buarque, em Portugal não há arvores baldias, ou são oliveiras, azinheiras, castanheiros, nogueiras e freixos ou são corticeiras (que lá tem um outro nome).

Dominando o conjunto, monumentos que, diferentemente do que eu imaginava, tem suas raízes no século V antes de Cristo!

Porque Portugal foi uma florescente e rica  província romana, onde as construções castrenses estiveram lado a lado com vilas e cidades.

Quando estudamos o Império Romano, encontramos vários imperadores que sabemos peninsulares e que são ditos espanhóis mas é bem possível que tenham nascido na região onde hoje está Portugal.

Não esquecer que Portugal se caracteriza como país a partir do século XII; até então tudo era Espanha.

Creio que com esta introdução eu tenha feito uma moldura razoável para o quadro da narrativa seqüente que irá obedecer, no que couber, a uma ordem cronológica.

Assim que no dia 26 de março de 1998, às 14:40 pegamos uma avião no Salgado Filho com destino a São Paulo de onde iríamos para Lisboa.

Estavam no aeroporto  Isinha e o Lucas, a Ilsa e o João com a Rosane.

A surpresa inicial foi com o vôo que não ia direto a Lisboa mas ao Rio.

Considerando o medo que a Heloisa tem de pousos e decolagens, foi um complicador.

O Vôo para Lisboa deixou a impressão de algo arranjado na última hora: a comida péssima, tripulação de saco cheio e pouquíssimos passageiros a bordo.

Para piorar, tivemos que ir até a Oporto porque Lisboa estava sem teto.

Finalmente, às 1400h chegamos em Lisboa.

Havia uma moça da Cityrama nos esperando e que nos conduziu ao hotel.

O aeroporto é bem perto do centro, mais ou menos como aqui.

Em seguida Heloisa telefonou para a Cintia Novais e o marido dela, o Zé Novais foi até ao hotel para apanhar as encomendas que levávamos.

Ficamos surpreendidos com o Zé que imaginávamos um cidadão alto e muito bem apessoado.

Na verdade é muito simpático e alegre mas mais parece um árabe baixinho, narigudo e de bigodes.

Aí, pegamos o metrô – que os portugueses chama de metro – e fomos dar uma volta pelo Rocio, na chamada Baixa Pombalina.

Como sabemos em 1755 um terremoto destruiu parte de Lisboa e o Marquês de Pombal aproveitou para  reconstruí-la; daí a Baixa Pombalina.

Eu até já escrevi um episódio sobre o tema no “Osvaldinho “.

Fato interessante foi que o Zé estava completamente desorientado em Lisboa e me deixou com um giro de 180º na cuca. Depois, peguei o mapa para me orientar e a coisa não dava certo: ou o mapa estaria errado ou o Zé.

Era o Zé mas foi bom porque fiquei com uma orientação claríssima em relação à cidade.

Jantamos no hotel, chamado de Miraparque porque fica defronte ao Parque Eduardo VII e no dia seguinte, às nove horas apresentou-se a Porfiria, a guia da excursão para nos apanhar e começar o périplo.

Éramos oito pessoas, seis brasileiros e um casal de australianos.

Duas das brasileiras haviam vindo do Brasil em nosso vôo e foi um reencontro porque já havíamos conversado bastante na parada de Oporto.

Eram mãe e filha, a Olga e a Anamaria Penteado.

A Olga voltava a Portugal onde vivera grande parte de sua mocidade e ali deixara o seu grande amor.

Se dependesse dela, ficaria em Portugal e deixou-nos a impressão que a Anamaria viera junto para garantir a sua volta.

As outras duas acabaram pôr ser uma história ainda mais interessante.

Uma delas, falava muito e sempre de modo radical, objetivo e conclusivo; seu sotaque não deixava dúvidas de que  era uma carioca ou fluminense da gema, legítima.

Cada vez que ela abria o verbo – e como abria – a Heloisa me dizia que conhecia aquela voz mas não podia identificar.

Já no terceiro dia de andanças, surgiu o assunto chimarrão e ela declarou que tomava muito chimarrão quando morava no Paraná.

Aí a Heloisa perguntou se era em Curitiba e na Santa felicidade.

Quando ela confirmou, a Heloisa lembrou-se: era a Lurdes que morava defronte a Isinha no Virgínia III!!!

Foi uma festa porque tínhamos tido uma excelente ligação com ela que havia ajudado muito a Isinha com o Pingo.

Assim que  os componentes do grupo eram:

A guia Porfiria, o motorista Zé Luiz, Lurdes e Norma, Olga, Anamaria, um casal de australianos e  nós.

O veículo, uma excelente van com treze lugares, folgadíssimo portanto.

A bagagem ficou ao encargo da Porfiria que mediante uma módica gorjeta de 300 escudos para os bois dos hotéis, nos liberava de carregá-la a cada partida ou na chegada.

Tudo funcionou perfeitamente, civilizadamente durante toda a viajem.

A rotina era levantar às sete e quinze, malas no corredor, tomar um bom café e partir entre oito e meia e nove horas.

O roteiro do primeiro dia foi Óbidos, Nazaré, Batalha, Alcobaça. Fátima e Leiria.

Óbidos é uma vila medieval toda ela dentro das muralhas do castelo feudal que lhe dava proteção.

É a primeira grande surpresa porque as pessoas vivem lá normalmente naquelas ruelas estreitas e casas do século XII!

É um encanto e ficamos maravilhados mas, o melhor estava pôr vir.

De lá fomos para Nazaré, à beira mar, onde almoçamos e visitamos uma capela do século XIII que tem uma história muito interessante.

Acontece que a parte alta de Nazaré é uma falésia de rocha sedimentar bastante alta e íngreme.

Um príncipe estava caçando lá em cima e seu cavalo disparou no rumo do precipício sem que ele pudesse contê-lo.

Quando já na beira do abismo, apelou para Nossa Senhora do Nazaré e o cavalo estancou.

Naquele lugar ele mandou construir uma capela.

Foi lá que compramos um azulejo com referência à sogra e que dei para o Carlos…

Dali fomos para o Mosteiro da Batalha – ou de Santa Maria, seu nome original -( isto nem a Porfiria sabia), lugar que eu queria muito conhecer pôr causa de uma crônica do Alexandre Herculano que está no livro “Lendas e Narrativas “.

Quando eu tinha lá meus dez anos, a história do arquiteto do mosteiro, Afonso Domingues, me emocionou muito.

Afonso Domingues já estava velho quando começou a construir o mosteiro e o rei preocupado com sua saúde, substitui-o pôr um arquiteto inglês.

Retirados os esteios da  sala do capítulo, a cúpula despenca, o inglês enlouquece o rei mandou chamar Afonso Domingues já então velho e cego.

A resposta que ele dá ao rei é um resumo de toda a galantaria dos romances da Cavalaria.

Resumindo, ele fecha a abóbada conforme o seu projeto e na hora de decimbrar ( tirar os esteios) senta-se num banquinho debaixo do teto e ali fica pôr três noites.

Quando vão chamá-lo para receber as glórias do rei, Afonso Domingues está morto!!!

É uma pena que eu não tenha achado “Lendas e Narrativas” para reproduzir o episódio com mais fidelidade e com a grandeza do Alexandre Herculano, o Victor Hugo português ou se preferirem,  Walter Scott.

De qualquer maneira, foi muito emocionante para mim, estar no mesmo local em que Afonso Domingues fez suas vigílias confiando em que a abóbada não cairia.

No Mosteiro da Batalha tirei uma foto apontando para a data do túmulo de um rei de Portugal que lá está enterrado: 1220!!!

A construção em si é fantástica e o australiano a cada momento me perguntava de como os portugueses poderiam ter construído aquelas naves imensas e com mais de 80 metros de altura e com tanta perfeição, há quase mil anos.

Tentei explicar-lhe que naqueles tempos os construtores de castelos e mosteiros dominavam totalmente a cantaria, a marcenaria e a construção de andaimes.

Acho que ele não acreditou e ficou com a idéia de que estava sendo engazupado com a idade das obras.

A verdade é que temos uma deformação cultural que valoriza muito e quase que exclusivamente o que chamamos de ciência e progresso; desde os egípcios que as construções monumentais eram fatos corriqueiros na história dos povos.

Os construtores gregos e depois os romanos edificaram monumentos que nos deixam perplexos justamente porque achamos que sem a nossa técnica não seria possível levantá-los.

Lembro o Colosso de Rodes, o Partenon, o Foro de Trajano, o Coliseu etc. etc.

E o que dizer das cidades maias e aztecas?

Tiuauanaco?

Machu Pichu? Nazca?

Mais do que milagres são a prova de que temos uma noção errada dos conhecimentos dos povos antigos.

Acreditamos que o conhecimento científico nasceu no século XVII mas, estaremos certos ou apenas raciocinando contra a evidência?

Bem, prossigamos.

A seguir visitamos Aljubarrota, testemunha muda da terrível história de D. Inez de Castro.

O rei de Portugal casou seu filho, o Infante D. Pedro com uma princesa espanhola.

No séquito da noiva ia uma dama de honor, Inez de Castro, pôr quem D. Pedro se apaixona e com quem vai viver secretamente em um castelo em Coimbra.

Quando o rei descobre e pôr influência de seus ministros, resolve matar d> Inez.

Aproveitando-se de uma caçada de D. Pedro, os ministros – três – vão ao castelo de Coimbra e assassinam d. Inez.

  1. Pedro revolta-se contra seu pai mas é batido pôr este.

Quando o rei morre, sete anos depois, D. Pedro sobe ao trono e, no mesmo dia, desenterra D. Inez com suas próprias mãos e leva-a em procissão noturna de Coimbra para Alcobaça.

Em lá chegando, senta D. Inez no trono, coloca-lhe a coroa de Rainha de Portugal e faz com que nobreza, clero e povo beijem-lhe a mão e lhe jurem fidelidade.

A seguir, arranca o coração de dois dos ministros que assassinaram D. Inez: um pela frente e o outro pelas costas.

Após o que, enterra D. Inez em Alcobaça.

Os túmulos de D. Pedro e D. Inez são considerados os mais belos túmulos góticos do mundo.

Estão lá, em Alcobaça e parte deles, pequena parte está destruída, eis que quando a França invadiu Portugal no período das guerras napoleônicas, os sarcófagos foram violados em busca de eventuais riquezas.

É incrível mas os portugueses concertaram (?) o estrago com argamassa comum!!!

Camões escreveu um belíssimo soneto sobre esta história terrível.

Lembro que não observo rigorismo histórico quando narro esses acontecimentos porque é minha intenção despertar a curiosidade dos eventuais leitores que deverão saciá-la na “História de Portugal “de Alexandre Herculano, obra que tenho mas não sei onde está, talvez no sótão.

Idem para  “Lendas e Narrativas “.

E assim a pessoa sai de Batalha e Alcobaça completamente aturdido e dirige-se para Fátima.

É aquela Fátima de que ouvimos contar desde as primeiras lições de catecismo, onde Nossa Senhora apareceu várias vezes para os três pastorinhos e lhes deixou três mensagens das quais uma ainda não foi revelada e só o será quando a última das crianças com quem ela conversou venha a falecer.

Essa é Lucia que ainda está viva e reside num convento de Coimbra.( Passamos defronte)

Pois bem, depois de tanta carga emocional em Batalha e Alcobaça, Fátima nos parece um santuário banal, sem nenhuma carga mística.

É surpreendente mas foi assim que a senti.

No local onde Nossa Senhora aparecia, foi construída uma capelinha moderna que não consegue nos dizer nada.

Heloisa fez as suas orações, e eu também.

Um padre benzeu as medalhinhas que havíamos comprado numa das muitas lojas de lembranças e foi só.

Esperávamos muito mais.

De Fátima fomos para Leiria onde pernoitamos num hotel excelente.

Estamos no dia 29 de março e deixamos Leiria para visitarmos a cidade romana de Conimbriga.

Convenhamos que é muito difícil resumir em poucas linhas o que se vê e depreende das ruínas de uma guarnição e vila romana do século V A .C. mas tentemos.

As muralhas quase não existem mais pois foram demolidas e suas pedras utilizadas para cercar quintas, o que, pareceu-me ainda é prática corrente.

O aqueduto foi destruído pêlos visigodos quando cercaram a guarnição e vila.

Há casas confortáveis, banhos públicos, olarias e shoping centers ou o que mais se assemelha a isto.

Uma pequena anedota.

Quando servíamos em Cachoeira, o Batalhão dispunha de uma olaria cujo funcionamento sempre me pareceu totalmente irracional.

Pesquisando para melhorar a coisa, descobri que aquele modelo de olaria fora criado pôr Frederico o Grande para operar durante suas campanhas; chamava-se mesmo “Olaria de Campanha “no Manual do Engenheiro.

Descobri então que havia em uso na Europa um outro modelo, muito mais racional e econômico.

A verdade é que pôr mais que eu apregoasse as suas virtudes que aliás saltavam aos olhos, não tive tempo de implantá-lo em Cachoeira que até hoje permanece fiel a Frederico.

Pois os romanos já usavam o tal modelo moderno!!!

Quando vi a olaria deles imediatamente lembrei-me dos meus desenhos: as instalações são iguais, exatamente iguais!!!

E mais, eles fabricavam um tijolo triangular que lhes permitia construir pilares redondos de tijolos coisa que não fazemos e que seria muito econômico em residências.

Seis tijolos triangulares equiláteros e iguais, colocados lado a lado, compõe uma circunferência de raio igual ao lado do triângulo eis que, sabemos, o lado do hexágono inscrito é igual ao raio.

Os pisos de ladrilhos substituíam os tapetes e a maioria deles apresentam desenhos belíssimos.

As plantas das casas eram modernas, com entradas de serviço, estar íntimo, excelente iluminação, banheiras jacuzi etc. etc.

Diria que em matéria de residências, os romanos viviam melhor do que nós.

Em suma, o efeito geral da visita é que a gente fica meio inseguro do que acha que sabe a respeito dos povos mais antigos.

Passemos portanto a Coimbra, cuja origem também é romana.

Estivemos lá num domingo e portanto a universidade não estava com suas aulas funcionando.

Limitamo-nos pois aos prédios, em especial à Biblioteca, Reitoria, Salão de Defesas de Teses, Pátios etc.

Nada de mais a não ser a Biblioteca que é toda folheada a ouro do Brasil e construída com madeiras ídem.

Tem-se a sensação de termos sido roubados e muito roubados.

O que já é velho mas não dá para ficar-se conformados.

A cidade é grande, medieval, cortada pôr um rio bastante expressivo e tem do lado sul a igreja de Santa Isabel que é notável não só pela sua riqueza como também pôr conter a tumba da santa.

Não esquecer que Isabel foi rainha de Portugal e atribui-se a ela o milagre das flores.

Contam que ela saia disfarçada para levar pão aos pobres o que desgostava o rei seu marido.

Um dia ele resolveu dar um flagrante em Isabel e interceptou-lhe os passos na saída do castelo.

– Onde ides senhora e o que levais no regaço?

– Venho do jardim meu senhor e o que levo são flores.

A seguir Isabel deixa cair o manto e em vez do pão que levava, são rosas que  aparecem.

Si non é vero é bene trovato.

Diz a Heloisa que há um milagre semelhante na história de um outro santo da Igreja.

De Coimbra, com muita chuva, para Buçaco, um antigo mosteiro, hoje hotel, situado no meio de um jardim botânico, digamos assim.

Lugar belíssimo, arquitetura manuelina realmente caprichosa e reserva florestal muito bonita, com árvores e flores exuberantes.

Havia pôr lá um monte de estudantes visitando o parque, mesmo sendo domingo.

De notável a decoração com azulejos ilustrando poemas de Camões, Gil Vicente etc.

Existe lá um azulejo com a figura de Inêz de Castro tendo embaixo o famoso poema de Camões:

“Estava a bela Inêz posta em sossego…

Se ela foi parecida com a figura do azulejo, então era realmente muito bonita.

A Lurdes, que viajou pelo mundo inteiro e que doutrinava constantemente, lá deixou a sua pedrada.

Ela ficou encucada com uma palavra que não conseguia entender o significado e veio me perguntar.

Eu também não sabia mas resolvi dar uma olhada no azulejo em que estava escrita.

Eram uns versos de Camões, pôr sinal manjadíssimos.

E a Lurdes emendara duas palavras.

Perdeu a prosápia ou pelo menos, grande parte dela

quando lhe recitei os versos conforme o texto original, o que fazia desaparecer a apócope e pôr conseqüência o cacófato.

De Buçaco fomos para Aveiro, agora com sol.

Aveiro é a cidade dos doces, muito bonita, cortada pôr canais o que faz com que alguns portugueses mais patriotas a chamem de a Veneza de Portugal…

De qualquer forma é uma cidade muito bonita, um povo muito educado e de lá trouxemos uns ovos moles que foram degustados pela Isinha, Ângelo e Lucas.

Creio que ainda há alguns no estoque.

De Aveiro fomos para Espinho, uma praia muito conhecida, onde ficamos num hotel excelente.

Visitamos o cassino, passeamos pelo malecon, muito bonito, e fomos dormir para no dia seguinte, segunda feira , irmos para o Oporto, a segunda maior cidade de Portugal, sobre o rio D’Ouro.

Antes de chegarmos ao Oporto, paramos em Vila Nova de Gaia, na margem sul para apreciarmos a ponte sobre o rio e uma velha igreja do século XIII que domina a paisagem.

O rio é portentoso e muito bonito; as ribanceiras são altíssimas, creio que mais de cem metros e, do lado de cá se descortina a zona velha de Oporto, com suas casas amontoadas e empoleiradas na colina que desce para o rio; divisa-se também a parte nobre da cidade com seus edifícios e construções medievais.

Fomos direto para a cantina Ramos Pinto para termos uma aula sobre o vinho do Porto e degustarmos alguns tipos.

Lá compramos duas garrafas, sendo uma de coleção comemorativa do vôo do Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Propus para a moça que nos recebeu a célebre charada do português: “Fala mal o filho do Couto, não é este é o outro “.

Fala mal o filho do Couto: Gago Coutinho.

Não é este é o outro: Sacadura Cabral!!!

Penso que não entenderam.

Em Portugal você não pode ser muito sutil…

Depois demos uma volta pela parte velha da cidade e pelo porto onde vimos uma velha fortaleza e uma estátua eqüestre do D. João VI a cavalo.

O cavalo tem uma pata levantada que os nativos dizem que aponta para o Brasil.

Lembremos que D’João VI fugiu de Portugal quando as tropas de Napoleão desembarcaram naquele exato lugar.

Lembremos que foi então que o Brasil deixou de ser colônia para ser Reino Unido de Portugal e Algarves, o que foi uma grande melhoria em nossa situação.

Graças ao Napoleão.

De tarde estivemos livres para passear e conhecer a cidade.

Andamos pôr ali e fomos a um shopping que tinha uns sanduíches notáveis feitos com uma bisnaga.

Diz a Heloisa que era de pão francês, o nosso conhecido pão d ‘água mas eu penso que não, que era o mesmo pão escuro que eles comem.

É escuro mas é delicioso: no início a gente olha e nem quer provar mas depois verifica que é melhor que o nosso.

Comemos muito pão em Portugal.

O hotel em que ficamos no Oporto era excelente.

No dia seguinte visitamos a zona dos vinhedos do Minho e fomos a Guimarães, Braga e Barcelos.

Em Guimarães, lugar onde nasceu Portugal, visitamos igrejas da alta Idade Média e tivemos a sorte de ser dia de feira, num lugar belíssimo na beira do rio.

A feira era mais completa do que as nossas, com tudo o que se possa imaginar.

Deu para avaliar e muito bem como é o quotidiano dos portugueses: de um modo geral é tudo mais barato e as frutas e verduras são muito bonitas.

Destaque para os moranguinhos que são enormes e gostosíssimos.

Peixe e flores de todos os tipos e matizes.

Tenho umas fotos da feira e das flores.

De Guimarães para Braga, lugar antiquíssimo onde a religião é levada muito a sério.

As ruas da cidade estavam todas decoradas de roxo, as cores da quaresma e as mulheres que iam à igreja estavam todas de preto, da cabeça aos pés.

Visitamos a Sé de Braga, o bispado mais antigo de Portugal, construção ainda do primeiro milênio.

Lá estão enterrados até romanos e existe uma capela em que estão as ossadas e uma lápide com os nomes dos enterrados.

O primeiro que aparece é do ano 48.

O que surpreende são os nomes: já naqueles tempos os nomes são familiares e portugueses.

Como Portugal foi colônia romana até ao séculoV D.C., é muito possível que os nomes sejam traduzidos do latim e aportuguesados.

Tirei uma fotografia da lápide onde aparece um Dom Rodrigo de Moura, enterrado em mil setecentos e picos.

Heloisa visitou o coro da Sé de Braga e ficou com medo: tudo escuro, tumbas e ex-votos de cera pôr todos os lados, não havia ninguém, só um guia meio tétrico, negócio meio puxado à Fantasma da Ópera…

De lá fomos visitar a Igreja do Bom Jesus, do século XVIII, feita com o ouro do Brasil.

A gente fica meio revoltado ao ver a grandiosidade e a inutilidade daquela obra.

Tem-se acesso à igreja pôr uma escadaria de 700 degraus; de tanto em tanto existe uma capela enorme com a estatuária dos passos do Calvário.

As estátuas são puro barroco, iguais àquelas do Aleijadinho.

Depois fomos para Barcelos, a cidade que deu origem à lenda do galo português.

Contam que um peregrino que ia para Santiago de Compostela passou em Barcelos e lá pousou.

Na manhã seguinte verificaram que o tesouro da igreja local havia sido saqueado.

Imediatamente culparam o forasteiro que foi condenado à morte.

Antes da execução ele teve direito a um último pedido e disse que queria comparecer perante o juiz que o condenara.

O juiz estava almoçando e o prato era um galo assado.

O peregrino então disse ao juiz:

– Eu sou inocente e a prova disto será dada pôr este galo que o senhor está comendo: como prova da minha inocência ele se levantará e voará!

O que realmente aconteceu.

O peregrino foi solto e o galo virou o símbolo de Portugal.

Se non é vero…

Os de Barcelos montaram um centro de artesanato numa edificação do século XI e lá a Heloisa comprou todo um galinheiro para parentes, amigos e eventuais.

Compramos também toalhas e as camisetas dos guris porque Barcelos é o maior centro têxtil de Portugal e essas coisas lá são baratas.

Não pensar que se trata de uma cidade: é uma vila muito simpática e com um povo muito hospitaleiro.

Depois voltamos para o Oporto – ou Porto como quiserem – para pernoite.

No dia seguinte fomos para o vale do Douro conhecer os vinhedos e as vilas de Amarante e Vila Real com seus castelos muito bem conservados.

Depois, já nas montanhas, visitamos Viseu, cidade antiquíssima onde existe um museu de pinturas muitíssimo interessante com, inclusive, os quadros do Grão Vasco o maior pintor português dos século XVI.

De Viseu para Urgeiriça onde nos hospedamos numa espécie de castelo de um inglês que era dono das minas de urânio da região.

Como o mobiliário e a decoração são originais, como não havia ninguém a não ser nós e a manor fica no meio duma floresta, Heloisa ficou com medo e dormiu com a luz acesa.

Acontece que quando fomos jantar, resolvi ir pelas escadas cuja iluminação é feita pôr umas luzernas desmaiadas e portanto escuras; nos enganamos de andar e fomos até ao porão e aí a Heloisa se assustou com o tétrico da casa.

Pôr acrescentar que chovia, fazia frio e o vento uivava…

Mesmo assim e mesmo que eles digam que há pôr lá alguns fantasmas britânicos, não apareceram.

De ruim só o café da manhã que foi o pior que tivemos em Portugal.

De lá, apesar da chuva e do frio, fomos para a famosa serra da Estrela, estação de inverno dos, portugueses que, quando neva, esquiam pôr lá.

Há um artesanato de couros e queijos muito variado e as roupas de couro e lã são bem baratas e bonitas.

Havia um pouco de neve e os australianos ficaram maravilhados e foram se atirar neve um no outro.

Eles já haviam se encantado com a chuva porque, de onde vem, não há chuva.

Fomos até ao cimo da serra, mais de 2.500 metros.

Na torre que marca o cimo e abriga os artesanatos, o vento uivava e a chuva cortava. Tirei uma foto da Heloisa na frente da Torre mas não saiu muito bem porque com aquele tempo não dava nem para ficar parado fazendo pose.

Fomos então para Castelo de Viseu, uma vila medieval muito interessante que está inteiramente dentro de muralhas.

Lá fomos visitar a rua da judiaria, local onde os judeus eram confinados pela Inquisição.

O acesso é muito difícil mas nós o fizemos ainda mais porque primeiro descemos até a praça da fonte pública e depois subimos uma ladeira que era cortada pela rua da judiaria.

Havia muitos moradores naquelas casas e todos muito amigáveis.

Conversamos com umas mulheres de preto e de chalé que estavam nas janelas nos olhando.

Nos mostraram onde terminava a rua e a sinagoga; contaram que de vez em quando aparecem pôr lá turistas judeus – elas não usaram a palavra

“turistas “-, que vão rezar na sinagoga, um prédio baixinho com um pé direito de pouco mais de um metro.

Quando já nos preparávamos para descer a rua dos…dos, não lembro o nome, uma das moradoras disse que não precisava, que bastava irmos pela rua da judiaria que chegaríamos à praça.

Claro, mas nós tínhamos que acreditar na placa que nos ensinara o caminho.

Quem colocou a placa decerto não era nativo.

Ou era…

É lá em Castelo da Vide, na praça da igreja, que no sábado de Aleluia se reúnem todos os pastores da região com suas ovelhas para a benção Pascal.

É uma festa muito concorrida e o hotel em que paramos já não tinha mais vagas.

Na manhã seguinte, deixamos o nosso grupo que partiria para Evora e Lisboa naquele mesmo dia.

Nós ainda ficaríamos mais um dia em Évora e Marvão.

Nos despedimos realmente pesarosos do Zé Luiz,  Porfiria, Lurdes, Norma, Olga, Anamaria e dos australianos.

Em seguida apresentou-se a nova guia – que também era a motorista – e os novos companheiros de viajem, um casal de canadenses do Quebec e portanto de língua francesa.

Eu que já fora o tradutor do terrível inglês dos australianos, com algum sucesso, agora teria que dar 180º na língua e partir para um francês também bravíssimo.

No inicio ainda estava pensando em inglês mas logo em seguida, coisa de meia hora, já estava trovando com algum desembaraço em francês.

A nova guia, a Paula, era – pelo menos parecia ser – mais culta que a Porfiria e levou-nos ao castelo de Marvão.

Um parênteses – já disse que ela era também a motorista e peituda porque metia-se com sua van naquelas ruelas com um metro de largura, o que nos deixava preocupadíssimos.

Não deu outra, em Évora ela bateu num carro estacionado mas, sem maiores conseqüências!

Fechar parênteses.

Como estava chovendo e com muita cerração o castelo ficou inacessível e o trocamos pelo museu municipal de Marvão, uma antiquíssima vila romana e depois árabe.

Foi uma grande surpresa.

O museu contém um acervo notável de utensílios do quotidiano dos romanos que nos encantam e nos instruem.

Surpreendeu-me, entre outras coisas um anzol de ferro, exatamente igual aos que usamos.

Também uma tesoura de podar e utensílios de cozer e  fiar.

Há um esqueleto de um romano que é notável: mesmo sem os pés e as mãos ( como os teria perdido?) trata-se de um homem de elevada estatura e com um tórax muito bem formado, de ombros largos e cintura estreita.

Seria aquele o biótipo comum dos romanos ou será uma exceção?

Havia também umas pedras que diríamos votivas: eram colocadas nos templos de Júpiter em agradecimento pôr graças alcançadas. O interessante é que pode-se ler o latim com muita facilidade e de uma delas tirei conclusões interessantes.

A inscrição dizia que fulano – não lembro o nome – cidadão romano pôr graça do divino imperador Cláudio, capitão e seu irmão, sicrano, pagava sua promessa feita no templo de Júpiter.

Concluí que o que foi traduzido como capitão significava caput familiae, ou seja, o filho mais velho dono do pátrio poder e que  não podemos traduzir divino com o que hoje entendemos signifique este adjetivo.

Deos vis – que resultou em “divino “significa  “pela força de Deus “.

Se lembrarmos o que era Roma e as convicções que tinham os cidadãos romanos do tempo do Império, ciosos de suas liberdades cívicas, teremos que admitir que divino não é uma boa tradução para o que eles queria dizer.

Quero lembrar também que, em matéria de desenho de letras, os romanos continuam imbatíveis: até hoje ninguém conseguiu desenhar letras mais bonitas do que as deles.

O que surpreende nas pedras votivas, e justamente isto: o que foi escrito, gravado, há quase dois mil anos, parece moderno, claro e elegante.

Assim que Marvão, para mim, teve um significado muito especial.

Outro parênteses: na volta, fui ler o Alexandre Herculano e fiquei sabendo que Marwan foi a sede do califado de Córdoba, a parte mais importante do império árabe na Ibéria.

Que os árabes conquistaram a região e o castelo, dos visigodos que pôr sua vez haviam vencido os romanos, lá pelo século VI.

Daí a importância de Marwan mas a guia nem tocou na história do califado.

Fecho o parênteses.

Almoçamos em Estremoz onde conhecemos uma pousada que afirmam ser a mais luxuosa da Europa.

Trata-se de um castelo que era residência da Rainha Santa Isabel e que realmente é deslumbrante.

Ao lado está um convento de Clarissas eis que Santa Isabel pertencia a esta ordem religiosa.

Heloisa reclamou que o convento era muito fino para a ordem das clarissas que, inspiradas em Santa Clara, professam a pobreza.

A guia observou, com muita propriedade, que Santa Isabel era clarissa mas também era rainha de Portugal…

Almoçamos em Estremos e muito bem e barato: Heloisa comeu uma maioneses de atum excelente e eu um arroz de Braga, com pato defumado.

En passant, a Alba declarou que sabe fazer arroz de Braga e realmente pela descrição que ela fez, a receita é a mesma.

Pagamos exatamente R$6,00 pelo almoço.

Depois, Vila Viçosa onde conhecemos o Palácio da dinastia de Bragança, nossa velha conhecida.

É muito interessante pelas pinturas, pela cozinha e pela notável coleção de porcelanas da última rainha de Portugal.

Os aposentos estão praticamente intocados desde a proclamação da República em 1910 e fica-se com uma visão bem clara de como viviam os reis daquela época.

Sem luz e sem banheiros, não há luxo que nos faça pensar que moravam bem.

Visitamos também uns jardins dos bispos, muito interessantes.

E fomos dormir em Évora, a cidade orgulho dos portugueses, patrimônio da humanidade.

O hotel é a única construção moderna dentro das muralhas e foi construído em estilo romano rico.

A planta é romana mas o conjunto não convence muito. Interessante que um dos pátios internos, onde há uma piscina, dá, de cara, para as muralhas que foram construídas pêlos romanos em tempos antes de Cristo.

É, pelo menos, uma visão surpreendente!

Vistamos Évora que realmente é encantadora.

Há um templo dedicado à Diana que é do primeiro século.

Está construído sobre o forum romano de Évora mas não foram feitas escavações porque ali também é a praça da cidade, que data do séculoXI.

Seria desmanchar um sitio histórico existente, certo, para procurar um outro duvidoso.

Saímos de Évora e fomos almoçar em Setúbal.

Pôr sorte, achamos o famoso restaurante do Bocagem e lá almoçamos: eu comi bem – bacalhau – a Heloisa mais ou menos porque se enrolou no pedido e os portugueses não conseguiram desenrolar.

Também porque eram dois garçons e estavam brigando pôr uma razão que desconheço.

Só  vi o bate – boca.

Como de praxe, todo o mundo fumando charutos e cigarros como aliás é comum em Portugal.

Em todos os lugares, as ruas são limpas mas o chão é coalhado de tocos de cigarros.

Foi em Évora que vimos a Capela dos Ossos.

Para  criar um ambiente que evidenciasse o efêmero dos valores materiais, os padres franciscanos recolheram todas as ossadas dos frades que haviam sido enterrados nos terrenos da Igreja de São Francisco – falam em seis ou sete mil – e com os ossos erigiram a capela.

Interessante que o efeito não é tétrico porque, inclusive, as paredes têm frisos decorados, arcos e barras delicadamente construídos.

Com ossos, é claro.

Há também azulejos com frases inspiradoras para a Virtude mas que não são mórbidas.

Heloisa ficou muito impressionada com a Capela dos Ossos.

Existem lá também o que chamava-se de Livros das Horas, manuscritos medievais, do século XII, que estão muitíssimo bem conservados.

O trabalho dos copistas é fantástico e as iluminuras um primor.

En route para o sul, antes de Setúbal, que fica na beira do mar, passamos pôr Castelo Branco, Portalegre e Borba.

De Portalegre é que saíram os colonos para os Açores e de lá para cá.

Talvez isto explique o nome de nossa cidade.

A região tem inúmeras minerações de mármore a céu aberto.

Portalegre desenvolve-se em torno de um castelo e apresenta a particularidade de ter um conjunto habitacional moderno, projetado pelo principal arquiteto de Portugal.

É uma cidade pequena mas capital do Alem Tejo, se não me engano da província.

As paisagens do sul são muito parecidas com o nosso interior: coxilhas com casas brancas na parte mais altas.

Eu ia dizer as casas são do estilo colonial português mas acho que seria tolice.

Há bastante mato mas todas as árvores são de corticeira. Todas!

Em algumas casas, as cegonhas fazem ninhos nas chaminés e as pessoas então deixam de acender a s lareiras respectivas para não espantá-las.

É que as cegonhas voltam todos os anos e, depois de um certo tempo, se tiverem moradia constante e certa, deixam de emigrar.

É muito interessante e bonito.

E assim terminamos a volta pelo Portugal histórico e voltamos encantados para Lisboa.

Faltava ainda fazer o clássico tour de Lisboa: Torre de Belém ,Jerônimos, Ponte do Tejo, Museu dos Coches, Alfama, Cascais, Sintra e Estoril.

O que fizemos no domingo, parte com um tour meio brabo, parte com a Cintia Novais.

Fomos de trem, desde a estação do Cais Sodré até a casa da Cintia em São João do Estoril e lá, de carro, ciceroneados pôr ela, visitamos a praia de Estoril, o Cassino e Sintra.

Depois do que havíamos visto, o tour de Lisboa restou meio xoxo e pouco acrescentou à nossa beleza.

Compras na segunda feira e, terça de manhã, aeroporto, com destino casa!

Vôo com muitos portugueses que vieram o tempo todo conversando e fazendo chacrinha no avião.

Chegada ao Rio e embarque quase imediato no vôo da 20:30 para Porto Alegre.

Nos esperando os Barrios, o Tergolina e o Lucas.

Este registro é simplesmente um relato cronológico da viajem, com uma pobre, seca e sucinta narrativa dos fatos objetivos para evitar que se percam nos escaninhos da memória.

Das conclusões e do aprendizado, certamente irei falar quando as impressões amadurecerem mais e houver oportunidades.

Quero apenas ressaltar que, em toda a viajem, não ouvimos nenhuma referência aos árabes e sua civilização!

Como se eles nunca tivessem existido ou dominado grande parte de Portugal.

Parece que, até hoje, eles continuam sendo os inimigos da cristandade.

Devo também admitir que, mesmo entre nós e conosco, existe este sentimento.

Desprezamos a raça árabe, achamos que são uns mercadores patifes e ignorantes e que a religião de Maomé é atrasada, bárbara, cruel e sem fundamento ético.

Mesmo que não saibamos nada daquilo que desprezamos.

Ou seja, a nossa herança lusitana nos transmitiu tais conceitos como razões de fé.

E, não creio que tão cedo iremos mudar nossas convicções.

 

 

 

 

Quarta-feira, 15 de abril de 1998, 18:45, tempo chuvoso.

 

Estou voltando ao normal nestes registros que foram interrompidos pela narrativa da viajem a Portugal.

No intervalo tivemos o feriadão da Páscoa em que não fomos para a praia para colocarmos em ordem nossas coisas.

Os Tergolinas foram e os Fietz também mas os Fietz voltaram no domingo de manhã para o almoço pascal aqui em casa que foi um grandioso churrasco com todos os que estavam em Porto Alegre.

A gurizada e os adultos procuraram os ninhos e tudo foi muito bem.

De tarde o Bolão cumpriu sua rotina FUNAI e levou a turma para o Green Park.

De noite a Isinha telefonou para desejar felicidades na Páscoa e para dizer que gostava mais do tempo em que era hóspede na praia.

Acontece que, agora sabemos, o Ângelo come o que come pôr herança genética dos Tergolinas: o Cláudio, irmão do Tergolina passou o feriadão com eles e comeu até as goleiras.

O Cláudio, o Ângelo e o Conam desustruturam qualquer hospedeira…

Esteve também aqui em casa, na Páscoa, o João com a filharada.

Mais um e ele vai ter que comprar uma Van.

A novidade do mês foi promovida pelo Bagé que foi atropelado pôr um touro que lhe quebrou a perna.

O Carlos foi acionado desde Brasília e conseguiu que ele tivesse um atendimento bom, tanto lá como aqui; a coisa não foi muito fácil pois ele teve que colocar pinos na perna.

Heloisa e eu fomos visitá-lo no sábado passado.

Hoje volta lá para emprestar-lhe as muletas.

Está engessado mas mesmo assim viaja amanhã para a Fazenda.

Segunda feira o Ângelo veio estudar e hoje o Diego que – sabiamente – não quer mais saber da psico – pedagoga ou algo ainda mais ridículo.

Comecei pôr ensinar-lhe caligrafia.

Fiquei espantado com a ignorância do colégio onde estuda: foi dado para ele ler um livrinho, O Corcunda de Notre Dame.

Eles devem copiar a ficha de catalogação e lá está escrito:

“Corcunda de Notre Dame. Autor: Walt Disney!!!”

Parece-me que qualquer pessoa chegada às primeiras letras jamais escreveria tamanha barbaridade.

Não será assim que irão desenvolver o gosto pela leitura e os conhecimentos de literatura dos alunos.

E dizem que é um colégio bom.

Neste aspecto, cabe um elogio ao IPA: às vezes os caras exageram – o Ângelo estudando a Revolução Inglesa como preparatória da Revolução Francesa, é difícil de engolir – mas, de qualquer maneira se erram, erram para mais.

Explicar Olliver Cronwel para o Ângelo ou para qualquer menino na idade dele é, pelo menos, muito pouco estimulante…

Vou até telefonar para saber de como ele foi na prova.

Do Pingo sabe-se que foi pungado na PUC em todo o dinheiro que ganhara de aniversário, R$ 300,00.

No mais, segue desaparecido.

Quando ele souber que os caras do Vale do Silício estão contratando Informáticos em todo o mundo e pôr qualquer preço, vai ficar satisfeito.

Bolão de férias trabalhando na casa.

Estivemos lá jogando cartas, no sábado.

A casa é bastante boa e enorme.

Ainda está um pouco bagunçada porque o consultório da Liege encontra-se na sala de visitas mas certamente é uma casa com muito potencial.

A Jacy está meio baleada com tumor na mama.

Foi bom a Liege ter vindo de Pelotas.

A surpresa ficou com a mãe que está ótima: depois de abandonar a médica que receitava xarope de ovo de pato e pregos, arribou de vez.

Estivemos lá na quinta feira e a D. Célia estava a mil.

Que bom.

A Alda bem mas com seus problemas: enxergando pouco e anêmica.

O Paulo se preparando para partir rumo ao Espírito Santo.

Almoçou aqui na Páscoa.

No Rio todos bem.

Parece que com isto coloco as notícias em dia.

No escritório, tudo bem com bastante serviço.

Preciso começar a reduzir as ações senão vai ficar um sufoco.

 

O affaire do Pinho está resolvido e até agora não deu galho.

Como estou engordando demais, voltei a fumar.

Em seis meses, engordei sete quilos e já começo a sentir e muito o tendão de Aquiles.

A vez passada, engordei 20 quilos e fui a 129 quilos mas agora a minha musculatura não agüenta mais tanto peso.

Velho deve ser magro.

Como agora sal é bom para pressão alta e cerveja previne o câncer, fico aguardando a descoberta que cigarro conduz à longevidade.

Pôr hoje é só.

Boas noites.

 

Sábado, 18 de abril de 1998, 21:37, tempo tempestuoso.

Ontem estreou um vendaval daqueles que há muito tempo não se viam.

Na feira, hoje de manhã, as barracas estavam todas sem coberturas.

Ai, começou a chover…

É o segundo sábado que o tempo praticamente liquida com a feira.

Estivemos na mãe que está ótima.

No mais tudo tranqüilo, apesar de eu haver sido contratado para a defesa num processo administrativo que já leva 1700 páginas.

Vou passar segunda e terça feira lendo o calhamaço.

Hoje esteve aqui o Pingo narrando suas dificuldades no emprego – estágio em que está trabalhando.

É na ADVB e ele está substituindo um gerente geral.

Pena que o Pingo nunca foi office boy que ele teria muito menos dificuldades porque ele desconhece tudo que verse atividade empresarial.

Ficou de aparecer para irmos debulhando suas dificuldades.

O João foi a Flores da Cunha e deixou o Santana para uma revisão geral.

Diz que está ótimo.

O que ficou novo foi o carro da Heloisa; os caras da chapeação e pintura são realmente ótimos.

O Gol está como se tivesse saído ontem da fábrica e até melhor, mais bonito, sem nenhum grilo ou barulho.

Interrompo para ver o teipe do concerto que o Roberto Carlos e o Pavarotti fizeram aqui no Gigante da Beira – Rio, quando estávamos em Portugal.

Assim que boas noites.

 

Terça-feira, 21 de abril de 1998, 21:50.

Domingo grandioso galeto e hoje feriado nacional ficamos em casa aproveitando para não fazer nada.

Segunda feira trabalhei bastante e inclusive peguei uma ação gorda contra o IPERGS o que para mim é muito simples porque já tenho a matriz pronta.

Amanhã distribuo.

No momento estão jogando Grêmio e São Paulo e está 1 x 0 contra o Grêmio que deveria ganhar de três a zero.

Agora precisa quatro…

Amanhã a Patrícia vai para o Rio e, na primeira semana de maio, o Carlos vai com o Tergolina para os USA.

Ao que tudo indica, a Isinha irá também.

Heloisa acha melhor ela ir para Ipanema do que os guris virem para cá devido a que tudo o que é deles está lá.

Vamos ver o que acontece.

Esta semana tem sido braba para o governo: ontem morreu o Serjão, braço direito do FHC e hoje o filho do ACM, o Luiz Eduardo Magalhães que ajudou muito o governo na votação das reformas.

O ACM vai desmoronar.

2 X 0 para o São Paulo…( 12 minutos de jogo ).

Se o Grêmio levar um saco, o Lazaroni vai para o espaço como é de seu hábito.

Amanhã vamos instalar uma nova Winchester neste computador mas antes vou verificar se é o caso.

Se a capacidade for a mesma, não troco e instalo a nova no escritório que aliás, está com a velha pifada.

Uma velha história: o João quer instalar aqui o Windows 97.

Nesta altura o Bill Gates estaria lançando o 98 não fosse o programa ter dado galho na apresentação o que deixou o referido senhor com cara de balaio.

Estou relendo os contos do Alexandre Herculano e a impressão que se tem é que os roteiros turísticos de Portugal são feitos na base deles.

Fiquei satisfeito porque tive duas discordâncias com a guia Porfiria em Portugal e verifico que eu estava com a razão.

Nada como a leitura.

Os narradores daqui, normalmente uns baitas patriotas, estão reconhecendo que o São Paulo é muito mais time do que o Grêmio.

Mau sinal.

Estou ouvindo o jogo pelo rádio, não houve televisionamento.

Bem.

A família hoje não deu sinal de vida, a não ser o Ângelo que passou pôr aqui a caminho da casa. Depois o Carlos e o Tergolina, este para levar o Ângelo.

Maria Helena está na terra fazendo uns exames e tudo está bem.

Mas, está muito magra e desanimada decerto pôr causa dos jejuns necessários aos exames que fez.

Do povo do Rio, também silêncio geral.

No início de maio a Luciana termina o exame da Ordem e está muito nervosa, estudando dia e noite o que penso não seja necessário porque este exame da Ordem não resiste a uma ação de inconstitucionalidade.

Pôr isto eles não apertem muito.

Falamos com a Zilda na Páscoa e está indo, já caminhando com o andador.

Bem, o Grêmio se foi e está levando um banho de bola.

Com o que, vou dormir.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 24 de Abril de 1998, 18:25, tempo enfarruscado.

 

Estamos em que as coisas fluem normalmente: movimento no escritório, aulas para os guris, grandes fofocas na área de computação com as inevitáveis idas e vindas de placas, softs etc.

O computador do escritório está OK e este também, com exceção da Internet que o João andou colocando umas novidades 98 do Bill Gates e aí não funciona.

Na verdade, nesta área, temos que ficar com o nosso feijão com arroz.

O João está terminando o super computador do Carlos que decerto também irá apanhar das novidades que são até maiores do que as minhas.

A noite passada a Heloisa foi para lá dormir como Diego e o Pablo eis que os doutores encontram-se em vilegiatura, a Patrícia no Rio e o Carlos em Florianópolis.

O Pablo achou que não seria necessário a Heloisa dormir lá mas o Diego fez questão o que deixou a avó muito orgulhosa.

Ontem o Ângelo veio estudar para a prova de Matemática e informou que tirou dez.

Segundo ele, e acredito, é o melhor aluno da classe, em notas.

A Isinha jura que não mas penso que ela está enganada.

O Pingo muito satisfeito no emprego e muito interessado.

Está cansado mas tem seus motivos: trabalhar o dia inteiro e freqüentar aulas à noite não é sopa e exige dedicação exclusiva inclusive nos fins de semana para colocar as matérias em dia.

Não sei como ele irá resolver o problema da frau.

O emprego – estágio que ele arranjou, é ótimo e até perto de casa ou, relativamente perto.

É na ADVB, ao lado do Fórum Central.

O resto da turma, todos em paz.

A Liege vai alugar uma sala para o consultório, o que é bom.

Hoje de tarde fui conversar com uma testemunha no processo de D. Carmem, um delegado, de modo que sabia tudo e não foi preciso grandes explicações.

A noite iremos jogar nas gêmeas, portanto jogo de seis, o que gosto mas Heloisa não.

O João foi hoje para Flores da Cunha e deve retornar amanhã com o Santana.

Se eu resolver mandar pintar o Santana, ficará quase como saído de fábrica.

Os pintores que descobrimos são excepcionais. A oficina fica numa travessa da estrada do Forte. Para futuros serviços, irei registrar – não agora – o endereço e o telefone.

A Isinha almoçou aqui hoje.

Esperávamos o Ângelo e o Lucas: os compromissos futebolísticos dos dois impediram o omparecimento.

O peixe, namorado, estava bem feito mas com gosto de amônia, da refrigeração.

Só eu comi porque as pessoas têm muito medo de peixe com paladar diferente.

De qualquer forma vou reclamar no Mercado.

O Beto telefonou para saber do refrigerador que pretendia consertar mas eu já fizera isto na semana passada.

Ainda não decidimos o que fazer no Domingo: é que a semana fica muito curta com um feriado no meio e parece que foi ontem que fizemos o galeto.

Pode ser que alguém proponha alguma coisa.

Neste momento a Heloisa está tentando saber como foi a operação do Bolão e a Jacy informa que ele está deitado de olho tapado.

Amanhã de manhã iremos lá.

Ainda repercute a morte do Luiz Eduardo Magalhães, principalmente entre os atletas de fim de semana; acontece que ele caminhava não sei quantos quilômetros pôr dia e, mesmo assim teve um enfarto violentíssimo.

Até o Dr. Cooper, que está no Brasil, já mudou suas convicções, o negócio dele agora é ir devagar.

No fim, tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Nihil novum sub solem.

Não esquecer o nihil do inventário da Bia.

Vou jantar, ou melhor, tomar café.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 1 de Maio de 1998, 10:45, tempo fechado e frio.

 

Passei toda uma semana sem comparecer, parece mentira.

Tivemos alguns fatos notáveis: os Barrios foram passar o fim de semana na Bahia e ontem o Tergolina embarcou para a Europa, via St. Louis.

Como sou fã de St. Louis, deixei o Tergolina bem entusiasmado com a viajem.

O Ângelo e o Lucas que estavam no aeroporto, informaram que o Conam só quer brincar com os passantes que até já roubaram duas coleiras dele.

Acho que a fera de Ipanema tem cruza com boxer e herdou o caráter daqueles simpáticos cachorros, raça própria para serviços de babás.

Com lembrança do famoso Boca, do Dr. Nilson.

Como este texto já está mesmo desconjuntado, volto para trás para informar que a Seleção Brasileira, jogando no Maracanã com mais de cem mil torcedores empolgados, perdeu para a Argentina.

Foi um fiasco tão grande que o público aplaudiu os de allá e cantou o olé nos brasileiros.

Acho que não passamos nem pêlos escoceses.

Ontem o Bolão esteve aqui, de noite, conversando sobre fatos e tipos interessantes do Barro Duro.

Realmente são personagens a procura de um autor.

Um cidadão de lá, que já foi milionário mas que resolveu associar-se às receitas do INPS na firma em que trabalhava e aí foi para o beleleu, generosamente decidiu ajudar uma filha a abrir um negócio.

Trata-se de um bordel que foi convenientemente instalado defronte à casa do Regis!

O Regis é um padre avançado mas que vai ficar meio chato um bordel defronte à casa paroquial, lá isto vai.

Não esquecer que no Barro Duro, não há muitos prédios e, em conseqüência, a vizinhança adquire sentido muito forte, as pessoas se comunicam muito.

A mãe do Regis, que é modista, e vai acabar costurando para as putas e o

certamente terá que freqüentá-las.

Isto daí ainda vai dar samba e será muito interessante acompanhar o enredo da futura novela.

Conjuntamente, subsiste, no mesmo arrondissemnet, um cidadão, militar de ofício, que é também bruxo de profissão.

O referido é guru de pessoas jurídicas em Brasília quems não decidem nada sem antes consultá-lo e pagar muito bem pêlos serviços prestados.

A uns duzentos metros da casa do Regis existe também um bar de gambás onde o gaiteiro é um multi – diplomado que resolveu optar pela boêmia.

Ainda, o nosso simpático e conhecido Professor, cuja única e exclusiva preocupação na vida é com a vida social das filhas e que, mientras tanto é casado com uma tremenda Dona Flor a qual, no verão, anda de biquíni dentro de casa o que, pelo jeito, não comove o Prof.

E há, enfim, a própria residência do virtuoso pároco.

Acontece que o Regis – como sabemos – é um dos esteios de Puebla, da opção pêlos pobres mas, na hora de fazer sua casa, resolveu abrir uma generosa excepção e construiu o que se costuma chamar de palacete.

Assim que, temos de admitir, o padre, o bordel, o guru e o bêbado e o Professor, vivendo lado a lado, são o sonho de qualquer autor.

Só falta o equilibrista!

Fiquei assanhado.

 

Segunda-feira, 4 de Maio de 1998, 22:57, tempo bom, frio.

 

Domingo grandiosos churrasco com grande público.

Reapareceu a Graça depois de longa ausência.

Também estiveram a Carmem Fietz e sua irmã a tia Mary, muito simpática.

Tergolina telefonou de St. Louis e tudo bem.

Dos Barrios só soubemos pela Ana que retornaram hoje porque perderam o avião no domingo.

Com a história da redução do preço das passagens aéreas – estão mais baratas do que ônibus – está a maior confa nos aeroportos que viraram redoviárias.

Já tem neguinhos viajando com galinha na farofa e garrafa térmica.

Como sempre digo, vamos acabar iguais à matriz.

Qualquer dia carro usado vai ser vendido pôr R$100,00.

Já igualamos nos custos de prestação de serviços, de bagulhos eletrônicos, de passagens aéreas e empós.

Globalização.

Falando nisto o PT – para variar – não aceitou a ligação com o PDT, vaiaram o Tarso, o Fortunati e puseram dois estalinistas na chapa para concorrer ao governo do Estado.

Vai ser o malhor vexame e, depois desta o Galo Missioneiro decerto vai cantar no seu velho galinheiro da Bossoroca.

E, o tio Briza, conforme ele me disse aqui no aeroporto há um ano, vai se candidatar.

Ele e o Eneas…

Nunca mais o FHC vai pegar uma barbada maior.

Nem o Brito.

Tudo aliado ao fato do brilhante governo do estalinista Raul Pont, estamos assistindo à passagem do PT para a galeria dos fósseis.

Como o antigo Partidão.

Hoje o Bagé declarou sua intenção de voltar às suas atividades de lobista. O que já deveria ter feito há muito tempo.

Acontece que, conforme previsto pela Time, não chove lá pôr cima há mais de dois meses e a agricultura deu um baita prejuízo.

Avisei-o mas ele não acreditou ou então já estava na fase do plantio que não tem mais retorno.

Também o João informou que foi convidado pela GM e volta a ser piloto de provas.

Olivio, Bagé, João, a moçada está retornando aos velhos lugares e espero que o Exército não faça o mesmo com os seus inativos.

Iria ser gozado eu ter que levantar de madrugada para assistir à parada matinal.

Sábado a Isinha veio almoçar e, a meu pedido, trouxe o Conan.

Está muito bonito, gordão, forte, guloso como sempre mas duvido que venha a ser um cão feroz.

Comeu meia torta que o Ângelo lhe dava às escondidas. Cada vez que o Ângelo suspendia a festa, ficava na porta olhando desesperado, com a maior cara de vítima.

O Ângelo dava-lhe mais torta e ele ficava mais desesperado ainda.

Comeu sorvete, bolacha, o que vinha ele traçava.

Cômico.

O nome dele deveria ser Conan, o Aspirador.

O Bolão já retornou ao trabalho e agora está enfrentando o problema do Marcelo, uma figura do Barro Duro que resolveu acampar.

Acontece que ele não tem onde cair morto e ainda pôr cima é aidético.

Também avisei o Bolão que não deixasse o cara grudar no pé mas não adiantou.

Sabemos que é muito mais difícil não deixar entrar do que ter que expulsar depois.

É um baita dum pepino e tende a piorar.

Hoje anunciaram a cura do câncer em ratos e já começam os testes com humanos.

Para variar são americanos os descobridores.

Como eu digo, a cada década, os americanos inventam algo que faz com que todo o resto do mundo mande grana para eles.

Gasolina, carros, cinema, DDT, antibióticos, televisão, xerox, durex, informática e pôr aí empós.

Pode estar aí a resposta da pergunta que sempre me fiz:

  • Porque os americanos são tão ricos?

Decerto é porque eles vivem inventando coisas que todo o mundo quer ou precisa.

Hoje mesmo um comentarista da televisão evidenciou um óbvio:

Todo mundo anda dizendo que o avanço das tecnologias, principalmente a Informática, reduz o número de empregos.

O único país do mundo que está com pleno emprego e importando técnicos em Informática são os USA.

E agora?

Se os americanos, que detêm a maior tecnologia em Informática, estão com pleno emprego e até importando técnicos via Internet, então é um contra – senso dizer-se que a tecnologia reduz emprego.

Pôr falar-se em citações o Arnaldo Jabour ante – ontem disse uma antológica:

  • O PDT é o PFL do PT!!!

Lembremos que o PT esculhamba o PSDB e o FHC pela sua aliança com o PFL.

Acho que o PDT é pior, muito pior que o PFL.

Também hoje o PDT lança a candidatura Emilia Fernandes para Governadora.

A malher convenceu-se que não foi o Zambiasi que a elegeu senadora.

Outro fiasco à vista.

E assim vamos nóis na comédia política.

Até a Jussara Cony queria ser candidata a vice governadora na chapa do PT.

Os cariocas tinham razão quando votaram em massa no Cacareco e no Macaco Tião que, aliás faleceu mês passado.

Do Cacareco não temos mais notícias.

Amanhã sai a convocação da Seleção.

Tudo gente jovem: Tafarel, Mauro Galvão, Dunga, Romário, Bebeto, Cafu, Rai etc. etc. e tal.

Mandaram buscar aquele japonês picareta da PUC para cuidar da parte geriátrica.

A gente temos que rire.

E, boas noites.

 

Terça-feira, 5 de Maio de 1998, 17:56, tempo bom, frio.

 

Hoje o Zagalo deu a escalação da Seleção Brasileira e eu não estou brincando.

Tafarel, Aldair, Junior Baiano, Cafu, Dunga, Roberto Carlos e Giovani.

Romario e Ronaldinho ou Romario e Bebeto!!!

Os dois que faltam são aqueles mesmo de 94.

O mundo todo está surpreso e os demais técnicos desorientados: como joga o tal de Dunga? O Tafarel será frangueiro? Romário mexe-se muito lá na frente? Ronaldinho, quem será?

Preparem-se: não passamos pela Escócia. Imaginem a Noruega.

Bem.

Heloisa foi hoje para Novo Hamburgo, junto com a Alda e o Paulo, visitar o Luisinho.

Esperemos que o Paulo comporte-se na estrada eis que é o cinesíforo.

Pretendemos ir hoje de noite nos Barrios levar o famoso super – computador do Carlos.

Vamos ver se funciona: com tantas novidades, é capaz de encrencar de saída.

O João está empolgadíssimo.

A Luciana telefonou que está nomeada para juiz conciliador e assustou-se com o salário que irá ganhar depois de fazer um cursinho de preparação: R1.500,00!

Ela não acreditou, acha demais para trabalhar duas tardes pôr semana.

Disse a ela que no Judiciário as coisas são diferentes e que agora ela é uma profissional de curso superior, que esqueça que um dia foi estudante.

Fiquei muito satisfeito pôr vê-la encaminhada.

Pena que a Cláudia e a Silvia não tenham continuado.

Diz a Lucia que a Silvia está desanimada com a novela em que trabalha porque, decididamente não é homossexual e representar uma não é fácil.

Isto ainda vai dar bode.

Algo assim como o Paixão Cortes fazendo papel de bisa.

Parece que não iria convencer ninguém…

No mais, tudo em paz: amanhã pretendo encaminhar pedido de visto para viajar para os USA; não que eu pretenda ir agora mas, em caso de necessidade, já estará tudo pronto.

Como não há mais consulado americano em Porto Alegre, o visto demora em média duas semanas.

Acaba de telefonar a Patrícia contando das aventuras baianas.

O local é deslumbrante mas a viajem pela Vasp foi um fiasco geral.

Era para terem chegado às 23:30 de Domingo e chegaram à 11:30 de Segunda.

Tudo sem maiores explicações.

Como eu já disse, o fato das empresas aéreas entrarem na guerra do R$1,99, não vai dar certo.

Qualquer dia elas desenterram os DC3.

 

Quinta-feira, 7 de Maio de 1998, 22:06.

 

Finalmente a Lucia recebeu um fax que mandei mas ainda não consegue mandar de lá para cá.

No momento ela está tentando…

O que há de mais unusual para registrar, é a situação geral da Bulgaria.

Do jeito que as coisas vão, com saques, arruaças, invasões etc.  etc. acho que não demora o Glorioso assume.

Lendo a Revista do Clube Militar, começo a sentir o cheirinho da brilhantina.

Hoje, na Indonésia, o Cmt. do Exército declarou que não é mais possível agüentar a situação.

E lá está melhor do que aqui e estas modas pegam.

É a velha história dos sacis e da jibóia.

Os pátrias tanto cutucam que acabam pôr levar chumbo.

Existe regra constitucional para isto.

Agora mesmo o governo perdeu uma votação importantíssima  na Câmara pôr um voto e voto do Kandir!!!

Vamos aguardar.

Boas noites.

 

Sábado, 9 de Maio de 1998, 18:04, tempo ótimo, outono perfeito.

 

Amanhã é Dia da Mães, lojas cheias pêlos mecanismos psicológicos de culpa desencadeados pela mídia.

Já falei muito antes a respeito.

Hoje o João trouxe o carro da Heloisa depois de uma geral em Flores da Cunha e está realmente zero.

Ela acaba de sair com ele para ir a uma missa com a Virgínia.

Garanto como vai achar a embreagem dura.

Dr. Carlos Barrios embarcou hoje para St. Louis onde, decerto irá aproveitar para descansar um pouco eis que ultimamente o casal anda a mil.

É difícil, muito difícil, agüentar o ritmo festeiro da Patrícia.

Também em St. Louis o Tergolina para uma cirurgia de próstata.

Nada de muito grave.

Ainda não sabemos se a Isinha irá mas creio que sim.

Há os problemas dos guris no colégio principalmente de como irão para lá; a solução é ficarem aqui em casa mas, para eles, particularmente o Ângelo com seus jogos de futebol diuturnos, vai complicar.

Veremos a que conclusão chegamos levando em consideração que, se o Tergolina precisar, a Isinha deve ir sem maiores preocupações com o que é melhor para os guris.

Prioridade 1 é o Tergolina.

Estamos fazendo um grandioso cozido de outono mas, ao que tudo indica, a freqüência vai ser baixa: o Bolão está de serviço e a Liege  pretende ir para Jacy o que parece justo.

Carlos e Tergolina nos USA e certamente o Pingo e o Ângelo não virão.

Nem a Graça.

Fazem umas duas horas que escrevi sobre a freqüência amanhã e devo retificar: vem o Bolão e certamente outras pessoas, talvez a Carmem e a Alda e o Paulo.

Aqui em casa, nunca se sabe.

Interrompi porque chegaram o Bolão e os guris, o Ângelo e um amigo, o João, Rosane e Israel.

O Ângelo estava feliz porque haviam ganho o campeonato do IPA e chateado porque o Grêmio perdeu para o Brasil de Pelotas e está fora do Gauchão, primeira vez em mais de 30 anos.

Como o técnico, o Lazaroni, é carioca e como o Beto, o Adilson e outros estrangeiros enterraram o Grêmio, há uma revolta contra os cariocas e a torcida pretende expulsá-los do time.

Também acho: somos uma raça diferente, temos idéias e formação cívica diferentes, muito pouco nos liga ao Brasil.

E, não gostamos muito dos brasileiros, principalmente cariocas, baianos, paulistas e outros que tais.

Bom era no tempo em que havia o campeonato brasileiro com seleções dos Estados em que não podiam jogar estrangeiros, nem aqui nem lá.

Vejam como somos descriminados: só temos um gaúcho na Seleção Brasileira e assim mesmo o Tafarel, senhor idoso, venerável frangueiro.

Deixa para lá.

Ainda ontem tive que fazer uma defesa para o Ingo em uma acusação do CONAR.

Acontece que o Alemão oferece um medicamento que diz ser bom para impotência sexual.

O tal medicamento é um fortificante e muitos especialistas informam que a potência sexual é diretamente proporcional ao estado físico do paciente assim que não há nada errado em associar-se vitaminas com os tradicionais levanta – pau, catuaba, pau barbado etc.etc.!

Havia portanto que justificar e assim eis, mais ou menos, o que escrevi depois de expor o dilema:

“Sobre o tema convém lembrar o que escreveram Freud e Hegell.

Freud publicava artigos em que afirmava que a libido residia no cérebro enquanto Hegel afirmava que era na barriga.

Daí Hegel escreve uma carta para Freud que foi publicada no Berliner Beobachtër, em agosto de 1912, com a seguinte manchete: ”  Nein, Nein Zigmund “!!!

Foi o maior barraco!

Freud, muito vaidoso não engoliu o sapo e mandou para o Deutscher Mastritchen, jornal nanico, um artigo malcriado, com o título “GebrauschseinweisungerSwine”.

Hegel subiu nas tamancas e respondeu com : “DugebrauscheinweisungërSwineJude””.

Dizem que Freud teve um ataque, cheirou meio quilo de cocaína e atacou de ”DeinMüterKatoflenVermögenSchützlinfgDierne”.

Hegel, dizem, fez uma conferência com Marx no sótão onde viviam e mandou brasa:

MeinMütterabgestorbenJemandenundenetVasdieMesseDeinJemandem undetVasbittenderPenis “.

Antes que Freud respondesse, o governo alemão interveio proibindo mais publicações alegando que os tipógrafos ameaçavam entrar em greve.

Assim que ficamos sem saber quem afinal tinha razão.

Terminei a defesa alegando que se Freud e Hegel não chegaram a uma conclusão sobre o tema, quem semos nois para opinar conclusivamente?

E, disse eu, em caso de dúvida “Pró – réu “.

Não sei se os caras do CONAR vão acolher minha tese e torço para que ninguém lá saiba alemão!

Mas que foi divertido, foi.

Advogados deviam ser pessoas mais sérias.

Então tá.

O Lula hoje defendeu uma tese que vai acabar com ele:

Acontece que o PT do Rio resolveu não apoiar o candidato do Brizola e lançar um próprio, o que bagunçou a chapa Lula – Brizola.

O Lula reuniu a cúpula do PT e anulou a resolução do Rio alegando que onde se viu os debaixo cagarem nos de cima?

Acho que com esta teoria, muito em voga nos regimens ditatoriais, o Lula acaba de enterrar definitivamente sua possibilidade de disputar com o Fernando Henrique.

Vai ser divertido.

Com o que saúdo o distinto público e vou ver o que está acontecendo na TV não sem antes registrar que o Dr. Barrios telefonou de São Paulo para perguntar se queríamos algo dos USA.

Muito gentil e fica o registro.

 

Quarta-feira, 27 de Maio de 1998, 22:27, tempo farrusquento.

 

Parece mentira mas já fazem quase 20 dias que não compareço; acontece que ando debaixo de mau tempo com os trabalhos de escritório e de noite estou cansado de tanto escrever.

Trata-se de um processo administrativo em que fiz a defesa e foi um sufoco. Ainda hoje, estou voltando de Passo Fundo onde fui para atender uma audiência de inquirição de testemunha num processo da Segurança.

Passei pôr um a vila (?), muito bonitinha, onde comprei erva mate e pinhões e que chama-se – não estou brincando – S. João da Mortandade!!!

Acontece que ali houve uma batalha campal entre bugres com uma terrível chacina.

O local onde os bugres estão enterrados é hoje um potreiro.

Enquanto os arqueólogos ficam catando ossinhos pela aí, lá em São João da Mortandade eles estão dando sopa.

Falaremos mais depois.

No intervalo, a Isinha foi para os USA, voltou e tudo bem.

Tergolina chega amanhã e neste momento a Heloisa está preparando uma torta de maçãs para ele.

Dr. Barrios chegou quinta feira passada e até agora não apareceu: decerto também está recuperando o tempo em que esteve fora como aconteceu comigo quando voltei de Portugal.

Para ser bem franco, até agora não consegui colocar tudo em dia.

A gurizada está toda bem apesar da epidemia de gripe que pôr aí pervaga.

O Ângelo pegou a tal de gripe ficou de cama durante dois dias.

Como a coisa começou na sexta feira, dia de jogo aqui em casa, foi atendido pela s gêmeas que deram um show de medicina como antigamente.

A gente fica encantado de ver um atendimento médico pelo sistema antigo.

É outro departamento.

O Ângelo também gostou muito delas que aliás são umas pessoas finíssimas.

Nos dois domingos em que a Isinha andou pêlos USA, fiz churrasco lá em Ipanema com freqüência restrita assim que suponho que a moçada já deve estar com saudade e devo reiniciar com as picanhas no domingo próximo.

A Liege já alugou consultório e anda às voltas com a instalação do equipamento; logo deverá estar arrancando dentes da comunidade.

Bolão para cima e para baixo nos plantões.

É isto aí. Até a próxima.

 

Quinta-feira, 28 de Maio de 1998, 20:58, esfriando.

 

Hoje retornou o Tergolina dos USA; fomos ao aeroporto onde também estavam os familiares dele.

O Tergol chegou muito bem, com excelente aparência.

Depois foram todos para Ipanema onde tiveram um lauto almoço com chuletas gordas e outros quitutes indispensáveis a quem chega do exterior.

Pode-se dizer que pátria é um sinônimo de culinária.

Se não é de todo, é em grande parte.

Lembro dos tempos de Rio de Janeiro quando eu vivia sonhando com churrascos de carne gorda, pinhões etc.

Uma vez cheguei a mandar pinhões para o Pinto, em Edimburgo: era um dos assuntos prediletos dele quando estávamos pôr lá, a sua saudades dos pinhões.

Até hoje freqüento o Haiti, aquele Café da Alberto Bins em homenagem aos tempos de Vacaria.

Naqueles tempos (?) Vacaria não tinha nada e era um prazer chegar aqui em Porto Alegre e ir lá para o Haiti olhar os balcões cheios de doces, empadas, pasteis etc.

Outra coisa que é emocionante é ver um letreiro de neon depois que a gente passa um tempão no mato.

Sempre que ouço alguma arenga ecológica, lembro da minha viajem de Campo Grande a São Paulo e do prazer enorme que tive quando, chegando em Porto Epitácio, me deparei com neon, asfalto e um balcão frigorífico com Coca Cola gelada.

Já lá se vão trinta anos e ainda não esqueci.

Ou então, nos tempos de cadete, depois de alguma manobra particularmente sofrida, com carrapatos, ração de combate, noites ao relento, a volta para a Escola, o banho, o uniforme limpo, o Crush e a sessão de cinema.

Era a glória completa.

Ainda hoje, num programa de televisão, o PT vangloriava-se de estar plantando não sei quantas mil mudas de árvores nesta cidade.

Árvore é sempre um problema futuro.

Índios e árvores devem morar no mato.

Amanhã devo fazer forfait no escritório: acho que com a história do processo de D. Carmem, estorei o saco com o Direito pôr uma semana pelo menos.

Se fico pôr lá, a toda hora aparecem pessoas com pepinos homéricos e mesmo a gente sabendo que advogado é para essas coisas, acaba cansando, fundindo a cuca.

En passant, o Paulo Brossard atuou na defesa de três deputados pilantras que estariam na eminência de serem cassados.

Penso que não fica bem para ele, ex. Ministro da Justiça, ex. Ministro do Supremo, advogar defendendo uns malandros acusados de corrupção.

Principalmente no caso do Brossard que é metido a moralista e vive cagando regras pêlos jornais.

Lamentável.

Principalmente porque os pintas foram absolvidos.

Bem.

Estávamos assistindo a novela “Torre de Babel” na qual a Silvia vive um personagem homossexual e, no capítulo de hoje ela recebeu um tiro mas creio que sobrevive.

Acho até que os parentes cariocas gostariam que ela viesse a morrer balaço mas tudo indica que não: a Lucia e o Pfeifer e mais o povo do Flamengo vai ter que engolir este sapo, bastante constrangedor, admitamos.

Eu não sou exatamente o cachorrinho do Lalau – que no moderninho é legal – mas acontece que o fato em si é constrangedor, independente de ser a Silvia ou a Jussara Cony.

Diz a Isinha que nos USA o tema é comum na televisão e até pior mas pôr aqui ainda a moçada refuga e funga.

Veremos como será a resposta do respeitável público.

Falando em rima de l com u ( Lalau, legal), quem tende a confundir o u em final de palavras com o l, é o Diego.

Vai ver que a professora dele é carioca.

Não sei que personagem da família escrevia o nome de d. Alda como “Auda”.

Pode até ter sido uma das nossas filhas, devido a terem feito as primeiras letras no Rio.

Particularmente as que estudaram naquele colégio glorioso que era dirigido pelo Prof. Espírito Santo, educador físico.

Como era mesmo o nome do colégio?

Serafim não sei de que porque era mesmo conhecido simplesmente como Serafim.

Parece que hoje estou com memória paleolítica: é Mato Grosso, Rio, Lalau etc. etc.

Lalau, para quem não sabe, era o Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta e a marchinha carnavalesca referente do João –não lembro o resto – um diplomata, sambista e pianista.

A letra dizia que o cachorrinho latia em bossa nova.

Lembrança dos velhos carnavais da Praia Vermelha, da boate Casablanca.

Estes dias estivemos conversando sobre as festas juninas da ECEME

e resolvi escrever para lá e descobrir em que data serão realizadas este ano.

Conforme for, a gente dá uma chegada lá para ver se mudou o Natal ou mudei eu.

Ou se não mudou nada, o que é mais provável em se tratando de usanças castrenses que tendem a permanecer as mesmas per sécula seculorum.

Se ainda não falei nisto, vou registrar que o Rotta me levou parte do original do seu livro policial para uma primeira análise.

Como eu previra, está ótimo e realmente muito bem escrito.

É um romance de ficção policial mas diferente dos que pôr aí pervagam.

Se chegar a ser publicado, será sucesso.

O malandro escreve muito bem e domina o vernáculo como aliás seria de se esperar de um general.

Autores interessantes geram livros interessantes e o Rotta é um personagem a procura de um autor.

Estes dias li uma crônica de um escritor que era fissurado no Eça e que teve a ventura de conhecê-lo e ficou terrivelmente decepcionado.

O cronista, estando em Roma, recebeu a missão de fazer uma crônica sobre o Eça que visitava a Cidade.

Ficou emocionadíssimo porque o Eça resolveu visitar o jornal em que ele trabalhava.

Aí o Eça aparece. Cumprimenta de longe e já saindo declara:

  • É você que vai escrever-me o adjetivo? Pois carrega-lho, carrega-lho!!!

As palavras não foram exatamente essas mas muito próximas.

O cara concluiu que o Eça era um pavão meio vulgar e ficou desolado.

Não sei se carregou no adjetivo porque isto ele não conta e nem o autor do livro que refere o episódio.

Trata-se do livro “Amor a Roma” de Afonso Arinos do qual o Napoleão é cioso proprietário.

Falando em Napoleão, neste exato momento a Cilulea e a Iolanda estão fazendo, a pé, a peregrinação de Santiago de Compostela, na Espanha.

Depois dizem que aquele picareta Coelho só consegue engazupar os de primeiras letras.

Os racionalistas do século XVIII afirmavam e acreditavam que o estágio mitológico do homem havia terminado; Augusto Comte formulou sua filosofia baseado neste pressuposto.

A partir dos Iluministas, de Descartes, Comte, Newton, Leibnitz etc. não haveria mais lugar para os mitos que desapareceriam espancados pela ciência e pela razão.

Era o Gotterdamerung.

Eles não contavam com o Coelho…

E, num outro patamar bem mais elevado e complexo, com o Garcia Marques e o Borges.

Em suma, não contavam com o homem comum.

E nem com a América do Sul.

O tema é apaixonante porque mostra a força das culturas primitivas.

Mostra também que entre o Teorema de Pitágoras e as operações do Dr. Fritz, a moçada não tem a menor dúvida e vai de Fritz.

A realidade é muito dura de ser suportada pêlos que foram expulsos do Éden.

Olha aí outro tema interessantíssimo: nossa nostalgia do Éden.

Dá até letra de tango.

Chega de metafísica e falemos da Seleção Brasileira de futebol.

O Romário e o Dunga – os bons velhinhos – como seria de se prever, estão quebrados e periga serem cortados.

O Romário não bate uma bola há 23 dias.

Não esquecer que cortaram um beque titular porque apresentou-se lesionado na convocação.

O argumento foi que não iriam levar ninguém que estivesse com a menor lesão.

O Zico justificou dizendo que ele próprio fora à Copa de 90 sem condições e fora responsável pela derrota do Brasil.

Só que, com o Romário, os princípios mudaram.

Vamos empatar com a Escócia e perder para a Noruega.

And, back home.

Vai ser chato para o Amaury que está empolgadíssimo para ir à França e só vai poder assistir o Brasil ganhar do Marrocos com as calças na mão.

Assim que pôr hoje é só.

Boas noites.

 

 

 

Sábado, 30 de Maio de 1998, 18:18, tempo melhorando.

 

Ontem, apesar de Sexta feira, fiz feriado e aproveitei para algumas providências domésticas tipo comprar azulejos antigos, carne para churrasco, mudas no Winkler etc. em suma, atividades prazerosas.

O Palmeiras do Felipão acaba de, de novo, ganhar a Copa do Brasil com gol do Paulo Nunes ou seja, é o Grêmio velho.

Hoje fomos à feira e depois na mãe que está muito bem.

Bolão está de plantão, os Fietz vão para Estância Velha a convite do Nara assim que o churrasco amanhã deverá ter público diminuto como dizem os cronistas esportivos.

Pôr falar nisto, o Romário declarou para a Folha de São Paulo que o Zico quer cortá-lo da Seleção porque é um fracassado da Copa e tem inveja dele.

Quer dizer, com tais declarações públicas contra o técnico, qualquer outro jogador seria imediatamente mandado para o chuveiro mas parece que os pátrias têm medo do Romário.

Com o que, na minha opinião, o assunto Seleção está resolvido: não passaremos da 1º fase.

Empate com a Escócia, derrota para a Noruega, 1 x 0 com Marrocos e fim.

A inana começa amanhã com o jogo contra o Atlético de Bilbao, uma espécie de Brasil de Pelotas da Espanha, como sabemos.

As vedetes, que ganharam ontem pôr 1 x 0 ( gol de pênalti) de um time do município onde estão sediados, vão se borrar para o ETA.

Bem.

Acabou de sair daqui de casa o Luiz Gonzaga Fagundes, um velho amigo que no momento é diretor da Eletrosul.

Cito o fato porque ele está morando em Florianópolis e gostando demais: vida tranqüila, barata, clima bom, estas coisas que estamos carecas de saber.

Mas continuamos firmes na paçoca.

Paçoca com ç é surpreendente mas parece que é mesmo assim.

É o segundo erro de grafia que cometo hoje.

O primeiro foi “prazeiroso” que não tem aquele i do meio.

Vivendo e apreendendo.

A gente acha que sabe tudo e não sabe que “prazeiroso” é prazeroso!

Então tá.

Ontem jogamos nas Gêmeas e a Heloisa estava disputando com a Meneca o primeiro lugar – que vale R$50,00 – até a última partida.

Garfearam a Heloisa mas as provas são circunstanciais e a vítima acha que não assim que chamemos de fofoca.

Nada contra as gêmeas mas o apelo do sangue e do matrimônio é alto.

Temos que achar um meio de jogar que não resulte em 4 x 2 ou seja, quatro contra dois.

Hoje teve Almoço da Família no Americano e Heloisa foi.

É um carreteiro brabo que serve para testar a fidelidade dos alunos e ex – alunos: quem volta no ano seguinte é porque mantém acesa a chama da alma mater. E também porque sobreviveu à gororoba…

Notícias de Ipanema dão conta de que vai tudo bem pôr lá.

Penso que o Tergolina ainda não voltou para o batente o que é bastante prudente.

Andar naquela estrada todos os dias não é fácil e não creio que alguém se acostume.

A fábrica deveria suprir transporte de helicóptero para seus executivos.

Decerto algum dia será assim.

Se depender da chamada Administração Popular na organização e melhoria do trânsito, muito mais cedo do que se espera.

Até me ocorre um benefício se o Olivio ganhar as eleições: voltaremos aos tempos das juntas de boi e aí fica tudo mais tranqüilo.

O Galo vai querer transformar todo o Rio Grande em a Nova Bossoroca e logo estaremos carreteando na freeway.

O que não é mal e também não é piada: foi este o argumento do Cachurro para espancar a vinda da GM.

Falando no Cachurro, ele arrumou uma missão na França justamente no período da Copa!!!

Que feliz coincidência, o homem tem sorte!

Bem.

Continua o assunto do Viagra que está causando grande perturbação mundial.

Estes dias o presidente do laboratório que produz o remédio declarou para a Time que se fosse militar estaria cercado e sem possibilidades de acionar as reservas, tantas eram as solicitações do mercado americano, mais de 70%

Do que eles poderiam atender.
Pois bem, no Paraguai e até nos camelôs da Praça Quinze existe Viagra à venda!

E os trouxas ainda compram, pagando R$15,00 pôr uma pílula!

O que vai dar de vexame pôr aí não tem no mapa.

En passant, os americanos estão lançando no mercado seis tipos de pílulas para males até aqui sem cura, inclusive queda de cabelo.

E, funcionam!

O que significa que o mundo todo vai mandar, prazerosamente e de livre e expontânea vontade, carroças de dinheiro para os USA.

O que significa também que a riqueza das nações reside na sua capacidade de pesquisa técnico científica.

(O professor Edson Oliveira ensina que sempre que o som permitir, deve-se usar o “s”, então porque “riqueza” é com “z”?

Português é muito complicado.)

Bone nuit.

 

Quarta-feira, 3 de Junho de 1998, 17:03, frio.

Hoje resolvi ficar em casa porque os trabalhos a fazer são muito chatos e de tarde vem o Diogo para estudar.

Estou decidido: agora só pego pepinos cobrando caro.

Direito, ainda mais atuando só, é muito desgastante.

O Bagé veio ontem de Brasília e diz que as coisas pôr lá estão muito feias e o povo acha que o FHC não se reelege.

Não dá mesmo para entender este país: inegavelmente a esquerda está no poder mas quem combate o governo de todas as formas é a esquerda!

Agora com o auxilio do Brizolla que, todo mundo sabe, só está interessado em ficar na berlinda.

Sei que o Exército recebeu a missão de acabar com as badernas dos sem terra de qualquer maneira o que significa que vai sobrar pena para tudo quanto é lado.

Como já afirmei antes, os caras não devem esquecer que jogar com o Exército é colocar o maior jogo na mesa: se perder, acaba o jogo.

Espero que meus antigos camaradas também lembrem disso e não entrem para perder.

Lembremos que a esquerda assumiu desprezando o Exército que teve a elegância de ficar só olhando e dando uma de bom cabrito.

Na hora que a esquerda pede para intervir alegando que não pode controlar a bagunça, perde também o seu grande argumento e, a partir daí, tudo estará justificado.

Lembremos que as pesquisas de opinião mostram que 87% da população quer a volta do chamado Regime Militar.

Sei também que dentre os principais compradores de medicamentos falsos, está a CEME do Rio Grande do Sul e que há marmelada no meio.

O fato em si já é gravíssimo e com marmelada fica muito pior.

Se houver divulgação, o Brito vai ser muito prejudicado.

Falando em prejudicado, cortaram o Romário da Seleção e chamaram o Emerson, aquele crioulinho com jeito de canguru órfão, um que jogava no Grêmio!!!

Não deu para entender e o povão está indignado.

Os caras receberam o Romário no Rio com cartazes:

“Romário é campeão, o Zico é um bundão”.

Hoje a Seleção treinou com a Seleção de Andorra e ganhou de 3 x 0.

Os jogadores de Andorra são amadores, um é bombeiro, outro corretor de seguros, outro professor primário e pôr aí empós.

O Ronaldinho jogou tão mal que nem ele mesmo acreditaria; aliás não é a primeira vez, contra o Atlético de Bilbao foi de chorar o Garoto Parmalat.

Apesar dos escoceses terem aparecido na televisão tomando trago e afirmando que irão beber antes, durante e depois do jogo, não dá para garantir que iremos ganhar deles.

Bolão esteve aqui até agora e está preocupado como tal de Marcelo que anda se drogando de novo e aprontando.

A Liege já encheu e eu aconselhei ao Bolão que despache o cara imediatamente antes que ele faça uma besteira maior; aliás eu já dissera isto antes ao Bolão, logo que ele apareceu.

Ë mais fácil não deixar o diabo entrar do que mandá-lo embora.

Vamos ver como progride este caso que é sério.

São sete e meia e Heloisa ainda não voltou do chá.

Acho que vou esquentar a janta porque não quero perder o Jornal da Globo com todas estas fofocas que andam pôr aí.

 

Segunda-feira, 8 de Junho de 1998, 22:53, chuvoso.

 

Estou ficando descuidado com estes registros mas a verdade é que, se continuo nesta marcha, acabo o ano com mais de trezentas páginas.

O final de semana foi meio corrido porque tive que fazer um recurso que não pretendia e isto me encheu as bombonas.

Sexta feira jogamos e ganhamos, Heloisa e eu.

Sábado a Isinha e Tergolina vieram almoçar bacalhau aqui em casa antes de seguirem para Gramado para passar o fim de semana gratuito que Isinha ganhou numa rifa num baile.

Depois fomos à festa junina do Chico e do Zé, lá no colégio das freiras da Glória.

A festa estava animadíssima e o Chico saiu-se muito bem na sua apresentação de danças gauchescas.

Domingo grandioso galeto com a presença de todos os que estavam em Porto Alegre; os guris da Patrícia pousaram aqui.

Amanhã vou para Julio de Castilhos, audiência de uma ação da Seguradora. Um saco.

Nos últimos dias o assunto geral é Copa do Mundo e tudo gira em torno disto.

Estrearemos contra a Escócia, depois de amanhã, o que deveria ser uma barbada mas, do jeito que a Seleção está, não sei.

Agora temos mais dois velhinhos contundidos e os dois são beques.

Com o affaire Romário, os caras vão ter que cortar também um dos velhinhos pôr razões de coerência.

Mientras tanto o Vasco ganhou do Grêmio injustamente e o Colorado perdeu o campeonato gaúcho para o Juventude de Caxias.

Faziam 59 anos que um time do interior não era campeão gaúcho.

O cafajeste do Amorety, presidente do Inter e mau caráter de carteirinha está tentando ganhar no tapetão mas não vai levar porque nem os jogadores e nem a torcida aceitam a patifaria.

O time do Ângelo ganhou a Copa Ajax de futebol de salão e consta que eles foram receber a premiação no Canal 2.

O Ângelo ficou de avisar mas não o fez: ou pifou o programa ou ele esqueceu.

O consultório da Liege está praticamente pronto e creio que esta semana ela desemboca.

Esperemos que os clientes apareçam.

Quem anda desaparecida é a Helena, ingressando no mundo nebuloso da adolescência. Nada de novo.

No mais, tudo calmo.

O João vai Quinta feira para São Paulo fechar o contrato com a General Motors.

Ele quer que o Bolão seja o seu preparador físico mas penso que não é bem assim: normalmente os preparadores são professores de Educação Física.

Se der certo é um mumu para o Bolão.

A política, com a história da Copa anda meio michada: relevo para o Cachurro que está indo para Paris.

Ele vai para um congresso (?) e já aproveita para ver a Copa…

No fim, é tudo a mesma coisa mas acho que o Cachurro abriu a guarda demais.

Outro que levou uma paulada foi o Brossard que vive cagando regras e moralizando pelo jornal e no entanto foi defender o deputado Pedrinho Abrahão, um vigarista que foi flagrado recebendo propina.

Já começam a chover protestos e é ótimo que assim seja: o Brossard sempre foi um baita dum fariseu.

Uma filha dele que foi minha colega de aula na Faculdade, tinha cartaz de ser crânio mas não passava duma coladorazinha burrovalda e apagada.

Chega de fofoca.

Interessante registrar que os contrabandistas do Paraguai resolveram fazer uma greve de protestos porque a Receita Federal resolveu dar duro pôr lá.

Penso que greves de contrabandistas ainda não haviam sido registradas na história da humanidade.

E o que é mais interessante: tiveram sucesso!!!

Descobriu-se também ( os repórteres do Fantástico) que 70% dos carros importados que rodam pôr aí, são contrabandeados!

Garanto que o assunto não irá prosperar porque iria enrolar tanta gente que derrubaria o barraco, já de si meio cambaio.

Hoje comprei um celular digital para ocupar uma linha que o João havia ganho em Osório em troca de serviços para a CRT.

Como o prazo expirava hoje e não havia candidato, acabei sucumbindo mas é coisa que não me emociona.

Pode ser que com o uso eu acabe aderindo mas pôr enquanto acho o celular o cúmulo da cafonália.

O João ainda tem mais quatro em Flores da Cunha, pela mesmas razões.

Acontece que o custo da assinatura está pôr R$80,00 assim que o caro é o aparelho embora os analógicos já estejam sendo vendidos até pôr

R$20,00!

Como eu sempre digo, demoramos um pouco mas acabamos iguais à Matriz: o próximo passo vão ser os automóveis.

Lembro que fiquei abismado no Epcot quando vi o último lançamento da GM sendo vendido em prestações de US 280,00.

Pelo menos em termos de Fiat, já estamos chegando lá.

Com o que desejo boas noites a todos.

 

Quinta-feira, 11 de Junho de 1998, 23:13, chuva.

Estamos em que já houve a abertura da Copa e o Brasil ganhou da Escócia pôr 2 x 1 com um golo contra.

Não foi um vexame mas faltou pouco porque os escoceses são horríveis.

A Noruega empatou com Marrocos com as calças na mão, Itália para empatar com o Chile precisou de uma ajuda do juiz e hoje Camarões e Áustria empataram também.

Ou seja, até agora só o Brasil fez três pontos.

Terça feira fui a Julio de Castilhos mas desta vez de Santana e com o João dirigindo e não deu para sentir a viajem.

Ontem estiveram aqui para assistir o jogo  a Patrícia, o Carlos e os guris; veio também o Ney Haushann o que foi uma agradável surpresa.

Fazia anos que o Ney não aparecia e espantou-se com a forma da Heloisa que parece não envelhecer, o que é verdade.

Hoje foi feriado e ficamos em casa porque choveu o dia inteiro; de tarde apareceu o Bolão que, junto com os guris, passara o dia na Patrícia.

Apareceu também o Pingo para apanhar um programa do banco Real e o João com a sua turma.

Agora, acabei de estudar o processo de Julio de Castilhos e estou tratando de não me atrasar muito nestes registros.

Na verdade deveria demorar-me mais nos comentários da Copa mas pôr enquanto está tudo na fase experimental e nem o Zagalo sabe ainda qual o time que será titular.

Mas vendo os outros, já senti que terminaremos a 1ª fase em primeiro lugar.

Na Segunda fase, iremos pegar Camarões ou Itália e nem um dos dois parece ter condições de nos ganhar.

Pelo que vi hoje, são um bando de pernas de pau.

Mas pode ser que não…

Boas noites.

 

Segunda-feira, 15 de Junho de 1998, 18:28.

 

Sexta feira, jogo, Sábado e Domingo sem maiores novidades; no Sábado a Virgínia ofereceu um jantar de comida chinesa muito bom.

Agora, ali ao lado do edifício, onde antes foi a lojinha da Beti, irmã da Ieda do Amaury, instalou-se uma tele entrega de comida chinesa e, pelo prospecto, é coisa fina. Realmente estava ótimo e é uma opção para eventuais refeições em que a dona da casa seja apanhada desprevenida.

Não fiquei sabendo do preço mas o china mandou de brinde duas garrafas de Beaujolais….

A coisa está malhorando porque, normalmente, brinde de tele entrega é litro de refrigerante, daqueles fabricados em Cachoeirinha.

Ontem de noite telefonou o vizinho da frente pedindo para eu verificar dois carros suspeitos quer ficam estacionados à noite aí na frente.

Até aí tudo bem mas junto com ele estavam os filhos, dois marmanjos de seus trinta e poucos anos e ele me disse:

  • Será que o senhor poderia telefonar para a polícia que eu não gosto de me envolver com esta gente…

Acontece que carro estacionado não é crime e eu não sou telefonista de medrosos.

Boas notes.

 

Terça-feira, 16 de Junho de 1998, 18:23, chuva.

 

Há pouco terminou o jogo Brasil x Marrocos e, como seria de se esperar, ganhemo de 3 x 0.

Assistiram aqui em casa o Carlos e o Ângelo.

O Brasil já é o primeiro do grupo A .

O João acaba de voltar de São Paulo onde foi fazer exame médico para ingressar na GM.

Parece que foi tudo bem e ficamos torcendo para que ele seja escolhido para piloto de provas.

E já foi trocar o vidro dianteiro do Santana que estava rachado há mais de cinco anos: havia a hipótese do vidro comum e do rayban.

Adivinha qual o João escolheu?…

Nunca vi uma pessoa tão gastadeira e novidadeira como o João: agora mesmo já trouxe um monte de bagulhos de São Paulo para os quais não tem a mínima necessidade.

Tive que trocar o vidro para poder licenciar o carro: os pátrias, com o novo Código de Trânsito, estão apertando.

O David Freitas e a Maria apareceram ontem pôr aqui para me trazerem o endereço certo da suposta filha do Freitas; acontece que entrei com uma produção antecipada de provas para que a menina faça o DNA e assim acabar com a dúvida do Freitas sobre a paternidade dela.

Os meus colegas advogados não quiseram patrocinar a causa porque achavam que nenhum juiz iria despachar favoravelmente o pedido.

Despachou!

El diablo sabe pôr diablo pero mas sabe pôr viejo…

En passant, ontem fiz uma pesquisa na Internet sobre o Vitor Ramil que destinava-se a um trabalho que o Pablo deveria entregar hoje.

Registro porque foi a primeira vez que pesquisei na Internet e saibam que tem os seus macetes, principalmente na hora de imprimir, o que deve ser feito no modo “paisagem”.

No fim parece-me que ficou bastante bom principalmente porque a impressora agora é uma Epson Stylus 600, a cores.

Com o que encerro pôr hoje.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 17 de Junho de 1998, 19:27, frio de casacão.

 

Ao que tudo indica, estamos entrando no inverno: hoje o dia está muito frio, coisa de 6 graus.

Já estava demorando.

No início da tarde tive uma audiência trabalhista com o Beto cuja faxineira entrou contra ele mas, não vai levar.

A próxima audiência está marcada para setembro do ano que vem…

Uma ação trabalhista com recurso, leva aí coisa de dez anos.

Já está na hora de mudarmos a nossa CLT que só faz mesmo é atrapalhar o Brasil e os eventuais reclamantes que dificilmente sobrevivem ao tempo de julgamento.

A situação foi ficando tão difícil que, para acabar com o desemprego, bastaria mudar a CLT.

Acontece que, se o sujeito tem experiência, sabe muito bem que cada pessoa admitida, é um problemão futuro.

E aí não admite pensando na despedida.

Despedir alguém, no Brasil, é quase a bancarrota.

Deste jeito não globalizaremos nunca porque nossa produção, com a incidência do famoso “Custo Brasil “, sempre será mais cara do que a dos outros e seguiremos importando mais do que exportamos até a miséria final.

Isto está na cara e o resto é demagogia.

Em termos políticos, no momento, o Lula está encostando no FHC nas pesquisas e será muito divertido de ele ganhar a eleição.

Com o Brizolla no pé dele, de vice, aí sim é que a coisa irá ficar cômica no início e trágica no fim.

E a gente no meio da confusão.

E nóis nem merece.

Em assuntos mais amenos, a Itália ganhou dos Camarões e parece que iremos jogar contra o Chile nas oitavas de final, o que será muito bom.

Os polinésios são muito ruins.

Polinésios porque eles têm a Ilha da Páscoa e gostam de dizer que assim são.

Já falei sobre os espetáculos polinésios de Santiago…

SOBREIRO!!!

Isto daí é o nome que os portugueses dão à corticeira e que não conseguia lembrar.

Hoje, consultando o dicionário com o Diego, achei “corticeira” e daí foi um pulo.

O Diego é fantástico em palavras e seu significado, como aliás eu já havia verificado quando ele tinha uns três anos.

Na aula de hoje, tínhamos que ver no dicionário algumas palavras indicadas pela tia.

Aí, eu lia a definição do dicionário e ele simplificava para escrever no seu trabalho.

Garanto que as simplificações ficavam melhores do que o original!

Acho que ele deveria consultar um oculista porque, na leitura, confunde o a com o e que, afinal, são a mesma letra com uma rotação vertical e uma à á esquerda.

Tanto uma como  a outra.

Já alertei o Carlos.

O Bolão teve o mesmo problema quando era pequeno.

Falando nisto, educação da gurizada, a Isinha afirma que o Ângelo já está rodado, que não quer nada com o basquete etc. etc.

Já vimos o filme mas quando surge o tema, lembro os meus tempos de estudante, na idade do Ângelo.

Começa que, com a idade dele eu estava um ano mais atrasado e era o mais moço da turma.

E também, minha única preocupação era chegar em casa, almoçar e imediatamente ir para o campinho jogar bola.

De noite ping pong com eventuais pasteis e gasosa.

Arrumar tempo para fazer o tema era um dos grandes problemas da existência, quase sempre não resolvido.

Não me lembro de que soubesse alguma coisa de qualquer coisa.

Acho que só comecei a estudar- e não muito – a partir do terceiro ano da EPPA, o que seria hoje a terceira série do 2º grau.

Eu tinha então dezoito anos feitos.

Acontece que esta é a vida da grande maioria dos meninos e as mães não conseguem entender como pode ser assim.

Mas é!

Muito pior do que não estudar é ter que aprender, com dezesseis anos, as causas remotas da Revolução Francesa o que revela a profunda ignorância dos mestres atuais.

Aliás mestres é força de expressão porque a grande maioria compõe-se de analfabetos diplomados.

Estes dias o Lucas andava às voltas com um trabalho sobre causas do sub desenvolvimento, teorias de Marx, problemas de mortalidade infantil, idade industrial, colonialismo, imperialismo etc. etc.

A gente não sabe se chora ou se morre de rir.

Ano passado o Ângelo perdeu uns dois meses do que poderia ter sido um aprendizado real para debruçar-se sobre particularidades do chamado regime feudal.

Eu disse a ele que informasse à sua professora que o regime feudal regia-se pôr regras tão complicadas mas tão complicadas que até hoje ainda não foram corretamente e completamente analisadas.

E lá estava o Ângelo pensando de como as leis do Senhor de Chambres eram diferentes do seu vizinho M. De Beaucamp e o que isto resultava para o comércio e a industria da época.

Não é de rir?

Depois os guris ficam com raiva da História e ninguém sabe explicar porque.

São uns pândegos os professores atuais.

Não posso esquecer a professora do Diego que ensina que o autor do Corcunda da Notre Dame é o Walt Disney.

Agora ela vai ficar ainda mais encucada porque os caras do Planeta em Casseta apresentaram ontem o Fanho de Notre Dame, o Gago de Notre Dame e pôr aí empós.

Decerto na próxima aula ela irá ensinar para os meninos que o Fanho de Notre Dame é a Central Globo de Produções…

Há um volume das Farpas em que o Eça e o Ramalho analisam o ensino em Portugal.

Há coisas tão esdrúxulas que a gente nem acredita; lembro de uma definição de caranguejo: bicho que caminha às arrecuas.

Estamos chegando lá.

Um pouco de humor.

Conta o Ney que, estando no aeroporto de Lisboa aguardando o vôo para Roma, resolveu dar uma voltinha no jardim.

Lá estava um português jardinando e havia uma placa:

“Proibido pisar na grama”. Multa de 500 escudos”.

O Ney foi para Roma e, na volta, nova parada em Lisboa e nova voltinha no jardim.

O mesmo português mas a placa havia mudado:

“Proibido pisar na grama. Multa de 200 escudos”.

 

Aí o Ney ,a mais para puxar conversa, perguntou:

  • Ué seu Manoel. O que houve? Baixou a multa?
  • Tive que baixar. Ninguém pisava na grama, pois.

Esta eu deveria ter contado em Portugal.

Aliás, na nossa viajem à Santa Terrinha, de vez em quando a guia, a Porfiria, resolvia contar umas piadas.

Geralmente ela terminava e a gente só percebia porque ela morria de rire.

Simplesmente atrozes.

A respeito, olha a carta que escrevi para o Scliar.

Prezado Dr. Scliar.

Permita-me agradecer-lhe o gentil bilhete que, vindo de pessoa tão atarefada, adquire foros de incenso e mirra.

Muito obrigado: vai para o que meus netos chamam de “museu do vô”, um baú com aides memoires de fatos notáveis da vida.

O assunto hoje é onomástica.

Queria dizer-lhe que, reforçando as teses dos nomes – profissão, existem também as antíteses: conheci um masculino que chamava-se Rodinei Dias Aguiar cuja profissão era vigia de banco ou seja, passava o dia inteiro sentado na guarita!

Um colega de faculdade, para quem Porto Alegre terminava no Cacique e enfatizava que campo é um lugar úmido onde as aves passeiam cruas, chamava-se José Índio Boiadeiro.

O que é muito interessante mas não esgota o tema eis que há também lugares de cujos nomes nos vêm frouxos!

Em Portugal isto é muito comum ( São Freixo de Espada à Cinta é um balaço) mas queremos falar do Rio Grande, desta terra Farroupilha, onde a lança na coxilha… epa.

Saiba que lá para os lados de Passo Fundo existe um lugar chamado de São João da Mortandade!

Conversei com nativos e me disseram que já houve até movimento para mudar o apelativo mas a turma não topou:

o nome já estava, o São João poderia não gostar, mortandade houvera mesmo, ninguém estava exagerando, enfim, razões de muita força.

E lá está São João da Mortandade, firme como palanque de canto.

Agora, um tema subjetivo, na verdade seujetivo.

Pesquisando no Museu da Marinha, em Lisboa, descobri a origem do seu nome, Scliar.

Acontece que lá pêlos séculos XV e XVI, portugueses e ingleses andavam em altas transas, os ingleses querendo saber dos portulanos e os galegos de tanoarias e velames.

E assim fizeram um tratado de cooperação: barcos portugueses com parte da tripulação inglesa e vice-versa.

Disto resultou que, quando o piloto transmitia suas instruções aos gajos, o fazia em português mas sempre terminava perguntando aos ingleses:

  • Is it clear? ( Os pilotos não eram muito bons no emprego de conjunções.)

E, como seria de se prever, logo os marujos começaram a bradar:

  • Ó da trolha! O seu Scliar está a lhe precisar na proa!

Eu sinto muito que o senhor pensasse que seu nome viria diretamente do Velho Testamento mas a verdade histórica deve ser evidenciada a qualquer preço.

E até que não é tão ruim. Imagine só se o brado fosse:

– Atenção, hoje quem está na trolha é o seu Scliar!!!

 

Receba meus cumprimentos e admiração.

 

Segunda-feira, 1 de Junho de 1998.

Ele costuma responder às minhas cartas mas até agora não se manifestou.

Decerto não gostou muito da história da trolha.

Para quem não sabe do que se trata, recomendo “Viva o Povo Brasileiro”.

Com o que apresento meu cordial desejos de boas noites.

 

Quarta-feira, 24 de Junho de 1998, 22:39, frio.

Na verdade o Scliar se manifestou: publicou minha carta em sua coluna de domingo.

Como já é a segunda vez, creio que gosta de minhas literaturas.

 

 

Estes sete dias tem sido agitados: Sábado fomos a um churrasquinho nos Tergolinas e Domingo fomos para o Imbé ver a história do vazamento.

Deixei o Julio encarregado do concerto.

O Imbé está abandonado e o jeito será elegermos um prefeito. Conversei com o Joaquim a respeito e ele está pensando no assunto.

Vamos ver pôr qual partido ele pode se candidatar mas temos preferência pelo PT.

O resto é uma choldra.

Não sei se já falei mas fui contratado pôr uma empresa de São Paulo para quebrar uns galhos aqui.

Quando fui verificar, tratava-se da maior fornecedora de artigos de R$1,99 do Brasil!

Quer dizer que agora sou advogado de R$1,99, exatamente o que se costuma chamar de o fim da picada.

Mas, atendi os pátrias que estavam esgoelados nos prazos.

Como a advogada deles mora em Pindamonhangaba, perguntei se conhecia o Zé Gilberto de Lima Novais, grande amigo nos tempos de cadete e até meu padrinho de casamento.

Conhecia e me informou que o Novais morrera há três meses.

Fiquei bastante sentido pois era uma bela pessoa de quem eu gostava muito apesar de não vê-lo desde o tempo da Academia.

On entre on crie e c’est la vie; on crie on sort e c’est la mort.

Ontem morreu o Leandro o que tem sido assunto quase que único da TV.

E ontem também a nossa Seleção perdeu para a Noruega, um vexame bárbaro.

O futebol ontem foi terrível: com uma vitória do Brasil – previsível – o Marrocos estaria classificado.

Perdemos porque jogamos muito mal mas o juiz apitou um pênalti totalmente inexistente.

Também a seleção de Camarões foi garfada pelo juiz de uma maneira infame e assim dois times africanos ficaram fora da Copa.

A vingança veio hoje no jogo Nigéria e Paraguai.

O Paraguai não teria a menor chance e os crioulos deram um baile e um show no primeiro tempo; no segundo tempo amoleceram e o Paraguai ganhou de 3 x 1, deslocando a Espanha que está fora da Copa.

Foi a vingança da África pelas sujeiras de ontem.

Mas, não foi fácil amolecer sem dar demais na vista.

Muito interessante e o Ângelo e eu demos boas risadas dos esforços dos nigerianos para levar golos.

Pôr duas vezes, sem a menor necessidade, o goleiro pegou a bola e foi para cima dos atacantes paraguaios.

Na segunda vez um pátria fez o terceiro gol mas quase que não consegue.

Tudo muito divertido.

Sábado o Brasil joga contra o Chile, já no mata ou morre das oitavas de final.

Se a seleção continuar jogando na base do “são dois prá lá, dois prá ca” vai perder.

Se perderem, acho que o Zagalo não deveria voltar para o Brasil tão cedo porque a quantidade de burradas que ele tem feito ultrapassa a tradicional mansidão do povo brasileiro.

Falando nisto, hooligans e néo – nazistas estão baixando o pau lá pela França.

Se a Alemanha ou a Inglaterra cruzarem-se com o Brasil, será bom mandar para lá alguns de Soledade.

Hoje fui a Sapiranga atender a um processo dos R$1,99 e achei a estrada ótima.

Fazia anos que eu não ia a Sapiranga e nem lembrava de nada a não ser a praça com as rosas; pareceu-me que os fredolinos desistiram das rosas.

Nos bons tempos eu advogava em Brasília, Rio, Montevidéu, Buenos Aires e similares; agora é Sapiranga, Julio de Castilhos, Passo Fundo…

Sem dúvida a minha bolinha murchou mas nunca duvidar: bobeia eu volto para as grandes cavalarias.

Do que, aliás, não tenho a menor saudade.

O povo todo em paz: a Heloisa andou preocupada com a Zilda mas parece que era rebate falso.

Alda, como sempre pensando em ir para o Rio mas temerosa.

Ao que tudo indica, sábado teremos grandiosa feijoada nos Tergolinas.

Liege afinal abriu o consultório e deve começar em seguida.

Tomara que tenha sucesso.

E, é isto aí.

Desejo boas noites.

Segunda-feira, 29 de Junho de 1998, 21:14, tempo bom.

 

Tivemos grandiosa feijoada nos Tergolinas com a presença de todos.

O “chef” foi o Tergolina, um expert em feijoadas e que manteve a tradição dos seus churrascos: sobrou feijoada para o resto do ano.

Aliás, hoje uns fredolinos chegados diretamente da Muterland (?) vão jantar lá e enfrentar uma feijoadinha maneira, veterana.

Sábado no almoço, o Paulo trouxe um mocotó meio fracote mas, de qualquer maneira, mocotó no almoço e feijoada na janta obrigaram a que domingo eu fizesse galeto.

Fomos à feira sábado e aconteceu algo divertido: estávamos eu e um baita dum crioulo esperando a carne numa passagem meio estreita, quando passou uma velhinha de supermercado, carregada com hortifrutis, que nos passou um pito: “saiam do caminho, ficam aí batendo papo e atrapalhando a vida de que está trabalhando”.

O negão meio que riu e disse:

– O meu avô é quem dizia: antes ouvir isto do que ser surdo!

É o que se chama de observação apropriada e oportuna.

Na sexta feira o Brasil deu um banho no Chile, 4 x 1 estamos indo em direção à Dinamarca que ganhou de goleada da Nigéria, franca favorita.

Os últimos jogos têm sido de arrepiar o cabelo: a França ganhou do Paraguai 3 minutos antes de acabar o tempo da morte súbita; a Alemanha quase perde para a Iugoslávia e a Alemanha levou o maior cagaço do México.

Mas, no fim, deram os de sempre para terminar a Copa: Brasil, Itália, França, Alemanha, Holanda, Argentina(?), Dinamarca e decerto Romênia.

Amanhã jogo de possível alaúsa e grande: Argentina e Inglaterra com hooligans e Barra Brava. Quem perder vai para a casa.

Não esquecer que em 86 a Argentina ganhou a Copa dos ingleses com o golo de mão do Maradona, o que os argentinos chamaram de “La mano de Diós “.

Além disso, as Malvinas.

Vai ser um pega para capar e torcemos pêlos ingleses.

O Brasil irá enfrentar uma pauleira: o time da Dinamarca é muito bom e composto pôr onze armários; o Zagalo vai se arrepender de não ter levado o Kleber e o Odivan, ídem guarda – roupas de 4 portas.

O jogo é sexta feira e este sim vai dar para torcer.

Afinal hoje, depois de três anos, saíram os nossos celulares e resolvemos ficar com um só.

O número deverá ser 9708106.

Mais uma conta para pagar no fim do mês.

Hoje o Ângelo veio estudar matrizes e no fim sabia mais do que eu.

Também estes dias fiz um teste de inglês com ele e fiquei surpreso com o seus conhecimentos.

Na verdade o Ângelo sempre foi um ótimo aluno e, pelo jeito continua sendo; o negócio mesmo é o seu setor de relações públicas que não funciona.

O consultório da Liege já está funcionando e os clientes começando a aparecerem.

Não demora muito, como diz a Virgínia, mudam-se para as Três Figueiras, compram o carro do ano e vão passar as férias em Santo Domingo ou Varadero.

O casal Pinho irá para a Alemanha, o que acho bom.

A Ilsa já não está mais agüentando a pressão.

A Isinha vai passar uns dias no Rio nas férias de julho, com o Lucas e o Ângelo.

E amanhã termina o primeiro semestre do ano!

Logo será tempo de começar a pensar no veraneio que este ano será sem chuvas.

A Alba estará entrando de férias de inverno pôr duas semanas.

O cão Conam continua gordo e brincalhão; quando ele fica preso no chalé da Isinha, fica de pé no muro olhando para a gente com uma cara de vítima que da dó.

O que ele quer é brincar com a gurizada; ninguém me convence que este Rotweiler não tem cruza com boxer.

Vou pesquisar.

Como se sabe, os rotweiler eram cães pastores de gado na Galia e, consequentemente, treinados para atacar lobos e até animais maiores, talvez ursos e javalis.

Penso que a sua fama de ferozes resulta desta cultura genética: sempre se conta que eles estraçalham os outros cachorros o que seria explicado pôr suas obrigações de pastores diante dos lobos predadores de rebanhos.

Mas no resto, como todos os outros cães pastores, são gentis e brincalhões.

Também pretendo testar esta minha tese quando o Conam for adulto.

Já imaginaram se a Fifa fosse viva?

Valente e forte como ela era, seria uma prova duríssima para os instintos do Conam.

Acontece que ela também era de raça de pastores.

Dos cães atuais, os únicos descendentes de lobo a curta distância, são os pastores alemães que surgiram na Alemanha Nazista.

As matrizes fêmeas eram de pêlo cinza, quase lobas ainda; os machos, pastores belgas, amarelos avermelhados como o Radar.

Estou ficando bom em cachorrética…

Então tá!

Boas noites.

 

Quarta-feira, 1 de Julho de 1998, 18:44, chuva forte.

Os argentinos, desgraçados, ganharam dos ingleses no último pênalti.

O juiz roubou, os ingleses jogaram com dez, quer dizer, tudo deu certo para aqueles bagaceiros.

Se chegarem na final conosco, vai ter para eles.

Ontem fui para a Internet para pesquisar rottweilers.

Chega a ser emocionante o que as pessoas dizem sobre a raça que é usada para cuidar de crianças excepcionais!!!

Olhem só o que dizem os especialistas a respeito das características da raça:

CORAGEM, GENTILEZA, INTELIGÊNCIA, FORÇA, LEALDADE, PLACIDEZ, SIMPATIA E VIGILÂNCIA mas, sobretudo, UM CORAÇÃO GENEROSO!!!

Assim que, como as baleias assassinas, os rottweilers são prejudicados pôr um estereótipo que, como diz o Ângelo, nada a ver.

E, é isto aí.

Hoje fiquei em casa que o tempo está horrível e não tinha nada para fazer de urgência. Se vou para o escritório, certamente aparece alguém com pepinos.

O Diego veio para a aula, fizemos os temas e depois ele contou-me um filme inteirinho.

Melhorou bastante em caligrafia mas ainda permanece a troca do l pelo u no final das palavras, o que é comum pôr causa da pronuncia carioca, difundida pela televisão.

O meu celular já está funcionando, o 9708106, número que irei difundir entre as partes.

Quem vai usá-lo é a Heloisa porque eu não sinto necessidade.

Acho cafona.

Hoje a Alba entra em férias e, preocupada que possamos morrer de inanição durante seu afastamento, está até agora preparando pratos mís.

Decerto vai até a meia noite com os quitutes.

Caminhando pela casa, vi a miniatura de caravela que trouxemos de Portugal e percebi que gosto muito de tudo que  veio de lá; realmente Portugal encantou-me, mas acho que há aí alguma coisa mais profunda, quem sabe uma memória hereditária que não sabemos explicar.

De nenhum outro lugar ou coisas, lembro ou tenho o mesmo carinho.

É uma espécie de saudade, o que não sinto pôr nenhum outro país que visitei.

Se tivesse percebido este sentimento antes, teria ido à Moura para ver o que sentiria no lugar de origem dos antepassados.

Quem sabe ainda volto?

Bem.

De vez em quando eu gosto de reler algumas histórias que publicava no “Pijama de Bolinhas”.

Aí vai uma.

Quando apareceu na porta do bar, a turma vibrou:

  • Entra Alexandre, vem soltar o verbo.

–  Venha de lá: o popular Alexandre e suas histórias. Senta, meu.

Naquele dia porém declarou logo que não estava disposto:

  • Tem dó, hoje é sem história.

E quer saber porque? É que deu cabrito no bicho e dia que dá cabrito, eu fico entregue às baratas. Ë que me lembro duma vez, quando era estudante em Fortaleza: andava mais liso do que calcanhar de tamanco, o dinheiro não dava nem para o cineminha e eu tinha que dormir cedo. Uma noite, nem bem eu tinha me deitado quando sonhei com uma velha que me disse:

  • Alexandre, joga no 1412!!!

A coisa foi tão em seco, tão real que me acordei assustado:

  • Nossa, seu! Parece até assombração!

Eu não acreditava muito nessas coisas mas- nunca duvidando- pensei que se ao menos soubesse que bicho era o 1412, arriscaria umas pratinhas, as últimas.

Vocês estão vendo que eu não ia arriscar as minhas derradeiras no milhar. No bicho ainda vá. Fantasma é muito enganador!

Pensando nisto me deitei e peguei no sono de novo.

Vai daí e me aprece a velha e diz:

  • Xandoca, 12 é cabrito mas porque tu não joga no milhar?

Dá muito mais, seu!

    Nesta altura me acordei abesourado e aquela hora mesmo fui ao bilhar

    e perguntei para o encarregado:

  • Escuta aqui Onésio, que bicho é o doze?
  • É o cabrito Xandoca, porque?

Contei a história toda.

No outro dia estourou o 1412!!!

    O Onésio ficou rico e o burro velho aqui ganhou só cinqüenta pilas

    porque gelou na hora e jogou só no bicho.

   E vocês ainda acham que no dia em que dá cabrito eu posso ficar

   inventado histórias para contar?

  Não dá, não dá…..

 

As histórias são transcritas exatamente como foram publicadas, pôr isto algumas expressões mais antigas eis que lá se vão quase quarenta anos.

Essa aí de cima, quem me contou foi o protagonista, o sargento Alexandre, um sujeito excelente mas um grande inventor de mentiras.

Uma vez ele apareceu no BE com o peito enfaixado e braço na tipóia.

Aí contou que estava pescando de noite, dentro de um bote e quando foi acender um cigarro, um dourado pulou atraído pela chama e bateu em seu peito. Que o dourado era tão grande e tinha tanta força que a pancada lhe quebrara duas costelas…

Pior ainda: o dourado, única testemunha, escapara!!!

Na história do jogo do bicho, a assistência ficara meio cabreira mas na dourado queriam tirar o pó do Alexandre.

Ele ainda deve morar em Cachoeira porque apesar de arataca, casou pôr lá.

Naquela época, dominavam os temas políticos e a grande discussão era se a capital ia para Brasília ou não.

Ouçam o que escrevi, no concernente.

Enquanto o homem colocava a faixa, o pessoal da assistência ia soltando os palpites:

  • É recrame do biotone.
  • Vão botar um posto de vacinação.

Um moreno que puxava uma beca recortada foi dando a explicação com ares importantes:

  • Oia Zé, isto daí é campanha do tal de Plebecides.
  • Nossa! Quem é esse cara?
  • Dereito eu não sei mas o seu Oreste me expricou que é um fulano que quer acabar com o João Celino Pé de Varsa. Diz que se ele ganhar a eleição, adeus João Celino.
  • Quanta mardade! Mas que foi que o seu Bicheque feiz prá ele?
  • Uma mixuruca Zé, uma bobage: é tudo pôr causa duma capa.

Até onti ouvi o seu Jango Golarte dizer que a tal capa é irreversiver.

  • Vai vê que é uma capa véia.
  • Não, parece que não, porque o seu Jango disse no Reporter Esso que a nova capa era irreversíver.

– É pro senhor ver seu Aristides, quanta marreta: querer massacrar o João Celino pôr causa duma capa… divia era prendê esse tal de Plebecides…

Uma mulata que pegou o fim da conversa, olhou desdenhosa para os crioulos e encerrou o assunto.

  • Quanta burrez! Não saber que plobocides não é candidato.

Ainda onti ouvi o patrão dizê que plobocides é o imperpótis que tem lá no zologe. Só se for o Cacareco!!!

Hoje, este negócio daí não seria politicamente correto…

Bem, vou encerrar porque ainda devo copiar uma história do nosso tempo de aspirantes e que vai a seguir.

Registro que a crônica foi escrita em 1962 e que respeitei o texto original.

 

CRÔNICAS DO 6º BE.1

Creio firmemente que o maior grupo de self-entusiastas que o  Exército já reuniu numa mesma Unidade, pertenceu ao 6º BE durante os anos de 51 a 53.

Ali, como dizia o Paulo Genes Muratore, quem menos via, desmontava Omega no escuro…

Verdadeiros “experts” em todos os assuntos possíveis e imagináveis, para aquela famosa equipe não havia nenhum problema: tudo se resolvia – é claro que nem sempre da melhor maneira.

De modo que quando o Amaury Soares Macaco surgiu com o problema da manutenção dos tanques de borracha do Suprimento de Água, houve logo várias soluções.

É preciso esclarecer que o equipamento de Sup Agu era um dos pontos altos do BE em virtude de ser do tipo mais moderno, com um filtro chamado “diatomito”.

De maneira geral, o que sabíamos dele era o nome, bastante sonoro.

Quando falava-se em “diatomito “, todos tomávamos um ar grave e ficávamos a pensar que diabo, afinal, queria dizer aquilo.

O verdadeiro técnico no assunto era um major do Sv. de Engenharia que, fosse casado com o tal misterioso equipamento, não seria mais apaixonado pôr ele.

Vivia no BE enchendo  com tal filtro, querendo saber, cheirando, perguntando.

Uma sarninha o tal major.

E, foi através dele que soubemos que o nome derivava de ser o elemento filtrante de terra diatomácea, um calcário fóssil caríssimo e dificílimo de conseguir-se enfim, um poço de superlativos.

Ficamos muito impressionados com a tal terra e, se encontrássemos com ela, certamente lhe faríamos continência.

Portanto, quando o Macaco anunciou que os tanques de borracha estavam pifando, a equipe toda- como já dissemos- entrou em ação para solucionar o momentoso e importante affaire.

Borracha era coisa de Motomecanização porque se ligava  à câmara de ar de modo que, ao técnico do assunto, o famoso Agustin Vares coube a palavra final.

E esta foi simples, seca porém imperativa, peremptória:

– Talco!!!

O Macaco bateu na testa: exato!

Pois não é que no depósito do Sup. Agu. havia sacos de talco?

Estava na cara!!!

O Agustin foi muito felicitado pelo seu gênio e durante dois dias passeou pelo pátio à moda de cientista louco: escabelado e distraído.

Para dar ênfase ao papel, perdeu noventa e sete chaves, trinta e nove pás, dezenove enxadas e uma betoneira mas isto já é outra história.

Dois dias durou a alegria porque, ao fim deles chegou ao quartel o tal major “”enloved” para saber de como ia o problema dos tanques.

Desta vez deu-se mal porque o Soares, sacando para o futuro, fez-lhe ver – e de modo categórico – que ele não entendia bolacha do assunto visto que, apesar de todos os seus cursos e manicacas não pudera solucionar uma coisinha atoa que afinal o fora pôr um simples aspirante, o agora mais famoso Agustin Vares!

E, sem maiores explicações convidou o cabisbaixo e humilhado major para passarem ao depósito do Sup. Agu. onde estavam os tanques mergulhados num mar de talco: o Macaco gastara três dos quatro sacos de talco mas fizera um serviço bem feito!

Ficamos no meio do pátio, esperando a volta dos dois para darmos também a nossa gozadinha.

Espetáculo inusitado ocorreu então: de longe vimos quando o major, saindo pela porta do depósito jogava mãos cheias de talco para cima e, em seguida, atirando o quépi no chão, sapateava em cima dele!!!

Ficamos atônitos até que o Jacinto Bodosão tomou a iniciativa:

– Deu cupim no coco dele. Vamos lá se não é capaz de

  desencarnar o Sagui!

Corremos e quando íamos agarrar o major, fomos detidos pelo Soares que, cara esbranquiçada, voz lúgubre, moral em zero absoluto, explicou:

– Não era talco. Era terra diatomácea…

 

Segunda-feira, 6 de Julho de 1998, 18:27, calor e chuva.

 

No campo esportivo, a Holanda despachou a Argentina e Croácia mandou os fritz para casa, tudo muito surpreendente.

Agora, amanhã, Brasil x Holanda.

Sábado tivemos o aniversário do Zé o qual foi comemorado sob a forma de festas juninas; esteve muito bom, bastante concorrido, só faltaram fogos.

Como, decerto, a experiência será repetida, haverá fogos e não haverá pneu na fogueira pôr causa do picumã que sujou a roupa de muita gente.

Ontem almoçamos fora pôr que faltou água.

Os Barrios nos convidaram e fomos ao Fogo de Chão que, como de costume, estava ótimo.

Depois visitamos os Pinho que arrumam as malas para um promenade à Europa, iniciando pôr Portugal.

O Bolão, a Liege, as crianças e o João fizeram ( O Bolão fez) a comida almoçaram aqui apesar de não estarmos.

Claro que ninguém queria comer, imagina, não se preocupem, podem ir descansados, a gente comeu demais ontem na festa, e aí, comeram, entre outras coisas, a língua ensopada com ervilhas que a Alba deixara pronta para mim.

Vão ter o meu aplauso pôr muito tempo.

Bem.

Agora são quase dez horas e acaba de cair um toró com granizo, dos mais violentos.

Quando cheguei de tarde, o vidro lateral não fechou e não dei bola porque o tempo parecia haver firmado.

Resultado: o carro está transformado numa lagoa.

O interessante é que minutos ou até segundos antes do toró, pensei em ir no carro e acertar o problema do vidro mas esperei o intervalo da novela…

Acho que o destino queria que o carro restasse molhado.

Hoje foi o dia dos galhos meco – eletrônicos; o botão de power da impressora do escritório ídem pifou.

Ano passado teve uma época assim: as máquinas resolveram entrar em greve e só não estragou o abridor de tampa de garrafa!

Esperemos que não se repita o festival de quebradeira.

Hoje terminou a greve dos professores da URGS ou melhor, das URFs mas os professores só irão começar depois da Copa que, aliás, pode terminar amanhã para nós, embora eu não creia.( O Pingo até que teve razão).

Os laranjas mecânicas estão muito confiantes e até faroleando lá pela França o que é muito ruim.

Não esqueçamos os fredolinos que desprezaram a Croatia e levaram um saco.

Acho que o Brasil ganha amanhã de 3 x 1, sem sofrimento.

Quando ganhamos da Dinamarca – a Dinamáquina – tive para mim que a Copa acabara: entreguem logo a taça para o Dunga que acabou.

Mas é interessante observar que apesar dos esforços da Globo, o pessoal já não está tão entusiasmado: 32 seleções é um porre de futebol e a moçada já esgotou o repertório de torcidas.

Os que foram à França, ainda estão a mil, movidos a trago; pelo menos é o que se vê na televisão.

O Amaury já deve ter consumido boa parte dos estoques franceses de beaujolais porque o Macaco é popular e vai mesmo é de garafon, que na França é o beaujolais.

Amanhã a Heloisa vai ao exterior, Rivera; ganhou duas passagens de ônibus que pôr sua vez a Asta ganhou num torneio de buraco.

A viajem, com este tempo, indo e voltando em 24 horas, tem o patrocínio da FUNAI.

Viaja-se muito neste país.

Falando nisto, recebemos visto de dez anos dos USA.

Quem anda desaparecida é a Lucia que nem fax tem mandado.

Acho que devemos telefonar porque ela estava com uns pepinos pôr lá.

Parece que a viajem à Paris que deveríamos fazer em outubro não vai sair porque vai nascer a filha da Cláudia.

Se tudo estiver bem, talvez a gente vá ou, pelo menos, até Montevidéu ou Buenos Aires.

Mas, um passeio na França, nos moldes do que fizemos a Portugal, até que seria uma boa: mais ou menos quinze dias, tudo amarrado aqui, visitas ao interior, pôr aí.

Interior da Inglaterra também seria ótimo.

O Vares anda louco para uma chegada em Buenos Aires, só pensando nos chorizos, empanadas e vinhos mas acho que ele ainda não está 100%.

Cada vez que tosse precisa segurar o peito.

Os véinho têm mesmo é que ficar no canto, vendo a banda repassar.

O escritório vai bem, as coisas marcham lentamente mas marcham.

Agora, assim que terminar a Copa, começa o farrancho das eleições mas a oposição já está a mil.

O Lula promete emprego, juros baixos e tarifas protecionistas ou seja, vai perder feio.

O Brito e o Galo Missioneiro estão empatados nas pesquisas mas acaba dando Brito se não descobrirem alguma mutreta mais feia da parceria, Assiz Anaya, Russowski, Druck e similares.

O cômico da coisa é que, como a esquerda está no governo – e estes caras eram radicais – os PT ficam meio sem munição no campo ideológico e partem para a Economia o que, decididamente, não é a paróquia deles.

O Brizolla de novo irá perder para o Eneas.

Aí penso que ele meterá a viola no saco mas nunca duvidando.

Acaba se candidatando a senador nas próximas.

Senador, sabemos, vem de senes, Latim e quer dizer “velho”.

Daí senectude, senil etc. etc.

Acaba de telefonar a Isinha para informar que o toró lá foi um horror, inundou tudo.

A casa da Amada foi totalmente destelhada.

La Niña já começou suas aventuras.

Há uns três dias deu uma chuva de pedra em Rio Grande que acabou com a cidade, em termos é claro, mas o estrago foi grande.

Era cada pedra tamanho duma laranja.

Esperemos que a laranja mecânica não nos cause estragos amanhã.

Os ingleses vitorianos costumavam dizer que a melhor maneira de alimentar uma conversa sem comprometimentos seria falar das estradas e do tempo.

Até que eles tinham razão e como já falei sobre o tempo, deveria continuar com estradas mas não estou muito inspirado; apenas para dizer que as estradas privatisadas estão excelentes enquanto as outras estão medonhas.

Vimos isto com bastante nitidez quando fomos a Júlio de Castilhos.

Neste momento Heloisa está vendo Free Willi 2, o filme da baleia que foi solta o mês passado nas suas águas natais, lá pelo Alaska, se não me engano.

Acho que com a grana que ela rendeu, poderiam tê-la deixado num belo aquário da Flórida passando a filé de linguado.

A vida no mar é dura para as baleias e certamente ela haveria de preferir o aquário, atirando água nos basbaques, feliz da vida.

Boas noites que está se armando um baita toró, de novo e acaba queimando este computador.

 

Quinta-feira, 9 de Julho de 1998, 22:34, esfriando a mil.

 

Bem, o Brasil passou pêlos holândios nos pênaltis e o Tafarel consagrou-se para a eternidade: defendeu dois e o Brasil foi para a final.

O que já rendeu de trova a façanha do Tafarel, não tem no gibi.

E assim chegamos à final desejada, Brasil x França, o que irá acontecer no Domingo e considerada grande barbada pôr todos.

É o que saberemos na próxima semana.

Ante ontem, apesar do toró e mais calamidades meteorológicas, Heloisa e Saara foram para Rivera, aproveitando as passagens da Asta.

Foi tudo bem, voltaram hoje de manhã sãs e salvas mas sem muito bagulho.

Aconteceu o de sempre: depois que se chega é que se vê que lá existem coisas boas e baratas. Só que…

Hoje o Ângelo veio estudar mas a coisa não rendeu porque era uma matéria muito chata e muito clichê de Geografia Econômica: os mestres do Americano ainda são do tempo dos Tigres Asiáticos e pregam o debacle da Economia Americana diante dos terríveis felinos…

A partir desta premissa, fica difícil convencer alguém que as demais considerações do texto merecem alguma credibilidade.

Ontem os guris da Patrícia e a própria, vieram para a aula e também assistir ao jogo França 2 x Croácia 1.

No fim, deu tudo menos estudos porque ídem chegou o Bolão.

Os participantes reclamaram da falta das habituais mordomias proporcionadas pela Heloisa eis que a referida encontrava-se em vilegiatura pelo Exterior conforme já narrado acima.

O Alemão encontra-se acamado e a Heloisa passou a tarde com ele.

Ao demais, tudo em paz.

Vou dar boas noites porque ainda tenho que responder uma carta da Prefeitura de Canela que está cobrando uma dívida enorme do terreno que a mãe me deu pôr lá.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 13 de Julho de 1998, 22:46, frio.

 

Ontem, final da Copa e levamos uma goleada da França: 3 x 0!!!

Vejamos os fatos interessantes:

Minutos antes do jogo, veio a escalação oficial, sem o Ronaldinho.

Todo o mundo – literalmente – caiu de costas.

Logo depois, outra escalação com o Ronaldinho.

O que houve?

Ainda não está bem claro mas o que se sabe é que ele, pouco antes do jogo, entrou em convulsão, língua dobrada, estas coisas que parecem ser um ataque de epilepsia.

Levado ao hospital, os exames não acusaram nada o que reforça a tese da epilepsia ( a tese é minha mas vou consultar o especialista, Dr. Barrios).

Aí então, meia hora antes do jogo o Ronaldo voltou e foi escalado!!!

Meio brabo, não?

O mais interessante é que todo o time ficou pregado no chão o tempo todo, uma coisa tão incrível que não deu nem para torcer.

Parecia um bando de fantasmas.

Tão estranho mas tão estranho que as pessoas estão dizendo que os caras se venderam, o que é absolutamente inaceitável.

Então, como explicar?

Tenho para mim que a seleção foi, de um de outro modo envenenada!

Alguém botou um sonífero na água dos pátrias e não se trata de enlouquecer as idéias.

É a única explicação plausível e penso que o Fabio Koff que chefiou a delegação, antigo desembargador de câmaras criminais vai fazer algo a respeito.

Só se o medo do escândalo for maior do a Seleção Brasileira porque afeta todo o futebol mundial até aqui visto como um esporte limpo.

Bem, vamos ver como progride esta coisa.

Neste momento acaba de me telefonar a Lu pedindo um substabelecimento para uma ação que tenho no Rio.

É o que vou fazer a seguir.

Boas noites.

 

Terça-feira, 14 de Julho de 1998, 21:01, bom e frio.

 

Grandes fofocas sobre o caso Ronaldinho que ainda vai dar panos para mangas.

Há hipóteses de todos os tipos: a França comprou os jogadores que já estão em final de carreira, inclusive o Zagalo, a Nike exigiu que o R. jogasse  e pôr aí empós, em suma uma demonstração de terceiro mundismo, cucarachas pululantes.

Os caras perderam ou porque são mesmo uns bolhas ou porque ficaram desarvorados com a convulsão epiléptica do R.

Acho que as fofocas não vão dar em nada porque, se houve suborno – no que não acredito mesmo – acabaria o futebol e se há epilepsia, acabaria o R. o que seria uma crueldade.

Nesta altura cogita-se de mudar a Comissão Técnica, no que também não acredito: continua o Zagalo, sai o Zico e entra o Dunga.

A não ser que a imprensa carioca vete os gaúcho, como costuma fazer.

No debate sobre um possível novo técnico, levantaram-se vários nomes mas nunca o Luiz Felipe que, pôr mérito, deveria ser o escolhido.

Infelizmente nunca treinou um time carioca assim que não tem vez.

Tudo blem.

No mais tudo em paz: candidatos se esgoelando e fazendo demagogias, a história dos remédios falsificados nas manchetes, a gata Candelaria operou-se para esterilizar-se e sumiu.

Pode ser que agora acabe a serenata dos gatos e o fedor intrínseco.

Já não dava mais para agüentar.

Ontem a Isinha esteve aqui com o Conam que anda impossível, roendo tudo e destruindo o que pode.

Como já sabemos, é um cão que precisa de companhia para brincar.

O Bolão acaba de chegar de um jogo de futebol e prepara-se para jantar.

Vou checar uma informação que a Isinha me deu.

É sobre o vestibular que a Manuela fez para Direito na Ulbra: ficou na suplência, havia três vagas para cada candidato.

Subitamente todas as pessoas que conheço resolvem estudar Direito.

Falando nisto, o escritório vai indo bem, como eu queria, sem muito trabalho e com ganho suficiente para manter velhos hábitos.

Hoje retornaram os brasileiros que foram à França para a Copa: os comentários são os piores possíveis eis que a maioria foi enganada, não conseguiu ingresso, foram furtados, assaltados, uma zorra.

Copa do Mundo nunca mais é o que eles disseram na chegada.

 

Domingo, 19 de Julho de 1998, 18:33, tempo bom.

 

Ontem, casamento da Virgínia do Beto com uma festa sui generis: espeto corrido no Mosqueteiro!

Hoje, churrasco nos Barrios com a presença de duas tias do Carlos e seus dois filhos, tudo gente muito simpática.

O resto da semana foi tranqüilo, sem maiores novidades.

Neste momento Heloisa, Alemão e Virgínia estão no Teatro São Pedro assistindo a uma peça sobre avós, altamente recomendada pela Helena.

Os Tergolinas foram para a praia, o que pretendíamos fazer também mas acabamos ficando pôr causa do churrasco do Carlos e porque o tempo até ontem estava bravíssimo.

A bateria do carro da Heloisa, comprada na semana passada, pifou e começo a crer que o carro está com um vazamento de corrente.

Amanhã de manhã veremos de como ele se comporta.

Bolão hoje está de serviço em Parobé.

Assim que vou ler o jornal de hoje, esperar a Heloisa, jantar e depois assistir ao Fantástico.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 23 de Julho de 1998, 18:23, chuva e chuva.

 

Cada vez que olho a data do registro anterior, assusto-me de como passou a semana!

Hoje já é Quinta feira e eu pensando que faziam apenas dois dias que registrara alguma coisa.

Assim isto daqui fica muito cheio de lacunas.

É preciso ser mais assíduo.

Os fatos notáveis da semana são de ordem de saúde: Heloisa fez milhões de exames para um checapi (?), o Ângelo veio estudar 2ª feira com febre e ainda está de resguardo, talvez com mais uma pneumonia.

Estas pneumonias do Ângelo são diferentes: o médico diagnostica mas libera para qualquer atividade.

Amanhã, apesar do tempo horrível, ele está liberado parai r à aula.

A Alba retornou e já começaram os almoços substancias que devem ser evitados pôr causa do natural aumento de peso.

Patrícia recebeu seu celular e hoje o João estaria habilitando-o mas precisou da carteira de identidade dela e CPF assim que não foi possível.

A liberação do carro do Bolão já está comigo e devo entregá-la à Isinha para que assine o recibo de transferência.

9606982, este é o número do celular da Isinha que, para variar, está desligado.

Hoje tivemos a passeata do “Sem”, sem terra, sem teto, sem emprego etc. etc. e tal.

A coisa aconteceu no auge da chuva e não creio que tenha sido um sucesso.

Daqui para diante, até novembro, vamos ter que agüentar as badernas da CUT, CEPERS, MST e similares.

Mesmo assim, acho que o Lula vai levar uma baita lavagem e o Olivio perde para o Brito.

O PT cometeu suicídio ao se aliar com o Tio Briza.

No primeiro comício da Emília Fernandes compareceram umas duzentas pessoas, apesar da presença do Brizolla.

Mesmo assim a referida ainda acha e declara que elegeu-se senadora pôr méritos próprios e não pela força do Zambiasi.

Ela vai ver o que é bom para a tosse.

É tudo muito louco: no momento, em relação ao regime anterior, quem governa é a esquerda, FHC, Serra, Covas e tantos outros originários inclusive da chamada luta armada.

Pois o PT, PC do B e outros menos conhecidos, chamam o atual governo de direitista, entreguista, neoliberal, coisas assim.

A nossa esquerda é formada pôr uma raça em extinção da qual somente sobrevive – e mal- Cuba, porque a China já aderiu ao globalismo há muito tempo: é só olhar para  as lojas de R$1,99.

Para eles – e não estou exagerando – a Rússia é um país capitalista da pior extração!

Pôr mais desinformado que sejam os brasileiros – muito menos do que se pensa – acho que estamos assistindo ao fim do stalinismo aqui no Brasil.

Será, espero, a última vez que o Galo Missioneiro exibe o seu look stalinista nos palanques.

Repercute também a falsificação de remédios, um dos assuntos mais em evidência porque a fraude é enorme.

O que iria fatalmente acontecer porque os laboratórios estão vendendo seus produtos com lucro desmesurado e aí cresce o olho dos sempre presentes malandros.

Como já trabalhei em laboratório, conheço muito bem o que é isto e temo que sobrem algumas penas para pessoas dita acima de quaisquer suspeitas.

Ainda ontem me telefonou o Joaquim informando que comprou remédio falsificado na Panvel!

Neste momento está coletando provas para que possamos processar os gringos.

Vai ser uma bomba mas creio que há mais.

Aguardemos.

Está na hora de colocarmos em todas as fachadas do país aquela frase definitiva que li no Chile:

DONDE PASSARÁS LA ETERNIDAD?

O Bolão passou pôr aqui agora mesmo e, seguindo a regra dos médicos, com a última piada:

  • Todas as mulheres serão chamadas para uma campanha de vacinação anti-tetânica porque, com o advento do Viagra, tem muito ferro velho, enferrujado, dando sopa pôr aí…

Então tá.

Virgínia e Heloisa planejando uma viajem à Rivera na semana que vem.

É que as crianças estão de férias.

Helena e Henrique vão junto.

Ontem, na Europa, o Roberto Carlos fez uma declaração surpreendente: o que o Ronaldinho teve foi um ataque epiléptico.

Surpreendente não pelo fato em si mas porque acaba com a carreira do menino. Qual o clube que irá mantê-lo no time correndo o risco de um ataque na hora H?

Não deu para entender o Roberto Carlos, supostamente um compinche do Ronaldo.

Quando a gente pensa que o assunto acabou, volta tudo de novo.

Os médicos da seleção vão se ralar.

Aliás ontem o pessoal do Casseta e Planeta, se divertiu com o tema: eles imitaram o médico francês que afirmou estar o Ronaldo 100%: O CARA ESTAVA DE CAMISETA DA SELEÇÃO FRANCESA, COM UMA BANDEIRINHA E CANTANDO A MARSELHESA enquanto examinava o Ronaldo.

E, FORAM OS MESMOS QUE AVALIARAM O ROMÁRIO.

Tudo muito divertido mas com um fundo de verdade.

Ontem, durante o jogo em que o Vasco eliminou o River Plate na Libertadores, a hinchada cantava a Marselhesa.

Está me lembrando 1950 quando os orogoaios ficaram nos enchendo o saco per secula.

E, ainda enchem.

Mas, como no caso dos Tigres Asiáticos, no fim dá a lógica.

Ontem me disse o Vares que resolveu alugar a cobertura dele.

Como aconteceu com a venda da sua casa, vai levar dez anos porque quer um baita dum aluguel.

Pôr ressaltar que, neste momento, nadie aluga nada.

Acabou de telefonar o Pablo perguntando se podem dormir aqui, ele e o Diego.

Como estão de férias, querem fazer algo diferente.

Com este tempo, chuva e chuva, as férias deles estão mais para dormir e tomar café com sonhos, o que não é má idéia.

No nosso tempo de estudantes, férias de julho eram chuleadas para dormir e tomar café da tarde.

Tínhamos aulas o dia inteiro, um saco.

Depois veio a guerra e como quase não havia transportes, passamos a Ter um turno só mas com a mesma carga horária: da sete e meia à meia hora.

Como todos almoçavam em casa, o almoço saia impreterivelmente ao meio dia assim que o nosso prato ia para o forno e comia-se requentado.

Me lembro bem que o arroz ficava duro, feijão e bife secos.

Foi brabo: até hoje comida requentada no forno me tira o apetite.

Já no micro ondas, pelo menos aparentemente, não há grandes modificações e pode-se comer a gororoba esquentada.

Mas que é meio terceiro mundo, lá isto é.

Assunto para o Falabella e seu horror a pobre.

Estive pensando se a descrição da viajem ao Chile e Bariloche não fazia parte daqueles arquivos que foram perdidos, apagados.

Isto aí, boas noites.

 

Sábado, 25 de Julho de 1998, 18:36, chuva e chuva.

 

Amanhã grandioso churrasco com os Barrios todos; espero, ao menos, que a chuva dê uma trégua.

Acabamos de chegar da Alda que está muito bem; der manhã estivemos na mãe, às voltas com seus inúmeros aparelhos de surdes.

Gozado “surdes” sem acento mas parece que é assim mesmo.

A Saara com uma crise de artrite, decerto decorrência de seus problemas renais.

Também o Sr. Paulo Tergolina com problemas de trombose: o Tergolina foi para Caxias.

Como se vê, continua a velha regra: agosto é mês de problemas para o veiedo.

Qualquer dia decerto começam os galhos conosco.

Contou-me o Ângelo que ontem apareceu lá uma propagandista de comida para cães e foi informada que havia um filhote; a malher armou-se com dois saquinhos de ração e foi conhecer o pet.

Quando ela viu o tamanho do filhote, quase teve um infausto e mais apavorada ficou quando o Conam simplesmente aspirou os dois saquinhos em frações de micro segundos!

O Ângelo, malandro, dando risada.

Ele acha que aquela será a última propagandista a aparecer pôr lá.

Bem.

Ontem eu estava lendo sobre o Egito e havia lá uma informação interessantíssima; na Idade Média, usava-se muito pó de múmia como panacéia para uma vida longa.

Os fornecedores afirmavam que o pó obtinha-se da moagem de múmias do Egito, povo sabedor dos segredos da eternidade.

A coisa funcionava à mil e o mercado era altamente consumidor.

Tão consumidor que as pessoas começaram a desconfiar que era muito pó para pouca múmia; verificou-se então que os malandros estavam moendo outros personagens, ex – personagens, – que não múmias!

Assim que a nossa atual falsificação de remédios, se comparada com as práticas medievais do ramo, passa a ser atividade ética e não merece o escândalo que o Serra anda fazendo no concernente.

Eu sempre digo que o que falta para esta moçada é cultura geral…

O que também se depreende do fato narrado é que a realidade supera a literatura em muito: penso que nem mesmo o mais desvairado escritor de contos de horror teria imaginação suficiente para engendrar a história do pó de múmia.

Aquelas poções da Madame Mim, com sapos, aranhas e lagartixas, são alimentos altamente nutritivos e hígidos se comparados com um chá concentrado de múmia gorda.

Realmente a Idade Média foi um período em que a raça humana esmerou-se em barbaridades e só não desapareceu porque os árabes resolveram tomar Constantinopla.

Aliás, uma história que não é muito conhecida é aquela do Império Romano do Oriente, de Bizâncio ( ou Constantinopla).

O Mika Waltari escreveu um livro a respeito mas, à semelhança do

“O Etrusco”, muito fraquinho.

No mais, o que se vê são aquelas figuras hieráticas, de olhos grandes e fisionomias trágicas que caracterizaram a arte pictórica bizantina.

É interessante porque do Império Romano do Ocidente, Roma, sabemos tudo de como viviam: suas moradias, roupas, conhecimentos culturais, organização política, diversões, virtudes, perversões, hábitos alimentares, sociais etc. etc.

De Bizâncio, nada.

E, no entanto, Constantino melhorou o Códex que até hoje orienta as relações jurídicas da Humanidade.

Vou acrescentar um comentário que penso importante.

Quando se pensa no Império Romano do Ocidente, o que de imediato nos vem à mente são os combates mortais de gladiadores, os imperadores tarados, as messalinas e pôr aí empós.

Nada mais falso: a maioria destes episódios ou foram deduzidos com a intenção de criar público leitor ou foram pinçados de cronistas maldosos e fúteis da Roma Imperial, tipo Petrônio.

Na verdade o Estado Romano foi exemplo de estado de Direito, de apego às virtudes ancestrais e de preocupação com a cultura.

Ainda hoje, a chamada cultura ocidental, é herança romana e destaco a Alemanha, país que pôr mais tempo manteve a lex romana vigiando( fins do século XIX) e que sempre destacou-se pela cultura, organização, seriedade no relacionamento pessoal e social.

Até o episódio do nazismo, é claro.

Boas notes.

 

Terça-feira, 28 de Julho de 1998, 17:54, dê – le chuva!

Ainda bem que o Ledi veio hoje para consertar uma goteira que apareceu aqui nesta sala.

Goteira não rima com computador.

Virgínia e Isinha, mais Helena, Lucas e Henrique, neste momento estão en route para Livramento e decerto vão pegar chuva pôr lá.

Não é grande impecilho porque em Rivera o promenade é curto e totalmente abrigado.

Acabamos de chegar do veterinário onde fomos levar a gata Candelária para retirar os pontos da operação de esterilização.

Como hoje não fui trabalhar de tarde, estou ainda com disposição de escrever e aproveito pata transcrever uma história do Major Moreira, da muitas que escrevi ao longo dos anos.

 

HISTÓRIA DO MAJOR MOREIRA -VI

Esta história não foi contada mas sim vivida pelo Major Moreira.

Desta, fomos nós mesmos os atores.

Um dos grandes prazeres do nosso major era, quando em casa, vestir sua boas bombachas, calçar alpercatas, sentar numa cadeira de balanço e ficar ouvindo discos do Silvio Caldas.

Claro que nunca dispensava um bom chimarrão.

Muita e muitas vezes encontrei-o assim e lá ficávamos a bater papo, discutindo se afinal havia ou não havia algum samba mais bonito do que

“Barracão de Zinco”.

O major sempre ficava em dúvida com o famoso “Faixa Amarela” do Noel.

Numa destas vezes, apareceu para uma visita o Major Alair.

Antigo marujo, filho de pais muito ricos, educado na corte, era o Major Alair o oposto em simplicidade do nosso Moreira.

Os hábitos simples, a educação campeira do Cabo Zeca, contrastavam fortemente com a maneira de ver as coisa do Major Alair.

Ambos porém eram acordes numa coisa: cultivavam o “bom mot” , a blague e estavam sempre tratando de uma mutua gozação.

Costumava o Major Moreira chamar o seu confrade de “nosso marujo” e, junto com o seu “bom dia” perguntava-lhe de como ia a galera, apelido do local onde funcionava o Major Alair.

E, daí em diante, seguia entremeando as piadas com a música do “Cisne Branco”.

Em sua casa o Major Moreira não fez pôr menos e logo de entrada saudou o marujo com várias considerações sobre a difícil arte de navegar e perguntou-lhe se havia ouvido o “Aviso aos Navegantes”do dia.

Percebi que o cabo Zeca estava com toda a corda e resolvi ficar para ver o fim.

Claro que as piadas não foram unilaterais e o marujo foi muito feliz  em comentários sobre as bombachas do Major Moreira.

Mas a vitória foi decidida com o seguinte diálogo:

  • Então Alair, quem sabes tu tomas uma cachacinha?
  • Meu velho, tu sabes que detesto cachaça. Não é bebida para gente.
  • Olha que eu até gosto. Mas, vá lá, você é muito fino. Quem sabe um Rossoni antes da janta?
  • Moreira, tem paciência mas Rossoni não é exatamente do meu paladar.
  • Ora, que pena! Quem sabe então, Alair, tomamos um conhaque Dreher?
  • Jamais! Conhaque só francês.
  • Ora, ora. Então, Alair, que achas dum Xerês?
  • Xerês? Ótimo! Aceito e logo.
  • É, concluiu o Major Moreira, mas Xerês eu não tenho…

E riu, aquele seu riso safado, maroto, com que encerrava suas piadas.

Naquele dia estivemos unânimes em afirmar que o maior samba é o que afirma: “…quem é você que não sabe o que diz. ..”, “Feitiço da Vila” parece.

 

Quero repetir que copio os textos conforme foram escritos; penso que quando foram publicados, dei uma melhorada mas a essência é a mesma.

Acrescento que este Major Alair, quando chegou no Batalhão foi odiado pôr todos porque vivia metendo o pau em Vacaria e no nosso trabalho em geral; o cara era um carioca de Copacabana, acostumado com a boa vida, usava piteira e era casado com a famosíssima Carmem Boa, senhora que – supunha-se – prevaricava com um compadre do Rio que de vez em quando aparecia em Vacaria.

Do compadre, o menos que se pode dizer é que tinha bom gosto porque a tal de Carmem era mesmo um monumento.

Daí o apelido, Carmem Bo, em contraposição à Carmem Baleia, a Carmem Ba, mulher do França.

Tínhamos fama nacional de sermos uma comunidade muito cruel com as pessoas que iam servir no Batalhão e não caiam no nosso gosto.

Hoje posso afirmar que éramos.

Se o chegante fosse da curriola, até casa se fazia para recebê-lo; se não era, cariocas principalmente, tudo ficava difícil.

Éramos chamados de “Barões do TPS”.

A gente pensava que nos chamavam assim pôr causa da nossa eficiência e domínio do conhecimento em construção de ferrovias; na verdade os caras estavam pensando em práticas feudais. O TPS era o nosso feudo.

Penso que até hoje somos uma lenda no folclore da Engenharia.

Já tive inúmeras provas disto.

Assim que boas noites.

 

Quinta-feira, 6 de Agosto de 1998, 18:18, chuva e chuva.

 

Parece que esta semana tenha sido muito movimentada se julgar pelo fato de que sumi destes registros mas não é bem assim.

Na verdade, bateu uma preguiça enorme e fiquei só na TV.

Acontece também que o tempo chuvoso faz com que a nossa iniciativa para o trabalho, praticamente desapareça ou, pelo menos, diminua de muito.

Domingo almoçamos nos Barrios porque churrasco com chuva é brabo.

Virgínia estava trabalhando e o Paulo foi também com a Helena e o Henrique.

Sábado almoçamos no Tergolina, em homenagem ao seu aniversário.

Ele trouxe um bocado de coisas da Coréia, bem interessantes.

Nesta altura dos acontecimentos, a casa deles já tem goods de boa parte do mundo.

No mais, tudo em paz: Heloisa continua com os seus exames e, até agora está tudo em ordem.

Recebi carta dos australianos, Margareth e Brian Somes e já respondi.

O interessante é que eles querem escrever para a Anamaria, uma outra companheira da viajem a Portugal e perguntam se podem mandar a carta para mim traduzi-la!

É impressionante com os australianos não sabem nada do Brasil: nem a localização no mapa mundi eles sabiam.

Os Tergolinas foram hoje para o Meridien na Bahia, fugindo um pouco das chuvas.

Tomara que peguem tempo bom.

O Pingo não foi e queixa-se amargamente de ter que estar trabalhando enquanto a frau está nos USA e a turma na Bahia.

É o dilema: ou começa cedo e quando se forma já está encaminhado ou fica na boa vida e amarga depois.

Se bem que, na profissão do Pingo e com os conhecimentos que ele tem, quando de sua formatura, o panorama pôr aqui deve estar igual à matriz: os caras caçando gente para trabalhar no Silicone Valley.

Bolão, esta semana, não deu sinal de vida, decerto atarefado lá pelo Conceição que está amargando uma virose braba que vem junto com a gripe das crianças.

Os Barrios bem, sempre com seus simpáticos hóspedes do Uruguai.

Ontem prenderam, em Itaqui, o suspeito de mais de oito assassinatos de jovens em São Paulo.

É a notícia do dia; o assunto Ronaldinho já foi esquecido, a Xuxa/ Sasha também já teve seus quinze minutos de fama e decerto amanhã também o serial killer de São Paulo será esquecido pois entra em cena o assunto Bil Clinton / Monica Lewinski.

Bil Pinton como dizem os caras do Casseta.

Nesta altura dos acontecimentos, pelas pesquisas da Time ( que marreta o Clinton pois é uma revista de extração Republicana), os americanos estão andando para a eventual transa do Presidente e não são favoráveis ao impeachment, mesmo que ele tenha mentido sob juramento.

Na verdade, tudo não passa de uma vingança Republicana pelo caso Watergate em que o Nixon teve que renunciar justamente pôr haver mentido.

Se for provado que o Pinton mentiu, as coisas não vão mais parar e ele ficará muito desgastado apesar do excelente governo que está fazendo.

O mundo todo está numa grande confusão, Irak, India, Paquistão, mocidade querendo fazer guerra nuclear e os USA, os fatores da pax americana, discutindo se o Presidente traçou ou não traçou a estagiária.

Como diz o Jabour, esta bobagem vai acabar em que os USA façam com o mundo o que o Clinton fez com a Mônica.

A nossa política ainda não chegou a tal estágio mas lembremos que o Collor usou contra o Lula assuntos de natureza pessoal e aqui também se fez algo parecido com o Olivio e sua s recordações de infância.

Falando nisto, o fascículo de hoje sobre a história do Rio Grande do Sul, versa a revolução de 93 e conta a degola feita pelo Firmino de Paula no chamado Mato Português, lá pêlos lados da Vacaria.

Foram trezentos os degolados, cifra considerada modesta.

O interessante é que eu tenho o sabre do Firmino que me foi dado pela bisneta dele, que foi minha secretária, a Maslova de Paula.

A história dela é interessante: um dia eu estava no meu gabinete na Confiança e me chamaram ao telefone.

Era o vice – presidente da República pedindo um emprego para a Maslova.

Posteriormente, ligando os fatos, entendi que ainda se tratava de pica-paus trabalhando pêlos correligionários.

Como bem sabemos, principalmente no interior, a Revolução de 93 ainda não acabou e alguns safados e incoerentes, tipo Brizola, exploram o lenço vermelho.

Como já narrei, o meu bisavô  e homônimo, morreu numa traição dos republicanos num trem em Marcelino Ramos.

Ele, que era prócer maragato em São Luiz das Missões, foi convidado pêlos republicanos para uma reunião em Marcelino, para discutir eventual trégua.

Apesar de avisado pela parceria, aceitou e foi morto a tiros quando o trem chegava em Marcelino.

Eu não sabia desta história que li numa crônica sobre 93 do Sergio da Costa Franco.

Quem contava umas histórias bravíssimas sobre 93 era a tia Zilda mas não devemos esquecer que era casada com um neto do Julio de Castilhos.

Para se ter uma idéia de como as coisas eram complicadas nas famílias, basta lembrar que um dos líderes maragatos foi o Wenceslau Escobar, tio de D. Alda e no entanto a sua irmã era casada com um neto do Julio.

Também na família do pai a confusão era global: ao lado de nossa casa, no sobrado, morava o tio Dorval Pinheiro Machado, sobrinho do dito que afinal foi quem acabou com a revolução derrotando o Gumercindo.

Ao lado, nós, descendentes do José Antônio Moura, assassinado pêlos castilhistas.

Lá em Vacaria, feudo dos Paim, mandavam – e matavam – os republicanos.

Havia um cidadão, agora não lembro o nome mas era proeminente, quem, em toda a eleição botava um lenço vermelho no pescoço e ficava passeando na praça para lá e para cá o dia inteiro.

Penso que se o Btl. não estivesse pôr lá, acabavam com ele na primeira volta.

Mas, se bem me lembro tentaram alguma coisa que não deu certo porque o bicho era quebra.

Mudando e assunto, o Marito, primo do Carlos trouxe um cordeiro de Artigas; ele trabalha num frigorífico ovino e quer ver se vende para o Brasil.

Aqui acho difícil porque carne de ovelha não tem valor.

Falei no assunto porque, como a Patrícia não tinha lugar, a carne acabou no nosso freezer.

Domingo vou assar um pedaço.

Este negócio de ovelha, o melhor mesmo é comprar no Zaffari; me lembro do tempo em que o Renato era fazendeiro e sempre trazia ovelhas que ficavam um tempão entupindo o freezer.

Periga ainda ter alguma coisa daquele tempo.

Tudo bem.

Boas noites.

 

Sábado, 8 de Agosto de 1998, 18:12, tempo ótimo.

 

Calorão, o que significa chuva talvez amanhã; como haverá grandioso galeto pôr aqui, espero que a chuva só chegue de tarde.

Fomos dar uma volteada para ver poltronas para a Alda; agora, ela deverá ir pessoalmente.

A novidade são fogões elétricos e nada mais; há geladeiras como as americanas mas o preço é extorsivo, certamente mais do que o dobro de lá.

O nosso comércio continua ladrão como sempre; não é atoa que na Idade média, comerciante era sinônimo de patife.

O maior ladrão que existe é o Roberto Marrone mas paga-se o tributo a um grande vendedor.

Quando ele fazia dupla com o Fredy, fizeram história, eram os jograis.

Na verdade, só vende produtos de primeira mas pôr um preço escandaloso.

Como tenho problemas históricos com travesseiros, comprei dois americanos do Roberto e parece que acertei: dormi muito bem esta noite.

Ainda tenho que comprar um colchão americano: acho que dormir bem é mais importante do que qualquer outra prática das ditas saudáveis.

Um bom colchão americano e uma ducha gelada de manhã, aumentam sua vida útil em muito.

Estive vendo as ovejas que os orogoaios trouxeram: para variar, só veio paleta e dianteiro, os pernis ficaram.

Não vou comentar porque certamente seria um papo deselegante.

O movimento na cidade está medonho, certamente porque amanhã é dia dos pais.

Houve um psicólogo russo que afirmava que vivemos em estado permanente de hipnose e, analisando o sentimento de culpa e de Pangloss que as pessoas sentem nestes dias de pais e mães, conclui-se que o Ivan tinha razão.

Se o personagem não dá um presente para o pai, sente-se mal, culpado etc. e os mais participantes que deram, o olham como um lixo.

Na verdade isto é um complexo de Pangloss: se todo o mundo vai numa direção sem raciocinar, o melhor é criticar os que não vão: é o agasalho da maioria, a via mais curta para os grandes desastres ou as  pequenas misérias.

O negócio é bem mais complicado: tem um monte de pai filho da puta, relapso, cruel, atrasado que vira paisão pôr influência das propagandas.

Não há  pois que estranhar o fato dos alemães terem seguido o nazismo, cuja propaganda foi montada pôr Goebels, o maior mistificador da história da humanidade.

O Getulio também era mas simplesmente copiou os métodos alemães.

Entre os meus vídeos está “O Poder da Vontade “, considerado o maior filme já feito sobre o tema.

A diretora do filme, Leni qualquercoisa, ainda está viva e produziu sua obra prima com 23 anos.

É sobre o aniversário do Partido Nacional Socialista em 934 ou 937, não tenho certeza.

Recomendo.

Cada idade tem a sua realidade mas a arte permanece, o que parece um contra senso e é!

Pôr isto, o que é arte para uma geração, para as outras é um pontapé no saco.

Para o povo da minha idade é inútil achar que o rock pauleira é uma agressão ao ser humano: claro que é mas só para a minha geração.

Qualquer pessoa normal acha o tal de funk uma aberração e uma contravenção mas se você for um adolescente de favela, acha que aberração é o Lucho Gatica cantando “La Barca”.

Existe uma realidade etária e como é realidade, não adianta lutar contra.

Tem que deixar a negrada crescer.

Não devia era deixar procriar.

Até a próxima.

 

Sexta-feira, 14 de Agosto de 1998, 17:33, chuva e chuva.

 

Semana que passou ligeiro esta!

Os Tergolinas voltaram da Bahia completamente deslumbrados com o Mediterranée.

Ainda bem porque a viajem é longa. Mas deu tudo certo.

No plano geral, tudo tranqüilo.

O escritório vai bem e começa a dar bons frutos; estamos carecas de saber que se leva-se cinco anos para estabelecer-se uma banca ou um consultório, leva-se a metade do tempo para reiniciar.

Nenhuma surpresa.

Notícias do Rio indicam que o casal Pfeifer irá para Paris com a Silvia em outubro.

A Silvia aluga ou consegue emprestado um apartamento pôr lá e fica tudo mais fácil; convidados, agradecemos penhorados mas, nestas circunstâncias é melhor declinar.

Ontem estivemos na Alda que estava bem mas muito queixosa.

O tema é muito interessante e merece uma pausa.

Digamos que há coisas inexplicáveis com o nosso corpo, drogas, papo pro ar, homossexualismo, comidas impróprias etc.

Inexplicáveis porque se o corpo( natureza) fosse sábio como se afirma, deveria rejeitar tudo o que lhe faz mal.

Transfiramos para o psique.

Também neste ente, há distorções inexplicáveis mas que afloram a cada momento, masoquismo, sadismo, crueldade etc.

Se o teu comportamento consegue perturbar os circunstantes causando-lhes mal, na verdade tens um comportamento sádico.

Claro que ninguém admite isto mas, racionalmente visto o problema, assim é.

Tema para meditação.

No popolar, Freud explica.

A Heloisa já está quase concluindo seus exames para o check up e até agora tudo bem ou melhor, sem novidades.

Existe uma grande hérnia de hiato e sinais de uma velha lesão pulmonar, do que já sabíamos.

A mãe está bem, às voltas com os aparelhos de surdes.

Os Fietz , os Barrios e os Mouras da Glória, tudo bem.

A política pegando fogo e se o FHC está tranqüilo na parada, o mesmo não acontece ainda com o Brito.

Permanece aquele fantasma da eleição passada para prefeito: o Brito estava muito na frente nas pesquisas mas ganhou o Olivio.

Acho que o fato do Brito ser muito chegado na RBS ( antigo empregado), o prejudica.

E também porque o bom desempenho do PT na prefeitura de POA, carreia muitos votos e levanta muitas dúvidas.

Não fosse o acolheramento do PT com o PDT, um bando de vigaristas conhecidos, acho que eles ganhariam a eleição.

Os do PT são muito burros porque a única bandeira forte que têm é a sua honestidade e aí se juntam com os maiores ladrões do país e acabam com o seu trunfo.

Eu voto no Ciro Gomes e não voto no Brito.

Em São Paulo, o Mário Covas fez um baita dum governo e está em terceiro lugar nas pesquisas porque dizem que ele é muito casmurro.

O Helio Gaspary escreveu uma crônica interessante sobre o tema, perguntando se os paulistas estão votando para governador ou para garoto – propaganda.

O Pelé tinha razão: o candidato preferido em São Paulo é um pastor pentecostal ou algo assim, do PDT…

Ao que parece, a turma nunca leu ou já esqueceu Elmer Gantry, Tim Tones, o bispo Macedo etc.

Costuma – se dizer que o pior patife é o que apela para o patriotismo mas penso que os que usam a religião ainda são piores.

Esqueço de dizer que as azaléias estão floridas, a parreira brotando, os sabiás voltando, num claro sinal de primavera.

A volta dos sabiás também pode ser atribuída ao fato de que castramos a gata Candelária o que afastou muitos gatos vadios que, bobeava, comiam os sabiás.

Com o que, as lesmas que estavam reaparecendo, levaram um baque.

( Presumo que a expressão “levar um baque” deve ter se originado em go back porque Português não é).

Tudo indica que teremos um verão seco e muitíssimo quente;

No hemisfério Norte estão tendo o verão mais quente dos últimos cem anos.

No plano econômico, os japoneses foram para o brejo, os russo idem e os tigres asiáticos estão roendo beira de pinico.

Se o Brasil conseguir manter uma imagem de bom lugar para investir, vai chover grana na nossa horta: se não, vamos ter que nos rebolar para manter o bom nome da pensão.

Neste quadro, a eleição do Lula e o Brizola eqüivaleria a ingressar com um pedido de falência na vara respectiva.

Façamos um breve resumo de como funciona a Economia num sistema globalizado.

Digamos que o pátria tenha uma grana federal, coisa aí de bilhões de dólares.

Dois caminhos principais de apresentam: ou ele investe a longo prazo( fábricas, títulos da dívida pública etc.) ou a curto prazo ( basicamente bolsas).

Os chamados “especuladores” investem a curto prazo.

E aí começa a inana: se o país tem uma Economia confiável, eles compram ações e permanecem com elas pelo menos pôr um período razoável; se a Economia mostra sinais de ir para o brejo, retiram a sua grana.

Pôr mais que os governos se precavenham contra os especuladores, eles, os governos, não podem apertar demais senão ninguém aparece para comprar.

Se abrem – como fizeram os asiáticos – ficam a mercê do mercado e aí é que entram as grandes potências.

Se a opinião pública americana acha que chega de japonês, basta o FRB aumentar os juros da dívida pública e todo o mundo, pôr razões óbvias, se atira para comprar.

Pôr isto que os nossos juros são altos e também pôr isto que temos uma reserva de 70 bilhões de dólares enquanto os russos têm 12 bilhões.

Na medida em que sobem nossas reservas, o governo alarga os prazos obrigatórios de permanência do dinheiro especulativo e reduz os juros.

É pôr isto tudo que a ida da vaca para o brejo no Japão ou na Rússia, nos afeta.

Se houver uma corrida para cá, os juros caem e aumentam nossas reservas; se os especuladores acharem que estamos meio parecidos com os asiáticos, retiram sua grana e nos fumos!

Acho que o FHC não está dormindo tranqüilo.

Agora imaginem o Lula e o Brizola numa situação destas.

Aliás o Lula acaba de dar uma grande mancada, falando a respeito dos assassinatos de São Paulo.

Acontece que o assassino, um rapaz razoavelmente apessoado, atraia suas vítimas com promessas de pousarem para fotos comerciais ou para modelos.

Aí o Lula explicou: elas só embarcavam no papo pôr causa da fome…

Assim não dá!

E o Grêmio vai caminhando firme para a Segunda Divisão: se perder para o Flamengo no Domingo, consegue manter-se em último lugar disparado no Campeonato Brasileiro.

Hoje é dia de jogo nas gêmeas assim que vou jantar.

Vou faturar a família Vares não sem antes registrar que ganhei vários presentes no Dia dos Pais e todos muito bons: Virgínia deu meias, Patrícia uísque e uma camisa, Bolão uma casinha de decoração e uma barriquinha de erva mate.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 20 de Agosto de 1998, 22:48, esfriando.

 

Depois de uma semana de chuvas, parece que a coisa vai melhorar.

No intervalo, passei um bom tempo às voltas com um scaner que ganhei de presente do povo do João no dia dos pais.

Pagamento indireto de trabalhos jurídicos mas muito gentil.

Domingo fomos ao Imbé e estava um tempo ótimo; o Tergolina e o Lucas também estiveram pôr lá e almoçamos juntos no 40.

Na praia tudo em ordem mas muito molhado; o bougainville de trás está florido e com uma cor diferente, realmente muito bonito.

O telefone funcionando e a Heloisa ligou para a Lúcia conforme prometido.

A água da piscina, com o auxilio daquele fixador de cloro que coloquei no fim das férias, continua limpa e sem algas, apenas algumas folhas fáceis de retirar.

Tudo em ordem.

O Ângelo veio estudar ontem e fiquei satisfeito porque ele está bem e parece que gostando – de novo – de estudar.

Na verdade ele é um estudante bem melhor do que o Pingo foi e, se retomar o gosto, termina o segundo grau muito bem.

Creio que eu disse a mesma coisa do Pingo em iguais circunstâncias e até na mesma época: vou rever os registros do ano passado.

No fim, as coisas acontecem dentro de uma normalidade facilmente previsível; quando já se tem uma perspectiva mais afastada a gente conclui que certamente teria de ser assim.

Claro que há exceções mas filhos de pais cultos, educados segundo um padrão que valoriza o conhecimento e sem maiores problemas econômicos, acabam chegando à Universidade sem maiores problemas.

Como, p. ex., acho que o Bolão e a Liege irão se dar bem em suas profissões porque um médico e uma dentista, em qualquer parte do mundo, dificilmente escapam de acumular patrimônio, mesmo que votem no Lula e achem a Jussara Cony o máximo.

Pôr sinal que recomeçou a ridicularia da propaganda eleitoral.

Do jeito que as coisas vão, sem surpresas: ganha o FHC e ganha o Brito.

Talvez ambos no primeiro turno.

Quem está empepinado é o Clinton que acabou confessando que traçou a Monica Lewinski.

Vai sobrar uma votação de impeachment para ele.

Amanhã a Dra. Patrícia segue para o Mediterranée de Angra onde já se encontra o Dr. Carlos.

Foi tanta a propaganda dos Tergolinas que a moçada toda está acesa para ir ao Mediterranée.

O Banda achou um saco e a Lu que trabalhou lá como babá também não gostou muito.

Gustus sunt discuta.

Os guris, Pablo e Diego, não foram convidados e ficarão conosco, aproveitando as mordomias da avó.

Está em Porto Alegre o show da Disney, Snow Wite, patinação no gelo e comprei entrada para três dias o que parece insuficiente.

Talvez amanhã a gente compre mais outros tantos.

É que como só dispomos de duas cadeiras, a gurisada tem que ir aos pares.

Isinha passou a semana limpando a casa da Matias porque, conforme previsto, os chineses são realmente muito relaxados para não dizer porcos.

A Virgínia fiscalizando  exames do Supletivo, a Patrícia trabalhando, o Bolão dando plantão, assim que tudo em ordem.

Neste momento me despeço para treinar no scan, coisa que parece muito fácil mas não é : o João tentou instalar e não conseguiu o que eu fiz, lendo o manual, muito hermético pôr sinal.

Hoje jantamos uma sopa de anioline que a Heloisa foi buscar no Mama.

É bom morar do lado de restaurante, mesmo que seja o manjado Mama.

Falando nisto, o Ângelo quando vai lá, lava o caco porque adora a comida deles.

Eu já gostei mais.

Restaurante, seja qual for, enche.

Com o que me despeço.

Boas noites.

 

Terça-feira, 25 de Agosto de 1998, 18:16, chuva e chuva.

 

Acho que chove desde fevereiro!

Segundo as previsões para La Niña, em setembro para de chover até março 99.

Nesta altura o povo está mais para acreditar que a donna é mobile do que em sol e calor.

La Niña, pelo jeito é a donna mais mobile que já inventaram.

Assim, o que temos feito é ver televisão e ouvir barulho de chuva.

Domingo fomos esperar a Patrícia que chegava do Rio onde – adivinhem – chovia aos cântaros.

O negócio é ir morar em Fortaleza ou no Saara.

Ainda pôr cima, hoje Heloisa e o Henrique vão ao show do Disney no gelo…

A grande novidade é a Lúcia que agora descobriu como se opera o E Mail e fica passando cartas para cá, adoidada.

O assunto principal é a ida a Paris conjugada com o terror de avião.

Mas penso que no fim irá porque vão ficar no Castelo da revista Caras, tudo patrocinado pela Silvia que vai fazer um trabalho para a referida publicação, honra e glória da imprensa mundial.

Pior do que Caras, só telefone celular na rua mas isto é despeito de pobre que não tem como passar um feriado num castelo.

De qualquer forma, não há reputação que resista a um affaire destes.

Deviam convidar o Lula ou o Brizolla.

Sem mais comentários.

Finalmente hoje saiu a citação da mulher que negociou, junto com o companheiro, a casa da tia Honorina.

A moçada está crente que vai herdar alguma coisa da tia Honorina mas, se eu resolver o assunto logo, vendo a casa para ela que aliás está precisando de dinheiro.

A parentada vai ter só os móveis para brigar.

Também estou tratando de entrar com uma ação de demarcação do terreno do Canela: desconfio que os meus parentes andaram vendendo pedaços dele.

E pôr aí vamos.

Tenho trabalhado o suficiente e até que as coisas estão marchando.

Este ano são dezoito processos novos os quais somados aos anteriores, já obrigam a um trabalho quase constante e diário.

Resisto a um estagiário mas bem que preciso.

Nestes dias não toquei no scanner porque não necessitei dele.

Quando precisar, volto aos manuais e sai tudo facilmente.

E, é isto aí.

Estou comparecendo só para não deixar um intervalo grande entre os registros e esquecer as coisas que aconteceram.

Boas noites que a janta é mais cedo pois devo levar os carnavalescos para o Gigantinho.

A volta é com o Paulo.

Decerto irão combinar via celular.

Trop chic.

 

Terça-feira, 1 de Setembro de 1998, 17:52, tempo ótimo.

 

E assim, estamos entrando no último quadrimestre do ano de 1998!

Entrou setembro e o tempo acompanhou, primaveril, pelo menos até amanhã quando está prevista a entrada de uma nova frente fria da Argentina.

Neste momento estou ouvindo os clássicos do Lupicinio: é um velho álbum que, ao contrário dos CDs só contém as melhores composições.

Já observaram que os CDs vêm com uma musica boa e um monte de porcarias?

Pois é.

Interessante que hoje, visitando os camelôs da Praça XV, verifiquei que já não há mais fitas cassetes, é só CD.

Penso até que é mais barato um CD do que uma fita.

Os chineses vendem CDs de cantores brasileiros, postos em casa pôr R$0,70.

Deu no Fantástico.

Pena que os discos estão embolorados; diz o João que há um líquido para limpá-los que pode ser comprado na casa dos discos, um estabelecimento que funciona debaixo do viaduto Borges de Medeiros.

Como não passo no Viaduto desde os tempo do Anchieta ( não esquecer que o Anchieta era na Duque), não tenho a menor idéia de onde fique.

A Lúcia e o Pfeifer embarcaram hoje para Paris: diz a Luciana que emboletou a Lúcia com Lexotan e que ela foi meia grogue.

Teremos assunto.

Pôr aqui tudo em paz, a família bem, escritório funcionando, pessoal já pensando no verão.

Não sei se iremos para a praia no próximo fim de semana – que é feriadão – pôr que há previsão de chuva e frio.

Mas, se der no jeito, iremos.

Preciso passar um dia lá para limpar a piscina; o ano passado levei uma semana para deixar a água em condições mas, este inverno, com o tal de conservador de cloro, as coisas estão bem melhores.

A Edda e o Rolla andaram pôr aqui mas deixaram a impressão de que não irão voltar, apesar de acharem Curitiba uma droga.

Concordo: acho aquela terra o pior lugar que alguém pode escolher para morar.

Tenho procurado falar com o Pingo lá na ADVB mas não tenho conseguido.

O Pingo está a fim de encerrar o estágio agora em outubro porque não pode imaginar todo o mundo no Imbé no verão e ele dando duro.

Contrariando os mais participantes, até penso que ele tem razão.

É bom trabalhar durante o curso universitário mas, pensando bem, é o último tempo para flanar que se tem: depois é pau e pau.

Claro que na disputa de emprego, o pátria que já tem experiência, leva uma baita vantagem mas o que importa mesmo é o QI ( quem indica).

O João, que vai trabalhar no CPD da GM já tem grandes planos para o Pingo mas o problema é o João durar mais de dois anos na GM.

Os Mouras da Glória vão bem: : hoje vai embora a amiga deles de São Domingos, codinome Anita, mas volta.

Segue rumbo norte para conhecer o Rio e adjacências inclusive Bahia.

Quando acabar a grana, volta aos caminhos do Sul.

Também as hóspedes da Patrícia voltaram para o Orogoai; são as irmãs do Dante, pessoas muito simpáticas.

A Heloisa deu para elas entradas para a Branca de Neve, espetáculo no gelo, lá no Gigantinho.

Todo o mundo foi, compramos entradas para oito dias.

As tais cadeiras valem a pena quando há espetáculos mais caros: pago 50% do preço da entrada mais barata.

Em compensação, pago R$22,00 de mensalidade o que me dá a condição de sócio do Inter, glória que não me comove nem um pouco.

Domingo fiz grandioso galeto com público reduzido: a Patrícia foi almoçar com uma amiga no Jangadeiro e os Tergolinas foram para a chácara.

Hoje de noite pretendo realizar uma proeza para a qual geralmente dou com os burros na água: consertar uma torneira na Alda.

Quando o galho é aqui em casa, chamo o negrão Darcy que é ótimo mas é um baita dum ladrão: se mando que vá na Alda, vou ouvir reclamação pôr muito tempo.

Antes torneira pingando do que reclamação.

Falando nisto, a Time, que é de extração republicana, está mandando uma lenha no Clinton que não é brincadeira: no fim vai dar renuncia.

Hoje ele está na Rússia que faliu e está levando um monte de emergentes de cambulhada. Ainda não sabemos como vai se comportar o Brasil com a falência do Japão, da Rússia e dos Tigres Asiáticos mas que vai sobrar para nós, vai.

No mês de agosto, as Bolsas nacionais caíram mais de 45% o que já é um terror; só espero que nenhum dos familiares ricos estejam investindo na Bolsa.

Há grandes possibilidades do Comunismo renascer na Rússia, para gáudio de nossas esquerdas: se acontecer, o horário político vai pegar fogo mas não creio que mude muito o perfil atual: FHC no primeiro turno.

Aqui no Estado também o Brito vai levando de barbada mas já houve um episódio semelhante e acabou dando Olivio.

Só que desta vez o Galo não tem atrás de si o Tarso.

O Amaury baleado, imóvel na cama, com compressão do ciático mas achando que não é nada.

O Vares gordo demais porque passa o dia inteiro sem fazer nada, comendo e tomando cerveja.

O restante, como de costume.

Hoje tive um encontro com o proprietário da Copelmi sobre a Fazenda do Bagé; como o Renato queria uma coisa e o Bagé está partindo para outra, acho que vai dar atrito e pretendo ficar fora dessa.

Vou conversar com o Bagé sobre a minha intenção.

Não é justo com o Renato.

Ouço rumores da janta. Já são mais de sete horas assim que suspendo pôr hoje.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 9 de Setembro de 1998, 12:02, tempo gris.

 

De um modo geral, o que tem acontecido é muita chuva!

Fomos para o Imbé no chamado feriadão e não deu outra: Domingo fez tempo bom mas na Segunda tudo voltou ao normal.

De qualquer maneira, deixei a piscina limpa e defendida contra algas pôr um mês.

Antes de sair na Segunda, tivemos uma surpresa agradável: fomos almoçar no Sambura e encontramos um bufê excelente e barato: pôr R$6,00 é uma festa.

Na verdade o ecônomo lá é o segundo do RGS, talvez só inferior ao do Sogipa.

Dá para recomendar.

Estavam na praia, além dos Fietz, o Tergolina com os guris: fizemos um churrasco muito bom no Domingo com umas picanhas argentinas fornecidas pelo Tergolina.

Os Barrios e os Mouras da Glória não foram porque estava todo o mundo de plantão, bip etc.

Ontem tivemos uma notícia totalmente inesperada: O Pfeifer está em Paris com pneumonia!

Todo o mundo esperava que, se desse algum galho na viajem deles, seria com a Lúcia mas nunca com o Pfeifer.

Neste momento estão no hotel e a Silvia se virando porque a dupla nem balbucia em francês.

Sempre imaginamos que a Lúcia saberia trovar alguma coisa em francês mas parece que não.

Vamos ver se telefonamos hoje: estou esperando a Heloisa que foi ao BB verificar uns rolos na conta da Alda.

Como hoje é Quarta feira, o Ângelo vem estudar Português e o Diego passar a tarde.

Devem estar chegando todos para almoçar, inclusive a Isinha e o Lucas.

Também hoje de manhã o João embarcou para São Paulo onde foi assumir na GM.

Ao que tudo indica irá gerenciar o CPD.

Tomara que dê tudo certo e que ele consiga durar na posição.

Continuo com o meu telefone do centro totalmente mudo, assim que o escritório está tranqüilo.

Acaba de sair daqui uma malher com pinta de pistoleira que veio buscar o pagamento da Heloisa para a viajem ao Paraguai no dia 05/10.

Lá pôr casa, tudo bem; a Saara está sendo sujeito passivo numa ação trabalhista em que a reclamante é uma ex – faxineira, aquela cujos filhos a Saara alfabetizava.

Nenhuma surpresa; pena que a Saara não tenha recibos o que nos obriga à prova testemunhal.

A do Beto não tem problema mas esta não posso garantir.

Aliás, é interessante: em grande número de casos, as pessoas não precisam de advogado mas sim de mágicos; tenho umas três ações assim.

E aí não dá nem para cobrar porque geralmente os interessados já estão num pepino de fazer dó.

O resultado é que você trabalha de graça e ainda leva a fama de incompetente.

Faz parte do show.

Falando nisto, estive em Flores da Cunha para uma audiência e fiquei boquiaberto com o número de construções de edifícios.

Flores é um lugar pequeno, muito pequeno e acredito que há mais e quarenta edifícios sendo erguidos!

E, não se trata dos tradicionais caixotes de três andares com loja em baixo: são prédios finos, geralmente estilo bávaro, como aqueles de Nova Petrópolis.

Não deu para entender.

Quando passei em Farroupilha, fui num centro comercial procurar um abrigo.

Como de praxe, não havia nenhum que me servisse mas a lojista tirou minhas medidas para mandar-me pelo correio.

Fiquei surpreendido com o preço: um abrigo lindíssimo de fibra não-sei-o quê, pôr R$59,00!

Quando me lembro que paguei R$60,00 – há dois anos atrás – pelas porcarias da Anna, devo admitir que sou um trouxa que parte do princípio de que amigo (?) não explora amigo.

E, o que é pior, com toda a experiência que tínhamos dos consertos mecânicos do João.

Passarinho que come pedra sabe o Cu que tem.

 

Terça-feira, 15 de Setembro de 1998,19:47, tempo bom.

 

Bom mas frio.

Ontem telefonou a Lúcia, de Paris, para dizer que a viajem foi uma experiência hospitalar, que gastaram demais e retornam hoje.

Ela estava meio ansiosa e evidentemente nervosa, não só com os acontecimentos da viajem como também com a volta.

O Alemão passou uma semana no hospital e, convenhamos, ir a Paris para ficar numa cama Fowler, não é um programa desejável.

Aguardemos que cheguem para sabermos do que realmente aconteceu.

De um modo geral, na semana passada em que não compareci, choveu!!!

E, como choveu: Sábado levamos o maior banho na feira porque caiu um toró daqueles de inundar as ruas.

Assim que sem maiores novidades.

O Carlos e o Pablo estiveram em Artigas, os demais vieram para o churrasco Domingo.

Ontem chegou a Maria Helena para o aniversário do Diego que será festejado no Domingo à tarde no colégio dele.

Também ontem o Ângelo veio estudar para a prova de hoje e segundo me disse, dez!

A noite, como a Heloisa iria chegar um pouco mais tarde, fomos jantar num num corrido de filé ali na Protásio, o Marcelus, eis que o Mama estava fechado pôr ser  segunda feira.

Confesso que fazia tempo que não ia num lugar tão ruim.

Aliás só fui lá pôr causa da propaganda do Neno.

O Fornão é muitíssimo melhor.

Fica o aviso para quem resolver enfrentar um rodízio de filés.

Amanhã vou a Lajeado para apanhar um processo em que devo apelar: é daqueles da empresa fornecedora dos R$1,99.

Eles estão me devendo uma nota e prometeram fazer um depósito amanhã.

Se não fizerem, vão ter que procurar outro advogado.

Neste momento – são 23:28 – o Grêmio que renasceu das cinzas, está jogando no Chile com o time reserva na Copa Mercosul.

Parece que está 0 x 0.

O João veio de São Paulo para complementar o exame médico devido a uns fungos na axila.

Até eu diagnostiquei o que é: a medicina em São Paulo não parece ser tão boa assim.

O Carlos até riu do paulista ter levantado a hipótese de algo pior.

Esteve no escritório o Rotta que marcou uma entrevista, acerca do seu livro, com o Assis Brasil, aquele autor de Videiras de Cristal etc.etc.

Tenho certeza que o Assis vai gostar.

O Rotta está empolgado.

Esteve também o Napoleão querendo saber qual seria a melhor tradução para “mutatis mutandis”.

Acontece que o pai dele dizia que a expressão latina significava “conservar melhorando”…

Sem comentários.

Estes dias, ele – o Napoleão – já estivera nos escritório para saber qual a tradução de uma frase complicada constante do epitáfio de um matemático famoso.

Acontece que o Napoleão anda escrevendo uns textos herméticos e o Latim sempre ajuda para dar um tom erudito às coisas.

Eu não sou grande conhecedor do Latim mas tenho uns bons livros de consulta.

Terminou o jogo do Grêmio, 1 x 1.

Hoje doei a frigider da churrasqueira para o Mensageiro da Caridade; há uns seis meses eu havia mandado consertá-la contrariando minhas próprias convicções. Como seria de se prever, o conserto não deu certo.

Eletrodomésticos não se concertam, compram-se novos.

Pôr hoje é só.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 17 de Setembro de 1998, 18:28, chuva forte.

 

O tempo voltou a ficar brabo e as previsões são as piores: até Sábado chuva e depois garoa com frio de rachar!

Vistas ao aniversário do Diego que vai ser Domingo naquele cocoruto de morro, batido pêlos ventos do rio.

Tivemos esta semana a queda do helicóptero da Globo lá em Roraima.

A impressão que fica é que as pessoas de tanto falar em Ecologia, acabam pôr achar que bom é o mato, lá tudo é lindo, amigável e agradável.

Aí cai o helicóptero e verifica-se que a região é inóspita, não há nem possibilidade de socorro, não existe radar nem o radio funciona, frio de zero graus, bichos querendo fazer uma boquinha etc. etc. e tal.

Se não fosse um aldeamento de índios próximo, os caras teriam morrido aguardando socorro.

Próximo em termos.

Caiu o primeiro helicóptero e depois o que foi salvar, caiu também.

Como já voei e muito naquela região, sei muito bem o que significa o norte de Roraima; e o sul também.

Acho que o ator da Globo que se acidentou( o Adriano da novela das oito) só vai querer ver mato em fotografia colorida e não mais passar nem perto da Floresta da Tijuca.

No máximo, Jardim Botânico.

Temos que substituir o mato pôr fábrica de oxigênio.

O Alemão Henrique pesteou o que não é surpresa com este tempo.

Ontem fui a Lajeado ver um processo dos R$1,99 que levou chumbo; a sentença é quase inacreditável, prolatada pôr um pretor.

O que de besteiras esses guris que estão entrando na Magistratura fazem, não dá para acreditar e os advogados têm que trabalhar o dobro.

Já estou de saco cheio porque em menos de três meses estou tendo que deslindar as roscas feitas pêlos meritíssimos que ainda nem saíram das fraldas.

Antigamente, para ser juiz, o pátria tinha que ter sido advogado pôr cinco anos: hoje, neguinhos e neguinhas, vão direto da PUC para a sala de audiências.

E dê-le asneiras.

Não há saco que agüente.

Isto juntado ao Horário Político deixa qualquer um a beira de ataque de nervos como as mulheres do filme.

Nos USA continua firma a história do Clinton mas já surgem opiniões mais sensatas sobre o filhadaputismo do promotor Starr e da Mônica.

Vai ser difícil para o Pinton sair desta mas os outros vão junto.

Estou com uma edição especial da Time sobre o tema e parece que transcreve as partes mais picantes do depoimento da moça.

Agora vão publicar um vídeo com as declarações do Pinton no Grand Juri.

Ou seja, os caras querem é sacanagem para vender na Internet e para videocassetes.

Ofereceram 6 milhões de dólares pelas memórias da Lewinski mas ela quer 10! Ela e mãe dela que é uma vigarista.

No fim é isto aí.

Ainda não temos notícias dos Pfeifer, se chegaram ou não; segundo a Lúcia já teriam voltado ante – ontem mas a passagem deles era para hoje.

Talvez o Alemão tenha melhorado e adquirido condições para aproveitar um pouco da viajem.

Esperemos que seja assim.

Ontem Heloisa foi com os Fietz na feira de artesanato do Mercosul, Usina do Gasômetro e gostou muito.

A feira vai até Domingo mas com esta chuva, não creio que tenha grande movimento porque a parte mais interessante – as comidas – acontece ao ar livre.

Também os tradicionalistas que estão acampados no Parque Mauricio Sobrinho devem estar arrependidos de querer dar uma de galponeiros; mal sabem eles que o sonho dos legítimos é uma sala com lareira.

Ontem vi, na TV, um destes gaúchos de cidade, todo pilchado e com uma camisa de cetim verde abacate!

E não se tratava de uma bicha enlouquecida mas sim de um homem velho suposto cultuador das tradições farrapas.

Ou seja, assim não dá ou, como costumo dizer, então tá!

O Felipe é que ficava roxo de raiva com esses pátrias que desfilam de bombachas, guaiaca, alparcatas, lenço no pescoço e boina, como eles dizem.

Vai checar o cara pensa que cavalo tem chifre; como aqueles cueras do Caverá.

É um bando de guaipecas.

Quem inventou os gauchinhos foi o Paixão Cortes que agora não quer assumir e foge dos shows de dança típica, dos quais o mais representativo é aquele do “Garfo e Bombacha” do Canela.

Vale a pena ver para avaliar o estado em que chegamos.

Os cariocas do subúrbio que nunca foram além de Madureira e vêm à Serra Gaúcha para ver a neve, adoram.

E quando chegam no Rio narram as maravilhas dos gaúchos, só para

chatear os que não puderam vir porque gastaram a grana em farofadas homéricas no Recreio dos Bandeirantes.

Ou em Itaipu.

Isto aí.

Estou com muita fome aí começa a bater o mau humor.

Odeio farofeiros!!!

Eu e o Caco Antibes.

Aquele cara até pode ser bicha mas não leva nenhum jeito.

Quem dá informações sobre as bichices dos televisivos ou é a Silvia ou a Bia mas faço restrições porque pode ser uvas verdes.

“Pode” está certo.

Agora, com as aulas do Ângelo, estou ficando doutor em concordâncias, tanto verbais como nominais.

Hoje assisti ao Horário Político de cabo a rabo; é sempre a mesma lenga – lenga, os caras dizendo as maiores sandices, com a maior cara de pau.

São muitos mas, à semelhança da Copa do Mundo, no fim elegem-se os de sempre.

Vou votar no Ciro Gomes, é o único voto do qual tenho certeza.

O Brito até que é bom sujeito mas a turma dele é brabíssima e, num segundo mandato, sabendo que é o último decerto irão exagerar na mão boba.

Neste exato momento chove em bicas; os Pfeifer já chegaram mas não ligaram.

Fiquei sabendo porque telefonei para a Cláudia que está esperando o nenê a qualquer hora.

Assim que vou desejar boas noites a todos.

 

Segunda-feira, 21 de Setembro de 1998, 23:27, tempo chuvoso.

 

De um modo geral, tivemos chuva desde Quinta feira até hoje e parece que, após breve interrupção amanhã, a coisa recomeça na Sexta.

Sábado normal: o estacionamento da feira estava lotado porque os Jeovah reuniram-se no estádio do Grêmio: era Jeovah que não acabava mais.

Se os somarmos aos fieis do bispo Macedo, iremos concluir que a maioria católica no Brasil já era.

Domingo almoçamos nos Fietz eis que pôr causa do aniversário do Diego, marcado para as três horas da tarde, churrasco não houve.

Sábado de noite fui levar o Ângelo em casa e conversamos sobre a doença do Pfeifer.

A Isinha, com a sua característica de levantar os aspectos mais contundentes dos problemas, formulou a seguinte hipótese:

Aquele castelo de “Caras” é do tempo da peste negra e aquelas roupas poderiam guardar micróbios da referida.

Como sabemos, os micróbios resistem pôr muitos séculos e assim não seria impossível que o Pfeifer houvesse contraído a peste!!!

O que daria um enredo formidável para uma novela.

Depois de uma introdução com considerações sobre a carreira da Silvia, o convite para pousar em Paris, o castelo e sua história na qual contar-se-ia o que ocorrera na época da peste, inventando um enredo felpudíssimo, a viajem sonhada pêlos Pfeifers, um médico que se apaixona pela Silvia, a doença e o diagnóstico feito em segredo pelo médico “in love”.

Nunca esquecendo que se ele falasse, eles nunca mais sairiam da França e o mundo todo ficaria agitado com a possibilidade de contaminação pela peste negra!

A solução seria encerrar a família toda num laboratório secreto donde nunca mais sairiam; uma das soluções.

Daria para botar o Camus no chinelo.

Lamentavelmente não é o meu estilo: quem deveria encarar seria a Isinha.

Bem.

O aniversário do Diego transcorreu bem apesar da chuva; saímos cedo porque esta semana a Alda andou meio enrolada com problemas financeiros o que exigiu a presença mais freqüente da Heloisa.

É uma história comprida que envolve vários personagens e cujo enredo já foi esclarecido mas que deve permanecer como insolúvel.

Dá para entender?

Maria Helena veio para o aniversário do Diego, “en route “para os USA, tendo embarcado hoje.

O Dr. Barrios não compareceu à festa porque embarcava para Foz do Iguaçu, decerto para comprar umas muambas no Paraguai…

Ontem de noite o Ângelo foi deportado para cá devido às suas brigas com o Lucas: a autoridade  deportante foi a Isinha e a idéia era que ele permanecesse uma temporada aqui, o que muito nos agradou mas eu avisei a Heloisa que o degredo seria pôr, no máximo, 24 horas.

Tese confirmada.

Deu para estudar umas horas de Geometria.

Se o Ângelo passasse um tempo aqui, pelo menos iria aprender Matemática o suficiente para o vestibular.

Fica para a próxima.

O Henrique já está recuperado de sua virose; a Virgínia não foi ao aniversário do Diego para ficar com ele: várias pessoas prontificaram-se a cuidar do Alemão e não ir ao aniversário – houve gente que até ofereceu grana – mas a Virgínia foi irredutível.

O 20 de setembro, apesar de muito planejado e com grandes perspectivas, ficou meio mixe pôr causa da chuva.

“En passant “ocorreu-me que a rua General Lima e Silva não é uma homenagem ao Caxias mas a um tio dele que foi o primeiro general da República Riograndense, coisa que muito pouca gente sabia, inclusive este que vos fala.

Aprendi na História do Rio Grande publicada pela Zero Hora e patrocinada pela CEE.

Apesar de tio do Caxias, era mais moço do que ele e morreu numa emboscada quando saia de um batizado em Santana.

Como era carioca, os de bombacha não gostam que o primeiro general farroupilha nasceu no Rio.

Infelizmente é assim que se faz História: contando o que interessa – ou agrada – e escondendo o que não interessa.

Ontem numa entrevista com o Décio Freitas, o entrevistador um gordinho nojento do canal 36, queria pôr força que o Décio dissesse que os Farrapos tinham vencido. O Décio não embarcou no papo e informou que, quando da paz, os farrapos já estavam militarmente batidos.

Mas não falou na magnanimidade do Caxias que, mesmo assim, assinou uma paz honrosa para os de bombacha.

É fogo!

Um outro personagem cuja história nunca foi bem contada é o Davi Canabarro.

A batalha do Cerro dos Porongos, em Bagé, que liquidou com os Farrrapos, é meia braba.

O crioléu já anda querendo recontar a história porque só quem morreu foram os chamados lanceiros negros.

E parece que o Canabarro deu uma baita colher de chá para o Moringue cercar e trucidar uis negrão.

Podiam ter resolvido o pobrema da família Colar: alguém bobeou…

Em termos de eleição o PT adotou uma linha interessante: uns trovadores daqueles tipo Caranchão e Zé Bernarde aparecem na TV cantando para o Olivio, como a seguir:

O Olivio é Missioneiro

Galo véio brigador

O Olivio não se achica

Olivio governador!

 

Ou então:

Galo que é Missioneiro

Só canta de madrugada

E é no cantar do galo

Que o Olivio ganha a parada!

 

Tais brincando.

O Tarso deve estar amando os caras que organizam a campanha do Olivio.

Eles também bolaram aquela do “Contra o burgueis, vota no 16”.

O Eneas pelo menos inovou, agora ele urra: MEU NOME É ENEAS, 56!

A gente quase não acredita que isto exista.

Até o Ciro Gomes anda dando umas pedradas.

Em compensação, em São Paulo, aquele pastor do Brizola já está entrando pelo ralo e, no Rio o tal de Antony Garotinho, do PDT, começa a ver a coisa preta.

A coisa preta é aquela negrona senadora pelo PT que convidou a Vera Loyola, uma emergente social e naufraga intelectual, que estava também no castelo de “Caras ” ( candidata à peste), a ser candidata à deputada pelo PT.

Os cariocas, que elegeram a negrona como elegeram o Cacareco, devem estar dando grandes risadas.

Dá-le Brêisil.

Pior que nóis só o Pinton.

Com o que, me despeço desejando boas noites a todos.

 

Quinta-feira, 24 de Setembro de 1998, 16:27, chuvoso.

 

Ontem, virando minhas prateleiras do escritório, achei um livro de crônicas do Sérgio Costa Franco, “Achados e Perdidos “.

O Costa Franco, que escreveu muitos anos no Correio do Povo, é mais conhecido pôr seus trabalhos de História mas, é um cronista, do quotidiano, excelente.

Recomendo.

Foi uma pena que ele não quisesse ir para a Z H quando do colapso do Correio; ele achava que os de Israel não eram sérios, no que, penso até tinha razão. O livro está agora aqui em casa.

Como vemos no cabeçalho, a chuva continua o que não é surpreendente na Primavera mas, como o inverno foi água e água, já encheu.

Aguardamos a prevista seca da La Niña.

Conta o Eduardo que lá pôr cima, a seca é medonha e que de Brasília até a fronteira da Bahia, os campos simplesmente desapareceram devido às queimadas.

Não que queimada seja ruim no Cerrado que até precisa delas mas parece que este ano estão demais.

Neste exato momento a Heloisa está num chá de avós no colégio do Chico.

Acho a maior frescura este negócio dos colégios envolverem pais e avós em tertúlias que são, no fundo, um caça níquel.

Imagina o velho Janguta ou a velha Olinda indo a um chá  “oferecido “aos avós no Ginásio Anchieta.

Comprei hoje – e já li – “Memórias de um Sargento de Milícias ” do que o Ângelo deve fazer uma crítica nos próximos dias.

Devo admitir que, para um historiador ou rato de biblioteca, o livro é interessante mas para uma pessoa não afeita a tais extravagâncias, é um pontapé no saco.

Admite-se – mas com muita cautela porque o tema é explosivo – que o velho Machado andou garimpando nas “Memórias ” mas não me parece que isto interesse muito ao Ângelo ou à classe de Literatura do Americano.

Aliás eu acho o Machado um chato de galochas, um escritor de segunda classe, mais um imitador suburbano dos franceses da época.

Disse “mais um” porque há vários e até o Eça meteu sus colher genial no Balzac e no Zolla.

E, dum modo geral, todos os escritores de língua portuguesa deste século, meteram a colher na sopa do Eça.

Então tá.

Hoje telefonou o João que está trabalhando em Gravatai: ele foi para São Paulo mas faltou alguém aqui e ele veio quebrar o galho, inclusive ganhado diárias as quais deve estar tratando de gastar o mais rápido possível.

Para o que não lhe faltam conhecimentos…

Tenho recebido visitas quase que diárias dos nossos escritores, Rotta e Napoleão que vão ao escritório trovar a respeito de suas obras: o Napoleão com a Cosmologia e o Rotta com a sua novela semi – policial.

O Rotta teve até um papo com o Assis Brasil que é diretor da cadeira de composição literária na PUC.

O Assis pensa que ele deve publicar o livro.

Tomara que tenha sucesso.

Artistas e velhos generais geralmente gostam de escrever suas biografias mas o Rotta escolheu um caminho melhor.

Em que pese a biografia do David Niven que é excelente.

O Napoleão finalmente terminou o seu artigo sobre a luz e o tempo que ele considera absolutamente inédito mas, infelizmente não é.

Já antes eu havia – sutil mas claramente – dito e escrito para ele que sua grande descoberta era um baita bizu mas, de tão empolgado, não entendeu o recado.

Mandei para o Job ver se consegue publicar o calhamaço na Revista do Clube Militar.

E, não falarei mais no assunto que já encheu.

Neste exato momento o Boloral está jogando contra o Flamengo no Rio e daqui a pouco o Grêmio joga sua sorte contra o Ponte Preta no Olímpico.

O Grêmio se bobeia vai para a Segunda Divisão e aí a coisa complica porque sair de lá não é fácil.

O Flamengo também está a perigo e vai fazer tudo para ganhar.

Dr. Barrios já voltou do Paraguai e veio com muambas, quem diria!

Para a Heloisa, trouxe um baralho Ken, legítimo e muito bonito.

Hoje é o aniversário do Chico mas como a festa será Domingo decerto não iremos lá.

A Alda já pediu o telefone deles para ligar.

E depois diz que não tem memória.

Para a janta teremos caldo verde, uma receita que a Virgínia conseguiu numa revista de culinária; na primeira experiência que fiz, de ouvido, não deu muito certo, vamos ver o que acontece hoje.

Também a Alba está de posse de uma receita de bacalhau a Gomes de Sá, publicada sob os auspícios da Colônia Portuguesa: achei meia fracota mas hai que respeitar.

No fim agente chega à conclusão que a melhor comida típica é feita pêlos outros que não os nativos.

A comida italiana é melhor aqui do que na Itália, a chinesa idem e, sem irmos muito longe, os paulistas, na média servem um churrasco melhor do que o nosso.

Como também é verdade que aqui na capital o churrasco é muito melhor do que em qualquer galpão de fazenda.

O negócio todo tem explicação mas não estou com saco para digressões.

O João sumiu; deve ter ido para São Paulo hoje.

Assim que boas noites.

 

Terça-feira, 29 de Setembro de 1998, 18:47, tempo bom, frio.

Acho que houve alguma coisa pôr aqui e perdeu-se algum registro.

Ou então, o tempo passa tão depressa que a gente nem acredita.

Domingo tivemos o aniversário do Chico, animado pelo Neno e estava a festa muito boa.

A Heloisa reforçou os comes mas, mesmo assim, acho que faltou: estavam muitos adultos, cerca de 25!

Fizemos, ainda Domingo, o curriculum do Pingo porque o João quer ver se ele é contratado pela GM.

Na confecção do curriculo, fiquei impressionado com os conhecimentos do Pingo em Word.

Realmente ele sabe muito mas, em compensação, desarruma o computador com os macetes dele.

Nada de mais, já está tudo em ordem.

Nasceu a filha da Cláudia o que motivou dezenas de E Mail da Lúcia que ainda nem li.

 

Quarta-feira, 30 de Setembro de 1998, 18:00h, tempo ótimo.

 

Continuando, ontem vi um filme em que a protagonista trabalhava firme com correio eletrônico: a gente fica humilhada de ver como isto funciona nos USA.

Quando alguém manda alguma coisa, acende um ícone igual a uma caixinha postal e fica piscando.

Aí é só clicar e deu.

Para mandar é mais fácil ainda.

Parodiando o Collor, aqui estamos andando de carroça enquanto os americanos vão de Boeing.

Está aqui o Pablo que veio fazer as lições e aguardar a Heloisa para irem em uma representação teatral em que o Alemão Henrique é o protagonista.

Parece que o Diego também vai.

Da minha parte, declinei do convite eis que tenho que fazer algumas coisas de noite…

Domingo a noite começam as Olimpíadas dos wesleianos e as duas Heloisas e mais a Helena vão abrir o desfile, simbolizando três gerações de atletas.

Desta eu não escapo inclusive porque a Isinha disse que há fortes probabilidades de fechar o pau, assunto do qual entendo e portanto posso agir como elemento de dissuasão das partes envolvidas.

No mais o país está parado aguardando as eleições e aterrorizado pela apocalipse pregada pela oposição.

Hoje o Lula, o Brizolla e o Bixol fazem o comício de encerramento; da mesma forma o Brito.

Quanto ao FHC não há a menor dúvida que leve no primeiro turno mas o Brito pode ter que enfrentar um segundo tempo.

A vaca da Emília está se queixando no jornal que foi abandonada pelo PDT e que bom era o Zambiazi: além de ser tarde, ela revela uma ingenuidade atroz eis que só ela não sabia que estava de boi de piranha para conseguir um segundo turno.

Tomara que, mesmo assim, não dê.

O Ciro Gomes andou fazendo força para o Lula desistir em seu favor, no que também revela ser um babaca.

Tinha o meu voto, não tem mais.

Boa parte da família: Bolão, Virgínia e Isinha vão de Olivio.

A esquerda de buteco funciona.

Ontem contamos 47 anos de casados mas não houve festa nem comemoração porque para estas coisas precisa-se algum planejamento e o tempo anda escasso.

Havia a idéia de irmos até Gravatal ou coisa assim mas quando se viu, já era o dia 29.

Tudo bem.

Vou ver os E Mail da Lúcia e volto mais tarde.

Chegaram os E Mail mas já sabíamos de tudo pelo telefone.

A Lúcia contou que a vizinha de porta dela, toca a campainha e avisa:

  • Vou te mandar um E Mail!

Então tá.

No início, tudo é muito excitante mas depois a gente só usa as coisas necessárias do computador e chega à conclusão que o telefone ainda é o melhor meio de comunicação.

Vou dar uma voltinha no programa de scan porque preciso treinar.

O pessoal que foi ao teatro do Henrique já voltou depois de ter ido festejar a performance no Bambina, pizaria.

Boas noites,

 

Segunda-feira, 5 de Outubro de 1998, 16;46h, tempo chuvoso.

 

Acabei de deixar a Heloisa lá no quarto distrito para embarcar rumo ao Paraguai, o que já é uma tradição nesta época do ano, ao ponto do Pablo me perguntar quando a Vó iria ao Paraguai para as compras de Natal…

Estamos em plena apuração de eleições, como RGS e São Paulo na berlinda; lá com a Marta Suplicy e aqui com o Brito e o Olivio indo para o segundo turno.

Os galistas estavam empolgados com a votação do Olivio porque, no início, apuravam-se as urnas eletrônicas ou seja, cidades grandes com mais de 40.000 eleitores e ali o Olivio ganha, como todo o mundo sabe.

Agora começou a apuração dos votos em cédulas, cidades pequenas, e o Brito está recuperando e decerto vai ultrapassar o Galo Missioneiro.

O Olivio, ontem, na televisão, estava arrogante como se tivesse ganho a eleição pelo dobro de votos.

Tomara que se rale o SOB.

O FHC ganha no primeiro turno e o Lula disse que iria chutar o balde mas parece que desistiu: decerto vai dizer que o juiz roubou.

Em São Paulo, se o Covas for para o segundo turno, ganha do Maluf.

Se for a Marta, perde.

O que está havendo de notável é que os institutos de pesquisa, de um modo geral, pisaram no tomate em vários lugares.

Em Goiás, Distrito Federal, Amazonas, o erro foi feio. Aqui foi regular, os caras não levaram em consideração que, na Semana Farroupilha, o Olivio leva uma baita vantagem pôr ser da Bossoroca, usar aquele bigodão guasca  falar Missioneiro e ter tido o apoio da maioria dos tradicionalistas.

Chega de eleições.

Sexta feira de manhã, o Pingo teve um acidente de carro, Ipiranga com Silva Só, para variar, e destruiu o carango; seis horas da madrugada, o enredo a gente conhece.

Dá vontade de processar a porra da Prefeitura que há anos, á séculos, recebe pedidos para construir um viaduto naquela esquina, local da maioria dos acidentes, acho que do mundo!

E ainda atem gente que acredita nesses bagaceiros incompetentes.

Sábado o Bolão aniversariou e fomos lá junto com o irmãos( exceto a Isinha`, às voltas com o acidente).

Domingo fomos para o Imbé votar; estava um dia lindíssimo, de verão.

O Evaldo foi atrás de nós e está completamente tararaca.

A noite, o Heloisa, Isinha e Helena, representando três gerações de atletas, abriram as cerimônias das Olimpíadas Wesleinas; Heloisa chegou em casa muito emocionada e feliz, mesmo que tenha tido de fazer um discurso.

Aguardemos agora que o fato se repita quando forem quatro as gerações.

O Alemão Henrique está de muletas eis que quebrou o pé numa queda, lateral do pé, nada grave.

Acho que o Alemão está muito pesado e deveria emagrecer um pouco.

Aliás acho que todos devíamos emagrecer, exceto a Patrícia.

Até o Dr. Carlos está com uma barriga que já se nota.

O pior é que estamos chegando ao fim do ano e às comilanças e bebelanças decorrentes.

De mim, pretendo fazer regime no verão.

Regime inclui alimentação e exercícios.

De acordo com um candidato do PT, o governo é responsável pelo aumento do buraco de ozônio na Antardida ( não estou exagerando), assim que teremos de nos cuidar com o sol…

Para registrar que uma outra candidata do mesmo partido disse que o PT vai resolver o problema do desemprego no Estado instituindo feiras populares aos montes…

A gente tem que rir mas, no fundo, é triste.

 

Terça-feira, 6 de Outubro de 1998,23:21h, tempo bom.

Terminou a apuração e temos um empate entre o Olivio e o Brito;

No segundo turno, se a vaca de piranha funcionar – a Emília-, ganha o Galo Missioneiro e aí não dá para fazer-se prognósticos.

O Bossoroca véio certamente vai querer fechar a GM para não complicar mais o tráfego em Porto Alegre que o Cachurro não consegue equacionar.

Temos bem arranjados e até já estou atualizando o meu vocabolário, de acordo com os novos tempos.

Falando nisto, o Collar não se elegeu, ficou na soprência.

A china dele nem largou, ficou no partidor.

Que barbaridade!

Quem tem vindo para jantar todas as notes, são o Diego e o Pablo mas a bóia de noite é ruim barbaridade.

A Ana está de férias e a Arba véia sai às quatro.

Os guri come arguma pelanca tomam uns todinho e nem recrama; piasada boa de queixo.

Acabou de telefonar a Isinha para informar que o Pingo e o Ângelo estão formando um conjunto de guitarra e bateria: parece mentira que os crias de um gaiteiro bom barbaridade em vez de ir para a sanfona de oito baixo, ficam com estas porcarias.

Devia era imitar o Boguetti.

Diz que o Tergolina até pensa em se ir a la cria pôr causa do bochincho dos dois.

Até o guaipeca não quer mais voltar para casa de noite e aprefere ficar no garpão.

É cosa séria, estes guris!

Então tá.

Hoje não consegui fazer nada no escritório pôr causa das visitas: o Napoleão e suas preocupações cosmológicas, o Bagé com seus problemas econômicos e o Rotta com seus tormentos literários.

O Bagé parece que vai vender a estância: diz que não agüenta mais este viver de pobre.

Pobre relativo.

Está vibrando pôr que os RBS estão a beira de um cano monumental ele tem uma pinimba antiga com eles e até que com razão; quando da compra da casa, os jacós sacanearam o Bagé que teve que dar o escritório de Brasília para não atrasar dois dias a prestação.

Consta que o Nelsinho resolveu passar a perna no Roberto Marinho na negociação da tele de São Paulo e aí o furo é mais embaixo: brigar com a Globo faz mal à saúde.

Se o Olivio se elege, o que é provável, a coisa vai ficar ainda mais feia para os RBS.

Cresceram demais em muito pouco tempo.

Ninguém faz isto impunemente (a não ser o Bil Gattes).

Observo agora que estou a exatamente 22 páginas para completar as duzentas que normalmente escrevo para os registros de uma ano: como ainda tenho cerca de dois meses, acho que vou ultrapassar.

Eu sempre imaginei escrever uma novela paralelamente com estes registros porque, além de ficar mais interessante, a gente mantém a imaginação viva. Ocorre que, na medida em que se envelhece, ficamos mais realistas e com enormes dificuldades para pensar no plano ideal.

Escritor velho só de Filosofia ou enredos policiais.

Às vezes fico imaginando de como os escritores de novelas podem criar as tramas incríveis que são sua característica e concluo que, para mim, seria impossível.

Lembremos que o Vargas Llosa tenta uma experiência assim no romance da sua tia, aliás o melhor dele.

Na época em que escreveu o livro, a moda eram as novelas radiofônicas, cubanas e mexicanas que assolaram a latinidad pôr muito tempo; para nós sobravam umas rebarbas, tipo Penumbra, Mamãe Dolores e outras que tais.

A gente mete o pau mas até hoje se fala no Albertinho Limonta e na Mamãe Dolores.

En passant, hoje o Carlos e eu assistimos um pouco do programa do Ratinho, o maior Ibope da televisão brasileira.

Simplesmente não dá para acreditar na baixaria.

Ainda bem que hoje o Ratinho estava em mood filosófica e teceu as seguintes considerações de ordem humaníssima:

  • Na primeira semana que o namorado da moça freqüenta a casa, quando vai mijar, mija no canto do vaso para não fazer barulho, não puxa a descarga, nem abre a torneira etc. etc.
  • Um mês depois, mija de jorro, puxa a descarga, aproveita para dar uma cagadinha e ainda pede para a sogra trazer papel higiênico!

Se alguém achar que estou exagerando, pergunte ao Carlos Barrios.

Devo anotar para a posteridade que o Ratinho está contratado pelo módico salário de R$1000.000,00/mês.

Diz a Isinha que, quando nos USA e mais especificamente em St. Louis, Mo, viu coisa muito pior na televisão de lá, programa local.

Até pode mas a minha experiência do Misouri é bem diferente: os caras eram uns tremendos moralistas ( fariseus) e nem em anúncios as molier apreciam de short.

Só se mudou e muito.

Muito boas noites.

 

Quarta-feira, 7 de Outubro de 1998, 21:38h, tempo bom, frio.

 

Terminadas a s apurações, ganhou o Brito mas praticamente houve empate.

Em São Paulo a briga ficou entre o Covas e o Maluf e ganha o Covas, sem dúvidas.

FHC vai hoje fazer um pronunciamento – daqui a pouco – para apresentar seu programa para o próximo mandato.

Assim que estamos aí.

Heloisa ainda não deu notícias, se e’ que pode: não sei se tem telefone no Paraguai.

Vai ver que lá as comunicações funcionam via sinais de fumaça.

O Dr. Barrios andou pôr lá e voltou horrorizado o que não parece sensibilidade de americano oriundo do Meio Oeste.

Talvez um dia eu crie coragem e vá conferir.

Quem confere o ferro com ferro será conferido, este é o problema…

Os guris não apareceram e não havia nadie em casa; daqui a pouco telefonarei para saber o que houve.

Casualmente hoje a bóia estava razoável.

Ante ontem e ontem os guris enfrentaram uma gororoba braba.

O Pingo está sem carteira de motorista e vai ter que voltar à escola de direção pôr quinze horas.

Quem está louco para entrar numa destas é o Bolão cuja habilitação, da Flórida, está vencida há um ano ou mais.

Dirigir com carteira vencida é ilícito penal e também patrimonial porque a multa é violenta mas, como costumo dizer, passarinho que come pedra sabe o Cu que tem.

O João esteve aqui de tarde porque iria lá nos Fietz instalar multi mídia no computador mas os referidos iriam sai de noite assim que ele ficou pôr aqui: Está mais pelado que calcanhar de tamanco porque agora recebe de  salário de quinze em quinze dias e não mais a toda hora como quando fazia seus trabalhos de Informática.

Acontece que dinheiro na mão do João faz cócegas e some logo depois de recebido.

Eu até podia ter emprestado algum a ele mas é preciso que se acostume à nova situação e as dificuldades são as melhores mestras.

Deixa ele roer beira de penico até segunda feira.

É impressionante o número de pessoas que estão quebradas: como sempre tenho dito, até o pessoal aprender a viver em um mundo sem inflação, em que o dinheiro vale, ainda vai haver muita inadimplência.

De acordo com informações da Heloisa, a Alda dispunha de R$100,00 para se agüentar até ao dia 20.

Acho que não vai dar…

A gente tem socorrido as partes mas chega um dia em que as reservas acabam e aí vamos ter que usar a técnica da pane de avião: “se der algum galho, primeiro coloque a máscara em você e depois atenda o companheiro do lado, pena de irem vocês dois para o brejo” .

O que parece muito sábio.

Os meus gastos pessoais têm sido reduzidos mas espero racionalizá-los ainda mais: com um pouco de esforço, diminuo a diferença entre aposentadorias e gastos, ou seja a dependência de ter que trabalhar e ganhar.

O bom é poder trabalhar sem ter que ganhar.

Chegaremos lá.

Daqui a pouco haverá uma entrevista do FHC com o Bonner e vou assistir;

Estes negócios são meio chatos mas esclarecem algumas coisas.

Acabo de assistir à entrevista do FHC e realmente devo admitir que o pátria tem classe, sabe o que está fazendo e é uma pessoa d bem; em alguns momentos chega a empolgar.

O Bonner, que afinal é um guri, em alguns momentos foi além do que seria razoável mas o FHC resistiu bravamente à vontade que decerto tinha de mandar o piá à merda.

Muito bom.

O Lula realmente não tem a menor condição de competir com o FHC.

Fomos os únicos no Brasil a não enxergar este óbvio: no RGS, única exceção no Brasil, o Lula teve mais votos do que o FHC.

Acho que isto aqui não tem mesmo a menor afinidade com o Brasil e deveríamos pedir o boné e nos estabelecermos pôr conta própria.

É claro que em seguida iríamos arranjar um meio de fazer uma guerra contra o Uruguai, Argentina, Paraguai e logo teríamos um território respeitável e uma base econômica que nos permitiria conquistar o Império.

Repetindo um caso que contei a respeito do Dr. Ademar, um gaúcho que vive no nordeste, depois de muitas experiências pôr lá:

  • Depois de tudo, a gente conclui que a única coisa que nós gaúchos sabemos fazer bem e gostamos de fazer, é guerra!

E, é verdade porque se não estamos brigando, estamos provocando e a provocação – uma prova de estupidez – sempre tem o nosso aplauso e admiração, vide literatura regional, o nosso herói é o Rodrigo Cambará, nos magro dou de prancha e nos gordos dou de talho.

Pior que nós só os argentinos: ainda ontem o Menem, arrabalero estafador, ofereceu ajuda ao Brasil na reunião de cúpula do FMI.

O desgraçado depende nós, está numa merda federal mas não perde a chance de fazer uma bazófia provocativa.

Se eu tivesse nascido no inicio do século XIX, hoje seria muito difícil encontrar um argentino vivo.

Acho que o cúmulo da balaca é aquela história do duelo de facões do Borges: num determinado momento, um dos fedorentos quase atora a mão do outro que fica pendurada pela pele.

Aí o tal se abaixa, põe a mão no chão, pisa em cima e puxa o braço arrancando-a fora para não atrapalhar!!!

Indo atrás deste papo, os argentinos importaram os “faconeros” para brigar com os ingleses nas Malvinas.

Do resultado sabemos.

Houve o caso daquele general argentino, o Menedez, que a televisão mostrou gritando, com o punho levantado diante da bandeira argentina hasteada nas Malvinas:

  • Antes me sacar la mano do què bajar esta bandera!(portunhol).

No dia seguinte o cachorro estava assinando a rendição diante da Union Jack.

Assim não dá.

Ainda ontem assisti no canal 55 uma hora de tangos criollos cantados pôr portenhos de cabelo engomado, jaquetão e tudo o mais a que têm direito aqueles pintas.

As letras são para matar: todo o mundo é trouxa e bunda mole só eles é que são os bãos.

“Garufa, yo sè que sos un perdido…”

Então tá.

Garufa é sinônimo de bunda mole ou, pelo menos, era, na década de 20.

Na verdade eu também sou um grande apreciador de la vieja guardia porque me agrada o clima do tango, aquelas coisas de tarde gris, pizito que puso Maple, piano estera y velador, aquel tapado de armiño, en las sombras de mi pieza es tu vulto el que regressa, su nombre era Margor, llevava boina azul, hoy tenes el mate lleno de infelices ilusiones, vieja pared del arrabal… e pôr aí empós.

O clima do tango é que me encanta.

Uma vez, o Ingo e eu fomos à Pelotas para comprar o Galenogal.

O dono era o protótipo do portenho dos anos 20, bem arrumado, de jaquetão azul, cabelo engomado, sapatos de bico fino.

Convidou-nos à sua casa e aí foi um desbunde: a sala era escura, toda alcatifada, com móveis antigos, uma lareira e em cima da lareira um retrato belíssimo da mulher dele, já falecida, pintada pelo Locatelli.

Serviu-nos o chá e colocou na vitrola um disco de Gardel.

Aquilo foi mais do que poderia ser uma noite de tangos no Viejo Almacèn.

Não esquecerei nunca do velho cavalheiro do Galenogal.

O Ingo, mais chegado a um festival de cerveja em Munich, nem notou.

Asi és la vida.

O Ângelo pretende escolher Espanhol para o vestibular de línguas estrangeiras: fica claro que eu não posso ajudá-lo em nada.

Registro que o quadro do Locatelli foi composto como aquele famoso retrato de Rebeca que aparece no filme homônimo: a mesma posíção, o mesmo vestido, o mesmo ar da modelo que pôr sinal – refiro-me à senhora do velho cavalheiro – era muito bonita.

Pôr onde andará aquele quadro?

Sei que o proprietário morreu cerca de uns dois meses depois que estivemos lá.

Em Pelotas há muitas coisa interessantes.

Como também em Cachoeira.

Ontem conversando com o Napoleão ele me disse que sua vida teria sido mais prazerosa se dedicada à pesquisa história.

Acho também que é uma atividade muitíssimo estimulante mas parece-me que a pessoa que se dedica a isto deve levar uma erudição muito grande, o que só se consegue na velhice e aí já é tarde.

Para confirmar a tese, irei agora ler a história dos aztecas.

Boas noites.

 

Domingo, 11 de Outubro de 1998, 17:55h, tempo bom.

 

Heloisa voltou ontem do Paraguai de malas vazias: na batida em Irai, foi depenada pela Receita Federal.

Acho que os guias da excursão bobearam porque até o João já havia alertado sobre a barreira de Ira.

Veremos se ainda é possível fazer alguma coisa.

Na verdade, na saída do Paraguai, os ônibus deveriam parar na alfândega brasileira para declarara valores: em não o fazendo, caracteriza-se o descaminho mas, vamos ver.

Ontem chegaram Simone e Roberto e fomos esperá-los no aeroporto; estão lá na Alda.

A turma toda, todos os quatro, está na praia e hoje fizeram um galeto em comum; espero que estejam gostando.

O tempo lá está bom mas sopra um nordestão daqueles de antigamente.

Porto Alegre está vazia; fomos almoçar no Mama e éramos pouquíssimos o que é incomum aos domingos quando fazem-se filas de espera.

O horário de verão começou à meia noite de ontem, zero hora de hoje e, no início é um pé no saco; neste momento já são 19:10, o dia está claríssimo e a gente nem quer ouvir falar em janta.

O pior é de manhã: hoje, quando acordei eram dez horas.

Na região sul a Niña já começou: em Bagé faz 30ºC e um sol de rachar há quase uma semana.

Aqui, há uns três dias parece que vai chover mas fica só na encenação.

“Parece que va llover, el tiempo se está nublando, ay mama me estoy mollando…”

Esperemos um verão seco e quente.

 

Ontem fomos na mãe que não está muito bem; a Saara iria levá-la ao Hospital para um cheque.

Iria, porque a mãe não quis ir.

Neste momento a Heloisa está na Alda, para o chá domingueiro.

A Alda, apesar de apresentar todos os sintomas possíveis e imaginários, está muito bem e continua contando para todos os que ainda não sabem – são poucos – a história dos piolhos.

Do Rio, silêncio total; penso que a Lúcia está emburrada porque eu não ligo a Internet para receber os seus E Mails.

Acho a Internet um saco.

Segundo informações, o Pingo está em Santa Catarina e o Ângelo acampado em Tapes; segundo outras informações, em SC chove e faz frio e aqui venta bastante assim que a dupla não deve estar tendo um feriado comme il faut.

Recomeçou a propaganda política mas conversando com um e outro, fica-se com a impressão que ganha o Olivio.

Hoje de manhã esteve aqui o marido da Alba que afirmou categoricamente que bom era no tempo da inflação.

Assim não dá: o cara está vivendo uma realidade que o beneficia diretamente eis que já dispõe de um monte de bens de que antes nem sonhava e mesmo assim não enxerga.

Bom era roer beira de penico e chegar no fim do mês com o salário já reduzido em 40%, dinheiro que ia para os que aplicavam no over.

Assim que este povo merece mesmo o Olivio.

Levados a escolher entre o Amim Dada, Paulinho Paiakan e o Fernando Henrique, os gaúchos certamente iriam para um segundo turno entre o Amim e o Paiakan.

A gente sempre briga para fazer deste um grande país e critica os estrangeiros exploradores mas acho que ainda não entendemos bem a coisa toda.

Penso que a história atual da África e das Missões forneceria grandes subsídios para melhor entendermos nossos compatriotas.

Contrariamente ao que se escreve e diz, o desenvolvimento das Missões foi conseguido a custa de muita disciplina e muito pau na indiada.

A Companhia de Jesus e os seguidores da doutrina do Bom Selvagem, escondem este fato mas a leitura dos diários dos padres que aqui trabalharam revela que os índios só funcionavam debaixo de cacete e outros castigos não menos vexatórios.

Tem razão o Fugimori.

O FHC não gostou do que disse o Fuji:

  • Onde vai o Brasil o peru vai atrás…

O povo do Casseta vibrou e difundiu a frase para o mundo.

Quanto aos africanos, estamos vendo no que deu a independência deles; quem não morre de fome, morre assassinado nas revoluções tribais.

E os desgraçados ainda matam todos os bichos que encontram porque agora andam armados de rifles AR 15 e nem os elefantes têm chances.

Acho que o terceiro milênio vai marcar o desaparecimento dos países africanos que voltarão a ser protetorados.

E, se agente bobear, entra nessa.

Falando nisto, a última Time só trata do Brasil e seus problemas de potência emergente naufragante.

A capa é o FHC, com o título: ” O Senhor consertador ?, que pode ser traduzido como: Será que ele consegue?”

Está todo o mundo querendo ajudar mas claro que não de graça.

É o que veremos nos próximos capítulos.

Particularmente acho que se os USA quiserem – e parece que querem – saímos bem dos ataques ditos especulativos.

Aqui no RS, como o capital não é especulativo mas é capital, o Olivio se puder fecha a GM, a Ford e etc.

É que ele acha que assim ajuda a prefeitura de Porto Alegre a resolver o problema do trânsito e se alguém pensa que estou exagerando, está enganado, o Livio já declarou isto publicamente tanto que o marido da Alba repetiu hoje este conceito lapidar.

É brabo.

Eu gostaria que ganhasse o Britto só pôr causa daquela vaca de piranha, a Emília.

O PDT foi tão descarado que nem tinha terminado a apuração já declarava que iria apoiar Olivio; os pintas revelaram a maracutaia da candidatura da Emilia mas ao mesmo tempo se quebraram porque formalizaram o apoio sem consultar as bases e as bases estão botando a boca no trombone e dez prefeitos do PDT, indignados já viraram-se para o Britto.

Heloisa chegou e disse que o Roberto da Simone anda pelas ruas de bandeira vermelha fazendo campanha para o PT.

Ele e a Simone são da cúpola da CUT e acho que ele veio junto só para fazer alaúsa pôr aqui.

Tomara que não queira imitar os brizolla da Cinelândia e fazer confusão que acaba entrando no relho.

Boas notes.

 

Quinta-feira, 15 de Outubro de 1998, 18:02h, tempo mais ou menos.

 

Ao que tudo indica, chegamos em La Niña porque a Meteorologia anuncia chuvas e não acontece nada, há mais de uma semana.

De Domingo para cá, pouca coisa aconteceu ou seja, nada mais do que o quotidiano.

Segunda foi feriado e estiveram aqui o Renato e a Anna; fiz um churrasquinho para quatro.

O povo veio entusiasmado da praia que estava muito boa apesar do vento e um pouco de frio.

Ontem a parceria saiu com os cariocas bundas – chocas do PT para uma janta no Sgt. Pepper’s, aquele bar do careca da Tevah.

Ridículo.

Hoje a Heloisa foi até lá para convidá-los para um passeio até Gramado mas já haviam ido de ônibus.

Tem ideologia nisto.

A Alda queixou-se de que eu não vou até lá para conversar com o Roberto…

Então tá.

Ontem saiu uma pesquisa que deu o Olívio com 4% dos votos na frente do Britto.

Também tá!

Boas noites.

 

 

 

Sexta-feira, 16 de Outubro de 1998, 18h00, chuva.

 

Hoje de manhã a mãe baixou no Ernesto Dornelles, o que é lamentável principalmente porque ela detesta hospitais.

Repete-se o que ocorreu na praia no verão, o coração está muito fraco.

Até agora não temos maiores informações mas logo a Saara estará em casa e falaremos com ela.

Agora à noite farei um churrasco para os PT e outros parentes que querem vê-los: Marília, suas filhas e os Fietz.

Amanhã teremos o jantar do aniversário da Patrícia que é hoje.

De resto, sem maiores novidades.

Teremos também, daqui a pouco, um debate entre o Olívio e o Britto.

Permaneço com a intuição de que o Britto ganha no segundo turno, bem como o Covas em São Paulo.

Apesar das pesquisas ou pôr causa delas.

Se o Olívio ganhar, quem vai se ralar é a RBS que, dizem, já anda muito mal das pernas.

Até que não seria ruim.

Acontece que, caindo a RBS, assume a Caldas Júnior e aí a emenda é muito pior que o soneto, aquilo lá é um antro de bandidos.

Estamos entre a cruz e a caldeirinha como se dizia no tempo da Inquisição.

Em termos nacionais, estamos entrando em outra com o FMI o que significa que as coisas vão engrossar.

Já há uma deflação de 2,5% e vai ficar muito pior.

Está na hora de reduzir gastos e, principalmente, não fazer dívidas de nenhuma espécie porque ganhar dinheiro será muito difícil.

Pretendo cortar uma porção de gastos menores e não absolutamente necessários.

Acho que vou cortar a Net que não serve para nada, no fim a gente só vê a Globo.

Bobeia, encosto o Santana e passo a andar de Gol.

Aliás, do ponto de vista negocial, vender o Santana é uma boa porque daqui há algum tempo já não valerá mais nada, embora seja um excelente carro.

Estamos, como previsto, chegando perto da Matriz, no que concerne a automóveis.

Pena que, no resto, ainda nos falte muito andar.

Falando na Matriz, o Congresso autorizou o início de processo de impeachment contra o Clinton.

O que é uma baita sacanagem.

Considerando o fato de que há uma maioria republicana, é bem possível que o Clinton leve chumbo.

A última Time versa o assunto.

Bem, vamos aos preparativos do churrasco.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 21 de Outubro de 1998, 22:09.

 

Estamos em pleno verão.

No fim de semana passado, tivemos um churrasquinho para os cariocas na Sexta e o jantar da Patrícia no Sábado.

Domingo estava todo o mundo de ressaca mas mesmo assim fomos levar Simone e Roberto no aeroporto.

Tergolina foi para a Alemanha e Italia e deve estar voltando hoje ou amanhã.

Helena confirmada para passar o mês de janeiro nos USA, Novo México, Colorado e Flórida.

Vai gostar; parece que o Lucas também vai.

Dos demais, poucas notícias: Bolão desapareceu, decerto fazendo campanha para o Olívio quem, pelo jeito vai dar uma lavagem no Brito, a coisa está feia.

Temos ido diariamente ao hospital visitar a mãe que deve dar baixa amanhã de manhã; ela ficou todo o tempo na Sala de Recuperação (?) mas até que gostou ou pelo menos disse que gostou.

Preferiu ficar lá em vez de ir apara um quarto porque isto dificultaria de muito a vida da Saara que anda às voltas com o Paulo, piorando muito do Alzheimer( ou será Parkinson?).

Só mesmo a D. Célia.

A Patrícia fez um diagnóstico certo para o fato da mãe vomitar quase tudo o que come: é astenia muscular do esôfago, o que irá obrigar a uma alimentação especial.

A Patrícia é boa de diagnóstico.

O Paulo Borges é que está piorando e com a baixa da mãe, fica a impressão de que as coisas se agravaram.

Não sei de como a Saara irá sair desta sem baixar o Paulo numa clínica especializada.

Causou espécie o fato do Beto ter ido para a praia justamente quando a mãe baixou e ainda não ter retornado.

Pelo menos para dar uma mão com o Paulo.

Ontem nasceu o filho da Mariane e foi tudo bem.

A Lucia e o Pfeifer às voltas com a filha da Cláudia e loucos para irem morar em Paris; de acordo com a Lucia, o Alemão está simplesmente deslumbrado e passa os dias às voltas com o mapa de Paris, estudando roteiros.

Então tá.

Há certas coisas que permanecem imutáveis apesar de todos os avanços tecnológicos dos últimos anos e um deles certamente é o deslumbramento dos brasileiros pôr Paris, coisa que já foi um must lá pelo fim do século pasado e início deste: mais ou menos como a nossa gurizada pela Disney.

In illa tempora, família que se prezasse, mandava os filhos estudarem na França; em lá chegando os rapazes faziam a alegria das coristas do Mulin ou das midinettes da Rive Gauche.

E queimavam a grana fornecida pelo café, açúcar ou pelo charque.

Na verdade este era um modismo que afetava boa parte do mundo; os americanos dos loucos anos vinte, Hemingway à frente, escreveram bastante sobre o tema.

Lembremos também Scott Fitzgerald ( Babilonia) e dos ingleses – mas versando os americanos –  “O Fio da Navalha” de S. Maughan.

En passant, estou colecionando, com vistas ao vestibular do Ângelo, questões do vestibular que a Zero Hora publica às quartas feiras.

Ontem fiz duas provas de Literatura e devo dizer que gabaritei as duas!

O mesmo acontece em História, Inglês, Geografia e Português.

Vou comprar um livro de Biologia e pedir à Isinha que me dê umas aulas da Química nova porque sou do tempo dos sais e das bases.

Com o que e com um pouco de tempo para rever Física e Matemática acho que enfrentaria qualquer vestibular com chance de passar.

Talvez eu faça isto para aliciar os mais parceiros da família que ainda têm que fazer exames vestibulares.

Se não for um bom exemplo pelo menos será motivo para considerações de ordem filosófica como “a vida não acaba aos setenta”.

Neste momento o Grêmio e o Colorado estão jogando e parece que o Grêmio ganhou e já se assanha para classificar-se entre os oito finalistas.

O Colorado perdeu!

Hoje o jogo das malheres foi aqui em casa e o Vares – que participa das malheres- saiu assanhadíssimo, mais cedo, para assistir ao jogo do Inter pela Net paga.

Deu azar.

Estou fazendo um teste de cor e agora devo ver como é que se volta para o preto…

Parece fácil, como se depreende; agora devo aprender a usar as outras cores.

No fim, a gente usa muito pouco das possibilidades que o Word oferece Acho que minhas experiências não vão dar certo…

 

Mexi com um tal de Wordart e agora estou enrolado para desfazer até mesmo o padrão das fontes.

Olha só o que ficou aí no meio!!!

Vamos em frente que atrás vem gente.

Mas a verdade é que tenho de treinar estas coisas, de preferência com o auxílio do Pingo que sabe tudo sobre Word.

Consegui eliminar as experiências, ufa!

Estes programas obedecem ao obvio e se a gente começa a elocubrar não dá certo; é duro dizer que os americanos planejam para burros mas não é muito distante disto.

Falando nisto olhem esta frase do Eça em “A Reliquia”, quando o Raposão estava indignado porque havia sido passado para trás pôr uma dama de vida alegre:

“Oh, a Terra! A Terra! Que é ela senão um montão de coisas podres, rolando pêlos céus com bazofias de astro”?

Quero dizer que, a partir do ano que vem, autores portugueses estão incluídos nas provas de Literatura do vestibular: Camões, Eça, Camilo, Alexandre Herculano, pôr ai empós.

Tenho quase todos os livros deles mas querer que um guri leia – e entenda – qualquer um deles, é demais.

Começa que a língua é outra: é oitocentista e portuguesa.

Hoje reli “A Relíquia” e francamente, o vocabulário, apesar da perfeição do Eça, está completamente fora de uso.

A gurizada não irá conseguir ler “Os Maias ” ou “O Monge de Cister”, se muito “O Crime do Padre Amaro” pôr causa da sacanagem.

Estas coisas de leitura ou se começa muito cedo ou nunca mais se consegue a bagagem mínima necessária.

Acontece também que a gente lê do que gosta e nem sempre o nosso gosto combina com o dos eventuais examinadores.

Particularmente nunca tive saco para literatura nacional – exceto talvez o velho Érico – mas os caras adoram o Graciliano, um chato de galochas e o Machado de Assis, um mulato pernóstico e idem chato.

Quando fazia a prova ontem havia um trecho do ” O Tempo e o Vento” que parecia saído diretamente de “E O Vento Levou”.

O seu Érico dava umas copiadas feias mas, no fim, era um bom narrador e sabia descrever tipos e situações com bastante agudeza.

Assim que estamos aí, nas vésperas de sermos governados pôr um personagem misto de Stalin com Horácio Terra.

Acho que o Olívio vai encampar os pedágios, reduzir-lhes o preço mas não irá abrir mão deles.

Acho que o Assis fez muita sacanagem em todas as privatizações e que isto irá aparecer.

O Brito não deve ser ladrão mas a turma dele é barra pesada e o reflexo disto está nesta derrota feia que ele irá sofrer.

Ainda se ouvirá falar muito de Assis Anaya, Russowski, Druck, Proença e similares.

Assim que aproveito o ensejo para apresentar meus desejos de boas noites a todos não sem antes registrar que, na família, com exceção de Heloisa e eu, todos votam no Olívio!

Espero que daqui a quatro anos todos estejam felizes com a escolha que fizeram.

Particularmente acho que caminhamos para uma separação do Brasil ou, pelo menos, uma tentativa disto.

O nosso Stalin da Bossoroca vai querer mexer com interesses alienígenas e vai se dar mal, mesmo que com alguma razão.

Esta história de “Gringos Go Home ” já caiu em desuso desde a Revolução Zapatista.

A palavra “gringo” criou-se assim: os americanos usavam uniforme verde e os mexicanos diziam; “greeen go home”.

Daí “gringo”.

Como “forró” originou-se dos bailes que os americanos faziam no NE durante a Guerra e para os quais, em alguns casos todos eram convidados e não só o pessoal da Base.

Aí os aratacas diziam “o baile é for all”.

Mas, disto sabíamos, não é mesmo?

Agora que “barbecue” pôr exemplo, é uma palavra que veio dos tainos, isto poucos sabem.

Tainos eram os nativos do Caribe e que simplesmente foram dizimados, direta ou indiretamente, pêlos espanhois.

Só sobrou um.

A Liege lá em São Domingos andava cavocando em cavernas para descobrir-lhes a memória.

Parece que o Olívio é o taino!!!

Com o que me despeço.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 26 de Outubro de 1998, 15:47h, chuva.

 

Assim que ontem tivemos o segundo turno das eleições e ganhou o Olívio pôr menos de 1% dos votos.

Fomos votar no Imbé e levamos o Evaldo; na volta o Vita pegou carona.

Acho que o Evaldo não tem mais condições de morar só mas acho também que, considerando os diversos considerandos, esta ainda é a melhor hipótese para ele.

Acabo de chegar do Mãe de Deus onde fomos levar a Alda que está com muitas dores lombares e não sabe a causa.

Ela e Heloisa ficaram lá pôr causa da demora e dificuldades de estacionar; aproveitei a folga forçada e levei a gata para a Associação Protetora dos Animais eis que aqui não dá mais: a operação que fizemos nela e que visava a que ela não mais entrasse em cio, teve efeito contrário e aqui em casa virou o maior point da gataria da vizinhaça.

Como os gatos costumam demarcar o seu território com uma mijada, não se aguentava mais o fedor, sem contar com a alaúsa noturna.

Ontem, quando chegamos da praia, quase não pude entrar na cozinha pôr causa do cheiro.

Assim que parece encerrado o capítulo Candelaria.

Para terem-se bichos, recomendam-se os machos porque as fêmeas, quando no cio, ficam insuportáveis.

Lembremos da gata da Virgínia que quase enloqueceu os Fietz.

Hoje a Isinha, o Ângelo e o Lucas almoçaram aqui; o Ângelo foi contratar aulas de bateria.

Como serão aulas de bateria?

Mistério!

O Paulo Martins telefonou informando que comprou um apto. lá pelo Espírito Santo.

Bons ventos.

A mãe está se recuperando lentamente porque veio muito fraca do hospital.

Ela detesta hospitais e penso que se tiver outra crise de arritmia, é melhor arranjar um jeito de fazer o tratamento, que é simples, em casa.

Quanto aos mais participantes, embora desaparecidos, sabe-se que estão todos bem; Helena prepara-se para os USA e o Lucas aguarda decisão paterna para ir.

De acordo com a Isinha está difícil mas creio que ele irá.

Trata-se de um curso intensivo de Inglês lá pelo Novo México com o cabeça de ovo (Fio) e como o Lucas é muito bom em línguas, penso que será de grande utilidade para ele.

Mesmo que o Inglês do Novo México tenha muito que ver com o Portunhol ou Espanhês, como queiram.

Voltando à Política, o Olívio prometeu mundos e fundos durante a campanha, inclusive 100.000 bolsas de primeiro emprego, o que é o cúmulo da demagogia ou da santa ignorância.

Pois bem, hoje, num programa radiofônico, uma mulher já telefonou cobrando emprego para os dois filhos dela!

Disse que só votou no Gambalo pôr causa dos empregos e agora irá cobrar até conseguir.

O Brito ainda irá dar muita risada e agradecer aos céus pôr não ter sido reeleito.

Como a fronteira toda votou no Olívio, o fato foi também atribuído aos artigos que o Brossard publica metendo o pau no governo pôr causa dos juros altos e falta de incentivo para a produção primária.

O Brossard é um advogado daqueles que têm pôr lema que direito bom é o do seu eventual cliente: ele não é um jurista e mesmo cagando moral, admite defender deputados e vigaristas conhecidos, desde que paguem bem.

Assim que os artigos são uma deturpação dos fatos em causa própria eis que ele é pecuarista mas não duvido que a Farsul pingue com algum para o já abarrotado bolso dele.

Cada povo tem o governo que merece.

Hoje de manhã, quando cheguei no escritório, encontrei um recado do Joaquim Freitas dizendo que estava tomando um champanhe( ele diz uma chamapanha) para festejar a vitória do Olívio.

E acrescentava profético:

  • As coisas começam a mudar, doutor!

Se mudarem, para ele irá ficar muito ruim porque certamente irão diminuir os doze mil de pensão que recebe da Assembléia.

Pôr enquanto, pimenta no cú dos outros é refresco.

A Ilza também votou no Olívio em sinal de protesto contra as cobranças que o Governo faz dos impostos devidos pelo Nico.

Se a experiência é válida, aí sim é que o Nico vai ver o que é bom para a tosse: Os PT são terríveis para cobrar impostos principalmente dos borguês, classe da qual o Nico é o mais lídimo representante.

O gozado em tudo isto é que temos miles de exemplos históricos recentes sobre de como os fascistas( O PT é fascista) agem quando assumem o poder.

É tudo um repeteco, um dejá vu cansativo mas os trouxas, os que irão carregar a canga, estão aí para babar e aplaudir.

Fui contra em 64 e sou contra agora porque é em situações assim que a escumalha emerge, que a lama aflora.

Todos os complexados, incapazes, frustrados, burros, ignorantes, assumem a arrogância que o poder lhes confere via Democracia na qual não acreditam porque incapazes mentalmente de discutir uma idéia, pôr menor que seja.

Hoje ouvi uma Socióloga da PUC fazendo a pregação do PT e a vontade que dá é ir lá e esfregar a cara da mulher no chão, tamanha a ignorância e tamanhas as sandices que regouga como se tivesse ressucitando os Evangelhos.

Me lembrei da ESCEME quando ouvia um determinado imbecil de Infantaria doutrinar sobre os méritos da Rwevolução

Como isto tudo pode chegar a conseqüências sérias, a partir de agora usarei de ênfase no debater tais problemas.

Azar dos Valdemares.

Eu sempre portei-me de modo extremamente educado ante os fascistas de esquerda porque eles eram os pobres, oprimidos e senhores de uma verdade da qual não lhes era dada a chance de verbalizar; agora tudo mudou e o pobre oprimido sou eu assim que o “in dubio pro misero”passa a ser “in dubio, pau no burrio”.

Acabaram de chegar Heloisa e D. Alda, esta desolada porque a radiografia mostrou que sequer desgaste ósseo ela tem!

Assim não dá, a pessoa com câncer nos ossos e vem o médico dizer que não tem nada e até pelo contrário!

É uma conspiração, sem dúvida.

A Olivia – hoje é dia de faxina – acaba de quebra uma coisa.

Mais uma coisa.

O que será desta vez?

Ela deveria trabalhar no “Casseta” naquele quadro do Porrada.

Pôr sinal que de muito mau gosto.

Acabo de alcançar duzentas páginas neste registro; como se vê, não é difícil escrever um livro médio em um ano, mesmo trabalhando pouco como é o caso.

Se, pôr exemplo, eu levantasse às sete horas diariamente e trabalhasse até às nove, certamente faria obra de mais de 500 páginas.

Como de manhã a minha cuca geralmente está a mil, certamente seria bem melhor do que isto daqui.

E, como o Saramago, que é um chato de galochas, ganhou o Nobel, quem sabe não sobraria o Neguinho do Pastoreio?

Amanhã temos a audiência trabalhista da Saara e à noite a festa surpresa do aniversário do Vares, no Germania.

Estão convidadas todas as senhoras do chá, curriola a qual- como já disse – o Vares agora pertence.

O que é a velhice: se alguém ousasse dizer há uns vinte anos atrás que o Vares faria parte de um chá carteado com as senhoras, ele partiria para o desforço pessoal, briga de foice.

O belicoso Agustin virou Conchita.

Sem salero.

Salero de salerosa.

Eu continuo faturando firme nos jogos de Sexta feira; jogo duro que nunca vou a soireé de damas.

E ganho, mesmo que seja covardia porque as gêmeas jogam muito mal e- o que é pior – pensam que são as tais.

Nada contra elas que são excelentes pessoas mas moleza não tem.

Qualquer dia aumento o cacife.

Quando jogamos eu e Heloisa juntos, até dá pena mas quem a tem é galinha.

É pau no burro.

A Alda hoje pousa aqui mas amanhã já quer ir para casa.

Aí é a Heloisa que irá pousar lá.

Devo fazer algum comentário sobre os demais filhos ou devo ser elegante em meu palavreado?

Com o afastamento dos gatos, espero que os sabiás voltem a alegrar nosso pátio.

A pitangueira está carregada e, nesta época, nos anos anteriores, era uma festa de sabiás; este ano, os poucos que sobraram, os poucos que a Candelaria não comeu, não se aventuravam nem mesmo com a tentação de miríades de pitangas maduras e gostosas.

Vamos torcer para que voltem e se os gatos galãs reaparecerem, serão caçados com 22.

Como sabemos, sabiá é um bicho muito trouxa, faz ninho baixo e ensaia voar quando ainda não pode; daí caem no chão e os gatos fazem a festa.

Me lembro que no ano passado, no vizinho da frente, dois baitas filhotões caíram do ninho e a mãe deles vinha alimentá-los praticamente na mão do vizinho.

Não sei se sobreviveram.

A verdade é que havia montes de sabiás entre aqui em casa e o Alemão mas depois do advento da tal de Candelária foram diminuindo e nem mesmo aquele famoso canto das 5:45 se ouve mais.

No Alemão, como tem cachorro, decerto ainda há alguns.

Esperemos também que os gaturamos voltem em abril se bem que com gaturamos o furo é mais embaixo: voam alto e muito rápido assim que os gatos dificilmente levam a melhor mas de qualquer forma, espantam os bichinhos.

Até pintassilgos eu vi aqui em casa, na parreira.

Aguardemos.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 28 de Outubro de 1998, 22:13h, tempo bom.

 

Ontem aconteceu o aniversário do Vares com festa surpresa no Germania mas não fomos.

Dizem, os que lá estiveram, que estava ótimo.

Buenos provechos.

  1. Alda, com as prescrições do Carlos, está bem melhor e deve ficar conosco até terça feira pôr causa do feriadão.

A mãe também está bem melhor; ontem tivemos a audiência inicial da Saara que combinou de não fazer acordo e na hora se estava borrando.

Um saco a JT: decididamente não é a minha praia.

Está pousando aqui o Ângelo que estava jogando futebol.

Amanhã consta que virá estudar.

Com os farranchos de fim de ano do IPA, quase não deram matéria; agravado pelo fato de que a professora de Matemática teve cachumba…

Hoje saiu o pacote de ajuste fiscal que irá ralar o funcionalismo público.

Milicos fora o que, certamente vai dar grita geral.

A Gringa Katia vai botar a boca no trombone: ela é de Bento e o pesaol da lá nutria uma tremenda inveja do pessoal do Batalhão Ferroviário.

Particularmente os homens – uma colonada braba – que tinha que competir com os tenentes.

É uma velha e comprida história: os nativos emersos em sua mediocridade provinciana e os tenentes, elegantes, cultos, chegados da Academia no Rio de Janeiro, o que punha caraminholas românticas na cuca das jovens.

As brigas eram comuns e ainda pôr cima os nativos levavam a pior porque a rapaziada verde oliva tem um ótimo preparo físico.

Velho tema, como já disse.

Não há romance que tenha o interior como cenário que não aborde o assunto.

O velho Érico era um especialista, vide ” O Retrato”.

E como a Katia casou com um nativo que não progrediu muito na vida e que mantém o mesmo sentimento contra o povo VO, apesar dos muitos anos transcorridos, ela também adotou a mesma linha.

Ou, quem sabe, porque não conseguiu fisgar um oficial.

Consta que ela era lindísssima – informação do Américo de Gasperi – quando moça o que deve ser verdade porque ainda é bonita.

Mas, pôr esta ou aquela razão, às vezes dá vontade de dar uma ripada na Gringa quando ela começa a falar mal do Inzércio e elogiar o Brezol de quem é fã incondicional.

Agora, quando o Olivio cortar parte da grana que recebe como aposentada, quero ver se não muda de idéia.

Falando nisto, o Olívio já botou a boca no trombone contra o ajuste fiscal.

Vai ficar assoprando na tuba pôr muito tempo e sem ninguém ouvir porque o Governo Federal deve estar muito satisfeito com o Rio Grande que, além de ser oposição, ainda é o segundo Estado do país no que concerne ao binômio  “arrecadação x  folha de pagamento de pessoal.”

O primeiro é Alagoas, o que diz tudo.

Quero ver de como o Galo Missioneiro irá sair desta.

Hoje o Santana republicou uma crônica do ano passado na qual dizia que o Britto estava arrumando o Estado para o PT, o que é verdade.

Os biriva da Bossoroca irão colher do que o Britto plantou mas como são uns babacas mal intencionados, logo acabam com tudo.

Sempre lembro daquela história dos bugres e da colheita da erva mate na fazenda do Fenker.

O Olívio é índio misturado com negro, o que melhora um pouco mas não muito.

Falando nisto – em política – quem deve se ralar é o Antônio Pedro que foi chefe de torcida do turco Simão e do Schirmer mas é também funcionário estadual.

Partindo do principio de que ele é geólogo, o Olívio decerto vai mandar ele cavar poços lá pela Bossoroca.

Sem sonda, só de pá e picareta.

Pôr outro lado, a Liege e talvez o Bolão irão se dar bem.

No que concerne à GM, não se sabe o que irá acontecer mas já começou a dispensar povo antes contratado para operar a fábrica.

O João já recebeu o bilhete azul mesmo antes de começar, o que é um péssimo sinal.

A Ford parou a terraplenagem, alegando as chuvas…

De uma coisa podemos ter certeza: o Olívio irá encampar os pedágios aliás uma das grandes causas do Britto ter perdido a eleição!

Os caras exageraram no preço e na quantidade de pedágios, cresceram demais o olho ou tiveram que pagar demais para o Assis e agora irão levar chumbo, sem sombra de dúvida.

Isto daí é certo.

Já temos também uma tempestade em vista: a Tarsinha Genra não quer nem ouvir falar de PDT no governo do PT e aí temos uma bela bronca porque foi a candidatura da Vaca da Emília que proporcionou um segundo turno e o PDT – leia-se tio Brezol – vai querer fatia e fatia gorda com bastante manteiga.

Pelo jeito – a ala da Tarsinha é forte e domina o PT – não vai levar e aí os PT voltam a ser os bandidos como queria o Negão Colar.

Tudo gente fina como se vê: em bela canoa estamos embarcados.

Qualquer dia neguinhos fecham a redoviária e o aeroporto e reabrem o noturno da fronteira, com baldeação em Marcelino Ramos.

Eles têm uma baita saudade das baldeações quando o povo descia para comer um pastel na estação ou então tomar café no bufê.

Era um café brabíssimo, pão com mel, servido nuns bules de bico descascado, em cima dumas mesas de pinho que geralmente estavam cheias de farelod e pão.

Isto quando o pão não era feito em casa, maçudo, preto, sem gosto.

Detesto pão feito em casa.

Das veis, no noturno que ia para Santa Maria, quando chegava em Cachoeira, neguinhos descia para comer ensopado de pintado ou galinha com arroz, depende da época e era a glória!

Os birivas falavam daqueles bródios pôr meses e até anos.

No fim eram uma porcaria braba, uma comida de terceira, acompanhada de cerveja quente.

Sobremesa arroz doce.

Quantas e quantas vezes o Olívio deve ter feito estas viagens assim que o sonho de modernidade dele é reativar o noturno da fronteira.

E nóis aí, metidos no sorongo.

Periga até o Barbosa Lessa ir morar em Santa Catarina.

Bem.

Ontem, no Casseta saiu uma piada muito boa.

Eles agora têm um quadro da Loira Burra que funciona ao contrário.

Aparece um deles, vestido de cozinheiro e pergunta:

-Loira Burra, e Kosovo?

Aí a Loira Burra responde:

  • Olha, este negócio de Kosovo é muito complicado porque as minorias servias, croatas, montenegrinas etc. nunca aceitaram a unificação imposta pelo Tito o que aliás agrediu nacionalidades que tradicionalmente foram distintas em suas origens e…
  • Pô, que loira burra, não entendeu nada: eu quero saber o que que eu faço cos ovo!

No “Sai de Baixo” os caras fazem piada com Kos ovo e Chechênia.

Outro que sofre com o pessoal da Casseta é o Peru.

Também pôr registrar que a confusão está grande na Inglaterra com a prisão do Pinochet; infelizmente o Tony Blair pisou na jaca porque prender um cara com imunidade diplomática, mesmo que seja o Pino, abre um precedente brabíssimo eis que a imunidade diplomática vem desde os tempos da bandeirinha branca dos negociadores.

Matar ou prender um portador de bandeira branca era o sumo da baixaria.

Naquele filme “Coração Valente ” há um episódio concernente para caracterizar a má caratice dos ingleses.

Como se vê, nihil novum sub solem.

Em “A Ilustre Casa de Ramirez” o Eça resolve dar uma de Alexandre Herculano – ironizando nas entrelinhas, é claro – e inventa uma daquelas grandiloqüentes cenas de  Romance de Cavalaria en que o tema é abordado de modo magistral.

Vale a pena ler.

Acontece que o Alexandre Herculano fazia em Portugal o que o Walter Scott fazia na Escócia, romances da época heróica da formação de Portugal e isto lhe conferia uma serie de glórias e honrarias que deixavam os novos – principalmente o Eça – com o que diremos inveja, coisa comum entre escritores.

E aí o Eça, para provar que também podia versar temas históricos com igual erudição e graça, escreveu a Ilustre Casa de Ramirez.

O povo ficou indignado pelo eu considerou uma gozação com o Herculano, mas que é uma obra prima, é.

Observe-se que, quando se fala na obra do Eça, fala-se  em “Os Maias”, “As Cidades e as Serras”, “A Reliquia” “O Crime do Padre Amaro “, etc.etc.

Mas não se fala na ” Ilustre Casa” justamente porque a inteligentzia da época ficou indignada com o atrevimento do Eça.

Agora, os guris vão ter que enfrentar Literatura Portuguesa no vestibular, incluindo-se aí Camões, Gil Vicente, Almeida Garret, Camilo, Eça, Ramalho etc.

E parece que também o Saramago e o Pessoa cujos aliás eu acho uns galochas.

Para quem gosta de ler será uma festa mas, para quem lê só como última opção de vida, não vai dar.

Parece-me que já disse mas acho o Machado de Assis um pontapé no saco, o Aluizio de Azevedo idem, bem como a maioria dos escritores do século XIX do Brasil.

E também acho o Graciliano um feijão queimado, difícil de engolir.

Acho também que estes enganadores que gravitam em ambientes literários e dão aulas na PUC, no Curso de Letras, é um bando de analfabetos deslumbrados que tem tanta capacidade de perceber se alguém escreve bem ou mal como uma vaca tem de analisar um chip de circuito integrado.

Recomendo a leitura dos textos sobre literatura no Caderno de Cultura da Zero Hora: duvido que alguém consiga chegar ao fim e não fique com o fim de semana estragado pelo festival de asneiras ditas de modo arrogante como só um cretino pode fazê-lo.

E são esses dromedários que formulam questões do vestibular.

Depois vão para os jornais falar da ignorância dos vestibulandos…

É dose!

A respeito, recomendo a leitura de  “As Farpas” do Ramalho e do Eça, coletânea de artigos publicados nos jornais portugueses e versando sobre a cultura nacional da época.

Já naquele tempo, os enganadores cacarejavam suas asneiras do mesmo modo como os nossos.

Pior do que os beletristas só os teatrólogos, autores e artistas.

Como eu já disse, um espetáculo teatral escrito e representado aqui, é uma das mais ridículas manifestações da tolice humana.

Então tá.

Boas noites.

 

Sábado, 31 de Outubro de 1998, 18:42, tempo bom.

 

Hoje começa o feriadão de Finados e os Fietz foram para a praia; o tempo está bom mas um pouco frio e ventoso.

Hoje estivemos na mãe que melhora mas ainda está fraca; D. Alda está ºK.

Impressiona que, até agora, nenhum filho telefonou e já são cinco dias que ela veio para cá.

No comments.

Ontem de noite, enquanto jogávamos, gravei  “Artistas e Modelos”, um filme da década de sessenta que marcou a virada nos musicais.

É uma comédia excelente ainda com um pouco de cantoria mas de primeira qualidade.

A coadjuvante chama-se Shirley Mc Lane que tinha então dezoito anos…

O cantor e galã é aquele italiano que fazia parte da curriola dos Kennedy e do Frank Sinatra.

O ator principal é o professor aloprado que também começava a aparecer.

De notável, além do filme, é que já se percebe que os dois – a Shirley e o aloprado destacavam-se dos demais e certamente iriam muito longe.

Foram!

De notável também é que não consigo lembrar os nomes dos pintas.

Estes dias eu queria lembrar o nome da Kim Novak e não conseguia.

No dia seguinte, de manhã, lembrei.

É possível que lembre também os que agora me fogem, antes mesmo de terminar este registro.

Fiz um teste de memória proposto pela “Veja” e cheguei à conclusão que estou muito bem; o que acontece é que quando me concentro em alguma coisa, grande parte do cérebro fica envolvido no processo e levo algum tempo para restabelecer os circuitos e religar a memória genérica.

Depois, tudo volta à normalidade.

Acabei de falar com a Virgínia na praia porque quero saber se os Tergolinas vêm almoçar amanhã; acontece que o Eduardo chega ao meio dia da Alemanha e a Isinha, que está no Imbé, não vai ter tempo de fazer nada porque ela vem de lá amanhã de manhã.

Seria o lógico mas há que considerar que, quando a pessoa chega de viajem, quer é ir para casa.

Aguardemos.

No mais estamos em plena gestação do ajuste econômico que irá incluir uma diminuição dos vencimentos do funcionalismo da União; estamos nesta.

Penso que alguma dia alguém com mais visão irá lembrar-se de socorrer-se dos fundos de pecúlio que as empresas públicas amealharam com o dinheiro público ao longe do tempo.

No todo o Brasil deve uns duzentos bilhões de dólares, um pouco menos do que o patrimônio dos citados fundos.

Só a famosa Fundação Petrus da Petrobras tem um patrimônio maior do que 40 bilhões de dólares; a Prever do Banco do Brasil não fica muito longe.

Acontece que a contribuição das empresas para os Fundos incidia sobre o faturamento e não sobre o lucro, como é normal na iniciativa privada.

Enquanto o BB levava um prejuízo de 7 bilhões de dólares, todos os meses a Prever recebia um percentual sobre o faturamento.

Este é, ao meu ver, o maior argumento a favor das privatizações.

Vamos receber 30 bilhões do FMI e no entanto poderíamos vender a Petrobras pôr 80 bilhões.

E garanto como a gasolina iria baixar de preço e o petróleo começaria a aparecer.

À semelhança do que aconteceu com a “nomenklatura” do PCB na Rússia, o povo da estatais no Brasil achou uma maneira de acertar suas vidas às custas dos demais brasileiros.

Um dia vai aparecer alguém para botar a boca no trombone.

Vou escrever para o Roberto Campos a respeito.

Lembremos que grande parte do que está acontecendo é culpa da Constituição Cidadã do Ulisses Guimarães que criou direitos para todo o mundo; lembremos também que o Orogoai foi para o brejo e nunca mais levantou justamente porque cometeu o mesmo erro no famoso episódio das jubilaciones.

Agora os uruguaios estão todos aposentados e os que trabalham não ganham nada, a ponto de um capitão do Exército com todos os cursos, ganhar 500 Reais pôr mês.

Tem mesmo é que reduzir o Estado ao máximo e modificar a Cidadã para ver se conseguimos escapar da bancarrota.

Ou então deixar o PT assumir e avacalhar de vez, caso em que, na virada, se liquida definitivamente o chamado populismo brasileiro cuja expressão máxima é Justiça (?) do Trabalho, criada pelo Sr. Getúlio Vargas.

Bem, vou tomar um café e depois ver a s notícias.

 

Segunda-feira, 2 de Novembro de 1998, 22:21, tempo bom, ventoso.

 

Está terminando o feriadão e tudo em paz; o povo que foi para a praia disse que estava bom, apesar de um pouco ventoso, como aqui.

Ontem fiz um churrasquinho com freqüência reduzida pis os Fietz estavam no Imbé e o Tergolina chegou cansado.

De tarde fui à missa o pai do Indiana, numa Igreja que eu pensava ser na Guilherme Alves, do outro lado da Ipiranga.

Quando cheguei lá, fui informado que era do lado de cá e perguntei para o informante “e agora? como é que vou para o lado de lá ?

Aí ele me disse: “Ué, o senhor passa na ponte”.

E eu: “Que ponte”?

  • A ponte que fizeram para o shopping!
  • Tais brincando! Estive aqui há menos de um mês e não tinha nada.
  • Fizeram em uma semana.

Em resumo, o Zaffari fez uma belíssima ponte sobre o Ipiranga para dar acesso ao no shopping em menos de uma semana e ninguém sequer percebeu o movimento!

E os bolhas do PT, em doze anos não conseguem fazer um viaduto.

Assim não dá mas dá para medir a capacidade dos pátrias.

Talvez com tal evidência o PT finalmente adote uma solução brilhante:

Estatize o Zaffari!!!

Ontem o tio Brezol foi entrevistado num canal de televisão a respeito das estatizações que fez, da Carris, Força e Luz e CRT.

Saiu-se bem e a sua resposta constituiu um recado para os PT.

Disse que não estatizou porque eram companhias estrangeiras mas sim porque eram companhias que não cumpriam seus contratos de concessão; que tanto podiam ser americanas como nacionais ou búlgaras que ele faria o mesmo.

Heloisa, junto com Marília, foi ontem ao cemitério e visitou os túmulos onde estão os despojos dos familiares.

  1. Alda continua aqui e está bem; há pouco telefonou o Banda que, não sabe, mas está em caminho para ser bisavô.

O Banda bisavô é difícil de visualizar.

E D.Alda será tataravó, capaz de dizer a famosa frase: “Minha neta, dá cá teu neto”.

A mãe também pode chegar lá mas está mais difícil porque as filhas do Beto não são muito chegadas à prole.

Hoje estou mais afim com leituras do que com escrituras.

Infelizmente não tenho nenhum bom livro.

A secretaria do Rotta telefonou que ele, antes de viajar recomendou que quando o segundo volume do seu romance estivesse pronto, me entregasse.

Amanhã eu pego ali no Club de Xadrez.

Assim que fico pôr aqui.

Boas noites em 031198.

 

Domingo, 15 de Novembro de 1998, 20:09, calor e sol.

 

Sabia que estava atrasado mas não tanto.

No intervalo, as coisas não sofreram grandes modificações a não ser o Grêmio que milagrosamente conseguiu classificar-se e neste momento está jogando com o Corintians aqui em Porto Alegre. 0 x 0.

A mãe continua com alguns achaques, principalmente no que concerne à alimentação.

O Pingo ganhou um carro novo, um Peugeot; não tenho a menor idéia a respeito de peugeots.

O Lucas andou acampando em Canela e o Angelo às voltas com as provas de fim de ano e, principalmente, com o futebol.

1 x 0 para o Corintians.

Hoje grandioso galeto sem os Barrios e os Tergolinas; veio o Diego que não quis ir ao churrasco do Pablo.

A Graça reapareceu depois de uma estada em Israel; a opinião dela sobre o país dos pardais é a pior possível.

Ela só escapou de um atentado porque teve uma dor de barriga e voltou para o hotel já com meio caminho andado ate’ ao local onde houve a explosão.

Diz a Graça que aquilo lá é um bando de vigaristas grosseiros.

Não é grande surpresa.

Bolão e sua turma todos bem; o Bolão queixa-se amargamente de ter deixado a divertida profissão de garçon de bordo para ser médico do SUS.

Não era o que ele dizia quando estava embarcado: as histórias sobre o serviço desumano no navio era conhecidas de todos.

No que concerne aos bagulhos da Heloisa aprendidos em Santo Ângelo, até agora não houve notícias.

Hoje o Alemão Henrique e a Heloisa começaram a montagem da árvore de Natal mas pararam aguardando a montagem da luzes, tarefa meio difícil que deve ser feita pôr mim.

Esta semana eu coloco.

A Graça vai estar de serviço no Natal e no Ano Novo e surgiu a idéia de irmos até ao hospital levar-lhe os cumprimentos da família.

Afinal, creio que são mais de vinte anos que a Graça  comparece na ceia de Natal, sem nenhuma falta.

Acabou o jogo e o Corintians ganhou de 1 x 0.

E eu vou assisti ao Fantástico.

Boas noites.

 

Domingo, 22 de Novembro de 1998, 12:32, tempo ótimo.

Afinal um dia de verão completo: sol calor, brisa leve; o pessoal que está na praia, os Fietz, devem estar aproveitando.

Não fomos porque, entre outras coisas, fomos a Santo Ângelo na Sexta Feira e são mais de 1200 kms.

Deu para cansar.

Aproveitamos e esticamos até às ruínas de São Miguel.

Gostaria que a visão da catedral me motivasse para comentários mil a respeito mas, na verdade a gente não se emociona com o que vê;

A melhor conclusão é que a matéria latu senso, não é nada sem as pessoas para as quais existe.

Aquilo sem índios, sem padres etc. é um prédio velho abandonado no meio do campo.

E, bota abandonado nisto.

Tiramos umas fotos inclusive de um mineiro cujo sonho era fotografar-se defronte da Catedral mas, na hora H, a sua câmera pifou!

Depois de reveladas, enviarei para ele que mora em Sete Lagoas.

P6or outro lado, a região da Missões impressiona pelo solo que é ótimo e pela quantidade de área plantada: praticamente só não estão plantadas com trigo, milho e soja as áreas que o Incra exige que sejam mantidas como reservas ecológicas.

Impressiona também o preço das coisas que são baratíssimas: almoçamos muito bem num bufê cujo preço era de R$1,99.

Num hotel de beira de estrada – modesto, é verdade – a diária para casal era de R$10,00.

E, pôr aí empós.

Na volta houve uma tentativa de multa, abortada pôr uma contribuição espontânea aos zelosos patrulheiros.

Acontece que naqueles ermos, cada vilazinha estende seu perímetro urbano pôr um monte de quilômetros onde a velocidade está fixada em 60 km/hora e a sinalização fica escondida no meio do arvoredo.

Como qualquer ser pensante jamais poderá imaginar que campos, vacas e matos sejam perímetros urbanos porque nem urbes existem, a multa é certa e é de R$540,00.

Só que os patrulheiros aceitam a tese que entre dar dinheiro para o governo que certamente irá desperdiça-lo com aratacas fedorentos, e socorrer uma família necessitada – a deles – opta-se pela última proposta.

Parece que as multas exageradas fixadas pelo Código de Trânsito irá melhora muito a arrecadação dos patrulheiros; porque, antigamente a multa era R$20,00 e a gente pagava ou financiava uma cerveja.

Agora, com valores tão altos, o CPF (contribuição pôr fora)sobe.

E dizem que não há inflação…

Hoje a Heloisa fez um cozido que, pelo aroma , deve estar maravilhos.

Patrícia convidou-nos para almoçar na AABB mas agradecemos; o Pablo que está aqui em casa, porque o Carlos e a Patrícia ontem fizeram aniversário de casamento e foram jantar fora, também não gostou de idéia.

Parece que os Fietz já chegaram e o Carlos vai lá buscar o Diego que estava na praia.

Heloisa e Pablo deram uma avanço na arrumação da árvore de Natal.

Isto aí.

Até a próxima.

 

Segunda-feira, 23 de Novembro de 1998, 22:04, verão.

 

Hoje de manhã cedo a Saara telefonou para dizer que a mãe estava mal; fomos para lá juntamente com o Carlos.

Tratava-se e uma crise mas como a médica disse para a Saara que nada mais havia P6or fazer, ela ficou meio desesperada.

Na verdade não era uma situação terminal, como diz o Carlos, mas uma indicação de piores dias.

Veio ao debate o problema do médico que vai em casa aistiraos seus doentes e ficou claro que eles hoje não fazem isto prque os convênios pagam muito pouco pôr visita.

Ficou combinado que a Saara irá oferecer mais grana ao sapatào para que ela vá lá em casa em vez da mãe, na situação que está ir ao consultório.

Perguntei então se a Dra. Patrícia PHD não era cardiologista e o Carlos disse que não era quando se tratasse da avó dela!!!

Na verdade, a alegação coloca o médico – ou qualquer outro profissional mas especialmente o médico – numa situação cômoda que elide a critica.

Penso também que esta é uma posição elitista, somente permissível a sociedades ricas, adiantadas, onde as pessoas prescindem das outras.

Suponhamos que não houvessem cardiologistas bons em Porto Alegre ou mesmo que a mãe não tivesse meios de pagá-los, o que são situações comuns, especialmente a última.

Seria razoável a Patrícia não atender a avó dela?

Ou seja, isto daí pode ser uma regra mas não deve ser um principio.

Assim que provavelmente a mãe irá morrer sem ter tido o prazer e talvez o orgulho de ter sido tratada pôr um descendente para cuja existência ela cooperou.

Creio que mesmo que o descendente não soubesse a diferença entre um cateter e um fio de luz,  morreria mais feliz.

Como se vê, o episódio fez com que eu entrasse na área de considerações subjetivas o que evito.

Bem.

No mais tudo caminhando: neste momento a Heloisa foi a uma reunião da turma do vôlei da ACM onde pontificam antigos astros da pré – história deste esporte.

Dizem que as reuniões são muito divertidas, animadas principalmente pela famosa Cloé  que foi campeã gaúcha nas comemorações da Revolução Farroupilha, em 1935.

A situação geral da Bulgária é que não está nada boa: descobriram ums gravações clandestinas que irão melar algumas privatizações para gáudio do Olívio que certamente vai querer rever aquelas feitas pelo Brito.

No que concerne, nota-se que a população está se radicalizando e parece que a eleição ainda não terminou.

Acho que teremos grandes confusões mas penso também que se o Olívio quiser rever os contratos de pedágio, tem toda razão: os caras abusaram e certamente nisto daí tem o dedo do Assis Anaya.

Vai aparecer muita mutreta.

Como diria o Eça, este país é uma choldra.

Pôr ressaltar que o Grêmio ganhou de 2 x 0 do Coríntians lá em São Paulo e quarta feira joga a última: se empatar ou ganhar, terá derrubado o  primeiro colocado e abaixado a crista daquele mulato pachola, o Wanderlei Luxemburgo.

O nome dele deveria ser, pelo aspecto, Valdineides da Silva.

De apelido  Pintinho.

Vamos torcer.

Se der Grêmio e Palmeiras na final, a CBF vai ter que rever seus contratos.

Porque será Felipão x Felipão eis que o Celso Roth é discípulo dele.

Se for possível, esta semana iremos à praia, na quinta feira para voltar no Domingo, aniversário do Henrique.

Este processador tema  a mania de colocar os dias da semana em maiúsculas, coisa de portuga.

A partir de agora, não mais irei corrigir.

Este ano, farei diferente e levarei estes registros até ao dia 31 de dezembro, deixando a entrega deles para a Páscoa.

Isto porque preciso de tempo para imprimi-los; se for o caso, compro uma impressora pequena que aceite formulário contínuo.

Afinal já são mais de duzentas páginas e imprimir uma a uma dá um trabalhão e um gasto expressivo.

Também porque no ano que vem é minha intenção ( história antiga) escrever trabalhos mais extensos, talvez ficção.

Isto se eu não resolver fazer vestibular de Medicina, no que estou pensando seriamente.

Só tenho que estudar Química e Biologia.

O resto eu sei.

Semana passada acabei de ler o segundo volume do livro do Rotta que já está um calhamaço de mais de trezentas páginas e ainda falta um terço para terminar.

O livro transmite uma sensação estranha: não se sabe se é um best seller ou uma chatice.

Tudo vai depender da terceira parte.

Agora, como é que eu digo isto para o Rotta sem arranjar um inimigo para o resto da vida?

Esta foi uma lição do Pitigrilli: você chega para o autor e diz:

  • O seu livro é uma obra maior do que a Divina Comédia, melhor do que Don Quixote mas na quinta linha da página 178 há um erro de concordância!

Pronto! Você acaba de fazer um inimigo.

Agora, se você quiser que um autor bissexto lhe beije os pés, diga para ele:

  • Gostei muito do teu livro e olha que eu acho o Saramago um chato, o Garcia Marquez um repetitivo, o Jorge Amado escritor de um só enredo.

Pronto: se depender dele você se elege embaixador em Portugal.

E, é mesmo assim.

Daqui a pouco, de novo, Brasil x Cuba pelo vôlei masculino; quem ganhar já estará nas finais.

Heloisa tem assistido a todos os jogos que geralmente começam às quatro da matina eis que o campeonato é no Japão.

Assim que anda com as tripas de arrasto mas não perde as festinhas que as coleguinhas de 50 anos atrás costumam fazer nos fins de ano.

Bota resistência nisto.

Está um calor danado e vou para debaixo do ventilador ver um pouco de TV.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 30 de Novembro de 1998, 22:08, verão tipo La Niña.

Uma semana sem comparecer.

De novidade, o roubo do carro do Bolão que agora curte uma de pedestre, o que não fácil.

A mãe está bem, dentro das possibilidades: alimenta-se pouco mas não tem tido maiores problemas nestes últimos três dias.

Estivemos no Imbé, Quinta e Sexta feira e estava uma beleza: deixei a piscina limpa, quase em ponto de uso.

Quando fomos mandar fazer almofadas para as cadeiras da copa, passamos no CláudioMazzoti e a filha dele estava estudando triângulos retângulos.

Não resisti e meti o bico, ensinado para ela aquela descoberta que fiz sobre progressões aritméticas com razão igual a um terço do valor do primeiro termo.

A tese é : Numa progressão aritmética em que a razão é um terço do valor do primeiro termo, os três primeiros termos são lados de um triângulo retângulo.

Exemplo: 6, 8, 10 ou 12,1 6, 20 etc. etc.

Pois bem : o Carlos me deu um livro sobre o teorema de Fermat e verifiquei que a minha descoberta até hoje não foi cogitada pêlos matemáticos.

Acontece que eles acham que os trios pitagóricos são limitados em números mas a minha série demonstra que não é assim.

Estou falando porque a filha do Cláudio estuda Matemática na faculdade e ficou maravilhada dizendo que iria apresentar  tese para os seus colegas e professores.

Algum professor malandro irá certamente publicar o negócio como sendo dele – o que é comum no meio acadêmico – mas fica aqui o meu registro.

O livro sobre o teorema de Fermat é muito interessante mas bastante elementar no que concerne à Matemática: não devemos esquecer que o referido viveu no século XVII.

Ainda voltarei ao assunto: preciso de mais uns dias para terminar o livro.

Ontem foi a janta de aniversário do Henrique e estava bastante bom: só os avós e os Fietz.

A Helena apronta-se para a viajem aos USA; a Virgínia que ir até são Paulo, o que é perfeitamente dispensável.

A turma da Isinha praticamente de férias só fazendo as recuperações de melhoria.

Pablo e Diego estiveram ontem aqui e hoje o Chico e o Zé.

Ainda esta semana pretendo fazer uma sinopse da situação geral da família: o que estão fazendo as pessoas, onde moram e alguns outros detalhes que devem ser lembrados para no futuro constituírem-se em referências.

Vou registrar aqui, pôr inusitado que o Pablo foi convidado para fazer um teste para um programa de televisão badalado – creio que é o da Xuxa – o que o levaria para Buenos Aires durante seis meses ganhando US$5.000,00 pôr mês.

O Pablo, judiciosamente, não quis nem pensar no assunto, no que acho que ele tem toda razão.

Negócio meio de louco.

Amanhã será o jantar da turma de 41 do Anchieta e talvez eu vá embora a disposição seja muito pouca.

Acabo de abrir a janela e o  perfume dos jasmins do Cabo invade a sala.

Uma das coisas boas do início do verão são os jasmins: pena que durem tão pouco.

Foi a Virgínia quem plantou o jasmineiro, já fazem muitos anos.

Sem dúvida uma bela contribuição para o nosso singelo jardim.

Ontem fiz churrasco e não vieram os Barrios, que foram a um almoço na AABB e a turma do Bolão com hóspedes de Pelotas.

Quando chega o fim do ano, é difícil reunir toda a família.

O Ângelo levou um belo farnel para o Conam.

No que concerne a esportes, o Grêmio foi desclassificado pelo Coríntians e o time de vôlei do Brasil perdeu as duas finais, para Itália e Cuba.

A Itália é tri campeã mundial, em segundo a Iugoslávia, terceiro Cuba e quarto o Brasil.

Resultado justo; o Bebeto de Freitas, antigo técnico do Brasil, é o técnico da Itália.

Amanhã o Vasco joga em Tóquio com Real Madrid.

Com o que me despeço desejando boas noites a todos.

Segunda-feira, 30 de Novembro de 1998( agora a data vai também no fim)

 

Segunda-feira, 7 de Dezembro de 1998, 18:42, tempo bom.

 

Como se depreende, ultimamente só apareço uma vez pôr semana.

É que andei meio baleado do estômago e faltava vontade.

Sexta feira fiz um churrasquinho na Isinha para mim e para os guris: as malheres estavam num chá daqueles para vender bagulhos.

Pôr sinal, a Heloisa comprou umas lâmpadas da Viviane que no funcionaram quando as instalei hoje.

Ontem o almoço foi na Patrícia: uma paella veterana ( não confundir com valenciana) que estava no freezer desde dezembro doa ano atrasado.

Mas estava bom.

Escolhemos os amigos secretos.

A discussão do dia foi política e cabem algumas considerações.

Algumas pessoas que me conhecem desde há muito, espantam-se que sou favorável ao FHC.

Então, expliquemos.

Fomos educados – e principalmente os militares – valorizando o diploma, a educação formal: é corriqueiro, mesmo no meio civil, que as pessoas partam do principio que, para fazer-se bem alguma coisa, o diploma, o título é indispensável.

Lembro que pôr causa disto, o Joaquim Freitas teve que formar-se em Engenharia mesmo sabendo mais de refrigeração do que aquele monte de débeis que eram engenheiros mecânicos.

O corolário disto é que, naturalmente, acreditamos que as elites intelectuais levam toda a virtude, estou escrevendo no estilo do Graciliano.

Ou seja, valorizamos a minoria em detrimento da maioria.

Mas, a análise histórica mostra que não é assim que as coisas acontecem.

Sugiro uma leitura mais acurada sobre o Império Romano, principalmente a vida de Cícero.

Abreviando a análise, posso dizer que desde muito cedo, lá pelos trinta e poucos anos, firmei a convicção que a democracia era o melhor regime existente para que uma nação pudesse existir como um todo.

O que me levou a repelir qualquer tipo de radicalismo.

É que também observei  “in vita” que os radicais ou são burros, ou são frustrados ou levaram uma grande paulada da vida.

A par, sempre fui cartesiano, ou seja, duvidemos de tudo e conseqüentemente, sejamos tolerantes porque sempre há uma solução melhor para qualquer coisa.

Pôr isto fui contra a Revolução de 64, cujos mentores acreditavam ser a elite intelectual do país e donos da verdade.

Eles diziam que se opunham ao radicalismo comunista mas a verdade é que evitando um extremo, colocavam-se no outro.

Razões pelas quais sou contra o PT e seus radicais.

Então, em princípio, não devo tentar destruir ou denegrir um governo que foi eleito pelo sistema que julgo melhor.

A tese para a solução de problemas é que a gente os analise, discuta, divirja mas respeite a vontade da maioria.

E depois que essa está estabelecida, fazer tudo para que dê certo.

“Eu não disse?” ” Eu sabia”, são frases que não constroem nada.

No caso específico do FHC, nunca alguém pegou uma batata quente tão quente como ele.

O Brasil estava inviável pela Constituição de 88, economicamente arrasado pelo Sarney e finalmente, desmontado pelo Collor.

Quem tinha dinheiro aplicava no “over” e ganhava fortunas enquanto dormia; a nomenklatura estatal através dos fundos de pensão ficou dona do Brasil: os assalariados tinham uma redução mensal de salário de mais de 30% e pagavam a turma que investia no “over”; o Congresso assaltava os cofres públicos; a máquina do Estado estava totalmente incapaz de funcionar pelas maluquices do Collor que passava todo o mundo a disposição, em, casa, mas ganhando o salário.

Sem falar na situação dos Estados, na dívida externa, no descrédito do Brasil.

Em suma: um pepino monumental.

Era fundamental resolver o problema da inflação para que os mais pobres deixassem de aportar dinheiro às contas bancárias dos mais ricos: foi feito.

Era também fundamental que a Constituição fosse modificada e eisto está sendo feito à duras penas e ainda não acabou.

Era fundamental que o Estado se livrasse de funções que melhor podem ser executadas pela iniciativa privada e isto está sendo feito mas a reaçõ da nomenklatura é violenta.

Ainda falta acertar os fundos de pensão mas um dia chegaremos lá.

É bom que se saiba que somente o Previ( BB) e a Petrus (Petrobras) têm juntos um patrimônio líquido de mais de 40 bilhões de dólares, justamente o valor que o FMI colocou à disposição do Brasil.

Dinheirinho nosso, meu , teu, nosso.

O Banco do Brasil mesmo com um prejuízo de 7 bilhões de dólares, não deixava de recolher a alíquota devida à PREVI, alíquota esta que, nós que pagamos, não fomos consultados do valor.

A Petrobras vale 80 bilhões de dólares e a nossa gasolina continua sendo um das mais caras do mundo!

Porque não vendemos a incompetente?

O Vares não pode fazer exame para a ESCEME porque era um fanático defensor da Petrobras; hoje ele acha que até de graça seria um bom negócio transferí-la.

Para quem não sabe, o monopólio da Petrobras continua.

Como não sou motorista de taxi e nem barbeiro, não sei de uma receita simples para governar, com êxito, o Brasil.

E, aí reside o x do problema: o conhecimento pela rama.

Nos meus tempo de Glorioso, fazia parte do folclore marretar os oficiais de Estado Maior quem, dizia-se, levavam aquela ferradura no braço para poder dar coices na verdade.

Para um manga lisa, todas as soluções eram simples, banais, imediatas.

Só que não davam certo porque eles desconheciam a maioria dos fatores condicionantes.

Pôr isto, quanto mais pessoas participam da solução do problema, mais fatores são levantados e pôr isto, a democracia.

O que explica porque sou a favor do governo democraticamente constituído e conduzido.

O que é o caso atual.

Aqui no RGS, estamos iniciando uma experiência que eu diria parecida com a República de Roma, se não for desvirtuada pelo radicalismo.

Vamos ver no que dá: é muito possível que a austeridade e honestidade do Olívio e seu apregoado fervor democrático, nos levem a uma boa solução.

Mas poderemos ser parte de um processo tumultuado em que pontifiquem as Tarsas Genras e as Lucias Camini da vida.

O ataque feito pêlos estudantes de teatro da UERJ à D. Rute Cardoso, são um exemplo vivo das cafajestagens que podem ser perpetradas pôr indivíduos de tal extração.

Com o que, encerro estas considerações de ordem política mas não sem antes comentar um episódio que foi objeto do Fantástico, ontem.

Tratava-se da reunião ministerial que precedeu à promulgação do AI 5.

Aí, lembrei que, quando terminei a EsCEME, o Portela – chefe da Casa militar do velho Costa e Silva – e o Massa, sub – chefe, ao término da cerimônia de formatura foram falar comigo:

– Moura, o Presidente mandou te perguntar como tu receberias um convite para a Casa Militar?

Neste meio temo a mulher do Massa estava lá em casa convencendo a Heloisa de que eu não poderia ir para a reserva.

O massa acrescentou:

– Tú pegas a tua mala de mão e te apresenta no Grupamento: a D. Heloisa nem vai, pode ir direto para o Sul. Daqui há dois meses, mando te buscar para Brasilia.

Sem maiores considerações, estes os fatos. Como eu me dava muito bem como velho Costa e mais ainda com o Portela e o Massa, a pergunta é:

  • Será que teria havido AI5 se eu tivesse aceitado o convite?

Pergunta sem resposta.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 9 de Dezembro de 1998, 18:40, tempo meio enfarruscado.

 

Hoje foi julgado o recurso da ação da Ana e Maria Cristina, lá de Bagé.

O povo veio para o julgamento, estavam muito nervosos mas eu sabia que não haveriam surpresas; deu 3 x 0 para nós.

O que significa, para as meninas, mais ou menos R$2.000.000,00!!!

É mesmo de ficar nervoso.

Já voltaram, numa algareação que me deixa preocupado porque podem

querer dar uma de machalhões da fronteira e dificultar as coisas para o futuro.

A partir de agora irão ficar no meu pé.

Estou sentindo que  praia este ano vai ser intercalada com a Fazenda; ainda bem que em fevereiro termina o arrendamento da Ronda porque terei que passar tempo em Bagé e ficar lá é uma beleza.

O Renato trouxe um cordeiro hoje.

Ontem fomos ao aniversário da Saara e encontrei tias Carmem e Maria com quem bati um bom papo.

A mãe está bem mas muito alheia aos acontecimentos pôr causa da surdez.

Diego e Pablo têm aparecido para ficar aqui enquanto a Patrícia e o Carlos vão a um dos seus inúmeros churrascos, jantares e bailes.

De resto, tudo normal: hoje jogam Corintians e Santos e Cruzeiro e Portuguesa parta ver quem vai para as finais.

Torço pelo Santos e Cruzeiro mas acho que vou ficar de cabeça inchada.

O time daquele pardavasco exibido, o Corintians, é muito bom.

Heloisa está no último chá doa ano e ainda não sei o que irei jantar.

O que irei ver neste momento.

Boas noites.08/12/98.

 

Terça-feira, 15 de Dezembro de 1998, 00:20, calor.

Acho que irei retomar de manhã pois já passa da meia noite.

 

Sexta-feira, 18 de Dezembro de 1998, 23;19.

 

Acabei não voltando na Terça e nem na Quarta porque esqueci que Terça haveria a formatura da Helena e na Quarta combinara tomar chope com o Ingo.

A formatura da Helena, 1º grau, estava muito boa, tranqüila, sem grandes gogós. Depois fomos jantar na pizzaria alí perto do apartamento dos Fietz.

Tudo bem.

O chope do Ingo foi interessante porque cheguei à conclusão que o Alemão embirutou de vez.

Para inicio de conversa, comprou um Mustang 5000 que mais parece um avião da Guerra do Golfo; não contente comprou junto um Mercedes igual ao do Emerson Fittipaldi!

Considerando o fato eu ele usa práticas comerciais não ortodoxas e considerando que o PT vem aí, o Alemão vai se ferrar e feio.

O que ele faz, carrões, apartamentos de luxo, casas em Punta etc.etc. configuram o que se chama de “sinais externos de riqueza” e põe o fisco no pé dele.

Tomara que ele não esteja metido em falsificações o que eu não acreditava por causa da farmacêutica que trabalhava lá e era fogo na roupa: só que fiquei sabendo que ela foi despedida há dois anos…

O Alemão também anda semeando ventos entre os concorrentes e isto é muito ruim.

Aguardemos.

Ainda não conseguimos ir até à praia porque o tempo virou e ontem e hoje esteve até bastante frio, coisa aí de 13º C.

Com grandes chuvaradas, é claro.

Pessoalmente ando muito ruim do estômago, melhor, do tubo digestivo porque os sintomas vão mais para vesícula biliar.

Semana que vêm, vou ver um gastro que certamente pedirá todos os exames possíveis e imaginários.

Antigamente neguinhos receitavam OLINA.

No mais, acho que tudo em paz.

Este registro está perto de terminar o que pretendo fazer lá pelo dia 29 dezembro.

Ainda não sabemos onde estaremos na passagem do ano porque há algumas incógnitas: a situação de saúde da mãe, a viajem da Helena etc. etc.

Ontem o Pablo estava com febre e a Heloisa passou a tarde com ele.

O Clinton atacou o Iraque – está atacando, guerra de televisão – para desviar a atenção do impeachment mas parece que a coisa não vai dar certo, o golpe está muito manjado eis que é a segunda vez que ele faz isto.

Ele vai mesmo para o impeachment.

Hoje fizemos as compras para a ceia de Natal e está tudo sob controle.

O Brasil, continua na merda com grandes evasões diárias de dólares.

O FHC vai inaugurar o novo período numa situação muito difícil.

Há pessoas que dizem que ele irá acabar o governo como o Sarney.

Será criado o Ministério da Defesa o que parece ser uma grossa besteira e mais uma maneira de encarecer o Governo.

O sistema militar que sempre deu certo é o alemão, mesmo que eles tenham perdido a guerra; e é exatamente o que adotamos, com a FFAA sendo dirigidas e coordenadas pelo EMFA.

Só falta o FHC colocar no Ministério da Defesa um ex subversivo, o que não é de todo improvável.

A turma gosta de se coçar.

Mientras tanto o Pinochet conseguiu um novo julgamento porque um dos Lords era da Anistia Internacional.

Não me parece que haverá mudanças no resultado final e bobeia o Pino será extraditado para a Espanha e a coisa pega fogo.

O Chile, mesmo não gostando do Pinochet vai para o pau com os bifes.

Ou seja, a situação geral da Bulgária está mais para urubu do que para colibri.

Seria uma grande solução para o Brasil se os USA enrolassem o pé com o Sadan, os ingleses com o Chile e os argentinos aproveitando para dar uma rasteira nas Malvinas.

Todos sabemos que quando o polígono de forças da produção se equilibra só a guerra permite que ele se abra porque a guerra consome muito e não produz.

Sempre foi assim e se acontecer, esperemos que os babacas daqui saibam aproveitar como fizeram o Peron e outros malandros.

O Getúlio bem que tentou mas conseguiu pouco porque ficou do lado dos vencedores e vencedor não precisa pagar nada.

Perdedor é que paga qualquer coisa para livrar o pescoço.

E eu não falei de árabes e judeus.

Daqui a pouco o Sadan enlouquece e manda Israel para o espaço.

Aí é que a coisa pega fogo e penso que o Clinton está provocando uma situação assim.

Aguardemos; enquanto isto, dele míssil em cima de Bagdad e tudo televisionado pela CNN.

Só que desta vez está todo o mundo contra e os russos já retiraram os embaixadores de Washington e Londres; na verdade os russos já não podem mais nada mas a grande surpresa ficou por conta do Tony Blair

Que apoiou o Clinton inclusive com a RAF.

Os nossos esquerdinhas, para quem o Tony era o enfant gaté, estão sem saber o que dizer.

Aguardemos o Brezol que certamente dirá a última palavra sobre tão momentosos tema…

Enquanto isto o Olívio espera para assumir entre grandes fofocas e acusações.

Politicamente – pelo menos – 99 será um ano muito divertido.

Boas noites.

 

Terça-feira, 22 de Dezembro de 1998,23:27

 

No fim de semana, pessoas, mexeram no meu computador e agora o Word tranca!

Acontece que os personagens acham que entendem e partem para a moda Miguelão e aí adeus tia Chica.

O “Miguelão”e a “tia Chica”, não se usam mais desde a década de 40, mais ou menos de acordo com os conhecimentos tecnológicos das pessoas que mexeram aqui.

Como a resolução deste tipo de problema exige tempo, paro por aqui.

Boas noites, 22 dez 98.

 

Sábado, 2 de Janeiro de 1999, 22:40, calorão.

 

Este é o último registro 98; desde o dia 22, tivemos a festa natalina sem a Graça e a Marilia, depois a ida para a praia no dia 26, a passagem de ano com a Isinha ,os guris, a família Fietz  e o retorno hoje para o embarque da Helena para os USA.

Apesar de ser a primeira grande viagem que faz, a Helena foi tranquila; quem estava emocionada era a Virgínia mas também não demonstrou.

Este ano o Antônio Pedro e a Denise chegaram depois da meia noite para passar o ano com a Lélia.

Na passagem, muitos fogos como de costume.

Neste momento, os Fietz estão aqui em POA, a Isinha com os guris no Imbé, os Barrios em Artigas, o Bolão de plantão e a Liege em Pinhal.

Eu ando às voltas com umas dores chatas de estômago e até telefonei para o Raul pois as pessoas acham que é Vesícula biliar mas ao que tudo indica é uma gastrite decorrente de uso abusivo de anti-inflamatórios, mais especificamente Ibuprofen ( Advil ).

No intervalo a mãe andou meio mal mas agora está se recuperando, depois que lhe foram retirados todos os remédios, como aliás já preconizara o Carlos.

Ou seja, quanto menos remédio, melhor.

Doenças e remédios, conversas de velho.

Ontem, o, O Olívio assumiu o governo que lhe foi passado pelo vice Bogo porque o Brito não aguentou as cachorradas do PT.

O Simão quis dar uma de bacana, compareceu à posse e levou uma vaia da chamada militância.

Ë a primeira vez que um índio, pobre e chato assume um governo deste vulto no Brasil; vamos ver no que dá porque chato é duro de aguentar.

Se fosse no México, amanhã estourava a Revolu.

A única bandeira hasteada na posse do Olívio, foi a  de Cuba…

Isto daqui vai ficar divertido.

A praia este ano está ótima, o mar azul, um solão de rachar e a temperatura agradável.

Segunda feira quero ver se despacho a grana dos Pfeifer, vejo uns probleminhas no escritório e me mando.

O Ângelo irá ficar conosco por lá porque a Isinha vai fazer um curso de didática na Ulbra e o Lucas está empenhado em segunda época até o dia 14.

Diego e Pablo devem ir para o Imbé quando voltarem de Montevidéu, no dia 10; o Alemão não sabe se vai porque a Virgínia dá aulas até o dia 24.

Para terminar, cabe assinalar que 98 foi um ano bom para a nossa família embora nem tanto para o Brasil.

De um modo geral as pessoas da clã fizeram coisas que devem mostrar resultados a longo prazo, o que é bom: a Patrícia decidiu-se pela carreira universitária, a Isinha ancorou mais na área de ensino, o Bolão vai firme para o último ano de residência, a Liege abriu o seu consultório, o Paulo optou decisivamente e exclusivamente pela advocacia, o que é bom.

Nós viajamos para Portugal o que era um velho sonho

Todos estes assuntos pendiam no fim do ano passado e agora já são etapas vencidas.

Os netos todos passaram de ano e estão bem de saúde; A Alda está muito bem e a mãe supera suas crises.

Heloisa e eu continuamos vivos e – pensamos – ajudando mais do que estorvando.

Agora, em 99, é só consolidar eis que o segredo do êxito é durar na posição.

Felicidades em 1999.

Sábado, 2 de Janeiro de 1999.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diário 99

Sexta-feira, 22 de Janeiro de 1999,10:00, calor intenso.

 

Aqui começa o registro 1999.

Lamentavelmente não são boas as notícias iniciais: a mãe está no hospital ( Ernesto Dornelles) e nada bem; a crise alonga-se desde o fim do ano passado e as previsões são desalentadoras.

Heloisa veio quarta feira da praia para ajudar e eu vim ontem de noite.

A Alba ficou por lá.

No momento Heloisa que chegou do hospital muito cansada, está dormindo.

Ate’ agora, dia 22 de janeiro, estivemos no Imbé de modo intermitente, indo e vindo.

Da turma, só o Ângelo e o Lucas ficaram uns dias conosco porque, de um modo geral, todos estão trabalhando: a Patrícia e o Carlos já tiveram férias, a Virgínia recuperando aulas e a Isinha fazendo um curso na ULBRA.

O Bolão que iria para lá, simplesmente sumiu: achamos que esteja no Pinhal.

O tempo e o mar este ano estão fora dos nossos parâmetros sulinos: sol constante e o mar verde com água quente.

Helena tem telefonado e está gostando muito da experiência mas penso que, nesta altura, já deve estar batendo o banzo, o que é normal: poucos agüentam mais de quinze dias sem querer voltar logo para casa.

Outro acontecimento que deve ser registrado é a crise pela qual passa(?) o Brasil.

Começou quando o Itamar Franco, agora governador de Minas, resolveu decretar moratória e não pagar as contas do Estado.

A notícia correu o mundo só que ninguém sabe que Minas é um Estado e o Itamar agora é governador.

Em suma, o fato foi interpretado como se o Brasil tivesse em moratória e aí foi um salve-se quem puder: todo o mundo resolveu retirar a grana que tinham aplicado aqui e a coisa funcionou como uma corrida ao caixa do banco que vai falir.

O Governo resolveu deixar o dólar flutuar e aí tocou barata – voa!

Teve gente, no Uruguai, comprando dólar a cinco reais quando a cotação no paralelo é R$1, 56.

Estas loucuras são resultado das notícias alarmantes dos meios de comunicação: ontem, a Wite Fibbe terminou o Jornal da Globo desejando a todos uma boa noite, melhor que a do FHC.

Também a Lúcia me telefonou alarmadíssima com a crise, achando que o país vai acabar, como aconteceu com a Rússia.

Até pode mas a situação é bem diferente principalmente porque os USA têm o maior interesse em que o Brasil não quebre.

Estas crises econômicas são cíclicas, como os cometas, só não sabemos os seus períodos e são resultado da produção tornar-se muito maior que o consumo.

A saída clássica tem sido as guerras e é justamente por causa disto que Marx elaborou sua doutrina da supremacia do Estado.

Entregue ao mercado, ( depois da Era Industrial) a produção cresce geometricamente e o consumo, aritmeticamente e aí a crise.

Se o Estado puder controlar a produção, irá manter o equilíbrio.

Até aí tudo bem, mas no prosseguimento, Marx se perdeu.

Para eliminar o segundo problema, a guerra, a solução seria um estado universal, “trabalhadores do mundo, uni-vos” eis que sem Estado obviamente não há guerras.

Acontece que as piores guerras não são as econômicas e sim as religiosas e aí Marx foi do social para o psicológico e como soi acontecer, perdeu-se.

A solução dele foi simples: elimine-se as religiões, “ópio do povo”.

Só que…

Assim que estamos numa crise braba que, pelo menos dá chances a que se façam alguns comentários supostamente eruditos.

Ninguém tem receita para as crises econômicas e, até agora, todo o mundo, de Hitler a Stalin, para citar os mais recentes, quebrou a cara.

Pode-se dizer que o Roosevelt enfrentou e venceu a crise com o “New Deal” mas a verdade é que a guerra sobreveio logo após e aí a crise estaria vencida e qualquer jeito.

É como se alguém com pneumonia, tomasse um xarope quebra – peito e, em seguida, uma forte dose de penicilina.

Até pode – se dizer que foi o xarope mas é brigar com a evidência.

Quando estava escrevendo, faltou luz mas o Word recuperou certinho todo o documento.

Ótimo.

Estive no hospital e a mãe apresenta um quadro estável.

Heloisa ficou para que a Saara fosse para casa tomar um banho e atender suas necessidades domésticas.

Virgínia foi para a praia porque deve apanhar o Henrique que está em Atlântida desde Domingo passado.

Parece que Patrícia e Carlos também vão mas não sei quando.

O calor continua forte assim que dá vontade; hoje, até a charge da ZH trata do mar e do calor do Imbé.

Almoçamos no Mama, Heloisa e eu; apesar dum garçons de alta qualificação, o boiame continua atroz.

Esta filial do Mama foi alienada para umas pessoas que têm mais jeito de Fritz do que de buona gente.

Se for, temos relados que alemão fazendo galeto, é de chorar.

Alemão é bom em bolinhos em geral: batata, carne, aipim, arroz etc.etc.

Até que eu gosto de einsbein mas que é de matar, é.

Saí para tomar chope com o Ingo e comemos “hagenpeta”,  suponho que seja assim que se escreve, comida alemã que traduzida é um sanduíche de carne crua super temperada.

Mais ou menos o que chamava-se de “carne de onça”.

Falando no Ingo, ele comprou um Mercedes e um Thunderbird(?).

No dia em que ele veio me buscar, juntou gente para ver o Thunderbird – ou o que for.

Trata-se de um cruzador de 5000cm3 de cilindrada.

O Alemão teve sorte porque hoje os tais importados devem estar muito mais caros.

Também já andamos no Mercedes que é realmente muito confortável sob qualquer aspecto.

Mas, do jeito que as coisas vão, talvez tenhamos que voltar para os Fucas, como aliás queria o Itamar.

Veremos, no Jornal da Globo, de como comportou-se o mercado hoje.

Acho que vou ter que levar janta para a Heloisa e Saara no hospital e que constitui-se em sanduíches do Zaffari e Coca Cola.

Eu como qualquer coisa, de preferência sorvete de manga.

Boas noites.

 

Sábado, 23 de Janeiro de 1999, 18:30, calor.

Hoje reapareceu o Bolão que estava no Pinhal; esteve no Hospital justamente quando a Bia achou que a mãe estava se apagando.

Era um rebate falso motivado pelo fato da Bia querer que a mãe fique permanentemente acordada, falando ou comendo.

É um sufoco a Bia.

Fui buscar a Saara em casa e fomos para o Hospital onde encontramos a mãe comendo gelatina.

O Bolão já havia me dito pelo telefone que não havia motivo para correrias.

Tudo bem, afinal as intenções da Bia são as melhores.

Hoje Heloisa posa lá; ontem veio posar em casa.

A mãe realmente está muito mal mas com altos e baixos.

Veremos o que acontece amanhã.

Estivemos na Alda que está muito bem.

Na praia estão a Virgínia e a Patrícia mas não vão ficar.

Sem a avó, ninguém fica.

Semana passada estiveram por lá o Carlinhos o Indiana.

O Carlinhos contou causos divertidíssimos, como é do seu natural.

Um deles é a história dum garçons malandro de um buteco fuleiro onde o Carlinhos almoçava nos gloriosos tempos do Bomfa.

Lá pelas tantas apareceu um engravatado de pastinha 007 e o garçons vibrou: é hoje que tiro o pé do barro.

Consultado, o engravatado pediu um meio completo!

Desanimado, o garçons partiu para a etapa seguinte:

  • E para beber?
  • Será que tu me arranja um copo de água?

E o garçons, bem alto, para todo o mundo ouvir:

  • Sai um Guaiba duplo aqui para o de gravata!

O causo não se esgotou aí mas o “Guaiba duplo” vale um registro.

O Indiana e a Ângela retornavam de Paris e nunca a Cidade Luz foi tão marretada.

Apud illis, pior que Paris só Cambará e no inverno: no verão há dúvidas.

A Ângela deitou e rolou na malhação.

O que não é de estranhar.

Até amanhã ou depois.

 

Segunda-feira, 25 de Janeiro de 1999, 18:30, calor intenso.

 

Ontem foi um dia de muito calor e intensa movimentação:

Estivemos de manhã, de tarde e de noite no hospital.

Heloisa veio dormir em casa e ficou lá a Dirce.

Hoje Heloisa volta para o plantão.

A situação da mãe é a mesma, ou seja bastante delicada.

Neste momento estou esperando a Heloisa e o Bolão que vem tomar um café e voltar.

O Beto e a Vânia continuam na Serra: parece-me que ele deveria ficar aqui, para, pelo menos cuidar do Paulo que é uma pulga na camisola da Saara e agora também da irmãs dele.

É só.

 

Quarta-feira, 27 de Janeiro de 1999, 17:20, tempo bom.

 

Ontem, às 20:30, a mãe faleceu; estavam no hospital o Bolão e a Bia.

Foi um longo período de altos e baixos em sua saúde pois, se vocês observarem, iniciei os registros do ano passado contando que o Bolão detectara, na mãe, uma grande infeção renal, não tratada.

O sepultamento foi hoje, as 11:00 no Cemitério da Santa Casa onde a Saara possui um jazigo perpétuo.

Apesar das férias, do pouco tempo para avisar parentes e amigos, muitas, muitíssimas pessoas compareceram, o que mostra como a mãe era querida.

Continuo recebendo telefonemas e agora mesmo ligaram a Zilda e o Alemão.

É muito difícil escrever sobre a morte da nossa mãe mas creio que já disse tudo sobre ela no primeiro volume da a história da família.

Até ao fim, a mãe manteve  suas características principais: não encheu o saco de ninguém, aceitou a morte com toda a dignidade e, dentro do possível manteve sua privacidade enquanto lúcida.

Exagerando um pouco, poderia dizer que a mãe não se envolveu com a sua morte mas, para quem a conheceu, isto não será surpresa.

Este comportamento induz os mais circunstantes para que hajam da mesma maneira.

Assim que tudo transcorreu de modo tranqüilo e discreto, bem ao agrado de D. Célia.

Iremos todos sentir a sua falta.

Repito uma antiga afirmação de origem desconhecida: quando perdemos nossa mãe, morremos pela primeira vez.

Bem.

Se no futuro alguém quiser mais detalhes sobre as exéquias da mãe, o Bolão e a Heloisa poderão detalhar eis que participaram de todos os momentos finais; também a Patrícia e o Carlos preocuparam-se orientaram a parte médica com grande cuidado.

Obviamente eu poderia escrever muitas páginas sobre a morte da mãe mas, sendo seu filho, faço aquilo que posso, segundo nossas características.

Voltemos ao quotidiano que diz-se banal.

Os pequenos estão na praia sob orientação e cuidados técnicos da Isinha; devem estar aproveitando porque o tempo continua ensolarado e muito quente; pretendemos voltar amanhã para o Imbé mas ainda não está decidido.

Helena chega Domingo e o Bolão deve ir para a praia hoje ou amanhã.

Hoje é o aniversário do Paulo Fietz e talvez iremos jantar com a turma que está aqui em Porto Alegre, inclusive o Tergolina que foi ao enterro da mãe.

Dadas as circunstâncias, nada certo e estou aguardando telefonema.

Até a próxima.

 

Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 1999, 21:20, frio.

 

Cheguei hoje do Imbé e seria correto dizer que minhas férias acabaram mas na verdade pretendo espichá-las mesmo que interrompidas segundo as necessidades.

Heloisa ficou por lá com um monte de gurizada, mais especificamente o Ângelo, o Lucas, a Helena, Carol, Graziela, Henrique, Pablo e Diego!!!

Festa grande…

Em compensação, semana que vem, esvazia a pensão eis que os Barrios seguem para Jurerê, os Fietz para Perequê e a Isinha para Mariscal.

Quem passou o fim de semana conosco foi a Maria Helena que queria ver os guris: ela veio para o aniversário do Pablo mas o festejado deverá estar em Jurerê.

A turma já comentou que vai chover em Santa Catarina…

En parlant, o tempo que esteve glorioso em janeiro, entrou fevereiro com ares de inverno: ontem era um garoa gelada e fazia uns 15 graus.

Afinal, o verão já está mais para lá do que para cá e como sempre deixa a impressão de que passou depressa demais:

Mais uns dias e acaba o horário de verão; mais um mês e os crepúsculos ficam dourados, as pessoas mais lentas e recolhidas e haverá cheiro de goiabadas pelo ar.

Recordemos um atentado à poesia cometido quando o escriba estava desterrado no Rio, lá por 1949.

O vento – ouro das minhas latitudes

Embala as folhas em balanços lentos,

 poetas passam meditando, graves,

Buscando versos entre os cata-ventos.

 

…(não lembro mais)….

há cores loucas sobre o rio lá embaixo

num arrabalde a minha velha tia

faz goiabada em seu dourado tacho.

 

Do resto eu não me lembro mas confesso que os primeiros quatro versos são realmente muito bons.

Só lembro que termina com a figura do moço Outono muito elegante a recitar Verlaine…

O original completo deve estar por aí perdido em alguma gaveta.

Quero observar que o corretor ortográfico do Word pede assento em todas a palavra por.

Na verdade, só se deve acentuar quando for verbo.

As novidades são que o Pingo ganhou carro novo, a Isinha foi dispensada do IPA e a Helena não voltou muito deslumbrada dos USA.

Voltou muito magra porque a bóia no Novo México é terrível, algo assim como o mal de Atahualpa, pimenta misturada com pimentão e tudo regado a chilli.

Helena trouxe um baralho para a Heloisa e um isqueiro Zippo para mim; o mínimo que se pode dizer, partindo dos presentes é que não somos velhinhos comportados, caso em que a Heloisa ganharia um rosário e eu um par de meias de inverno.

Que bom: velho virtuoso é um ponta – pé nas partes.

O Joaquim apareceu umas duas vezes lá por casa e agora anda empolgado com os cátaros e os Templários, matérias nas quais eu estou no limite de Kelvin, zero absoluto.

Mas, como me passou vasta literatura, vou me embrenhar me mais uma cultura totalmente inútil.

Em termos de política, conforme previsto, o RGS e mais uns malucos aí, estão querendo fazer uma confusão nos princípios federativos.

Como já antes disse, o Olívio vai arranjar outra confusão grande, tipo aquela da encampação dos ônibus.

O dólar anda lá por R$1,80 mas deve cair.

Nomeou-se presidente do Banco Central o gerente administrativo do Soros, o maior investidor – ou especulador – do mundo, capaz de quebrar qualquer país remediado.

A grita está grande mas eu acho que é uma boa saída: procura-se o melhor independentemente de que ele seja Flamengo ou Vasco.

Vendi o meu terreno da Uruguaiana: durante mais de vinte anos paguei impostos altos e certamente não recuperei o que gastei mas, pelo menos me livrei da preocupação.

Ainda tenho que cortar algumas coisas para me acomodar à famosa crise mas devagar, muito devagar, vamos.

O próximo corte vais ser o tal celular que simplesmente não uso: fazia falta na praia mas agora não precisamos mais.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999, 16:25, tempo nhenhenhe.

 

Cheguei hoje do Imbé para atender as eventuais urgências e à audiência da Saara, Quarta feira, dia 24.

Heloisa ficou só pois até  a Alba foi passar o week end em Capão e só deve retornar hoje de tarde.

Isinha está por lá com o Ângelo; o Pino já veio trabalhar e o Lucas está com o Tergolina passeando em Santa.

Restante da tropa em Porto Alegre.

Heloisa telefonou para dizer – entusiasticamente – que perdi o melhor banho da temporada!!!

A manhã estava realmente muito bonita e o mar anda quente et pour cause, bem verde mas justo hoje ser o melhor banho da temporada é uma injustiça com este que vos escreve.

Se bem me lembro, não é a primeira vez que isto acontece…

Os catarinas já retornaram todos e igualmente deslumbrados com melhores banhos, agora do mundo: o Tergolina declarou enfaticamente que nem o Caribe se assemelha ao Perequê!

Como se vê, o veraneio foi, economicamente seletivo: os Barrios em Jurerê, os Fietz em Perequê, nós no Imbé e o Bolão em Pinhal.

Considerando as possibilidades futuras do Bolão e da Liege, logo seremos os meridionais da família.

A moçada, na medida em que vai se abonando, vais subindo.

Dizem que no Canada as praias são ótimas…

Quem está com a Isinha é a Graça que, se emagrecer ainda mais, vai ter que adotar a cidadania da Somália.

Domingo foram almoçar lá em casa e a Graça, que vive de regime, abusou um pouco – muito pouco – da bóia e ficou o resto do dia imprestável.

Me lembrou a mula do inglês.

A novidade do veraneio foram as crianças Maomé que acamparam lá em casa; a Graziela e o Henrique ficavam com o Ângelo e o Lalo desde de manhã até altas horas da madrugada.

Também apareceu o neto do Ivan Motta Dornelles, um piá muito simpático e que joga uma bola redondinha.

Aquele será craque, sem dúvida.

Sábado fomos a um churrasco no Vares que estava bastante bom; o Vares agora passa o dia na NET assistindo programas culinários e até que faz uns pratos ótimos.

Quem diria!

A Saara está no Imbé mas deve retornar manhã, definitivamente; ainda não está boa do joelho.

Este ano resolvi fazer vinho, o que aliás é muito simples; estou com cinco litros na frigider porque já está engarrafado e  o processo de fermentação é violento, pior do que a gingerbeer.

Se não fermentar o vinho fica adamado e muito gostoso de beber.

Se fermentar na garrafa, que deverá ficar aberta, temos um vinho de melhor qualidade.

O meu deve ser de grande qualidade porque a uva está ótima, foi debulhada e a amassada à mão e a fermentação inicial foi curta, três dias.

Ainda estou pensando se deixo fermentar para ver como é que fica ou se consumo adamado.

A prova está ótima.

Estou pensando em fazer 200 litros no ano que vem; não é muito trabalhos, só se precisam recipientes adequados.

Para não esquecer, Sábado acabou o horário de verão.

Infelizmente, vieram notícias más do Rio: a Zilda está com nódulo maligno no pulmão.

O Carlos diz que isto é comum em quem já teve sarcoma, é operável sem maiores problemas se houver um só nódulo e pulmonar.

A Zilda deverá fazer outros exames.

Heloisa ficou muito abalada e, assim que couber, iremos ao Rio.

Antes é preciso conversar com o Carlos a respeito que, por sua vez, precisa ouvir o médico da Zilda.

Situação realmente delicada eis que ainda há que pensar o que fazer com a Alda.

Bem.

Este ano o camarão está rolando no Imbé e trouxe uns quilos para o inverno.

O preço está a R$5,00 o quilo, direto dos pescadores na beira do Rio.

Hoje recebi um folder do fornecedor de bacalhau de São Paulo e preciso telefonar para saber os preços.

R$24,88 o quilo do filé Porto; desejo alertar que no Zaffari – vi hoje – está a mais de R$40,00 o Porto!

Negócio é comer piava na Páscoa.

Piava no bom sentido, não vá o Tarciso Meira interpretar mal.

É para ver como são as coisas: quando todo o mundo pensava que as piavas haviam desaparecido da bacia do Guaíba, elas, graças aos cirurgiões plásticos, ressurgem aos montes.

O povo ecológico deveria montar um agradecimento público aos Uebel da vida.

Donde menos se espera, dali mesmo é que não sai nada.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 10 de Março de 1999, 21:29, calor.

Voltamos ontem do Imbé com grande vontade de ficar porque o calor aqui está medonho; contrariamente, este ano tivemos um veraneio fora do comum com mar verde, quente, quase nenhuma chuva e abundância de camarões.

A vontade que se tem é de ficar na beira do mar até que venha o outono mas, temos muitas ligações aqui e depois que se volta é difícil retomar o veraneio.

Parece que o povo irá no fim de semana que vem e eu, de qualquer forma devo voltar para cobrir a piscina, colocar algicida etc. etc.

Este ano consegui manter a água num padrão excelente.

Se necessário já terei uma outra profissão: encarregado de piscinas!!!

Até que no verão é uma atividade bem agradável.

Nestes últimos dias tivemos o Evaldo por lá e parece-me fora de dúvida que ele não tem mais condições de estar só.

Qualquer dia irá acontecer um acidente sério com ele.

O que nos surpreendeu é que em nenhuma oportunidade algum membro da família dele tenha telefonado para saber de como iriam as coisas.

Bem.

O Tergolina e os guris retornaram ontem de Fernando de Noronha e o Ângelo telefonou para dar um breve relatório da viajem: gostaram de mais e até o Pingo que sempre fora arredio a turismos, faz os maiores elogios ao passeio.

Filmaram bastante e ídem fotografaram.

Bolão comprou o Fuca da Marília e decerto irá se incomodar bastante por causa disto mas passarinho que come pedra sabe o cú que tem.

Patrícia debaixo de mau tempo, cada vez mais solicitada o que também vale para o Dr. Carlos Barrios.

Isinha fazendo um curso de fim de semana na Ulbra o que, com este verão prolongado, certamente não é uma boa opção.

Paulo Martins deve retornar breve do Espirito Santo.

Zilda deve operar-se esta semana: Heloisa falou para a Alda da operação.

Vou encerrar porque está um calor danado e acaba fundindo o computador que já está lento.

Até a próxima.

 

 

 

Quinta-feira, 11 de Março de 1999, 22:07, tempo bom.

 

Hoje fomos ao cinema para ver o filme que concorre com “Central do Brasil”.

Fomos no Guion e realmente é um centro de diversões muito bom. Tomamos um chope e traçamos um sanduíche, nada além de razoável. E, caríssimo; prevejo que aquilo lá não agüenta muito tempo.

O filme também é razoável, falta alguma coisa que eu defini como “história”; estamos acostumados às novelas que basicamente são enredo e assim, quando vemos um cinema predominantemente de imagem, parece que falta alguma coisa.

Na verdade, cinema é imagem assim que não há o que reclamar e até pelo contrário.

Tudo para concluir que “Central do Brasil” não tem a menor chance.

Neste momento o Grêmio está perdendo no Olímpico para o ABC de Natal…

Era a maior barbada e a coisa encrencou mas agora o Grêmio empata 3 x 3 e está classificado.

Houve uma falta geral de energia elétrica, parece que em todo o sudeste e sul.

O que será que houve?

Acabamos de falar com o Alemão; a Zilda opera-se Segunda feira e a Alda queria ir mas telefonou para lá e o povo dissuadiu-a. A Alda ficou indignada mas na verdade acho que eles têm razão, seria uma pessoa a mais para ser atendida.

Bem.

O João trouxe aqui o fuca que o Bolão comprou da Marilia e devo dizer que a compra nem merece comentários.

As partes envolvidas no negócio, pelo menos, são diferentes.

Ë muito possível que amanhã voltamos para o Imbé para que possamos trazer o resto da bagulhama e fechar a casa.

Ainda temos o problema do que fazer no dia do meu aniversário mas penso que a melhor solução é uma janta num destes bastantões que abundam por aí.

Fogo de Chão, por exemplo.

As pessoas acham que fazer 70 anos é um episódio que merece comemoração mas penso que o interessado não tem o menor mérito na coisa toda.

Como dizia o Pitigrilli, se quiseres viver muito, escolhe bem teus ancestrais.

O problema é que nunca se sabe de qual ancestral iremos herdar as nossas características vitais: às vezes ressurgem nas famílias velhos personagens de cinco ou mais gerações anteriores.

E aí você pode apagar com trinta ou com cem anos.

Neste momento e pessoal da radio está fazendo entrevistas para esclarecer o que houve com e energia elétrica que atingiu seis estados, fato inédito na história.

Tomara que não tenha sido sabotagem porque aí a casa cai.

De um modo geral, a situação geral da Bulgária já está horrível, com o Brizolla pregando a renuncia do FHC, o Tarso pedindo a sua substituição, a inflação reaparecendo, a criminalidade aumentando e por aí empós.

Situações assim não permitem um bom prognóstico.

A verdade é que os habitantes deste país são a escória da humanidade e procuram aproveitar-se de qualquer chance para depenar seus semelhantes: a maioria dos comerciantes, quando foi liberado o câmbio, imediatamente subiu até 30% nos preços.

É uma velha história que tem origem na formação das classes economicamente dominantes, as quais se estruturaram no tráfego de escravos.

Como bem sabia o Ciro Gomes, a única maneira de acabar com a inflação no Brasil é segurar o dólar e liberar as importações.

Vou registrar um exemplo: o Waldir, vendia água mineral por R$6,00 o garrafão e quando o dólar subiu, aumentou para R7,80 enquanto o Alemão vendia a mesma água por R$5,50!

O Ruy Barbosa sintetizou toda esta infame realidade na oração que deveria ser afixada em todo o país a qual versa sobre o triunfo das nulidades e o sucesso dos patifes e vigaristas e sua descrença no Brasil.

Infelizmente, cada vez mais o que ele disse é verdade.

Enquanto isto, o Olívio continua enchendo o saco: ele agora aprendeu duas palavras novas “espraiar e capilarizar” e fica falando isto a toda hora e sob qualquer motivo.

Antigamente era “transparência”!

O cara é um galocha.

No momento desenha-se uma briga com o PDT que quer cobrar em cargos do governo o apoio que deu para a eleição do Olívio e que foi fundamental: não fosse a candidatura daquela anã de jardim, a Emília Fernandes, o Brito ganharia no primeiro turno.

Só que o Olívio que reduzir o pessoal em 40% – no que ele tem razão – e já encheu com as pedinchices do PDT.

Je veux que s’en fous.

No fim, a Patrícia tem razão: o negócio é se mandar para outra pátrias que esta aqui é uma merda; vejam que eu não uso o verbo “estar” e sim ‘verbo “ser”.

Mudando de assunto, agora de noite estivemos na Saara que está bem e me devolveu a miniatura do espadim de Caxias que eu havia dado à mãe em 1947!

São mais de cinqüenta anos.

A mãe pretendia transmiti-la a algum neto que segui-se a carreira militar mas não apareceu o candidato que, aliás,  só poderiam ser ou o Beto ou o Bolão.

E para quem irei passá-la?

Com tão profunda reflexão, o melhor ir dormir.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 15 de Março de 1999, 21:18, bom.

 

E assim, depois de quase três meses, encerramos o veraneio de 99, um dos melhores que tivemos; se foi influência de La Niña, bons vento a tragam de volta no ano que vem.

Por aqui tudo em ordem, a casa brilhando graças aos muito bons ofícios da Olívia.

Bolão chegou junto conosco e estão todos bem na casa dele.

Está meio desanimado com o fuca mas agora é tarde.

No mais, tudo em ordem.

Para amanhã, meu aniversário, planeja-se uma janta conjunta no Fogo de Chão, sob a batuta da doutora Patrícia.

Faço setenta anos, como todos sabemos.

O fato mereceria algumas digressões inteligentes mas penso que já expus o que penso do assunto: procure escolher ascendentes longevos.

Claro que no tempo em que se usava penicos, papel higiênico era sabugo e água de poço, era muito difícil viver-se tanto mas, mesmo assim, o Matusalem – dizem – viveu bem mais.

Os avanços científicos, mais especificamente aqueles referentes ao Projeto Genoma, estão indo tão rapidamente que a futura geração, nossos netos, certamente vão fácil além dos 140 anos.

Vai ser duro enfrentar no mercado de trabalho um cara com cem anos de experiência.

Na verdade o sucesso é uma soma de fatores tão heterogêneos que não se pode afirmar que uma longa experiência seja fundamental.

Certamente vai continuar valendo o QI ( quem indica).

Também me parece que os negrão da Somália não terão muitas chances de beneficiarem-se com as descobertas do povo da universidades americanas.

Ainda vai haver gente cuja maior preocupação será a mandioca do almoço.

Ou seja, vai se acentuar o famoso gapp daquele gordão da Fundação Hudson (?).

E nois aqui às voltas com o Olívio!

É dose.

O Galo tem, pelo menos, fornecido boa matéria prima para os chargistas e certamente irá fornecer muito mais.

Ainda vem muita besteira pela frente.

Telefonou o Banda para informar que foi tudo muito bem com a operação da Zilda que sequer foi para a UTI.

Surpreendente para uma operação de pulmão.

Chegou o Paulo Martins; contrariamente ao que sempre doutrinou, parece que passa o verão no norte e o inverno aqui.

Pelo menos é uma pratica curiosa.

Quem esteve na praia este fim de semana foi a Maria Teresa que almoçou conosco no Domingo; muito educada e agradável, parece ser mais uma vítima de um mau serviço de relações públicas.

O Imbé está deserto e a praia vazia mas muito agradável e ainda hoje fizemos nossa caminhada a beira mar.

Trouxemos camarões mil, muito bons, graúdos  e por um preço razoável para o período de Páscoa: R$6,00, com casca.

Reencontrei, na praia stritu senso o Rudá de Oliveira Freitas, irmão mais moço do Ibá, colega de turma que já está com Manitou; trata-se de um coronel de Cavalaria da ala radical, TFP, UDR, candidato a deputado federal, estes babados.

Papo brabíssimo.

Como só estava ele e uns papa – terra ariscos, valeu a experiência.

Por sorte não é galocha e se arranca na primeira chance.

Como eu!

Boas noites.

 

Quarta-feira, 17 de Março de 1999, 18:41, quente.

 

Ontem festejamos meu aniversário no Fogo de Chão; foram todos mais a Saara e o Paulo, o Leo e a Enilda e o Paulo Martins nos seus trajes de mendigo nordestino.

Estava muito bom e como havia uma picanha fora do normal, fui perguntar de onde era.

Pois era do Texas!

Até em picanha, um de nossos últimos totens, já estamos no segundo time.

Pior do que isto, só o governo do PT; agora os pátrias arrumaram uma briga com a Brigada Militar.

Transferiram uns coronéis na calada da noite – olha a transparência – e como os caras chiaram feio, hoje já há umas notícias nos jornais, daquelas meio ambíguas, sugerindo que os caras são maus sapos, bandidos; esta técnica de avacalhamento sub-reptício é antiga, a SS usava muito.

Reitero: estes caras do PT, radicais e ideológicos, ou seja burros e donos da verdade, ainda vão incomodar e muito.

Não esquecer que eles, confessadamente, admitem a luta armada para chegar ao poder; só que, quando começam a levar pau, vão para a rua gritar que são mártires, vítimas da brutalidade etc.etc.

Conhecemos esta novela e vimos até pela televisão naquele episódio em que uns bichas da UNE agrediram a Ruth Cardoso.

Vou arrumar um bom emprego em Santa Catarina.

No mais, tudo em paz; hoje há um Grenal e decerto o Ângelo já está no Olímpico fazendo a ola.

Pela lógica, ganha o Grêmio e fácil.

Ainda hoje registrarei aqui o que aconteceu.

Acabou de telefonar o Bagé que ontem não me encontrou; aliás, houve mil telefonemas e também ganhei muitos presentes, dentre os quais uma bolsa de mão, chiquérrima que vai me obrigar a estreá-la no mínimo em Paris…

Foi presente do conjunto dos filhos, exceto a Isinha que me deu um livro do Luiz Fernando.

Vou desligar este computador que está um calorão danado e acaba queimando o processador, o que já aconteceu com o Carlos.

Volto mais tarde, se refrescar.

Agora, 10:40, o Grêmio e os nojento estão em 1 x 1.

Estive lendo o livro do Luiz Fernando que ganhei de aniversário; acho que o vizinho é realmente muito inteligente mas anda exagerando pour épater les bourgeois.

Interessante que não li e nem ouvi nenhum comentário sobre este livro; talvez a crítica não tenha gostado e com razão porque o livro é – digamos- excessivamente snob.

Uma demonstração de erudição e de situações pelo menos surpreendentes.

Vamos ver como continua pois ainda estou no primeiro terço.

É uma mistura de “Caso dos dez negrinhos” com “Cem anos de solidão”.

Na praia comprei e li umas histórias de futebol escritas pelo Galeano. Sem comentários.

Agora, sem comentários mesmo é o livro “Sala de Redação” que foi sucesso na Feira do Livro.

Francamente não nem a ser uma porcaria, é uma picaretagem primária e nada mais.

E, como tal não merece comentários.

Falando em droga, o grenal terminou em 1 x 1.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 18 de Março de 1999, 12:28.

 

Resolvi trazer cópia destes registros aqui para o escritório porque sempre aparecem uns tempinhos vagos entre um chato e outro.

A função de advogado é realmente muito estimulante mas, além das dificuldades decorrentes das lide em si, ainda há os clientes.

A coisa funciona mais ou menos assim: de manhã o pátria acorda e fica imaginando que o processo está demorando muito, que decerto o advogado está se jogando nas cordas.

Aí telefona e passa a levantar mil e uma hipóteses que podem ameaçar o seu dereito!

Na verdade, a prestação jurisdicional é um serviço público como qualquer outro e acaba dando a César o que dele é.

O resto é chifre em cabeça de égua, neurose, freudismo.

Às vezes perco a elegância e sou ríspido com os oligões, o que também não é certo.

Às vezes sugiro aos pátrias para irem estudar Direito, formarem-se e assumirem seus pepinos.

Como me disse um mestre, sou mais jurista do que advogado o que significa que preocupa-me mais o Direito do que o direito dos eventuais clientes.

O Diogo, por exemplo, fazia qualquer negócio para ganhar suas causas, inclusive praticando ilegalidades, prática com a qual nunca concordei.

Admito que advogados assim ganham fama e pecúnia mas acho que desservem a Justiça, o que não é bom para ninguém.

Pior do que advogado safado, só juiz corrupto, mal do que estamos livres aqui no RGS mas que é comum no resto do Brasil.

Neste momento o Antônio Carlos Magalhães, Presidente do Senado, está fazendo uma campanha para abrir uma CPI que irá investigar o Poder Judiciário o que vai causar uma alaúsa danada porque aqueles tribunais do Norte e Nordeste, são o fim da picada.

O Almir Pazianotto, presidente do TST, resolveu brigar publicamente com o ACM, o que, pelo menos, é uma temeridade.

Em seguida ficamos sabendo que o Pazianotto, considerado vestal, emprega toda a família no Tribunal…

Vai ser um rebu geral.

Particularmente acho que o ACM tem razão e a Justiça do Trabalho deve ser extinta porque ao longo do seu funcionamento foi criando um monte de aberrações e safadezas jurisprudenciais que a tornaram execrável; cito o caso das perícias, da inversão do ônus da prova e os acordos a qualquer preço.

Hoje, em qualquer junta, juizes e vogais forçam o acordo, inclusive ameaçando a parte reclamada de que irão se ralar se não pagarem algum para o reclamante, geralmente um safado apoiado por formandos da Unisinos e da Ritter dos Reis que ficam lá no Mercado Persa faturando umas migalhas resultantes de acordos com domésticas e faxineiras.

Foi assim, no Mercado Persa, litigando contra a CEEE cujos advogados amoleciam porque também eram funcionários, que o ilustre vestal Tarso Genro enriqueceu e fez o seu cartaz como defensor do povo.

Defendeu foi o bolso dele.

Ainda bem que o PT já está mostrando o que quer e pode e não demora muito desmorona.

Pena que iremos nos ralar junto.

O tema é interessante: passa-se a vida inteira constatando que o treinamento, a capacidade, são cada vez mais necessários para o bom desempenho de  determinadas funções e aí, na hora de eleger um governante, escolhe-se o pior, o galo da Bossoroca, puta que pariu!

Costuma-se dizer que, para arrancar um dente, exigimos treinamento universitário mas para presidir a república, basta ser eleitor.

Já li algures que foi por defender tese de mesmo mérito que Sócrates foi condenado à cicuta.

Até pode ser verdade porque a filosofia socrática pode ser resumida numa frase: bom é o que sabe.

E aí nois elege o Galo!

Como é que os caras têm coragem de ironizar a Carla Perez por achar que história começa com “i” e que Blumenau é no Rio Grande do Sul?

Que mal nos faz a falta de erudição da Carla Perez?

Alguém já gozou o bolha do Olívio porque usa “capilarizar” e “espraiar” como sinônimos e na realidade são antônimos?

Alguém já disse para um tal imbecil que “capilarizar” não existe no vernáculo?

Aliás, é bom não dizer porque aí ele volta para “transparência” e  “cidadania” palavras que acabou decorando.

Até mais.

 

Sexta-feira, 19 de Março de 1999, 21:30, calor brabo.

 

O verão continua medonho  não há esperanças de que vá melhorar; hoje, o movimento da friuei estava grande, o bloco se mandando para o litoral.

Como amanhã é o casamento da filha do Lins, não podemos ir; também porque Segunda feira tenho um audiência em Passo Fundo.

Depois vai começar a operação Bagé.

O João teve um problema de choque térmico e está com um lado do rosto paralisado; diz a médica que é coisa de pouca monta e que ele sara em 48 horas.

Está o próprio Paulo Santana.

Hoje almocei com o Bagé no Plazinha que está uma droga; o Eduardo está com o negócio da casa dele fechado; com o dinheiro da venda pretende pagar a primeira parcela do BB e liberar a fazenda de Bagé.

Tomara que dê tudo certo.

Encontrei também um velho conhecido, o Heinrich Pudler, um alemão muito simpático que faz parte do meu folclore; um pouco por causa dele é que hoje sou advogado.

Acho que ele é da Odessa.

Uma coisa que pretendo fazer nestes registros é anotar propagandas boas, daquelas que a gente não esquece tipo “nois viemo aqui pra bebe ou pra conversá”?

A Antártica lançou uma em que aparece a fazenda dela na Amazônia onde plantam o guraná. Aí o apresentador, com cara de safado, pega a frutinha do guaraná e diz:

  • Está é a fruta que a Antártica põe no seu guaraná. Agora pede para a Coca Cola mostrar a frutinha dela…

Mais ou menos assim e estou registrando porque saiu do ar, é agressiva e a Coca deve ter ido para o Conar.

Em compensação há uma propaganda da Telet – ou algo assim – que enche o saco.

E, passa a toda hora.

Aquela dos gordinhos do DDD também é para acabar com o saco de qualquer um.

Interessante registrar estas coisas porque a gente esquece mas sempre aparece um galocha que pergunta:

  • Tu te lembras daquela propaganda da Minancora que saia no rádio quando a gente era guri?

E por causa disto, vou lembrar algumas que nunca mais foram esquecidas:

  • “Veja ilustre passageiro…
  • “Safrol, o amigo do peito…
  • “Pilulas de Vida do Dr. Ross…
  • “Talco Ross…
  • Água Salus (em Botafogo, no Rio)
  • O Dragão da rua Larga ( no Rio).

E por ai empós; na medida em que me ocorrer, registro.

Domingo é o aniversário da Isinha mas não sabemos qual será a programação porque ela fica na ULBRA desde Sexta de noite até Sábado idem.

O Ângelo fica só em casa e não sei como ele se arranja para comer.

Agora ele treina futebol no IPA todas as tardes, da duas às cinco o que é péssimo para quem deve fazer vestibular no fim do ano.

Acho que no terceiro ano do 2º grau, as pessoas deveria dedicar-se só ao estudo, é uma questão de prioridade.

Mas, cada um sabe de si.

Vou desligar este computador porque o calor está demais.

Boas noites.

 

Terça-feira, 23 de Março de 1999, 19:08, calor.

 

O tempo continua seco e muito quente: do jeito que vai, o verão só termina no dia de São João.

Ontem fui, com o João, a Passo Fundo; aproveitamos para comprar erva em SÃO LUIZ DA MORTANDADE, lugar que eu, não sei porque, havia escrito chamar-se SÃO JOÃO etc.

Acho que deve ser porque o São Luiz não senta muito com mortandade enquanto o velho São João da Salomé, é muito mais afim com acontecimentos de tal tipo.

Fica a retificação que agora está documentada com uma foto.

O João teve um acidente facial que o deixou parecido com o Paulo Santana mas, nada de mais, agüentou muito bem a viajem que se não é muito longa, também não é um piquenique; principalmente por causa do calor que está de rachar.

Hoje o Ângelo viria estudar aqui mas acho que me enganei, é amanhã e Quinta eis que Sexta ele tem prova de Matemática.

Domingo tivemos o aniversário da Isinha com grandioso galeto e o Lucas apanhou goiabas para mim que até já foram transformadas em doce.

Há miríades de goiabas lá na Isinha e neste momento o Lucas acaba de telefonar que colheu mais um montão que virão amanhã.

A Lígia do Muratore está de olho.

Heloisa foi agora de tarde ver “Shakespeare Apaixonado” o filme que faturou vários Oscars.

Conforme previsto “Central do Brasil” não levou nada e os prêmios, inclusive de melhor ator, ficaram com o italiano “La Vida é bela”.

O povo crítico daqui está metendo uma lenha federal nas babaquices da festa do Oscar e nos prêmios e premiados.

É claro que trata-se de uma festa americana et pour cause babaca e os prêmios têm como fundamento a possibilidade de bilheteria: sé é um filme que tende a faturar alto, leva o prêmio, mesmo que seja um água com açúcar e parece que foi o caso.

Heloisa informa que “Shakespeare” é um filmezinho e nada mais.

DE qualquer forma, o assunto das últimas semanas tem sido cinema e até que não é dos piores.

Voltando para o dia a dia, o Stalin dos Pampas resolveu cortar a grana da Ford e da GM, contrariando o que documentalmente afirmava durante a campanha do segundo turno.

Enquanto o povo não se convencer que estes caras são radicais e fazem qualquer sujeira para alcançar o poder, iremos repetir a mesma farsa, o chamado estelionato eleitoral.

A história é muito antiga.

Hoje assassinaram o vice – presidente do Paraguai e o presidente mais o Lino Oviedo, um general fanfarrão estão sendo formalmente acusados o que significa guerra civil à vista.

Também no Chile a coisa está muito feia por causa do affaire Pinochet que terá o seu pedido de extradição julgado amanhã.

A América latina volta a se agitar e estamos no bolo; se os pretorianos dos USA resolverem meter-se no agito, o Olívio será uma das justificativas: afinal o RGS corresponde a três Paraguais e, pelo menos um Chile.

O Olívio para eles, é, mutatis mutandis, um novo Allende; sei que o Allende não merece a comparação mas a moçada no exterior não sabe que o Galo toma sopa de garfo.

E fazendo barulho…

Há muito tempo atrás, no tempo do neo – realismo italiano, apareceu um filme em quatro episódios, cujo título era “I Bamboli”; um dos episódios chamava-se “La zupa” e deveriam passá-lo de novo.

Com os PT no palácio, está atualizadíssimo!

Neguinhos colocam o bico a um metro a colher e chupam a sopa com um ruído que assusta a Eva Sopher lá no São Pedro.

Falando nisso, essa filha de Israel tem menos amor próprio do que expõe ao público: quando os PT assumiram e lhes foi perguntado se iriam manter a Sopher no São Pedro, responderam que se ela atendesse aos pressupostos, sim.

Se não, seria defenestrada. Todo mundo pensou que ela iria mandar o Pilla Vares enfiar o teatro no cú mas ela preferiu atender ao telefone com “Governo popular Democrático: Teatro São Pedro às suas ordens”.

Foi por estas e outras que os judeus foram massacrados pêlos alemães: se eles tivessem reagido os fredolinos teriam pensado duas vezes antes de baixar-lhes o cacete.

Afinal, se eles já estavam mortos mesmo, pelo menos levavam um fritz junto.

Mas não, embarcavam como cordeirinhos.

Estamos também que a OTAN vai atacar a Iugoslávia e se os pintas pensam em uma nova guerra do Golfo, estão completamente enganados.

As guerras mundiais sempre começam nos Balcãs porque aqueles cabeças de porongo são terríveis e combatem há mais de mil anos quase que ininterruptamente: eles já irrompem com um máximo de crueldade, o que só acontece quando a guerra se alonga e os ódios vão se acumulando.

Enquanto isto a OTAN entra de boinas verdes e salto alto.

Vai começar mais uma inana e das boas.

Ou seja, irá acontecer a clássica saída para as crises mundiais: Guerra!!!

Nihil novu sub soli, frase que agora se atribui a Shakespeare quando na verdade é dos Eclesiastes ou vai ver até está em alguma tijoleta dos babilônios.

O que é a ignorância e o Oscar.

Com o que me despeço para ver Casseta e Planeta.

Boas noites.

 

 

Terça-feira, 30 de Março de 1999, 23:10, refrescando.

 

Essa foi uma semana cheia e então temos o seguinte paradoxo: se os acontecimentos são muitos, então não tenho tempo de registrá-los; se são poucos, o tempo sobra para vir para cá e escrever.

Só que aí não há o que escrever.

Parei na Terça passada; durante Quarta e Quinta, foram aulas de Matemática para o Ângelo.

Na Sexta fui para Bagé com o Eduardo, donde retornamos Sábado.

No Domingo, grandioso churrasco nos Barrios para comemora os 44 anos do Carlos.

Também a família Leuschner chegou da Alemanha; estivemos no aeroporto mas como o vôo atrasou três horas, voltamos para casa.

Amanhã vão todos para Torres; no dia 9 d abril farão uma open house para o que já nos convidaram; será também o bota – fora dos fredolinos que retornam para a Alemanha acompanhados da Ilsa que irá permanecer pôr lá até outubro.

O Paulo Martins deve retornar para o seu paraíso no dia 15 e a Alda prepara-se para ir até ao Rio, visitar a Zilda caso em que a Heloisa também irá.

Silvia embarcou hoje para os USA e telefonou do aeroporto se despedindo; voltam e dezembro e querem que eu vá inaugurar a churrasqueira da Gávea.

Como vemos as viagens são muitas tanto que estamos nos preparando para ir ao Imbé na Páscoa…

No campo esportivo, o Grêmio perdeu o Grenal mas classificou-se para a Copa Sul, o Brasil perdeu para a Coréia e amanhã decerto irá perder de novo para o Japão.

No que concerne à política local os PT continuam brigando com todo o mundo: montadoras, Brigada Militar, União, Assembléia etc.

A Ford já está arrumando as malas e a GM parou.

Esses PT estão retornando aos anos 20, quando o Stalin assumiu na Rússia.

Nois merece.

O dólar em queda livre, os investimentos crescendo, parece que a tão famosa crise já era, para desgosto do Brizola que agora prega a renuncia do FHC do mesmo e exato modo como pregava a permanência do Collor.

O Brizola falou ontem na televisão contra o governo do Brito que ele classificou como governo de “velhas raposas” da política…

Ele se acha uma raposa nova.

Coerência em política não é muito praticada mas, não se pode exagerar.

No âmbito mundial, a OTAN segue atacando a Iugoslávia o que vai acabar engrossando porque o presidente da OTAN é um espanhol e o da Iugoslávia um bandido, ou seja, a mesma coisa.

Quando começarem os combates terrestres é que os neguinhos irão ver o que é bom para a tosse.

Os OTAN se acostumaram mal com o arabatachos do Sadan.

Colocar soldados inexperientes em combate terrestre contra veteranos que ainda por cima conhecem o terreno é o mesmo que levar bois para o matadouro.

Observem, via TV, o equipamento dos iugos: um gorrinho na cabeça, um bornal de munição, sapato confortável, um bom fuzil e nada mais; agora vejam a parafernália que carregam os da OTAN e vejam se não se parece com as armaduras que os cavaleiros da Idade Média carregavam e que, na prática, os impediam de combater.

Colocar um encouraçado daqueles em cima de um cavalo era um operação que exigia três ou quatro pagens; quando o pátria caia do matungo, estava liquidado porque sequer conseguia se levantar, tamanho era o peso da lataria.

Infante, quanto mais leve, melhor, inclusive o armamento.

Uma arma calibre 22 produz feridos o que exige evacuação, hospitais etc.

Uma arma 45 produz mortos, coisa muito mais simples de manejar, segundo as cruéis razões da guerra.

Como já estamos cansados de saber, a vontade de lutar é que dá as vitórias na guerra e, por definição, tropas mercenárias não apresentam este atributo.

A tropa da OTAN é mercenária.

Nesta altura, caberia uma dissertação sobre italianos e oriundi como os portenhos que não têm muita vontade de andare a la guerra perche se mangia male e se duorme per terra.

A grafia em italiano aí de cima não está errada: é um dialeto!!!

Então tá.

Dia 27, o Banda fez aniversário e tudo bem por lá; a Zilda está melhorando mas o quadro é sério.

Como se diz, arte de escrever é a arte de sentar o que significa que deve-se reservar tempo e perseverar; na medida em que a gente escreve menos, menor é a disposição.

Depois da Páscoa, pretendo voltar a escrever de modo mais assíduo e, principalmente, mais interessante, fazendo uma abordagem mais humorística.

Aguardemos.

Este negócio de escrever só por escrever ou seja, para não publicar, sem nenhuma obrigação, coloca a coisa toda num plano muito baixo das prioridades: se der deu, se não der, tudo bem.

O que não é estimulante.

Boas noites.

Quarta-feira, 31 de Março de 1999, 17:19, vem chuva.

E assim entramos no glorioso mês de abril: parece mentira mas já faz um ano que estivemos em Portugal.

As memórias ainda estão muito vivas, parece que foi ontem, desculpem o chavão.

Durante o veraneio, li o livro do Saramago das viagens que fez pelo interior de Portugal.

Cada um na sua mas a visão dele é completamente diferente da minha e penso até que ele foi patrocinado por algum órgão público que cuida de antigüidades.

Os comentários versam sobre igrejas e castelos velhos mas não nada sobre de como viveriam os construtores e usuários.

É uma descrição muito bem feita e com comentários inteligentes mas totalmente impessoais; como ele é materialista ferrenho, penso que não está interessado em aspectos subjetivos mas, por isto, a obra fica meio maçante.

De qualquer forma, muito bem escrita embora nada a ver com o Garret, fato aliás que ele deixa bem claro na apresentação.

Aprende-se muito mais com o Eça do que com o Zé Saramago.

En passant, no aniversário do Carlos, a filha do Renato pediatra lia um livro do Eça, obviamente para fins de vestibular; aí fiz uns comentário e ela resolveu dar uma impressionada geral na burguesia circundante.

Disse-me que adorava o Tolstoi e também o Dostoiewski!

A guria deve ter uns quinze anos e deu para sentir a esnobada no pobre marquês.

Aí perguntei a ela se havia lido o Tolstoi em russo e ela vibrou porque teve a chance de responder que não, que o fizera em inglês!

Disse a ela que as traduções em inglês eram fracas e que o melhor então – já que em Português eram muito ruins – seria ler em francês.

Ela disse que não sabia Francês mas já estava tratando de corrigir tamanha falha em sua educação, matriculando – se na Aliança!

Com o que só me restou recomendar-lhe a leitura de ” Almas Mortas” do Gogol.

Em francês!

Mas a menina é muito simpática e, quem sabe, não será mesmo uma (futura) literata?

Esqueci de perguntar qual a Faculdade que pretende cursar.

Em matéria de leitura e literatura, a gente pode esperar tudo dos supostos entendidos.

Estes dias um cretino qualquer da PUC comentou em Zero Hora, uma pesquisa feita na Alemanha sobre quais seriam os eus maiores escritores e o cara estava escandalizado pela presença destacada de Thomas Mann e Karl May.

Não vou comentar o Mann que aí já é brincadeira mas sobre o Karl May ele disse que ele era leitura de ” nossos avós que eram semi – analfabetos”.

Que grande imbecil, filho duma puta: o mundo inteiro leu

“Winnetou”.

O que mais me impressiona é que ninguém chiou mas eu vou escrever ao amigo Scliar – que certamente leu também – para que publique algo a respeito.

E vai ser hoje antes que me esqueça.

O pinta este deve ser esquerdinha de bar pelo que falou de Goethe, Schiller e Thomas Mann.

É um saco agüentar esquadrinhas de bar.

Na novela “Andando nas Nuvens” capítulo de ontem, há uma cena em que um desses pintas regouga para um público pouco asseado sobre uma exposição de “vanguarda” que a polícia de Brasília impediu que fosse feita no pátio do Legislativo.

Há dois personagens envolvidos, além do apresentador da exposição, uma repórter idem metida a intelectual e um repórter mais dado ao quotidiano brutal.

O repórter faz umas perguntas para o apresentador e diante das respostas cretinas conclui:

  • Na minha terra, isto não é arte, é picaretagem!

Eis aí um resumo perfeito do que acontece em casos semelhantes.

Com exceção do teatro local que nem mesmo picaretagem é.

Já comentei muito.

Hoje o PT está comemorando o 31 de março – aniversário da revolução de 64 – ao contrário: haverá várias reuniões de  “intelectuais” para analisar o que realmente ocorreu.

Um dos locais preferidos do PT, como “Espaço Cultural”, é a Usina do Gasômetro que só não foi demolida porque uns caras, egressos do Colégio Militar, não deixaram.

Andavam de chapéu na mão pela cidade pedindo ajuda mas sabiam que, se desse certo, logo apareceriam novos pais.

Não deu outra.

Dizem quem por lá anda, que as manifestações de arte popular que lá se exibem são tão ridículas que dá vontade de praticar o haraquiri nacional.

Quem já ouviu o papo de algum adido cultural do Município e não teve uma apoplexia é por que sofre de autismo.

E, definitivamente o PT não quer a Ford e encerrou o assunto.

Um deputado da oposição perguntou se não foram consultadas as bases do Orçamento Participativo, porque o Olívio decidiu sozinho uma questão que interessa tanta gente.

Aí os caras desconversam ou nem respondem conforme a velha tática do discurso stalinista.

Todo o mundo pensava que depois de Descartes, a Escolástica estava enterrada mas agora sabemos que volta com os PT.

Como sabemos, a Escolástica não admitia dúvidas nem questões e nem diálogo: o padre explica tudo e o que não pode explicar, é uma razão de fé e, temos conversado: ou aceita ou vai para o Inferno, para a fogueira ou para o Gullack, depende da época e do país.

E a gente no meio.

Aliás, pensando bem, não surpreende porque o Olívio é Misssioneiro, herdeiro da cultura jesuíta, classicamente escolástica.

Os jesuítas queixavam-se muito que os índios deixados de per si eram indolentes e cachaceiros o que confirma a ,minha tese.

Também diziam que o sonho deles era tomar chimarrão e ver as encenações que os padres faziam com os índios num arremedo de teatro.

Também confere.

Semana passada, numa cerimônia oficial importante, formatura de oficiais da Brigada, o Olívio ficou no palanque tomando mate.

Não demora vai virar motivo de galhofa.

Os caras já são loucos para gozar os gaúchos e com uma deixa destas, vai ser uma festa.

Já estou imaginando que irão chamar o Olívio de Monica Lewinski dos Pampas: vive chupando.

E, nóis no meio!

Aí os tradicionalistas vão ficar indignados e dizer que isto é uma barbaridade.

Barbaridade é o Olívio.

Pior que ele só o Brezol.

Que vai Ter que calara boca porque os investidores voltaram, as exportações subiram e o dólar despencou de tal modo que o Banco do Brasil foi obrigado a comprar para segurar o preço.

Hoje entrou o Negrão na briga: vai entrar com uma Ação Popular” contra o orçamento participativo que está deslocando os Conselhos Regionais criados por ele e filiando os que por lá aparecem, no PT.

Eu sempre disse e repito: para derrotar o PT só o Negrão Collar que usa armas piores do que as deles.

Infelizmente o Brezol, com medo da concorrência, fechou as portas do PDT para o Negrão e assim transformou o PDT em capacho do PT.

Aquela anãzinha de jardim, a Emília Fernandes, empregadora de filhos e mais parentes é a que mais torpedeia o Negrão porque, se ele volta, ela também volta: para Livramento.

E assim vão as coisas neste Rio Grande: de mal a pior.

Vou fazer coisa mais útil do que falar do PT, por exemplo, ver se arranjo um bom lugar em Santa Catarina ou alhures.

Até.

 

Segunda-feira, 5 de Abril de 1999, tempo chuvoso.

 

Passaram os feriados de Páscoa e não fomos à praia porque choveu barricas; a Isinha foi mas voltou no Sábado quando caiu um toró que alagou tudo; em frente de casa, a Rio Grande ficou intransitável.

Ontem fizemos um grandioso espeto corrido e estiveram mis de vinte pessoas, inclusive a Saara, o Paulo e a Bia.

Os feriados transcorreram calmamente e pouco saímos ou melhor, nem saímos.

Hoje de manhã o tempo estava ensolarado mas já fechou e parece que continua assim por uns dez dias.

Não demora e os caras que choravam por causa da seca, irão se queixar da enchente; lavrador é chorão por natureza, principalmente contra o tempo meteorológico.

A frase mais conclusiva sobre o tema é de – esqueci o nome do autor de Tom Sawier – que dizia:

– Ouço todo o mundo falar mal do tempo mas ninguém faz nada a respeito!!!

O que adianta queixar-se de falta ou excesso de chuva? Existe alguém capaz de diminuir chuvas ou aumentá-las?

Só São Pedro que já encheu o saco com os pidões e chorões.

Amanhã é o aniversário do Pingo mas acho que será difícil encontrá-lo por causa do trabalho, estudo e Rachel.

Ainda por cima a Isinha dá aulas de noite.

Vou mandar um E Mail para ele.

Hoje de noite creio que iremos até a Liris que também cumple años.

Março e abril são os meses mais marcados por aniversários.

Como a Heloisa não esquece as datas e faz questão do presente, penso que o orçamento dela deve estar estourado.

O João levou o Fuca do Bolão para concerto em Flores e voltou de ônibus; de qualquer forma, é possível que a partir deste concerto, pelo menos o Fuca fique mais seguro.

Até acertar aquela cacaiama ainda tem muita oficina pela frente.

A próxima compra do Bolão vai ser uma fábrica de chapéus gelot.

Falando nisto, o dólar está preocupando: é que vem caindo sistematicamente e daqui a pouco vai voltar ao patamar dos R$1,30 o que – diz-se – é ruim para exportações.

Este país não é para entender.

E a OTAN prepara-se para atacar os sérvios, com Infantiria de linha.

Antes porém – se é que eu ainda entendo alguma coisa de guerras – vão arrasar aqueles batuqueiros com ataques aéreos.

Neguinhos irão se arrepender de degolar os outros.

A dúvida que fica é : tira o Misoloviks ou algo assim e bota quem? De que religião? De que nacionalidade?

Acho que a única saída é criar mais três países nos Balcãs e avisar:

  • O primeiro que se meter de pato a ganso vai levar tanta bala que isto aqui vira mina de chumbo a céu aberto.

Mas que os albaneses irão atrás dos sérvios, certamente irão; nem que seja no ano 3000.

Enquanto isto o gambá da Sibéria descobriu a pólvora e avisa:

– Cuidado! As guerras geralmente começam nos Balcãs.

Ninguém não sabia disto velho Bóris, só tu!

Quanto mais confusão por lá, mais os neguinhos aplicam suas granas aqui e talvez esta seja a explicação pelo rápido desaparecimento da crise, baixa dos juros, do dólar etc.

Acho que até o fim do ano, se a coisa continuar assim, os economistas do governo vão começar a desconfiar:

  • Não será por causa dosovo que a crise se foi tão rápido?

Boas noites.

 

Quarta-feira, 7 de Abril de 1999, 17:27, chuva forte e contínua.

 

Penso que agora acabou a seca; aguardemos o pranto das enchentes.

A fofoca hoje está grande por causa da Ford e da GM; acontece que ontem, em entrevista ao Lazier, o Olívio declarou mil vezes que não vai dar dinheiro para rico, só para pobre.

Hoje o povo da GM disse que ou ele cumpre o contrato ou eles congelam a fábrica; a Ford vai além, se os PT não cumprirem os contratos, vão processá-los por lucros e perdas, entre outras coisas.

O presidente da Ford disse que a instalação de uma fábrica do porte da Ford é um problema que mexe com o mundo todo e que dia dezesseis ele tem uma reunião nos USA, com empresários que viriam operar as fornecedoras de partes e peças e que esses tais vêm da Alemanha, França etc etc.

Quem vai pagar as despesas que esses caras já fizeram?

Já vi este filme quando o Galo assumiu a Prefeitura e privatizou linhas de ônibus

E o que o presidente da Ford  vai dizer para eles? Que o Rio Grande é uma província marxista? Que somos nós, Cuba e a Coréia do Norte?

Com que cara ele vai ficar, se é que vai ficar porque – afinal – foi enganado com promessas por uns 171 de província, uns babacas do interior.

Como eu venho dizendo há tempos, este negócio de PT é muito mais sério do que estão imaginando os simpatizantes de bar.

Estes caras querem o poder por qualquer preço e pregam abertamente – inclusive o Olívio – a luta armada.

Estamos preparando um Allende.

A oposição já está se organizando para impechar o Olívio por total incapacidade administrativa.

Hoje ouvi no rádio o líder do PT na Assembléia defendendo as idéias do Chefe: a gente tem vontade de ir lá e dar umas porradas no cara, tamanho é o cinismo, tanta a cara de pau.

Os caras mentem sobre fatos conhecidos, são incoerentes com atos recentes, deduzem mal e prevêem pior.

Nem o povo das SS era tão safado.

O Goebells não seria aceito no PT por excesso de ética.

Tem mais: quem pensa que acabou o tempo das degolas, está totalmente enganado; esta merda aqui fica pior do que a Bosnia, a Sérvia, Kosovo etc.

O Roberto Campos esteve aqui, assistiu uma palestra do Olívio e chegou à conclusão que o referido é um habitante de Marte, tamanha é a sua desinformação sobre o que está acontecendo no planeta Terra.

Tenho para mim que a solução vai ser o Brasil chutar o Rio Grande da Federação!

Seria uma bela saída para o impasse que estamos criando.

Aí voltavam os jesuítas, aldeavam os nativos, passávamos a viver de carne e chimarrão, tudo como quer o nosso nunca assaz amado Galo Missioneiro: todo o mundo pobre, cagando no mato e limpando o Cu com sabugo.

Chô égua!

No mais, tudo andando: neste momento realiza-se aqui em casa o chá das véinhas de Vacaria que agora contam com o Vares no plantel para fins de completar a roda de jogo.

Acabei de chegar da Liege onde fui fazer uns tratamentos dentários; o consultório está muito bem instalado e nota-se que a Liege está entusiasmada porque está colocando ar condicionado, porteiro eletrônico etc.

E, os clientes começam a aparecer.

Logo eles estarão se mudando para a Três Figueiras, conforme previsto.

Se bem que a Glória é muito agradável e, para mim, traz boas recordações de infância.

Não mudou muito, a Glória.

E já fazem mais de 60 anos que moramos na Cascata 2319.

A casa não existe mais mas muitas contemporâneas ainda estão lá, firmes.

Quando passo, vou informando:

  • Ali era o açougue do Cantarutti, ali o armazém da D. Joaninha, ali morava o Alfeu Barcelos, a padaria do Pagano, a baiuca do Sapateirinho…

Por dentro, eu!

Ontem a Liris nos emprestou um livro de crônicas sobre Taquara, escrito por um primo da Heloisa o DR. Alberto Martins, vulgo Beto, um bolha oculista que faz questão de ser chamado de DR. Alberto.

Como de prever, o livro(?) é uma porcaria inominável e o cara mistura datas e fatos com a maior sem cerimônia.

É Guerra do Paraguai com a revolução de 93, é o Borges governador fazendo uma saudação ao Júlio de Castilhos, viagens de trem para o canela que duram mais de seis horas, o Canelinha em Taquara, o rio Parinhanha, um monte de besteiras.

Nem a seqüência de estações do trem entre Taquara e Canela o oligão sabe.

Ele é membro da Academia Taquarense de Letras!!!

Um imortal, portanto.

Não sou isento porque sempre achei o tal de Beto um cagalhão enfeitado.

Ressalto que ele é formado, nos idos de 60 pela Faculdade Catarinense…

O cara não passou nem no vestibular da PUC.

Então tá.

Esquecia de dizer que hoje estamos vivendo o que parece ser um dia de inverno, do que já tínhamos saudades.

Estou tomando chimarrão, friozinho, chove, a tarde está gris e a música do CD Player da Heloisa é um tango; pena que cantado por aquele espanhol especialista em boleros, no momento não lembro o nome mas é mais manjado do que Coca Cola.

Quando estou escrevendo e consequentemente pensando no que virá a seguir, a memória fica totalmente bloqueada para nomes; acho que chama – se a isto, no bom sentido, concentração.

No mau sentido é velhice.

Bom mesmo é jogar com palavras.

  • ? Señor don Pepe, como le vá em Tzelcoatlan?
  • No tan bien como si viviera en Sonora ou Vera Cruz.
  • ? Su mama, va bien, la vieja azucarera?
  • Sigue bien viviendo com un mariache aquel un que compuzo “Me cago en tal”
  • -? Si? Un valz ?
  • -No, una conga!
  • Ay que recuerdos de Agustin Lara.

E por aí a gente vai jogando com palavras sonoras.

Sou vidrado nos nomes das províncias do México.

E mais tarado ainda por mariaches.

Rucucucu paloma…

O meu portunhol está pior do que o do  Ferreira; ficou inesquecível a pergunta que ele fez para um colombiano que fez a EsAO conosco:

– Como vão as mojajas?

O pobre do colombiano – que era um simplório – ficou todo enrolado para responder enquanto o velho Ferreira insistia:

  • Si, las mojajas, las mojajas…

Aí o Vares interveio e esclareceu mas, imediatamente, tratou de divulgar por toda a Escola a pedrada do Véio.

En parlant, quem esteve por Porto Alegre ontem foi a Maria Helena Barrios mas já retornou para Montevidéu.

Está querendo fazer uma viajem ao nordeste e perguntou se não queríamos ir junto.

Vai de avião e volta de ônibus o que me deixa com um pé atrás porque já conheço os ônibus aratacas.

Fizemos uma viajem de Recife a Maceió que foi uma novidade.

Era para ser um ônibus executivo, via litoral e acabou um pau de arara pelo interior.

Foi bom porque conheci a terra do Graciliano, Palmeira dos Índios, lugar um pouco para lá e um pouco pior do que o fim do mundo.

Como se depreende, estou enchendo lingüiça, aguardando a hora das jogadoras pegarem o boné e eu ir jantar.

Mais uma hora e desfaleço de inanição porque hoje não almocei nada e estou com duas bananas desde a manhã.

Antes que bata o pior humor, saludo a todos.

07/04/99 18:55:21.

 

Segunda-feira, 12 de Abril de 1999, 22:28, tempo razoável.

 

Não me parece que tenha havido grandes novidades entre Quarta feira e hoje mas como a gente esquece muito do trivial, é bom não confiar.

O Saramago escreve só sobre triviais com bacalhau e ganhou o prêmio Nobel de modo que não devemos desprezar as banalidades: o difícil é escrever bem sobre elas.

Falando nisto, o Santana que quer ser um grande cronista, está esquecendo de uma regra básica: crônica não pode envolver valores objetivos, fatos, porque senão vira reportagem.

Ele publicou uma crônica sobre a falta de leite para as crianças da Ilha do Pavão e culpou o Ministério da Saúde ou algo assim.

Meteu o pau no Governo Federal, o que agora está em moda e daí os caras vieram para a televisão e provaram que a culpa era do Município de Porto Alegre.

O Santana, um bobalhão vaidoso, não voltou com a mea culpa mas o episódio deixou claro que cronista deve falar de sabiás, das ruas de antigamente, dos doces da vovó, enfim, assuntos subjetivos.

Por exemplo, caberia perguntar porque Ilha do Pavão?

Ao que eu saiba, nunca tivemos pavão in natura e certamente o povo que mora por lá nunca viu um.

É como Ilha da Pintada; tudo levava a crer que fosse uma corruptela de Pintado, Ilha do Pintado, um peixe que abunda no Guaíba.

Mas não: Pintada era o apelido de uma pescadora sardenta que por lá vivia e adquiriu fama de uma maneira que não conheço.

Vai ver que era a mesma que deu origem ao nome Saco da Alemoa, um canal entre as ilhas do mesmo Guaíba.

Afinal, alemoa tem muita chance de ser pintada.

De sardas.

Neste fim de semana fomos ao Imbé e estava tudo bem por lá, embora já um pouco frio e úmido.

Houve um fato que cabe narrar.

Desde o verão que ouvimos grandes encômios a um restaurante de Tramandaí, O Chalé.

Estávamos esperando a chance de ir lá; é verdade que o Anjo da Guarda nos protegia e acabávamos no 40.

Desta vez estávamos resolutos e fomos em busca da referida casa de pasto; não foi fácil de achar o que já deveria ser um forte indício. De qualquer forma entramos para avaliar a coisa toda.

Heloisa, após inspecionar o bufet de saladas, propôs uma retirada honrosa mas eu ainda estava curioso quanto a qualidade da comida que era altamente elogiada por todos e resolvi durar na posição.

O proprietário, querendo valorizar o estabelecimento e certamente nos impressionar, mostrou um enorme panela de ferro onde guardava a surpresa, o botim de Pantagruel.

Abriu a tampa e mostrou orgulhos a dádiva dos deuses:

  • PAELLA!!!

Mal sabia ele que de paella – ou pelo menos o que chamam assim – detestamos até o cheiro.

Assim que, resumindo, concluímos que de todos os restaurantes de Tramandaí e adjências – como se dizia no Ao Vencedor – o Chalé é o pior disparado.

Nunca confie em informações de pessoas acostumadas a comer em bastantões e bufets de R$1,99.

Uma explicação sobre paellas.

Aquilo é um prato tipo cozido, arroz com lingüiça, feijoada etc. ou seja, um sopão para muita gente em que você vai enfiando o que tem na cozinha.

Paella leva porco, galinha, peixe, lula, marisco e, como enfeite alguns camarões, tudo entulhado com arroz, grão de bico, o que tiver para aumentar o bolo.

Ora, não é possível misturar galinha com peixe, marisco com porco e esperar que saia alguma coisa que preste.

Claro que um espanhol da Andaluzia, cujo trivial se resume a pão com cebola, quando vê uma mistura assim , baba na gravata.

Não pensem que estou exagerando: ainda há poucos dias, uma senhora de extração peninsular e notório saber culinário, descrevia-me de como se faz uma paella e de como os eventuais degustadores vão a loucura com tal miserável pirão.

Uma pessoa normal, cujo paladar não tenha sido devastado por pão e cebola ou mesmo ovelha todo o dia, só se aproxima de uma panela de paella para atirá-la na cuca do anfitrião.

No próximo aniversário que se festejar na mansão dos Barrios e que o prato de resistência for paella, levo um sanduíche.

E, de mortadela!

Isto daí foi uma demonstração de como se pode escrever sobre bobagens subjetivas.

Negócio de comida é realmente estimulante e dá origem a grandes divagações; registro aqui um esquecimento dos ingleses vitorianos que recomendavam falar-se sobre o tempo e as estradas para alimentar um papo entre pessoas pouco conhecidas.

Faltaram as comidas mas falar disto na Inglaterra não gera controvérsia e consequentemente não alimentam altos papos porque nem mesmo os ingleses concordam com sua culinária medonha.

Enfrentei o trivial inglês no hospital de Edimburgo: era baratíssimo, 40 pi mas em compensação tratava-se de batatas e carneiro. Lembro que serviam também um líquido verde a título de refrigerante e que parecia mistura de querosene com quiboa.

De sobremesa um cake que, se não ingerido junto com a tal mistura verde, não passava na garganta.

Não era mol!

Os escoceses detestam qualquer tipo de refrigerante alienígena e se você pedir uma Coca, é convidado, friamente, a se retirar do recinto.

As crianças tomam cerveja com suco de limão e não estou exagerando.

Quem achar que não é bem assim, quando for à Escócia, peça um hagish, a comida nacional.

O Hitckoc, cirurgião famoso no mundo inteiro, enquanto eu não provei a porcaria, não descansou e todas as manhãs me perguntava, sério, se eu já havia me deliciado com a tal monstruosidade, miúdos de ovelha ensacado com sangue e outros refugos de açougue.

Mein Gott, o que já passei neste mundo!!!

En passant, estou lendo “O Livro dos Snobs” de Tackeray aquele escritor vitoriano, autor de Vanity Fair.

Até aqui, fracalhote: mudaria o Tackeray ou mudei eu?

Ou os snobs?

Na verdade, snob para ele eram o que hoje chamamos de “grosso”.

Já para nós e modernamente, “snob” é um personagem afetado, um bobalhão que troca a naturalidade por um comportamento supostamente formal.

Um novo rico, um emergente, em suma um bestalhão.

Assim que o livro de Tackeray perde um pouco do interesse que poderíamos ter; por exemplo, ele chama de snob um cara que come ervilhas com a faca.

Não deveria ser chamado de snob e sim de malabarista: comer ervilhas com a faca é mais difícil do que tomar sopa de garfo.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 15 de Abril de 1999, 17:24, chuvoso.

Esta é a semana das partidas aeronáuticas: hoje de madrugada foi o Paulo Martins a quem fomos levar no aeroporto e amanhã serão os fredolinos Leuschner que voltam à Alemanha acompanhados da Ilsa.

Tudo de madrugada, horário de índio, Vasp.

Pessoas de bem não viajam pela Vasp, vão pela Varig que sai ao meio dia ou, no máximo, às 10:00AM.

Assim, quando alguém disser que vai viajar, devemos imediatamente perguntar por qual companhia.

Se for Vasp, trata-se de um chinelão, acostumado a levantar de madrugada e pegar T3 para o batente.

Ou, neguinhos tá duro e que aproveitar o descontes…

A Ilsa, que é metida à aristocrata, irá reclamar, garanto.

Bobeia vai de pé no corredor ou sentada na mala do comissário.

Bons ventos para todos.

Hoje bati um longo papo com o Diogo, principalmente sobre a famosa casa dele; fiquei sabendo que a área construída é de 2.000 m2!

Negócio chiquérrimo com todos os avanços mostrados na FUD de São Paulo.

Fiquei tão boquiaberto que vou escrever para a dupla propondo-nos – Heloisa e eu – para sermos caseiros!

A idéia foi da Heloisa e não é má: penso que devemos encarar,  como dizem us magru.

No plano profissional, está em andamento a operação Bagé e não vai ser sopa; é um jogo de xadrez.

Tive que recorrer ao Diogo porque a coisa é complicadíssima e chega num ponto que embaralha as convicções.

En passant, há uns seis meses atrás, fiz um recurso sob protesto e só fiz por causa do desespero da Brunilde Hansen que iria perder seu apartamento, único. Cogitei até de fazer e um outro bolha assinar para não queimar o eventual conceito que penso ter no Tribunal de Justiça.

Como não tinha a mínima chance, parti para um dramalhão de mega neurônios, coisa aí de fazer o leitor exclamar:

  • Nun intendi nada mais me arcança um lenços que vou chorar.

Pois muito bem: ganhei de 3 x0!!!

Não acreditei mas é verdade.

A vida é cheia de boas surpresas.

Hoje vêm jantar a Liege e o Bolão mais prole e devemos tratar dos meus dentes.

Ando querendo melhorar o visual dos dentes mesmo que em prejuízo da chamada função mastigatória mas a Liege acha que devemos esperar.

Respeitemos a opinião da expert.

O Ângelo apareceu também para dormir e pousar.

Boas noites. 15.04.99.

 

Sexta-feira, 16 de Abril de 1999, 18:43, frio!

Duma hora para outra, a temperatura despencou: estamos aí por uns 6ºC!

Pasteurização, sem dúvida.

Hoje de manhã fomos ao aeroporto embarcar a turma da Mônica mais a Ilsa; estão levando quase 40 quilos de carne para o Alemanha.

Dizem eles que carne para bife – esta é a especificação – custa US$20,00 o quilo!

Por registrar a emoção da despedida da Isabel: deu muita pena porque ela se abraçava na gente e chorava, demonstrando nitidamente que não queria ir.

Todo o mundo se emocionou.

Não é fácil morar no norte da Alemanha, particularmente quando se é daqui.

Ainda bem que eles são abonados economicamente porque pobre, estrangeiro e morando naqueles climas, deve ser de matar.

A razão principal pela qual os emigrantes geralmente dão certo em termos econômicos, é justamente esta: eles vão aos extremos de suas forças para poderem racionalizar o ato insano que é emigrar.

Penso que dentro de uns dois anos, os Leuschner voltam; o Jorge é realmente uma pessoa muito diferente e valeria a pena conversar um pouco mais com ele para tentar desvendar aquela alma.

Ele sacrifica tudo para operar pessoas daqui sem a menor preocupação de remuneração.

E, não é fácil: ele tem que trazer os aparelhos da Alemanha, conseguir quem lhe faculte as instalações hospitalares, quem se responsabilize pelo que ele faz e, também gasta todas as suas férias trabalhando quase que dia e noite.

E, sempre alegre e de bom humor.

Uma pessoa notável, gostaria de saber quais são seus objetivos de vida.

Na próxima viajem irei tentar.

Bem.

A novidade de hoje é o frio que chegou mais cedo e de modo intenso; acabei de vir do açougue e voltei gelado.

Dizem os meteorologistas que semana que vem melhora, muito sol etc.etc.

Na verdade ainda nem chegamos na metade do outono e se continua assim, vamos ter neve no inverno aqui em Porto Alegre, o que já aconteceu antes.

E, continua a novela das montadoras: ao que tudo indica, a GM fica e a Ford vai mas o PT ainda está apostando em um blefe da Ford.

Acho que os pátrias não conhecem bem a moral protestante americana: quebra de contrato é pecado mortal.

Os PT, para amenizar a crise das montadoras, resolveram dar um golpe demagógico, diminuindo no peito e unilateralmente o preço dos pedágios: é claro que todo o mundo gostou e aí está a demagogia.

Acontece que as concessionárias simplesmente pararam de cobrar pedágio para não caracterizar aceitação tácita e contrataram o Brossard.

Vem mandado de segurança por aí e não há modo de evitar que as concessionárias tenham seu pedido acolhido porque houve uma quebra unilateral de contrato.

Os PT gostam de se meter em embrulhos que acabam saindo caro e quem paga semos a gente; no fim vão ter que indenizar mais as concessionárias do que gastariam terminando as obras de infra-estrutura da Ford.

Como disse um leitor de Zero Hora: concordo plenamente que o Olívio afaste a Ford e a GM e abra várias fábricas de carroças porque burros para elas é que não faltam desde janeiro!

É uma velha história.

Ante ontem recebi os registros 97 encadernados e já comecei a distribuir; certamente Domingo distribuo o resto.

Não sei se alguém lê ou, ao menos, guarda mas é possível que daqui a uns cinqüenta anos tenham algum valor.

Porque, pôr menos descritivo que eu seja, sempre há algo relacionado com coisas que são ou que estão acontecendo.

Dr. Barrios estava com planos de viajar amanhã para Artigas mas com este tempo não me parece que irá: se aqui está assim imagina lá naqueles descampados.

Falei hoje de manhã com o povo de Bagé e eles dizem que o frio está de tirar lixiguana.

Esse é um velho ditado guarani, que era usado pelo meu pai e que não sei explicar.

Lixiguana é um lagarto comedor de mel: ele bate com o rabo na colmeia e depois foge para lambê-lo fora do alcance dos marimbondos.

Vou tentar me aculturar mais sobre tão momentoso tema.

O pai usava muitas expressões indígenas aprendidas decerto na região missioneira onde nasceu mas me parece também que era de uso espraiado pelo Rio Grande, como dizia o Olívio.

“Cuña grã puta” era uma.

Sei traduzir literalmente mas do real significado – que era extremamente pejorativo – não sei.

Porque aplicava-se aos homens e “cuña” ou “cuñã “significa moça.

Só se queria sugerir que o ofendido era fronha!

Fronha usava-se para definir as bichas, frutas, gays em suma.

Boas noites.

 

Sábado, 17 de Abril de 1999, 18:54, frio.

 

Acabo de deixar a Heloisa no Ginásio Tezourinha onde a ULBRA disputa com o SUZANO o título brasileiro de vôlei.

Acho que o vôlei é um esporte muito repetitivo, bom para dar uma olhada mas não para assistir toda uma partida.

É sempre a mesma coisa mas respeitemos o gosto alheio.

Hoje o Bolão vem dormir aqui com sua turma; viriam jantar mas os guris tinham outro programa.

Estivemos lá em casa e manhã e dois assuntos merecem registro.

O primeiro refere-se a uma fotografia da família do velho Janguta, tirada há uns 75 anos atrás.

O interessante é de como ela reapareceu; estando o Beto no Salto, uma senhora perguntou a ele se era dos Corrêas e, a seguir disse-lhe que tinha uma fotografia que iria interessá-lo.

O Beto, quando viu a foto imediatamente reconheceu a mãe – que deveria ter uns dezoito anos – e todos os seus irmãos, além do velho Janguta e da Dona Olinda.

A Bia tirou cópias e ganhei uma da Saara.

O que chama a atenção é que a mãe está muito bonita na foto – ela era bonita – e a data em que a mulher do Salto deu a foto ao Beto: 26 de março, a um mês do falecimento da mãe!

Bem.

Estando a Saara lendo a Zero Hora na sala da frente, ouviu nitidamente o mesmo barulho que a mãe fazia no seu quarto quando levantava da sesta, abria o armário e guardava o travesseiro.

Segundo ela era um barulho inconfundível porque ouviu-o durante anos.

De qualquer forma a Saara não ligou muito porque ela não é chegada em manifestações mediúnicas e continuou lendo.

É quando o Paulo entra na sala e pergunta para a Saara:

  • Quem eram aquelas duas senhoras que estavam na frente da

televisão?

Obviamente o Paulo não pode dar maiores esclarecimentos porque tem dificuldades em reconhecer quem quer que seja mas, por outro lado, também é incapaz de inventar qualquer coisa.

Fica o registro.

Vamos ver como progride este tema.

Estão em foco pessoas que não tem o menor pendor para acreditar em manifestações extra corpóreas, a começar pela mãe assim que os relatos devem, pelo menos, serem levados a sério.

Amanhã, como de costume, grandioso churrasco; o Bolão trouxe uma picanha linda de Parobé e pela metade do preço daqui.

A carne de lá é, reconhecidamente, uma das melhores do Estado.

Quem supre de carne aquela região é São Francisco de Paula que cria um excelente gado, principalmente na recosta da serra.

Se der no jeito, passo a reabastecer-me lá, via Bolão que trabalha em Parobé aos sábados.

Ontem Heloisa falou com a Zildinha e as notícias não são boas, a Zilda já está depressiva, o que não é bom, mesmo que tenha motivos.

Parece que há uma intima dependência entre depressão e resistência imunológica.

Penso que logo deveremos dar uma chegada por lá.

Heloisa ficou bastante abalada com o que a Zilda lhe disse, particularmente no que se refere à eventual ida de D. Alda.

A Zilda encara isto como uma despedida e teme não agüentar, seria penoso demais.

É uma decisão difícil a de D. Alda. Mesmo assim, ir ou não ir?

Talvez um pouco de tempo acomode as coisas.

Mudando de assunto, ontem houve uma assembléia geral do CEPERS que agora escancarou: vão fazer greve de um dia por melhores salários mas, ao mesmo tempo, fizeram uma baita manifestação de apoio para o Olívio!

Ficou claro agora que o Cepers é um órgão político e que do rico dinheirinho que as professoras pagam por mês, parte vai para a CUT e daí para o PT.

Quando o sindicato apoia o governo diz-se que os sindicalistas são “pelegos” porque servem de escudo nas relações entre os sindicalizados e o empregados.

Assim que a deretoria do CEPERS compõem-se de pelegos.

Não houve sinetaço, greve geral nem nada, só apoio ao Olívio e repúdio ao FHC e ao Malan!!!

Na verdade esta assembléia foi uma manobra diversionista do PT que está atolado até as goelas com o caso das montadoras: a URGS fez uma pesquisa e 92% dos entrevistados são a favor das montadoras e contra o que os PT estão fazendo.

Repito: estes caras vão se complicar e nos vamos junto.

Penso que, qualquer dia, o Senado resolve votar uma moção para tirar o RGS da Federação.

Se alguém acha a idéia delirante, gostaria de dizer que isto já aconteceu antes e que os nossos compatriotas de mais ao norte, costumam nos chamar de “país amigo”.

Inclusive na Escola de Estado Maior.

E aí?

Vamos ter uma nova Albânia por aqui?

Boas noites.17/04/99 19:40.

 

Quarta-feira, 21 de Abril de 1999, 18:53, tempo bom.

De um modo geral, semana tranqüila; Domingo tivemos grandioso churrasco com a presença de todos, sem exceção – não considerando o Pingo -.

Estava bastante bom e inauguramos um picanha de Parobé que estava muito boa; o Bolão trouxe de lá e vale um comentário.

Nos tempos do GBOEx e da Confiança, o General Adroaldo, que fora meu professor na EPPA, costumava me convidar para uns churrascos que fazia em sua casa no Imbé.

A carne vinha de Taquara e era a melhor carne para churrasco que jamais vi.

Na verdade a carne vem da recosta, como já sabemos.

Desde aquele tempo que penso em estabelecer um sistema para me abastecer de carne em Taquara e até já tentei um ou dois mas não deram certo; agora, com o Dr. Bolão trabalhando em Parobé, é bem possível que funcione.

É o que veremos nos próximos meses.

Interessante o Bolão em Parobé: era o meu lugar preferido de passar férias, no tempo em que o tio Aparicio Antunes era o sub – prefeito de lá.

Praticamente eram só duas ruas, uma de cada lado dos trilhos da Viação Férrea.

Ia-se para lá de carro-motor, uma espécie de ônibus que se deslocava pela linha férrea; é o que cariocas e paulistas chamam de litorina.

Saia da Estação Ildefonso Pinto, ali no Mercado Público, ( um prédio de estilo arquitetônico medieval) e levava duas horas até Taquara.

O trem era mais demorado.

No Mato Grosso, onde impera a linha férrea por causa do Pantanal, as litorinas são super incrementadas e vão de Campo Grande até Aquidauana e mais além, até a terra no Nelson Chama, a famosa Corumbá.

Andei nelas e lembro que havia moças que atendiam os passageiros no melhor estilo de linhas aéreas.

Decerto ainda funcionam por lá.

Hoje, feriado nacional, almoçamos na Isinha que caprichou numa massa al pesto.

Estava muito boa mas os guris parece que não apreciam muito esse tipo de iguarias e ficaram na clássica bolonhesa.

O Pingo está muito impressionado com uns mistérios colhidos na Internet e que sugerem ser o Bil Gates algo assim como um ser demoníaco; é que, aplicando a numerologia ao nome dele – o nome real – dá 666, o dito número da besta.

Acontece que a Internet aceita tudo e qualquer maluco pode ingressar nela e divulgar disparates.

Em numerologia a interpretação dos números fazem-se com dezenas e disto vou passar um E Mail para o Pingo, alertando-o.

Estou sendo muito sucinto mas acho que tamanhas bobagens não merecem maiores explicações.

Na verdade a numerologia teve origem com Pitagoras é era uma coisa séria, haja vista na escala musical.

Depois, como tudo aliás, na Idade Média e mesmo um pouco antes, a partir do século III, virou picaretagem.

De qualquer forma, com tudo o que está acontecendo, chega-se à conclusão que tem mais malucos por aí do que podemos imaginar.

O Pingo está impressionadíssimo.

Falando em bandidos e picaretas, hoje o Grêmio perdeu para o Flamengo e daqui a pouco jogam Palmeiras e Vasco pela Libertadores.

O Grêmio está horrível no que concerne a ataque.

Tem um tal de Zé Afonso…. sem comentários.

O melhor do ataque é um Zé Alcino que até dois anos atrás, tocava boi lá em São Borja.

Continua tocando…

A Zilda telefonou agora de noite e o negócio lá está brabo: ela está deprimida decerto em decorrência da quimioterapia.

Pensa em voltar e vamos conversar com o Carlos a respeito.

Há mais coisas mas fogem ao estilo destes registros.

Heloisa está fortemente inclinada a ir para o Rio.

Acabo de falar com o Carlos que irá telefonar para a Simone e dar o seu veredictum.

Aguardemos. Boas noites.21/04/99 22:10

 

 

Quarta-feira, 28 de Abril de 1999, 18:18, chuvoso.

Ou seja, passei uma semana sem comparecer!

Como foi uma semana tranqüila, o que realmente aconteceu foi um pouco de preguiça.

Também, apareceram uns processos daqueles que exigem um mágico e não um advogado mas a gente fica sempre batalhando para ver se consegue uma brecha para salvar o cliente e aí perde o saco para sentar e escrever: a cuca já está exausta.

Esta semana vou começar uma pausa no fumo, pelo menos até ao fim do inverno.

De vez em quando é bom fazer um exercício de vontade.

Pena que a fome aumente tanto: estou na base do cozido na janta se não estouro de gordo.

Hoje o Brasil jogou com o Barcelona que comemorava cem anos; foi um jogo bonito e teve um resultado politicamente correto: 2 x 2.

Jogaram juntos o Ronaldinho e o Romário o que é um espetáculo a parte mas, inegavelmente, o Romário é mais craque.

O jogo foi em Barcelona e nesta altura o Scheid e o Romário já devem estar voando de volta porque jogam amanhã de noite no Maracanã em  Grêmio x Flamengo.

Acabou de sair daqui o Bolão que estava vindo de um plantão; aproveitou para ver o jogo, comer uns pinhões e ir para casa.

Não quis ficar para um chuletão, daqueles que trouxe de Parobé.

Daí, não farei chuletão e vou ficar no cozido que já está pronto.

O Ingo estava pensando em ir tomar chope hoje mas acho que não deu por causa do jogo da Seleção, fui ao Forum cedo e depois vim para casa.

OU então ele está enrolado com um problema que saiu ontem na TV: encontraram um monte de rótulos de produtos dele jogados fora, num terreno baldio, o que é indício de falsificação ou fabricação clandestina.

Tomara que o Alemão não esteja num esquema burro ou sofrendo vendeta pelas malandragens que faz com os seus concorrentes.

Acho que mais dia, menos dia, o barraco dele vai chacoalhar porque o Ingo se arrisca muito mas espero que sejam só problemas fiscais.

Ontem encerrei o processo da família Pfeifer, mandando o resto do dinheiro para o Alemão que agora está me embromando com o recibo.

De um modo geral, os meus trabalhos profissionais estão andando bem e quase todos com solução favorável à vista, o que mostra que um número anual de processos novos, entre 20 e 25, podem ser administrados sem maiores correrias.

Domingo estiveram todos os netos no tradicional galeto; todos não, o Pingo e o Ângelo, os dois mais velhos já estão noutras.

O Ângelo ainda aparece mas cada vez de modo mais esparso.

E, é assim que as coisas são e tem de ser.

Qualquer dia somem a Helena e o Lucas, depois o Pablo e o Henrique e depois Diego, Chico e Zé.

E, quando menos se esperar, começa tudo de novo, seja com novos personagens seja com os mesmos que reaparecem saudosos.

Bem.

Quanto menos você escreve, menos consegue escrever: se eu venho todos os dias, conto causos, comento as bobagens do Olívio, gasto cultura inútil etc. etc. etc.

Se apareço uma vez por semana, aí a coisa fica díficil porque com duas linhas acho que já esgotei toda a minha literatura.

E é o que está acontecendo neste momento mas não entregar a rapadura.

Agora temos um businaço aqui na frente porque todos os bagaceiras de Porto Alegre, todas as mães que vão buscar os filhos na Escola, passam por aqui: qualquer dia não vai dar para sair de casa com automóvel e quero lembrar que a rua Dona Laura deixou de ser residencial por causa de fato semelhante.

O que  também ocorreu com a Carlos Gomes e a D. Pedro II, ruas que tinham as residências mais bonitas de Porto Alegre e que hoje só têm comércio.

Grande parte da culpa cabe ao Negrão que, quando Prefeito, vendia autorização para ampliar áreas a serem construídas, além do que permitia o Plano Diretor.

Com isto a judeuzada lavou o caco e tudo quanto Bronstein da vida, construiu o seu edifício aqui em Petrópolis.

Aí vão morar na cobertura luxuosa mas ainda mijam na tábua da patente, assoam o nariz com os dedos e, se peidam no elevador, acham a maior graça.

Nois merece.

Falando em merecer, as fofocas das CPI do Judiciário e do Sistema Financeiro, estão soltando um mar de merda inimaginável.

O Getúlio suicidou-se por causa do que ele chamou de mar de lama  mas, perto da sujeira que está aparecendo, aquilo era uma poça d’água e água limpa!

Vale a pena comprar e guardar as Veja dos dois meses seguintes, o que eu já fiz antes com os escândalos do Collor.

Boas noites.28/04/1999.

 

Quinta-feira, 29 de Abril de 1999, 17:37, mais ou menos.

 

Tempo “mais  ou menos” significa que chove, faz sol ,esfria, esquenta, tudo num período diário.

Hoje  a grande alaúsa é o fato da Ford ter mandado o Olívio enfiar no rabo as suas malandragens, malícias camponesas e bagaceirices : pegou o boné e foi embora!

Pena que a GM já foi longe demais para fazer o mesmo.

O que me deixa indignado é a dialética mentirosa dos PT que agora estão querendo atribuir à Ford a culpa pelo abandono do Projeto Amazon!

Os caras são muito caras de pau e desdenham demais da inteligência alheia.

Eles inventaram uma regra nova do Direito: o Contrato serve para que as negociações sejam iniciadas!!!

Na verdade, o Contrato é o fim da fase negocial.

O Olívio brecou a Ford por pedido dos metalúrgicos do ABC que iriam ficar sem empregos, esta é a verdade.

Além, é claro, da doutrina albanesa que ora nos governa.

Mas é o fim da picada, nunca vi tanta safadeza e tanta ignorância juntas.

Qualquer dia vou me negar a falar com qualquer pessoa que defenda o PT, seja quem for; os caras são vigaristas demais.

E inclui Tarso, Fortunati todo mundo, é tudo merda do mesmo cubo.

Agora, o safado do Pedro Simom que vivia puxando o saco do PT e do Olívio, já vem para o jornal dizer que é uma barbaridade, que não pode etc.etc.etc.

Já vimos este filme protagonizado por um cidadão chamado Chamberlain e outro conhecido com Hitler.

Vamos ver se aparece um Churchill para acabar com estes fedorentos.

Como eu digo, só o Negrão que já soltou o verbo sobre o assunto Ford, metendo o pau nas nulidades do PT.

Quero ver o que o imbecil do Brizola irá falar.

Imbecil e safado.

Bom mesmo seria se a GM fosse embora também e os USA fizessem um bloqueio comercial saneador com o RGS, para ensinar estes vigaristas menores a manterem suas palavras.

Tudo bem: no fim nem pizza vai dar e o Olívio será elogiado por não ter deixado que o tráfego na Ponte ficasse mais difícil do que já é.

Podem crer que o episódio irá encerrar com razões deste calibre.

Na família , penso que vai tudo bem porque sem notícias.

Heloisa encontrou com a Isinha hoje na rua do Rosário: vinha do cursinho e ia para casa para voltar trazendo os guris para a aula.

Ipanema é muito bom mas urge um motorista.

En passant, o Carlos pensa ir neste fim de semana – Sábado é feriado, mais um – a Artigas e decerto leva o Orlolha quem, cada vez que vai lá volta impressionadíssimo com o fato de pessoas falarem uma língua diferente da nossa.

Para ele, isto é um assombro.

Pensando bem , até que é mesmo um assombro pessoas falarem línguas diferentes mas não creio que o Orlolha esteja analisando sob perspectivas mais complexas.

O aparelho fonador é igual para todos, o cérebro, por aí, então, qual que é chefe?

Conheço muito pouco do assunto e do que sei, muita coisa não concordo: aquela história da vaca amarela dos arianos e muita razão e pouquíssima devoção.

Negócio seguinte: os hiperbóreos criavam vacas amarelas as quais eram conhecidas por uma palavra muito assemelhada à  “yellow”.

Os prisioneiros de guerra, que não falavam a língua dos hiperbóreos, ligaram a palavra à cor do bicho e é por isto que em todas as línguas cujo tronco é ariano, a palavra amarelo é muito parecida.

Daí estabeleceu-se uma regra de lingüística.

Tudo bem com pílulas De Lussen mas é pouco para explicar as diferentes falas do macaco nu.

Há um monte de coisas que são envolvidas no pobrema.

Por exemplo: se eu disser “Cachorro faz mal à moça” todo o mundo no Brasil já sabe que é uma manchete safada sobre uma menina que comeu um cachorro quente estragado.

Em inglês seria intraduzível porque os WAP não tem a noção de “fazer mal” como nós entendíamos.

Falando nisto, aquelas velhinhas que pregavam Cruzadas contra a semvergonhice dos homens devem estar, pelo menos, arrependidas: não do preconceito mas sim do fato de não terem aproveitado a juventude para que algum trouxa lhes fizesse mal.

Uma coisa que as feministas nunca entenderam bem é que, no tempo do fazer mal, era muito melhor para as malheres que se ressarciam do dito prejuízo com uma pensão para o resto da vida advinda da reparação legal que era o casamento.

O assunto até que dá margem a maiores comentários mas não me parece que valha a pena: afinal já vivemos outros tempos e aquele veiedo vitoriano, preconceituoso, malicioso e arrogante, já está pedindo o boné para a Eternidade.

Leiam “O Primo Basílio”.

Leiam “Bovary”.

“Ana Karenina”.

Devo registrar que o original é “Bovary” ; os outros são adaptações.

Como “Germinal ” também foi adaptado pelo mundo afora.

Os franceses foram muito copiados no século XIX mas não vamos entrar nessa que é assunto explosivo e ofende os brios dos nativos, aqui, nos USA, na Rússia, enfim onde houvesse um pátria com uma pena, papel e um romance francês.

O gordinho aí da frente não publicou “Comédias da Vida Privada” ?

O autor do original também era gordinho.

Por sinal que o LFV transformou-se num chato de galochas a partir do momento em que assumiu uma coluna diária na Zero Hora: o cara é PT roxo e fica doutrinando e dizendo asneiras todos os dias.

A maioria dos leitores já está de saco cheio.

Ainda acho que as genialidades do bacorinho são fruto dos seis meses por ano que ele passa na Europa: lá a produção intelectual tem outra qualidade e um colecionador meticulosos, lendo diariamente um monte de jornais e revistas, faz um estoque de gênio para, no mínimo, seis meses.

Hoje tem Grêmio x Framengo mas vai ser muito difícil reverter a derrota sofrida aqui.

Boas noites.29/04/99 18:43:28.

 

Quarta-feira, 5 de Maio de 1999, 20:52, chuvoso.

 

Não acredito que passei uma semana sem registros; tem algo errado aí porque ainda no Sábado lembro de escrito alguma s coisas.

Vai ver que está no disquete de cópia.

Domingo almoçamos nos Fietz porque o povo estava meio desgarrado ou obrigado: ao Barrios foram para Artigas, o Bolão recebia a família do Edú, a Isinha constava que iria para a praia.

Na verdade, a Isinha ficou em Porto Alegre.

Ainda não fomos ao Imbé depois do vendaval mas creio que se algo houvesse acontecido, teriam nos telefonado.

Falando nisto, os USA estão debaixo de mau tempo com a temporada de tornados: faz muitos anos que o tornados não eram tantos e tão violentos como nesta primavera.

E as CPI funcionando a mil, pegando no pé de juizes do trabalho corruptos: a idéia é acabar com a Justiça do Trabalho, com o que concordo.

Também são altas as fofocas a CPI dos bancos: o que teve de gente sabendo que o dólar iria subir, não tem no Gibi: vai sobrar pena para tudo quanto é lado.

Lembro que nos idos de 1966 houve uma máxi e algumas pessoas da EsCEME ficaram sabendo; quem patrocinou o vazamento foi o Geise Ferrari cujo irmão trabalhava no SNI.

Me lembro do Dagmauro Sabino Pinho vendendo um monte de coisas para comprar dólar e ganhar 30% em uma noite.

Mas, naqueles tempos tudo era diferente e ninguém tinha mais do que o necessário para comprar uns US$500,00.

Devo lembrar – para dimensionar as coisas – que, quando fomos para os USA, passar mais de um mês, a convite do governo de lá, o Presidente Geisel, muito a contra – gosto, nos deu uma ajuda de custo de US$100,00 …

E ainda tivemos que fazer uniformes novos.

De qualquer forma fica o registro de que a malandragem do vazamento, é muito antiga.

Ontem fui depor em dois processos penais em que o Pinho é réu; ele agora está assustado porque o Sergio Schapke, grande hijo de puta mas dono da Cia Geral de Industrias e ex presidente da Fiergs, acaba de ir para a cadeia pelo mesmo crime do Pinho.

E o mesmo aconteceu com o Horst Woelker, dono da Ortopé.

O Gordo está meio assustado.

Acho que é para estar.

Outro que está assustado é o Olívio: mandou uma carta para o presidente da Ford nos USA, pedindo que reconsidere.

Claro que não vai levar e ainda confessou que fez uma baita duma besteira.

Pensei que o Olívio iria agüentar no osso do peito os efeitos do seu radicalismo mas não: mixou-se, ora vejam!

O Paulo Fietz estava muito impressionado com uma fala pública do Cachurrão que declarou, intercoetera, que este negócio de automóvel já era, que em país adiantado não se usa mais automóvel, e que esta é a razão porque as montadoras estão vindo para cá que tem mesmo é mandá-las embora!!!

O Paulo ficou assustado porque o Cachurrão parecia convicto do que dizia, não era só para defender o Olívio.

E agora o Galo Missioneiro inventa esta de pedir pinico! O Cachurro deve estar indignado, passou por troglodita desnecessariamente.

Embora seja realmente um oligotroglo.

Hoje fazem uns dez dias que parei de fumar e, não fosse a fome desesperada, não haveria problema.

Quando completar três meses, avalio os benefícios da abstenção de tabaco e o aumento de peso.

Gostaria de saber o que afinal tem a ver o surto de anta -tabagismo com o bloqueio econômico de Cuba.

Que aí tem coisa, tem; sou do tempo em que o charuto era parte na etapa dos soldados americanos.

A gente achava gozado aqueles guris todos fumando charutinhos.

Depois do bloqueio comercial contra Cuba, começou a campanha anti tabagista.

Os cubanos pensam que o negócio é por aí.

O tempo nos dirá.

Esta semana Heloisa foi na médica dos mil exames e está tudo bem mas a referida esculápia, mandou fazer mais mil; acho que os exames técnológicos são muito bons para confirmar diagnósticos mas, para levantar suspeitas, acho que não são o melhor método.

Nasceu hoje o filho do Jube Vares.

O Jube já está meio velhote para estar tendo filhos mas, no fim, tudo dá certo.

Parabéns e felicidades.

Amanhã o Dr. Barrios embarca para os USA, Atlasnta se não me engano e deve ficar lá por uns quinze dias.

Qualquer dia, quando os guris estiverem chegando na época de ingressar na Washiú, os Barrios passam a morar mais lá do que aqui para gáudio da Dra. Patrícia.

Quem virou cucaracha deslumbrada é a Helena e vi mesmo para os USA o ano que vem e , se bobear, de forma definitiva.

No meu tempo de dezoito anos, também era assim mas nós tínhamos muitos mais motivos do que o povo de agora; inilla tempora, as diferenças eram abissais e hoje nem tanto, pelo menos no meio em que nos agitamos e, se a pessoa pensar bem, irá concluir que aqui se veve melhor.

Mas, respeitemos as preferências de cada um; a Ilsa, por exemplo, foi há menos de um mês para a Alemanha, com a intenção de voltar em dezembro.

Já está telefonando para o Pinho ir buscá-la.

Não é fácil passar a vida fazendo ordem unida e comendo carne de porco.

 

Desejo boas noites a todos.05/05/99 21:43

 

Sexta-feira, 7 de Maio de 1999, 17:47, tempo bom.

 

Fizemos rancho no Carrefour e hoje fomos ao Zaffari: a diferença está grande, grande demais.

Registro porque tenho a impressão que o Zaffari deu um passo maior do que as pernas e do jeito que vai, vai mal.

A concorrência é enorme e com muita experiência; este pessoal do Big é de Portugal e trabalha no ramo em muitas partes do mundo.

O Carrefour também é multinacional e o Real já existia um lustro entes do Zaffari.

Pena mas acho que se a vaca não for para o brejo, pelo menos irá emagrecer.

O tal de Bourbon Ipiranga foi bolado e estudado antes da crise; é verdade é que estamos voltando às vacas gordas mas, no meio tempo, a moçada foi atrás de preço.

Isto aí, não vou gastar minha beleza nas disputas de varejo.

O Ângelo pousou aqui e estudamos um pouco de Analítica; volta Domingo à tarde porque tem sabatina na Segunda.

Domingo à tarde é um péssimo dia para estudar.

Dr. Barrios seguiu para os USA; telefonou de São Paulo para se despedir porque até a hora de embarcar a agenda dele esteve cheia.

O Carlos tira férias nestes congressos que, penso, têm entre outras, a finalidade de propiciar aos esculápios um pouco de relax.

Patrícia mandou o carro para Flores da Cunha para ser revisado pelo pessoal de lá.

O carro está um caco.

Domingo faremos churrasco em homenagem ao Dia das Mães; sou contra estes mercantilismos mas se você se posiciona forte, acaba virando o vilão da novela.

Então é embarcar e aceitar as papagaiadas decorrentes mas com a possível dignidade.

Como a minha mãe também era contra, estou bem acompanhado.

Creio que semana que vem terei de ir à Bagé que está pegando fogo: tudo quanto é ação pipocando, o Renato enrolado na fazenda, a Anna se virando para me mandar o que peço, os outros personagens muito quietos, em suma um quadro que obriga a que se vá lá dar uma olhada e tomar algumas providências.

Acaba de chegar por Sedex a cópia completa do processo principal: é uma caixa grande, parece embalagem de televisão.

E, vou ter que ler toda esta novela porque uma juizasinha novata deu um despacho totalmente descabelado no processo.

Daqui a pouco vêm o Vares e a Meneca para jogar e hoje estou disposto a ganhar.

Semana passada perdi porque estava desinteressado mas hoje, não.

Contrariamente ao que se imagina, a sorte não é mobile, nos é que não sabemos porque ela vai para lá ou para  cá.

Quem descobrir isto está com a vida feita.

Uma coisa é certa, a sorte existe, é palpável e mensurável, agora como atraí-la, eis o mistério.

Mistério por enquanto.

Lembro as canções de encantamento que funcionavam como iscas amorosas e quem sabe se não é por aí?

Mais informações no meu tratado de Magia a ser terminado neste inverno.

Boas noites. 08.05.99, Sexta feira.

Sábado, 8 de Maio de 1999, 21:28, tempo bom.

Estamos em pleno outono, com a temperatura começando a baixar; hoje de noite, segundo as previsões, devemos chegar ao 11º C.

Não é muito mas, para meados de outono já é frio.

Lembro que, lá pelos idos de 62, 63, estávamos todos na faculdade e íamos de manhã, em maio, caminhando pela Redenção e quebrando geada.

Acho que foi em 63 e os caminhantes éramos a Heloisa, o Guiga e eu, vizinhos de Faculdades: Arquitetura, Biblioteconomia e Engenharia.

Foi um tempo divertido e a gente acreditava que iríamos seguir nossas sortes até formar-nos, morar definitivamente em Porto Alegre, ver os filhos estudarem nos colégios em que havíamos estudado, enfim, criar raízes.

Não foi bem assim porque em 64 tudo mudou.

Assim que o famoso movimento de 64 também afetou e muito nossas vidas.

Velhas histórias já conhecidas.

O assunto hoje, além da Ford, é o auxiliar de enfermagem do Rio de Janeiro que resolveu instituir a eutanásia em um hospital público: no último plantão ele liquidou com cinco pessoas mas há fortes indícios que, no total, tenham sido uns cem!!!

Há ainda a possibilidade – mas não acredito – dele trabalhar para uma funerária e levar mil pratas por presunto!

Hoje a OTAN fez a besteira que pode dar início à Maldição do Balcãs: bombardeou a embaixada chinesa na Iugoslávia e matou uma porção de gente!

Isto equivale a atacar território chinês e mesmo que o ataque tenha sido involuntário, o negócio vai complicar como sempre acontece em tudo o que envolve os Balcãs.

Houve uma época, que durou de 1900 até a metade do século XX que os Balcãs eram chamados de “O barril de pólvora da Europa “e nenhum político prudente sequer tomava conhecimento da existência deles.

Não esquecer que a primeira Grande Guerra começou justamente lá e, no fundo, por uma confusão semelhante à atual.

Negócio engrossou porque a China é uma potência nuclear e nunca chi chabe o que pode sair da cuca de um mandarim.

Parece que um funcionário da OTAN selecionador de alvos, recebeu a informação que o prédio  X era uma instalação militar dos sérvios.

Tudo indica que a informação foi passada por um personagem que fora jantar num china e descobrira que as almondegas eram feitas com sobras de carne de cachorro!

Sobras do almoço.

Já temos, portanto, vários alvos errados atingidos pêlos mísseis da OTAN, o que é muito comum com a Artilharia; eu mesmo já fui alvo de tiros diretos, quando na AMAN.

Acho que já contei a história mas acho também que pelo menos a metade dos milicos profissionais, já levou tiros de sua própria Artilharia que, por sorte, não costuma acertar nem mesmo nos amigos.

Nenhuma mira é perfeita e todas elas podem sofrer interferência, por exemplo: há foguetes ar – ar ou terra – ar que são dirigidos para o alvo pelo calor que emana dele mais especificamente pêlos motores no caso dos aviões.

Só que… o calor não usa uniforme assim que os foguetes acertam tanto amigos como inimigos!

Enfim, há n tipos de miras mas nenhum deles é perfeito e se alguém disser que existe o sistema perfeito, está mentindo.

Vistas ao que está acontecendo agora na Iugoslávia em que a OTAN errou até de país.

En passant, a Ilsa deve estar se borrando na Alemanha que faz parte da OTAN e tem tropas no TO; se alguém resolve atacar alguém para valer, começa pela Alemanha.

Em suma, está se armando um belíssimo enredo.

O Bill Clinton que hoje apareceu no Oklahoma para ver os estragos dos tornados, não vai escapar dos comentários dos que são contra os bombardeios da Iugoslávia:

  • O Velhinho não joga mas fiscaliza…

Acontece que o cenário em Oklahoma é quase igual ao da Iugoslávia: destruição por tudo quanto é lado e um número de mortos igual àquele causado pelos erros de alvo da OTAN.

Bem.

Amanhã, pretendemos reunir a moçada para festejar o Dia das Mães; a Alda já informou que não estará presente por falta de condições físicas e emocionais.

O Carlos está em Washington e o Tergolina decerto irá à Caxias ver a mãe dele.

Talvez reapareça o famoso Pingo mas há dúvidas.

De tarde o Ângelo pretende ficar por aqui para estudarmos Analítica mas tenho dúvidas que depois de um churrasco, o estudo renda.

Pena porque ele foi bem na 1ª prova e seria ótimo se tirasse um bom grau nesta.

Ontem, contrariando os meus prognósticos, perdi no joguinho das sextas: acontece que perdi a vontade de ganhar, um negócio meio esquisito, você simplesmente não quer ganhar e também não se importa de perder.

É um assistente ativo e aí, ninguém ganha.

A Sorte é muito dengosa e se não for cortejada, vai embora procurar outro devoto.

E, chega: boas noites.08/05/99 22:26

 

Segunda-feira, 17 de Maio de 1999, 22:43, bom.

 

Fazem quase dez dias que sumi no terreno!

Dia 8 de maio foi um Sábado, Sábado atrasado, coisa séria, nem me lembro mais do que aconteceu no intervalo.

Houve o churrasco do Dia das Mães, fui a Bagé, houve a comunhão do Alemão ontem, O Dr. Barrios continua nos USA, o restante caminhando em paz.

O Lucas esteve com  o que presumiu-se ser sarampo e fomos até lá na Sexta passada porque a Isinha faz não sei o que e ele fica só  o que também acontece aos sábados quando ou o Ângelo ou ele, Lucas, cozinham.

Aconteceu um fato divertido: o Ângelo estava provocando o Conam quando, sem querer, machucou a perna dele, pouca coisa mas o Conam partiu para cima do Ângelo que levou o maior cagaço.

Na verdade ele não iria fazer nada mas aquele bicho vindo brabo para pegar a gente, assusta.

Foi cômico.

Ontem vieram todos para a festinha do Alemão: só não estavam o Bolão – em Parobé – e o Carlos – em Atlanta -, cada um no seu cada qual.

Questão de tempo: não demora muito o Bolão estará atendendo em Novo Hamburgo.

Na área médica, no momento, o assunto são as picaretagens em matéria de cirurgia plástica; dá a impressão que os picaretas matriculados estão movendo uma campanha contra os picaretas outsiders.

Na verdade é tudo um bando de picaretas da pior espécie mas alguns são credenciados pela Associação de Cirurgia Plástica  e os outros não.

Como a tal associação é freda, os picaretas licenciados não podem aparecer à frente da atual campanha mas é evidente que eles estão financiando as reportagens sobre barbeiragens em matéria de plásticas.

It snees.

Não sei porque perco tempo com tamanhas inutilidades.

Hoje estão aqui o Pablo e o Diego para fins de estudo enquanto a Dra. Patrícia foi a um jantar que lhe oferecem os residentes.

O Pablo estudou flauta com a Heloisa e Matemática comigo; achei- o ótimo e na flauta até que ele ataca bem.

E por música!

Na verdade esta flauta de soprar não chama-se flauta mas alguma coisa parecida com gaita ou estarei completamente enganado?

Vou me aculturar e depois informo aos prezados telespectadores.

Em matéria de instrumental para música, sou bastante analfabeto

Embora ache as palavras referentes muito sonoras “bombardino, oboé, flauta doce, tuba em bemol, pianoforte, etc.etc”.

Permitam-me informar que acompanho qualquer música – ecom extrema perfeição – imitando uma tuba.

Seria um maestrino em tuba só que até hoje nunca ouvi falar em virtuoses tubísticos, pôr assim dizer.

Lembro que o Afonso Feltz, maestro da banda de Campo Vicente, a qual tocava nos kerbs de Parobé, era um entusiasta da tuba.

Depois dos bailes, os instrumentos ficavam em cima da mesa e se a gente cruzasse por perto, sentia o bafo da brama saindo da tuba do Afonso.

Acho que até o tarol levava bafo.

Só que naquele tempo, falo de 1942, 43, não havia Brama e sim Continental da Bopp, Sassen e Ritter.

Por sinal que ontem os PT tombaram a velha cervejaria dos Bopp, alí na Cristóvão Colombo.

No tempo da Continental havia uma canalização de chopp saindo da fábrica para a casa dos Bopp que era na frente, do outro lado da rua.

A casa já foi desmanchada há tempos e lá se construiu um edifício no qual a Luciana tem uma parte ideal de 20% num apartamento que era da Maria, irmã do Pfeifer.

As casas têm histórias, né mesmo?

Imagine você escritor, com tempo e sustância para ter tempo, escrever a história das casas da sua quadra, nem falo em rua?

Nesta nossa quadra mesmo, com umas doze casas se muito, quanta coisa teríamos para contar.

Quem se lembra, for instance, dos inúmeros restaurantes que ocuparam a casa onde estava, até a semana passada, o Mama?

Que agora, saibam, já não é mais Mama, parece que é Papa!

E que certamente irá desaparecer em breve.

E porque aquela casa só é alugada para restaurante mesmo sabendo-se que nenhum deu certo?

E a historia do Alemão Uebel,  coloninho de São Leopoldo que através de assessoria de RP ingressa no mundo internacional, sofistificado e safado da cirurgia plástica?

E a nossa história, como seria?

Lembram daquelas pessoas que moravam na esquina, defronte à pracinha?

Enfim, enredos mil.

Certamente com mais substância do que “Voyage au tour de ma chambre”.

Afinal há uma grande diferença entre um quarto e uma rua.

Estes dias, no elevador do Forum, pedi “Quarto” à acensorista (?) e um engraçadinho desconhecido imediatamente observou:

  • Aqui não tem quarto, só sala e cozinha!

Aí eu olhei para ele  e disse:

  • Não entendi!

O cara repetiu e eu também.

Na terceira vez o cara estava tão encabulado que achei que ele iria ter um infausto.

Mas, mereceu: uma piada destas justifica até pena alternativa.

São onze e meia, a Dra. Patrícia ainda não voltou do

ágape e os guris que levantam cedo, devem estar dormindo.

Vão acabar tendo que pousar aqui e amanhã irem direto para o colégio; isto se não houver problemas de roupas.

Hoje falei com o Diogo que me ajuda muito quando tenho dúvidas mais cruciais; acontece que ele é muito estudiosos e o Ministério Público traz grandes experiência em determinadas áreas, principalmente Direito de Família.

E o Diogo gosta de ajudar: digo que ele está devolvendo os trabalhos que eu fazia para nós na Faculdade.

No momento trato de resolver um baita pepino do David Freitas.

O crioulo vai pagar e bem pela novela.

Muito bem, vamos ver o que está acontecendo com os gurís.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 19 de Maio de 1999, 21:15, frio brabo.

 

Hoje estamos estreando o inverno e estreando bem: de tardezinha começou a soprar um vento frio gelado e a temperatura deve andar pelos 5ºC.

Acabei de falar com Bagé e eles dizem que parece que irá nevar mas acho meio exagerado.

Amanhã o aniversário do Ângelo, dezessete anos, será festejado no Fogo de Chão, com freqüência reduzida mas não fica afastada a hipótese de uma geral porque o Tergolina irá patrocinar e aí a coisa pode se ampliar.

A idéia era que eu oferecesse a janta mas, com o Tergol na parada, ele assumiu, o que é justo.

Tudo bem.

Dr. Barrios chegou bem dos USA, hoje ao meio dia.

Declara que eles lá estão indo bem, sem maiores problemas…

O Carlos esteve em Atlanta, aquela cidade que queima em “E O Vento Levou”; já estive lá e é lindíssima.

Quando andei por lá ainda havia muito racismo e a negrada era muito agressiva.

Tenho umas histórias para contar a respeito mas neste momento, estou sem saco.

Falando em histórias, morreu ontem em acidente de carro, o Dias Gomes, quem, dizem, era o autor mais conhecido no Brasil; são dele “O Pagador de Promessas” “O Bem Amado” e outras tantas novelas e peças de teatro; aquela da Viuva Porcina é dele.

Era da Academia Brasileira de Letras e um dos membros mais antigos do PC.

Ele a Jussara Cony!!!

Se o Dias soubesse que a Cony era sua correligionária, imediatamente pediria inscrição no Partido Nazista.

Imaginem a cena:

Gabinete do Dias lá na Academia; entra um porteiro engalanado e declara solene:

  • Mestre, está aí uma madame que deseja uma entrevista com

Vossa Excelência!

O Dias, malandro velho, logo imagina uma fã de carteirinha, uma daquelas cariocas machadianas, de braços roliços e olhares lânguidos, como a Capitú!

Aí entra a Jussara Cony!!!

Me lembrei: Roque Santeiro ( da viúva Porcina).

Pois é.

Daqui a pouco teremos a transmissão de Palmeiras x River Plate, lá de Buenos Aires.

En passant, ontem li uma definição interessante: referindo-se ao técnico do River, o cronista escreveu que, como todo argentino, ele se supunha simplesmente o melhor.

É verdade: os de alla, os tchê boludos, os Gardelón, realmente acreditam que eles são o sal do mundo: há uma estação de TV argentina que está na NET ( 59?), que é uma das coisas mais ridículas que se pode ver na atual conjuntura.

Os caras só sabem discutir tango e o mais moço deve ter sido contemporâneo do General Belgrano: dá pena ver aqueles múmias, de cabelos pintados, pele esticada pela maquiagem, querendo se passar por malandrins mas na verdade loucos para irem para casa botar uma touca, uma pantufa e tomar um chá de camomila enquanto assistem a TV.

São divertidos aqueles pátrias.

Mas, come-se bem na Argentina e isto é o que realmente importa.

Estou estudando Commom Law e a conclusão que se chega é que ser advogado nos USA não é fácil.

Viva o nosso sistema racional e codificado.

É impressionante constatar de como um sistema maluco como aquele pode produzir uma sociedade organizada mas, pensando bem, esta é uma afirmação que necessita ser melhor estudada para ver se não esconde um erro de Lógica

Vou ver o jogo.

Boas noites.

 

Sábado, 22 de Maio de 1999, 19:00, frio.

 

De Quarta feira até hoje, as novidades ficam por conta do frio e do aumento de volume dos trabalhos no escritório.

Hoje cumprimos as devoções dos sábados – feira e visita lá em casa – e à tarde fomos na Igreja de Santa Rita, dando uma pasada na Isinha.

O movimento de carros para Guarujá, onde está a Igreja, estava intenso e a gente chega a pensar que afinal, o Cachurro tem alguma razão: é que o Cachurro declarou publicamente que este negócio de automóvel é algo ultrapassado, não se usa mais em países civilizados!!!

Então tá mas se a cidade continuar com estas vias de tráfego que tem, realmente para automóvel não dá.

Falando nisto o Pablo ensaiou horas com a Heloisa a música “Porto Alegre” do senador Fogaça para ser executada em solo de flauta  (?) e tirou dez.

É bonita a música do Fogaça mas difícil de executar, a linha melódica é tênue.

Eu manjo de musicalidades…

Não pensar que esqueci de verificar de como se chama aquele assopra em um bocal e obtem a escala de sons abrindo e fechando furinhos com os dedos.

Prometo que volto com uma explicação erudita.

Vejam que interessante a história que vem a seguir porque contém matéria prima para grandes reflexões.

Os alemães se prepararam obter sigilo em suas operações de guerra com um aparelho que eles supunham produzir textos indecifráveis, salvo para outro aparelho igual.

Acontece que os ingleses conseguiram um dos tais aparelhos, via resistência polonesa e começaram a decodificar as mensagens alemãs, tanto táticas quanto estratégicas.

Era um segredo muito bem guardado e muita gente acredita que a vitória na guerra só foi possível graças a essa operação chamada ULTRA.

Fredy Winterbotham era o seu chefe e ligava-se diretamente com Churchill, Einsenhower, Montgomery etc e com os comandantes de grandes unidades, tipo Grupos de Exército, Exércitos etc.

Agora vem a parte interessante:

MUITOS COMANDANTES RECUSAVAM-SE A RECEBER AS INFORMAÇÕES PORQUE ACREDITAVAM QUE AQUILO ERA UMA SUJEIRA, UMA MANEIRA MENOS NOBRE DE COMBATER O ADVERSÁRIO.

Se imaginarmos do que se trata em uma operação de Grupo de Exército, e os efeitos de um sucesso ou uma derrota, poderemos avaliar até que ponto os conceitos éticos prevalecem nas ações de um cavalheiro inglês.

Não juro mas penso que entre os generais junkers, tipo Guderian ou o velho marechal Rundsted, prevalecia a mesma opinião e recusavam-se a receber informações obtidas por interferência nos meios de comunicação dos adversários.

C’est ça.

Com vistas aos nossos grampos telefônicos…

Mais uma vez a minha teoria explicativa da riqueza deles e da nossa pobreza: é o comportamento ético.

Cabe acrescentar que os americanos, na guerra, apatifaram total: eles diziam que os alemães eram gangsters e como tal deveria ser tratados.

Isto aconteceu por ordem expressa de Ike, como o primeiro general alemão capturado na França.

O assunto é vasto.

Acabou de telefonar a Lucia pedindo para mim ver um Email dela; telefona depois que vir um filme sobre o julgamento de Oscar Wilde.

Não sei porque o Wilde exerce tanta fascinação sobre a Lucia.

Heloisa comprou um livro com a s máximas dele: na época em que foi publicado, o livro deve ter causado o maior furor na sociedade vitoriana mas hoje é simplesmente soft, ainda não politicamente correto mas, quase.

É como o padre da Igreja de Sta. Bárbara de “O Pagador de Promessas”: hoje não se admite que haja ou tenha havido um padre assim mas a verdade é que ele os havia ( como diria o Eça) e não faz tanto tempo.

Amanhã devemos ir até ao Imbé para darmos uma olhada e pagarmos o povo que cuida por lá; o Lucas deve ir junto.

A previsão indica tempo bom mas penso que não será um dia ensolarado.

Boas noites.

 

Terça-feira, 25 de Maio de 1999, 18:14, indo para chuva.

 

Ontem de noite o João precisava ir até aos Barrios e emprestei-lhe o Santana; combinamos que ele me pegaria aqui hoje de manhã.

Realmente o João apareceu cedo mas para contar que fora assaltado naquele entroncamento que dá acesso aos Veleiros,  Wenceslau Escobar etc. e lá foram carro, dinheiro, documentos etc.

O João rodou um bocado com os assaltantes e acabou sendo largado em Canoas.

Quando íamos saindo para a cidade, ainda hoje de manhã, a Doris telefonou que alguém estava informando que o meu carro estava abandonado na frente da casa dele, no fim da linha do ônibus Agronomia.

Imediatamente fomos para lá e era verdade: o Santana, depenado estava lá.

Os caras roubaram os bancos, as ferramentas, estepe e os meus óculos.

O espanto fica por conta dos bancos, que nem eram lá estas coisas e já estavam velhos.

Os documentos do João passaram pelo mesmo processo: algume telefonou informando havê-los encontrado.

Já vi este filme umas quatro vezes mas, o que fazer?

O que fazer iremos decidir nos próximos capítulos.

Neste momento o carro encontra-se sendo recompletado.

Acaba de chegar o Ângelo, vindo de um jogo; nada contra o esporte mas em ano de vestibular, um treinamento quase profissional, certamente não é uma boa opção.

Reapareceu o Napoleão, chegado do Rio.

Passou uma semana lá e, como seria de se prever, quase não viu nada.

Acontece que no Rio, as distâncias são enormes e perde-se muito tempo em idas e vindas.

Um mês é o tempo mínimo para bem conhecer o Rio e suas cercanias: Cabo Frio, Araruama, Marambaia, Angra, Petrópolis e

Parati, Agulhas Negras etc.

O Napoleão não conseguiu ir na Praia Vermelha!!!

Cada vez que vou ao Rio, pelo menos uma voltinha eu dou ali pela Urca e Praia Vermelha, inspeciono o General Tibúrcio, a Casablanca, uma caminhadinha na praia e pronto.

Assim que, estamos em quê.

Ou seja, embromando enquanto não começa “Casseta e Planeta”.

No ínterim, vou ver o que está acontecendo com os processos que correm no forum local.

Boas noites.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quarta-feira, 26 de Maio de 1999, 16:47, chuva forte.

Hoje, Quarta feira, fins de maio, e estamos nos encontrando com o primeiro dia de inverno do ano!

Um dia gris, chuvoso, frio, as pessoas loucas para virem para casa tomar alguma coisa quente, abrigarem-se, jantar bem e irem dormir cedo.

Um pinhãozinho vem bem, bolinhos de chuva, estas coisas…

Parece óbvio que estou com fome, mesmo que não devesse estar porque almocei em casa e fiquei por aqui e não fui para o centro.

Acontece que quando vou para o escritório – é a regra – não almoço e aí sim, quando chega esta hora, estou vesgo.

Bem.

O Lucas veio para fazer um trabalho na Internet porque o Pingo não abre a senha para os mais familiares.

Neste momento está dormindo no quarto da frente.

Esta gurizada que tem aula de manhã, vive com sono; lembro que nos meus tempos de aluno da EPPA e principalmente AMAN, a gente só pensava em dormir: aquilo era uma obsessão.

Quantas e quantas vezes vi colegas que deixavam de aceitar qualquer convite no Rio para ficarem dormindo nos fins de semana.

Os chamados “laranjeiras” na maioria das vezes só o eram por dependência de sono.

Laranjeiras eram os caras que nunca saiam da Escola, nem em feriados, fins de semana, nada; geralmente eram cadetes de lugares remotos do Brasil que não tinham parentes nem conhecidos nos locais das Escolas.

Ou, como eu disse, os que preferiam ficar dormindo.

Mudemos de assunto: como sabemos (?), o Lauro Quadros faz um programa matinal de radio, em que ele lança uma pergunta para o povo responder.

Assuntos palpitantes tipo Ford x Olívio; hoje a pergunta era a seguinte:

  • Você prefere a ditadura militar ou isto que está aí?

Debatendo de um lado, o Pedro Américo que como sabemos é um coitado e do outro lado uns pintas que suponho do PT, professores da PUC, estes babados.

Inclusive uma malher da escola da Tarsinha Genra.

Pois bem,a resposta do povo: 75% preferem a ditadura militar!!!

E agora seu José?

Acontece que estamos sendo governados por cariocas e aratacas, uma combinação terrível que conduz à corrupção, incapacidade,

irresponsabilidade, leviandade e total desprezo pela vida dos mais participantes.

Ou seja FHC avec ACM.

Assim não dá, é preciso afastar o Brasil tropical, mulato pachola, vagabundo, incompetente e abusado e retemperar a bagunça com um pouco de anglogermanismo.

Aratacas e galegos, fora!!!

Chega de cortesãos de D. João VI, chega de moedores de cana e fazedores de cachaça e goiabada.

Chega de banhos de semicúpio.

Agora é de chuveiro, diário e gelado.

Nunca esquecendo o Padre Vieira e suas definições do que eram este país e seus habitantes, no século XVII.

Não mudou nada.

Alguém aí sabe onde está enterrado o padre Vieira?

E sabem porque não sabem?

Porque ele era contra as patifarias que até hoje nos envergonham e as expunha do púlpito.

Ladrão para ele não era empresário bem sucedido, era ladrão mesmo, o Vieira não usava a semântica do “politicamente correto”, era pau no citado burro.

Vale a pena ler sobre a vida dele que se desenvolveu num plano muito mais alto do que sabemos.

Acontece que in illa tempora, os sermões eram a televisão, o cinema, enfim, a grande diversão das partes.

Que acorria em massa quando aparecia um pregador capaz de galvanizar a massa como hoje acontece com estes roqueiros da vida.

O Vieira causou tumulto até em Roma tamanha era a frequência de seus sermões.

E ele pregava em italiano, latim, o que fosse necessário.

Fez tanto sucesso e marretou tanto que acabou em cana via Inquisição.

Grande surpresa…

O Vieira, está enterrado em Vitória do Espírito Santo mas soube disto via Napoleão Freitas que vive viajando.

Porque, oficialmente, nunca li nada a respeito.

Quem será que está com o livro “O Melhor do Mau Humor”?

Sempre digo que jamais devemos subestimar a ignorância alheia e hoje aconteceu um fato que ratifica a minha tese.

Como chove muito forte e estão previstos jogos do Grêmio e do Boloral, o debate na Sala de Redação versava sobre gramados drenagens etc.

Lá pelas tantas o Ruy Carlos Osterman, chamado de “O Professor”, e que o é de Filosofia e já foi Secretário Estadual da Cultura, anunciou a seguinte espantosa novidade:

  • No gramado do Grêmio, estavam plantando uma espécie de grama exótica, maravilhosa que resultava naquele aspecto lindo, verde exuberante e na resistência ao pisoteio.

Uma verdadeira preciosidade, descoberta pelo Grêmio!!!

O Ruy inclusive, citou o Fábio Koff como a pessoa que teria  incentivado o uso da mágica gramínea, cujo nome é AZEVEM!!!

Azevem meu, é aquele capim que dá no inverno e que os carroceiros colhem nas beiras dos arroios, quando estão voltando para casa, para alimentar seus burros.

Qualquer jaguara que arguma vez teve algum alemal no Rio Grande véio, sabe o que é o azevem, onde nasce, quando dá e para o que serve.

Qualquer jaguara menos aqueles da Sala de Redação.

Aqui nestas invernias, alem do pasto natural, deve ser planatdo um pasto de verão e um de inverno; o de verão pode variar porque são muitas espécies mas o de inverno é sempre o consagrado azevem.

Só que, se não cortar ou não houver bichos pastando curto, ele cresce e cresce muito rápido.

Se o Grêmio plantou azevem, é bom que tenha várias máquinas de cortar grama ou compre umas vacas de leite.

Então tá.

Suponho que amanhã o Santana retorne ao serviço.

Boas noites.

Quarta-feira, 26 de Maio de 1999

 

Segunda-feira, 31 de Maio de 1999, 21:24, frio.

 

Tivemos uma semana de frio e até ameaças de furacão, o qu e acabou não acontecendo e promoveu alguns vexames; é impressionante como as pessoas são medrosas e capazes de inventar as maiores barbaridades para justificar sua covardia.

Um serviço qualquer de emeteorologia, fez um comunicado público sobre a chegada de um furacão e pediu `as pesoas que se acautelassem.

Foi o que bastou: o número de boatos , mentiras, demonstrações de oligofrenias foi incrível: houve gente que abandonou seus apartamentos em andares altos, diretoras que fecharam escolas, gente que amarrou móveis e animais, enfim um vexame total.

E, niente…só um ventinho muito mixuruco.

Aí a gente fica imaginando o que aconteceria numa guerra.

Bem.

De vez em quando consigo enriquecer estes registros com um caso interesante, totalmente fora dos padrões.

Lá vai um.

Lá por 1965, o Vares que estava exilado no nordeste resolveu passar as férias em Santana do Livramento, sua terra natal.

E se mandou de João Pessoa, com a Meneca e os quatro filhos num Fuca!!!

Para completar, totalmente “pelado”o que significava pousar nas piores espeluncas.

Em Arapiraca, ficaram numa pensão, ou algo assim, em cujo WC havia uma quina de parede na qual estava escrito:

“Proibido se limpar na parede”!

Acontece que a referida quina estava completamente suja com oque educadamente chamamos de dejetos, na verdade merda!

Ou seja, os aratacas, após aliviarem os intestinos, limpavam a descarga esfregando- a na quina da parede.

O que responde a uma velha indagação minha de como as pessoas limpariam a bunda antes do papel higiênico e não havendo jornal.

Sabia do sabugo de milho, usado mundialmente, mas o recurso da quina de parede é surpreendente.

Digo que o sabugo era(?) uma prática mundial porque há um conto americano “O Especialista” – muito bom – que versa sobre o tema.

O conto faz parte daquele livrinho publicado pela Ipiranga

“As calcinhas cor de rosa do capitão”, uma coletânea notável de contos idem.

Particularmente, do que mais gosto é “O amor é uma falácia” mas todos são bons.

Ontem a Heloisa falou com a Zilda que continua com dores insuportáveis.

Foi barbeiragem dos cirurgiões que fizeram uma cirurgia cujos procedimentos ainda são experimentais.

Eles seccionaram o nervo ciático e a dor já está condicionada no cérebro ou seja, agora mesmo sem causa, dói.

Negócio meio complicado.

O Alemão vai me mandar via Email o nome dos remédios que a Zilda está tomando para que os esculápios daqui dêem seus palpites.

De uma coisa sempre tivemos certeza: teria sido melhor se a Zilda houvesse vindo para cá mas não foi esta a decisão deles.

A Medicina no Rio é ruim e os picaretas abundam.

No blame no complaint.

Ontem fiz grandioso churrasco com a presença de todos exceto o Pingo e o Ângelo que não estão mais naquele de ficar agüentando encheção de piás.

Já vi este filme algumas vezes.

Quando tiverem seus próprios piás, voltam; e irão ficar brabos se alguém achar que os referidos são uns chatos.

Com vistas ao Dr. Bolão.

Consta que o Pingo brigou com a Rachel de modo definitivo, o que seria de se prever.

Agora ele está na gandaia o que também é normal e previsível.

Pena que não tenha feito o CPOR para enriquecer a biografia.

Domingo, depois do churrasco, numa manobra de inspiração ecológica, o povo todo foi conhecer o sitio do Tergolina lá perto do Paulo Paetrolino.

Gostaram muito e acharam tudo muito bucólico, com figueiras majestosas, vertentes de água cristalina em abundância etc e tal.

No inverno, sabemos, campo é um lugar úmido onde as aves passeiam cruas…

A respeito, hoje está uma notícia no jornal sobre Papeete, Oceania Francesa, considerada um paraíso terrestre: o pátria que andou por lá diz que tudo bem, o lugar é lindo mas nos cartões postais não aparecem nem o calor medonho nem os mosquitos!

Os franceses não têm eletricidade nas ilhas e acham que os mosquitos também são filhos do Criador.

Assim que, como na maioria das coisas, a realidade é um pouco diferente do marketing.

Nunca esquecer as racionalizações de quem faz turismo: o cara dá um duro danado para arranjar tempo e dinheiro e aí, deliberada e voluntariamente, abdica de sua dignidade para ficar ao comando de alguns mentecaptos que irão mentir ou repetir lugares comuns por alguns milhares de quilometros; voluntariamente irá ingressar num grupo social que é hostilizado pelos nativos em todo o lugar que passa;

irá tolerar impertinências de subalternos que jamais suportaria em sua terra natal; será explorado por babacas que não têm condições de sequer engraxar-lhe as botas.

Vai ficar stressado com medo de perder o trem ou o avião vai andar em bando grudado na saia da guia com medo de perder-se.

E, quando volta para casa, vai admitir tudo isto?

Claro que não, o negócio é racionalizar.

Mesmo que involuntariamente.

Para dizer que Paris é um ponta pé nos bagos, cara, fedorenta, só o Indiana e a Ângela e assim mesmo quero ver até quando dura este posicionamento.
Porque as pessoas tendem a esquecer e a colorir as lembranças na medida em que o tempo passa.

Não esquecendo que um realista é um chato social: ninguém quer saber que há muitos mosquitos em Papeete, que o Chile é uma porcariazinha hortifruti, que na Bolivia as cholas defecam na rua etc. etc. E tal.

Neguinhos querem contar, de modo  “en passant”:

– Estava eu dando uma voltinha na Rive Gauche quando…

Para quem não viu “Mon Oncle” que versa o tema sob outro ângulo, recomendo.

Acaba de telefonar a Ana Lúcia informando que a anulação dos registros referentes à suposta venda dos imóveis de Bagé, já foi procedida via cartas precatórias para Lavras e D. Pedrito.

Com o que, o meu contrato de trabalho estaria cumprido e bem cumprido mas, creio, ainda terá que continuar por um longo eito.

Pelo menos até os malandros devolverem as terras e os bois e serem – talvez – deserdados.

Em matéria de terras, penso que esta foi uma das maiores “causas” da história jurídica do Rio Grande do Sul.

Afinal estavam em jogo mais de 4.000 hectares de excelentes campos, fora gado, instalações etc.

Vou aguardar esta semana e, se a parte adversa não se mexer, o que espero faça, retomo a iniciativa.

Nunca esquecendo que em processo, a posição do réu é muito mais confortável do que a do autor.

Quando se é autor, a gente acaba mostrando o caminho da roça para o réu.

Bem, vamos ver o que temos no E Mail.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 3 de Junho de 1999, 18:29, frio.

Apud a  Witte Fibe ( Uaite Faibe como dizem os Cassetas), hoje vai dar uma virada feia no tempo com ciclone e tudo; este “caco” do ciclone deu o que falar porque muita gente aproveitou para uma “coçada”geral.

Foi um vexame mas particularmente eu acgo que as demonstrações de pusilanimidade foram as piores coisas que aconteceram.

Houve um psicólogo da PUC que disse que  no fundo funcionou o espírito de imitação, que a moçada queria comportar-se como um americano ao aviso de tornado.

Falando nisto, faz tempo que eu não como um tournedô.

Antigamente, em qualquer restaurante suburbano, estava lá no cardápio: tournedaux (?) a Chateaubriand.

Ou, tournedô ao molho de Madeira.

O “aux”vai por conta de um plural inexistente: afinal eu não sei o que vem a ser tournedeaux em francês.

Vou ter que pesquizar: é incomensuravel a minha ignorância.

Para quem não sabe ou para os guris quando chegarem em restaurantes finos, tournedô é um filé mignon alto, aí com uns oito centimetros, servido mal passado geralmente com molho Madeira.

Estou me dando conta que quase não existem mais restaurantes com cardápios mais sofistificados: hoje é na base das chorrascarias, galetos, cantinas e bufetes.

Tudo bem mas, fica o registro: os restaurantes ditos à la carte, estão em vias de desaparecimento, como os dinosaurios.

Se não for assim que se escreve dinosaurios, é assim que é certo, semanticamente certo.

A frase aí em cima está brabíssima.

Amanhã a dona Branca, mãe do Vitta, faz cem anos e está convidando para um chá, suponho, no Plazza.

Deveremos ir lá pelas cinco da tarde.

Ontem o Ângelo veio para cá de noite e fomos jantar no ex – Mama, atual Papa : achei caro e xoxo.

O Ângelo descontou o prejuízo porque eu não comi nada mas ele arrazou o tal de Papa que ainda não se sabe se é o Pontífice ou o ex-marido da Mama.

Em compensação hoje a Heloisa fez uma massa maravilhosa e eu uma sopa de anioline de babar na gravata.

Casualmente a Mary apareceu para almoçar; está muito bem, sempre discreta e educada.

Ontem o Boloral levou quatro ( 4 x 0) do Juventude e está fora da Copa Brasil; amanhã ou depois joga contra o mesmo Juventude pelo campeonato gaúcho e, se levar chumbo de novo, a casa cai.

Acontece que o Inter é muito ruim e o Juventude pior ainda: os golos só acontecem por sorte, xiripa, frango etc.

Jogada mesmo, nenhuma assim que tanto um miserável como o outro pode ganhar.

Falando nisto o Guga, devidamente endeusado pela Globo. Já nominado como o número 1 do ranking, perdeu para um velhinho careca ucraniano e está fora de Roland Garros que os locutores nacionais insistem em dizer “garros”.

Em francês não se pronuncia o “s”de final de palavras: é Garrô.

O outro bolha, o tal de Meligene, continua mas decerto irá perder em seguida.

Também: um catarina e um argentino! Não pode dar certo.

Não deu!!!

 

Segunda-feira, 7 de Junho de 1999, 21:02, frio mesmo.

 

Temos tido umas temperaturas baixíssimas, de renguear cusco.

No entanto, ainda ontem saiu uma vasta reportagem sobre o chamado “Efeito Estufa”.

“Efeito Estufa “é o aquecimento da atmosfera causado pela retenção do calor nas nuvens de gazes que se formam em decorrência de combustões as mais diversas.

De acordo como os Ecologistas, deveríamos voltar à idade da Pedra, e só queimar lenha para assar alguma caça.

Para provar a teoria do Efeito Estufa, temos tido os invernos mais severos dos últimos tempos e aumento na calota polar antartica…

É interessante notar como os Ecologistas são catastróficos.

É maré vermelha, efeito estufa, camada de ozônio, desmatação, desertificação, fim da água doce, fim das baleias, poluição dos mares, lixo interplanetário, elevação do nível dos mares, enfim um horror só.

Ninguém fala em banhados  mortais drenados e transformados em belíssimas áreas verdes, ninguém conta que as piores doenças estão nas selvas (vejam -se os vírus Ebola, Aids etc.), ninguém declara que um maremoto ou a erupção de um só vulcão causa mais danos ao meio do que 1000 anos de ocupação humana, ninguém elogia o reflorestamento ordenado.

Só interessa o tragedião, a profecia catastrófica.

Mas, se a gente levar em consideração o que acontece quando a espécie humana se civiliza, se aperfeiçoa, iremos ver que a natureza acompanha.

O meio ambiente americano é bem diferente daquele do Haiti ou de qualquer outra república do Caribe.

O que polui é a miséria.

O que mata é a fome.

O que destroi é a ignorância.

Bem.

O Ângelo veio pousar aqui por causa do futebol e eu sempre aproveito para conversar com ele sobre História e Geografia.

Ontem, passamos o dia no sítio dos Tergolinas; estava um lindo dia e foi um belo passeio.

O Tergolina fez um churrasco muito bom e , no final, as pessoas trouxeram montes de bergamotas, limões e limas.

Foram todos, menos o Bolão que ficou para fazer um trabalho impostergável.

O Ângelo organizou uma pescaria mas como estava bastante frio, os peixes não apareceram; peixe de açude, quando esfria, enterra-se no barro e não come.

Aliás todos os bichos comportam-se assim no inverno: as tartaruguinhas aqui de casa faz um mês que não comem.

Para variar um pouco, a Patrícia irá fazer uma feijoada no dia 20.

Pode ser que, aos poucos, a família organize outros programas de Domingo que não o nosso clássico churrasco/galeto.

Cozidos, strogonofs, bufês nacionais etc.

Bufê nacional é um conjunto de alimentos com predominância para alguns de uma determinada escola culinária e para o que todos contribuem: cada família faz, p.ex., cinco pratos o que nào é muito e resulta nun bufê de 25 pratos o que é razoável.

Também ir para a praia é uma boa pedida.

Em não havendo chuva, até no inverno é bom.

O Pablo e o Diego têm vindo para cá de tarde depois das inúmeras atividades que têm, tipo esgrima, futebol, tênis etc.

Falando em tênis o tal de Meligeni se foi, como previsto.

No que concerne a fofocas, consta que a filha da Graça, a Teca, fez lipo escultura!!!

Mas a guria é super elegante e tem só quinze anos!!!

Então tá mas a comadre está exagerando.

Acho que os adultos devem ser mais severos com estas aberrações dos adolescentes: olha o que aconteceu com a Luciana.

Consta também que o Pingo está com tremenda dor de cotovelo porque brigou com a Rachel e ela já está desfilando com outro.

Não sei se o Carlos sabe de tudo isto mas certamente, se soubesse, iria transferir a viajem para New Orleans para degustar melhor as fofocas.

E buenas noches.7 de Junho de 1999.

 

Terça-feira, 8 de Junho de 1999, 21:04, tempo bom, enfarruscando.

Durante o dia, vários assuntos me ocorrem para serem objeto de aqui comentários; pena que quando chego aqui, já nào os lembro mais.

A melhor coisa que se pode fazer é andar com um caderninho e tomar nota das idéias.

Parece um a prática simples mas não é: conheço n + 1 pessoas que já tentaram tal método mas não tiveram sucesso.

O Fernando Campos, um engenheiro que foi meu professor nna Arquitetura e, ao mesmo era meu empregado na APLUB, certamente é um excelente profissional e uma pessoa de grandes virtudes mas dele só lembro que andava com uma agenda e tomava nota de tudo!

E o que é mais importante, a tal agenda funcionava mesmo, o Fernando vivia consultando- a .

Esse “consultando – a “, está brabíssimo.

Mas, tentem mudar para ver de como o Português é uma língua miserável.

En parlant, muitas pessoas me perguntam se li o Zé Saramago e o que achei; penso que o Zé não é um escritor que convença na primeira leitura assim que todo o mundo fica com dúvidas querendo  que saber o que os outros acham dos livros dele.

O que eu penso é o seguinte, ele escreve muito bem, consegue manter a gente interessado mesmo para uns assuntos chatos como aquele sobre os nomes do Registro Civil.

E vejam que a abordagem do tema poderia ter sido muito mais interessante: um cartório destes em Portugal pode ter registros do século II AC, do tempo da colonização romana ou dos ostrogodos.

Na Sé de Braga, há túmulos romanos com os nomes dos “de cujus” datados do ano 40.

Há também muitíssimos túmulos de portugueses com mais de 700 anos, inclusive um Marquês de Moura ( trouxe uma foto).

Assim que o Saramago, se fosse um escritor de enredos, tipo Agatha ou Conan Doyle, poderia deitar e rolar escrevendo sobre cartórios de registros em Portugal.

Ou nas sacristias das Sés que era onde se registravam os bautismos desde antes da fundação do condado Portucalense.

É um assunto sem fim: por exemplo, como seriam os registros dos árabes?

A gente sabe que cada vez que um lado – árabe ou  cristão – tomava uma cidade, imediatamente tacava fogo em tudo mas alguma coisa deve ter sobrado nas regiões de dominação maometana.

Como seria?

Um assunto interessantíssimo é aquele que versa sobre o surgimento dos sobrenomes na Europa.

Gregos e romanos usavam nomes e sobrenomes e havia registros públicos que tratavam disto.

Depois, com as invasões bárbaras, o sistema famíliar romano desabou e a coisa toda ficou mais para uma sociedade nômade com tribos nórdicas e orientais indo e vindo pelas planícies da Europa.

Ninguém tinha sobrenome ou mesmo nome naqueles tempos infames da Idade Média.

Dizem os mais afoitos em bolarem teorias que os nomes surgiram no Feudalismo para que os principes soubesem quem era servo de quem.

Havia inúmeros feudos e as aldeias muitas vezes se confundiam assim que nadie sabia quem era o senhor e este não sabia de quem deveria receber os impostos, motivo para que grandes mudanças fossem feitas.

Falou em não receber impostos e a imaginação funciona e bem.

Daí os nomes: João de Borba, Carlos de Braga, José da Almeida Almendorino Lisboa e por aí empós.

Diz-se também que os nomes de profissões decorriam delas o que parece bastante razoável mas isto vale mais para os nórdicos do que para os mediterrâneos, stritu senso.

Alemão bauer, miller, pfeifer, schmidt, schumaker, tem de montão mas português ou espanhol com nome de profissão são poucos.

O que parece esclarecer um pouco das nossas mazelas econômicas.

Não sabemos fazer objetos, digamos assim (vejam que até a língua se comporta mal quando quero transmitir a idéia de “craft”), enquanto que os nórdicos são bons nisto.

Em todo o lugar em que se viva, sempre há um “Alemão Faz Tudo”.

Portuga Faz Tudo, só em anedota.

E não vai dar certo!!!

Como vivemos na Civilização do Frio ou seja cultura de estoque, de amontoar para o inverno, logicamente temos relados.

O tema é interessantíssimo.

E pode ser divertido também.

De tudo se depreende que o Zé Saramago é meio burro porque com todas estas fontes para fazer um ou uns baitas enredos, ele sai numa tangente paupérrima dum amor brega e suburbano.

Mas, como eu disse, bem escrito.

Tudo bain.

Sono cum fame.

Interessante de como consegue-se opiniões diferentes partindo de qualquer fato.

Um dia destes víamos na televisão uma cena que mostrava uma família em torno à mesa; o ambiente estava pesado porque as pessoas queixavam-se de que estavam desempregadas, sem dinheiro, sem esperanças etc.

Só um menino comia, os adultos olhavam, olho comprido.

Eis senão quando um dos que assistiam a cena na TV, comenta:

  • O guri está traçando um miojo. Excelente idéia, vou fazer um para mim.

Pode parecer um fato banal mas não é bem assim e dele devemos tirar uma lição importante: quando você lança uma idéia no éter, deve partir do princípio de que cada receptor irá interpretá-la de modo diferente.

A literatura está cheia de anedotas de erros de entendimento.

Falando em entendimento, as teorias que estão em alta são aquelas sobre a inteligência das moléculas.

A transmissão do conhecimento das moléculas de uma solução para outra, via condutores, fios não energizados, é a última descoberta dos ingleses.

Negócio seguinte: as soluções homeopáticas ganharam grande suporte científico depois da descoberta das partículas atômicas e sub atômicas.

As soluções homeopáticas por serem altamente fracionadas, chegariam mais facilmente àquelas partículas e fariam seus efeitos na origem da coisa.

Até aí tudo bem.

Acontece que um inglês partindo não sei de qual analogia, preparou uma solução homeopática e colocou num vaso; ao lado colocou um outro vaso igual, com água comum.

Mergulhados nos dois vasos, colocou dois fios de cobre e nada mais, sem corrente elétrica ou indutância magnética.

Diz ele que a solução migrou de um vaso para outro, ou seja, o que era água pura virou solução homeopática!!!

Não percebi muito bem o espírito da coisa mas creio que breve teremos mais publicação sobre o tema e então ficarei sabendo qual é o “logo” ao qual ele pretende chegar.

A primeira notícia, com comentários ligeiramente céticos, saiu na Time da semana retrazada.

Hoje eu iria no médico do coração, o Jorginho Pinto Ribeiro, mas na hora o referido teve que atender a uma urgência e desmarcou para Quinta feira às seis da tarde.

Ainda bem que não foi a las cinco de la tarde.

Estou pensando se desmarco também e vou no Gordo Sérgio que supostamente é o meu clínico.

Vou pensar; não que o Pintinho seja mau sujeito e muito pelo contrário mas o Sergio pode ficar chateado.

Falando en a las cinco, por onde andarão meus livros do Vargas Villa?

A procissão de la Virgen de la Macarena descrita pelo Villa, é coisa que nunca mais se esquece, mesmo que pase una vida.

Neste momento este registro chega a 100 páginas e como estamos no início de junho, tudo leva a crer que ele terá o mesmo número de páginas que os outros.

Boas noites. Terça-feira, 8 de Junho de 1999.

 

Quarta-feira, 9 de Junho de 1999, 18:00, chuva forte.

Depois de uma semana de frio e tempo bom, hoje despencou uma chuvarada forte que entupiu a cidade.

Os caras do PT não tem estatura para fazer obras grandes de saneamento: eles acham que resolver o problema das enchentes é limpar os boeiros.

Imagina um PT calculando a seção de vasão de um bacia de acumulação!

E é o cálculo mais fácil que existe.

Ontem quando saí daqui, estava passando na TV o Hamlet, uma peça pela qual tenho especial predileção porque representamos uma paródia dela na AMAN.

O pai de um atual artista da Globo ( fisicamente os dois são iguais), representava a Ofélia e houve grandes debates em torno do tema: afinal, um cadete pode ou não pode representar um personagem feminino?

Lembro que na época, encarávamos isto com muita seriedade…

Je, de moi, como dizem os franceses, era o Laerte.

Mas, venhamos para o tema principal, sempre o mesmo.

Estamos em Londres, século XVI, ou seja num lodaçal nojento, uma sociedade estratificada e extremamente inculta.

Servo ou assemelhado na Inglaterra era pouco mais do que um bicho.

Uma nobreza cheia dos preconceitos, de moral atroz( período elizabetano), idem inculta e ignorante.

Mas, é óbvio, com exceções.

O teatro era pouco mais ou pouco menos do que uma seqüela do teatro romano, bagaceiro, pornográfico, popularesco, atividade de terceira classe.

E, neste ambiente – e estou sendo gentil – o filho de um fabricante de luvas, costureiro portanto, ator de um teatro de porno chanchada, mal casado, pelado e desconhecido, escreve Hamlet, Romeu e Julieta, O Mercador de Veneza O rei Lear, Julio Cesar e por aí empós.

Quem ouve os solilóquios do Hamlet himself, está ouvindo o que de mais avançado alimentava a filosofia da época;

Os dramas da alma que são pintados, nem mesmo Sócrates abordou, são elocubrações originais e que jamais foram repetidas;

Os conhecimentos dos costumes de cortes estrangeiras, de nomes, de História, de latim, de grego, são enormes e parece, expostos com a intenção de épater les bourgeois.

A gente percebe claramente que o autor está se exibindo, está agredindo, está menosprezando, humilhando uma sociedade que certamente o repeliu.

Tecnicamente – este argumento não me lembro de alguém Ter usado – a urdidura das tramas substitui o coro do teatro grego por um personagem que – praticamente – explica a peça ou, o que talvez seja mais correto, recoloca num plano paroquial aqueles paroxismos de paixões que exumam dos temas ditos shakespearianos.

Explico: no teatro grego, o coro ficava ao fundo, explicando o que estava acontecendo com os personagens, era uma espécie de ponto do espectador que nem sempre era ateniense.

Nas peças atribuídas a Shakespeare, há sempre um amigo e conselheiro do personagem principal que é uma pessoa simples, terra à terra e cuja função é , por assim dizer, “botar a bola no chão” quando parece que tudo irá para o espaço.

E, mostrando a outra face da moeda, aquela que todo o mundo entende e discerne, estabelece a comparação para que as paixões tormentosas sejam também percebidas e valorizadas.

Para criar um tal expediente, só uma pessoa que conhecesse e muito bem o teatro grego.

Como para escrever peças que se passam em Veneza, na Dinamarca, na Escócia etc, é preciso conhecer aquelas regiões.

Observem a fina ironia contida no diálogo entre Hamlet e o coveiro quando o príncipe chega da Inglaterra.

Hamlet pergunta ao coveiro há quanto tempo ele desempenha suas funções e o coveiro responde que desde o nascimento do príncipe Hamlet que estava louco e fora mandado para a Inglaterra.

Hamlet pergunta porque mandaram o principe para a Inglaterra e o coveiro responde;

  • É porque na Inglaterra ninguém vai notar que ele é louco, porque lá todos são malucos.

Isto daí é comentário de senhor, nunca de vassalo.

Refiro-me ao escritor, que aproveita o texto para dar uma paulada na pátria amada.

Bem, resta sugerir quem escreveu as peças atribuídas a Shakespeare.

Revista TIME, 15 de fevereiro de 1999, página 44/45.

Em um artigo de duas páginas( na Time é um sucesso), um especialista mostra que Edward De Vere, (1550 – 1604) o 17º Lord de Oxford, se não escreveu, viveu as peças de Shakespeare (1564 – 1616).

Há uma sugestão, leve, que o dito Bardo era bicha ( The Swan of  Avon), amante de Vere o que explicaria este escrever e usar o nome do outro.

Quem quiser pesquisar mais, a matéria é vastíssima e instigante.

Alem de De Vere há um outro personagem  a quem se atribuem as obras de Shake.

É Marlowe, filosofo, poeta espadachim cuja vida totalmente desregrada impedia que ele desempenhasse qualquer atividade pública na Inglaterra, necessitando portanto de um ghost writer.

Atribui-se a Marlowe o episódio em que ele, desgostoso com o serviço de um garçon, trespassa-o com sua espada.

O taverneiro acode e brada:

  • Milord o senhor o matou!!!

E Marlowe:

– Põe na conta.

Assim que estamos aí.

Boas noites.

 

Sábado, 12 de Junho de 1999, 18:07, tempo feio, frio.

Quarta e Quinta feira andei à voltas com o Jorginho Pinto Ribeiro eis que há fundadas esperanças de que eu esteja com um pé na cova, por problemas cardíacos.

Como seria de prever; o Jorginho me mandou fazer um monte de exames; após o que, indicará um tratamento para o que ele chama de “o seu coração está mesmo devagar”.

Insuficiência cardíaca parece ser um termo mais apropriado.

Pode ser que os exames informem algum caminho mas, duvido.

É o que veremos na próxima semana.

Acho muita graça quando vou consultar com amigos da Patrícia que, percebe-se claramente – foram perfeitamente alertados por ela das minhas idiosincrasias.

Por exemplo, sem mais aquela , me pergunta o Jorge:

  • O senhor está ouvindo bem?

E, a seguir, faz uma preleção sobre o uso do aparelho para melhorar a audição

Não esquecer que o Jorge é cirurgião cardíaco…

E assim, outras coisas.

Assim que, antes de começar a consulta o hipócrates já tem o diagnóstico pronto:

– Trata-se de um ancião gordo – e bota gordo nisto – sedentário, comedor de costela e picanha gorda, fumante há mais de cinqüenta anos e que até bem pouco tempo atrás, tomava umas que outras e bem mais umas do que outras!

Traduzindo a ópera em termos estatísticos, o cara já morreu há muito tempo mas disto ainda não foi informado.

Até aqui, melhor, digamos até uns três anos atrás, os meus exames contrariavam as estatísticas mas agora, depois dos setenta, sinto que a coisa não vai ser bem assim.

Semana que vem, se ainda vivo, trarei as conclusões.

Amanhã grandioso galeto com maça e sopa de anioline.

Havia a previsão de uma feijoada mas como o Dr. Barrios segue Domingo para New Orleans, o ajantarado ficou para o próximo dia 20, véspera do início do inverno.

Uma observação erudita.

Como todos sabemos, nos USA vigora o que se chama “Commom Law” um sistema legal de origem normanda pelo qual o fato, o caso, a lide vem antes da lei.

Seria, mais ou menos, o que chamamos no sistema romano de direito pretoriano.

Os países de extração inglesa seguem a “Commom Law”enquanto os demais seguem o sistema codificado também chamado continental ou romano no qual a lei precede a lide.

Diz-se “continental” numa homenagem a Napoleão Bonaparte que criou o Código Francês que por sua vez foi modelo para a maioria das repúblicas do mundo.

O Código Francês baseava-se no Código de Justiniano o qual aplicou-se até o primeiro quartel deste século nas grandes monarquias tipo Alemanha, Austria etc.

Os advogados e os doutos alemães falavam Latim- e talvez ainda falem – com a maior naturalidade e diz-se que na FEB isto foi de muita utilidade nas relações entre os alemães e os brasileiros.

Voltemos então à observação erudita.

Os USA, com exceção de um único estado, adotam a “Common Law”.

O único estado que adota o sistema dito “continental” é a Lousiana, cuja capital é Nova Orleans, lugar para onde o Dr. Barrios viaja no Domingo certamente sem saber de uma coisa assim importante.

P.Ex. se eu quiser advogar na Louisiana certamente não terei dificuldades porque as regras do processo são as mesmas.

Já na Common Law, as coisas seriam completamente diferentes porque o que rege o processo é uma série de formalismos irracionais, assistêmicos, que somos incapazes de absorver.

É mais ou menos como aquela história da classificação dos cachorros no tempo da dinastia Ming: cachorro gordo, cachorro do vizinho, cachorro cego etc.etc.

A propósito, quem se lembra das divisões na classificação dos seres?

Reino, espécie, família,……?….. são oito se não me falha a memória. Fico devendo mas pagarei.

O nosso processo ou seja, a maneira de como operamos o Direito, é totalmente racional, analítica, dedutiva .

Já a Common Law funciona como os cachorros na dinastia Ming.

Acaba de telefonar a Isinha informando que o Lucas vem dormir aqui.

Sábado, 12 de Junho de 1999. Boas noites.

 

Quarta-feira, 16 de Junho de 1999, 21:17, tempo mas ou menos.

 

Estes dias tenho andado meio atribulado com exames de saúde, consultas médicas etc.

Hoje o Jorginho Pinto Ribeiro chegou ao resultado final: estou com uma super fibrilação desordenada, a parte superior do coração bate a 230 e a parte inferior a 130.

Qualquer uma das duas está exagerada e ainda bem que o diagnóstico foi rápido: segundo as fontes mais bem informadas eu corro o risco de um AVC!

Mas, já comecei a medicação e espera-se que tudo flua normalmente.

Estas coisa de coração, sendo rápidas, têm sua vantagens amas também desvantagens; uma coisa que sempre quis fazer é escrever o meu convite de enterro ou cremação mas, se bobeio, perco a hora.

Devo portanto preparar um documento com o tal convite, fazer uma distribuição dos meus bens pessoais,  fazer a relação dos bens da sucessão, estas coisas.

Negócio e morrer também é muito complicado!

No mais tudo em paz.

Dr. Barrios voltou dos USA, a Patrícia ameaçando uma feijoada, Tergolina pensando numa festa de São João no sitio, enfim tudo em paz.

Ontem o Tergolina me trouxe dez perdizes que ele comprou bo Bourbon; tão logo haja vaga, faremos uma perdizada com vinho do ano, polenta e massa.

Pão d’água com azeite de oliva e alho.

Loucura!!!

O negócio é misturar na panela umas perdizes caçadas naquelas compradas para dar o gosto de caça.

Isto daí é problema para o Renato resolver.

Uma perdizada se faz como a seguir:

Em primeiro lugar só se convida pessoas com quem tenhamos prazer em repartir uma refeição: nenhuma outra razão pode ser alegada.

Em segundo lugar, a coisa tem de acontecer numa noite de inverno, fria.

Em terceiro lugar, o lugar deve ser bem informal, como uma churrasqueira ou uma cozinha de chão, coisas assim.

O povo deve começar a chegar cedo, assim que escurecer e ficar trovando e tomando um vinhozinho enquanto os cozinheiros vào fazendo as perdizes e a massa.

O vinho tem que ser tinto, pesado, tipo beaujolais, Sangue de Boi, enfim um vinho forte e honesto.

Em cima do fogão de lenha, coloca-se uma frigideira com azeite de oliva e no azeite, cabeças de alho descascadas e partidas ao meio. Ao lado na parte menos quente da chapa do fogão, uma bandeija de táboa grossa e, em cima da bandeja, um pão francês de um quilo, cortado em fatias generosas.

Para que, a parceria possa pegar uma fatia, molhar no azeite, cobrir com umas cabecinhas de alho e deliciar-se.

Enquanto isto as perdizes estarão assando em espetos, colocada sobre uma calha comprida na qual se fritam os miúdos com o molho que cai da rega dos espetos das perdizes.

Negócio muito sério.

Depois de cozida a massa, põe-se numa panela grande para lavar e aí, depois de lavada, despeja-se no panelão o molho das calhas  dos miudos das perdizes e deixa esquentar.

E aí, serve!!!

Pena que nenhum de nós disponha dos terens necessários para executar uma tal receita mas penso que o Tergolina poderá montá-los no seu sitio novo.

Não é tão difícil, o problema é a calha que deve ter a largura para um espeto de perdiz e comprimento para umas trinta perdizes.

As perdizes assam no bafo do molho que está no fundo da calha, junto com os miúdos.

Como a última vez que assisti a uma tal pratica de culinária já fazem uns 40 anos, em Vacaria, com o Baggio no comando, gostaria de poder fazer um treino sem a presença do público.

Vamos ver como progride esta coisa.

Hoje o PT meteu-se em mais uma encrenca, reduzir os salários da moçada via a não incidência de vantagens sobre a famos FG.

Até que, no mérito, eles têm razão mas politicamente é suicidio.

Falando nisto, a FORD que o PT afirmou alto e bom som que estivera blefando o tempo todo, que não pretendia abrir fábrica nenhuma e aproveitara a chance para se escapar, anunciou hoje oficialmente a abertura da Ford na Bahia.

Os caras vão cair de páu nas costas do Olívio e mais bagaceiros.

Na verdade o PT não tem condições e governar um estado, nem como partido nem como individualidades.

Os caras vivem brigando entre si, a sua origem e formação não não vai além de um sindicato fuleiro( olha o Vice do Olívio!) e culturalmente são uns ignorantes.

O maior orgulho do Olivio – é ele quem diz – é ter sido cabo da Cavalaria!

Tudo bem mas para governar um estado com mais de dez milhões de habitantes e uma economia maior que a de alguns  países da América do Sul, um cabo velho de cavalaria certamente não é o mais indicado…

Hoje é noite de Grenal de modo que vou ver de como anda o jogo daquela confraria de pernas de pau.

Boas noites.16/06/99 22:11:14

 

Quinta-feira, 17 de Junho de 1999, 18:03, enfarruscado.

 

Passei o dia em casa porque a minha disposição para o trabalho era nenhuma e afinal de contas, um personagem que está pela bola seis, tem o direito de fazer uma gazeta.

Melhora-se com a medicação do Jorginho mas fica-se meio joãobobo, aqueles brinquedos que balançam, balançam mas sempre acabam de pé.

Ontem o Grêmio ganhou e tudo se decide no jogo de Domingo que, certamente dará uma baita renda.

O Palmeiras ganhou a Libertadores com as calças na mão do time de Cali – aquela moçada da coca – e até agora os paulistas estão festejando e a Globo reportando tudo o que acontece; se fosse o Grêmio – como já foi duas vezes – não dava nem no Jornal do Almoço, do Ranzolin, grande FDP mercenário.

É que o Palmeiras é da Parmalat, um grande cliente da Globo, e também paga o Galvão Bueno, US$50,00  cada vez que ele pronuncia o nome “Ronaldinho”  ou outro que esteja na caçapa.

Imagine-se quanto não fatura o Luxemburgo para escalar um daqueles pernas de pau que surgem e desaparecem na Seleção ninguém sabe nem como nem porquê.

Por aqui, o PT recuou na redução de vencimentos mas garante que no mês que vem vai mandar braza na moçada; na verdade os PT têm razão, com a volta da chamada Democracia, os grupos de pressão arrumaram mamatas tão vergonhosas que fariam enrubescer o Collor e tem muitos neguinhos aí, cujo cargo original era porteiro – não estou exagerando – cuja aposentadoria é de mais de 15.000,00.

Se somarmos o que ganham a Vera, o Nilson, o Ildefonso e a consorte, chegaremos a um valor aí pelos R$70.000,00 ou seja, mais ou menos 650 salários mínimos!!!

E reclamaram quando o Brito cortou o vale – refeição…

Por estas e por outras é que o Estado deve ser mínimo e se der para privatizar, privatiza sem maiores considerações.

É muito duro saber qual é a pior praga: a nomenklatura socialista ou o investidor capitalista.

A verdade é que a nomenklatura não corre riscos imediatos embora o fim seja sempre o mesmo: exílio ou miséria.

Como na Russia atual.

Mas este é um tema interminável.

É preciso registrar que os baianos, onde a Ford irá se instalar, festejaram com a seguinte manchete: “Bahia com H – de honra –   lugar onde se cumprem os compromissos”.

Ou seja, graças ao PT e suas malícias de camponeses, até os baianos que sempre foram símbolo de malandragem, irresponsabilidade e incompetência, cagam no nosso crâneo.

É o fim.

Os PT pensam que o que os esquerdas de bar escrevem sobre as grandes corporações, é verdade; não vêm que é muito fácil destruir imagens quando não se estabelece o contraditório

Em verdade, moral protestante é a grande causa do sucesso dos chamados países do primeiro mundo onde tudo é melhor desde as condições econômicas até o respeito ao cidadão.

O Olívio e seus bagaceiros achavam que a Ford estava blefando sem saber que na ética deles, o blefe e a mentira são crimes imperdoáveis, às vezes piores do que o homicídio e só superado pela felonia, a traição, o pecado de Judas.

Falando em pecado de Judas, lí um trabalho muito interessante sobre o tema.

A tese defendida pela Igreja cristã  é que Deus, quando deixou que seu filho morresse, exigiu dele o sacrifício máximo para salvar a ratatulha hebráica.

A dúvida levantada pelo autor, cujo nome esqueço mas até pode ser o Gore Vidal, é que o grande sacrificado não foi Cristo mas sim Judas.

Porque, inegavelmente, o sacrificio máximo foi de Judas que além de ir vagar pela Eternidade como um criminoso o mais nefando, também morreu e pelas próprias mãos, o que revela um terror psicológico insuportável.

Interessante, não?

Isto daí faz parte do chamado revisionismo histórico que, quando apoiado em fundamentos lógicos e evidentes, como é o caso, é uma atividade intelectual interessantíssima.

Pena que os caras queiram revisar a História à luz de doutrinas e filosofias e aí não é revisionismo, é contorcionismo.

Gutten tag.

 

Sábado, 19 de Junho de 1999, 16:55, chuvoso.

 

Continuo semi de molho acho que esta novela não acaba tão cedo apesar das informações do Jorginho.

A Saara tem um avizinha que volta e meia vai tomar choques o que significa que estas arritmias não consertam-se mas medicam-se.

Io sono frito.

Tudo bem, dos males o menor.

Amanhã grandiosa feijoada que já está sendo elaborada, na verdade  eu imaginei um sistema seguro de fazer feijoada mas tudo indica que a Alba não o acolheu.

O grande problema nas feijoadas é o sal dos componentes e geralmente a referida acaba salgada.

Se, para obstar o excesso de cloreto de sódio, você cozinha o entulho separado, além de dar a maior confusão porque os tempos de cozimento são vários, o feichoado fica sem gosto.

Então: cozinha-se um feijão principal na maneira trivial, só com temperinhos e tal; numa outra panela, faz-se o feijão secundário, com todos os componentes a que se tem direito.

Antes de servir, tira-se os componentes e serve-se separados.

No feijão secundário sobrou portanto um caldo que é um suco concentrado.

Pois é justamente com este suco concentrado que iremos fazer o blend do feijão principal, sem o menor risco de salinizar.

É um método novo e garanto que deverá ser um sucesso mas acho que a Alda não entendeu direito; a minha idéia era que eu mesmo fizesse a tal feijoada mas para evitar susceptibilidades, mantivemos a solução original.

A Heloisa estava aproveitando a tarde chuvosa para mais uma vez ver “A Noviça rebelde”; o filme é uma perfeição, um cult e ganhou todos os prêmios possíveis.

Mas, tem um erro de contra – regra que penso ninguém notou até hoje.

Acontece que estávamos em 1939 e os Trapp eram 9 pessoas.

Os carros in illa tempora eram bem menos potentes do que os atuais, os pneus muito mais fracos, as estradas piores assim que seria quase impossível colocar todos os Trapp em um carro, além da bagagem.

Convenhamos que é um erro menor mas, diante da perfeição do filme, cabe observar.

Mas, também cabe observar que não havia “vans” na Austria em 39 e, colocar dois carros na cena seria burocratizá-la demais, acabando com o clima que é realmente de muita emoção, como dizem os comentaristas esportivos da Globo.

Imaginem o Barão dizendo para  o Max:

  • Tú diriges o Mercedes que eu vou no Triumph mas cuidado porque a mudança está arranhando e o carro está puxando para a esquerda.

Bem.

Dirigir – bem – um filme, não é fácil.

Ainda hoje estava observando uma cena de um filme que se pasa m Montauban, interior da França.

Havia algo de familiar na paisagem até que me dei conta de que o diretor, justamente para caraterizar o interior da Provence, filmou recantos mutíssimos parecidos com aqueles dos quadros de Cèzanne.

O que dá a medida da preocupação de um bom diretor com as cenas que filma e explica porque os caras as repetem até dezenas de vezes, mesmo sabendo que o espectador jamais irá valorizar o detalhe.

No tema, eu volto sempre para “Mon Oncle”, filme onde quase todas as cenas são perfeitas; aí, quando aparece uma  – e é mesmo só uma – que distoa do padrão, você leva um choque e fica pensando e aquilo não é mesmo proposital.

Há muitas pessoas que vão ao cinema pelo diretor do filme e nem querem saber do enredo ou dos atores.

Geralmente dão-se bem porque um bom diretor não trabalha com canastrões ou roteiros desalinhavados.

No Brasil temos bons diretores de TV mas não de cinema; acontece que na TV o tempo de filmagem é quase ilimitado, você pode corrigir lá adiante a besteira feita aqui, os diretores são mais imediatistas e pressionados mais pela quantidade de filme do que pela qualidade.

Aliás, este é o grande problema da TV: é uma trituradora insaciável de matéria, são 24 horas por dia em que deve haver material para alimentá-la.

Daí para a produção em massa, para a vulgarização é um pequeno e irrevogável passo.

Com o que encerro este pequeno curso de cinema e TV.

Mudando de assunto, o tema das palestras políticas é a fraquesa do FHC como presidente.

O que me faz lembrar o Roberto Naime quando dizia que o FHC não seria um bom governante porque era um professor universitário ou seja um dono da verdade, sujeito à blandícia e à construção de uma imagem doutoral.

Fechou: foi exatamente isto o que aconteceu.

Bem que eu queria o Mário Covas.

É bom notar-se que está em andamento a campanha ACM para 2002: O FHC é um fraco, precisamos de um presidente porrada, logo o ACM.

Todos os dias a televisão ( Globo) mostra as condições precárias de atendimento em um hospital geralmente do Norte, Nordeste ou do Rio com o firme intuíto de evidenciar que  a Saúde está um descalabro, que o Ministro não presta.

Tudo porque o ministro é o Serra, potencial candidato – e bom

  • à presidência.

Ou seja, a campanha do ACM está muito bem montada prossegue a mil, com as CPI que ele comanda.

Quem declarou que quer se opor a ele é o Brizola, decerto convencido pelo próprio ACM.

Oponente melhor que o Brizola não existe.

Que o diga o Eneas.

No plano internacional, terminou uma parte da novela Kosovo: agora são os albaneses que estão correndo atrás dos sérvios e, se possível, cortando os bagos deles.

Novela cujo enredo já dura mais de 1000 anos e ninguém aprende que mexer nos Balcãs é procurar sarna para se coçar.

Agora os russos irão proteger os sérvios, os chineses ficarão olhando de longe, pondo lenha na fogueira e os americanos sem saber o que fazer.

Os comunistas costumam dizer que a História é uma tragédia que se repete como farsa mas nos Balcãs até frases de efeito não dão certo: lá a tragédia se repete como tragédia pior.

Hoje casa mais um filho da rainha Elizabeth, o PT se meteu em mais uma briga (de salários), o diretor da Policia Federal foi nomeado e desnomeado três dias depois, refaz-se o laudo técnico do assassinato do PC Farias, a previsão do tempo é de que, se esquentar, chove enfim, tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 21 de Junho de 1999, 21:19, bom.

Hoje, Segunda feira , dia de preguiçar, para mim foi ao contrário: fiz um monte de pequenas coisas, daquelas que ficam importunando a gente enquanto não feitas: tirar fotos 3 x 4, receber a devolução do IR, buscar resultados de exames, fazer exames etc.

De notável, a sede do Weinman , na Nilo Peçanha, lá perto do shopping Iguatemi: é de tirar o chapéu e deixa concluir que melhor do que poço de petróleo é laboratório de análises clínicas.

Para o cliente é uma beleza, exatamente o contrário do Weinman no Moinhos que está sempre cheio, sem lugar para estacionar etc.

Apanhei hoje meus exames no Geyer e os resultados são perfeitos, assim que ficamos cada vez mais sem saber a que atribuir o descompasso do coração.

O Jorginho em princípio concordou comigo: a causa são setenta anos de uso nem sempre apropriado.

Falando nisto, o Jacó ficou célebre porque serviu sete anos ao Labão, “pai de Rachel, serrana bela”; se isto merece Camões e imortalidade, o que dizer do meu coração que serve a setenta?

Donde se conclui que a Arte é muito mais valorizada do que a Vida.

O que não é exatamente uma novidade.

Sobre Arte, semana passada circulou o 1º número de “Bundas ” revista que pretende se opor a “Caras” e apresenta-se como herdeira do Pasquim.

Para variar e lembrando o que acontecia com o Pasca, o primeiro número nem chegou a Porto Alegre.

Eu pretendia comprá-lo porque será um número histórico mas vou ver se consigo o segundo número que sai Quinta feira.

Vamos ver se consigo.

Lembro que a minha coleção de Pasquim está encadernada e bem conservada mas não tenho todos os números: muitos se perderam nas viagens que fazíamos de um lugar para o outro neste Brasil.

O que eu deixei de livros e outros bagulhos no porão do Ed. Praia Vermelha, não dá para conter e, periga ainda estarem lá.

Até um piano ficou no depósito aqui de Porto Alegre, da Graneiro se bem me lembro e quase fui processado porque o tal piano era a maior colônia de cupins cariocas que jamais aportara ao Rio Grande e em aqui chegando tratou imediatamente de multiplicar-se para o que precisou de alimentos, por sorte achado bem ao pé da obra, nas mudanças depositadas na Graneiro.

Ainda bem que tudo isto aconteceu em pleno Regime Militar assim que os portugas da Graneiro chiaram mas baixo e pouco.

Este é um assunto com o qual deveria preocupar-me mais porque, com a idade que tenho e acometido de insidiosa moléstia cardíaca, duma ora para outra posso ir para o chuveiro e o que farão com os meus livros que, por baixo, somam mais de 3000?

O melhor é que cada um escolha o que quer e o resto seja doado a alguma escola ou biblioteca.

Se eu ainda ficar rico, compro uma área de uns três hectares aqui perto de POA e construo uma casa só para depositar livros e objetos que já não se usam mais.

Se a gente pensar um pouco, vai se dar conta de quanta coisa interessante já jogou fora, doou etc.

A Predicta, a Eletrola, meus chapéus pantaneiros, a pelerine e por aí empós, cada um de nós tem certas coisas com as quais gostaria de reencontrar-se.

Parece que esta minha idéia não é nova e até já inventaram uma palavra para ela: museu!!!

Para dizer que museu é muito mais interessante para quem o faz do que para quem o olha; interessantes não são os objetos mas sim as histórias que os cercam.

Os meus arreios que estão no museu do Caracol não fedem nem cheiram para os eventuais visitantes tomadores de chá de maçã com apfelstrudel mas, para mim tem uma baita carga de histórias e lembranças.

Tremenda parte vaga, hoje estou bastante burrovaldo assim que cabe enfatizar que tanto o chá como a torta de maçãs são ótimos, a minha prima política se esmera.

Deve ser influência do PT.

Com o que me despeço para ver Independence Day.

Não sei se vale a pena.

Dizem que sim. Boas noites. Segunda feira, 21 de Junho de 1999

 

Quinta-feira, 24 de Junho de 1999, 21:16, chuvoso.

Independence Day passou ontem e não Segunda feira.

Ontem veio o Lucas e estudamos um pouco de Geografia; infelizmente o Lucas está completamente por fora da noções básicas e precisa de um sistema de estudar que seja mais ordenado e contínuo: estudando só para a prova não vai resolver e faço aqui uma observação.

O Ângelo, graças às aulas que teve no ano passado, nas quais o objetivo foi firmar conceitos gerais, principalmente em História e Geografia, hoje tem muito mais condições de saber a quantas anda, tanto numa como na outra matéria.

Se lhe perguntarem onde fica um lugar com tantos graus de latitude e tantos de longitude, ele vai em cima; se perguntarem problemas de fusos horários, solstícios, equinócios, ele também sabe; sabe do movimento da terra, linha de data etc.

Ele sabia – ou sabe – muito bem fisiografia da Asia e da Europa.

Em História, sabe a divisão da História em Idades, tem noções dos grandes impérios da Antiguidade, sabe algo da Grécia, de Roma, do Egito.

Sabe porque a Cleópatra era grega, quem foi Alexandre e por aí empós.

O Ângelo, quando solicitado, irá surpreender muita gente que acha que ele só sabe do time do Grêmio.

Ledo engano.

Bem.

Domingo devo baixar ao hospital para ser eletrocutado na Segunda; de acordo com o Bolão só dez por cento das pessoas que fazem este procedimento morrem assim que tenho boas chances.

Falando nisto, o pessoal da Engenharia da URGS submeteu-se a um concurso para uma bolsa de um ano nos USA, algo assim como fazer lá um ano do curso ganhando cerca de US$1000,00 por mês, tremendo mumu de lata aberta.

Como a URGS é realmente muito ruim, só faz greves, os professores não prestam etc, dos quatorze aprovados do Brasil, quatorze eram da Engenharia da URGS e nenhum da PUC.

O Pino ainda vai chorar o leite que derramou.

O que acontece é o seguinte: as faculdades privadas partem do principio de que o aluno que lá ingressa é o lixo da humanidade, não sabe nada, se soubesse estaria na universidade pública.

Então têm que começar da estaca zero, do b a bá, da soma e da subtração.

Tudo bem só que os pátrias gastam um tempo precioso recuperando matérias inclusive do primário e do nível universitário, acabam por não ensinar nada.

Na universidade pública é o contrário: os mestres partem do princípio  de que ali estão uns guris cheios de empáfia, crentes que são os tais  e que por isto precisam ser colocados em seus devidos lugares.

E começam pelo Teorema de Steiner.

Ou pelo Concílio Tridentino para ingressar no Direito de Família.

Ou pelas equações de Planck.

No início chega a ser desanimante mas no meio e no fim, muito estimulante.

É o que eu pude constatar depois de passar por algumas faculdades e ter convivido com muitos mestres fora do ambiente de aula.

Claro que todos sabem que sou preconceituoso mas o meu preconceito cada vez evidencia-se mais como conceito.

Muito bem.

Tenho passado uns E Mail inconsequentes para a Mônica que idem responde bobagens.

Agora temos também o Diogo como correspondente o que me faz pensar em comprar um fac e instalar uma nova linha telefônica aqui em casa.

Negócio agora está assim: aqui nos bairros, em 24 horas você instala um telefone convencional; celular a gente compra em lojas e já sai usando, na hora.

Lembro de como via isto nos USA há três anos atrás e não acreditava.

O Brizolla tem razão, o negócio é nunca privatizar, é manter as empresas públicas com os monopólios que têm.

Hoje mesmo os combustíveis estão tendo uma alta de 20%; se não tivéssemos este maldito monopólio da Petrobras, decerto as coisas seriam como nos USA onde a gasolina só baixa.

O assunto é imenso mas cansa ficar mostrando o óbvio.

Como diz o Roberto Campos, em quanto os brasileiros não se convencerem que o petróleo é um hidro carboneto e não uma ideologia, vamos permanecer trabalhando para a Petrus.

Petrus é o fundo de pensão da Petrobras.

O povo daqui falava tanto das dashas da nomenklatura soviética e, na moita, às escondidas, fazia muito pior.

A gente diz que português é um inglês que não deu certo!

E brasileiro, o que que é que não deu certo?

Angolano?

Bororó?

Assim que boas noites.24/06/99 22:05:21

 

Terça-feira, 29 de Junho de 1999, 23:24, chuvoso.

Hoje retornei do Hospital Moinhos de Vento onde internei-me Domingo, dia 27 no apartamento 428.

Estava com o movimento cardíaco bastante complicado, a parte de cima do coração funcionando diferente da de baixo, frequência cardíaca alta,  e por aí empós.

O médico é o Jorge Pinto Ribeiro, colega da Patrícia, que foi muito seguro tanto no diagnóstico quanto no tratamento que afinal consiste em primeiro colocar as coisas no lugar via medicamentos e depois estabilizar a frequência cardíaca via eletro choque.

Devo ainda ficar sob controle um tempo mas sem maiores preocupações; como de praxe, o Jorge não acreditou no meu exame de sangue e mandou repetir tudo de novo.

Vamos ver se se confirmam os dados que deixavam o João Pedro espantadíssimo.

Ficamos muito bem acomodados no Hospital – Heloisa e eu – a hotelaria é de primeira e a assistência médica também.

Só passei trabalho na colocação daquele caninho que fica espetado na gente para futuras injeções.

A mulher enfiou na minha veia meio metro de cano da grossura de um dedo, o que me fez suar frío.

Injeções não são o meu forte e tomei seis na barriga!

Também fui vampirizado em quase um litro de sangue; se somarmos tudo isto à colocação da mangueira de que falei, recairemos no velho ditado relativo à pimenta no cu dos outros.

Também fiz todo o tipo de cardiograma em ciência admitido: por fora, por dentro, a cores, preto e branco etc.

E, não havia nada que merecesse tanta fanfarra: apesar de ter passado um bom tempo batendo como se eu estivesse disputando a maratona de Nova Iorque, o coração está perfeito.

Amanhã devo retomar o batente que, por sinal, está bem movimentado.

Amanhã também termina o primeiro semestre e passamos a caminhar para o equinócio da Primavera; antes disto, o Inverno que este ano está prometendo.

Devo fazer um Plano de Intenções para realizar até o inicio da Primavera porque depois tudo fica mais difícil.

Por hoje é só, boas noites. Terça-feira, 29 de Junho de 1999.

 

Sexta-feira, 2 de Julho de 1999, 17:14, frio e chuva.

 

Hoje não fui para o escritório porque não havia a mínima vontade de ir e o tempo está muito ruim.

Na verdade o tal de tratamento de choque, as far I concern, não adiantou nada e tudo segue na mesma.

Conversei com o Jorge Rechden que disse que várias pessoas da família têm esta anomalia e que as manifestações dependem de inúmeros fatores, desconhecidos.

Temperatura, posição de dormir, stress, enfim qualquer coisa imprevisível pode desencadear uma crise, por assim dizer.

Então tá.

Na área política dois fatos merecem comentários:

  1. O PT, oficialmente, via notícias pagas publicadas em Zero Hora, acusa FHC de ser o responsável pela não instalação da Ford em Guaíba!!!

Que os caras sejam cínicos, sabíamos mas estão exagerando.

  1. O Fidel Castro declarou no Rio que enquanto os americanos mandam soldados para os outros países, Cuba manda médicos.

A platéia delirou com a frase de efeito e ninguém lembrou ao

Barbudo de Angola, Bolívia, Honduras, San Salvador e os

guerrilheiros que ele treinou em Havana durante anos e anos.

Como se vê, a moçada usa a mesma cartilha; preciso conversar com a Liege para saber o que ela pensa destes dois episódios; é bom a gente se esclarecer de vez em quando com um radical.

Como já disse e repito, vamos pagar muito caro pela aventura Olívio que, decerto será pior do que a experiência Erundina, em São Paulo.

Passou por aqui o Teodoro que fez uma observação interessante a respeito: ele diz que o Olívio é a pobreza chegando no governo e querendo tirar desforra de ser pobre.

Em conseqüência, eles não querem construir nada, querem mesmo é avacalhar, colocar todo o mundo na vala comum, catando lixo para comer.

Até acho que o Teodoro tem um pouco de razão.

Como quase não é exagerado – com lembrança do Felipe – trouxe 48 garrafas de vinho Cardeal!

 

Antigamente, quando eu era guri, aí pelo quatorze anos, o Cardeal eras um vinho muito conceituado e uns amigos catarinenses mandavam para o pai, todos os anos.

Era feito em Urussanga, SC, uma região em que a uva é muito assucarada mas parece que agora não é mais e ficou só a marca.

Provemos para ver.

Outro acontecimento que marcou a semana foi a estréia do Ronaldinho do Grêmio na Seleção Brasileira.

O guri é mesmo um grande jogador de futebol e as jogadas dele são daquelas que levam as pessoas aos estádios.

Como acontecia com o Pelé: ninguém ia ver o Santos mas sim o Pelé.

Neste primeiro jogo o guri fez um golo que passa de hora em hora na televisão, parecido com o que o Pelé fez contra o País de gales em 58: dá um chapéu num zagueiro, desvia do outro e toca no canto.

O perigo agora é o endeusamento que está medonho: até o Beckenbauer disse que veio da Alemanha para ver o Ronaldinho do Grêmio.

Como a Seleção é composta de estrelões, cada um querendo aparecer mais do que o outro, vai ser difícil alguém passar uma bola boa para o guri.

Fato aliás que já aconteceu contra a Venezuela, patrocinado pelo Rivaldo quem, aliás, acho um bolha jogando na Seleção.

Algo semelhante ao tal de Zico que nunca jogou nada na Seleção mas sempre era titular absoluto.

Acabou patrocinando aquela baita incoerência na Copa da França e de novo ralou a Seleção.

Um bolha suburbano de Quintino.

O Ângelo pousou aqui ontem e continua crescendo, já está quase da minha altura; ontem o time do IPA ganhou um campeonato inter colegial e acho que é um bom momento para ele dar uma parada no futebol e enfrentar um cursinho pré – vestibular.

Ele é um bom estudante e sabe muito mais do que a periferia pensa.

A Heloisa tem comprado vários livros daqueles que devem compor a biblioteca de um estudante secundário: Machado, Lima Barreto, Arthur Azevedo, Raul Pompéia, Graciliano e os portugueses.

Resolvi ler o Policarpo Quaresma que eu jamais enfrentara porque achava que o Lima deveria ser um galochão.

Ledo engano, o livro é muito bom, o Lima é um muito bom cronista de época assim que a gente fica sabendo em detalhes de como era a vida no Brasil quando a República ainda lutava contra o Império.

A gente percebe nitidamente que a coisa era horrível, nasceu ainda pior e continua como sabemos.

Recomendo – e muito – o Policarpo se bem que quase todos já o leram.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 5 de Julho de 1999, 21:30, frio.

 

Ontem tivemos o aniversario do Zé com uma festa junina; estreou-se a churrasqueira para churrasco de gato, houve fogueira, quentão, pinhão, esses babados.

Por sorte o tempo endireitou e  tudo correu tranqüilamente.

Hoje recebemos do Rio os nunca assaz louvados pães da Lucia; vieram pela Varig, Hora Certa e o pobre do Alemão Pfeifer deve ter suado a camiseta para faze-los chegar aqui.

Como ele disse em seu bilhete, depois que o Poder Legislativo ( Lucia) aprova a lei, o Executivo ( Ele) tem só que cumpri-la.

Realmente o pão é muito bom e não fosse pêlos problemos das Comunicações – mudanças no modo de ligar – eu iria passar um E Mail para a Lucia, agradecendo.

Acontece que as ligações Internet e similares são feitas via programas e não se sabe se os personagens que armaram esta confa geral, lembraram-se deste detalhe!

Se não lembraram, aí sim vamos ter uma gritaria geral.

Aquele “problemos” ali em cima tem a seguinte explicação analógica:

Observemos a palavra “mergulho”; ao invés de usar qualificativos, poderíamos usar extensões explicativas.

Se o mergulho fosse no mar, teríamos margulho, se fosse no rio, riogulho, lagogulho, banheiragulho etc.

Sairia muito mais barato e ficaríamos com uma língua mais sintética.

É ou não é?

Imaginemos uma pessoa completamente vidrada em palavras, tão vidrada que viu vinte vezes “E O Vento Levou” só por causa do nome de um personagem, Mrs Merryweather.

E daquela negrinha chorona, a Beulah.

Imaginemos que esse personagem, depois de inúmeras peripécias onomásticas que incluem estudos pitagóricos, acabe em uma universidade européia estudando Semântica e Palavras Fortes, especialização que teve o patrocínio das esquerdas intelectuais para ser implantada.

Imaginemos que ele precise trabalhar para melhorar a bolsa do CNPq e – como seria de se esperar – vá para o teatro representar peças de autores russos porque os personagens e autores chamam-se Raskolnikoff, Igor Troubetskoi, Rasputin, Gogol, Checov. Illia Erenburgh etc. etc.

E algum Bernard Shaw.

Imaginemos que, pour cause, ele tenha um desempenho tão fantástico que a primeira dama do teatro nacional apaixone-se por ele.

E, ele por ela, cujo nome artístico é Ingeborg Sturm.

Imaginemos que,  ao fazer os papéis de casamento, ele descobre que a referida chame-se Matilda Smitt!!!

Esse enredo dá um bom conto, mas é preciso pelo menos umas quatro horas para alinhavá-lo.

Pode ser que algum dia eu tenha vagares despreocupados para enfrentar um enredo desses, tipo bombril.

Hoje instalamos um aquecedor a gás daqueles japoneses e parece que é mesmo muito bom.

O gozado é que o instalador levou com ele o meu Junker legítimo que nem existe mais.

Já reclamei e espero que me devolva amanhã.

Também amanhã irei até ao Touring para renovar minha carteira de motorista.

Olha aí outra palavra que poderia ter sufixos explicativos: mautorista, bomtorista etc. etc.

Noto que os alemanhos pararam de me mandar E Mails e que também os Pinhos desapareceram na paisagem.

Como mandei uns E Mail em alemão para a Mônica, fico pensando se não foi algum palavrão ou proposta indecorosa!

Não vá o Jorge me aparecer com padrinhos para um duelo!

Vai ver que é só economia.

Finalmente, devo admitir estar melhor das arritmias; já sei que esta coisa funciona por crises causadas por práticas que não sabemos e as quais temos de aprender a reconhecer com o passar do tempo.

Em circunstâncias assim, lembro de uma frase escrita na garaghem de barcos do tempo em que se remava no União, lá por quarenta e picos:

“Constância e intrepidez o remo vos dará! Cultivai-o”.

E, é verdade, nenhum esporte exige mais constância do que o remo, nem mesmo a natação.

Piada para o Olívio.

Menininha chega na Escola e diz para a professora:

– Fessôra , a senhora nem sabe: lá em casa nasceram sete

cachorrinhos e todos do PT!!!

Dia seguinte o Olivio vai visitar a Escola e a professora, para ser gentil, pede a menina que conte a história dos cachorrinhos para o Bigode.

  • Governador, o senhor nem sabe: lá em casa nascera sete

cachorrinhos e três são do PT!1!

A professora:

  • Minha querida, não foi esta a história que tu contaste ontem:

Os sete cachorrinhos eram do PT.

– É sim senhora mas é que agora quatro já abriram os olhinhos…

Toinnnn…

Já falei que os PT estão dizendo – e escrevendo – que a Ford foi embora por que o FHC e o ACM traíram o Rio Grande véio e ofereceram montes de benefícios para ela?

Eu não estou brincando!!!

Inclusive o vizinho alí de cima, o LFV, na sua crônica diária e ZH, defende esta hipótese com a maior cara de pau!

Acho que o LFV não vai longe com a sua coluna porque ele defende o PT de modo escancarado e o PT não é exatamente simpático à RBS.

Lembro que há um ano mais ou menos, houve uma polêmica entre o LFV e um outro escriba porque este escreveu que o velho Érico não era um escritor comprometido com as doutrinas populares, democracia, estes babados socialistas.

O LFV quis até deixar a Zero Hora por ter publicado os artigos do tal beletrista mas a turma do Deixa – Disto interveio e terminou em pizza.

Defendo a seguinte tese: este LFV era um frívolo peralta tão frívolo peralta que até a mãe dele expendia publicamente uma péssima opinião sobre ele.

Além disto o cara é, formalmente, analfa.

E, temos que reconhecer, apresenta uma produção literária que chega a ser de ótima qualidade.

Como se vê, as conclusões não tem nada a ver com as premissas e o conjunto nem sequer forma um silogismo, mesmo que viciado.

O futuro nos dirá o que realmente acontece com o LFV que talvez não fale porque não tem nada a dizer e não por ser tímido  como dizem.

Boas noites. Segunda-feira, 5 de Julho de 1999.

 

Segunda-feira, 12 de Julho de 1999, 17:27, bom.

 

Esta semana foi agitada assim que estou com um monte de coisas sem registro.

Em primeiro lugar, o Jorginho ficou muito impressionado com o meu exame: disse que daria para acertar o relógio pelas batidas do meu coração!

Também o exame de sangue – confirmação – repetiu o que ele chama de “sangue de fakir”.

De modo que estou quase fora da novela “mal cardíaco”.

Na seqüência, tivemos a festa de São João no sitio do Tergolina, lá junto ao Polo.

Estava muito bom apenas a Logística – surpresa – foi para 50 pessoas e foram umas vinte.

É sempre assim da primeira vez.

De notável, a fogueira, com uns oito metros de altura e lenha que queimou durante umas quatro horas.

Só no Brasil.

O sitio é muito pitoresco com figueiras enormes e cítricos de montão: bergamota parece que não vai acabar nunca.

Existe uma piscina rústica e o Tergoliona está fazendo um açude eis que o terreno é ondulado e há cinco vertentes – 0lhos d’ água – que correm para a ravina.

A planta da nova casa já está pronta.

A festa de São João do ano que vem já está combinada para ser realizada lá.

No mais estamos aí, todo o mundo em paz.

Na volta, em vez de entrar na BR 116, peguei o caminho da lateral de Canoas e foi um saco porque depois só se pode entrar na Farrapos.

Serviu no entanto para evidenciar uma coisa: Canoas vai ter que se separar em dois municípios porque a rodovia corta o existente pela metade e não há possibilidade de ligação entre um lado e e outro.

Não posso nem imaginar porque isto não aconteceu ainda : não há lógica nem bom senso na situação existente.

O futuro nos dirá mas temos aí mais uma mostra de como são lentas as reações dos grupos sociais; acho que o Augusto Comte nào formulou a lei fundamental da Sociologia:

A Multidão é burra.

Hoje a Tetê veio estudar Física e achei que ela está muito bem.

Ela está pensando em ir para a Austrália, o que também acontece com o Lucas.

A Helena irá para os USA e o Pingo manda seu currículo para a Microsoft.

Considerando que o Diego e o Pablo irão para a Washiu, daqui a uns anos vamos ter netos espalhados pelo mundo todo o que, pelo menos, é um bom argumento para viajar.

Com a história do mal cardíaco, se a gente quer viajar, deve ser agora.

Creio que será uma boa idéia ir a Paris em Setembro.

Se conseguirmos uma viajem organizada como aquela de Portugal, será ótimo.

Ótimo mesmo se conseguíssemos um grupo de oito e fechássemos uma van para percorrer o interior da França e talvez Itália.

Vale a pena tentar.

Hoje podei a parreira embora ainda um pouco cedo, o ideal é na última lua nova de julho.

De qualquer foram, já estou observando muita planta brotando é bom podar a parreira antes que ela “chore” na poda ou seja antes que a seiva escorra no corte.

Hoje não houve nenhum “choro”.

O próximo passo, ainda esta semana é um banho de malation na parreira, na pitangueira e na goiabeira.

Depois vou emprestar a máquina de sulfatar para o Tergolina ou vou eu mesmo para lá dar um banho de malation nas árvores frutíferas dele.

Seria interessante fazer uma poda econômica nas vergamoteiras para facilitar a colheita e aumentar o tamanho dos frutos.

Também adubar o pé das árvores com NPK.

Eu tenho aqui um livro precioso, “Poda de Frutíferas “,do Inglês de Souza e vou estudar o caso das vergamoteiras.

Já aprendi muito naquele livro mas o principal é que há plantas cujos frutos só dão em galhos novos assim que a poda deve ser o mais extensa e intensa possível, exemplo, parreira.

E, há árvores cujos frutos dão nos galhos velhos, exemplo cítricos e aí a poda só pode ser aquela dita econômica para facilitar a colheita e aumentar os frutos.

Ontem estivemos no Imbé e estava tudo bem por lá.

Não falamos com o seu Nenê que está travessando uma fase ruim eis que um seu filho está com um problema sério de visão.

E justamente o que era desenhista.

Quando formos lá de novo vou tentar esclarecer melhor o caso e depois conversar com o Afonso; geralmente no interior não há oftalmologistas e as pessoas acabam ficando sem a assistência devida.

Fomos almoçar no Samburá que, decididamente, não é do gosto da Heloisa.

Eles fazem um bifê com mutíssimos pratos mas o tempero deixa a desejar. Outro ponto negativo é que o esforço é no peixe, coisa que não é do nossos especial agrado.

Já é a terceira experiência que fazemos e, em todas, nos arrependemos de não termos ido almoçar no 40.

Acontece que Sábado havíamos comido montes de churrascos de gato lá no Tergolina e o forte do 40 é um espetinho de filé.

Resolvemos variar e entramos pelo cano.

Já tentamos o tal de Le Chalet, um outro ao lado do Willi e agora só falta testar o Beira Mar que já foi ótimo mas também na base do peixe.

O grande problema do peixe é que em Tramandaí o pescado é zurrapa, na base da tainha e outros semelhantes.

Também eles não são bons de panelas e frigideiras.

Ano passado nós, casualmente, estivemos na Festa do Peixe e não fugiu à regra das festas, uma droga fedorenta.

Esquecia-me de dizer que, junto com o João, fomos à Caxias, Farroupilha e Flores da Cunha.

Em Farroupilha existe um Centro Comercial com as lojas da cidade que vale a pena visitar, não só pêlos produtos que são de muito boa qualidade, como pêlos preços.

Antigamente o povo sacoleiro aqui de POA, lotava ônibus e ia para Farroupilha comprarpela cidade; os gringos não bobearam, fizeram o Centro Comercial, que reúne todas as lojas e, a Rodoviária ao lado dele.

Para quem vai fazer compras, é um xuá.

Os buona gente não brincam em serviço.

Flores da Cunha é um cidadezinha que não tem uma casa ruim.

Para lá eu tenho uma explicação: quem domina as industrias de lá é a Cosa Nostra, a Mafia italiana.

Como sabemos, a Mafia domina a industria das bebidas no mundo todo mas principalmente na América do Sul.

Bobeia eles entram e aqui tivemos, entre outros, o exemplo da Dreher que nem o Geisel conseguiu segurar.

Em Mendonza, na Argentina,  presença da Cosa Nostra chega a ser provocativa.

Flores da Cunha é território mafioso e daí a riqueza inexplicável.

De qualquer forma, é um lugarzinho muito agradável.

Compramos torteis e aniolines diretamente da família fabricante que também faz pães e biscoutos.

Biscoito é coisa moderna.

Visitamos a Caroline, filha do João, e sua mãe que agora tem uma loja muito bem arrumada.

Tudo suprido pelo irmão mais velho que idem organiza a vida dos outros irmãos.

Pessoalmente, o mais velho tem um restaurante chique que nem cabe para a cidade: O “Cosa Nostra”….

Hora da janta, boas noites. Segunda-feira, 12 de Julho de 1999.

 

Ontem o Brasil ganhou da Argentina e está nas semi finais da Copa América contra o Chile na Quarta feira.

Barbada.

Boas noites.

 

Sábado, 17 de Julho de 1999, 17:35, esfriando violentamente.

 

Esta semana andei às voltas com trocar o carro porque o meu está chegando ao fim; encontrei o que eu queria, um Versailles 94 e Segunda feira faço a troca.

Existe a venda um Crysler que é uma beleza, 97 mas está um pouco caro.

Não me parece que deva me apertar por causa de carro.

E, o Versailles é muito bom.

Conforme previsto, o Brasil chegou às finais da Copa América e decide amanhã com o Orogoai; os la pátria o la tumba  esperam reeditar Maracanã 50.

Até pode mas, vai ser mais difícil.

Falando nisto, os Barrios foram passar o fim de semana em Buenos Aires e devem estar enfrentado um frio brabo por lá.

Amanhã pretendo fazer o clássico churrasco de picanha; na próxima semana, ou na outra, será a vez de fazer uma perdizada mas aí será Club do Bolinha porque as malheres não são chegadas à perdizes.

As aves, adquiridas pelo Tergolina no Bourbon, já se encontram no freezer; vou ver se o Renato me manda algumas da Fazenda.

É bom misturar perdizes caçadas com criadas.

Quanto ao meu estado de saúde, está tudo bem e devo ir no Jorginho semana que vem para Ter alta, eu espero.

Profissionalmente, passei adiante a ação da tia Honorina para um advogado indicado pelo Raul Recheden; como agora só falta publicar o edital e despejar o vigarista, as coisas vão ligeiro.

E aí, irão dizer que demorou porque eu não me mexia.

Tudo bem.

Neste exato momento, a Heloisa anda com a Alda lá no Hospital Mãe de Deus para fazer uma radiografia eis que a Alda levou um tombo ante ontem e insiste que quebrou algo o que não me parece ser verdade porque estivemos lá ante ontem à noite, depois do tombo, e não havia indícios de fratura.

Talvez tenha rachado alguma costela mas aí não há nada a fazer.

Heloisa tem insistido para trazer a Alda aqui para casa mas ela não aceita de jeito nenhum.

A vida da Heloisa tende a se complicar com as caturrices da Alda.

No plano político, ontem o FHC montou o seu novo ministério para o segundo período e nada de novo, os mesmos bolhas de sempre.

O interessante é que o currículo dos candidatos era exposto assim:

Assaltou bancos com o MR8 em 67; participou do sequestro do fulano; era da VPR!

Acho que neguinhos estão exagerando e mesmo que os atuais generais sejam uns merdinhas acadêmicos, nunca é prudente contar com a totalidade, a curva de Gauss funciona.

Os PT estão mais quietos, levaram tanta bordoada que resolveram ir mais devagar.

Em nível mundial, hoje o Rio Grande do Sul é a segunda economia do mundo socialista: primeiro a China e depois nóis.

Ontem o Antônio Ermírio de Morais meteu o pau no governo em geral por causa dos benefícios concedidos à Ford e todo mundo está dizendo que o Ermirio e o Olívio estão no mesmo barco.

Na verdade não é assim: os dois são nacionalistas, o Olívio não sei porque eis que o Marxismo é internacional por definição e o Antônio Ermírio porque o sonho dele é ter o mercado brasileiro fechado só para a Votorantim.

No fim, como se vê, o barco dos dois pátrias é o mesmo mas, é furadíssimo: O Olívio por inguinorância e o Ermírio por safadeza e bota safadeza nisto, a pior de todas, aquela que alega patriotismo.

No Plano Cruzado, que esteve alí para dar certo, um dos grandes responsáveis pela derrocada foi o Ermírio que, não podendo aumentar o cimento, aumentou a embalagem, o saco.

Outro foi o Grupo Gerdau que inventou um revendedor, a Comercial, que comprava da fábrica e vendia pelo preço que queria e nas condições que mandava: o freguês era obrigado a pagar à vista, no pedido, e receber dali a três meses.

Por isto que eu sempre defendi a abertura dos portos: é porque o empresariado brasileiro é sórdido, um bando de filhos da puta sem escrúpulos.

Vejam que estamos sendo roubados só no setor de remédios e naqueles produtos monopolizados.

Remédios porque não se podem importar e monopólios “pour cause”.

Eu ainda vou escrever para o Serra: libera os remédios que podem ser vendidos nos USA e vamos ver o que irá acontecer com os preços.

É aí que eu defendo o Ciro Gomes: ele conhece o chamado empresariado nacional e sabe muito bem que só se pode colocar-lhes bridão e freio se liberando importação.

Já falei nisto.

Ontem jogamos no Vares sem a gêmeas que foram para o Orogoai.

Eles estão se preparando para viajar ao Canadá, no início de setembro, uma boa época.

Não imagino o que possa ser interessante no Canadá eis que – suponho – brasileiro não sai do Brasil para ver cataratas: Iguassu é imbatível.

Para quem gosta, é claro.

Pessoalmente não vejo nenhum mérito naquele monte de água caindo, monótona e previsivelmente.

Há certos gostos generalizados com os quais não harmonizo e vou citar alguns: rodeios paulistas, musica afro, Fórmula 1, animais amestrados, dupla caipira e outros mais.

Aquele “segura peão ” não pode ser mais lamentável; a negrada rebolando e repetindo refrões burros faz nascer na gente um desejo intenso de retorno à escravidão.

Antigamente, aqui no Rio Grande, quando se queria evidenciar o desprezo por alguém, a gente dizia:

  • Vai te deitar, jaguara!!!

Vale para duplas caipiras.

Como diz o cronista do “Globo”: na onda das fusões, a cervejaria Schincariol vai fundir com a Caracu para produzir a  Scancacú

que irá patrocinar a dança do Tchan, da garrafa!!!

Nunca esquecendo porém que, em matéria de “vaitedeitarjaguara” nada nem ninguém bate o teatro gaúcho, seus artistas e argumentos (peças).

Alí o negócio é paroxistico.

Lembro de uma vez que fui assistir a uma peça em trabalhavam pessoas conhecidas e o único desejo que me ocorria durante todo o espetáculo era ter à mão uma calibre doze com cartuchos de sal grosso para tocar fogo na bunda daqueles sacripantas irresponsáveis.

Se a peça é infantil e alguns adultos devem se fingir de bonecos, bichos ou algo assim, aí é demais e a única solução é o espectador fingir um ataque espamódico para interromper o espetáculo e ser retirado da sala.

São exatamente sete horas PM e a Heloisa ainda deve andar às voltas com a Alda.

Acabou de telefonar o Bagé atrás do Gerson e da Patrícia; nada feito porque do Gerson eu não sei e a Patrícia está por alla.

Conforme previsto por este registro, o tal de Mercosul está indo para el brejo; não existe ninguém no mundo que possa convivre harmonicamente com a arrogância dos argentinos, a vigarice dos paraguaios e a malícia camponesa dos uruguaios.

Assim que, metido com este trío, o Brasil estava entrando bem e bastou apertar um pouquinho a barrigueira deles para começarem a corcovear.

Os argentinos querem taxar os nossos produtos mas os deles devem entrar livres; os uruguaios são os maiores produtores de ouro do mundo, comercializado com favores do seu governo e os paraguaios nos roubam tudo e ainda contrabandeiam 2 bilhões de dólares por ano.

Grande Mercosul: o ideal seria que esta aventura terminasse num pau para recompormos nossas fronteiras sul e oeste.

Esta história que o Mercado é mais forte que qualquer outro fator de decisão é balela: vou comprar um Ford só para sacanear o Olívio e o PT!!!

Com o que me despeço.

Boas noites. Sábado, 17 de Julho de 1999.

 

Segunda-feira, 19 de Julho de 1999, 17:37, chuva e chuva.

 

Hoje eu pretendia ir trocar o carro mas a chuva e outras cositas mais, atrapalharam.

Por cositas mais entenda-se o fato de que meu carro consta dos arquivos da polícia como roubado e devo, antes de negociá-lo, declarar que recuperei o veículo.

Vamos ver se amanhã conseguimos fazer a troca.

Trabalhei o dia inteiro em um recurso super chato mas consegui deixá-lo pronto.

O prazo termina amanhã.

Ontem tivemos churrasco com freqüência bastante diminuída porque os Barrios estavam em Buenos Aires, os Fietz no Imbé a Liege em Canoas.

O Bolão dormia, refazendo-se do plantão.

De notável, o vinho da Embrapa feito por maceração carbônica com uvas colhidas no dia 23 0299, nem um dia a mais nem um dia a menos.

Comprei duas caixas mas uma era encomenda do Tergolina.

Talvez eu encomende mais porque realmente vale a pena, é um vinho muito bom, sem nenhuma acidez.

Qualquer produto vinícola da Embrapa é superior aos melhores similares.

Não esquecer que a Embrapa é sucessora do famoso Instituto de Enologia, de Bento, entidade que sempre teve a dirigi-la técnicos dedicados e sobretudo capazes e honrados cujo único objetivo é melhorar o vinho do Rio Grande.

Só o pai da Gessy, o Sr. Vianna, dirigiu o Enologia por cerca de cinqüenta anos.

Tudo o que vem de lá é bom; e é só telefonar que no dia seguinte está aqui.

Este vinho feito por maceração carbônica é resultado de uma técnica nova que diminui a acidez do vinho e enriquece-o não sei exatamente com que mas, consta do folheto que acompanha cada garrafa.

Em principio os cachos de uva são mergulhados em gás carbônico e depois prensados.

O vinho obtido deve ser consumido quando ainda novo porque não passa por fermentação.

 

O telefone do escritório pifou hoje; fazia um tempão que estava funcionando bem, graças a uma notificação que fiz ao presidente da telefônica e que deixou os caras assustados: eu notifiquei-os que, se o telefone continuasse tendo problemas, eu entraria com uma ação para obter lucros cessantes  de um salário mínimo por dia e 180.000,00 reais de multa.

Até o Olívio me telefonou!

Amanhã vou ligar para o diretor com quem devo ligar-me em caso de galhos telefônicos.

Hoje entrei em contato com o advogado da senhora que tem procuração ampla da Ruth Maria e combinamos que a venda do apto pode ser feita a qualquer momento.

Agora é só a Luciana combinar com os primos para ver a quem caberá a iniciativa da venda.

Je, de moi, não me nego pois passaria o problema para o Leo mas prefiro que eles resolvam.

Os pátrias conversam demais, deduzem demais e concluem demais sobre as intenções dos outros, coisa que sempre acaba em fofoca.

Munto véio para aturar tolices.

Os telefones do advogado Vilas Boas, são: 4706407(Res) e 3435169 (Escr).

Há uns três dias mandei um E Mail para o Liberato Vieira da Cunha, o crônista da Zero Hora porque ele publicou que o Paulo Salzano Vieira da Cunha, tio dele, havia morrido.

O Paulo era o dono do Jornal do Povo, de Cachoeira, onde eu escrevia o “Pijama de Bolinhas”.

Por isto mandei uma notícia de pesar para o Liberato que, imediatamente, respondeu “de cronista para cronista”.

Ele é uma pessoa muito educada e quando viajávamos de pé no ônibus de Cachoeira Porto Alegre, ele costumava oferecer o lugar.

Essas viajens de Cachoeira para POA, não eram sopa.

Imaginem a seguinte cena.

O rio Jacuí tão cheio que  até impede o uso da ponte que está por cima da Barragem do Fandango.

Os ônibus para Porto Alegre ficam na margem norte do rio mas o volume de água e a correnteza são tão fortes que poucas pessoas se atrevem a cruzar o rio nas precárias canoas disponíveis.

Pois, se bem me lembro, A Heloisa e a Alda, com as crianças atravessaram o rio!!!

Não tenho certeza mas irei confirmar com a Heloisa cuja memória está melhorando com uns preparados que toma.

Ontem o Brasil ganhou do Orogoai por 3 x 0 e é bicampeão da Taça América, o que não é grande coisa.

Na próxima semana começa a Copa das Confederações, no Mexico, e o interesse reside no fato de que o Ronaldinho do Grêmio e o Cristian do Inter irão formar a dupla de ataque.

Boas noites.

 

Terça-feira, 20 de Julho de 1999, 23:20, chuva, melhorando.

 

Hoje troquei o Santana por um Versailles mais moderno.

O carro está bastante bom mas devo fazer algumas coisinhas para deixá-lo bem.

Amanhã pretendo trocar os amortecedores.

Era só para dizer isto porque afinal, o Santana merece uma despedida: serviu durante muitos anos e, que eu me lembre, nunca nos deixou empenhados.

Foi um excelente carro e só espero que quando me despedir do Versailles possa dizer o mesmo.

Boas noites. Terça-feira, 20 de Julho de 1999.

 

Quinta-feira, 22 de Julho de 1999, frio, nublado.

As crianças, agora de férias, estão aparecendo por aqui: hoje a Heloisa saiu com a Helena, Pablo, Diego, Chico e Zé.

Ontem almoçou o Ângelo que informa estar o Pingo namorando outra loura branca, agora de Novo Hamburgo.

Vai ver que o Pingo tem o mesmo para mulheres do que os jogadores de futebol: é só loirosa dolicocéfala.

Continuo acertando detalhes do Versailles que, em termos de potência, é um Santana melhorado: não esquecer que a Ford e a WW trabalharam juntas até o ano passado como a Auto Latina.

Falando nisto, a fofoca da Ford vai de vento em popa: o Olívio conseguiu cutucar quase todo o Brasil, parte da América do Sul e até os USA com o episódio Ford.

Grande filho da Bossoroca!

Fizeram uma pesquisa em POA para candidatos a prefeito municipal.

O Tarso Genro tirou uma diferença tão grande que nem publicaram os resultados.

As alas radicais do PT são contra o Tarso.

Taí um episódio da história paroquial que valerá a pena acompanhar.

Hoje telefonei para o Jorginho quem encontra-se fora da capital devendo retornar segunda feira.

Dr. Barrios também está fora, em Ritiba.

Diego segue hoje para Gramado e adjacências; Pablo vai não sei para onde, família de globe trotters.

Já contei o episódio do Conan, semana passada , quando fomos buscar o Gol?

Creio que não, assim que lá vai.

O Conan tem por menagem, o pátio do chalé da Isinha e quando chego lá vem para a grade fazer festas.

Desta vez não foi diferente e ele estava particularmente carinhoso comigo: me lambia, mordia, pulava , grunhia, um exagero.

A cara de felicidade dele notava-se e baseado nisto o João aproximou-se para justamente comentar como é possível  as pessoas afirmarem que um animal daqueles é feroz.

Enquanto comentava, aproximou-se demais de mim e da grade e aí o Conan mudou completamente de semblante e pulou no João com uma ferocidade de assustar.

Foi muito interessante porque eu falava com ele e ele mudava na mesma  hora; bastava o João se aproximar e ele avançava  com os olhos vermelhos.

Muito interessante.

O Lucas estava conosco e testemunhou os fatos narrados.

Ë de registrar que o Conan está muito bonito, esbelto, pelo brilhando, excelente postura e excelentes tamanho e envergadura.

Ganharia qualquer exposição.

Tomara que continue assim e que nenhum vizinho tarado resolva fazer campanha contra ele simplesmente por ser Rottweiller.

Ante ontem, 20 de julho, fomos ao aniversário da Liege que não comemorou mas também não saiu de casa.

Fomos a Heloisa, eu e a Virgínia e lá estavam a Jacy e o Jefferson.

A partir de ontem, passei a assinar mais 10 canais da Net, aqueles que só passam filmes.

No canal 65, os filmes são só do Peter Ustinov, excelente ator inglês.

O 66 é canal de filmes nacionais, cada um pior do que o outro.

E começou hoje a novela penal da D. Carmem; devo contar que fui lá na coordenadoria criminal falar com o promotor a quem, afinal, tocou o caso dela.

Expliquei a ele que a D. Carmem estava aflita com aquela novela que não acabava nunca queria saber a quantas andava o processo.

Resposta do PT:

  • , diga a ela que não se preocupe: amanhã mesmo irei fazer a denuncia!!!

Tive que rir da ingenuidade do PT e agora só resta esperar que o juiz  não seja da Bossoroca.

Falando nisto, olha como o Sérgio Porto( O Estanislau Ponte Preta) adaptou, para rodas familiares, o famoso ditado mineiro do passarinho que come pedra: “Passarinho que come pedra, sabe o que vem atrás”.

A Heloisa tem comprado uma porção de excelentes livros por R$1,99 e entre eles veio um do Sergio Porto com crônicas leves sobre o viver carioca. Muito bom.

A idéia é que os guris vejam os livros e levem para ler mas não me parece que o plano esteja surtindo efeito: no fim quem lê ou relê, somos nós.

Uma grata surpresa para mim foi o Lima Barreto e acada livro dele que leio mais me convenço ser ele muito superior ao machado de Assis.

O Lima é autêntico e retrata a sua época, fim do século XIX, com rara mestria.

O Machado estava mais para inglês mesmo que seus assuntos fossem cariocas do Cosme Velho e suas vizinhanças.

Já disse que a casa dele fica bem pertinho do edifício dos Pfeifer ou melhor, ficava porque foi transformada numa pizaria?

De qualquer forma , para tirar uma dúvida e para não ser leviano nas afirmativas, vou reler o Machado e assim responder uma de suas perguntas mais conhecidas:

  • Mudaria o Natal ( O Machado) ou mudei eu?

Como defendo que cada idade tem uma realidade, é possível que quando li o Machado, a minha realidade concluía que ele era o pai dos galochas mas hoje pode ser diferente.

Vai ver que vou gostar dos textos do pardinho pachola.

Prefiro mil vezes o Scott Fitzgerald ao Hemingway mas uma declaração destas, nos USA, me custaria prisão perpétua.

Na verdade o Hemingway é bom mas o seu marketing ainda é melhor.

Aquela onda toda da vida dele em Cuba foi patrocinada pelo povo da Mafia que dominava a ilha no tempo do Batista e queria difundir seus cassinos para os americanos.

O Hemingway e suas cachacinhas na Bodeguita vieram mesmo a calhar.

Não esquecer que Cuba é anterior a Las Vegas e que a Mafia só foi para o deserto depois da queda da Batista.

A Mafia controla o mercado de bebidas, inclusive aqui e na Argentina. Vinho.

Se não fossem os Cosa Nostra, uma garrafa de bom vinho custaria em torno de R$1,20, sem imposto: uvas R$0,20, casco R$0,10 mão de obra R$0,20, resultado R$0,70.

Na verdade o vinho produzido artezanalmente e vendido nos famosos garafon, custa isto e até menos porque o casco de 5 litros barateia a fabricação.

Assim que boas noites e tomem vinho da Embrapa a qual, qu eu saiba, ainda não foi comprada pela Mafia.

Mas que tentou, tentou. Quinta-feira, 22 de Julho de 1999.

 

Sexta-feira, 23 de Julho de 1999, 17:32, bom.

 

Como fiquei mandriando (?) hoje, resolvi dar uma lida em coisas escritas anteriormente e gostei muito dos “Mouras”, particularmente porque quase nào abordava matéria pplítica.

Realmente o PT é um enredo muito chato, os personagens ultrapassados e os atores uns tremendos canastrões.

Perder tempo com os bigodes do Olívio é mesmo não ter o que fazer.

Neste exato momento está tocando um disco que a Virgínia nos deu: há musicas do mundo todo e agora estamos de fado.

Em termos de fados, sempre me lembro daquele personagem do Agildo Ribeiro, o assessor português que explica as coisas: nunca consegui entender uma só palavra e um fado cantado por lusitana!

Se o cantante não é patrício, a gente entende tudo mas se vai uma saloia, aí fica pior do que aviso de aeroporto na Alemanha.

E a portuguesama arma o maior mis en scène para um espetáculo de fado: quem vê pensa que vai começar a 5ª Sinfonia pela Filarmônica de Berlim mas quem  entra a Maria D’Nzaré e põe-se a brraire.

No Porto, região anti-fado, assistimos a um destes concertos com duas características inusitadas: a bebida era Vinho do Porto com pipócas e as cantantes eram amadoras, habituées do que se supunha ser uma cave boêmia.

O resultado não surpreendeu.

O que surpreendeu foi o preço: US$80,00 per capita.

Em Portugal, foi o único lugar em que me senti turista ou seja , trouxa em potencial.

Também, brasileiro dar uma de turista em Portugal, está pedindo para levar.

Lá a gente tem que ir por conta. E, se possível, a pé.

A gente roda, roda, um dia inteiro e quando vê está a 20 km de Lisboa!

É interessante de como muda a Geografia.

Quando se lê os livros do Eça ou do Ramalho, por exemplo, uma viajem de Lisboa para o Porto é tema de uma vida; a estrada para Cintra é algo assim como a Transamazônica, a diferença entre a cidade e as serras é como se uma fosse na Lua e as outras em Ganimedes (para satisfazer o Bolão que afirma já ter estado lá).

Na verdade, hoje, em uma hora de carro, ou menos, a parceria sai de Lisboa e chega na Estrela.

E, será que irá globalizar?

Acho que não, totalmente não.

Sempre comentamos que são Leopoldo a 23 km de Porto Alegre, continua sendo um burgo interiorano.

Penso que, se aqui onde nossas populações do interior não tem um forte substrato cultural próprio, a coisa não globaliza, imagina numa aldeia de Portugal ou da Escócia que já era velha quando os romanos chegaram.

Main Street vai continuar Main Street.

Falando em USA, morreu mais um Kennedy, o filho mais moço do John: desastre de avião.

Ele, a mulher e a cunhada iam a uma festa, a cunhada se atrasou e ele saiu para pilotar um vôo semi noturno sendo um piloto de 40 horas solo.

Só ele que não sabia que cunhados(as) são elementos perigosíssimos  cuja companhia deve ser evitada sempre que possível.

Lamentável.

Hoje a Heloisa deu para o Ângelo ler, umas crônicas do Sergio Porto, muito interessantes, cheias de humor carioca.

O Ângelo leu mas não se entusiasmou muito nem mesmo quando lembrei a ele que o Sergio é o autor do “Samba do Crioulo Doido”.

Acho que ele não conhecia a referida composição musical.

Faz lembra uma composição eclética que fiz quando na EPPA para encher o saco de um professor.

 

Estava a doce Inês posta em sossego

Por mares nunca dantes navegados

Quando da ocidental praia lusitania

Chegou-lhe um cheiro de peixe estragado.

 

Não era peixe, era D.Pedro

Que após sete anos  pastoreando burros e ovelhas

De Labão, pai de Raquel serrana bela,

Tirara as botinas e as melhas!

Infelizmente eu não lembro mais do resto mas parece que a doce Inês foge para a Tramontana alegando que era muito chulé para tão curta vida.

Lembro também que para rimar ovelhas com melhas eu alegava que tratava-se de português arcaico…

Tudo muito divertido.

Ainda vou descobrir onde anda o Jansen Julio Laborne a única pessoa que ainda pode ter uma cópia da paródia do Hamlet que fizemos e representamos na AMAN.

Era gozadíssima porque a parte dos vários personagens secundários tipo Gildernstein o Espectro etc. era escrita pelos intérpretes que tratavam de aumentá-las de todas maneiras.

Lembro que o cara que representava o Espectro conseguiu bolar uma cena muito cômica com diálogos surpreendentes fazendo a platéia rir e aplaudir.

No original, a cena do Espectro- ou as cenas – são aparições curtas e mudas.

Mas as grandes piadas ainda são:

– Como é o seu nome seu Jacinto?

– Ué! Cadê a melancia?

Hoje temos jogo aqui em casa e presumo que será de quatro porque as gêmeas estão em Montevidéu onde a temperatura está em torno de 5º C.  23/07/99 18:39.

Terça-feira, 27 de Julho de 1999, 21:21, chuvoso.

 

Fim de semana normal; por enquanto ninguém viajou de férias e só a Isinha com os guris foi até ao Imbé.

Falando nisto, hoje o Julio me telefonou par ir passar uns dias lá com ele; o Julio ficou preocupado com o meu mal cardíaco e acha que eu deveria parar de trabalhar e até pode ter razão mas até eu aprender a não fazer nada, vai demorar muito.

O problema é mais psicológico do que de qualquer outra natureza.

Nunca esqueço uma conversa que tive com o Geraldo Leal, um amigo de infância que virou pintor meiohipie.

Nos encontramos, depois de muitos anos, aqui em Porto Alegre e perguntei quais eram os seus planos.

Ele me disse que estava indo para Santa Catarina por uns tempos e perguntei-lhe qual a razão da viajem( não esquecer que Santa Catarina naquela época ainda não havia sido descoberta e ra considerada o fim do mundo).

O Geraldo respondeu que havia vendido uns quadros e com o dinheiro da venda ele poderia ficar uns dois anos na ilha, sem fazer nada.

Achei aquilo chocante, negócio de La Fontainne, A Cigarra e a Formiga.

Tanto que não esqueci embora já tenham se passado bem mais do que vinte anos!

Admito ficar sem fazer nada mas com alguma finalidade e aí a coisa peca por incoerência, o que não é o meu forte.

Assim que certamente não atenderei ao convite do Júlio mas admito o gesto.

Ele até carneou uma novilha para me esperar com um churrasco; claro que não foi só para isto mas a verdade é que as picanhas estão guardadas me esperando.

Sábado será o aniversário de quinze anos da Helena e vamos fazer um jantar aqui em casa.

Ocorreu-me que está na hora de fazer um giro de horizonte na família para ver de como andam os personagens.

Heloisa e eu estamos setentões o que significa estar idoso em qualquer sistema legal.

Virgínia dando aulas mas já pensando em s e aposentar e o Paulo advogando com escritório próprio que não sei onde é.

Isinha cursando pedagogia na Ulbra e dando aulas em cursinhos e particulares.

Tergolina morando no sítio do seu Paulo.

Carlos clinicando e dando aulas na PUC onde dirige o setor de Onco e Hemato; largou a URGS.

Patrícia clinicando e dando aulas na URGS; também atende na Diagnóstica.

Bolão fazendo residência de UTI no Conceição onde pretende continuar fazendo especialização em UTI por mais dois anos, escolha que não consigo entender muito bem.

Liege no consultório que começa a ter um movimento mais consistente e previsível.

Pingo mandando currículo para a Microsoft, Ângelo preparando -se para se preparar para o vestibular, Lucas nas lides normais de ginasiano.

Helena decidida a ir para os USA – se dependesse dela iria agora em agosto – no penúltimo ano do segundo grau.

Henrique fazendo regime para emagrecer, Pablo e Diego lá pelo João XXIII, Chico e Zé no colégio da fleras no fim da linha da Glória, um excelente colégio pelo que se pode deduzir de como eles se comportam.

Da parentama, a Alda firme, Banda e Zilda no Rio e Paulo no E. Santo.

Saara vai bem e idem seus rebentos; na moda o sitio serrano do Beto lá no Salto do qual dizem-se maravilhas.

Paulo Borges com Alzheimer mas comigo nunca demonstrou qualquer característica da doença.

O Bolão acha que o Paulo está numa teatral.

Não rejeito.

Quem tem me telefonado é a Luciana que está desesperada para vender o tal de apartamento; eu já desenrolei o pior que era a questão da sobrinha do Pfeifer que vive na rua e – dizem – está com AIDS além de – dizem – não bitocar bem.

Consegui descobrir o advogado de uma procuradora dela a qual tem poderes para vender o apartamento.

A menina recebe uma pensão gorda- ou alguém recebe por ela – e agora os primos da Luciana que nunca deram a menor bola para a coitada e deixaram-na viver na rua, querem interditá-la antes de vender o imóvel para  – digamos assim- cuidar dos interesses dela…

Temos pau pela proa mas como nenhum deles ( os parentes)  me agrada, acho que vou complicar o enredo.

Eu senti que debaixo desse angu tinha caroço.

A Luciana quer casar no ano que vem, eu suponho, e precisa desesperadamente da grana.

Vou pensar no que fazer.

Gozadíssimo o “Casseta e Planeta”de hoje.

Boas noites. 27/07/99 22:56.

 

Sexta-feira, 30 de Julho de 1999, 17:58, melhorando.

 

Segundo a Meteorologia, hoje para de chover – já parou – mas a temperatura deve despencar – não despencou!

Aniversário da Helena, acabamos de vir de lá onde deixamos umas flores e um anel que a Heloisa havia escolhido com ela.

Hoje a Helena vai para o Veneza(?) com a turma e, amanhã, teremos um jantar aqui em casa.

Que já está sendo providenciado pela Heloisa e Alba.

Negócio de vulto, à primeira vista são quase trinta pessoas adultos e seis crianças, como veremos a seguir:

  1. a) adultos:

– Família Moura, 1ª geração: 10

– Família Pereira, idem        : 2

– Pinhos, todos                     : 5

– Graça e Alda                     :2

– Dê, Alba                            :2

– Pingo, Helena, Ângelo, Lucas e Maetê: 4 a 5

– Não confirmados : 2 ( Saara e Bia)

TOTAL DE ADULTOS:25 a 28

 

  1. b) Menores : 6.

TOTAL GERAL: 33 pessoas.

Em termos de comida os números indicam uma necessidade média de doze quilos de comida.

Em termos de bebida, é difícil fazer previsões mas admitamos que das trinta e três pessoas, a metade tome refrigerante e temos a necessidade de 5 litros( a média de consumo é trezentas gramas tendendo a baixar no inverno).

Da outra metade, a metade tome vinho e necessitaremos 4 garrafas; de cerveja necessitaremos 14 garrafas.

Como há bowle, o que vai atingir mais os bebedores de vinho, teremos as seguintes necessidades:

– Alimentos: 12 quilos.( inclusive sobremesas e salgadinhos).

  • Refrigerantes: 5 litros.
  • Cerveja: 14 garrafas.
  • Vinho: de 1 a 2 garrafas.

Claro que haverá o dobro de tudo que será consumido e as pessoas poderão levar para suas casas o almoço de Domingo.

Para quem não sabe, um salgadinho pesa em média de 15 a 20 gramas e portanto, 200 salgadinhos pesam de 3 a 4 quilos e podem alimentar de seis a oito pessoas!

Esta hipótese de cálculo pode ir longe:

Se a pessoa comer 5 salgadinhos e a sobremesa, a sua capacidade para o resto dos alimentos cai para 300 gramas;

Dependendo do tipo de bebidas que se servem antes da comida, o consumo desta cresce ou diminui: se for cerveja e vinho, diminui; se for bitter ou destilados, aumenta.

Tudo isto é bom para se ter uma ordem de grandeza mas como dado prático, nào tem o mínimo valor porque a moçada trabalha só no palpite:

  • Acho que mousse vai faltar…

Aí, o povo que está encarregado da logística refuga a mousse e no fim sobra montes..

É aquela velha história colonial: quem não quis perú, de castigo, não vai ganhar sobremesa…

Falando em histórias, a Heloisa comprou no R$1,99 um livro de crônicas do Rubem Braga e daí cabem algumas divagações.

A gente lê aí o Santana, o Vieira da Cunha e até o Scliar e é levado a admitir que está na hora de voltar para a crônica diária.

Afinal de contas, lendo aquelas que publiquei outrera, chego a conclusão que são bem melhores do que as atuais.

Aí a gente se pergunta mas porque afinal foi que eu parei?

Pois uma das causas foi o Sabiá, o Rubem Braga!!!

Depois de ler o que ele escrevia, só nos resta pegar o saco, enfiar a viola e ir para casa pensando em mudar de vida!!!

Se bem me lembro, foi o que aconteceu comigo; naquele tempo eu escrevia para o Diário de Notícias, havia um convite do Maurício para a Zero Hora, enfim eu estava a mil.

Aí o Braga publicou um livro de que  nem lembro mais o nome e cheguei à conclusão que eu estava completamente enganado.E parei e pararia de novo.

Leiam um conto chamado “Não é ninguém” ou algo assim, nào tenho certeza e vejam se eu não tenho razão.

Tem mais: foi graças a ser conterrâneo do Rubem que Roberto Carlos emplacou na carreira dele: naquele tempo, o personagem ser de Cachoeiro era passsaporte para ser bem recebido e entrar em qualquer lugar do Brasil.

Tive um colega, o Zé de Paiva Sardenberg, que era de lá e assim que saiu oficial já tomou outros rumos e acabou na diplomacia.

Portanto, recomendo a leitura do Rubem Braga, o Sabiá da crônica, como era chamado.

Para dizer também que, antes dele, o sabiá era um passarinho que gozava de péssima fama: porcalhão, não se criava em gaiola, destruidor de pomares, cantor só na primavera, ninguém se importava com a sua sorte e como é muito burro, logo iria entrar na lista dos “em extinção”.

Aí surge o Rubem, tarado por passarinho e em especial por sabiás e começa a escrever sobre os referidos aquelas crônicas magníficas que lhe trouxeram o apelido.

E, todo o mundo começou a prestar atenção nos sabiás e, se possível, fazendo com que alguns viessem viver para as redondezas.

Hoje, difícil é descobrir um lugar que não tenha sabiás e já há muito gente que criou má vontade com o bicho porque na Primavera ele toca alvorada impreterivelmente às 4:45 da matina.

Assim que chega de sabiás.

O João foi para Flores da Cunha e deveria Ter voltado ontem mas até agora não apareceu: um dos problemas do João é que ele não consegue atender às promessas que faz.

Já lhe disse várias vezes que ninguém é obrigado a prometer nada mas, se promete, aí tem que cumprir, pena de perder a credibilidade o que é muito ruim para ele que trabalha como autônomo.

Velhas histórias.

Hoje, ao que tudo indicava, não haveria jogo com adupla Vares Maria Eloisa: é que, na última vez, semana passada, a Meneca estava muito desatenta e o Vares meio que perdeu a elegância.

Tudo bem, o Vares é mesmo temperamental mas o caso da Meneca não é só desatenção por causa de sono: para mim ela está com alguma coisa mais complicada.

Veremos.

Em compensação hoje há inúmeros jogos no pan – americano e na Copa das Confederações.

O Brasil, em futebol, joga com a Nova Zelândia o que não chega a ser um jogo.

Então, em princípio, boas noites. Sexta-feira, 30 de Julho de 1999 .

 

Terça-feira, 3 de Agosto de 1999, 18;24, muito bom.

 

Este foi um fim de semana cheio.

Alí em cima, em vez de Nova Zelândia, leia-se Arábia Saudita e o resultado foi 8 x 2 e a glorificação definitiva do Ronaldinho dito Gaúcho!

Ele fez três golos mas o importante é como ele fez: o guri é realmente um fenômeno.

Estou voltando na Quarta feira porque ontem chegaram onze mil visitantes e só saíram as onze da noite, entre eles o Leo e a Enilda e o Eduardo Bagé.

Como estou de enfermeiro da Heloisa, função que não casa com relações públicas, a Heloisa ficou sem janta e eu também.

Para visitar doentes, a farmacopéia recomenda Simancol.

É que a Heloisa fez a sua pneumonia anual, repetindo ipsis literis o que aconteceu há três anos, inclusive o desmaio na hora do exame radiológico: desta vez no Moinhos, a vez passada na PUC.

A Beatriz Seligman veio atender a Heloisa em seqüência ao Carlos que fez o primeiro atendimento com a sua habitual eficiência.

Exames mil porque há suspeitas de que as pneumonias sejam causadas por vasamento no estômago em conseqüência da brutal hérnia de hiato que a Heloisa tem.

O Omeprazol que a Heloisa toma diariamente facilita a vida de umas bactérias brabas que causam penumonia; a Beatriz recomendou uma prática que o Bolão já havia receitado há uns quatro anos: levantar a cabeceira da cama através de colocação de tijolos.

Na verdade a solução certa é a Heloisa operar a tal de hérnia o que, dizem os esculápios, obedecendo a tese de que pimenta no cú dos outros é refresco, é uma intervenção simples.

Vamos ver se agora diante das evidências, a coisa vai.

Sexta feira à tarde a Graça vai operar minhas palpebras porque se demorar mais , acabo cego.

Faz lembrar aquela velha piada do sujeito que pergunta:

  • Se eu te cortar uma orelha , o que acontece?
  • Eu fico meio surdo.
  • E se eu te cortar a outra orelha?
  • Fico mais surdo.
  • Errado: ficas cego porque aí o chapéu te cai nos olhos.

Então tá.

Sábado a noite tivemos, aqui em casa, o jantar oferecido à Helena pelos seus quinze anos; esteve concorridíssimo e se mais pessoas viessem, o suprimento iria falhar apesar dos meus cálculos logísticos já transcritos aqui.

Acontece que o consumo em noites de Sábado aumenta muito pois os personagens vêm jantar tarde e estão com toda a corda.

Bródios à noite já têm muito mais consumo do que durante o dia e se a noite é de Sábado, nada chega.

Mas não foi o que aconteceu no aniversário da Helena donde todos saíram satisfeitos e certamente com alguns quilos a mais.

O Raul, primo do Paulo, veio com a família; como ele estava num regime emagrecedor  violentíssimo que terminou justamente no sábado, aproveitou para tirar o pé do barro e arrazou!

Domingo marcou o aniversário do Tergol que estava de serviço e em conseqüência não pode festejar.

O Lucas foi com ele para fora; o Ângelo não foi porque estava doente e, aliás, continua baleado: hoje de noite o Bolão irá lá medicá-lo.

O Bolão, apesar dos choros de que não tem tempo para estudar, tem mostrado que não é trouxa e conhece bem o seu metier.

Como é muito inteligente e tem uma memória fabulosa a par de um acentuadíssimo senso de dever, certamente terá um grande sucesso em sua profissão o que  se traduz por aplausos da comunidade e não por sucesso material embora, como se sabe, é preferível sofrer numa suite do Plaza em Paris do que debaixo da ponte da Azenha.

O Dr. Barrios deve estar retornando hoje de São Paulo; só este mês tem mais de cinco viagens agendadas.

A milhagem do Carlos já deve dar uma volta ao mundo de graça embora me pareça que ele nem sequer sabe que existe um programa deste tipo.

Vocês sabiam que “viagem” substantivo é com “g” e o verbo “viajar” é com “j” ?

Este é um conhecimento do gênero dos inúteis família dos necessários.

A estes tipos de detalhes irritantes, chamamos de chinesices.

Já houve tempo em que um homem era catalogado pelo correto emprego dos pronomes.

Quem tiver dúvidas de como a Humanidade avançou neste século, leia com atenção o Lima Barreto e até mesmo o Machato.

Machado o Chato.

O Ângelo deve ler esta semana “O Continente” da trilogia de “O Tempo e o Vento”.

Justamente quando me preparo para enfrentar o Figueiredo Pinto para ver até que ponto o velho Erico andou bebendo no olho d’ água alheio.

Depois do “Incidente em Antares”  x Cem Anos de Solidão,vale qualquer hipótese.

Bem.

Esperemos que amanhã a Beatriz amenize as regras hospitalares da Heloisa ou, se confirmar a existência da tal bactéria muquirana, baixe-a ao hospital, planos que a Heloisa desconhece.

A tal bactéria é tão misteriosa que nem o meu Plano de Saúde, que é completo, cobre as despesas com os exames para pesquisá-la.

O que aliás tenho de confirmar porque as regras mudaram no mês passado, ampliando-se os benefícios.

Hoje temos a final da Copa da Confederações, jogando Brasil x México.

O Ronaldinho Gaúcho é a atração principal e se arrasar hoje,  estará consagrado como o melhor jogador do Brasil.

Enquanto isto o pobre do Cristian volta para casa com um balaio de vexames.

Até nisto o tal de Boloral está no fundo do saco.

Assim que boas noites. Quarta-feira, 4 de Agosto de 1999.

 

Sábado, 7 de Agosto de 1999, 18:13, frio e chuva.

 

Ainda ontem, a temperatura estava em 25º C e hoje deve andar aí pêlos 8ºC!

Quando isto acontece, me lembro do tio Nicanor da Luz, quando prefeito de Vacaria.

Um pátria da Secretaria de Saúde do Estado foi cumprimentá-lo porque em Vacaria não havia tuberculosos e o tio Nica respondeu que não os havia porque já tinham morrido todos.

Observem que nunca – e isto ocorre desde o tempo em que morávamos lá – nunca, repito, Vacaria é incluída entre as temperaturas mais baixas do Estado o que ocorre sempre.

É que o Serviço de Meteorologia de lá é municipal e os caras acham que é propaganda negativa informar as temperaturas.

No momento. Com o cartaz que as localidades da Serra estão obtendo com o frío, penso que Vacaria e Bom Jesus deveriam entrar na corrente.

O tal de São José Dos Ausentes, onde até o Tergolina – caxiense – foi passar um fim de semana, era um distrito miserável de Vacaria, só conhecido pêlos nativos dada a sua condição de fim do mundo.

Se bem me lembro, nem o Batalhão queria recrutas de lá porque eram aqueles indios grossos, de fundo de pinheirais que não conheciam nem torneiras e não estou exagerando.

De vez em quando aparecia um deles e eram causadores de gafes tão surpreendentes que viravam folclore.

Me lembro de um para quem o cara da boate serviu uma coca com canudinho de palha e ele comeu o canudinho!

Claro que foi induzido pelo dono da boate que era um gozador mas, de qualquer maneira, esclarece o padrão daquela moçada.

Pois, graças ao frio, São José Dos Ausentes virou “point”dos babacas que querem sentir frio.

En passant, a condição panurgiana tem se acentuado ultimamente e lembro os vexames quando do anuncio do furacão.

Pis ontem, quando anunciaram a subida dos combustíveis em 5%, o que significa mais ou menos R$2,00 em um tanque, havia filas de madrugada nos postos.

Os caras gastam mais esperando na fila do que economizam no preço.

O mesmo aconteceu quando da greve dos caminhoneiros e a TV anunciou que poderia faltar gasolina nos postos do interior de Goiás: naquele dia formaram-se filas na frente dos postos.

Com vistas também àquele conhecido episódio, já narrado, do Fanfa.

A Heloisa está se recuperando bem e fica a dúvida se realmente houve pneumonia uma vez que não teve febre a não ser no primeiro dia e assim mesmo coisa aí de 38ºC.

O corpo médico, que foi extremamente eficaz quando do início do processo, simplesmente sumiu e se eu cheguei a entender os mecanismos psicológicos da Beatriz Malman, é porque não há nada com que preocupar-se.

Amanhã teremos feijoada na Patrícia e não sabemos se será razoável a Heloisa ir com este frio brabo.

Vou pedir a manifestação do segundo médico em comando, o Dr. Carlos Barrios.

Je, de moi, tive alta como completamente curado e só devo retornar ao Jorginho Pinto Ribeiro no fim do ano, salvo se morrer antes.

Ontem a Heloisa falou com a Lucia e a coisa anda muito complicada na área carioca: o apartamento está em reforma, eles estão na Gávea, a Luciana casa em janeiro, a Claudia está sem ministério, tudo uma batalha longe das linhas de abastecimento.

A Lucia está numa triangulação Gávea, Laranjeiras, Ipanema e Barra o que é meio complicado.

A Luciana à beira de morrer de fome, não sei se terá condições de casar em janeiro: só se for para um local apropriado fazer super alimentação.

Bem.

Ontem a Alba ganhou o seu celular e ficou tão emocionada que chegou a chorar; é um aparelho Ericson de cartão o que impede que a pessoa gaste além de suas posses.

O meu, como não uso, passei para uma assinatura mais barata, R$15,00/mês e ligações mais caras mas, na verdade, não preciso de celular.

Do jeito que vamos, logo todas as pessoas de qualquer condição econômica, terão celular, o que é muito bom considerando a economia de tempo e transporte.

Qualquer prestador de serviço já dispõe de carro e celular assim que emergências são atendidas na hora.

Ainda ante – ontem, o portão automático pifou mas em uma hora já estava consertado mesmo que o “expert” morasse lá no fim da Assis Brasil.

Devo fixar uma regra de Gramática para estes registros: decida e definitivamente, eu não sei empregar o hífen e está meio tarde para decorar assim que escreverei conforme me parece e os eventuais leitores já sabem que não é pôr ignorância, é por preguiça.

O que me consola é que, até hoje, não conheci ninguém que tivesse a coragem de declarar solenemente que sabe empregar hífens.

Com exceção talvez do Pingo e do Ângelo que aprenderam tão difíceis regras no colégio da freiras, únicas pessoas que têm disciplina para exigir tais chinesices.

Falando nisto, o Ângelo está pensando em fazer Hotelaria, profissão que ele diz gostar muito.

Convenhamos que será uma novidade no âmbito familiar embora o Bolão já tenha atuado como gerente de hotel em outras latitudes onde a profissão é bem mais valorizada, eu suponho.

De qualquer maneira, um fato assim é novo e a gente fica curioso para ver de como se desenrolam as coisas.

Parece-me que se o profissional ingressa numa rede mundial de hoteis e sai-se bem, pelo menos viaja muito e conhece pessoas e lugares muito interessantes.

Ser gerente de hotel na rede Mediterranée deve ser uma festa.

Parece que foi aquela estada dos Tergolinas na Baía e justamente no Mediterranée que empolgou o Ângelo.

Vou conversar com o Bolão a respeito; ele tem passado aqui todos os dias mas hoje não virá porque está de plantão, o que ele tem feito todos os fins de semana para pagar a caminhonete.

Acho que mais um mês e termina a entrada e aí as pretações são barbada, R$270,00/mês.

Ontem a Alda veio visitar solita visitar a Heloisa: pegou o táxi e na volta não quis aceitar minha carona e idem voltou só.

Considerando os seus quase 95 anos, devemos admitir que é uma façanha.

A Heloisa tentou falar com a Zilda ontem mas não teve sucesso.

Para evitar eventuais surpresas, não insistiu quando o André que foi chamar a Zilda disse que parecia que eles estavam dormindo.

Tudo bem.

O Luiz Fernando Veríssimo parece que, sabiamente se considerarmos o emprego na Zero Hora, atacada pelo PT na passeata dos “Sem”, abandonou os assuntos políticos e voltou à crônica do quotidiano; hoje ele escreveu sobre o vício de jogar paciência no computador e abordou muito bem.

Notável também foi uma crônica que escreveu sobre o prazer de comer ovos fritos, o que estava proibido e agora está liberado pelos cardiologistas eis que ovo agora faz bem.

Vamos por aqui outra regra de ortografia: o verbo “pôr” leva acento mas a preposição, não leva acento; como o corretor do Word não sabe distinguir entre os dois, manda acentuar tudo mas aí ele entra numa área que eu manjo  enem dou bola para o referido corretor.

Aliás não é só nisto que as coisas divergem: a palavra “agora” também é motivo de discussão com o Word que é um corretor lusitano.

Prossigamos.

Acabou de sair daqui o Carlos que assegurou que a Heloisa pode comparecer à feijoada sem o menor risco.

Ótimo pois, pelas coisas que estavam na mala do Carlos, teremos uma feijoada grandiosa.

Pedi para o Carlos marcar um papo meu com o José Antônio Pinto, filho do Aureliano Figueiredo Pinto, acerca do livro “O Coronel Falcão” porque estou desconfiado que o ex – vizinho ali de cima andou cometendo uns faus.

Tentei comprar o livro na semana passada mas não achei; o vendedor da Globo me disse que já encomendou e deve receber esta semana que entra.

Depois do episódio da cópia de “Catalina” em “O Nome da Rosa” tudo pode acontecer.

Como vêm, abandonei os assuntos políticos porque realmente as coisas estão muito confusas, a ponto de pessoas razoavelmente esclarecidas me perguntarem se não acho que o FHC está meio louco.

Não dá para dizer com certeza que não porque é tanta pedrada uma atrás da outra que a gente fica de orelha em pé.

O caso das promessas aos motorista de caminhão que fizeram uma paralisação braba, é sintomático: uma das garantias para acabar com a paralisação foi a de que o diesel não aumentaria de preço e já no dia seguinte ao acordo, o governo anunciava a alta do diesel!!!

E, por aí empós.

Enquanto isto, a campanha para a Presidência em 2002, já começou a fu com o ACM no comando.

Aqui no Estado, os PT progressistas e os PT conservadores estão entrando em conflito sobre socialismo: os progressistas dizem que o socialismo já era mas os conservadores acham que ainda há uma esperança para que tenhamos aqui uma nova Albânia.

Repito uma coisa que sempre disse: os caras do PT têm méritos porque não são ladrões do dinheiro público e talvez a sua condição de pobres seja mais coerente com a pátria amada.

Se o Olívio tiver sucesso por aqui, o próximo presidente será do PT ou será o ACM.

Mientras tanto e conforme previsto por este relator, o Mercosul está indo para o brejo, se já não foi.

Outra previsão geopolítica que está se verificando é a revolta dos brasiguaios e a conseqüente criação de um novo país no norte paraguaio com a seqüente anexação ao Brasil como novo Estado Federado.

Os próximos dez anos serão muito interessantes.

Boas noites. Sábado, 7 de Agosto de 1999.

 

Domingo, 8 de Agosto de 1999, 17:57, tempo bom, frío.

 

Acabamos de chegar da feijoada na casa da Patrícia; a heloisa não sabia se iria mas o Carlos assegurou que não haveria o menor problema e assim fomos e, foi bom.

Ganhei muitos presentes: Um livro da Virgínia, um estojo de toucador( palavra antiga!) da Isinha, um livro, um estojo de tintas e uma tela da Patrícia e dos guris, dois pares de meias do Bolã e uma tábua de churrasco do Tergolina.

Do João ganhei uma placa de video e som para Internet.

Como se vê, rendeu a kermesse.

Dia muito agradável.

Neste momento o João saiu para Flores da Cunha para dar uma revisada geral no Versailles; se quisermos dar uma girada por aí, tipo Gravatal, Livramento etc. é preciso ter confiança no carro.

Hoje coloquei o bebedouro dos beija-flor defronte à janela do nosso quarto e rem sido uma festa a gente acompanhar a quantidade de passarinhos que vem ali para beber o nectar.

Os mais assíduos são dois beija – flores e vários sebinhos; estes sebinhos devem ter outro nome mas é assim que eu os conheço desde pequeno.

É um passarinho muito manso e se deixarmos as janelas abertas, eles entram.

Como eles fazem forte concorrência com os beija-flores, vou comprar um outro bebedouro específico para os beija.

Temos também uma forte colônia de sabias que passam boa parte de seu tempo cavoucando minhocas nos canteiros.

Na árvore da frente de casa, há uma trepadeira cujas frutinhas são o alimento predileto dos gaturamos; se eu conseguir transportar a parasita para a pitangueira lá dos fundos, certamente teremos gaturamos, finfins e pintassilgos no pátio porque eles costumam freqüentar a árvore da frente, aqui e na clínica do Uebel.

É divertido e facilita a vida dos passarinhos que, basicamente resume-se em andar atrás de comida.

De modo que tudo em ordem e podemos começar a nos preparar para a próxima semana.

Normalmente, a última tarefa de Domingo é coletar o lixo seco e colocá-lo na frente porque a coleta é na Segunda de madrugada.

Ontem o Ângelo veio para cá depois do ensaio de sua banda com a finalidade de pousar e seguir hoje de manhã para Caxias com o Tergolina.

No entanto a Isinha passou lá pela uma hora e levou-o para casa.

A boa surpresa foi uma fita que ele trouxe, com gravações da sua banda: o Ângelo toca muito bem a sua bateria, com variedades de batidas e excelente ritmo.

Agora o Lucas está aprendendo guitarra e como tem um ótimo ouvido musical, logo poderão forma r um conjunto porque o Pingo ataca bem na guitarra.

Diz a Isinha que a veia artística é herança do Tergolina que é um excelente pintor retratista e ninguém sabia!!!

Acontece que o Tergolina, no que concerne às artes, sempre se apresentou como tocador de acordeona e aí a gente logo imagina a cena daqueles guris que se apresentam no festival do colégio tocando valsinhas em dó maior sob o olhar deslumbrado das mães e o encafifamento dos pais.

Partindo deste pressuposto, jamais alguém, afins ou colaterais, teve coragem para pedir que o Tergol abrisse o foles e atacasse, por exemplo, o chote carreirinha.

Agora que sabemos tratar-se de um artista de elevada extração, na próxima festa de São João, ele vai ser o gaiteiro oficial, nem que a gente tenha que comprar-lhe o instrumento.

E a gente filma  e, se necessário, nofuturo, usa-se o filme como elemento de prova.

Condenatória!!!

Assim que, estamos aí.

Boas noites. Domingo, 8 de Agosto de 1999.

 

Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999, 23:00, esfriando, chovendo.

 

Estou especificando frio e chuva porque até ontem o tempo estava de verão e tivemos 30º C aqui em Porto Alegre.

Ontem fomos, Heloisa e eu a uma consulta com a famosa Beatriz Seligman que, como sabemos, desconfia até de cabelo fora do lugar.

Antes apanhei os exames da Heloisa e, pelo que deduzi, estava tudo tranquilo mas eu não contava com as desconfianças da Bia.

Acontece que, durante o exame com aquele martelinho para examinar reumas, a Heloisa sentiu dor no externo e a Bia exultou: imediatamente pediu exames de cintilometria, duzentos de sangue e mais alguns de urina!!!

Sem falar é claro no exame do esôfago.

Achei muito interessante que ela assumiu o caso da hérnia da Heloisa, posicionou-se contra qualquer cirurgia, receitou Plasil e um outro remédio e declarou enfaticamente que a solução é colocar dois tijolos na cabeceira da cama!

Lembro que esta foi a recomendação do Bolão quando ainda estudante em Pelotas.

Também recomendou aparelho de surdez para a Heloisa.

Realmente a Bia é uma clínica geral…

De qualquer maneira, deu alta para a Heloisa mas recomendou que os exames pedidos fossem feitos imediatamente.

Recomendou também que a Heloisa só tratasse o canário com uma máscara asséptica…

É excelente médica a Bia mas se pega um paciente impressionável, o tal nunca mais sai da cama e assim mesmo dentro de uma redoma de vidro, estou exagerando.

Assim que estamos em que a Heloisa está liberada para fazer o que quiser mas deve recomeçar a maratona de exames.

Fica a recomendação: se alguém for consultar a Bia, não abra a boca nem para pedir água que ela imediatamente irá pedir exames para verificar se não há evidências de diabetes.

No mais tudo em paz; hoje o Pingo veio jantar e declarou-se desiludido com as malheres e com o fato de estar desempregado.

Parece que agora irá aparecer mais eis que está fazendo musculação numa academia perto do Fornão.

Ontem o Ângelo dormiu aqui pois foi assistir o jogo do Grêmio 2 – x Independientes – 0.

Novamente  o Ronaldinho deu o seu show de bola e certamente temos um novo Pelé. O Grêmio não ganhou de 5 ou 6 porque não tem um centro avante para aproveitar as jogadas do Ronaldinho; imagino o que será quando ele jogar junto com o Ronaldinho propriamente dito, o que irá acontecer no dia 7 de setembro aqui em POA contra a Argentina.

O Inter perdeu pela quarta vez consecutiva e está liquidado.

Hoje instalei um fax muito bom no escritório porque estava precisando: recebo muitos fax e dependo do existente no escritório do Antônio/Doris embora o telefone de lá seja meu.

Tão logo eles comprem um telefone, transfiro o 224 8303 para o meu escritório.

O João levou o Versailles para Flores para uma revisão geral e o pessoal desmontou até a carrosseria mas o carro voltou incrível de bom.

Dá gosto rodar com ele e pretendo cuidá-lo bem para que dure bastante.

É um Ghia o que significa alto luxo, mais ou menos como o Evidence.

O painel tem mais luzes e censores do que um Boeing 707.

Se a porta fica aberta, se a gasolina vai acabar, se a água está pouca, se o injetor está com problemas e mais um monte de coisas, acende um censor.

Só para aprender tudo isto, o pátria leva um mês, principalmente se for um super idoso como eu.

Até o João, profissional do ramo, se enrola em tantas luzinhas.

E continua o show dos sebinhos e beija – flores: em dois dias liquidaram com uma generosa carga de nectar.

A Heloisa diz que eles passam o dia inteiro bicando no bebedouro.

Vou declarar no Imposto de Renda como gastos com a Ecologia.

Imagino que com a Primavera o número de comensais vá aumentar e terei que comprar outro bebedouro.

Falando em animais, a Isinha contou que o Conam deu uma estranhada com ela e deu-lhe uma bocada.

Até pode mas é surpreendente.

Na casa onde compro comida para as aves citadas, existe um catálogo de cães com os nomes com que são conhecidos em alguns países: se eu transcrevesse de como os franceses chamam os Rotweilers, teríamos uma comoção familiar mas devemos levar em consideração que em sendo cachorro de extração alemã, os franceses avacalham pour cause.

Então é isto aí, estamos voltando às rotinas normais e certamente Domingo teremos o clássico churrasco.

Boas noites. Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999.

 

Segunda-feira, 16 de Agosto de 1999, 22:28, frio de rachar!

 

Acentuei o frio porque este fim de semana foi de peidar e andar em roda, como se dizia em Vacaria.

Nevou em toda serra e os babacas que vieram lá de cima para sentir frio, desta vez ficaram felizes.

A previsão é que continue assim até Quarta feira o que será ótimo porque o Grêmio joga aqui contra o Vasco e no gelo os cariocas se borram.

A Heloisa está se recuperando da pneumonia mas ainda não se atreve a sair com esta temperatura.

No mais, forte movimento dos netos que têm vindo estudar aqui.

Hoje de tarde estavam cinco, Pingo Ângelo, Lucas, Pablo e Diego.

O Lucas veio estudar Matemática e confirmou uma velha tese: o problema deles é um péssimo serviço de RP eis que o Lucas sabe bastante mais do que eu imaginava com as informações e que dispunha.

Neste momento o Ângelo está estudando Biologia no que eu posso ajudá-lo muito pouco pois não sei nada.

Ontem fizemos grandioso churrasco com freqüência quase completa, o que não era esperado, e quase que falta carne.

Foi a primeira vez eis que a regra é sobrar um monte para o carreteiro da Segunda feira.

Também combinamos uma perdisada dia 26, Club do Bolinha.

Como estará o Diogo, virá também o Mambrini.

O fax do escritório tem funcionado a mil e está ótimo.

Hoje telefonou um funcionário da CEF perguntando se não quero quitar o apartamento onde mora a família Fietz.

Com R$ 1.800,00 está encerrado o assunto.

Vamos pensar e amanhã dou a resposta.

Parece que vale a pena.

O João voltou ontem de Flores da Cunha e contou uma história interesante.

Ele passou em Farroupilha para fazer umas compras e não encontrou mais nada!

Os turistas compraram tudo o que havia!

Assim que o frio é o maior marketeiro da serra.

Também fica-se sabendo que os gringos não são trouxas e quando montaram aquele Centro de Lojas para vender aos viajantes, sabiam o que estavam fazendo.

Enquanto na praia os catarinas só sabem negociar durante o verão, eles faturam o ano inteiro.

Va bene.

O Pingo e o Ângelo estão fazendo musculação aqui por perto e que depois da sessão diária, vêm para cá.

Como o Pingo vai para a Faculdade e depois pega o Ângelo, teremos tempo de sobra para estudar História, Geografia e Inglês.

A Isinha montou um cursinho soft de Matemática, Física e Química assim que o Ângelo terá uma boa preparação

Como ainda tenho que mandar meu Email para a Mônica, vou ficando por aqui.

Boas noites. Segunda-feira, 16 de Agosto de 1999.

 

Quarta-feira, 18 de Agosto de 1999, 18:32, bom.

Ontem foram dias de aula para a gurisada que parece ficar entusiasmada com a Matemática, particularmente o Lucas e o Diego.

A Isinha propôs me mandar alunos particulares mas ainda não é a hora. Mais para diante, quem sabe?

Não há dúvida que é uma atividade estimulante e cômoda.

Afinal, difundir conhecimentos, mesmo que pago para isto é, pelo menos, correta.

Estamos chegando ao final dos processos de Bagé, D. Carmem e outros; como não tenho me esforçado para patrocinar causas novas, é possível que sobre tempo.

Hoje o Grêmio joga com o Vasco e será a primeira vez que teremos oportunidade de avaliar se o Grêmio tem time ou se tem o Ronaldinho.

Pena que o marcador do guri será um tarado que dá coice até na lua, um tal de Nasa, coadjuvado pelo Odivan, imaginem.

Mas, penso que aqui, no Olímpico, não terão, coragem de agredir o menino que, no momento, é a coqueluche do mundo.

Primeiro foi o Beckenbauer que saiu da Alemanha para vê-lo jogar e, semana passada foi o Chico Buarque que não quis sair de Porto Alegre sem levar uma camiseta autografada.

Pena que o jogo não será televisionado; o Ângelo vai assistir, razão pela qual a aula de Trigonometria que tínhamos marcado, pifou.

A razão é boa, afinal Grêmio x Vasco com os times atuais, é uma vez na vida e Trigonometria já existe desde o século V antes de Cristo e decerto persistirá.

No fim de semana andaram arrombando o prédio lá dos escritório o que me deixa um pouco preocupado porque afinal tenho lá um patrimônio razoável, ainda mais agora com o fax novo.

Conforme, mando gradear as janelas.

Dei um empurrão no affaire  apartamento da Luciana mandando registrar o formal da Ruth Maria; o próximo passo é a venda.

Assim a Luciana poderá casar em janeiro pois terá a grana necessária.

Não fugindo a regra dos modismos cariocas, a Lu pretende morar na Barra o que eu considero uma decisão ruim eis que ela trabalha no Centro e vai levar pelo menos umas duas horas no percurso.

Também porque acho a Barra deprimente com aqueles blocos de edifícios amontoados e de arquitetura pretensiosa, apartamentos tipo Neno, ruas embarradas, um não sei que de nordeste e Miami misturados: mais para Caribe do que para local civilizado.

Mas, chacun a son gout e hoje o modismo carióca é morar na Barra.

Donde se conclui que os cariocas gostam mesmo é do modismo e não da Barra.

Estes dias a Heloisa lembrou o episódio da Kombi da Aeronáutica onde a gente comprava galinha e manteiga lá no EPV.

Formavam-se filas para comprar as tais galinhas que nem eram melhores e nem mais baratas do que a vendidas pelo Piranha, um português que tinha um armazém lá no prédio e que, ainda por cima, vendia no caderno.

Mas, todo o mundo ia para a fila da Kombi, era a moda.

Ou queria levar vantagem.

Indo para assuntos mais substanciosos, o que anda muito ruim é a Pátria amada.

Acontece que a famosa Constituição Cidadã daquele safado do Ulisses Guimarães, tornou o governo um refém do Legislativo; o Presidente, decorativo, é um títere nas mãos do Congresso e aparece aos olhos do povo como um sujeito fraco e dúbio.

Ele não pode afirmar nada porque se o Congresso não confirma, vai tudo para o brejo.

O inverso não se verifica e assim, aos olhos do povo, quem governa é o Antônio Carlos Magalhães, presidente do Congresso.

Via de consequência, o presidente se desmoraliza e perde a popularidade.

A coisa chegou num ponto que até o Collor já anda falando grosso e querendo voltar à presidência!!!

E, o que é pior, com o apoio do povão.

Hoje, no programa do Lauro Quadros de pesquisa popular, foi isto que se viu: a maioria prefere o Collor ao FHC.

Só resta emigrar para a Chechênia.

Mientras tanto o tal de Coronel Chavez que se elegeu presidente da Venezuela, quer dar uma de Fidel e bagunçar o coreto no melhor estilo latino americano.

Mais para o lado esquerdo do mapa, o presidente colombiano, o Pastrana, entregou uma parte do território, do tamanho do Rio Grande do Sul, como zona livre para as forças da guerrilha!

Só ele que não sabe como funciona a guerra revolucionária.

Zona livre para guerrilheiro é como filé em focinho de cachorro: è  tudo o que eles sempre sonharam e daí a fofoca está medonha com os americanos querendo que nós intervenhamos militarmente por lá eis que o tal território faz fronteira com o Brasil.

Imagina se eles não vão cavoucar um incidente com o Brasil na fornteira: se fosse no tempo dos republicanos e da Cia, o bolo já estaria formado.

Ao sul os argentinos exibindo a sua arrogância no Mercosul e se eles já atacaram a Inglaterra ainda ontem, porque não nós?

Quero lembrar que quando a Guiana fez sua independência, a Venezuela ia invadí-la alegando que parte do território da Guiana era seu. Aí o Jânio Quadros mandou avisar os llaneros que antes de ser venezolano, o tal território era do Brasil assim que ele atacaria também!

E mandou a Divisão Aero Terrestre preparar-se para atacar.

Com o que os venezuelanos recolheram os matungos.

O Jânio tinha razão: o território em tela – eu estive in loco – geográfica e historicamente faz parte do território do Brasil e só não o temos por causa de uma arbitragem safada de um rei europeu.

Mesmo não sendo fácil de encontrar, recomendo a leitura deste episódio da História do Brasil.

Assim que estamos diante do velho problema: o Império de extração lusitana contra as repúblicas de extração espanhola e para quem pensa que falo de anacronismos, devo lembrar os Balcãs, as guerras da Africa, da Irlanda, do País Basco, do Império Russo etc.etc.

Só falta a Alemanha querer refazer o Império Austro Hungaro, o que era, traduzindo, o sonho do Hitler.

Em História não há anacronismos nem mesmo depois de 10.000 anos como é caso de Sadan Hussein que quer fazer renascer as glórias e o poder de Assurbanipal.

Sem falar no Iraque, ex Pérsia que ainda não engoliu a conquista de Alexandre.

E nós no meio da confusão.

Na America do Sul pode estar chegando a hora do Brasil acertar de uma vez por todas a novela do Império.

Use-se o sistema mitimai dos Incas para ser coerente com a minha tese.

Buenas, seu.

 

Terça-feira, 24 de Agosto de 1999, 10:55, virando para chuva.

 

Ando meio preguiçoso para escrever mas também influi um novo costume que até já foi objeto de uma crônica do LFV: o joguinho do computador.

A gente senta no apareil e em vez de trabalhar vai jogar free cell que é mais divertido.

Mais disciplina é o que falta.

Quinta feira deveríamos ter uma perdizada comme il faut mas o dono da bola, o Tergolina, teve de viajar para o Rio e o Carlos vai não sei para onde no nordeste assim que transferimos.

Seria um clube do Bolinha com os marmanjos de casa e mais o Diogo e o Mambrini, convidados do Paulo.

Fica para a próxima semana.

Hoje foi publicado um documento oficial do PT em que os pátrias aqui mdo RGS pregam a luta armada para tomar o poder e fundar uma república socialista.

Como tenho dito, esta nossa aventura eleitoral ainda vai acabar mal.

Comenta-se que o PT quer aliar a Brigada Militar e o MST para formar uma milícia e partir para a ignorância.

E, como eu digo, nóis no meio.

Amanhã concentração de mais ou menos 100.000 CUTs etc. para criticar a política do governo; enquanto isto o imbecil do Brizola e o Lula pregam a renuncia do FHC.

Coisa de derrotados mas que causa a maior confusão na paróquia de per si já conturbada.

Sem falar na Venezuela e Colômbia que estão indo para um caminho muito ruim.

Como diria o Eça, este país é uma choldra.

No ambiente familiar quem tem aparecido é o Pingo que agora faz musculação aqui por perto.

Ele está ficando forte e surpreende a rapidez com que estes métodos novos de musculação transformam os personagens.

Heloisa melhorando mais acho que ainda não está em seu estado normal.

Enquanto não operar a hérnia do hiato, não desaparece o desconforto resultante que alcança boa parte do tórax.

Estou marcando e exame de endoscopia para ver qual é o veredito da Beatriz ou seja, opera ou não opera.

Apud Bolão e outros, a única solução é cirúrgica mas a Seligman em principio é contra.

O que está a perigo de não acontecer este ano é a Expointer: o Olivio achou um jeito de brigar com a Farsul que retirou o time de campo e ninguém vai levar os bois para a festa.

Alguma coisa parecida com a Ford porque, depois de feita a cagada, o Olivio quer retomar negociações mas a assembléia da Farsul já decidiu que não comparece.

Já era para estarem no Parque Assis Brasil mais de 1000 bichos e só estão cinco e assim mesmo ovelhas paranaenses.

A questão com o Olivio é quas sempre foi a Farsul quem organizou a Expointer mas logo que assumiu ele disse que agora seria com o PT cujo desejo era levar para lá os pequenos criadores e se sobrasse lugar, iriam os grandes onde e como o PT decidisse.

Como seria de se prever, fechou o pau porque o Secretário da Agricultura é um cara do MST  que não dialoga com fazendeiros.

Considerando os diversos considerandos, estamos a beira de uma guerra missioneira que certamente terá os mesmos resultados da outra.

Desta vez o Sepé Tiarajú vai se chamar Olivio, El Gallo Misionero.

Então tá.

Amanhã é o Dia do Soldado e o pessoal estará de prontidão por causa da bagunça prevista para Brasilia.

En passant, o documento do PT prevê uma aliança com o Inzércio para assumir o poder.

Pensando nos pontos de vista da Revista do Club Militar – cuja deretoria é de extrema dereita – até que a tese não é descabelada porque defendem exatamente as teses do PT: nacionalismo, estatismo etc.

Já sabemos que, se existe ente cujo quotidiano é socialista, este sem dúvida é o Exército assim que as partes iriam se dar bem.

Ressaltando que, quando aquela arataca que foi prefeita de São Paulo, a Luiza Erundina, foi Ministra da Administração, o povo V. O. gostou demais.

Assim que neguinhos estão loucos para bater continência para o Lula e para o Fidel.

Ou seja, traduzindo a ópera em Português, a confusão é geral.

E nóis no meio.

Esqueço de dizer que os americanos estão loucos para intervir na Colombia mas querem fazer a coisa via OEA e aí o Brasil teria que entrar de rijo no fandango, como aconteceu na República Dominicana.

Explicando rapidamente, o Pastrana, presidente da Colombia, cedeu uma área tamanho do RGS para os guerrilheiros( acho que já disse isso) os quais recebem dinheiro do tráfico de drogas a titulo de impostos eis que os traficantes operam em sua área.

Com o que, o tráfego fica solto e isto os americanos não engolem porque a droga vai toda para lá.

Cabe dizer que os americanos da Universidade de Arkansas afirmam ter descoberto uma vacina contra o vicio da cocaína mas em se  tratando do Arkansas, é difícil de acreditar.

No meio tempo, um terremoto na Turquia mata mais de 30.000 pessoas.

Hoje a Globo anunciou que está transmitindo direto e local para todo o mundo e foi emocionante ver a reação dos brasileiros que moram nos USA, assistindo ao Jornal Nacional como se estivessem em Pindamonhangaba.

Brincando, brincando, a gente se emociona também.

Semana que vem a Mônica vai poder ligar a televisão na Alemanha e ver o Bonner dando as últimas da pátria amada: garanto como vai haver lágrimas.

Estou ouvindo que o Grêmio ganhou do Velez Sarsefield na taça Mercosul.

E, sempre Ronaldinho e Magrão para decidir a partida.

Os tchê boludo estão dizendo que foi uma injustiça.

E assim, boas noites.

Segunda-feira, 30 de Agosto de 1999, 21:11, bom, quente.

 

O acontecimento da semana foi que Sexta feira, fiz a cirurgia de pálbebra com a Graça, lá no Cristo Redentor; a coisa toda é meia chata mas suportável. No momento ainda estou de Frankestein mas amanhã decerto melhora.

Na Quinta feira esteve o Diogo e saí com ele para compras.

Hoje ele me mandou a defesa prévia de D. Carmem e já está entregue no Foro.

Como veio por Email, tive de me socorrer do Pingo para abrir o arquivo, um calhamaço de dezoito páginas.

Foi bom porque aprendi a abrir arquivos de matérias esdruxulas que vêm por E. Mail e no que a Lucia é especialista.

Mais uma vez ficou comprovada a notável capacidade do Pingo no assunto.

Em matéria de Internet ele é doutor.

A gurizada em geral tem aparecido quase todos os dias para estudar ou simplesmente fazer pouso para outras paragens.

Ontem pousou o Ângelo que estava empolgado com a vitória do Grêmio sobre o Flamengo no Maracanã por 4 x 3.

Realmente foi uma vitória notável porque o Grêmio jogou atrás e acabou ganhando.

Já estamos em plena Primavera, com as azaleias florescendo e as outras árvores brotando; o perfume é muito agradável e tudo indica que este ano teremos frutas aos montes.

A pitangueira está carregada como nunca.

Também os sabiás já começaram os famosos concertos da madrugada e agora, sem os gatos, eles aparecem aos montes.

O restaurante dos beija – flor está em pleno funcionamento e nào há o que chegue porque eles têm forte concorrência dos sebinhos.

Enfim, como ei disse, Primavera.

No mais, tudo em paz; os Fietz passaram o fim de semana em Criciuma e nós não fizemos churrasco porque eu não posso chegar perto do fogo.

Ontem a Graça veio tirar os pontos e já aliviou bastante.

Lucas foi com o Tergolina para Caxias ontem, numa perdizada que houve por lá no sitio do Cláudio, irmão do Tergolina.

Diz o Lucas que estava ótima e pela descrição não era perdizes de supermercado e sim caçadas.

Heloisa ficou de telefonar para Iris para saber de como ela prepara as perdizes.

A Alba, pelo que diz, também é doutora no assunto e quero ver se em seguida fazemos as que temos no freezer, mesmo que compradas no Bourbon.

Com menos agito eu até teria ido a Bagé caçar umas perdizes mas este inverno está  meio imprevisível.

Lá por Bagé também as coisas estão complicadas com o MST invadindo justamente na zona de Hulha Negra onde está a fazenda do Renato.

Está todo o mundo de orelha em pé e certamente sem tempo de encarar amenidades como caça à perdiz.

Já na fazenda da Bahia, diz o Eduardo que tem perdigão aos magotes e a gente tem que se cuidar para não pisar neles!

Até pode mas eu nunca ví.

Diz o Eduardo também que, além de perdigões, abundam discos voadores e repito: até pode mas eu nunca vi.

Estamos marcando uma ida minha à fazenda para checar e se possível filmar os tais OVNI que, segundo o Bolão, são tripulados por habitantes de Ganímedes, uma lua de Júpiter.

Estamos todos bem arranjados…

Ontem veio um E Mail da Mônica muito saudoso: ela diz que às vezes acha que não vai aguentar o desterro e só o faz por causa das crianças.

Na verdade, o ato de emigrar é um dos mais difíceis para o homem e é justamente isto que faz com que os imigrantes se superem para alcançar sucesso, uma espécie de racionalização do sacrifício.

Observem que os imigrante sou são bem sucedidos ou naufragam, não há meio termo.

Um assunto difícil.

Heloisa hoje, pela primeira vez depois da pneumonia, saiu para jogar um torneio de buraco.

Estava com pouca sorte e perdeu feio; jogou de parceria com a Adelina.

Dei carona para as duas até o local do torneio, num restaurante ali na João Guimarães; a Adelina estava com um perfume brabíssimo e decerto foi isto que empacou o carro.

Se ela fosse versada em Magia, haveria de saber que perfumes ruins afastam os mensageiros da sorte.

Falando nisto, devo retomar meu livro sobre Magia só que não consigo achar onde estão os arquivos: com estas histórias de trocar Winchester, às vezes esquecemos de copiar arquivos.

Como esta minha cadeira é pouco confortável, lembrei que o Diogo comprou umas Giroflex para trabalhar no computador e que, diz ele, são ótimas.

Só que, custam R$400,00 cada uma…

  1. sem encosto, sem nada, só os amortecedores que são a gás, como no Versailles.

É muito parangolé.

Semana que vem, dia 10 de setembro, os Barrios vão para a Áustria e os guris vêm para cá.

Também o Vares vai em vilegiatura para o Canadá.

Mocidade viajora.

Mônica convidando para a Feira do ano 2.000 de Hanover.

Quem sabe?

Mais provável que a gente vá na feira do Grêmio onde os alemanho não incomodam e só estão ali para, humildemente, vender seus queijos, frutas e hortaliças.

Hortifrutigrangeiros como se dizia na década passada.

Não sei porque esta palavra caiu de moda.

Com o que, apresento meus mais sinceros desejos de boas noites.

Segunda-feira, 30 de Agosto de 1999.

 

Terça-feira, 31 de Agosto de 1999, 23:04, pancadas de chuva.

 

Apenas para dizer que semana passada consegui comprar o livro do Aureliano de Figueiredo Pinto, “Memórias do Coronel Falcão”.

Já comentei que a minha curiosidade prendia-se ao fato de não entender muito bem de como o Érico Veríssimo conseguira tamanha erudição campeira para escrever “O Continente” desde que ele não era um homo ruralis.

Depois de “Incidente em Antares” fiquei com a pulga na orelha.

Devo dizer que, nada a ver, não há a mínima semelhança ou melhor nada que possa induzir a uma idéia de copia.

O livro mostra um estilo e uma história completamente diferentes e nem sequer a famosa semelhança coincidente existe.

Melhor para o Érico.

Na verdade, o Aureliano, que era médico poeta e político, apresenta um estilo totalmente diferente de tudo o que por aí pervaga.

Escola francesa eu diria mas assunto totalmente regional.

É difícil fazer uma crítica correta porque ele escreve muito bem mas faz algumas concessões ao preciosismo mesmo que este preciosismo seja entreverado com termos regionais.

O Aureliano era um intelectual do fim dos tempos românticos e de vez em quando lá se apresenta “o moço Outono com olhar distante, sonhando amores a recitar Verlaine “.

Não literalmente, é claro.

De qualquer forma, recomendo a leitura, lembrando também que o Aureliano era o pai do José Antônio Figueiredo Pinto, vizinho dos Barrios quando residiam na casa da Mônica e também ilustre esculápio desta praça.

Tudo bem.

Hoje o Ângelo veio dormir aqui e fomos jantar no Fornão.

Heloisa estava sem maiores fomes e eu também desiludi a torcida principalmente porque os caras exageram: além de tudo quanto é tipo de filés, ainda há um bufê de saladas excelente e mais massas, lazanhas etc.

Coisa para caminhoneiro.

Já estou quase recuperado da cirurgia dos olhos e manhã retiro a última proteção e aí espero que fique normal.

Diz a Heloisa que não posso apanhar sol mas acho que não é bem assim, afinal não coloquei nenhum enxerto.

Consultaremos a Dra. Graça porque semana que vem há um feriadão e talvez se vá à praia.

O restante do povo em paz; neste momento jogam Vasco e Penharol e avisamos ao Carlos que o canal 39 está transmitindo.

Diz o Raul, comentarista, que nunca viu um jogo tão ruim.

Até o Ângelo foi dormir.

E eu também. Boas noites. Terça-feira, 31 de Agosto de 1999.

 

Segunda-feira, 6 de Setembro de 1999, 18:55, Primavera.

 

Depois de uma semana de chuva, hoje emplacamos sol e calor mas já há um ventinho de chuva; em compensação, no resto do Brasil, a seca está feia e meio país está em queimadas.

Afinal saiu a Expointer e o Olívio já aproveitou para discursar dizendo que o boicote era um blefe.

Bem feito para os pecuaristas que se afrouxaram.

Por muito menos do que o PT está fazendo com as invasões de terra, saiu a Revolução de 93.

Mas, nào perdemos por esperar: O PT está pregando aluta armada inclusive nas Escolas, através de um documento distribuido pela SEC.

Como eu já disse, vamos ter pau pela proa.

Também como já disse, começou a inana no Paraguai: o povo de lá está entrando em luta com os brasiguaios e estamos nos aproximando de um novo Acre.

A História se repete e não como comédia como queriam os marxistas.

Ontem tivemos churrasco e a surpresa foi a Graça que – fora ddos seus hábitos – comentou a cobrança de dívidas do Felipe pelo Teodoro.

Também fiquei surpreso porque a Graça teve que abraçar montes de pepinos deixados pelo Felipe e não parece justo que o Teodoro venha lhe cobrar contas de arrendamentos de campo.

Enfim, o bolso continua sendo a parte mais vulnerável do corpo humano.

Sexta feira os Barrios devem embarcar para Viena, onde o Carlos vai a um congresso e a Patrícia aproveita para uma agradável vilegiatura.

O principal assunto da semana passada foia situação da Zilda que piorou muito.

A Heloisa estava pronta para ir ao Rio mas houve pedidos ingentes do Alemão para que não o fizesse.

O Banda também está proibido de visitar a Zilda há mais de quatro meses.

O Alemão me explicou porque.

Acho que o Alemão não sabe a real situação da Zilda ou, o que é normal, não quer ver.

Na verdade é muito crítica, alguma coisa parecida com o que aconteceu com o Leandro aquele cantor caipira.

Estamos aguardando; a Heloisa também não está bem, com problemas gástricos só que desta vez, intestinais, assim que seria difícil ir ao Rio agora.

A Mônica tem mandado Emails da Alemanha e, pelo teor, ela não está conseguindo mais agüentar a Vaterland.

No fim, prevalece o bom senso se há bom senso, é claro.

Para quem é biruta, até é bom que nada prevaleça.

Boas noites. Segunda feira 06/09.

 

Terça-feira, 7 de Setembro de 1999, 18:19, toró.

 

Acabou o jogo Brasil 4 x Argentina 2, no Beira Rio.

Jogo bonito, a Seleção jogou muito bem e na verdade fizeram 6 golos para valer 4.

Tivemos um convite da Patrícia para café colonial mas não iremos porque o tempo está medonho e a Heloisa está com dor de barriga.

Informa a Patrícia que caiu um raio na rede deles e queimou a TV grande; talvez também o modem do Carlos.

Geralmente estas faíscas vêm pela rede telefônica e entram pelo modem.

Eu aqui, quando o tempo pinta tempestade, procuro desligar o telefone sem fio por causa da antena.

Acontece que eles moram no lugar mais alto de POA, eu suponho.

A família não deu sinais de vida neste feriado.

Por ressaltar que a TV sequer transmitiu toda a Parada Militar e que, logo após o desfile, a pista foi ocupada pelo Movimento dos Excluídos…

Estamos bem.

Finalmente achamos os documentos/99 do carro da Heloisa os quais há uma semana ando buscando localizar; movimentei Correios, Detran, etc. e afinal estavam aqui em casa.

Ainda bem.

Dos mais familiares, a Virgínia andava com a gurizada dela mais Pablo, Diego e Carol no Museu da PUC, se não me engano.

Do povo da Isinha e do Bolão, não soubemos nada.

Hoje procurei as obras completas do Borges, um livro que comprei em Buenos Aires e não achei; certamente emprestei mas não lembro para quem.

Houve uma época – no tempo do Carta Certa – em que eu registrava os livros que emprestava mas depois não continuei.

No entanto, há dois livros, pelo menos, que vou tentar recuperar: é o do Borges e “Voluntários do Martírio” do Dourado, sobre a Revolução de 93 que penso estar com o Pinho, um conhecido não devolvedor de livros.

Dia tranquilo e doméstico, não há muito o que registrar a não ser que eu resolvesse fazer uma viajem au tour de ma chambre mas estou com preguiça.

Assim que boas noites. Terça-feira, 7 de Setembro de 1999.

 

Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999, 23:58, tempo bom.

 

Mais de uma semana que não cumpro o meu dever de Pero Vaz.

As preguiças é demais e também tenho andado para cima e para baixo.

Domingo passado, grandioso churrasco, sem os Barrios que seguiram para o Oesterreich; a Heloisa mudou-se para a Vila Assunção porque facilita a vida dos guris.

Amanhã eles irão acampar e ele passa o fim de semana em casa; temos feriadão mas não iremos à praia porque os guris voltam Domingo.

Maria Helena que viria sábado, não vem mais assim que a Heloisa permanece lá.

O Bolão, agora com a Maria Edy no ministério, não tem aparecido.

Pingo vem sempre de tarde e Lucas e Ângelo, às vezes.

Recebemos convite para os quinze anos de uma neta do Pedro Schram que veio traze-lo personaly.

Está um caco velho, o Pedro.

Eu também só que não conto para ninguém.

No escritório tudo em paz: com a ajuda do Diogo, terminei a última fase de Bagé o que é uma grande preocupação a menos.

Voltei ao Lins para melhorar o dentame que está dando o prego.

Cabe dizer que a Liege declinou de mexer na minha arcada que, é verdade, é horrível.

Caberiam algumas considerações de ordem filosófica mas como o Grêmio acaba de perder de 4 x 1 para o Corintians – culpa daquela bichona, o Darnlei, frangueiro miserável – não estou em clima de divagações ditas eruditas.

Dia 19 é o aniversário do Diego, dia 24 do Chico.

Primavera comme il faut depois de um monte de chuvas.

Aqui em frente de casa o perfume é muito agradável.

Boas noites. Sexta-feira, 17 de Setembro de 1999.

 

Sexta-feira, 24 de Setembro de 1999, tempo excelente.

 

Só para aproveitar o gancho, o Grêmio perdeu anteontem para o Gama, um timeco de Brasília!

Desta vez a culpa foi daquele pardavasco fedorento, o Celso Roth, retranqueiro desesperado que quando o Grêmio estava ganhando de um a zero, tirou todos os ditos atacantes e botou uns defesas gordos e dispépticos.

Bem.

Esta semana, a Heloisa está na casa dos Barrios e hoje talvez eu pose lá para levar o Diego amanhã cedo no Gauchito.

Os guris estão treinando para ir jogar em Barcelona o que me parece mais um caça – níquel do Tarciso e seus asseclas.

A moçada de Ipanema têm aparecido diariamente.

Novidade: estou escrevendo no W/Office/98 que o João começou a instalar ontem e hoje já não apareceu apesar de ter telefonado de manhã que viria instalar a placa de fax, o que não é nenhuma novidade.

Também hoje ficaram prontas as grades do escritório.

Os Barrios chegam Domingo às nove da matina de modo que não haverá churrasco para as partes.

Salvo mudança de planejamento.

Esteve aqui um mensual do Fernando e levou os US$10.000,00 deixados pelo Carlos.

Coragem o Fernando tem em mandar um jacu daqueles para levar uma quantia que se não é vultosa, é expressiva.

O cara é daqueles que compra bilhete premiado mas como o Fernando não telefonou, penso que chegou bem.

O Ângelo parece que se decidiu pela faculdade que irá enfrentar mas é cedo para revelar.

Achei uma ótima escolha.

Ledi desentupiu os pluviais e fez umas outras coisinhas.

Faltou o trecho que vai da área dos fundos até o meio da área lateral; dalí para a frente está OK.

Naquele pluvial ao lado do nosso quarto havia uma bolinha de borracha e plástico que causou um alagamento.

Hoje, à nove, grandioso aniversário de uma neta do Pedro Schram, lá na ABB e pretendemos ir.

As notícias do Rio permanecem no mesmo compasso: cartas da Zilda dizendo que não quer ninguém para a despedida.

Resolvemos aceitar porque, afinal, é ela quem manda mas a Heloisa está desolada e com fundamento.

A Alda está na mesma situação e até pior porque ela recebeu uma carta mais categórica sobre a não ida.

A Luciana casa em 22 de janeiro/00;  decerto iremos e talvez antes.

No escritório, muito trabalho mas tudo em paz.

Finalmente cabe esclarecer que tenho comparecido pouco devido ao fato de que quase todas noites há outras atividades: ou vou para Assunção ou os netos vêm para cá, ou simplesmente assisto TV. Ninguém é de ferro!

Como sempre digo, a arte de escrever é a arte de sentar mas começo a substituir sentar por começar.

De qualquer forma, estou chegando nas duzentas páginas o que já dá um bom volume.

Como ainda faltam três meses para o fim do ano e escrevi quase setenta páginas por trimestre, termino em 280, quase um calhamaço.

Acaba de telefonar o João dizendo que vem amanhã.

Como a placa de fac aciona o Internet Mail e como tenho usado bastante tal meio, estou com um pouco de pressa mas não muita.

Paro por aqui.

Como são dezoito e trinta e ainda está claro ( Primavera), em vez de boa noite declaro até breve, espero.

Sexta-feira, 24 de Setembro de 1999.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 17:24, chuva.

Hoje de manhã chegaram os Barrios e fomos recebê-los e levá-los para casa.

Ontem aconteceu o aniversário do Chico e estava muito concorrido, colegas de aula aos montes e todos a fim de faturar todos os doces que aparecessem.

A Liege se virou o tempo todo mas penso que conseguiu atender à copiosa assistência.

O Chico faturou alto, rendeu a quermesse.

Sábado fomos a uma festa de quinze anos lá na ABB e o luxo do salão explica porque o BB sempre dá prejuízo.

E ainda há gente que é contra a privatização do Banco.

O interessante dessa festa foi abundância de veiedo, parecia um museu; não sei porque – era uma festa de quinze anos – o grupo dos setentões era avultadíssimo.

Estavam os Lomandos todos, o Rui Medeiros, o Severino ou algo assim e mais um monte de mumias, todos falando de suas doenças.

A festa em si estava muito boa, um bufê excelente mas a decoração, uns balõezinhos em forma de guampa, era meio chocante.

Sábado pela manhã, já meio cansado da tal festa, fui levar o Diego para treinar num campinho ao lado da rua do Negrão.

Cheguei à conclusão que o Tarciso é um ótimo treinador mas o especialista em Educação Física, o Mauro, não sabe nada.

Os guris estão treinando para jogar em Barcelona: o Diego jogará futebol 7 e o Pablo futebol 11, como eles dizem.

O Diego chuta muito bem e conduz a bola com elegância.

Vai ser um bom meia esquerda eis que é canhoto.

O Pablo não vi atuando em conjunto mas, diz o Ângelo, o especialista no assunto, que ele é muito bom.

O tempo estava muito bonito mas agora começou a chover: bastou a imprensa anunciar que vamos entrar num período de sêca e a chuva recomeçou.

Neste momento o Grêmio, que estava ganhando por 2 x 1, está perdendo para o Guarani de Campinas, 3 x 2; desta vez, cai o tal de Roth pois é a quarta derrota vergonhosa do Grêmio.

Mudando de assunto, instalamos o Windows 98 com os tradicionais problemas de Internet, já superados.

Não achei grande diferenças do W95 mas como usei pouco, talvez mude de opinião.

A Heloisa gostou da estada em Vila Assunção e os guris gostaram mais ainda: as mordomias da avó funcionaram a mil.

Dei uma voltinha e estava passando no canal 65 um filme feito pelo Rondon quando era Inspe(c)tor de Fronteiras, creio que lá 1928.

Ë interessantíssimo, pelos valores vigentes: P.ex., referindo-se aos índios ele diz que recém contactados, ele diz que são trabalhadores incorporados à sociedade.

Naquele tempo, o grande problema do Brasil era a escassez de população, principalmente no interior.

Ansiava-se por mão de obra; hoje já é o contrário, a gente quer é que os índios voltem para a maloca.

Outro problema era a terra sem gente, hoje é gente sem terra.

O que me espanta é o pouco tempo decorrido entre o vazío demográfico e os boias frias.

Sou de parecer que tivemos uma invasão marciana ou ganimedeana pois regiões que conheci desabitadas há pouco tempo, hoje estão cheias de gente.

A região noroeste do Estado é um exemplo.

Caxias na década de 50 era uma vila, Passo Fundo um pouso de tropeiros, Panambi nem existia e por aí empós.

A gente levava 5 horas para chegar em Tramandaí e para o Ibé se ia de balsa.

Como explicar, num Estado cujo índice de crescimento demográfico não é alto?

Só com invasão extra-terrestre.

E que ET vagabundos  vieram para cá, acampar na Avenida Dique.

Vai ver que o Olívio e sua trupe vieram de Saturno.

Ou da Lua.

Tudo indica.

Pode ser uma teoria meio maluca mas que está cheio de lunáticos por aí, está.

Acho que para um Domingo chuvoso já chega.

Ainda bem que o Coloral perdeu de 2 x 0 para o Vasco e que neste momento o Celso Roth e o Darnlei estão recebendo bilhete azul.

O Juventude perdeu de novo e está no rebaixamento o que pode acontecer também com o Grêmio e o Coloral.

Isto daí é fruto do, governo do PT: todo o mundo está louco para relar os gaúchos.

E, estão conseguindo.

Sem me alongar, conforme previsto nestes registros, o Mercosul está indo para o brejo por causa das malandragens dos tchê boludos; ninguém esperava que os argentinos fossem uns vigaristas, uma surpresa…

Ainda mais: O Pedrinho Simão está candidato para a presidência pelo MDB!!!

Não é brincadeira.

Indo do jeito que vai, acaba o Olívio saindo candidato pelo PT e ganhando a presidência.

Diria que, na atual conjuntura e considerando os candidatos que por aí pervagam, já é uma solução.

Iria ser um baque no nordeste porque os PT inegavelmente não são ladrões e sem roubalheira, o nordeste se vai ou melhor, volta a ser o que era.

Isso tudo se o Lula desistir e se o Antônio Carlos resolver gozar do ócio na Bahia.

Agora, eu se fosse ele, não ficaria sem imunidades porque aí os neguinhos vão levantar o tapete e a sujeira aparece.

No Acre, elegeram um cara do PT e já tem deputado federal na cadeia e tudo indica que será acompanhado de pelo menos três ex governadores.

O tal deputado usava um método eficiente para livrar-se de seus antagonistas: serrava-os com moto serra.

Vivos, é claro.

De modo que, se ampliarmos os horizontes do Acre para o Brasil, voltaremos a ter problemas populacionais… neguinhos vão emigrar para a Bolívia.

Boas noites.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 23:01, chuvoso.

 

O casal Barrios teve a gentileza de me dar um vidro de Obsession, uma colônia Calvin Klein super chique; nada como ter filhos ricos e de bom gosto.

O pior é quando acaba e se é obrigado a usar o Avanço da Gillete.

Não exageremos, eu uso Captain há muitos anos.

Era comprado no Uruguay mas como agora os de Rivera resolveram apatifar e falsificar, não dá mais.

No fim, tudo vira Paraguai.

Sente-se que o Brasil começa a melhorar mas o Brizolla continua pedindo que o FHC renuncie.

Por sua vez, o Lula agora é cronista da ZH e sua coluna sai ao lado daquela do Roberto Campos quem, en passant, foi eleito para a ABL.

O Lula ao lado do RC é brincadeira e um sinal dos tempos.

Como aqui manda o PT e jornal depende do Governo, decerto O Olívio fez uma forcinha pelo seu amigo sem perceber que está ajudando um futuro adversário.

Isto porque nas próximas eleições o PT irá escolher entre o Bigodudo e o Lula para candidato à Presidência.

Ganha o Olívio que está conseguindo se manter com a mesma popularidade com que começou.

Até que era bom dar uma sacudida nos aratacas, como está fazendo o cara do PT no Acre: metade da população já está indo para a cadeia e ainda nem começou.

O suplente de deputado que assumiu ante-ontem no lugar do Moto Serra, já entrou em sindicância para ser caçado também.

O Norte todo é assim: perto deles, os nordestinos são mais moralistas do que pastor luterano.

A história da humanidade nos últimos 2000 anos caracteriza-se por uma descida do Norte para o Sul com o consequente predomínio dos arianos; até nisto o Brasil é diferente, há uma inversão, os arianos estão sendo invadidos pelos nativos.

A civilização marcha do Sul para o Norte.

Algo assim como romanos e gregos só que chamar o Inocêncio de romano, é dose.

É um samba de crioulo doudo, como diria o Machado de Assis quem estou relendo e continuando a achar um galocha.

Hoje, lá no consultório do Afonso, li uma entrevista do….interessantíssima porque o referido põe os pontos nos ii.

Chama de chato quem é chato, de bobalhão quem é bobalhão e de ignorante quem também é.

Faz uma alusão particular às expressões da arte dita moderna e aí me lembrei do teatro riograndense que no momento está a mil com o tal de Porto Alegre Em Cena.

Pela propaganda a gente vê que trata-se de um bando de desajustados enganadores que aproveitam os PT no governo para dar vasão aos seus desequilíbrios mentais, culturais e físicos.

Tem uma malher que, literalmente, sobe pelas paredes.

Se alguém se lembra do título de alguma peça destas representadas pelos nossos imbecis, nos últimos cinco anos, ganha um prêmio.

Pior do que isto só teatro infantil.

Quero registrar que continuo não entendendo aqueles dois judeus que alugaram o São Pedro, os Sbórnia.

Só pode ser explicado pelo fato da Sopher ser patrícia e a Zero Hora idem porque em qualquer lugar civilizado o humor daqueles dois oligões já os teria conduzido à gerência de uma banca de churrasco de gato na Redenção.

Se alguém acha que tenho má vontade com estes seres repelentes, leia uma crônica do Urbim na Zero Hora: você fica com vontade de ir lá na redação e obrigar o pinta a comer o jornal.

Ao contrário, uma coisa que pretendo fazer é transcrever um artigo que o Paulo José escreveu quando recebeu o título de cidadão portoalegrense.

Alguém deve ter guardado e eu só não o fiz porque tenho fobia de jornal velho.

Acho que é influência daquela história conhecida dos irmãos que moravam sós e colecionavam jornais.

Mas não é só isto, detesto mais o cheiro.

E a Zero Hora fede.

No mais, tudo em paz.

Boas noites. terça-feira, 14 de novembro de 2017.

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 21:07, bom mas frío.

 

Achava que não fazia tanto tempo desde o último registro.

A semana foi normal, com muita chuva e pouco trabalho,  a maior parte do tempo limitei-me a zanzar fazendo pequenas coisas.

Fui ao Afonso que me receitou uns óculos a fu, enxergo tudo mais fico meio tonto se olhar para o chão.

Estou frequentando o Lins.

No mais rotina.

Conversei com o Ângelo para que comecemos a estudar a sério para o vestibular; afinal, são só três meses para a clássica virada mas para deixá-lo bem em História, Geografia, Literatura e Inglês, há tempo de sobra.

Está combinado que começamos Segunda feira.

Hoje começa o horário de verão, o que não tem cabimento no Brasil mas, temos que imitar os nossos amigos do hemisfério Norte que sentem mais os efeitos da eclítica.

É o fim da picada fazer horário de verão no trópico de Capricórnio e no Equador.

Amanhã grandioso churrasco; hoje me disse o açougueiro da feira que vendia 15.000 quilos de carne por dia lá no Parque Mauricio etc., durante a Semana Farroupilha!!!

Segundo ele, os caras passavam a churrasco dia e noite.

Sem maiores comentários.

Ontem, a Patrícia contou um fato que mostra bem o que é o PT: o Orlando, motorista dela, um portento, é Conselheiro – Chefe no Orçamento Participativo!!!

Ou seja, são uns babacas que o PT usa para conseguir eleitores.

Eu chamo o Orlando de Orlolha mas parece que o mel;hor é Orlurro.

Tudo bem e afim.

Mandei meu carro para Flores porque está muito barulhento; inegavelmente é um excelente carro mas está com umas buchas gastas e ficam frouxas.

Amanhã o Bolão está de aniversário mas como está de plantão não creio que sequer venha ao churrasco.

Os da Glória agora estão melhor: boa empregada, a Liege engrenando no consultório, o Bolão terminando a residência, eu suponho e os gurís muito bem no colégio das fleras.

Mais uns dois anos e decerto tudo ficará mais fácil para eles.

O Correio do Povo de hoje publicou uma notícia sobre um transplante  – na verdade implante – inédito no RGS, feito pelo Raul Hemb, a Patrícia e um outro esculápio quem, ao que eu saiba, não faz parte do time deles.

Quem leu telefonou parabenizando-nos.

Pablo e Diego en route para Barcelona e Helena para Uruguaiana, todos por disputas esportivas.

Hoje os Fietz foram para Gramado visitar uma prima do Paulo que está no Congresso dos Magistrados.

Com o frio que está fazendo, tende a ser programa de indígeno.

Amanhã o Tergolina não vem porque vai passar o Domingo com a gurizada no sítio.

Estivemos na Saara que, pensa em internar o Paulo num

Estabelecimento específico para doentes de Alzheimer.

É uma decisão difícil mas que ela terá que tomar.

Em termos físicos, ele está quase inválido, tem dificuldade até para por um casaco.

Hoje ajudei-o a fazer a barba com barbeador elétrico que não sabia nem como ligar.

É uma doença braba.

Ontem recomeçamos os jogos de Sexta feira, lá no Vares que está retornando de uma viajem ao Canada; ao que tudo indica, achou quase tudo ruim por lá principalmente a comida que achou caríssima, inclusive nos USA.

Fora de ônibus de Montreal até Nova Iorque mas não acharam nada bonito.

É surpreendente porque atravessaram a Nova Inglaterra, uma região belíssima.

Enfim, cada um com seus gostos.

Agora pretendem, em janeiro, fazer um tour pelo Nordeste e nos convidaram a participar mas declinamos por causa do casamento da Luciana que deve ser em janeiro.

Na época de praia é bom ir para a praia e não ficar viajando por aí, sem esquecer que o Nordeste no verão é boca braba.

Quem se lembra do  “Tantum Ergum”?

“Tantum ergum sacramentun

Laus et jubilatio.

Sed antiqum documentum

……………

Genitorium, genitoque…

Salus, honor virtus quoque… “

Como vêm, não lembro mais e bem que eu sabia.

Até a cultura inútil a gente esquece.

Mas, do frívolo peralta que foi um paspalhão desde fedelho, eu não esqueci.

Refiro-me ao Tertuliano.

Agora vejam como era a literatura no fim do século passado:

Quem hoje, referindo-se a um personagem malandro, safado, tipo que morto não faria falta como exagera o autor, chama-lo-ia de Tertuliano?

Vai ver que o poeta tinha ojeriza por algum tipo que levava o nome estigmatizado; tanto que nunca mais se viu nos registros civis da pátria amada Brasil algume ser apodado como tal: os Tertulianos que antes abundavam, tornaram-se criaturas em extinção após a publicação dos versos em tela, como dizem os burocratas.

É curioso este fato: alguem conhece algum Silvério? Ou algum Calabar? Ou Caim? Também  “Adolfo” , que os havia de montão, depois do Hitler, cairam de moda. Mas. Do jeito que as coisas vão na Alemanha, logo vão reaparecer.

Só os judeus insistem com Davi, um renomado rei patife, sem dúvida.

Do tempo de “Dallas” uma soap opera americana, restaram milhares de Suelens pelo Brasil afora; como Shirleis no tempo da idem Temple.

Tivemos um vizinho que se chamava Robert Taylor, não estou mentindo; a mãe dele, autora do joelhaço, era uma frau gorda e a gente pensava: – Quem diria?

Porque será que a Ilsa botou nas filhas nomes de femmes de nuit nas filhas? Na década de cinquenta, nos filmes franceses, as senhoritas que alegravam as noites dos bistrôs, chamavam-se Vivianes e Mônicas, ( Monique para ser mais exato) não esquecendo a nossa famosa Mônica alí do Cristal.

E agora?

Mistérios…

Silvia e Bruno, p.ex. se não me falha a memória, são personagens de Ibsen mas o que tinham a ver a Lucia e o Pfeifer com o Ibsen?

Assim que vamos dormir porque este papo é mesmo para tal fim.

E, repetindo o que disse João Gilberto em São Paulo a ser vaiado:

  • Vaia de bêbado não vale…não vale.

Boas noites.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 21:37, chuva.

 

Esta semana começaram os estudos do Ângelo com vistas ao vestibular; começamos com História e devemos continuar com Geografia, Português, Literatura e Inglês.

Se sobrar tempo, o que parece possível, daremos uma olhada nas provas de Matemática.

Física e Química é por conta da Isinha.

Uma excelente notícia no campo profissional: ganhamos a liminar na reivindicatória de Bagé e podemos dizer que está pelada a coruja.

Devagar estamos acumulando honorários para os próximos três anos.

Lá ainda falta reivindicar os bens móveis e são outros honorários felpudos.

Digo “nós” porque na reivindicatória estou trabalhando em sociedade com o Diogo que é, inegavelmente, uma mão na roda.

Mas  a febre agora são os estudos e sempre tem alguém aqui para umas aulinhas: hoje esteve o Henrique que queria estudar porcentagem. O Alemão é muito inteligente e pega as idéias com facilidade.

Heloisa acaba de chegar do Cristo Redentor onde a Isinha foi retirar um sebáceo com a Graça. Na volta, para variar, se perderam na Assis Brasil, o que também costumo fazer com a maior tranqüilidade, de modo que sempre vou lá de taxi.

Na última vez, graças às obras do PT que não terminam nunca, até o motorista do taxi se perdeu.

Decididamente o 4º distrito não é o meu chão.

O povo anda pensando em ir para a praia no fim de semana mas acho que com este tempo não vai dar; tivemos uma semana de frio violento, hoje começou a chover e consta que amanhã esfria de novo.

Quando digo “esfria” estou falando em seis ou sete graus embora já estejamos em plena Primavera e até com horário de verão.

Neste momento estou alcançando 200 páginas; se fosse um romance já estaria de bom tamanho.

Acabou de sair daqui o Tergolina que veio buscar o Ângelo para ver o filme “Mauá”, somando esforços para o vestibular.

Só não sabemos ainda para qual faculdade o Ângelo fará vestibular mas acho que tenho um palpite.

Ontem, estudando os fenícios, verificamos que eles circunavegaram a África bem antes do AD.

Aproveitei para dizer que o Camões, quando afirma no Lusiadas que a gente Lusitana ia por mares nunca dantes navegados, cometera uma patriotada.

E aí você já emenda com o que aconteceu na Idade Média quando os conhecimentos dos antigos ficaram soterrados pela Escolástica.

Mas, não dá para engrenar uma quinta porque a gurisada ainda não tem conhecimentos para absorver conclusões muito amplas.

Hoje estudei a escravidão entre os povos antigos porque o programa do vestibular é montado em cima da doutrina de Marx, ou seja, uma visão Econômica da História e das relações entre amos e servos.

Os PT teriam uma surpresa se estudassem de como era a escravatura entre os povos da Antiguidade.

Basta dizer que os romanos sancionaram uma Lei do Ventre Livre um pouco antes do período do Imperador Cláudio, aquele que era casado com a Velha Messalina.

Assim que a nossa simpática Princesa Isabel, esteve atrasada em cerca de 1600 anos mas mesmo assim, a plebe aplaudiu a sua magnanimidade.

Grande plebe, grande princesa, viva o crioléu que entrou numa fria.

Sem levarmos em consideração que um operário saia muito mais barato do que um escravo: não custava nada, comia de si e era chutado se ficasse velho ou fosse mandrião.

Justamente por isto os pólistas importararm os carcamanos, assunto agora muito em voga devido à novela “Terra Nostra”que versa o tema.

A Globo tente repetir o sucesso do “Rei do Boi “ e parece que vai indo bem.

Pensando bem até que a visão da História do Marx não é muito descabelada, apesar do PT que aliás está mais para Stalin do que para Marx.

Principalmente porque, para ser marxista, é preciso ler “O Capital “ e aí a coisa complica para a moçada do orçamento participativo.

Nem falo em “entender “ porque aí fica impossível.

O que surpreende é que, apesar de todas as burradas, a popularidade do Olívio não cai.

O poder de um bigodão…

Hoje o Bolão passou por aqui e está bem apesar do plantões seqüentes.

Mais uns dois meses e acaba a residência genérica mas parece que começa o período da especialização.

Ou seja, o curso de Medicina é de, no mínimo, 8 anos o que também está sendo pleiteado pela OAB para o Direito.

Neguinhos vão sair da Faculdade arrastando os pés.

Por hoje chega, Boas noites. terça-feira, 14 de novembro de 2017.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 17:15, chuva forte.

 

Verifico, com surpresa que a data inserida semana passada é a de hoje! Deve ser o bug do milênio ou algum virus extravagante que o Pingo introduziu quando fez um trabalho semana passada.

Menores, de um modo geral, são fogo e o velho Herodes Antipas tinha lá suas razões.

Por exemplo: liguei a secretária eletrônica e faz meia hora que estou ouvindo uma sessão de papo entre o Diogo, o Pablo, o Zé e o Chico.

Dá para acreditar? E como será que eles conseguiram gravar?

Por esta simples razão que somente hoje descobri, a secretária não estava funcionando: Claro, a fita estava lotada.

Então tá.

Sábado fomos para o Imbé e acabamos ficando até ontem aproveitando o feriado.

Estava bastante bom apesar de frio e ventoso.

Mas havia sol, o chão estava seco assim que tudo bem.

As Onze Horas da piscina totalmente floridas, uma beleza.

Quando cheguei havia um cadeado no portão grande e achei que seria coisa do seu Nenê com suas idiosincrasias sobre segurança, herdadas e orientadas pelo casal Mignot.

Não era: fui eu mesmo que coloquei o cadeado no fim do verão e não lembrava mais!

A idiosincrasia era minha, mais especificamente um curto circuito nos três neurônios que restam.

Estivemos na Figueira – funcionando a mil- que nos cobrou r$4,00 por umas trezentas gramas de salada de batatas, o que deve custar alguns centavos.

Ou seja, nunca mais.

Ontem fomos almoçar no 40, em Tramandaí, e como sempre, estava ótimo.

É o único lugar que não nega fogo.

Vistamos também o Joaquim e deixamos uns colchões para recapar.

Coloquei algicida na piscina mas a situação me parece feia, obrigando uma pré-limpeza em novembro para chegar no verão em melhores condições de pronto atendimento.

Dos familiares, só o Pingo estava no Imbé.

Os que foram para outros lugares, Helena (Uruguaina) e Ângelo, (Atlântida) voltaram doentes das vias aéreas superiores, o que é de se esperar.

Falamos com a Patrícia e os guris ainda não se comunicaram, o que também seria de se esperar.

Mas os pátrias que foram dirigindo a expedição deveria dar notícias.

Neste momento estão em trânsito por aqui o Bolão que foi cortar o cabelo e o Pingo que veio emprestar o carro da Heloisa.

O dele está um lixo e não há verbas para conserto.

Ter carro e não ter verba para manutenção nunca deu certo.

De acordo com o Pingo ele, no momento, é mais um desempregado.

A culpa é do FHC, claro.

Os PT parece que estão chegando à conclusão que governar é bem diferente de estar na oposição mas creio que o principal é que aprendam que nem todo o mundo fora do PT é ladrão e que mesmo entre os políticos há muita gente decente.

Eles agora estão vendo que tudo o que os outros faziam era por absoluta necessidade e devem estar amargamente arrependidos pela imensa cagada da Ford.

O Olívio quer descontar dos aposentados para a Previdência do Estado, coisa que bombardearam com veemência quando o Brito propôs.

Por causa disto, a Luciana Genro, meteu o pau no Olívio e mais asseclas.

O PT é um saco de gatos mas vai ficar pior na medida em que terão que fazer no Governo, exatamente o mesmo que os mais participantes fizeram.

Vai ter oposição do PT ao PT.

Que s’en foux.

Enquanto isto a Bahia regosija-se com a Ford e agora com o prêmio de sessenta e cinco milhões da Mega Sena.

Defendo a tese de que o nordeste – contariando a regra do Progresso- é uma civilização em declínio, indo da Idade do Ferro para a da Pedra e que, sempre que aconteceu isto na História da Humanidade, o fenômeno foi irreversível.

A Bahia, um quase nordeste está conseguindo mudar o velho conceito da Sociologia, acima exposto.

Lembro do tempo em que, aqui no RGS e talvez em todo o Brasil, chamar alguém de baiano era ofensa grave.

Aliás, o Chico Anísio ainda mantém o costume conforme se viu na entrevista que o Alberto Roberto fez com aquela cantora baiana da Banda Eva, a Sangalo:

-Ah! Cantora baiana? Que interessante, quase não se vê surgir cantoras baianas, é tão raro…

Por mim, a Bahia deveria fazer sua independência e transferir toda a sua população para a África.

Os nativos iriam reagir mas, no fim, o crioléu acabaria todo dançando a dança da tromba do elefante.

O nordeste surge nestes registros porque ontem a Globo reapresentou “Morte Vida Severina” do João Cabral de Mello Neto que morreu esta semana.

Barra pesada: a gente vê aquilo e compara com Jorge Amado versando o mesmo tema – retirantes da sêca – e chega à conclusão que o Turco é lamentável; até o Graciliano fica pequeno perto do João Cabral.

Os de Pernambuco geralmente são os melhores.

No mais, tudo em paz.

Boas noites.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 21:26, ótimo.

 

O Pingo introduziu algum comendo que muda a data dps registros feitos por último para a data do novo início!

Não sei como mas, vou descobrir; mas vou também proibir o uso.

Sexta feira à noite, tivemos, afinal, a cerimônia de formatura da Patrícia, só que, desta vez, o doutorado.

A cerimônia, e si, não difere muito daquelas de colação de gráu,

Muita gente, pessoas guardando o lugar para outras que acabam não vindo, discursos chatos e grande ajuntamento na saída.

Alguns melhoramentos: um coquitel ao final, a presença do coral da URGS e o local mais amplo, o Hospital de Clínicas.

De qualquer forma, como toda formatura, uma carga emocional muito grande que acaba emocionando.

Achei que poderiam ter dado mais destaque aos doutores do que aos mestres mas pode ser parti pris.

Depois, a família toda foi convidada para uma janta no Casavechia, o restaurante da moda.

Comemorávamos também o aniversário da Patrícia, obedecendo a moda atual de fazê-lo em restaurantes; o Fogo de Chão tem sido o preferido – juntamente com a Bina, uma pizzaria perto do apartamento dos Fietz onde festejamos o aniversário do Diego.

O Paulo, padrinho, na falta dos pais que encontravam-se em vilegiatura na Áustria suportou as despesas que não foram poucas porque foi todo o povo miúdo e a fome era grande.

Sem falar nas pizzas que estavam ótimas e incentivaram o consumo.

Na festa da Patrícia, estavam só os adultos, particularmente pelo adiantado da hora, como dizem os cronistas esportivos.

Sábado foi um dia agitado e Domingo mais ainda eis que o Naná faleceu de madrugada e fomos ao velório; também os guris chegaram de Barcelona às 15:00 e tivemos que dividir o churrasco em duas mesas.

O sguris chegaram bem, o time do Doego ganhou dos Argentinos de 8 x 0 e o Pablo ganhou o troféu de destaque no time dele.

Trouxeram presentes para todos como manda a melhor tradição familiar.

Ganhei uma boina basca e Heloisa, dois baralhos.

Gostaram muito da viajem e, pelo jeito, a não ser a comida, repetiriam o passeio.

Hoje o Ângelo voltou às aulas de História e o Lucas ficou aqui fazendo trabalhos.

Deu um galho no Word e vou parar: olha as confusões do Pingo.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 22:05, tempo ótimo.

Bem, parece que o verão chegou: já faz calor e um belíssimo sol.

Decerto chove amanhã…

Quando chega nesta época, começo de inverno no hemisfério Norte, eu, como bom hiperbóreo, fico numa lombeira braba que vai até ao Natal.

Como já estou acostumado e já sei que terei que fazer um esforço redobrado para as tarefas do quotidiano, passo a levantar mais cedo e não deixar para amanhã o que posso fazer agora.

E como agora só tenho as manhãs disponíveis, o tempo uuurge, como dizia na AMAN o famoso Araganoff.

A respeito, a gente até fez uma paródia do Quizás: estás perdiendo el tiempo….. não lembro mais.

Também, ano que vem fazem cinqüenta anos que nós cruzamos os portões da AMAN e atirando os quépis para o alto, demos o tradicional grito de “bobearam”.

Coisa que a gente repete em cada vez que se comemoram as formaturas.

É meio ridículo mas faz parte.

A turma já está se movimentando para a festa que querem de arromba mas no fim entra naquele ramerrão milico, repetindo o que já deu certo nos anos anteriores: a formatura no pátio, a foto, o almoço, a vista ao Parque de Engenharia, o baile no Club à noite com o Boli interpretando seus boleros.

E, sendo muito aplaudido.

O Boli é um colega boliviano que, terminado o curso não quis voltar e ficou trabalhando numa cadeia de lojas do Rio que eram de um colega nosso.

E acertou: os que voltaram foram fusilados sendo que um deles, o Villaroel, foi enforcado.

Seria interessante uma pesquisa para ver o que aconteceu com nossos colegas estrangeiros; além dos bolivianos, só sei o que aconteceu com o Alejandro Schreiber que, mesmo sendo de Engenharia, acabou comandante da Força Aérea do Paraguay.

No tempo do Stroessner.

Jamais irei esquecer a chegada dos bolivianos na AMAN: calor brabo, os caras usavam um uniforme de lã grossa e fediam.

A cabeça rapada e o tipo indiático da maioria, deixava uma impressão meio braba.

Mas eram boas pessoas apesar de não terem a mínima condição de acompanhar o curso.

Um outro personagem inesquecível foi um capitão português que foi fazer a Escola de Comunicações na Vila Militar onde a temperatura média é de 40º C.

O cara passou seis meses sem tomar banho ou trocar de roupa e o budum era tão violento que os colegas se reuniram e jogaram o cutruco dentro de um lago que havia no pátio da Escola.

Quase criou-se um incidente internacional.

O mesmo aconteceu com um colega nosso que fez meio curso da EsAO sem trocar o uniforme e não dava mais para chegar perto dele; até que uma comissão foi organizada para convencê-lo a trocar de uniforme.

O referido ficou indignado e rompeu com a turma.

Esse era nacional.

Com o que me despeço por hoje. Boas noites. terça-feira, 14 de novembro de 2017.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 23:06, bom o tempo.

Uma semana.

Realmente ando muito preguiçoso; acontece que o tal remédio que tomo para diminuir a freqüência cardíaca, me deixa em marcha lenta e tudo vira sacrifício.

A partir de ontem, reduzi o tal medicamento pela metade e já estou mais aceso.

A semana passada foi de rotina, muita aula para a gurizada, alguma agitação no escritório com a questão bageense mas nada de excepcional.

Temos agora uma canarinha cor de cenoura que veio destinada a começar uma criação; vamos ver se dá certo.

Domingo a Ana e o Renato vieram de Bagé e almoçaram conosco, um galeto que estava muito bom.

Ontem foi o dia das esmeraldas, uma história que contarei depois, quando as coisas estiverem mais consistentes.

Hoje esteve aqui o Roberto Naime para conversarmos sobre ouro nas terras de Lavras; acontece que os meus honorários da ação da Ana podem ser pagos em terra, algo assim como 100 há e a fazenda dela é bem na área aurífera.

Quem sabe a gente volta a garimpar para juntar um pouco de ouro para jóias da família?

Já sabemos que não é lucrativo mas divertido é.

O Roberto é da mesma opinião.

Aqui no Do Cul não dá para montar extração de ouro com planta industrial porque o mínimo que o meio ambiente faz é fuzilar o predador: acontece que as instalações são tanques de cianeto a céu aberto e aí realmente a coisa complica.

Fecharam aquela dos alemães lá em Cerrito do Ouro que era vizinha de nossa área, em San Sepé.

E eles tinham investido dois milhões de dólares e estava tirando uns 20 k de ouro por mês.

Oficialmente, fora o que ia para o Uruguai.

Amanhã recomeça o ciclo de estudos do Ângelo e penso que a parti da semana que vem não mais podemos perder tempo porque há muitos feriados e festas pela frente.

Pelo menos Geografia, História e Português temos que estudar.

O Pingo continua com o carro da Heloisa mas já está na hora de devolver.

Decerto amanhã ele aparece.

Estamos sem notícias de Niteroi; penso que amanhã a Heloisa deverá telefonar.

Domingo, no Fantástico, o Pedro Bial depois de uma notícia daquelas que não tem explicação usou um velho bordão meu:

  • Então tá.

Como o “tá “é regional, próprio do nosso linguajar, acho que a coisa já se espalhou.

Então tá e boas noites.terça-feira, 14 de novembro de 2017.

 

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 23:35, mudando.

Finalmente descobri!!!

Algum débil mexeu no computador e colocou a data em atualização automática.

Portanto, os últimos registros estão com a data de hoje.

É um saco e vou me obrigar a colocar um código para que os paleolíticos não possam mais fazer suas besteiras.

É aquela velha anedota da mulher que foi comprar uma máquina de lavar roupa e o vendedor lhe disse que a máquina fazia tudo automáticamente, bastava apertar um botão.

E ela com cara de desilusão:

  • Ah! Mas tem que apertar o botão…

95% do povo que mexe em computador é assim: não sabe nada e pensa que nem o botão tem que apertar.

Fim pros bruxos, mesmo que hoje seja o Halloween que agora já está sendo festejado no Brasil pelos paulistas, os malhores imitadores neste país de imitadores.

Qualquer dia – se já não fazem – irão festejar o thankskiving comendo perús, para a alegria da Sadia.

Só falta saírem para o mato de bibico e camisa xadrês para caçar os referidos.

Como aqui não tem peru selvagem, algum vivo vai criar uma reserva de caça  e cobrar por bicho abatido.

Que, decerto, já virá temperado.

Amanhã, se não estiver nevando ou granizando, pretendemos ir para a praia onde farei a limpeza preliminar da piscina.

Pelo jeito vai uma porção de gente, só ficando em POA o Carlos e a Patrícia.

Tudo por causa de mais um feriadão o que aliás se repetirá em mais duas semanas.

É muito feriadão.

No mais tudo em paz.

Bolão tem passado por aqui fazendo matrículas nos diversos hospitais para o 3º ano de residência.

É muita residência mas o que é do gosto regala a vida.

Patrícia fez concurso para cátedra na URGS e tirou segundo lugar; como só há uma vaga, entrou na fila.

Do ponto de vista de aposentadoria, é bom ter uma cátedra;

Do ponto de vista de conceito profissional, também: o professor, por mais lorpa que seja, sempre é o professor.

Apesar da velha regra: quem sabe faz, quem não sabe, ensina.

Não é caso da Patrícia, I presume.

Hoje a Heloisa comprou no R$1,99 três CDs com marchinhas carnavalescas, do tempo em que o Adão era cadete; as gravações são originais mas bastante boas.

3437101 é o telefone da amiga da Cláudia que chegou hoje.

Vai embora 3ª feira e nós devemos voltar 3ª feira.

Ela acabou de telefonar.

Engraçado: nunca vem e quando vem a gente não está.

Parece até data de audiência: leva dez anos para ser marcada mas é justamente no dia em que você não pode ir.

Veremos o que ocorre amanhã.

Boas noites. Sábado, 30 de Outubro de 1999.

 

Segunda-feira, 8 de Novembro de 1999, frio e chuva!!!

Desta vez exagerei!

Semana passada fomos para o Imbé e voltamos Terça feira por causa do feriadão de finados.

Estava ventoso, frio e chuvoso mas foi bom.

Estavam os Fietz, os guris da Patrícia e a turma da Isinha.

A Claudia voltou Terça feira assim que não falamos mais com ela.

Esteve na Patrícia que gostou muito da filha da Cláudia.

Realmente é uma criança muito bonita e educada.

Foi uma pena que não pudéssemos recebê-las.

Next time.

A novidade é que o Pingo passou no exame do BB mas com uma classificação ruim, coisa aí de 3600.

Se ao menos tivesse aberto o polígrafo, estaria numa boa e faturando o suficiente para sustentar-se.

Next time.

Quanto menos você escreve, menos vontade tem: a arte de escrever etc etc. e tal.

Hoje operou-se a Bia, da vesícula biliar e a Heloisa foi até ao hospital para acompanhar a Saara.

Foi tudo bem: agora fazem uma cirurgia que só abre um buraquinho e já mandam o parceiro de volta para casa.

Parece que só não pode comer ovo…

Falando nisto, em Tramandaí almoçamos no 40 que continua imbatível: até hoje nunca nos decepcionou e recomendamos.

É melhor que qualquer restaurante dito de luxo aqui da capital, expressão antiga esta.

Bem, vou parar porque já é quase meia noite e domani é giorno de lavorare, como agora se diz na novela das oito.

En passant: em um programa de perguntas do Silvio Santos, facílimas, eu teria tropeçado na seguinte: por qual time torce o Padre Marcelo Rossi?

Bota conhecimento inútil nisto.

A Heloisa sabia!!!

Boas noites. Segunda-feira, 8 de Novembro de 1999.

 

Quarta-feira, 10 de Novembro de 1999, 18:17, bom, frio.

 

A novidade é que estamos quase em dezembro e a previsão é de geada!

Já tivemos um verão em que predominaram o frio e a cerração e o que se aproxima parece estar com más intenções.

Ontem, li na Time que um iceberg enorme desprendeu-se da crosta na Antardida e se desloca em direção à América do Sul ou seja, poderemos vir a estar num frigorífico, daqueles antigos.

Imagina se o referido ancora em frente de Tramandaí?

O vizinho irá delirar com o espetáculo.

Todos para Maracangalha.

Acaba de ir para casa o Ângelo que veio estudar História para o vestibular.

Semana que vem começamos Geografia e depois Literatura; se houver tempo, alguma coisa de Inglês.

Vai passar fácil.

Biologia ele sabe, Química estuda com a Isinha e Matemática e Física não é em uma semana que se recupera.

Ou seja, ele vai para o vestibular um pouco melhor do que a maioria e valendo a Lei de Gauss, deve passar.

Não demora e chega a vez da Helena que certamente terá muito menos problemas que os outros porque é estudiosa e metódica.

Vamos ver se o Lucas começa mais cedo do que o Pingo e o Gordo; ano que vem veremos como fazer.

Mudando de assunto, hoje jogam Internacional e Palmeiras e se o Colorado perder, vai para a Segunda Divisão, buraco difícil de sair: o Fluminense já está na Terceira.

Vamos torcer. Pelo Palmeiras…

O Grêmio deve perder para alguém mas nem sei quem é: nesta altura, já perdeu a graça torcer.

No campo da política, grandes fofocas no PT eis que o Tarso vai disputar a candidatura e deve ganhar do Fortunati.

Se disputar, vai ser difícil ganhar dele mesmo que seja o Negrão Colar.

De acôrdo com o andar da carroça, tudo indica que o PT vai de Olívio para a Presidência e o Tarso para Governador e que estão fazendo onda para enganar a torcida dos outros partidos.

Porque, em se dizendo que o Tarso será candidato à Prefeitura, o resto da moçada se esconde e ninguém que ser candidato porque ele ganha de barbada.

Na última hora aparece o Fortunati e não dá tempo para a moçada se organizar.

O Olívio pode até não ganhar mas fará papel melhor do que o Lula que já está virando candidato folclore.

Ensina a tradição que se não ganhar em duas vezes, o melhor é pegar o boné, cumprimentar e sair.

Mais um pouco e o Lula vai para o Guiness.

A oposição aqui em POA tem apresentado algumas propagandas inteligentes: aquela do “evite a Protásio, evite a Aparício, evite a Farrapos…”é muito boa.

Também a do pintor de meio fio está ótima.

E dos guris que dormiam nos boeiros.

Mas o PT está contra atacando: anunciam a 3ª Perimetral e não sei quantas casa populares, entre outras coisas.

Eles deixam as grandes obras ( grandes do ponto de vista deles), para serem feitas quando se aproximam as eleições; não é novo nem inteligente mas cola.

Aliás, só cola o que é velho e medíocre.

Idéias novas e avançadas quando são aceitas já estão ultrapassadas.

Pelo menos na pátria amada.

O Bil Gates aqui estaria tentando vender alarme para carros.

Não enxergamos o óbvio: a CPI do narcotráfico está enrolada para descobrir a conexão do roubo de cargas e bastaria que fossem a uma loja de R$1,99 e perguntar de onde vêm aqueles artigos que custam mais de dez reais no comércio.

Pronto: já saberiam quem vende e daí chegariam nos ladrões de cargas rodoviárias.

Defronte ao escritório, há uma loja de esportes que vende bomba de encher bola por R$14,00 e ao lado do escritório há uma de R$1,99 que vende a mesmíssima bomba por R$1,99, é claro.

Por mais ladrão que seja o Pavão – e não é – uma diferença assim não se explica.

E assim “n” outros exemplos.

Em Tramandaí então, a coisa engrossa e a gente fica pasmo com os artigos.

Vai ser muito difícil acabar com o roubo de cargas.

Como já se disse em relação aos camelôs: não sei quem os inventou mas quero ver quem irá acabar com eles.

No mais tudo em paz. Daqui a pouco vou esquentar e reforçar o cozido para a janta.

Reforçar o cozido, para mim, é botar mais repolho.

Até a próxima e não dou boa noite porque ainda é dia claro.

Horário de verão, sabeis. Quarta-feira, 10 de Novembro de 1999

 

Sábado, 20 de Novembro de 1999, 21:57, calor intenso.

Não estou acreditando mas já fazem dez dias que eu não compareço!

Vai ver que algum registro foi para o espaço.

Estivemos no Imbé no feriadão do dia doze e estava bastante bom, já com fumaças de verão embora ainda meio frio.

A semana foi normal e passei boa parte do tempo às voltas com problemas menores.

O Ângelo quase não pode vir estudar porque andava às voltas com uma entrevista com o Luiz Fernando Veríssimo que acabou acontecendo Sexta feira, ontem, às dezenove horas.

A equipe do Ângelo fez um filme que está muito bom e que deve ser guardado porque entrevista com o LFV não é fácil de conseguir porque ele é avesso a essas coisas.

O fato de ter sido aluno do IPA ajudou muito e D. Mafalda também colaborou.

Hoje aconteceu um recital de flauta no colégio do Pablo e tivemos que ir porque o Carlos está na Suiça e a Patrícia no Costão do Santinho festejando vinte anos de formatura.

Lembremos que a Patrícia não teve formatura oficial.

A Maria Helena está na terra e, neste momento, com a Heloisa no show do Roberto Carlos.

Também ( porquê “também” ?) a placa do computador do escritório pifou mas já está consertado.

Assunto da Luciana resolvido ou, pelo menos, tudo encaminhado.

Os demais participantes em paz.

O Ângelo está inscrito para Jornalismo na UFRGS e Turismo na PUC; falta ainda Educação Física, ou no IPA ou na ULBRA.

Bolão fazendo exames na AMRIGS, dificílimos segundo ele;

Obviamente rodou em todos…

Ontem andamos às voltas com a Alda para comprar uns sofás mas não deu nada certo e hoje ela devolveu tudo e comprou outros.

Bia operou-se da vesícula e já anda fervendo porque agora esta coisa é muito simples: um ou dois furinhos na barriga e pronto.

O Paulo é que está muito ruim: achei que em uma semana ele caiu muito e já tem dificuldade até para caminhar.

Consta também que tia Honorina está em coma no Pronto Socorro; como sabemos ela foi posta em uma casa de geriatria pelo povo da tia Maria e, se considerarmos o tipo de vida que ela sempre levou, seria de se prever que não aguentaria muito tempo.

O assunto daria margem a muitas considerações de ordem ética mas não me sinto disposto a abordá-lo.

A verdade é que as casas de geriatria têm, a priori, o argumento para mandar seus residentes para um mundo suposto melhor.

Admite-se que uma pessoa com mais de noventa anos está sempre pela bola sete e na boca da caçapa: basta um assoprão.

Assim que nadie perquire nada.

Amanhã grandioso churrasco com a presença de todos menos os Barrios.

Quem anda sumida é a Graça que não vimos mais depois do enterro do Nana.

Ontem a Heloisa tentou falar com ela mas o telefone estava sempre ocupado; este é a maior conseqüência de ter filhos adolescentes, telefone sempre ocupado.

Ainda mais que a Teca vai em janeiro para a Austrália.

Já disse para ela que não volta: mulher bonita na Austrália nem chega a desembarcar do avião e já está casada.

Deve ser um saco morar na Austrália que além de desértica, foi colonizada pela ralé da Inglaterra e não há australiano que não tenha um degredado em sua árvore genealógica.

O que também aconteceu com os lusitanos mas em número bem menor.

E feitas todas estas considerações perfeitamente dispensáveis, desejo a todos boas noites.

Sábado, 20 de Novembro de 1999.

 

Segunda-feira, 6 de Dezembro de 1999, 17:06, friozinho.

Eu mesmo duvido mas já fazem quinze dias que deixei de fazer registros; acontece que estamos atravessando a temporada de galhos e aí fica mais difícil.

Por temporada de galhos entenda-se aqueles tempos em que os objetos pifam, as ações ficam enroladas, você tem que ir ao dentista, há muitas coisas que planejar mas ainda é cedo e subitamente fica tarde, enfim é quando incide a Lei de Murphy em toda a sua plenitude.

Estivemos no Imbé em duas semanas seguidas e, subitamente estava tudo pifado. Sábado, quando ia para lá saí da estrada na entrada de Osório e lá se foi a suspensão do carro o que é uma baita despesa, além da incomodação, a principal das quais é a insegurança que resta: afinal, o que aconteceu para que isto acontecesse já que conheço aquela estrada com um burro de leiteiro?

Por registrar também que o Alemão Henrique terminou o kerb do seu aniversário ( três comemorações), já arrumei a árvore e as luzes de Natal, o Ângelo tem vindo estudar à tarde mas com algumas falhas, a Maria Helena andou por aqui, o PT perdeu no Uruguai, a Isinha num desespero de fim de ano com seus alunos, o Pingo novamente apaixonado, o Tergolina voltou da Alemanha, estive em Caxias, concluí o assunto Luciana, Heloisa às voltas com a Alda e com presentes de Natal, muita correria no ambiente jurídico eis que os juízes devem estar loucos para entrar em férias, calor brabo alternado com frio e chuva.

Neste momento o João está comprando peças para consertar o Versailles e o Diego acaba de telefonar que está vindo para cá para estudar caligrafia.

Quero ver se hoje à noite escrevo para os mais personagens declarando o que eu quero de Natal, uma maneira de simplificar a vida deles que também está muito atropelada pelo fim de ano.

Os Fietz já começaram a casa do Imbé que deve ficar pronta antes do fim do ano, o que parece ser verdade pelo andamento da obra; a casa é boa e situada lá no fim da Santo Ângelo.

É uma repetição do que fizemos quando, há 43 anos, começamos a nossa casa no que então se chamava o Imbé Norte e ra no fim do mundo; lembremos que havia até duas misses, a Imbé e Imbé Norte que foi a Virgínia.

A Miss Imbé acabou casando com o Schneidão.

Por sinal que o tempo das misses está voltando.

Loirinhas, altinhas, magrinhas e do interior , são todas iguais e sonham ser modelos.

Eu, de mim, ando meio baleado, o que sempre acontece nos fim de ano; como agora insistem em que eu sou cardíaco, garanto  serei coagido a ir no Jorginho, mais um abacaxi numa semana que prevejo agitadíssima.

Na verdade sou um exemplar do hemisfério Norte e nestas épocas meus ancestrais estariam socados em casa, ao pé da lareira esperando o inverno passar.

Ainda não estou adaptado ao hemisfério sul.

Todo o mundo agitado com a chegada do ano 2.000 o que acho uma supina bobagem eis que isto é uma simples questão de calendário.

Com o que encerro o dia de hoje: obviamente não me lembrei da metade dos fatos que ocorreram nestes últimos quinze dias mas pelo menos fico com a ilusão de que estou em dia.

Até a próxima. Segunda-feira, 6 de Dezembro de 1999.

 

Sábado, 11 de Dezembro de 1999, 18:24, muito bom.

Esta semana foi bastante ativa, com três jantares, o que não é surpreendente no fim do ano: o aniversário da Saara com jantar feito pela Bia, o jantar da Engenharia no Schneider e, ontem jantar da turma de Direito no Galeto Veneto.

Estava o Diogo que veio dar um passeio e almoçou conosco ontem.

Quanto aos estudos do Ângelo, terminamos História e Geografia e vamos entrar em Matemática; claro que será uma passada rápida, mais para aprender macetes do revisar a matéria eis que não há tempo.

Também Bagé está agitado com um Recurso Especial interposto na ação de prestação de contas que é a mais importante de todas nesta altura dos acontecimentos.

Um insucesso e põe-se a perder tudo o que foi feito até agora.

A casa está com a iluminação pronta para o Natal e parece-me que a maratona dos presentes se não terminou está no fim.

Como meu carro está em Flores para acertar o acidente do Imbé, estou dando uma de motorista com o Gol.

Quem está no final é a tia Honorina: merece registrar que ela estava bem e que depois de ter ido para a tal casa de geriatria, em menos de um mês está na UTI, em coma.

Um velho tema, agravado pr alguns aspectos cruéis.

O Paulo Borges também está entrando numa fase dificílima e a Saara terá que tomar uma decisão a respeito.

Na reunião do aniversário da Saara ficou claro que, pelos demais participantes, ele vai para algum local especializado em Alzheimer se é que existe isto.

Tive que dar uma mijada nos circunstantes que riam abertamente das mancadas do Paulo: Desde quando as manifestações de umal tão cruel podem ser objeto de riso?

Amanhã pretende-se reunir a maior parte dos familiares para o tradicional sorteio do amigo secreto.

Hoje os Fietz foram ao Imbé para ver de como está a casa deles; segundo o construtor deve estar pronta até ao Natal.

Bolão passou na Santa Casa o que acho ser muito bom para quem pretende ser intensivista ou algo assim; a Santa Casa é hospital padrão no Brasil em matéria de transplantes e outras cirurgias avançadas e aí o intensivismo (tem a ver com UTI) avulta.

Antes de terminar este registro, pretendo fazer um giro de horizonte da situação familiar mas hoje termino por aqui.

Até a próxima.Sábado, 11 de Dezembro de 1999.

 

Quarta-feira, 15 de Dezembro de 1999, chuvoso.

Passei boa parte da tarde escrevendo um texto que achei muito bom e, na hora de gravar, consegui apagar tudo.

Saco!

Ontem ficou esclarecido um mistério: porque andava eu tão abostado, inclusive sem vontade de trabalhar, escrever etc.?

Pois era a dosagem do remédio para a frequência cardíaca.

Fui ao Jorginho que, constatado o fato, reduziu a dose para menos de metade.

Mas não me avisou que durante uma semana eu deveria me abster de qualquer fora de rotina.

Como fui hoje na Graça retirar um tumor de pele, tive um problema de circulação periférica e quase desmaio.

Por sorte o Bolão foi junto comigo e no fim deu tudo certo só que fiquei em casa o resto do dia.

Daí escrevi e daí consegui apagar.

Para não esquecer os temas que eram interessantes, vou resumir que falei sobre alguns mistérios que me intrigam.

Em primeiro lugar o modo de vida dos portenhos que ficam na rua até de madrugada, tomando copetins, trovando e jantando à meia noite.

Que horas trabalham?

Fiz considerações sobre os horários chilenos, restos da cultura medieval espanhola.

Outro mistério: qual a Logística dos camelôs de Porto Alegre que conseguem encher ruas com os mais diversos bagulhos e que somem durante a noite?

E ainda o mistério das moradias: onde moram aquelas milhares de pessoas que troteiam diariamente pelo centro da cidade?

Não sei como envolvi o Gomes Freire de Andrade nesse papo e também o Valdelirios, os comandantes da Guerra Guaranítica.

A relação fez-se pelo fato do Gomes Freire ser contra os ingleses ( acabou enforcado por causa disto).

É que os portenhos pretendem ser ingleses ( que eram contra os espanhóis, seus colonizadores) mas como não têm nenhum senso de humor, atravessam o fio da navalha  e o que deveria ser pomposo, acaba ridículo.

Em suma, escrevi quase sete páginas com algumas teses bem interessantes e não tenho paciência para de novo desenvolve-las.

O Bolão foi hoje para a praia com os guris e também para fazer um galeto para os residentes que deixam o Conceição.
pena que a previsão é de chuva.

Amanhã o Henrique apresenta um show no Americano e o Lucas forma-se sexta feira no primeiro grau.

Se tudo correr bem, ainda não estarei recuperado até lá…

O João trouxe o Versailles de Flores e está ótimo.

No mais, tudo em paz: a Dra. Patrícia vai hoje de noite para Artigas assinar o que presumo seja um termo de hipoteca para fins de empréstimo bancário.

O Lins recolocou-me uma antiga ponte inferior e estou tratando de me acostumar mas é brabo.

Fico devendo o giro de horizonte.

Boas noites. Quarta-feira, 15 de Dezembro de 1999.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DIário 2000

Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2000, bom.

Iniciando o DIÁRIO 2000.

Dia 24 voltamos do Rio onde fomos ao casamento da Luciana.

Desta vez, com mais tempo, o périplo de visitas e passeios foi quase completo.

Chegamos dia 19, dia 20 fomos para Niterói, dia 21 o casamento, dia 22 houve churrasco na mansão dos Chama e visitamos as Torres, dia 22 fomos a um churrasco em Niterói e dia 24, voltamos à noite.

Consideramos que o passeio foi excelente, fizemos o que planejáramos sem atropelos e sem surpresas.

Encontramos a Zilda com excelente aspecto, alegre, alimentando-se bem, mas com muitas dores, o que ela não demonstra.

Surpreendente a Zilda.

A família Torres Gonçalves literalmente no fim, o que é uma pena.

O casamento da Luciana aconteceu na Igrejinha da Urca e esteve bastante discreto simples e elegante.

Aproveitamos para visitar a Praia Vermelha que permanece como quando moramos lá.

A festa do casamento foi no Colégio dos Cirurgiões na rua Visconde Silva em Botafogo e estava a parentada toda, prevalecendo, em número, aqueles da família do noivo, todos muito simpáticos.

No churrasco oferecido pela Silvia e o Nelson, estavam os Chama e mais os Pfeifer e nós.

A casa deles é na Gávea, no meio do mato, local belíssimo; o jardim foi feito pelo Burle Marx.

Há uma piscina de 17 metros, mas lá em cima é bem friozinho; Heloisa sentiu frio e eu não fiquei motivado para um mergulho, o que foi a primeira coisa que fiz em Niterói, depois de limpar a piscina do Alemão.

O apartamento dos Pfeifer está realmente muito bonito depois da reforma que foi feita a capricho.

Lucia e Pfeifer estiveram impecáveis como anfitriões, como sempre, aliás.

É sempre um prazer estar com eles.

O povo de Niterói também compareceu em todas as vezes que estivemos lá, inclusive o Banda e a Jussara.

O Rio, desnecessário dizer, continua cada vez mais lindo mas o que realmente surpreende é Niterói: cidade limpa, moderna, organizada, muito agradável, tudo emoldurado por uma natureza exuberante e colorida.

Há bougainvilles cor de rosa o que não conhecíamos.

Quando voltamos, o Carlos, a Patrícia e os guris estavam nos esperando no aeroporto, apesar de terem chegado ao meio dia de Nova Iorque.

Fazia mais de 36 horas que não dormiam e ficamos comovidos com a gentileza, aliás comum de parte da família Barrios.

Amanhã de manhã pretendemos voltar ao Imbé, e devo ficar por lá até ao dia 3 ou 4 de fevereiro.

O tempo está bom e parece que irá se firmar com sol e calor.

Na volta continuo com mais vagar e conseqüentemente mais detalhes.

Até lá. Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2000.

 

Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2000, 17:43, bom.

Regressei ontem da praia; depois de dez dias de chuva, parou de chover e hoje deve estar muito bom por lá, mesmo que a Heloisa tenha telefonado que apareceu um vazamento na rede de água.

Já chamaram o encanador.

A Virginia e as crianças(?) estão lá, preparando-se para ir para a casa nova.

A Isinha e o Ângelo também estão na praia.

Em seguida devem chegar o Pingo e o Lucas que foram para o NE com o Tergolina.

O Pingo não quis permanecer no emprego (Detran) alegando que nada a ver com o que ele estuda.

Ele iria dar parecer sobre procedência de multas.

Por aqui, a não ser as infindáveis contas de fim de ano para pagar, tudo em ordem.

Retomei o escritório porque não dá para parar ou ficar coçando por muito tempo; espero que em março eu possa ficar no Imbé.

Na verdade, no verão, para tudo no Rio Grande do Sul e a gente nãp consegue engrenar porque ou as pessoas estão fora ou não querem começar nada.

Infelizmente, profissional liberal só ganha se trabalha e como eu preciso ganhar, deinde lavorare.

O Bolão deve vir jantar comigo hoje.

A Alda, que quebrou quatro costelas num tombo, disse-me que está bem mas muito dolorida, o que é de se esperar.

Paulo Martins pretende voltar sábado para o Espírito Santo/Guarapari.

Patrícia ficou de consultar os guris para ver se eles querem ir para o Imbé mas não se manifestou e decerto irão ficar por aqui até sábado que vem, quando viajam para o Santinho.

Esperemos que o tempo firme.

Saara também está na praia e não sei como resolveu o problema do Paulo. Parece que ele iria ficar com empregadas.

Quem tem aparecido na Isinha é a Tetê e uma cupincha: o Ângelo que não quis ir para o NE para ficar jogando futebol, agora está de pajem da dupla.

Também estão na Isinha a Bete e a filha mas aí o Ângelo aplaude porque a menina é um bocado bonita.

Acabei de falar com a Heloisa e não há vazamento nenhum: conforme previsto, era a mangueira do escorregador.

A Alba teve uma crise de pressão alta (27 x 13 ) e está sendo acompanhada e medicada no Posto de Saúde do Imbé; na verdade, ela precisaria fazer um regime alimentar mas não consegue.

Domingo, falei para ela da necessidade manerar na bóia e ela jantou só frutas: como fiquei lendo até tarde, flagrei a Alda assaltando a frigider às duas da matina!

Enredo feliniano.

Segundo o Bolão, ela está permanentemente a beira de um enfarte; particularmente penso que ela não tem condições de trabalhar – mesmo na moleza aqui de casa – ou então não gosta da praia e fica fazendo operação tartaruga.

Neste momento, são 18:00h, a Olívia continua limpando e lavando nos domínios da Alda; e olhe que a Olívia faz faxina numa casa desocupada há mais de um mês.

É uma máquina a Olívia.

Houve uns conhecidos que resolveram aproveitar o verão para se mandar: Dona Júlia ( mãe do Dibb), a Nina ( Diretora do Americano) e a mãe do Uebel.

Es la vida.

Quem passou o fim de semana em POA foi a Helena Maria e seu marido.

Retornaram ontem para Artigas; não posso imaginar o que acontece com a cuca de uma pessoa americana, classe média alta, que sai de Washington e vai para Artigas.

Deve dar um nó. Górdio.

Então tá.

Comecemos devagar para ir amaciando a máquina; fico devendo um monte de considerações mas a mão ainda está muito dura.

De trabalhar, a gente esquece ligeiro.

Até a próxima.

7 de Fevereiro de 2000.

 

 

Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2000, 22:30, tempo muito bom.

Hoje dei uma lida nos registros 94/95 e cheguei à triste conclusão que naquele tempo eu escrevia muito melhor, mais descritivo e, às vezes, até com um razoável senso de humor.

Acho que, na medida em que o pátria envelhece, vai ficando mais burro;

Lembremos o velho Érico e o “Incidente em Antares”.

Mas não há que exagerar: escrevi uns contos, quando navegava pelos trinta, que envergonham qualquer literatura, até aquela dos aborigenes australianos.

Parece que a lenda do Kanguru Perneta é do folclore australiano.

Coisa que me apraz é escrever como um inglês vitoriano; ainda essa semana que passou reli um livro da comadre Agatha e há passagens em que fico rindo sozinho.

Porque, nos livros dela, sempre há um personagem inglês, ligeiramente obtuso e tremendamente formal: a soma de tais eventualidades só pode ser um vitoriano.

Pena que tenha perdido um monte de contos ingleses que escrevi há uns dez anos: alguns eram realmente cômicos.

Vou ver se consigo transcrever um que faz parte do livro “Osvaldinho, El pibe Del Mercosul” um livro que me divertiu muito enquanto escrevi.

 

                            O fim de semana em Courtney Hall, durante a alta temporada, era o que havia de mais requintado em toda a ilha Britânica.

Os maledicentes e os despeitados, diziam que Lady Cordelia escolhia os convidados com o mesmo critério que os cozinheiros usam para selecionar os camarões na feira: deveriam ser frescos, rosados e terem na cabeça a mesma matéria.

Lord Osvald Tempelham veio a cavalo pois sua propriedade Marble Arch, distava umas poucas milhas de Courtney Hall.

O duque de Leeds, marido de Lady Cordelia, saudou-o alegremente:

– Robert! Que cavalo ridículo este seu! Parece um camelo.

– Perdão alteza mas o senhor é Robert. Eu sou Osvald.

– Osvald? Como diabos alguém pode chamar-se assim?

– É que meu pai atendia pôr Osmar e minha finada mãe pôr

  Valdirene.

– Santo Deus! Jeeves, um uísque!

Lord Osvald lembrou-se que no Cassino dos Oficiais do Regimento comentava-se que Leeds andava mandando uma rama federal, não nestes termos, é claro.

Pôr falar em Regimento, quem já havia chegado e estava comodamente instalado numa chaiselongue no campo de cricket e soberbamente municiado com o que se podia advinhar ser uma generosa pinta de gin, era Manninger Cooper, escondido atrás de seus terríveis bigodes.

– Osvald, meu caro, presumo que desta vez você tenha chegado  sóbrio!

– Manninger, devo admitir que você não está sendo muito

  agradável.

– Perdão Osvald, mas é meu dever lembrá-lo que da última vez,  você chegou atravessado na  sela com Lady Isolda puxando as  rédeas do seu, bem, digamos, cavalo.

  E, pôr falar nisto, como está a sua encantadora esposa?

– Neste momento deve estar embarcando no trem das 10h17min para Londres; vai ao dentista.

– Oh! Sim?

  Não lhe invejo a sorte mesmo que hoje seja domingo e dificilmente  ela irá  achar dentistas prontos para servi-la.

  Estarão todos no Beira Rio, magnifico estádio, devo dizer.

– Verdadeiramente não tinha me ocorrido este detalhe.

  Perdoe-me Manninger mas agora devo cumprimentar Lady Cordelia.

A abominável antepassada, como costumava chamá-la seu sobrinho Terence, naquele exato momento mostrava-se bastante agitada:

– Oh! É tudo tão ridículo! Matilda, Matilda.

– Sim, milady.

– Como pode alguém chamar-se Matilda?

  Bem que eu disse a Lord Tweeds que jamais aprenderia o  seu  nome.

– Leeds, milady, o seu marido é Lord Leeds.

– Deveras? Também é um nome muito complicado.

  Ah! Aqui temos o jovem Osvald quem, suponho, acaba de chegar.

  Você está sóbrio, não está Osvie?

– Querida senhora, eu jamais bebo antes das onze.

– Onze? Já são onze? Oh! que situação embaraçosa.

– Posso ajudá-la senhora?

– Você? Oh! sim, precisarei muito de você, é um caso de vida ou  morte.

Temo que neste exato momento, a vida de Lord Twinkenham corra seríssimo perigo!

 

Devo esclarecer (ó!) que Osvaldinho é um anti-heroi e percorre caminhos inusitados. Vejamos o referido na Rússia.

 

                    A carruagem fechada arrasta-se pelas ruas geladas da noite branca  de Moskva; dentro o príncipe Osvaldof, enrolado em sua peliça de astrakan, esfrega as mão enregeladas e antegoza o tremendo jantar do que irá participar na casa de Sergei Vassili Tekof, o Inspetor do Tzar. Certamente iria deleitar-se com magníficos bifes de chorizo,  vinhos e empanadas de Mendoza.

Na porta do palácio do inspetor, um mendigo.

– Uma esmola papuchka, um kopec e tu me farás um homem feliz ó  pai dos cossacos!

– Como sabes que sou o príncipe Osvaldof, capitão dos cossacos,  cavaleiro do  Don?

– Foi em Ekaterinburgo, paizinho, quando os pagãos cercaram o  Tzarevitch e tu, com os teus cossacos mandaste todos os infiéis  para o inferno. Que lindo foi ver o General Figueiroainhofski  espetar a lança na barriga daquele cão gordo Ortunhov.

  Eu vi, paizinho eu vi, eu era ordenança do conde Raskolnikof.

– Vassili, dá uma moeda ao mujique. Que terríveis lembranças ele  me trás.

-Tu poderias ser mais generoso Vassiliucha e bem poderias me dar  uma prata em vez  deste cobre miserável.

– Escapa-te escória antes que eu te dê umas chibatadas.

– Piedade, piedade ó pai de todos os cocheiros mas antes diz-me:  quem era o almofadinha enfeitado que chamas de amo?

Na mesa, o tovarich Sergei Vassili Esduardof, já completamente bêbado, conversava com a bela Alexandra Tatiana  Ekaterinaia, condessa Bieloskaia.

– Diz-me Babuchka, o que faz tua mãe, a doce Marienskaia, na

  quele seu castelo gelado de Petrogralinof ,na Sibéria?

– A estas horas deve estar dormindo com meu paizinho, o conde  Antonov  Balinoskaio, na dacha em Tzarkoie.

– E que belas coisas não estarão fazendo, ein Alexandra Tatiana  Ekaterinucha?

– Sergei Eduardofiushka, pôr tua mãezinha, a condensa

  Matildenskaia, é preciso ser mais cortês com Alexandriuxa

  Bieloskaia.

– Osvaldof, que imbecil me sais.  Vou fazer com que Igor Komanechi te de duzentas chibatadas pregado ao poste na casa de Monikoff Feldmalich o Quebra – Ossos.

– Antes irás sentir a ponta de meu sabre Sergei Vassili Catarinof!

– Cala-te cão das estepes!  Quem vai conhecer o gosto da ponta do meu sabre és tu quando a policia do Tzar te  apanhar em suas redes.

  Pensas que não sabemos que recebes em tua casa Vassili Illia  Erevitch, o Lenin?

 

E há outros episódios que acontecem em partes as mais diversas do mundo; mas Missões do primeiro período, há um que me parece divertido.

 Madrid, 1637, noite, uma figura soturna, encapuzada, bate à porta da Casa Manresa.

O porteiro abre a vigia e o vulto, sem uma palavra passa-lhe uma moeda de prata.

A porta se abre, o encapuzado entra. Fecha-se o olho que a luz da vigia abrira na escuridão da noite.

Na madrugada seguinte um longo, negro e silencioso cortejo deixa o convento, os cincerros das mulas ecoando melancólicos na estrada que leva a Palos.

São padres da Companhia de Jesus que, acompanhados de noviços e servos, vão embarcar para as Missões do Paraguai; entre os servos, o encapuzado.

Os dias se sucedem; os jesuítas temem que a campanha que sofrem acabe em bula papal e fechamento da Companhia e pôr isto acautelam-se de tudo e de todos.

Padre Mendoza acaba de fazer o porteiro confessar que, pôr uma moeda de prata, deixara alguém entrar no mosteiro e que este alguém desaparecera.

O padre teme que seja um português e que agora, certamente, já viaja para o Novo Mundo.

Nada mais pode fazer; só aguardar pelo próximo barco que levará correspondência ao superior de Cordoba informando da existência do espião.

Malditos portugueses.

Padre Mendoza revira a moeda entre os dedos porque não a reconhece: é mesmo de prata pura e tem uma efígie de um homem glabro.

Embaixo está escrito: Augustus Imperator.

A outra face está gasta mas percebe-se a palavra Roma e a figura de um animal, possivelmente um cão.

Pensativamente o padre guarda a moeda na gaveta.

Manda que enforquem o porteiro na figueira grande do pátio!

A caravela segue o roteiro de Magalhães e não toca nas costas do Brasil onde poderia ser apresada.

Depois de Laguna já está imunda, fedorenta, parte do povo já vomita os dentes com escorbuto.

Nem mesmo o serviço de trolha funciona mais.

Os padres não sabem da trolha mas o capitão registra no diário que um passageiro da comitiva  usou do serviço e pagou em prata.

A catraia para em Maldonado e os padres rezam uma missa em ação de graças para os sobreviventes.

Entre Buenos Aires e Assunción, os padres divisam uma povoação ribeirinha e atracam. Os habitantes acorrem em massa.

– Al final llegamos a la Missión de Martires! Señores missioneros,  donde están los padres?

– Meu caro senhor, está usted engañado: nosotros somos nativos e  llegamos aqui via Estreito de Bhering. Ou se preferir Ameghino,  somos autoctones asi como los ratones de los chinos que …

– Charap! Mire usted Don Pepe o lo que sea: estamos viajando  hacen três meses nesta caravela fedorenta, vomitada, llena de  cracas, estamos com hambre e temos cincoenta arcabuzes  apontados para ustedes missioneros: vais querer que eu esteja  enganado?

  • Bien venido a las Missiones, padre!

( com agradecimentos ao grande historiador americano D.Barry)

Dali pôr diante a comitiva seguiu a pé para Guaira, no que levou ciento e veinte jornadas.

Todas noites, o padre prefeito fazia a chamada para ver quantos haviam sido comidos pelas onças e mutucas.

O misterioso encapuzado que infiltrara-se na comitiva passou a responder pôr um musico que ficara para trás jantado pêlos mosquitos na foz do Apa.

– Primer bombardino Osbaldel?

– Presente!

– Senhor, su nombre es mui extraño; no se poderia simplificar para  Gardel? Quedaria mejor, no?

– Perfectamente.

– Y de donde viene, señor Gardel?

– De Francia: j’ai perdu ma plume au jardin de ma tante… La chaleur  corrompe la….

– Claro, claro, fique usted a su voluntad.

Imediatamente porém um vulto melenudo e com cara de compadrito aproximou-se de Osvaldel – Gardel e murmurou ameaçador:

-Tchê boludo, no te hagas el salame, te conoci num cafetin nel Onze.  No me vengas com Paris porque yo sé que tu vieja se paraba con el garufa del Parque Japonês.

– Ma mére? Hoy la evoco y veo que há sido em mi pobre vida paria  solo una buena mujer…

– Si insistes vas a ver lo que te pasa! Yo soy un faconero,

  peligrosisimo, mui inimigo!

Mal se fuera o da melena, veio outro, um bigodudo de boina, alpargatas, bombachitas e com una grande nariza:

– Estamos? Todos sabemos que es de Fray Bentos, un oriental, un  comedor de oveja, Obdulio Varela, La Cumparsita, estes babados.

  Se te dizes porteño te doi com las boleaderas en los cojones que  nunca mas te vas a parir un peido, malacara.

Osvaldel não sabia o que fazer e resolveu ir falar com o padre.

– Senhor padre eu não sou cantor, não uso gomina assim que não  queria ser Gardel.

– É verdade, é verdade, o senhor é musico, achemos nome mais apropriado.

  Que le parece Canaro? Francisco Canaro, un nombre cristiano y  ecológico?

– Canaro? Canaro tocando bombardina?

– Pues que toque el bandoneon, se lo permito.

Como havia um baile de candeeiro organizado pela indiada, Osvaldel saiu resmungando:

– Bandoneon? Y hoi es noche de fandango…

Sentou num canto do rancho, estendeu um pañuelo nos joelhos e começou a tocar:

-“Bandoneon, hoy es noche de fandango…”

A indiada gostou e uma cuñã gorda e que fedia mais que um gambá com vazamento aproximou-se de Osvaldel e disse, dengosa:

– Aé aba tinga.

– Pardon?

– Aé aba tinga menama.

– Was it das?

– Aé aba tinga menama  jucapira. Aé herehó emanomo abaeterecó, manjou ?

– Tetreketelis. ( Nota do editor: Resposta dada pôr Osvaldê em língua egípcia da I dinastia e que significa: “Não manjei porra nenhuma “.Na verdade o autor só colocou esta resposta para dar um ar de erudição neste enredo que está uma merda).

Osvaldê saiu de fininho e foi falar com o padre Montoya que manjava horrores da língua dos indigenos.

– Padre, o senhor ouviu? O bagulhão me disse “aba tinga menama  ou jucupira “. O que significa?

– Ela quer casar com usted, primer bombardino. Senão…

– Ilustre padre, je m’em vais de ici!

– Mas não mesmo Bombardino: estamos sendo ameaçados

  pêlos portugueses e você pode nos ajudar e muito.

– Portugueses? Aqueles barbudos que não tomam banho, dão um  pau federal na indiada e penduram os de allá pelo piscueço?

  Padre je m’em vais de ici e é já.

– Bombardino, eu recebi uma carta de Madrid do padre Cristobal de  Mendonza na qual ele pede que descubramos e enforquemos um  espião português que veio clandestino na expedição; ainda não sabemos quem é mas se insistirmos, logo descobriremos o sacripanta. En passant bombardino, diz “pauzinho “.

– Senhor padre, se é para combater os portugueses, diga ao povo  que fico!

– Bom guri! Apresente-se ao padre Romero.

O padre Romero era um magrão de bunda seca e cara de alcaide, entendido em militanças, perigosíssimo e andava em altas tramas com o cacique Abiaru, casualmente o pai da moça que queria faturar Osvaldel.

Padre Romero pediu que Osvaldel fizesse um breve resumo de suas aptidões e ficou assanhadíssimo quando soube que o distinto falava várias línguas, inclusive o português.

– Ahan! Temos aqui el hombre que podemos infiltrar!

– Padre, o senhor quer que eu me infiltre no meio dos portugueses?

– Justamente!

– O senhor vai me desculpar mas tenho pé chato, sou Testemunha  de Jeová e dispensado de incorporação.

O cacique Abiaru resolveu intervir.

– Aé aba tinga menama ou jacupira ?

Osvaldel reconheceu o som.

– Primer bombardino apresentando-se para infiltrar!

Padre Romero instruiu Osvaldel direitinho do que deveria ser feito; enfatizou que os portugas eram bons em terra mas ruins na água, que o único perigo era se eles pegassem os índigenos no Passo Grande, um local raso muito conhecido.

Padre Romero explicou a Osvaldel onde era o Passo.

Osvaldel embrenhou-se na mata e logo encontrou os portugueses em M’Bororé.

Declarou-se desertor dos padres e contou histórias de atrocidades que sofrera, queria mais era ralar os son of a beach.

Foi submetido ao teste do pauzinho e do pausão. Aprovado, incorporou e imediatamente contou aos portugueses a história do Passo Grande, único lugar onde eles poderiam acabar com o Padre Romero e seus asseclas.

As canoas dos índios estavam justamente atravessando o Passo quando os galegos atacaram: de espada em punho, aos gritos iam entrando na água, aos borbotões.

E, sumindo!!!

Sentado numa canoa, tomando mate, o Padre Romero comentou para o cacique:

– Eu sabia que o sacana iria nos trair: só que não era Passo

 Grande, era Poço Grande!!!

Osvaldel foi aprisionado e remetido para o Cabildo de Buenos Aires.

Anos depois foi libertado e remetido para Lisboa onde desembarcou em 1772 conforme registros da Torre do Tombo.

Da lista de desembarque consta o nome de Osvaldinho Oliveira Salazar.

Começava uma nova história.

 

  XXXXXXXXXX

Seguem-se outras, no Egito, em Portugal, no Continente de São Pedro e há uma coisa que devo observar: as desditas do Osvaldinho têm como pano de fundo acontecimentos históricos, as datas são reais e os episódios também.

O Livro é de 93 assim que se alguém acha que o Jô Soares descobriu uma nova maneira de escrever ficção, enganou-se: antes dele o Osvaldinho já fazia o mesmo.

De modo que, por hoje, já embromei bastante os eventuais leitores.

Notícias da praia informa que está tudo bem por lá.

Boas noites.

8 de Fevereiro de 2000.

 

Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2000, 21:07, trovoadas.

Fazem portanto 21 dias desde o último registro.

Lembrar tudo o que ocorreu, certamente não lembro mais mas festejou-se o aniversário do Pablo, da Heloisa, os Barrios foram e voltaram do Santinho, Os Fietz mudaram-se de mala e cuia para a casa nova, o Bolão tirou férias em Pinhal cercado de inúmeros amigos, os Tergolinas, parte em Maceió e parte no Imbé. Maiôs idas e vindas da Heloisa e minhas, caracterizam um veraneio sem continuidade.

Hoje viemos com todos os teréns e não sabemos se retornamos para o Carnaval que, acabei de aprender, é fixado em função da primeira lua cheia depois do equinócio do verão.

Tivemos duas inundações aqui em casa, frutos de fortíssimos torós de verão. Felizmente a Olívia e o Ledi estiveram em condições de minorar os contra-tempos.

Agora pretendo resolver em definitivo o velho problema da calha norte.

Finalmente vieram os documentos do meu carro.

Com exceção do Pingo e do Ângelo, os mais participantes do clã já se encontram em Porto Alegre: o Ângelo matriculou-se somente na PUC e desistiu da Educação Física na ULBRA porque os horários seriam impraticáveis.

Lucas saiu do Americano para o Leonardo da Vinci.

No que concerne ao povo miúdo, temos a Helena e o Lucas no segundo grau, o Alemão e o Pablo na sexta série do 1º grau; o Diego na quinta, o Chico indo para a segunda e o Zé no admissão ao 1º.

Este ano, a praia não esteve grande coisa: o mar quase sempre escuro, chuvas e temperaturas muito variáveis.

Mês de fevereiro choveu muito e tivemos até dias frios.

Nada indica que março venha a ser bom; na verdade, este ano temos um daqueles ciclos que se repetem a cada onze anos de grandes agitações na superfície do sol e aí o clima da terra fica bem maluco.

São Paulo e Rio têm sofrido muito com inundações brabíssimas e ainda falta um mês para que as coisas fiquem mais amenas.

A Alba tirou férias e a Heloisa vai enfrentar um batente em dois locais: aqui e na Alda que, de costelas quebradas, anda precisando de mais assistência.

As notícias do Rio não são boas e é preciso estar atentos a partir de agora.

No plano político, continuam as trapalhadas do PT que agora enfrenta greve do CEPERS, um velho aliado deles.

Como se sabe, a teoria na prática é diferente.

Temos também a crise da segurança pública e ao que tudo indica, hoje cai o Bixol.

Se não cair é porque ele é muito safado.

Hoje foi um dia muito agitado e estou com sono.

Boas noites. Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2000.

 

Sábado, 4 de Março de 2000, 15:29, dê-le chuva.

A greve saiu e o Bixol não caiu: O PT desfez as nomeações dele mas o cara de pau não pediu as contas. O poder seduz.

Estamos para ir ao Imbé desde ontem mas o tempo anda tão ruim que não dá o menor gosto; agora mesmo acendi a luz dos fundos para que o canário não pegue no sono, tal a escuridão da tarde.

Os Fietz e os Tergolinas estão por lá com exceção da Isinha que está em Montevidéu.

Os Barrios ficaram trabalhando e o Bolão, para variar está de plantão em Parobé.

Hoje estivemos na Alda que está bem. Vai nos mandar uma farofa de galinha para levarmos mas acho que iremos fatura-la à noite.

Na Zero Hora de hoje o Davi Coimbra escreve sobre o Badanha e cita o que escrevi sobre o assunto numa carta ao Scliar; citou certo mas concluiu errado ou então não entendeu.

Tudo bem, isto acontece com as melhores famílias.

Porto Alegre ainda está vazia o que é muito bom.

Pelo que li, hoje começam os desfiles carnavalescos com toda aquela parafernália de carros alegóricos etc.

Com este tempo, será um ano de trabalho posto fora.

Acho que no Rio Grande do Sul não deveriam ser programadas festas ao ar livre: ou está um frio de rachar ou chove em bicas.

Lá pelo Rio e mais para cima, a chuva é um alivio para o calor e não interessa se chove ou não de modo que os pátrias vão para a rua de qualquer jeito.

Aqui, se o neguinho se mete a fogueteiro, ou pega uma baita gripe ou encaranga.

Nosso negócio é churrasco na beira do fogo.

Nunca esquecer a famosa fotografia de carnaval em que aparecem a Graça, o Felipe, a Isinha e o Zé.

Aquela foto merece um Oscar pela mensagem.

Por onde andará o referido documento?

Em termos de clima já estamos no outono e até já estamos nos deliciando com doce de goiabas feito com frutas da nossa árvore.

Se o planejamento fosse ficar por aqui, teríamos ido à feira hoje e comprado uvas para a tradicional uvada que ninguém come.

Acontece que mais importante do que consumir a uvada, é fazê-la; esta casa ontem estava inundada com cheiro de goiaba, sem dúvida – pelo menos para nós – um cheiro de infância.

O que é muito bom.

Falando nisto, vou encomendar figada de Flores da Cunha, a melhor de todas.

A feita pela mãe do Tergolina, D. Íris, também é muito boa mas, com tantos filhos, não sobra para afins.

Devo esclarecer que as fontes de figada são: a Feira, o De Gasperi, a vizinha aqui do lado, D. Íris, Flores da Cunha e o caminhão da praia.

Geralmente, aquelas vendidas, vêm misturadas com abóboras na proporção de 50%: uma goiaba, uma abóbora!

Este processador, metido à lingüista, reclama quando as vírgulas estão postas de modo diferente  de suas regras; o bestalhão não sabe que, à semelhança da crase, vírgulas não foram feitas para humilhar as partes ou seja, você as coloca onde quiser para explicar ou enfatizar o discurso.

Por exemplo: num texto destinado à leitura – e qual não é?- a virgulação deve orientar o orador ou o leitor para o esclarecimento da idéia expressa.

Os gramáticos de subúrbio e casaco puído babam de alegria quando conseguem engazopar alguém com aqueles conhecidos jogos de frases que mudam completamente de sentido de acordo com a posição da vírgula.

Após o que, eles costumam doutrinar com voz de papo e ar sobranceiro sobre a importância da vírgula e aí dá vontade de dar um tiro de sal na bunda deles.

Como neste processador metido a besta.

Em mis virgulas mando yo!!!

Já que estamos em assuntos tais, ontem o Globo Repórter mostrou uma reportagem sobre as reais nascentes do Nilo, um assunto que parecia encerrado desde o tempo do famoso:

  • Livinstone, I presume?

Acontece que  Claudio Ptolomeu, um dos maiores sábios gregos que viveu no século II, afirmou que o Nilo nasce nas Montanhas da Lua, que agora descobriu-se ser verdade!

E o Ptolomeu não tinha satélites, GPS, etc.

E assim, muitas vezes você se depara com conhecimentos postos pelos gregos há mais de 2000 anos e que só agora estamos alcançando.

Afinal, quem eram esses gregos?

As Montanhas da Lua, Os Ruwenzori, como o Ptolomeu sabia que na Lua haviam montanhas?

Imaginemos que a Terra é um planeta experimental onde se tenta reproduzir o que já aconteceu num parente do Sistema Solar ou adjacências.

Imaginemos que, de vez em quando, os experimentadores mandem uma turma de pesquisadores para avaliar “in loco” o que está acontecendo e alguns deles gostem do lugar e desertem.

Chegaram os gregos.

Bem.

And the weather goes on raw and boisterous.

 

 

 

Acaba de chegar a farofa da Alda, trazida pela Ângela, com toda esta chuva.

Acho que já falei que tivemos duas inundações aqui, no quarto da frente, por causa da calha.

Bem, agora pretendemos ter resolvido o problema só que o carpete ainda não secou porque, praticamente, faz duas semanas que chove sem parar e o índice de umidade do ar é altíssimo.

Hoje liguei o ventilador de teto para aumentar o fator de evaporação.

Como ainda sabemos, a evaporação é diretamente proporcional à superfície exposta, ao calor e à movimentação da massa evaporanda.

 

Quarta-feira, 8 de Março de 2000, 21:07, razoável.

 

Quarta feira de cinzas, fim do feriadão de carnaval, voltamos da praia.

Caberia algumas considerações sobre “mais um verão”, Jorge Luiz Borges, etc. etc. mas não estou em maré de altas indagações.

Da família, vieram todos os que estavam no Imbé: os Tergolinas e os Fietz, a Saara e o Beto.

Este ano o maior carnavalesco foi o Ângelo eis que o Pingo estava com uma baita dor de garganta.

A moçada freqüentou mais a SAT embora também vagassem por alguns bares da orla.

Ainda não fizemos contato com o pessoal: apenas o Dr. Barrios me telefonou devolvendo um projetor de slides e eu emendei no ar enviando para eles um freezer!

Bobeia ainda acho alguma coisa bem volumosa para mandar junto.

Contou-me o Carlos que passou o carnaval em casa o que não acreditei porque imaginar que a Patrícia não quisesse nem mesmo ver o desfile da Escolas de Samba, é inadmissível.

Mas o Carlos explicou-me que fora obrigado a fazer uma barganha: trocou o carnaval por um baile de enterro de ossos no sábado quando irá participar de um bloco da turma da Patrícia na AABB!!!

Tudo na vida tem seu preço.

O Carlos vai fantasiado de baiana…

Bem.

Na praia, estive lendo um livrinho do Luiz Fernando Veríssimo, “Traçando Nova Iorque”.

No livro ele faz um monte de previsões sobre o que iria acontecer com os USA; inclusive, era tempo de eleições e ele previu que o Carter ganharia do Reagan a quem ele trata com o mais profundo desprezo dizendo que quando o Reagan contracenava com um macaco, o melhor ator era o macaco.

Previu que Nova Iorque iria ficar inabitável por causa da criminalidade crescente e incontrolável, que os USA marchavam céleres para o brejo e que nem a tradicional criatividade americana iria dar jeito e que em pouco eles seriam terceiros mundistas…

Ele não contava com o Bil Gates e nem com o Bil Pinton.

De qualquer forma, fica claro e expresso que a capacidade analítica do LFV é, no mínimo, horrível, assim que não devemos dar bola quando ele prevê o fim da globalização, do liberalismo e do sucesso do PT.

Acho até que vai dar tudo ao contrário.

Eu, daqui, minhas preocupações são outras: vou negociar com o Lucas para ele me colher umas goiabas no quintal de Ipanema e, a seguir, vou transformá-las em goiabada o que requer um planejamento acurado.

Como se sabe, não se usa mais açúcar na goiabada e sim uma pepsina que acelera o processo todo para uma meia hora!

Perde-se a poesia de mexer o tacho durante horas nas tardes de outono mas a goiabada fica melhor.

Pelo menos é o que dizem os experts.

Darei notícias.

A Heloisa, uma tremenda conservadora em matéria de cozinha, vai resmungar mas serei inflexível: vou de pepsina.

Até hoje sinto não ter trazido um tachinho do Chile, da feira de Valparaiso mas que era um trambolho, era.

Mas que era um taxinho lindo, também era.

Volto ao Chile e compro um tachinho que para outra coisa não vale a pena.

Tremenda pilhada, o Chile.

Em passant, o Pinochet foi liberado pelos ingleses porque estava tão doente que não agüentaria um julgamento: cadeira de rodas, cara de gagá, balbuciante, estes babados.

Quando o avião aterrisou no Chile, ele desceu lépido e faceiro, parecia um guri!

Os ingleses devem estar  putos da vida, como se diz.

Consta que o Pino foi industriado por um psiquiatra inglês para fingir-se de idiota e enganar os juízes.

Vamos ver no que vai dar a novela, esquecida no momento por causa do carnaval, assunto único de jornais e televisões.

Um saco porque é sempre a mesma coisa.

A respeito, no Rio, um turista suíço assaltou um motorista de táxi e depois um turista americano o qual, entrevistado, disse que volta ao Brasil mas certamente não irá conhecer a Suíça.

A gente tem que rire.

O suíço estava tão gambá que nem registraram a ocorrência na policia: põe  tudo na conta do Momo.

Acontece que os caras divulgam o carnaval brasileiro na Europa na base do “todo o mundo nu  “ e aí o publico alvo se pela e vai preso.

O estilo hoje está meio enrolado mas é preciso saber ler nas entrelinhas.

Tudo muito explicadinho, só em livro infantil.

Clareza, concisão e precisão, eis os brilhos do estilo.

E lá vou eu de caniço e samburá.

Estou devendo um giro de horizonte com os mais personagens desta família ou seja, o que fazem – ou não fazem – neste início do ano 2000.

Comecemos pelos troncos.

– Alda Hermínia, com 94 anos, mora no Bonfim, na Osvaldo Aranha, onde é servida pela Ângela; não quer saber de chaperone ou morar com alguém. Está muito bem de saúde.

  • Carmem Fietz, na casa dos sessenta, mora no bairro Rio Branco, viaja muito para o Mato Grosso onde vai visitar o Ricardo. Está bem de saúde.
  • Maria Helena Barrios, mora em Montevidéu, viaja muito pelos USA e Europa. Está muito bem. De vez em quando aparece por aqui e compra tudo o que encontra: no Orogoai as coisas estão caríssimas.
  • Paulo e Íris Tergolina, moram em Caxias e estão bem; dificilmente aprecem e o seu limite máximo em direção ao sul, é o sitio de Feliz.
  • Jaci Weber, mora na Glória, vizinha do Bolão e Liege; além de cuidar dos netos, participa de serviços comunitários. Está bem.
  • Dos genros, nada a acrescentar além do que sabemos: todos continuam com seus afazeres costumeiros, fieis ao principio de que o segredo do êxito é durar na posição.

O Paulo advoga socialisticamente, o Tergolina faz e vende plásticos para alienígenas, o Carlos dá aulas até em São Gabriel da Cachoeira e a Liege arranca dentes da comunidade da Grória, a preços módicos e crédito ilimitado.

  • Heloisa, eu e os quatro, não precisamos de esclarecimentos porque somos personagens constantes destes registros. Sucintamente, a Virginia leciona no Rio Branco com carga semanal de meia hora, a Isinha dá aulas em todos os cursinhos de POA e adjências ( mas não recebe), a Patrícia faz dopler em tudo quanto é hospital e tem consultório no Moinhos,e o Bolão trabalha na Santa Casa onde se especializa em Intensivismo, um negócio que tem a ver com UTI.
  • Pingo, na PUC, em Análise de Sistemas.
  • Ângelo na PUC em Turismo.
  • Helena no Americano, começando segundo grau.
  • Lucas no Leonardo Da Vinci, idem.
  • Alemão, no Americano, sexta série/1º grau.
  • Pablo, no João 23, idem.
  • Diego, no João 23, quinta série/1º grau.
  • Francisco, no N.Sra. da Glória, 2ª/ 1º grau.
  • Zé, idem no admissão ao 1º grau.

Pode ser que tenha cometido algum engano mas em princípio é isto aí.

Como se deduz, a única modificação foi a  saída do Lucas do Americano e ida para o Da Vinci que é um colégio com fama de ser bem mais exigente.

Em compensação é perto da mansão de Ipanema e assim o Lucas terá mais tempo para estudar…

Do que mostra o giro, as seguintes conclusões podem ser tiradas:

1º – o gráu de analfabetismo na família, é zero, o que nos equipara aos melhores países do chamado primeiro mundo;

2º – Considerando que, dos nove netos, oito estão em colégios de extração religiosa, a família é forte cultora da religião;

3º – Seis netos estão em colégios católicos, logo esta é uma família idem.

4º – Considerando que os meninos concluem o 1º grau com 14 anos, trata-se de uma família de gênios ( médios, médios).

5º – por razões óbvias, as mulheres vivem mais do que os homens.

Como se vê, as conclusões são lógicas mas nem sempre correspondem à verdade.

Por hoje é só. Boas noites. Quarta-feira, 8 de Março de 2000.

 

Domingo, 12 de Março de 2000, 11:41, nublado.

Penso que, pela primeira vez, escrevo neste horário, normalmente destinado ao churrasco domingueiro; acontece que com o verão, é tanto churrasco que a gente fica farto e nem quer ouvir falar em picanhas e afins.

Estou dando uma trégua.

Os Fietz e os Barrios – a parte infantil – está aqui em casa desde ontem.

Virginia e Paulo estão na praia e Patrícia e Carlos foram ontem ao tal baile de Carnaval na AABB.

O Carlos estava entusiasmadíssimo com a sua fantasia de tirolês, que consiste num chapeuzinho verde com uma pena de galinha tingida, tudo muito original.

Não sei porque ele desistiu de ir de baiana estilizada…

Parece que a Isinha também foi ao tal baile.

Bolão, Liege e as crianças foram para o Imbé. O Pingo idem: as pessoas, principalmente os mais jovens têm dificuldades em desligar-se do tempo do veraneio.

Depois, com o frio, vão rareando as idas à praia.

O Julio telefonou para avisar que as algas já estão se formando na piscina; antes de vir, coloquei algicida mas acho que o que é fabricado aqui, não funciona.

A única solução é fazer uma aspiração semanal.

Ou então abrir uma fábrica de cosméticos à base de algas cloradas.

Neste verão consegui manter a piscina impecável mas a primeira limpeza foi terrível: o Ângelo e eu tiramos algas com pás durante uns três dias, era um nunca acabar.

Há um momento em que a gente chega a pensar que não irá conseguir mas depois de mil manobras e outros tantos produtos químicos, finalmente a água fica limpa e transparente.

Mas, não pode bobear: é limpeza e cloração todos os dias e o exemplo é o de hoje: mal saímos de lá e já as algas estão se formando.

E o povo ainda acha que sou um chato de galochas, que fica reclamando dos usuários uma série de regras para usar a piscina.

Mal sabem eles…

Qualquer terrinha que vá nos pés, ou gordura, as algas aplaudem e festejam: é bóia para elas.

Ontem o Barichello tirou segundo no circuito da Austrália: houve uma malandragem da Ferrari para o Schumaker ganhar mas, de qualquer forma, já é um avanço.

Como sabemos, os dois correm pela Ferrari.

O Schumaker porque é o melhor e o Barichello porque é buona gente e brasileiro, país em que a Ferrari coloca grandes esperanças de consumo eis que há por aqui uma classe de consumidores de alto poder aquisitivo, todos ligados ao governo…

Em passant, a mulher do Pitta deu uma de Pedro Collor e dedurou todo o esquema de corrupção da prefeitura de são Paulo.

Os citados vieram a público para afirmar que a referida toma sopa de garfo mas, para quem conhece os mecanismos da corrupção, tudo o que ela disse é procedente.

Isto daí vai dar – já está dando – um bolo danado.

O PT agradece penhorado, embora ela tenha ressalvado o Covas.

Estive meditando sobre as grandes besteiras nacionais e, infelizmente, chego à conclusão que os milicos têm grande culpa no que hoje acontece.

No plano geral, em primeiro lugar, um regime forte favorece a impunidade de determinados elementos eis que a opinião pública fica divorciada dos fatos do governo; em segundo lugar porque uma classe política de fantoches, vota leis totalmente absurdas; em terceiro lugar porque as decisões de governo são tomadas sem debates; em quarto lugar porque, no Brasil, como herança da fundação da República, os militares se acham os únicos sábios e preparados do Brasil; em quinto lugar, um processo de estatização violento.

No plano particular, tivemos a unificação das caixas de pensão, o fortalecimento dos fundos de pensão das estatais, a construção de obras faraônicas como Itaipu e a ponte Rio – Niterói e as centrais nucleares.

Iatipu é uma grande fonte de energia mas o problema poderia ter sido resolvido com usinas hidroelétricas menores, menos vulneráveis e mais baratas. A ponte Rio – Niterói, construída com o dinheiro das futuras pensões do INPS, é um monstrengo que custou os olhos da cara e melhor seria se houvesse sido feita uma friuei pelo fundo da baía.

Quanto às centrais nucleares, custaram uma fortuna e sequer funcionam.

Penso que o pior de tudo foi a unificação das caixas de pensão e a criação do INPS.

As caixas funcionavam pelo sistema de capitalização e o INPS nasceu assim mas depois, o Geisel precisou de dinheiro que transbordava do INPS e mudou o sistema de caixa.

No sistema de capitalização, o dinheiro depositado pelo participante, é posto numa conta nominal que só é mexida, digamos assim, quando o referido se aposenta. Assim, uma entidade que trabalha neste sistema, jamais terá excedentes ou resultados de balanço.

No outro sistema, despesas e receitas são avaliadas anualmente e, é claro, numa entidade nova, ainda sem obrigações, a grana se acumula e no fim do ano fica à disposição da deretoria.

E aí a deretoria faz a ponte e outras cositas mais, segundo o velho aforisma “ Aprés moi, le delluge”.

O delluge veio acontecer depois de 90 e não tem solução.

De tudo o que por aí pervaga em matéria de filosofia e política, só de uma coisa eu tenho a mais absoluta convicção: é preciso privatizar o Estado de qualquer forma.

Não devemos esquecer que o patrimônio dos fundos de pensões das estatais, é parelho com a dívida externa do Brasil e que este patrimônio foi feito com a grana dos caras que se aposentam com um salário mínimo. Ou seja, o povo foi explorado – e continua sendo – pela nomenklatura.

Quem lê a Revista do Clube Militar, verifica que os milicos continuam firme em sua convicção de um estado poderoso, operando na área econômica.

O que ninguém sabe é que a maioria dos colegas que por lá pontificam são aposentados duas vezes pelo serviço público eis que abocanharam os melhores cargos das estatais durante o regime militar.

Portanto, estão ricos e dispõe de grana e lazer para ir para o Clube Militar meter o pau no governo que quer se livrar da estatais.

O que vale principalmente para a Petrobrás.

Imaginemos vender a Petrobrás: como iria aumentar a produção de petróleo e como iriam baixar os preços, sem falar que o caixa do governo ficaria saneado.

Pode ser que daqui a uns dez anos isto aconteça.

Mas também pode ser que o Lula se eleja na próxima e aí vai tudo para o brejo.

Como estamos assistindo aqui na terra do Galo Missioneiro.

É o fim da picada.

Para lembrar: existem três governos comunistas no mundo: Cuba, Coréia do Norte e Rio Grande do Sul.

Estamos bem acompanhados!!!

Então tá: até a próxima.

Domingo, 12 de Março de 2000.

 

Sexta-feira, 17 de Março de 2000 22:15, calor e nuvens.

 

Ontem tivemos o meu aniversário e depois de muitos anos, reapareceu o velho e amigo barril de chope, presente do Paulo e do Tergolina.

A noite estava quente e convidava mas, como hoje é dia de trabalho,  o povo foi comedido e sobrou chope.

Estavam todos os de casa mais o casal Vares, o Leo e a Enilda, o Joaquim que me trouxe de presente um confortabilíssimo par de sapatos;

Ganhei livros – conforme havia pedido – e um belo pijama dos Fietz.

Heloisa fez uma janta muito boa de maionese de camarão e fricassé de peito de frango.

O povo do Rio, telefonaram todos e hoje a Silvia.

Disse ela que o Nelson vai chegar tarde mas, se num horário familiar, irá ligar.

A semana foi juridicamente muito agitada e ainda não terminou, ficou um rabinho para traz.

Acontece que pretendo ir para Bagé na semana que vem e é preciso que fique tudo em dia. Os famigerados prazos.

Ontem cogitou-se do Ângelo ir trabalhar comigo eis que só tem aula de noite; é uma boa idéia e vou rearranjar o escritório para colocar uma mesa para ele.

Disse-me ele que quer fazer o serviço militar e vamos fazer força para que consiga o CPOR.

Curso de Engenharia.

Acho que dá.

No mais, tudo em paz: semana que vem apresenta-se a Alda.

No campo político, a mulher do Pitta, aquele negrão prefeito de Sãso Paulo, botou a boca no trombone e enredou o pé do cafuso e do Maluf.

Mais do que isto, desencadeou uma onda de denunciar corrupção e agora todo o mundo quer falar.

É uma grande chance de melhorar o Brasil.

Vamos ver no que dá.

De um modo geral, favorece o Lula e acaba com o ACM e o Maluf.

Provavelmente muita água ainda vai rolar debaixo da ponte e vai ter muita gente indo para escanteio.

O PT agradece.

PT que certamente virá de Tarso para a Prefeitura.

Pela frente o Negrão Colar quem, com sua habitual combatividade e raiva do PT, vai botar fogo no circo.

O segundo semestre 2000 irá ser agitado.

No mundo dos esportes tivemos o anunciado afastamento do Leão e a demissão do Dunga.

O affaire Dunga está dando panos para mangas porque, inegavelmente, o Colorado não tinha e não tem cacife para honrar o contrato que fez de, entre outras coisas, US$150.000,00 por mês.

O assunto foi para a Justiça e se o Colorado perder – e perde – acaba entregando o Beira Rio para o Dunga.

Aguardemos.

Assim que boas noites.Sexta-feira, 17 de Março de 2000.

 

Terça-feira, 28 de Março de 2000, tempo bom, esfriando.

 

Para registrar que o Dunga deu um chute na bunda do Colorado: o dinheiro que recebeu, R$350.000,00 foi doado para instituições de caridade!!!

Ontem estive pensando que este registro, por ser de um novo século, deveria ser mais sério, ter mais profundidade.

Vamos ver o que será possível fazer.

No âmbito familiar, neste tempo em que não compareci, as coisas se passaram normalmente: neste último fim de semana fomos ao Imbé e estava ótimo.

Os Fietz também estavam lá eis que agora o Paulo vai todos os fins de semana o que é normal para quem mora em apartamento.

E também porque estão equipando e completando a casa.

Até à Páscoa, decerto, o terreno já estará gramado.

Domingo chegou a Maria Helena Barrios que irá se operar de diverticulite ou algo assim; daqui a pouco vamos busca-la no Clinicas.

Também o Joaquim Freitas esteve baixado lá por uma semana com problemas cardíacos.

Interessante que durante o veraneio ele estava muito bem e várias vezes tomamos chimarrão; também no meu aniversário ele esteve aqui em casa e até chope tomou.

Aí bateram umas anginas. O problema do Joaquim é a terrível diabete.

Ganhei dele um sapato anti stress que é uma beleza.

Foi comprado em Gravatal, imagine-se.

O escritório vai bem, sem maiores problemas; pretendo comprar um birô para instalar o Ângelo que pretende me dar uma mão, a partir de abril.

O Pingo começou a trabalhar num escritório de advocacia.

No fim, o que quebra o galho mesmo é o curso de Direito.

Pena que ainda não haja sucessores: a pessoa receber um escritório montado é uma mão na roda.

E tem o do Paulo e o meu.

Estive em Bagé, fiquei dois dias na Fazenda da Ronda que está muito bonita, o Renato realmente é muito caprichoso.

A cozinheira é um desastre e as refeições eram iguais: arroz, feijão e ovelha. Houve substituição de ovelha por lingüiça…

Quando eu for a Bagé de novo, vou para Santa Ana ou fico no hotel.

Quem anda desaparecido é o João que está trabalhando em uma empresa de Informática.

O João perdeu a grande chance de resolver bem a vida dele quando foi chamado pela General Motors.

Por causa dos seus inúmeros envolvimentos emocionais, ele não conseguia ficar no estágio em São Paulo e acabou faltando mais do que trabalhando; aí, sobrou.

Não foi por falta de conselhos: fiz o que pude para convence-lo de que deveria esforçar-se ao máximo para atender às exigências da empresa porque multinacionais não têm tempo para envolver-se com assuntos pessoais de funcionários. É um toma lá, da cá, seco, sem adjetivos.

Só que o “toma lá” deles era excelente e agora o João trabalha por um quarto do salário que recebeu da GM.

Tudo bem. É o homem e suas circunstâncias.

Ontem o Ângelo passou por aqui, vindo do futebol e indo para o Mama, um roteiro comum no quotidiano dele.

O que me surpreendeu foi a sua altura: acho que já está mais alto do que eu.

Está gostando do curso de Turismo.

Falando nisto, está chegando a hora dele apresentar um trabalho sobre Barroco Brasileiro.

É um assunto interessante: dos barrocos que conheço, inegavelmente o nosso é o mais rico mas não em Minas como geralmente sonha a nossa vã cultura: é na Bahia e em Pernambuco que está todo o esplendor do barroco e é obra dos escravos e não dos Aleijadinhos da vida.

Imagine defender uma tese destas naquele poço de mediocridades que é a PUC. Barroco para elas ( são elas) é sinônimo de Ouro Preto, Mariana etc.

De qualquer forma, vou sugerir: ou o Ângelo se glorifica ou repete o semestre…

O barroco espanhol e o da América espanhola é sombrio, negro, fúnebre, metálico; o português não fica atrás, embora um pouco mais claro.

Já o daqui é uma delírio de clores claras, torneados incríveis onde predomina a madeira nobre.

A igreja de São Francisco de Salvador é, na minha opinião, a obra mais importante do mundo, em barroco.

Lamento não conhecer a variação italiana mas me parece que lá predomina o estilo clássico, greco – romano, em prejuízo do barroco.

Em Portugal, o estilo manuelino é um barroco muito complicado, com grande influência árabe.

Então tá.

Está começando a campanha para a Prefeitura e esta vais pegar fogo porque não será a mesma barbada de sempre para o PT.

O governo do Olívio está indo águas abaixo, o PT está rachado entre o Tarso, o Fortunati e o Raul Pont e o Negrão Collar está se armando para vir a mil para cima dos PT.

Vai ser muito estimulante.

Hoje começam as eliminatórias para a Copa do Mundo e o Brasil joga na Colômbia, a 2.600m de altitude, com cinco reservas no time.

Os colombianos estão a mil, super empolgados e é muito provável que ganhem.

Se eles jogarem sério, ganham de barbada porque o time brasileiro é, basicamente, uma gurizada.

Bem , está na hora de ir buscar a Maria Helena.

Começa que não era a Maria Helena, era a Patrícia que achou por bem fazer uma endoscopia do estômago; surpreendentemente não deu nada.

A Maria Helena já está num apartamento de luxo no Moinhos, tomando clisteres, com perdão da má palavra.

No Clinicas ( hoje é só hospital) encontrei a Sirley quem me disse que o rotorooter não resolveu nada, que as safenas que o Joaquim colocou também entupiram, em suma, situação desconfortável.

Parece que não há mais nada a fazer no campo das cirurgias e aí também é hora de mandar o Zago passear( sempre achei que “Zago” é nome de mecânico chapeador, funileiro).

– Leva no seu Zago e manda soldar a alça da panela.

É politicamente correto não se julgar pessoas pelo nome mas já imaginou vosmicê chegando num consultório de dentista com uma baita dor de dente e ficar sabendo que o nome do referido é Genésio!!!

Genésio não é “Dr.”, é “seu”.

  • Seu Genésio, me dá um quilo de cebola.

Tudo bem.

  • Genésio, por favor compareça urgente ao centro cirúrgico.

Aí, não dá , é ou não é?

Em passant, estivemos lá na Patrícia onde o Beto foi analisar o sistema de ar condicionado.

Aproveitei para contratar o concerto da porta do freezer.

E também para ver o futuro birô do Dr. Ângelo.

Achei o que queria.

Também vi o tamanho das calças do Carlos: 46, longo.

É que ele hoje está completando aniversário e é preciso comprar o presente.

Não haverá festa porque a Maria Helena está baixada.

Maybe no fim de semana.

Assim que entre atenienses e espartanos, todos estão bem e aproveito o ensejo para desejar boas noites e um bom jogo contra os colombianos.

Terça-feira, 28 de Março de 2000.

 

Quinta-feira, 30 de Março de 2000, nublado.

Tivemos, entre ontem e hoje, a operação da Maria Helena e o nascimento de mais um herdeiro para o casal Nico x Valdívia.

Ao que tudo indica, estão bem as senhoras referidas.

Prosseguindo no assunto( os ingleses recomendam falar do tempo e das estradas), visitei o Joaquim que esteve baixado uma semana no Clínicas.

Já foi para a casa mas naquela de “ não tem mais nada para fazer, a não ser regime alimentar e repouso”.

Assim que a temporada hospitalar está animada.

Por proposta do Veio Bauer, semana que vem começamos uma rodinha semanal de poker; os outros parceiros são o Vares e o Leibi.

Não vai durar.

Quem lembra os personagens Hooker e Gestendorf?

“O Grande Golpe”, eis a pista.

Um dos melhores filmes que já vi.

Hoje coloquei um pequeno birô no escritório com vistas à futura estada do Ângelo que vai ingressar no importante treinamento de office boy.

Das poucas coisas de que tenho certeza em questa vita a primeira é que o menino que foi office boy leva uma imensa vantagem sobre os outros.

Todos – todos – os bons office bois que conheci, acabaram diretores.

Vamos ver se a coisa funcionará.

O que está na moda é o programa de perguntas do Silvio Santos; é cada pergunta que a gente tem vontade de se esconder debaixo da mesa e mesmo assim, os cabeça de bagre não respondem.

O perguntando pode pedir ajuda para três universitários e aí é que a coisa complica: os caras erram quase sempre.

A coisa chegou num ponto que ninguém mais pede ajuda para aqueles pátrias.

Pode pedir também ajuda para um grupo que irá concorrer ao programa e também fazer um sorteio com cartas.

É uma barbada tão grande que todo mundo fica com vontade de ir lá e daí o programa estar com audiência muito maior que a da Globo.

O prêmio pode chegar a R$1.000.000,00.

Fica assim demonstrado o meu aforismo: nunca desprezes a ignorância alheia, ela é muito maior do que possas sequer imaginar!

Isto eu aprendi no quotidiano, convivendo com pessoas que deveriam saber ao menos qual é capital do Paraná.

Lembro um colega enfatuado que definia galináceo como sendo uma ave chamada galinha.

O pior é que ele achava que esta deveria ser uma regra generalizante, p. ex., leãozáceo é um bicho chamado leão.

Assim não dá.

Lembro uma vez que o Alex gaiteiro disse que a Noruega era ali próximo da Venezuela…

Naqueles tempos dizia-se “oligão” para intelectuais assim dotados.

E os havia, de montão.

Perdão, há.

Hoje ouvi um papo do Tarso Genro na rádio e o que o cara disse de asneiras foi realmente constrangedor mas o outro oligão, estava encantado com a cultura do Genro.

O Tarso só apareceu porque contracenou com o Olívio e aí é barbada.

Quero ver ele contracenar com o Negrão Collar.

O rei vai ficar nu.

Com o que, colho o ensejo para desejar boas noites às partes.

Quinta-feira, 30 de Março de 2000

 

Sábado, 1 de Abril de 2000, 23:38, bom.

O adiantado da hora é porque a Heloisa foi dormir na D. Alda que está amolada dos hemorroidas e eu fique vendo o Silvio Santos; por sinal, uma candidata respondeu certo mas a produção considerou errada a resposta.

Verifiquei no dicionário e ela está certa.

Marulhada, de acordo com a produção do programa é  “ marujo” mas, na verdade é movimento do mar.

Vamos ver de como o Abravanel sai desta.

Aliás, lendo “Nau Capitânea” verifico que já em 1500, havia em Portugal um judeu que se dizia cartógrafo mas estava mais para enganador.

Chamava-se Abravanel…

Telefonei para o Rio e parece que a Zilda entrou numa fase ruim, está no hospital.

A Simone ficou de manter-me informado.

Estou lendo, com surpresa, o Machado de Assis quem sempre considerei um chato.

Não é: os assuntos sobre os quais ele escreve é que são meio cansativos.

No entanto, há que reconhecer que ele escrevia muito bem.

Cabe a pergunta que ele mesmo formulou num poema:

  • Mudaria o Machado ou mudei eu?

Vou pensar.

Amanhã grandioso churrasco com, parece, boa presença.

No mais tudo em paz.

Boas noites.

Sábado, 1 de Abril de 2000.

Sexta-feira, 7 de Abril de 2000, 17:11, calorão.

Lembrando de uma churrascaria de que gostávamos muito e que ficava na rua Sete de Abril, presumo que hoje tenha sido uma data importante na história pátria.

Só lembro da salada que vinha numa travessa e era variadíssima, o que faz concluir ser o estômago mais importante do que a História.

Esta semana o Ângelo começou a trabalhar no escritório e está na fase do aprendizado: já fomos ao Fórum, ao Banco, ao Correio etc.

Obviamente ele aprende muito rápido o que seria de esperar de um universitário.

Ganha R$50,00 por semana o que, somado a uma mesada que decerto deve ganhar do Tergolina ou da Isinha, dá para suas necessidades não básicas.

Hoje temos jantar da Engenharia na 1ª DL e pretendo ir.

No momento, o que mais anda fervendo é a campanha eleitoral para a Prefeitura de POÁ.

Neste fim de semana sai o candidato do PT que deve ser ou o Tarso ou o Pont.

Logo sai o do PDT: se for o Negrão, a coisa vai pegar fogo.

Pelas pesquisas, ganha o Tarso disparado mas vamos ver.

O PT é muito competente eleitoralmente: no mo mento a cidade está toda em obras e até a nossa rua- caracteristicamente de borguês, como eles dizem – foi asfaltada e está sendo varrida todas as manhãs.

No plano nacional, é notícia a briga entre o ACM e o Jader Barbalho.

Os dois se xingam de ladrão para cima.

O Jader eu garanto que é .

Isto tudo por causa do episódio da mulher do Pita que, diga-se, já está no mato sem cachorro porque falou demais e não tem provas materiais do denunciou.

Vai se ralar.

A Maria Helena está se recuperando mas não temos tido notícias freqüentes.

No Rio, as coisas não vão bem: temos tido extensos relatórios da Lucia.

É interessante que, mesmo com pedidos freqüentes, os Rembold não informam nada.

No fim a gente cansa pois parece que somos intrusos na privacidade deles.

Vale para todos.

Até para a Lucia que vai lá freqüentemente, as fontes não são abertas, há sempre uma restrição.

Dá para deduzir que o Alemão teme que vá alguém para lá e aumentem as suas tarefas.

Se alguém fosse, é óbvio que não iria parar lá.

Mas, deste jeito, ninguém vai.

Amanhã, almoço de aniversário do Pingo e casamento da Karen.

Não fosse esta série de eventos sociais, certamente iríamos para a praia porque a temperatura está alta, 32ºC e brilha o sol.

Hoje almoçaram aqui o Alemão e o Ângelo; o Alemão veio mostrar uma prova de História em que tirou 9,8.

E, não era fácil. Decadência do Império Romano, a mestra aproveitou para dar umas pauladas no capitalismo e correlatos.

Já vi que os professores de História, contam-na como se tudo se passasse agora; na verdade, os conceitos eram bem diferentes.

A escravidão, p. ex. , era uma situação legal decorrente de derrotas guerreiras e a situação do escravo completamente diferente da que conhecemos pelo nosso instituto.

Recomendo estudarem o instituto da escravidão entre os povos antigos.

Havia diferenças fundamentais entre os escravos de árabes, de judeus, de romanos etc.

Na verdade quem criou o direito de vida e morte do senhor sobre o escravo foram os romanos, por analogia: se o vencedor podia matar o vencido se assim quisesse, também poderia matar o escravo já que este era um vencido na guerra.

Mesmo assim, as leis de Roma eram severas no que concerne ao tratamento de escravos por senhores.

Como costumo afirmar, não devemos pensar que todo o mundo era como os portugueses que sempre foram extremamente cruéis com que lhes estivesse submetido.

O tema vale um estudo muito interessante mas ninguém quer mais perder tempo com portugas.

Nem eles: em Portugal, a impressão que se tem é que os galegos não sabem nada do seu passado e se sabem, escondem-no.

De vez em quando eles se referem às riquezas de alguma igreja como”construída com o ouro do Brasil “ mas só porque, no momento são socialistas mas como ainda lambem as feridas do salazarismo fradesco, são reticentes nas afiramativas.

De leve porque nunca se sabe o que pode acontecer.

Agora, p. ex., na Rússia, ganhou as eleições o tarado que dirigiu a KDG por muitos anos.

Deve ter negrinhos se borrando e é nisto que os portugueses pensam.

Em passant, hoje passo “Nau Capitânea” para o Ângelo eis que o seu professor de História está dando a viajem de Cabral.

Na verdade o Galvani poderia ter explorado um pouco mais o quotidiano nas caravelas que é matéria interessantíssima.

Pelo Galvani, as coisas se passavam como num navio de hoje, o que está muito longe da verdade.

Vide o instituto da “Trolha “.

No mais, tudo em paz.

Até a próxima.

 

 

 

Terça-feira, 18 de Abril de 2000, 23:00, chuva.

Fazia tempo!

Acontece que tivemos muitos happenings noturnos e aí falta tempo e disposição para sentar e escrever.

Houve o almoço do Pingo, o casamento da Karen, o jantar anual da Engenharia, churrascos etc.

Também, quarta feira passada, dei uma batida com o Versailles que não estava no programa.

Estou a pé até semana que vem e aproveitando para colocar o Gol em ordem.

Registro que ele apresentava um ruído  feio que teve  “n” diagnósticos, desde coroa e pinhão até rolamentos da  caixa.

Personagens importantes na arte de localizar e especificar origens de ruídos, como o João, ficaram sem saber ao certo do que se tratava.

Aí o Ângelo saiu com a Heloisa e achou que o barulho vinha do painel e que ponteiro do velocímetro estava pulando!!!

Toing….

Hoje trocamos o cabo e regulamos o velocímetro.

Falando no Ângelo, ele vai muito bem no seus trabalhos comigo e logo estará passando da fase de ofice boy para estagiário.

Heloisa continua firme no seu curso de postura corporal, lá na ESEFURGS.

De um modo geral, o povo vai bem, todos esperando a Páscoa.

Como o tempo está meio enrolado, com chuva e até frio, estamos aguardando os acontecimentos mas é possível irmos ao Imbé na quinta feira.

Do Rio, silêncio de rádio. Nem Lúcia nem Alemão têm dado notícias.

O PT escolheu o Tarso para candidato e agora temos que torcer para o PDT escolher o Negrão.

Vai ser difícil porque o PT é muito competente politicamente mas, como Negrão, é possível que se chegue ao menos a um segundo turno.

Pelo PMDB vai o Busato que também bate forte.

Pelo mundo ocidental, continua a novela do Elian, aquele guri cubano, e a queda das ações das companhias de alta tecnologia.

O juiz que julgou a questão da Microsoft decerto não imaginou que a sua sentença iria influir no mundo inteiro.

Mas parece que o furacão já amainou: hoje as bolsas reagiram e as ações Nasdac ( High Tec), subiram bastante.

Também temos o caso Ronaldo quem , no primeiro jogo após a operação no joelho, rompeu os ligamentos e teve um deslocamento de rótula muito feio; tão feio que deu para ver na imagem da TV a rótula dele saindo do lugar.

Não se sabe se ele voltará a jogar.

Este ano, certamente não.

Olhando o que escrevi, até parece jornal de TV: é só notícia ruim.

A boa é que um índio quase espetou o ACM no Senado…

Aliás os índios estão fazendo o maior auê com a história dos 500 anos: um monte de beiçudos pintados, andando para e lá e para cá, de bermudas e chinelas de dedo, dizendo que o Cabral era um grande filho da puta.

E aí, os intelectuais de salário mínimo, aplaudem os nojentos e escrevem os mesmos lugares comuns de sempre: a descoberta não foi descoberta mas sim uma conquista, que Cabral sabia para onde ia, que os portugueses já tinham estado aqui etc. etc. etc.

Só eles que sabem disto: ninguém nunca desconfiou.

Até um livro “De esmeralda situ orbis etc. “ ou algo assim, um piloto português já havia escrito.

O cara ser intelectual em Porto Alegre significa ter feito curso de Letras na PUC, noturno, e escrever uma tese sobre o emprego que o Pero Vaz pediu para um sobrinho dele, na famosa carta ao rei D. Manuel.

Nunca esquecendo que deve freqüentar o cine Guion e os eventos de Porto Alegre Em Cena, na Casa de Cultura Mario Quintana.

O pobre do velho Mario deve amaldiçoar o nome da tal casa, tão ruins são as apresentações que fazem por lá.

Este ano foi tanto vexame que duvido que a coisa se repita no ano que vem.

Quando a gente lê as notícias sobre os tais espetáculos, fica pensando que alguém está brincando, que deve ser gozação mas, não é.

Os caras são medonhos, mesmo.

Este ano piorou porque agora tudo quanto é tarado do Mercosul tem estande para apresentar suas besteiras: vem gente do Chile, do Uruguai, da Argentina e até do Paraguai.

A condição é ser do PT de lá.

Teve uma malher – argentina –  que montou uma balsa dentro do Guaíba com um monte de comida dentro.

Resultado: os aribus acabaram com a pièce d’honeur dela e o fedor ficou insuportável,.

Tiveram que chamar a SMAM para recolher o lixo e a malher deu discursos, indignada com a inguinorância dos nativos que não sabem reconhecer uma obra prima.

Então tá.

E por aí empós: como disse, foi tanta besteira que duvido que o ano que vem reabra a tal feira de maluquices.

Um outro personagem montou um murinho de tijolos no Largo Glênio Peres e idem ficou indignado quando alguns provectos cidadãos, dedicados a empreendimentos papeleiros, na calada da noite, desmancharam o tal murinho para proceder à melhorias em suas residências.

O artista achou que eles estavam protestando contra a sua obra…

Nesta altura e no tal festival, andar com uma melancia pendurada no pescoço é uma declaração de recato e conservadorismo.

Pena que não fiz registros mais próximo dos acontecimentos: teria sido muito mais divertido; agora já esqueci muita coisa.

Quando o Stanislau escreveu “Festival de Besteiras Que Assola o Paíz “, em 64, ele nunca imaginaria o que iria acontecer em 2000,  no reinado do PT.

A Secretaria de Cultura do Município, é uma coisa de derrubar o queixo: no tempo do Olívio, até revistinhas de sacanagem eram publicadas mas agora parece que piorou.

A ordem deve ser  “ Èpater les bourgeois ”.

Prometo que vou ficar de olho nas promoções culturais do Município e do Estado.

Dizem que o Olívio foi numa festa de galpão, tomou umas canguaras e instado, declamou:

– Quando eu era pequeninho

Minha mãe me dava leite

Mas agora que eu sou grande

Minha mãe me dá porreite.

De acordo com as notícias, foi vivamente aplaudido pelos presentes.

Pior do que isto só as questãs lá de Bagé, com as inúmeras petições alegando que as ovelhas furaram as cercas, que os bois tiveram suas marcas trocadas, que o fulano derrubou o aramado, que o x churrasqueou os carneiros do y etc. e tal.

Eu não mereço, eu devia era morar em Princeton e lecionar História Antiga na Universidade.

Fumar cachimbo, ter uma poltrona e um cachorro simpático.

Maudit Cabral.

Muito bem, por hoje chega.

Boas noites. Quarta-feira, 19 de Abril de 2000.

 

Quinta-feira, 27 de Abril de 2000, 06:52, bom.

 

Ao que me lembre, esta é a primeira vez que começo a escrever tão cedo; acontece que fui ao aeroporto levar Heloisa que embarcou para o Rio.

Infelizmente a Zilda faleceu ontem de noite, 21:00 horas e a Heloisa está indo para o enterro.

Retorna hoje de noite.

A previsão é que o enterro seja hoje ao meio dia.

Foram três anos de sofrimento para a Zilda.

E a vida continua.

Bem.

Passamos a Páscoa no Imbé e estava muito bom: tempo de Outono perfeito, estiveram quase todos ( Bolão de plantão e Isinha voltou sábado), houve procura de ninhos, churrasco etc.

O inusitado ficou por conta do assalto que a Isinha e os guris sofreram na madrugada de sábado.

Ela estava com o Ângelo, o Lucas e o Edu Galinha no carro e fora em casa carregar para voltar a POÁ, lá pela meia noite.

Aí apareceu um personagem armado com revolver e, após ameaçar os guris, levou a bolsa da Isinha.

Ninguém se afobou, a Isinha levou o assaltante no papo e ninguém se machucou.

O cara estava chapadíssimo e só não levou a pior porque, nestas horas, a surpresa faz a vantagem e ninguém tem condições de bolar uma contra-ofensiva.

De qualquer maneira, os documentos todos foram achados no dia seguinte, domingo, e nem mesmo cheques assinados o assaltante levou.

O cara deveria ser um amador e só queria uns pilas para a droga.

Ficou só a raiva da impotência e a necessidade de mais precaução mesmo no Imbé.

Com a história da Polícia não mais baixar o cacete nos marginais, sejam eles assaltantes ou agitadores, a situação da Segurança está ficando medonha.

Tivemos um exemplo contundente agora nos festejos dos quinhentos anos do descobrimento: uns arruaceiros do PT e do PCB tocaram fogo no relógio dos quinhentos anos e a polícia só assistiu.

Questionado, o filho da puta do Olívio disse que a manifestação era legítima e a Brigada não poderia mesmo baixar o cacete.

Depois se desdisse com  maior cara de pau e é por isto que eu adjetivei o personagem.

Acho que, com esta o Tarso, terá dificuldades em se eleger.

Repito: estes PT ainda vão armar confusão e da grossa.

Ante ontem estive em Caxias e Flores da Cunha e trouxe de lá anioline, torteil e figadas. Além de uvada e pessegada.

A doceira de Flores é daquelas italianas típicas e o seu local de trabalho, com tachos, fogão a lenha etc. é muito agradável de se ver.

Na frente tem uma placa: “ CHIMIA…”

Ontem jogamos pocker e só eu ganhei.

Fiquei com a impressão de que os mais parceiros, Vares, Bauer e Leibi, não são páreo mas, em jogo, nunca se sabe.

De resto tudo andando.

Hoje seria o aniversário da mãe e pretendo dar uma chegada no cemitério.

Lembro que não costumo comentar os falecimentos, como é o caso da Zilda porque acho a morte um acontecimento tão complexo e inexplicável que não me atrevo.

O que cabe é lamentar e esperar que os sobreviventes consigam seguir suas vidas.

Até a próxima. Quinta-feira, 27 de Abril de 2000

 

Sábado, 29 de Abril de 2000, 18:26, nublado e quente.

 

Acabamos de chegar da Gauchacar (?) onde adquirimos um Gol 2000 para Heloisa: demos o velho ( mas ainda muito bom e com grandes serviços prestados à família), mais R$ 5.000,00 e o restante financiado em 36 meses a R$ 320,00/mês.

É um Gol de geração 3, mesmo que eu não saiba o que é isto.

Quem botou lenha na fogueira foi o João mas, estava na hora de trocar o Gol 89.

Inclusive, na volta da Heloisa do Rio, nos deixou na mão no aeroporto.

Hoje os pais do Tergolina festejam sua bodas de ouro e foram todos de ônibus para Piratuba, uma estação termal de Santa Catarina, vale do rio do Peixe..

A viajem começou ontem de noite e devem regressar amanhã.

Foram o Pingo, o Ângelo e o Lucas.

Grandes festas.

Ano que vem devemos idem completar 50 anos de casados.

Não demora e vão ter que inventar um metal para festejar 100 anos!

Urânio, decerto e os mais abastados irão festejar na Lua ou em Marte.

Lembremos que há 50 anos atrás, voava-se de DC2 e ir ao Rio levava de 5 a 6 horas.

Sugiro Imbé…

Aliás, amanhã pretendemos ir para lá, entre outras coisas para ver o filtro da piscina que, segundo o Julio, pifou de vez.

Há horas que quero trocar o filtro e parece que esta é a oportunidade.

Muito trabalho pela frente e pouca – pouquíssima – disposição.

O coração não anda lá estas coisas.

Hora de ir no Jorginho.

Os Fietz já estão na praia, sem notícias dos Barrios e o Bolão fazendo o seu tradicional plantão em Parobé.

Lembremos que segunda feira é feriado.

Isinha também sem dar notícias mas deve estar tratando de aproveitar a ida dos guris para dar uma geral na mansão de Ipanema.

Heloisa acaba de chegar da Alda e está tudo em paz, dentro das posssíbilidades.

O Paulo até agora não fez contato.

Amanhã, Grenal sem maiores interesses porque ambos os times estão uma porcaria.

Assim que desejo boas noites a todos.

Em tempo: para quem escreve, a maior dificuldade é de como começar uma história mas eis que me acudiu uma idéia genial.

Deve –se começar assim: “Era uma vez…”

É ou não é?

Sábado, 29 de Abril de 2000

 

Terça-feira, 9 de Maio de 2000, 21:28, frio.

Nestes dez dias muitas coisas aconteceram: a Heloisa recebeu carro novo, eu comprei um computador novo, encerrei uns processos muito chatos, o Collar ganhou as prévias do PDT, o MST está afim de botar fogo no circo e por aí empós.

Também perdi um dentão daqueles de traz, um caso de banguela virtual.

Amanhã devo fazer o seguro do gol para que afinal possa sair da garagem(?).

Sem seguro, nem pensar.

O carrinho tem uma placa fácil: IJL3453.

Os familiares estão todos bem, como naquele filme do Mastroiani.

Os Barrios passaram o fim de semana em Gramado e o restante do povo veio para cá faturar um grandioso galeto.

Esteve também o Paulo Martins que na hora do bem bom disse que queria carne…

E eu disse que carne não tem.

Então ta.

Hoje aniversaria, quinze anos, a Emanuela e a Heloisa telefonou para lá mas não há sinais de grandes festas.

Decerto para não surgirem tentações de guloseimas.

A Silvia já está trabalhando numa novela cafona mas é o que ela pediu para a Grobo pois deseja tempo para a família.

Nelson andou por aqui em assuntos budistas mas não apareceu.

De grão em grão a galinha enche o papo mas eu abusei na janta e estou meio enjoado.

Meu estomago que digeria aço inox, nestas alturas reclama até de canja.

Acho que estou ficando velho…

Acabo de vir da TV, canal 7, onde apresentaram a Virginia dando aula; pena que chegamos atrasados mas decerto alguém gravou.

Hoje as notícias são poucas mas não por serem e sim porque estou enjoado stritu senso.

Assim que boas noites.

Terça-feira, 9 de Maio de 2000.

 

Segunda-feira, 15 de Maio de 2000, 22:24, enfarruscado.

De vez em quando acodem-me lembranças de velhos poemas:

Lá brada César morrendo,

No pugilato tremendo

Quem sempre vence é o porvir.

Ora, o que é  que tem a ver o Cesar com as calças?

Pior do que isto só o programa da Hebe que a Heloisa está assistindo como costuma fazer às segundas feiras.

A Hebe, o Tom Cavalcante, o Sai de Baixo e até o Faustão, já deveriam ter pegado o bonde e ido para os vestiários; principalmente porque não existem mais bondes.

A pé, seus enganadores.

Domingo, ontem, Dia das Mães, grandioso churrasco; não esteve o Bolão que se divertia no plantão de Parobé, grande centro médico do Vale do Parinhanha.

Tem até espátula para baixar a língua dos eventuais amigdalíticos.

Em compensação, os açougues de lá têm carne ótima e barata.

Claro que não tão baratas como afirma o Bolão mas com isto já estamos acostumados.

Hoje estive em Guaíba, lugar que não ia há mais de 50 anos; é surpreendente a vista de Porto Alegre; fui na casa de um grande proprietário quem, do pátio, tem uma visão de Porto Alegre, ali, na frente.

Se houvesse barcos, poderia se dizer que mora no centro.

A terra é plana e o gramado se estende até a beira do rio.

Uma beleza.

A propriedade dele, uns duzentos hectares, fica ao lado da área em que seria construída a Ford!

O cara, que perdeu uns cem milhões nesta brincadeira, tem uma opinião muito especial sobre o Olívio e o PT.

Somente indo lá e ouvindo as partes é que a gente pode avaliar a cagada dos PT e o prejuízo que deixaram para o Estado.

Não vamos nos recuperar mais.

Com a Ford e a GM aqui, as duas maiores empresas tradicionais do ocidente, o Rio Grande estaria em todas as vitrines e despertaria o interesse do resto do mundo.

O que teríamos de novos empreendimentos é inimaginável.

Agora – é verdade- também estamos nas vitrines: junto com a Coréia do Norte , somos os únicos albaneses do mundo.

Não podemos esquecer.

Quinta feira o Dr. Barrios segue para os USA; leva a incumbência de trazer uma nova máscara para o Papai Noel.

No mais, tudo em paz.

Bastante trabalho e pouca, pouquíssima disposição.

Não sei quanto tempo mais agüento.

Ou talvez isto seja a síndrome da segunda feira?

Quien sabe?

Se o sob do Olívio pagasse precatórios, eu poderia me aposentar com toda a tranqüilidade porque já teria uns 150.000,00 garantidos.

Para registrar que um vendaval levantou parte do telhado da casa dos Fietz no Imbé mas foi coisa de pouca monta.

Assim que boas noites. Segunda-feira, 15 de Maio de 2000.

 

Segunda-feira, 22 de Maio de 2000, 17:39, bom.

Há certos versos que, mesmo sem ter nada a ver, casam – se perfeitamente:

 

“Estava a doce Inês posta em sossego

Por mares nunca dantes navegados…”

 

É claro que os dois são do velho e denodado Camões mas, um é uma coisa e o outro é outra, grande verdade!

A doce Inês é aquela que depois e morta foi rainha no século XIV e  quem andou por mares nunca dantes navegados, foi o Vasco da Gama e outros, no inicio do século XVI.

A pergunta é:

  • E daí?

Daí, nada, ora bolas.

Só de chato, vou ver se acho os poemas do sobredito e transcrever mas acho que o livro está com o Ângelo.

Não que ele seja fissurado em Camões, são lembranças do vestibular.

Uma coisa que agradou muito foi a obrigatoriedade dos vestibulandos para estudar o teatro do Gil Vicente, século VVI.

Acontece que assim eles passam a ter um termo de comparação com a s medonhezas que por aqui se cometem sob o nome de teatro.

Nunca esqueço um comentário ouvido na saída de um teatro local quando um bando de malfeitores escrachados, que atuavam numa companhia chamada “Asdrúbal trouxe o trombone”, apresentaram uma peça dita moderna:

  • O Asdrúbal deveria enfiar o trombone no … deles!!!

Aquela doméstica que faz o programa Vuvuca era a estrela do Asdrúbal e aí temos uma amostra do que era o resto.

Pior do que isso só Curitiba, de tarde, no inverno.

Voltando aos fatos, a semana passada foi normal, fez frio e a gripe acometeu o Paulo Martins donde foi para a Alda e daí para a Heloisa.

Dia 20 tivemos o aniversário de 18 anos do Ângelo que foi comemorado com um almoço em petit comitê na mansão de Ipanema. Estivemos nós e mais o Pinho e a Ilsa, além do Edu Galinha, único convidado.

Estava muito bom.

Não – não –  havia carne com cerveja, substituída por “poule ao vídeo”.

Nosso presente foi uma correntinha de ouro.

Patrícia foi para Curitiba no meio da semana e os guris ficaram conosco.

Ela voltou no sábado e como estava sem a chave, ficou por aqui também.

Domingo não fizemos churrasco e almoçamos no Mama que está bastante bom.

Bolão e Liege foram para o Pinhal e os Fietz ficaram em casa.

Carlos segue nos USA e Montevideu até o próximo sábado.

Patrícia, em agosto vai para Londres o que, sem dúvida é uma boa.

Deverá ficar por trinta dias.

Nós, vamos ver se conseguimos ir até ao Imbé no próximo final de semana…

Boas noites. Segunda-feira, 22 de Maio de 2000.

 

Quarta-feira, 24 de Maio de 2000, 21:15, tempo bom.

Hoje, dia da Infantiria de Linha, um pouco de ciência avançada.

A Física Quântica trata de fenômenos físicos que se verificam em nível atômico.

Por exemplo, um corpo se desloca a uma velocidade X mas, o que ocorre com seus átomos ?

Por exemplo, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, o que é também um imperativo categórico de nossa mente.

Mas, segundo os magos de plantão, ocupam!

Por exemplo, um corpo não pode estar em lugares diferentes ao mesmo tempo – o que é outro imperativo categórico – mas estariam.

Por exemplo, um corpo não pode comportar-se de duas maneiras distintas, dependendo se esteja sob observação ou não, mas se comporta.

O “mas ,”caracteriza as respostas dadas por um sem número de curiosos da Física Quântica os quais se resentem d emaiores informações científicas.Assolado por dois destes curiosos, que me encheram de livros mais ou menos quiméricos sobre o assunto, resolvi estuda-lo de forma séria para ver o que realmente está acontecendo nessa área.

Leiamos, com cuidado o texto que segue, uma tradução que fiz da Quillet.

 

CONSEQUÊNCIAS FILOSÓFICAS DA TEORIA DOS QUANTA.

 

Interessando de perto a problemas fundamentais, a teoria dos quanta, em sua forma recente, tem tido uma influência marcante sobre certos capítulos da Filosofia.

A razão profunda desta perturbação, foi a introdução do “descontinuo” na ciência do movimento, ou seja, numa ciência que até agora era, essencialmente, uma teoria do “continuo”.

As diversas conseqüências foram admitidas em decorrência de uma penetrante análise partindo da premissa do sentido que se deve dar aos termos “conhecimento do mundo físico e àquele do mundo atômico ou nuclear”.

De um modo geral, a sanção da experiência é capital para toda a teoria física; para que a hipótese que ela propõe possa ser considerado como descritora de um fenômeno natural, é preciso que os resultados que se obtêm estejam de acordo com os resultados das medidas experimentais.

O problema da medida de grandezas físicas está colocado nos primórdios da mecânica quântica e seu exame atento causou a modificação de um certo número de nossas antigas concepções.

Mede-se uma grandeza ligada a um sistema físico em evolução, observando a reação dele sobre “um aparelho de medir”.

Deve pois, haver, necessariamente, interação entre o sistema físico e este aparelho, sem o que este último não fornecerá nenhuma indicação.

Fica claro então que o processo, em si, de medir introduz uma perturbação no fenômeno observado, perturbação geralmente fraca e que não influi sensivelmente sobre o objeto considerado.

Pode-se até ir mais longe – em Física clássica  – e imaginar que, aperfeiçoando-se os aparelhos de medir, tornamos esta perturbação cada vez menor, o que modificará cada vez menos o fenômeno considerado.

Por uma passagem contínua ao limite, poderemos então conhecer experimentalmente um fenômeno sem que nossas medidas tenham alterado seu desenvolvimento.

Dizer, por exemplo, que um elétron mantém uma trajetória determinada, pode ter, na hipótese acima, um sentido experimental bem definido.

Resumindo, em Física clássica, admite-se que a perturbação introduzida pelo aparelho de medir, pode ser considerado desprezível e é precisamente neste ponto que a Mecânica Quântica nos obriga a mudar nosso ponto de vista!

Com efeito, esta Mecânica estuda o movimento das menores partículas da matéria, elétrons, prótons, etc.

Ou, em última análise, os aparelhos de medir, em si,  são constituídos por partículas do mesmo gênero; iremos medir portanto certos elementos com outros elementos do mesmo gênero e grandeza e não espanta portanto que, nestas condições, as perturbações não sejam , necessariamente, desprezíveis!

Este tipo de raciocínio não é convincente a não ser quando aplicado no domínio das partículas elementares; a priori pode-se imaginar que seja possível conduzir as medições de tal modo que todas as perturbações tornem-se desprezíveis quando se atinge o limite.

Isso, no entanto,  pressupõe uma condição essencial para passagem ao limite, a saber, a continuidade.

Ora, se esta continuidade existe em Física clássica, ela não existe em Mecânica Quântica: uma certa grandeza mecânica, o movimento, varia por saltos: seu valor é sempre um múltiplo inteiro da constante h de Planck.

A passagem ao limite é portanto impossível( em geral), e segue-se que toda a medição introduz, necessariamente uma perturbação ainda que imprevisível no fenômeno estudado.

Não podemos mais considerar o fenômeno em si mesmo, independente do instrumento de medição, o que nos leva a uma outra dificuldade ou seja, aquela de determinar a fronteira entre o sitema de medição e o sistema estudado.

Estas perturbações se traduzem por uma indeterminação essencial em nossas medições baseadas,( cifradas), em qualquer forma, pelo valor da constante de Planck.

A maneira de como elas, as perturbações,  aparecem efetivamente é muito rica até mesmo em conclusões filosóficas; examinemo-as no caso simples do movimento de uma partícula livre, um elétron, por exemplo.

Dirijamos, pois, um feixe de elétrons perpendicularmente a um écran que tenha um orifício de diâmetro d milimetros.

Os elétrons que passam pelo orifício terão assim uma posição aproximadamente determinada; teremos pois “medido” sua posição com aproximação de d milímetros.

Esta medição- pela passagem no orifício –  perturbou o fenômeno “movimento de um elétron” e a mecânica ondulatória nos ensina de que modo o fez.

A velocidade de um elétron – ou mais exatamente, a quantidade de movimento que lhe é proporcional – foi afetada de tal maneira que nos não saberemos daqui para diante medir sua componente ao longo do écran à mais de h/d, aproximadamente, qualquer que seja o método empregado.

Nós podemos diminuir o diâmetro do orifício d e reduzir assim a incerteza sobre a posição do elétron; mas então a indeterminação da velocidade de h/d, aumentará.

De um modo geral, d e p sendo as indeterminações com as quais nossas medições fixam respectivamente a posição e a quantidade de movimento do elétron, o produto p.d é sempre da mesma ordem de grandeza que h, resultado conhecido como Relação de Indeterminação de Heinsemberg.

 

Do ponto de vista geral que nos preocupa neste trabalho, a credibilidade da precisão de uma medição não se obtém senão em detrimento da exatidão com a qual se pode medir um outro elemento do fenômeno considerado.

No limite, se medirmos exatamente um dos elementos do fenômeno, nos estaremos seguros de que a perturbação foi de tal monta que um outro elemento resta completa e essencialmente indeterminado.

A constante de Planck introduziu pois uma indeterminação essencial:

as grandezas cujas precisões variam em sentido inverso ( como por exemplo p e d) chamam-se grandezas canonicamente conjugadas.

Nos não podemos conhecer simultaneamente duas grandezas conjugadas se dermos ao termo”conhecer”o seu único sentido razoável em Física, qual seja, “medir”.

Segundo esta concepção, o conhecimento dos fenômenos não pode ser ao mesmo tempo exato e completo: ou bem nós percebemos todos os aspectos mas de modo impreciso, ou percebemos um em todos os eus detalhes mas isto mesmo nos impedirá de distinguir um outro aspecto do fenômeno que chamamos complementar do precedente.

No fundo, não há nada de chocante em admitir, em princípio, esta dualidade eis que nossa experiência quotidiana no-la apresenta de mil maneiras: nós não podemos, por exemplo, perceber numa olhada, uma face de frente e de perfil; ou ainda, enquanto se observa uma preparação ao microscópio sobre um plano de corte determinado, todos os outros planos são, necessariamente indeterminados e inobserváveis.

Voltemos ao exemplo precedente.

Seja um fluxo de elétrons incidindo perpendicularmente sobre um écran com um orifício.

Um raciocínio simples mostra que, após a passagem pelo orifício, as velocidades não serão mais normais ao écran mas desabrocham em leque, tanto mais aberto quanto o orifício seja menor.

Passemos ao limite de um orifício infinitamente pequeno.

Assim que, antes do écran, ali onde a posição do elétron pode ser um ponto qualquer do espaço, as velocidades são todas paralelas; depois da passagem pelo écran ou seja depois de estar fixada a posição da partícula, obrigada por nós a passar pelo orifício, as velocidades preenchem todo o espaço e a propagação dos elétrons se faz de modo radial a partir do orifício, como se este fosse uma fonte, emitindo uma onda esférica.

O exemplo dado refere-se a um fluxo de elétrons mas a propagação por ondas esféricas tem lugar mesmo se um só elétron é lançado.

Temos pois no écran, antes e depois, dois aspectos complementares do mesmo fenômeno, o aspecto corpuscular e o aspecto ondulatório.

A luz se nos apresenta o mais comumente como um fenômeno ondulatório mas sabemos ser suficiente coloca-la sob certas condições experimentais para que apareçam seus caracteres corpusculares.

Um elétron é considerado essencialmente como um corpúsculo, entretanto basta faze-lo passar por um orifício suficientemente pequeno para constatar, do outro lado do écran o aparecimento de franjas de difração, prova irrefutável duma propagação ondulatória.

Do ponto de vista filosófico, uma nova noção se libera cuja importância ultrapassa o quadro  de sua aplicação, a noção de complementaridade, diferente daquela da exclusão.

Ou seja, alguma coisa que até aqui considerávamos exclusiva em relação à outra, pode coexistir complementarmente.

Paralelamente com o aparecimento de novas noções, certas noções clássicas perdem toda significação.

É assim ,por exemplo, a noção de “trajetória de um elétron”.

Para poder seguir um elétron em sua trajetória, seria preciso fixar , por medições, a posição dos seus diversos pontos.

Ora, a primeira medição perturba radicalmente o movimento e a “trajetória” desaparece.

Não é mais possível  fixar o que, em mecânica clássica, se chama

“as posições sucessivas de um ponto em sua trajetória” e esta constatação é prenhe de conseqüências ponderáveis.

A nova mecânica nos dá, em bloco, todas as posições possíveis do ponto ou, de um modo geral, todos os valores possíveis de uma grandeza mensurável qualquer; ela acrescenta, todavia, a probabilidade de que uma medição determinada forneça, precisamente tal ou tais valores entre aqueles que ela designou como possíveis.

As possibilidades aparecem aqui de um modo inteiramente diferente daqueles da teoria clássica. De fato, como conseqüência das concepções fundamentais é o problema  da casualidade e do determinismo dos fenômenos naturais que está em jogo.

Laplace formulou de um modo surpreendente a concepção do determinismo absoluto que é o da mecânica clássica:

Nós devemos portanto visualizar o estado presente do Universo como o efeito de seu estado anterior e como a causa do que irá se seguir. Uma inteligência que em um estante determinado, conhecesse todas as forças que animam a natureza e a situação respectiva dos seres que a compõe, e se fosse tão vasta que lhe permitisse a análise destes dados, incluiria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do Universo e também aqueles dos átomos mais leves; nada seria incerto para ela e o futuro, como o passado, estaria presente aos seus olhos”.

A situação mudou radicalmente com a mecânica quântica.

Retomando o exemplo simples antes mencionado, seria suficiente, em mecânica clássica, de dar a posição inicial de um ponto material e a lei do seu movimento ( sob a forma de uma equação diferencial) para se poder daí deduzir sua trajetória ou seja, suas posições sucessivas que estariam então perfeitamente determinadas.

Ora, em mecânica quântica, não é mais possível ligar entre si as “posições sucessivas” para constituírem uma curva real que seria seguida pelo elétron; em particular não é possível afirmar que tal posição é posterior a uma posição inicial àquela que  será conduzida através de uma série continua de posições intermediárias, permitindo estabelecer entre elas uma ordem de sucessão. Estando fixada uma posição inicial, a posição do ponto num momento ulterior não é determinada; toda uma série de posições são possíveis entre aquelas que tenham uma maior probabilidade.

Neste sentido, a mecânica quântica é indeterminista, ou melhor, apresenta um determinismo estatístico, probabilístico.

Certas teorias clássicas, a teoria cinética dos gases, por exemplo, fornecem também seus resultados unicamente sob a forma de probabilidades mas diferem na sua essência da mecânica quântica. Na verdade, o aparecimento das probabilidades não é devido, neste caso,  senão à intervenção dos grandes números e à ignorância em que nos achávamos no que concerne aos detalhes microscópicos dos fenômenos.

Os movimentos das moléculas gasosas obedecem à leis precisas que são aquelas da mecânica clássica; existe sempre nestas teorias estatísticas uma determinação sub-jacente, mesmo que se suponha seja o acaso puro que governa os movimentos elementares- porque o acaso puro, ou seja, a ausência de qualquer lei, é também uma lei perfeitamente determinada.

Nada disto tem a ver com a mecânica quântica: trata-se aqui de um indeterminismo essencial que tem sua origem, ao fim das contas, na introdução da descontinuidade do quantum h e em uma análise mais acurada do que se deve chamar de grandeza observável.

Cabe evitar, quando se examina estas questões, uma confusão que muitas vezes se faz entre determinismo e casualidade. Antes da mecânica quântica, o determinismo absoluto de Laplace permitia-lhe examinar os dois problemas simultaneamente. A mecânica quântica é indeterminista mas isto não significa que ela seja causal. Ë de todo evidente que ela não pode ser causal porque ela pretende prever a evolução dos fenômenos naturais e que a própria noção da lei natural se esvanecerá se abandonarmos a causalidade.

Ela prevê os fenômenos na medida em que é possível faze-lo e mostra precisamente quais são os limites desta possibilidade. Ela sobrepõe ao determinismo absoluto um determinismo estatístico que não permite senão enunciados de possibilidades.

Há mais: a argumentação precedente concerne unicamente a grandezas observáveis, derivadas de fenômenos naturais, ou seja, aqueles para os quais é necessário medir para descrever o fenômeno.

Podemos, no entanto, imaginar a existência de grandezas fisicamente inobserváveis, ligados de um ou de outro modo aos fenômenos considerados; suas leis de variação não são naturalmente submissas às restrições precedentes: não estamos mais no plano da Física mas no plano matemático onde a medida não intervém mais e onde nada nos impede de criarmos as hipóteses que julgarmos úteis.

Circunstâncias paralelas se encontram precisamente em mecânica ondulatória.

O “estado”de um sistema físico é ali definido por uma função   , chamada função de onda ( ondulatória), grandeza não observável.

Ora, a evolução no tempo desta função, é definida por uma equação diferencial, ou seja que ela se desenvolve segundo as leis do determinismo o mais estrito.

Podemos dizer pois que a mecânica ondulatória descreve a realidade segundo dois planos; de uma parte o plano dos estados do sistema , plano matemático, ideal, tratando de grandezas não mensuráveis; e de outra parte o plano das grandezas observáveis, plano físico no qual se reúnem grandezas acessíveis à experiência, que, em última análise, podem ser mensuradas e descrevem pois, fisicamente, o fenômeno considerado.

Os dois planos não se confundem e nem se sobrepõe : a separação é introduzida pelo ato da própria mensuração.

No plano físico não há determinismo; entre duas mensurações que determinam dois acontecimentos do plano físico, o “nexo causal” passa pelo plano matemático no qual as grandezas( inobserváveis) ligadas aos fenômenos seguem leis continuas e estritamente determinadas.

Em uma palavra: ou bem nós descrevemos os fenômenos no espaço tempo, no plano físico, no qual nós os observamos efetivamente e então não há determinismo mas sim relações de incerteza ou nós nos colocamos no plano matemático e obtemos uma imagem teórica, um esquema matemático no qual pode-se falar em “causalidade e determinismo” absolutos.

A diferença com a teoria clássica tem a ver com o fato que esta permite a descrição dos fenômenos no espaço tempo e determinismo absoluto.

Como se vê, a distinção entre grandezas observáveis no espaço tempo e grandezas essencialmente inobserváveis é muito importante.

A fronteira entre as duas categorias está perfeitamente delineada no estado atual da mecânica quântica mas não se pode afirmar,  a priori, que este traçado seja definitivo.

De fato, ensaios têm sido tentados recentemente para remover esta fronteira e toda a estrutura da mecânica quântica restaria modificada mas até ao presente momento, os resultados obtidos não deixam prever o rumo que tomará o desenvolvimento futuro.

Enfim, cabe mencionar um último ponto de contato entre a Filosofia e este ramo do conhecimento.

Examinamos as modificações profundas que a mecânica quântica traz à descrição dos fenômenos no espaço- tempo.

Em verdade, esta noção de espaço tempo é também uma noção de nossa escala e a questão que se põe é inquirir o que ela virá a ser e qual o sentido que deve-se lhe atribuir no que concerne ao infinitamente pequeno.

O problema ainda não foi estudado a fundo mas uma tentativa meritória deve ser assinalada. Partindo da introdução de descontinuidades em mecânica e mais particularmente de certas teorias que fazem crer a existência de um comprimento mínimo no Universo, uma hipótese foi formulada segundo a qual o espaço mesmo, poderia ser descontínuo.

O problema está posto e será necessário resolvê-lo; qualquer que seja a solução, sem dúvida alguma irá enriquecer a Filosofia.

Os eventuais pontos aflorados nas linhas precedentes mostram a a medida em que a nova Física Quântica caminha paralelamente à Filosofia.

Melhor ainda: os domínios respectivos vertem uns sobre os outros e, em certos momentos, as duas disciplinas se confundem; raramente , como agora, a Física mereceu o nome que outrora lhe foi atribuído:

“Filosofia Natural”.

Aí estão, portanto as respostas científicas às dúvidas dos quiméricos.

Acrescentemos algumas coisas, originais.

Há muito tempo atrás, quando despontavam os conhecimentos atômicos, eu dediquei-me ao estudo do que então se chamava Física Atômica, hoje Física Quântica e cheguei a algumas conclusões bem interessantes e que explicam muitas dúvidas ainda existentes.

Pode parecer cabotinismo mas formulei o seguinte teorema:

O estado corpuscular somente se manifesta quando o feixe de elétrons incide em sobre um corpo eletricamente instável.

Se a incidência ocorre sobre um corpo eletricamente estável, manifesta-se o fenômeno ondulatório.

Eletricamente estável é o corpo formado por átomos cujas órbitas não mudam de posição e nas quais o número de elétrons é constante.

Por exemplo, o vidro.

Assim, se um feixe de elétrons ( ou fótons como quis Einstein) incide sobre o vidro, eletricamente estável, o feixe atravessa o vidro comportando-se, antes e depois, como um fenômeno ondulatório.

Se porém incide em um furinho feito num papelão – ou algo assim, os elétrons do feixe arrastam aqueles dos átomos do papelão e manifesta-se o fenômeno corpuscular.

Parece-me muito fácil verificar o “teorema” em qualquer laboratório de Física que disponha de um emissor de elétrons, embora sob a luz pura da razão, o teorema seja uma evidência.

Prossigamos.

Se aplicarmos estes novos conhecimentos à Biologia, estaremos entrando na Bioquântica, palavra que acabo de inventar.

O que seria, por exemplo, um fenômeno corpuscular em biologia?

E um fenômeno ondulatório?

Poderíamos dizer que no fenômeno ondulatório vais só a mensagem e no corpuscular vai alguma coisa mais, por exemplo um “pedaço” de DNA?

Com a palavra os inúmeros médicos da família e também os químicos.

Bioquântica, não esqueçam.

O burro velho aqui vai continuar pensando no tema.

No mais tudo em paz, apesar da gripe da Heloisa e da Alda.

Boas noites.

Quarta-feira, 24 de Maio de 2000.

 

Segunda-feira, 29 de Maio de 2000, 21:44, frio com sol.

A gripe da Heloisa não era gripe, era mais uma pneumonia causada pela hérnia de hiato.

A coisa funciona assim: a Heloisa toma Propanazol para combater a azia decorrente da hérnia e o ambiente do estômago perde toda a acidez.

Acidez que acaba com as bactérias grã negativas que por aí pervagam.

Sem acidez no estômago, as bactérias ficam como querem e, por aspiração durante o sono, passam às vias respiratórias e fazem a pneumonia.

Ou seja, enquanto a Heloisa não operar a hérnia irá sofrer de pneumonias.

Assim que, quando se recuperar, começaremos os exames visando a operação que já deveria ter sido feita há, pelo menos, uns dois anos.

Domingo não tivemos almoços é claro e mandamos buscar um filé que estava bastante bom.

Isinha e os Fietz estavam no Imbé onde reinava um vento terrível e a conseqüente ressaca; diz a Virgínia que as ondas cobriam os quiosques o que suponho seja um leve exagero.

Bolão de plantão e os Barrios se recuperando das viagens aos USA, Uruguai e Curitiba.

O frio chegou e ontem estava brabíssimo; hoje melhorou um pouco o que significa que vem chuva.

“Parece que va llover

El tiempo se está cerrando

Ai mama me estoi mollando”.

Alda continua gripada e o Paulo ameaça retornar de imediato para o E.Santo, o que coloca a Heloisa em polvorosa.

Também o fato da Ângela estar doente e a Alda não querer sair dos seus penates, aumenta o problema.

A solução seria uma pessoa para dormir lá mas a Alda não admite mais estranhos na sua horta.

Vamos ver no que vai dar.

No mais, tudo em paz: a Heloisa já está melhor, apenas atribulada com o problema da Alda.

Ao que parece, a solução sensata é aquela proposta pela Patrícia: mesmo que não queira a Alda vai ter que admitir uma dama de companhia para a noite.

Boas noites. Segunda-feira, 29 de Maio de 2000.

 

Sexta-feira, 9 de Junho de 2000, 17:07, bom/regular.

Desta vez exagerei mas é que tenho estado ocupado com tantas coisas que, na hora de escrever, já esgotou a capacidade de trabalho.

De manhã, quando acordo, no período do espreguiçamento, escrevo bastante e certamente coisas muito interessantes; felizmente, até de noite, a febre passa…

Acho também que uma das razões para não comparecer é o programa do Silvio Santos, o Show do Milhão.

Comparecem alguns sorteados que se dispõe a responder perguntas para, tendo sucesso, no fim, ganhar um milhão de reais.

O que atrai no programa é que a facilidade das perguntas só é superada pela ignorância dos respondendores.

O  que motiva muitas reflexões.

Há uma fase em que os questionados podem se socorrer de estudantes universitários e aí a casa cai: ninguém mais confia neles porque ou opinam errado ou simplesmente não sabem.

Não pensar que são perguntas de nível ginasial: a maioria é matéria de primário.

Então fico pensando o seguinte: amanhã ou depois, um zebra destes pode chegar à Magistratura e como é que se argumenta com tamanhas nulidades?

Vou baixar a bola das minhas petições que, às vezes, vão meio longe demais.

Estou falando de Direito mas há também doutorandos e engenheirandos na berlinda.

Por isto, acho altamente construtivo assistir ao Silvio Santos, quem, tremendo ignorante, às vezes é surpreendido pela incapacidades dos candidatos.

O que reforça o meu brocardo: “Nunca desprezes a ignorância alheia: ela é muito maior do que se pode imaginar.”

Parece que no mundo inteiro somente uns três ou quatro ganharam o milhão mas, particularmente, creio que chegaria lá com enorme facilidade.

Bem.

As radiografias da Heloisa não confirmaram a tal pneumonia e os exames de sangue estão bons.

Achamos que foi só uma gripe.

Ontem – ou anteontem – o Paulo retornou para o Espírito Santo.

Esteve mais de mês aqui e só apareceu uma vez para comer, o que não é surpreendente.

  1. Alda recuperou-se e continua firme na disposição de não aceitar alguém para dormir lá.

O restante do povo vai bem e sem maiores novidades.

Esta semana o Ângelo não trabalhou porque está às voltas com exame de motorista.

Logo a seguir vem a inspeção de saúde para o Serviço Militar e as férias de inverno.

Acho que, à semelhança da Mecânica Quântica, o trabalho do Ângelo vai acontecer por saltos, sem continuidade.

Não esqueçamos: Matemática é a prove científica que prescinde da experiência (experimentação).

Esta é a tese filosófica vigente mas eu discordo: se o número é o resultado da comparação de duas grandezas, e se o número é a ferramenta de trabalho da Matemática, então, por conseqüência, a Matemática é também uma ciência experimental.

Quando se nega a natureza comparativa dos números, nada mais dá certo e entramos no reino da Fantasia.

Mas, há que respeitar certos princípios e este – a Matemática prescinde da experimentação ou seja é um método científico próprio – se for derrubado, a casa toda cai.

Também porque a gente pode verificar o acerto das conclusões matemáticas.

Por exemplo: calcula-se uma trajetória balística pela equação da parábola e se materializarmos o trajeto do projétil colocando alvos para que sejam perfurados, dá tudo zero a zero.

Salvo se… o foguete cair no coco de alguém.

A tese dos matemáticos é que, apenas com papel e caneta você pode analisar e concluir sobre todos os fenômenos que nos assolam, sem que ter que ir para o campo: a experiência vem depois só para confirmar.

É por isto que dá tanto galho em Astronomia, matéria em que não se pode ir para o campo.

Neguinhos bolam a teoria, demonstram por Matemática, montando umas equações meio furadas e, como ninguém pode contestar, ganham a fama, cátedras e alguns pilas.

Assim que dizer que a prova Matemática é fajuta, não é uma idéia que seja bem aceita no mundo acadêmico.

O restante do mundo nem tá, ou melhor, está no Silvio Santos.

Quem, aliás, pretendo assistir hoje à noite porque há uma senhora idosa que está prometendo.

Até a próxima. Sexta-feira, 9 de Junho de 2000.

 

 

Sexta-feira, 16 de Junho de 2000, 16;48, chuva.

 

Depois de um veranico de junho, o inverno está voltando.

Fim de semana…

Acabo de deixar Heloisa no Plaza, aniversário da Ilza Kieling que faz 80 anos e, mesmo morando em Florianópolis, veio festejar aqui.

Acho também que a mãe do Vita, Dona Branca, deve estar comemorando 101 anos por agora.

Como se denota, já entrei na quarta idade porque refiro-me a aniversário de amigos que já estão encostando no Matusalém.

Ante ontem esteve aqui, em visita, o Joaquim que me trouxe um livro para ler; o assunto é inteligência celular, matéria que andou me interessando no verão passado.

Na verdade o livro é uma picaretagem de alto bordo; claro que nos USA é bestseller mas só mesmo americano para engolir tanta ignorância, clichê e apelação.

O cara usa aquela técnica de rechear o texto com historinhas do quotidiano de consultório médico e é um clichê atrás do outro.

Depois resolve dar uma desbordada pela erudição e aí o barraco cai.

Segundo ele, a tentativa de adequar ciência com religião, começou há duzentos anos atrás.

Errou só por 2500 anos com Pitágoras e 1000 anos com Santo Tomaz.

E por aí vai o festival de asneiras cujo leit motiv é a afirmação de que o comandante da operação vida é o coração e não o cérebro, não passando este de um servo insubordinado e criador de caso.

Devemos lembrar ao insigne escritor que a vida já existe com coração mecânico e que, provavelmente, montar um cérebro mecânico, será bem mais difícil…

Também ele afirma que a batida do coração se propaga para fora do corpo na velocidade da luz, fenômeno ondulatório e assim, vai influenciar outros corações há n quilômetros sendo n um número infinito.

E daí, transmitir mensagens celulares…

Acho que o Sabino, de modo muito mais encantador, resumiu a dúvida  no dilema que assolava um personagem um seu personagem com dor de cotovelo:

  • Afinal, coração é instrumentos de sopro ou percussão?

Hoje fiquei sabendo que o Joaquim quer formar uma seita, ou Igreja Esotérica, e está me propondo para papa…

Como pretendo transmitir-lhe minhas observações sobre o livro que me emprestou, perece-me que a minha elevação a papa está seriamente ameaçada!!!

Eu mereço.

E por aí vamos.

O Ângelo, meu ajudante, sumiu no terreno esta semana.

Os Fietz vão amanhã para Criciúma.

Patrícia dá uma festinha para os doutorandos que estão sob seu magistério.

Isinha sem previsões e Bolão sem plantão no fim de semana.

A Liege me fez uma prótese nova que está bem.

O consultório dela pareceu-me bem movimentado.

Estão pensando em se mudar, por enquanto para a Glória mesmo, mesma rua.

Acho que devem.

Pessoalmente não ando muito bem porque se não tomo o remédio para o coração, fico cansado, com falta de ar etc. e, se tomo, o meu estômago explode.

Prefiro ficar cansado; não vou entrar naquela de tomar um remédio para compensar os males do outro.

Como dizem os franceses: estômago forte e coração fraco sinalizam um bom fim de vida.

No escritório, tudo em paz.

Hoje temos jogo no Vares mas como a Meneca não está muito bem do servo desobediente, vamos ver o que acontece.

Jogar, para ela, tem sido um suplício.

Novidade na televisão e aqui no computador é o programa do Silvio Santos de que já falei; agora o malandro está vendendo um CD multimidia que é igual ao programa.

A Heloisa e o Alemão jogaram bastante hoje de tarde e por duas vezes chegaram no prêmio de um milhão.

É meio chato mas inegavelmente instrutivo.

O CD ( R$29,90) bateu todos os recordes de vendas e já está lançado o seqüente com mais de mil perguntas.

O Abravanel realmente sabe de como ganhar dinheiro.

O Alemão almoça aqui às sextas feiras, com direito à cardápio, aliás invariável: massa.

Segundo ele, a sua alimentação é: massa no almoço e pizza na janta.

Falando nisto, com exceção do Zé, nunca vi qualquer um de nossos netos comer verdura.

Parece que a Helena andou mastigando umas alfaces em determinada época mas já abandonou o vício.

Eu sempre digo que estes meninos são sábios.

O Zé, mais dia menos dia, abre os olhos…

Escola, aluno para a professora:

  • Professora, lá em casa nasceram nove cachorrinhos e todos do PT.

A professora, CUT e CEPERS, vibra:

– Que beleza, amanhã quando o Bigode vier visitar a Escola tu contas para ele.

No dia seguinte, chega o Bigode e a professora chama o pimpolho:

  • Aristides, conta aqui para o Governador a história dos cachorrinhos.
  • Pois é, seu Olívio, lá em cãs nasceram nove cachorrinhos e cinco são do PT.
  • Ué! Não eram nove?
  • É fessora mas quatro já abriram os olhos.

Sei que é velha mas merece ser registrada como símbolo de uma época.

Por hoje chega. Vou começar a imprimir os registros do ano passado para encadernar e distribuir. Quem achou que tinha se livrado, enganou-se.

Até a próxima.

Sexta-feira, 16 de Junho de 2000.

 

Domingo, 25 de Junho de 2000, 10:31, ótimo.

Uma linda manhã de sol de domingo.

Estávamos indo para a praia  e antes passamos na Alda.

Acontece que, ontem à noite fomos visitá-la e na hora de irmos embora, ela tropeçou no fio do telefone e caiu.

Aparentemente não houve nada mas Heloisa ficou preocupada e resolvemos passar lá para ver de como as coisas se passaram desde ontem.

A Alda estava na cama sem poder se mexer assim que a Heloisa ficou com ela.

Havíamos combinado com os Fietz para um galeto no Imbé mas desta vez não deu.

O Ângelo está dormindo aqui porque ontem a turma dele da PUC

ficou jogando cartas até de madrugada. Entre os meninos está uma filha da Ana Banana, muito simpática.

Já é a segunda vez que vêm e são muito educados.

Os Barrios estão de churrasco na AABB, Bolão certamente de plantão em Parobé e a Isinha em casa.

Assim que irei almoçar no Mama, com o Ângelo se ele não for para casa.

O apelido dele no Mama é “Costelinha”porque ele come horrores de costelinhas de porco.

Quem me disse isto foi o dono do Mama.

Na semana que passou aconteceram algumas coisas registráveis.

A Isinha e o Tergolina estão acertando a chamada separação de bens, até aqui de modo tranqüilo que, aliás, é a maneira certa de fazer.

Da experiência como advogado, sabe-se que a operação separação de bens, se demora muito, vira picolé ou seja, começa no doce e termina no pau.

Esperemos que não seja assim.

O Pinho se enrolou, de novo, com a venda do tal apartamento da qual participei como meio de campo, um dia antes de ir para Portugal.

De modo que pode sobrar alguma rebarba para mim.

É a velha regra: você só complica quando tenta ajudar o próximo.

Claro que depende do próximo, mas a regra é quase geral.

A família está com grandes plano de viagens para os próximos meses: Patrícia vai para Londres e Isinha para Barcelona.

Teremos que nos desdobrar para atender a gurizada.

No plano político, apesar da intensa campanha contra FHC, movida peals esquerdas com vistas nas eleições de novembro, o Brasil vai melhorando.

Juros caindo, ausência de inflação estas coisas fundamentais.

Aqui em POA, até agora, o Tarso corre uma barbada e, a não ser uma grande virada do Negrão, nem segundo turno teremos.

Os PT, com sua tradicional eficiência política, estão fazendo tudo para impressionar os eleitores: as obras na cidade estão em ritmo acelerado e a  propaganda intensa.

Felizmente, até agora, tudo em modo civilizado, sem baixarias.

Tivemos um fato terrível em Uruguaiana: uma creche pegou fogo por total incúria dos encarregados e doze crianças morreram.

Casualmente ouvi no rádio uma entrevista da delegada que faz o inquérito e é de estarrecer: numa sala com crianças entre um e três anos, havia uma estufa no chão, cercada de roupas para secar e as encarregadas haviam saído para coletar brindes para uma quermesse!

Sem mais comentários.

Já estamos no inverno mas hoje está uma temperatura agradável.

A previsão é de frio hoje de noite, com chuva.

Ou seja, a velha regra: se esquenta, chove.

Boas noites .

 

Sábado, 1 de Julho de 2000.

Ou seja, já estamos no segundo semestre do ano 2000.

Ainda no domingo passado, Heloisa levou D. Alda para fazer radiografia e  Tomografia mas nada foi encontrado de sério, só o que parece ser uma pequena trinca numa ponta de osso do sacro mas, com dúvidas.

Como não pode caminhar, D. Alda está aqui conosco mas desejando retornar aos seus lares. O que é razoável, considerando que este é um ponto de vista dela, firmado e antigo.

Como todos sabem, parto do princípio de que, com mais de sessenta anos, a pessoa tem o direito de fazer suas escolhas sem que assista a ninguém meter o bedelho, por mais que o bedelho seja bem intencionado.

Hoje deu um pega com a Patrícia e Heloisa por causa disto: a Patrícia com sua visão pragmático – freudiana dos problemas, acha que a Alda não pode mais decidir nada e deve-se fazer o que for melhor para ela; Heloisa acha que a Alda deve ir para casa quando quiser e voltar quando quiser, o que parece bem mais razoável.

Vamos ver de como progride o tema.

Estivemos na Saara que já está no bagaço com o Paulo.

Também vamos ver de como irá resolver o seu caso, bem mais penoso.

Por isto tudo eu afirmo que, se a média da vida humana passar para 140 anos, ou fazemos uma mudança completa na estrutura familiar, voltando aos tempos romanos, ou a coisa irá se complicar e muito.

Isto porque, com a decifração do código do genoma humano, ficou todo o mundo alvoroçado porque pretende-se modificar o genoma que controla a duração da vida.

Já falei sobre o assunto.

En passant, acabei de ler um livro do George Orwel sobre a filha de um religioso anglicano e restou uma dúvida cruel:

O Orwel seguiu as pegadas do Steinbeck ou foi ao contrário?

O pior é que ambos são contemporâneos ( nasceram quase no mesmo ano – 1902 e 1903) e as obras referentes também são quase da mesma data.

No caso, do Steinbeck, refiro-me ao livro “As Vinhas da Ira “.

Para o Orwel, não são vinhas mas parreira de lúpulo.

No mundo nada se cria, tudo se copia mas, se tal aconteceu, é justo reconhecer que copiaram bem.

A Virgínia levou o livro do Orwel para dar um parecer, se é que ela ainda se lembra das “Vinhas”.

Hoje estava uma manhã lindíssima mas o tempo virou e já começa a chover.

Pena que estava montada uma festinha junina aqui na pracinha, com barraquinhas e tudo e a chuva acabou com a festa.

Idem com a rua da Saara que está toda enfeitada para a festa noturna.

São João quem no Rio Grande velho não é santo confiável ou então está de briga com são Pedro, o padroeiro da terrinha, que fica com ciúmes e manda água.

Negócio de santo é muito complicado.

No mais, tudo normal: Patrícia ontem foi a um fandango, os Fietz em lugar incerto e não sabido, Isinha e os guris em Ipanema e Bolão e Liege sem notícias hoje.

Amanhã, não faremos o tradicional churrasco.

Até amanhã. Sábado, 1 de Julho de 2000

 

Sexta-feira, 7 de Julho de 2000, 21:27, tempo ótimo.

Não sei se perdi alguma coisa deste arquivo porque deu um crepe quando copiei uma crônica do 6º BE para mandar para a revista que será editada em celebração de nossa formatura.

Falando nisto, quarta feira houve janta dos milicos no Schneider e fui porque estava previsto tirarmos uma foto para a tal revista.

Compareceram oito da turma de 50, quatro de Engenharia( Pinho, Vares, Devanir e eu) três de Cavalaria ( Gabriel, Falcão e Rezende) e um de Artilharia, o Mendes.

Pouca gente mas saiu a foto.

Tremendo veiedo, de assustar.

Por aqui tudo normal: D. Alda está melhorando com os cuidados da Heloisa. O Carlos aparece de dois em dois dias para dar uma olhada.

Também o César e o genro da Maria Luisa, um ortopedista, o Ungareti.

Até agora ninguém encontrou nada de importante.

Vamos ver de como progride.

Amanhã será festejado o aniversário do Zé e passamos o dia às voltas com o churrasco de gato: até a Virgínia que veio para cá hoje de tarde entrou na dança.

Tomara que não chova nem esfrie demais.

Ontem recebi também minhas esmeraldas, em pagamento de uma dívida que a Segurança tinha comigo ( parte).

Separei umas que me parecem boas para lapidar e iremos a Lajeado para fazermos isto. Não sei se têm valor comercial mas para mim o que interessa é que gosto de esmeraldas. É a pedra de que mais gosto.

A vez passada foi o Tergolina quem levou uns refugos para lá e, mesmo assim, lapidaram e ficaram bonitinhas.

É no SENAI.

Ontem o Tergolina esteve aqui para trazer a churrasqueira de gato que estava no sítio; amanhã os pais dele festejam as bodas de ouro e ele vai para Caxias, é óbvio.

Aliás, não sei se é amanhã ou domingo.

No mais tudo em paz: o escritório, um saco, naquelas fases em que o sujeito desiste de ser advogado.

Pero hai que trabajar.

A política começa a pegar fogo com a campanha municipal e ontem ouvi uma no programa do Lauro Quadros, “Polêmica” que me encheu o saco: um deputado do PT querendo dizer que a Ford foi embora por causa dos deputados gaúchos que votaram uma lei favorecendo a Bahia!!!

Que o PT não queria que a Ford fosse embora.

Foi tanta a cara de pau que todo o mundo chiou.

O Tarso vai ter que suar a camiseta para ganhar.

No primeiro turno não vai.

Quem está agradando muito é a Yeda Crusius.

E ainda tem o Negrão com o Zambiasi.

Vai ser divertido.

Piada contada pelo Carlos:

  • Qual é a ligação da mulher com o churrasco?

Bata na coxa e diga: coxão de fora e coxão de dentro.

Bata nos seios e diga: Maminha.

Bata na cabeça e diga: Vazio!!!

Do Olívio existem “N” piadas em curso.

Também do patrono Fidel que, com a história do Elian, anda cheio de gás.

Outra piada, eta clássica:

Sujeito chega no cemitério, meio perdidão, em busca de um determinado velório de alguém que ele não conhecia.

Aí cehga perto do caixão, olha, fica na dúvida e pergunta para um circunstante:

  • Quem é o defunto?

O circunstante aponta para o caixão e:

-É aquele.

Assim que, com duas piadas e outros assuntos ainda menos importantes,

colho o ensejo para desejar boas noites a todos.

Sexta-feira, 7 de Julho de 2000.

 

Segunda-feira, 10 de Julho de 2000, 21:11, chuva e chuva.

Sábado tivemos o aniversário do Zé que já adquire foros de ser a  festa junina da família; estava muito bom e vários colegas do Bolão, do tempo do Anchieta, compareceram. Estavam todos com exceção da Isinha e guris que foram à festa dos Tergolinas.

Heloisa também não pode ir porque estava de serviço com D. Alda.

Fiz o churrasquinho de gato e ficou o ensinamento: para churrasco de gato, use alcatra. Sempre achei que chuleta ou lombo seria melhor mas não é.

Alcatra.

Domingo ficamos em casa o que foi um bom programa eis que choveu o dia inteiro.

Hoje de tardezinha fui na Liege arrancar um dente.

Sábado o Paulo Borges foi para uma clínica especializada, levado pelo Bolão e Regina; a Saara não quis ir pois achou que iria se emocionar demais.

Beto estava no Canela e Bia muito cansada…

Çá va.

No mais, tudo em paz.

Dona Alda já anda caminhando pela casa e logo deve estar totalmente recuperada.

Como quer voltar para casa, resta resolver o problema de uma acompanhante para ela; parece que uma irmã da Ângela está sendo cogitada.

Amanhã, por iniciativa da Heloisa e da Patrícia, devo ir no Jorginho.

Como se vê, a maioria dos assuntos gira em torno de saúde.

Parece roda de velhinhos em aniversário: cada um quer contar os males que leva.

Um saco.

O Cruzeiro de Minas ganhou a Copa do Brasil, o Ronaldinho está baleado de um joelho, o Guga perdeu em Wimbledon mas continua o número 1 do ranking, as duas negronas irmãs, americanas, ganharam tudo no tênis.

O PT continua fazendo besteira em cima de besteira e a candidatura da Yeda Crusius e Vilela começa a crescer.

O Tarso que se cuide, embora o João, agora analista político, garanta que em POA, Caxias e Gravataí, não vai haver segundo turno: O PT ganha nas preliminares.

E, dê-le chuva.

Estamos planejando ir a Lajeado na quarta levar umas esmeraldas para lapidar mas deste jeito não sei se vale a pena.

Patrícia e Isinha se preparando para viajar rumo da Europa.

Ângelo sumido, fazendo exames de motorista e outras cositas mas.

Não sei se abandonou o emprego ou se está de licença.

Os demais, por aí, na vidinha normal.

Assim que, para não forçar a minha extração dentária, desjo boas noites a todos.

Segunda-feira, 10 de Julho de 2000.

 

Segunda-feira, 17 de Julho de 2000, 21:36, frio de rachar.

A grande novidade das últimas semanas é o frio que está demais.

Quarta feira nevou por aqui; a Saara estava almoçando e foi quem primeiro observou.

Não há perspectivas de melhora: deve ser o efeito estufa…

Domingo retomei o churrasquinho porque a Alda já está praticamente recuperada.

Estiveram todos exceto  a isinha e os guris que foram para a praia.

O Ângelo apareceu aqui domingo de noite, corrido pelo frio.

O Pingo ficou por lá, junto com a Maetê e outra amiga.

Como esta sala é literalmente um gelo e fico com preguiça de acender a lareira, não tenho comparecido.

De um modo geral, tudo em ordem e não há mesmo muito que registrar.

Claro que, havendo vontade, sempre cabem algumas considerações, porque, afinal, o quotidiano é repleto de temas.

Por exemplo, este teclado – novo – ainda apresenta um certo mistério porque há um monte de teclas das quais não sei a serventia.

Mas, descobrirei.

Diego sábado enfrentou um campeonato de esgrima mas não chegou ‘as finais.

Isto acontece muito em esgrima, é como tênis, qualquer coisinha, desgoverna a carroça e não tem volta.

O Guga, por exemplo, perdeu todas que tem jogado na Copa Davis  e ainda na semana passada ganhou em Wimbledon.

Amanhã jogam Brasil x Paraguai e tomara que não haja uma surpresa: o Paraguai é muito bom, inclusive jogam o Gamarra e o Enciso.

Vou ficando antes que encarangue.

Boas noites.Segunda-feira, 17 de Julho de 2000.

 

Sábado, 22 de Julho de 2000, 21:05, frio, nublado.

Esta semana o frio amainou mas, amanhã já está prevista nova massa polar.

Canela e Gramado estão forrando o poncho com paulistas e mais trouxas que vêm ver a neve.

Segunda feira os Fietz irão para lá.

Amanhã grandiosa feijoada na Patrícia: como eu até hoje só comi uma feijoada boa no Rio Grande véio, levo medo.

Em passant, a Patrícia ficou de passar por aqui para levar uns componentes do bródio mas até agora não apareceu.

Deve estar na Mônica que chegou hoje da Alemanha com os mais Fritz.

E que, ao que consta, estará presente na feijoada.

  1. Alda bem melhor e até já fomos ontem na Santa Rita; deve retornar aos penates na 2ª feira.

Aniversário da Liége  com baixa freqüência e bastante bom.

Quem não foi perdeu um belo quentão.

Andei relendo a biografia do João Francisco Pereira de Souza, cognominado “ A Hiena do Catí” e parece-me que consegui resolver um enigma antigo: por quê no GBOEX, as disputas eleitorais eram tão acirradas, totalmente despropositadas para o fim a que se destinavam e pelos elementos envolvidos, militares que são avessos a este tipo de coisas?

A resposta está na velha revolução de 93.

Acontece que   o povo que dirigia o GOOEx era todo de Santana do Livramento e um deles, o Chananeco Pereira de Souza, era filho do João Francisco.

Relendo a história de 93, verifiquei que os avós dos mais participantes, Zé Pedro, Derly, e outros pertenciam aos quadros pica-páus lá de Santana e ou degolaram ou foram degolados pelos maragatos.

Relembrei também da Maslova de Paula, uma secretária que tive, cuja nomeação me foi pedida pelo então Vice Presidente da República o Adalberto Pereira de Souza!

Ele me telefonou pessoalmente.

Referida senhora era neta do Firmino de Paula que degolou trezentos maragatos lá perto de Vacaria.

Acho que já contei que ela me deu de presente o sabre do Firmino…

Está lá no escritório.

Assim que eleições no GBOEX eram uma continuação de 93 e, se houvesse clima, os negos se mataraiam.

Levei anos para entender todas aquelas tramas, nem sempre éticas, para ganhar eleições e agora acho que entendi.

Como sou de família maragata ( o meu bisavô paterno, de quem herdei o nome, morreu numa emboscada em um trem em Marcelino Ramos), sem saber, eu era um estranho no ninho.

Ainda bem que não me descobriram…

De tanto ler, já sei muito sobre 93 mas ainda tenho algumas dúvidas que pretendo tirar com o Paulo Brossard, ilustríssimo maragato.

Claro que vou descontar do papo dele os exageros xiitas.

No mais, tudo em paz, andando.

A seleção do Luxemburgo perdeu para o Paraguai, 2 x 1 e quarta feira joga contra a Argentina e o Brasil inteiro espera que perca para que aqule mulato pachola vá  para o beleléu.

No meu entender, a Seleção Brasileira se acabou na Copa da  França  vai levar uns dez anos para reaparecer.

É o que veremos na quarta feira, quando o Brasil corre até o risco de não se classificar nas eliminatórias da Copa do Mundo.

Assim que boas noites. Sábado, 22 de Julho de 2000.

 

Terça-feira, 1 de Agosto de 2000, 21:14, tempo bom.

Bem, no sábado passado, inesperadamente, faleceu o Paulo Borges que estava numa clínica aqui perto de casa.

A Saara tinha estado lá de tarde e lê estava bem mas, subitamente o coração parou.

Foi enterrado domingo no cemitério da Santa Casa.

Era de se esperar, ele já estava na 3ª fase a doença de Alzheimer.

Com o Paulo se foram grandes histórias da boemia do bar “Ao Vencedor”.

A Saara agora está só  ainda não sabe se vende a casa ou se fica mesmo na zona onde sempre viveu e onde conhece e é admirada por toda a vizinhança.

Particularmente penso que a decisão mais prunte é aguardar um pouco antes de decidir.

Pelo menos por dois dias temos estado livres do frio de rachar mas..a previsão é que volte amanhã, após uma chuva: o velho dilema, pode escolher entre chuva ou frio.

Ontem a Patrícia embarcou para Londres via Rio e Nova Iorque, bota-fora pouco concorrido porque dia de semana quando todos trabalham; de estávamos nós e o Ângelo. O Diego chorou um pouco mas logo se consolou com os agrados de todos em especial o Carlos.

Deve estar saindo agora para Nova Iorque, após ter apresentado um trabalho em congresso no Rio.

Amanhã a Isinha segue rumo à Barcelona.

A moçada vai meio cabreira porque o que tem caído de avião não é mole.

Concorde então, é todo o dia. Ainda bem, estatisticamente já caíram todos os que tinham que cair.

Heloisa deve ficar lá por Ipanema mas com um olho em Assunção.

No mais, muito trabalho e trabalho chato no escritório.

Hoje fui lá no Saldanha eu fez uma perfuração de tímpano com o que minha audição melhorou muito.

Quase não agüentei a perfuração que é muito chata mesmo.

Estou menos resistente do que quando o Lang fazia isto.

Vamos ver se dura.

Tivemos churrasco domingo e vieram os que estavam na capital, inclusive a Graça.

Festejava-se o aniversário a Helena, com direito  bolo, velinhas  o tradicional grito de guerra da Patrícia.

Não vi a Helena ganhar nenhum presente.

Hoje aniversaria o Tergolina quem, neste momento está jantando fora com a sua turma.

O Ângelo voltou ao escritório depois de concluir as suas necessidades burocráticas de tirar carteira de motorista, CPF, inspeção de saúde no Glorioso etc. Em agosto deve apresentar-se no CPOR para o exame físico. Vamos chuliar para que passe.

Uma coisa interessante que li no jornal é que agora, para servir no Exército, precisa ter “peixada” de general!

Antigamente a briga era para não servir mas o país cresceu muito e o Exército diminuiu assim que há 15 candidatos para cada vaga.

Qualquer dia irá haver vestibular para sentar praça.

Para não esquecer, o Brasil ganhou de 3 x 1 a Argentina e o Ronaldinho deu um show, junto com o Axel, a dupla que toda a torcida brasileira pedia para o Luxemburro escalar.

Vou ficando; amanhã decerto tem mais.

Boas noites. Terça-feira, 1 de Agosto de 2000.

 

Sexta-feira, 11 de Agosto de 2000, frio brabo, de novo, 22:24.

Praticamente, temos quase duas semanas sem registro: semana passada tivemos a viajem da Isinha para Barcelona, sexta feira fui para Ipanema passar o fim de semana e voltei com uma prostatite muito chata e esta semana andei ‘as voltas com médico, exame etc.

Hoje fiz os últimos exames e, ao que tudo indica, nada de maior.

Patrícia, a britânica, já mandou dois Emails que foram prontamente respondidos: tudo bem nas Ilhas Britânicas, houve até um dia de sol.

Isinha telefonou várias vezes e está deslumbrada com Barcelona: a cidade é lindíssima e o verão está comme il faut.

Heloisa gostando muito de Ipanema, um viver interiorano com todos os recursos e pessoas muito agradáveis.

Já está pensando em se mudar para lá.

Alda, bem e telefonando diariamente para saber se não preciso de ajuda.

Assim que, de um modo geral, vai tudo bem.

Hoje é o Dia do Advogado mas não se houve mais falar no temido “pindura”.

Pode ser que no interior ainda vigore mas aqui está esquecido.

O que continua chato é o frio que não dá trégua: para este fim de semana a previsão é de temperaturas abaixo de zero na madrugada, inclusive aqui.

Como é o primeiro da família, registro que o Carlos comprou um DVD que foi instalado pelo Pablo que o fez sozinho.

Decerto hoje eles vão alugar filmes para ver se realmente vale a pena. O CD de demonstração, um show do Caetano, é realmente impressionante.

Não demora e a turma embarca na novidade.

Como não somos muito afeiçoados a ver filmes em vídeo, acho que resistiremos bravamente.

Domingo é Dia dos Pais e já avisei que quem trouxer presentes será sumariamente deserdado!

Faremos(ei) o clássico churrasco.

Como o Tergolina irá fazer o seu no sítio, a gurizada não estará presente.

No mais, tudo em paz.

Quando passa muito tempo, a gente esquece de muita coisa do quotidiano é certamente isto aconteceu.

De qualquer forma, penso que nada importante. O importante mesmo é que o velho aforismo se confirma: a arte de escrever é a arte de sentar.

Boas noites. Sexta-feira, 11 de Agosto de 2000.

 

Sábado, 12 de Agosto de 2000.

Não sei como, acabo de perder um longo texto feito hoje.

Deve estar em algum canto mas não sei qual e não há saco para reproduzir o que escrevi assim que, de saco cheio, encerro.

Boas noites.Sábado, 12 de Agosto de 2000.

 

Segunda-feira, 14 de Agosto de 2000, 21:22, chuva.

Ontem, dia dos pais, fizemos um bom churrasco e ganhei um perfume da Heloisa e um pijama e ovos em conserva a Virgínia.

A patrícia deixou um belo cartão e também telefonou de Londres.

A Isinha telefonou de Barcelona.

Os guris foram com o Tergolina para o sítio; de noite o Tergolina passou por aqui para me dar um abraço.

Dos filhos emprestados, telefonaram Graça e o Banda.

Foi um dia agradável.

Hoje fui buscar os exames e telefonei para o Bica que me mandou fazer um tratamento de dois meses, na base de antibiótico e calor|: neste momento estou sentado em cima de uma bolsa de água quente.

Não sei se vou ter saco para agüentar o tal tratamento. E ainda falta o do Saldanha otorrino.
Realmente, agosto, depois de uma certa idade, é o mês dos galhos físicos.

Também hoje arranquei um dente com a Liege,  e por isto não pude comer nada na janta.

Ainda bem que, no almoço, o Ângelo e eu comemos um bucado no per tutti, um bufê ali no começo da Marechal Floriano muito bom mesmo e muito barato: R$4,00 com não sei quantos pratos.

Heloisa está em Ipanema até sexta quando deve retornar a Isinha.

Está perdendo vôlei Brasil x Argentina por que a Net da Isinha é meia-boca, aquela mais barata.

No escritório tudo calmo;hoje coloquei o Ângelo para bater uns textos e ele fez tudo direitinho.

Devagar vamos.

Na verdade o Ângelo não é um burocrata,,o negócio dele é movimento mas aos poucos irá aprendendo e, quem sabe?, pode até vir a gostar de Direito.

O João encontra-se desaparecido, decerto em Flores da Cunha.

Ontem o Tergolina levou umas esmeraldas boas para lapidar em Lajeado. Vamos ver como ficam.

Como gosto muito de esmeraldas, não estou interssado no valor das pedras mas sim na sua beleza.

Pretendo dar uma para cada um dos descendentes.

Um colar para Heloisa e, para mim, um cebolão duns dez quilates que vou usar pendurada no pescoço, a moda dos bicheiros.

Se tudo der certo, vai ser um sucesso.

Ainda estou atrás do arquivo que bati ante-ontem e desapareceu mas acho que vou recupera-lo.

Pelo menos está num disquete.

Consegui!

 

Sábado, 12 de Agosto de 2000, 18:25, frio.

Acabo de chegar de Ipanema onde almocei;Heloisa ficou e só vem amanhã porque os guris estão em casa e vão jantar.

Passei na Saara (pegar uns documentos para o inventário do Paulo) que está totalmente só e me pareceu não estar gostando muito porque, além da solidão está com uma dor braba no quadril.

A Saara não é pessoa para viver só; vai acabar se mudando para local mais agitado, tipo Bonfa, se bem que com este frio, o negócio é ficar em casa.

 

As notícias esportivas vão desde o sucesso do Ronaldinho que, inegavelmente, é um dos melhores do mundo, até ao Guga que, neste momento deve ter perdido para um inglês muito bom;assistimos grande parte do jogo lá em Ipanema e, pelo rádio do carro, fiquei sabendo que o Guga estava perdendo feio no último set.

O Grêmio, que está um lixo, tente se recuperar e está jogando com o Santos que tem o Edmundo. Por enquanto 0 x 0.

Ontem eu vi na Internet um programa para mandar Email por voz mas achei muito extenso; de qualquer forma, vou fazer uns testes e, se valer a pena, instalo.

Deve ser interessante falar, por exemplo, com a Patrícia lá em Londres eis que o concunhado dela, o Bruce, como bom especialista no assunto, deve ter esse programa instalado.

Vou até avisar ao Pablo para que instale nos computadores deles.

Antes é claro, vou testar por aqui.

É o que farei a seguir.

 

Porque ficou em fonte diferente não sei mas presumo que o Word do escritório é diferente deste aqui.(Já corrigi)

Terei que perguntar ao João.

O Grêmio perdeu para o Santos e agora a casa vai cair: nunca na história do Grêmio o time foi tão avacalhado., é o último da Copa João Havelange.

Quinta feir o Carlos irá para os USA e ficarei com o guris por lá.

Na outra seman o Carlos vai para Fortaleza e na outra para a Inglaterra.

Qualquer dia o Carlos entra no consultório e a enfermeira irá fazer a clássica pergunta:

– Trabalhas na casa? Descontas INPS?

O Tergolina ontem me disse que está fazendo mestrado em Marketing, numa extensão da Getúlio Vargas aqui em Porto Alegre.

Estudioso e inteligente como ele é, decerto vai abafar a banca, literalmente.

Qualquer dia o Tergol surge como diretor da Ipiranga .

Acho que vou voltar a estudar formalmente porque, não demora, quem não tiver doutorado nesta família, não vai poder nem abrir a boca nos churrascos dominicais.

Uma boa idéia seria organizar um sarau mensal em que um dos familiares fizesse uma palestra, assunto a escolha.

Poderia haver convidados. Acho que vou tentar.

Pelo menos daria tarimba para os oradores.

Palestra das oito às nove, seguido de bufê ao encargo do orador.

Sou bom nestas coisas ou, pelo menos, era.

Bem, por hoje é só.

Boas noites. Segunda-feira, 14 de Agosto de 2000.

 

Sábado, 2 de Setembro de 2000, bom e frio, 19:00.

Afinal temos algo importante a registrar neste festival de tolices: sexta feira, dia 18 de agosto de 2000, este que vos escreve teve um enfartão daqueles de mandar o interessado para as pastagens de Manitou.

A situação geral era a seguinte: Heloisa, por sorte, resolveu vir de manhã lá da Isinha e eu não fui ao escritório e fui ao Zaffari comprar uma banalidades.

Quando voltei e mal chegado em casa, começou a inana: a dor no peiot é tão terrível que, enquanto não se desmaia, a única vontade é morrer.

Aí a Heloisa acionou a Samdu (?) e o Arthur, da equipe da Patrícia.

Se bem me lembro a Liege também estava em cena mas naquela altura e com aquela dor, as lembranças tornaram-se vagas.

Foi uma correria desesperada para me manter vivo até chegar no Hospital: foram mais de oito paradas cardíacas!

Em lá chegando vivo, graças ao Arthur, assumiu o povo do cateterismo e trabalhou bem e rápido.

Em suma , sobrevivi e no momento já estou em casa, em repouso senão absoluto, algo por aí.

A história é longa, cheia de episódios edificantes como, por exemplo, a vinda do Pfeifer, Lucia e Silvia do Rio, manifestações de amizade e carinho surpreendentes e tantas outras coisas.

Não é muito estimulante escrever sobre a possível própria morte mas também não é coisa do outro mundo…

Ontem estive no Jorginho que está um terrorista perfeito: ameaças explícitas de me acontecerem coisas horríveis se não obedecer.

Mudo de médico.

Carlos e os guris foram ontem para a Inglaterra e devem estar chegando em Londres.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 6 de Setembro de 2000, tempo bom, 17:36.

Pensei que, durante o período de recuperação, eu iria escrever durante boa parte do dia mas, a realidade é outra.

Com os remédios para baixar a pressão, a vítima fica meio entregue às baratas e só quer flanar, nada de lavorare.

Mas, devagar vamos: aos poucos diminui a dor nas costelas, a fome aumenta e assim caminha a humanidade.

Muito interessante é o número de pessoas versadas em recuperação de cardíacos: quase todas têm um conselho para dar, sobre os mais variados temas: alimentação, exercícios, atividades permitidas e proibidas etc. etc. e tal.

Ignorante mesmo no assunto, parece que só eu…

Do que, aliás, faço questão.

Um inglês, antes de falar em doença, esgota todos os assuntos, a começar por estradas e condições meteorológicas: aqui no Brasil, é bem diferente, se o pátria tiver um gancho, o menor que for, te conta desde o sarampo que teve aos seis anos de idade até  problemas  para peidar na UTI sem infectar – muito – o ambiente!

Acho que está faltando na Língua Portuguesa, uma palavra para indicar a paixão para falar em doenças.

Temos que inventar e, imediatamente , rotular os eventuais praticantes como oligões sociais, o eu fará com que, pelo menos, pensem antes de iniciarem suas entusiásticas incursões pelos assuntos de Hipocrates.

Acaba de telefonar a Virgínia dizendo que estão saindo para o Imbé.

Acontece que temos um feriadão gordo, eis que amanhã é quinta feira e sete de setembro.

Virginia m disse que os PT resolveram montar uma operação de vistoria de carros que saem para a praia, justamente hoje de tarde!

Os caras fazem tudo para conquistar a simpatia do distinto público e, deste jeito, o Tarso perde a eleição.

O que era uma “barbada” já não está tão fácil: a dupla Yeda – Vilela, avança firme como seria de prever.

O Vilela foi um grande prefeito, talvez o melhor que Porto Alegre já teve e a Yeda é uma senhora de notável postura ética e profundo conhecimento dos problemas nacionais. Não esquecer que foi Ministra do Planejamento.

Mientras tanto, o PT faz barreira em véspera de feriadão para ver se fatura algum dos desavisados, via multas.

Particular e subjetivamente considero o Tarso um carreirista,  na profissão( é advogado trabalhista), na Política e até mesmo no PT.

Os PT sabem disto e estão fazendo força para retirar a figura da berlinda.

Dos Barrios não temos notícias e hoje o João termina os consertos do carro do Carlos.

Devem estar em Paris ou adjências.

Silvia telefonou que vai fazer uma festa grande os 70 anos do Pfeifer, no sábado; desejava que fosse alguém daqui mas o povo está sem condições.

Como estamos impossibilitados, seriam indicados os da geração dela, Bolão, Patrícia, Isinha e Virginia mas nadie pode.

Ana informou que os Barrios chegam domingo ao meio dia; a Heloisa vai preparar algo para o almoço deles que preferem almoçar em casa.

Hoje esteve aqui o Salazar e ontem o Pinho e o Bagé.

Como parei com a chegada das visitas, perdi a embocadura  só me resta prosseguir amanhã.

Boas noites. Quarta-feira, 6 de Setembro de 2000, 21:32.

 

 

Sábado, 9 de Setembro de 2000, 11:49, tempo ótimo.

Ontem estivemos no Jorginho que ficou satisfeito com o meu estado; não negociou muito, como ele diz e marcou uma próxima consulta para daqui a quinze dias.

O povo todo está na praia; Bolão foi lá para casa e devem estar aproveitando porque o tempo está ótimo.

Patrícia telefonou agora de manhã, de Heathrow, e já estão embarcando de volta. Chegam amanhã ao meio dia e a Ana encomendou o almoço com Alba eis que não confia na Lili.

Seria melhor se os Barrios almoçassem conosco mas acho que por causa da minha situação, a Patrícia preferiu almoçar em casa.

Pingo segue segunda feira para a Inglaterra, junto com o Negão;

Vai bem suprido de grana, pelo Tergolina, é óbvio.

Heloisa, neste momento, está na Alda cuja situação ainda não está resolvida. `necessário que tenha assistência noturna mas, está difícil.

A campanha eleitoral começa a esquentar porque a Ieda está crescendo muito e assustando tanto o Tarso como o Negrão.

Ou seja, vai começar a baixaria.

Penso que, pelo efeito Olívio, quem fica mais exposto é o Tarso.

Depois o Negrão e, por último a Yeda que tem o menor índice de rejeição dos três.

Se todos os indecisos votarem nela, adeus PT.

É o que está se desenhando.

Particularmente, não tenho feito nada eis que estou sendo mantido com pressão muito baixa mas isto acabou hoje com a novas dosagens de remédios.

Como se depreende, já estou mais animado e segunda feira vou retomar os assuntos jurídicos. Até a próxima.

 

Quinta-feira, 21 de Setembro de 2000, 15:58, chuva e chuva.

Acho que, quase continuamente, chove há um mês.

É muita água e se continuar assim, teremos uma bela enchente de São Miguel, agora no fim do mês.

Creio que amanhã começa a Primavera, uma estação normalmente chuvosa. Esperemos que este ano não seja.

Nos países de latitudes mais comportadas, geralmente no hemisfério Norte, a Primavera é chuvosa e então planta-se; no verão, com o calor,  s plantas crescem e, no Outono, amadurecem. Colhe-se no início do Inverno.

É o ciclo normal da produção na chamada Civilização do Frio.

Não imaginar porém que é nos hiperbóreos onde esta coisa funciona melhor: na verdade a bacia o Mediterrâneo é onde as estações funcionam mais adequadamente para a agricultura sazonal.

Deve ser por isto que a Civilização desenvolveu-se por ali.

Muito referido é o Crescente Fértil que – afinal – também fica na zona de atração climática o Mediterrâneo mas parece-me que o início a nossa civilização, dita helênica ou Ocidental, tem mais a ver com as ilhas daquele mar.

Quem conspirou contra os mistérios de Creta – I presume – foi o  Daniken que alinhou um monte de asneiras sobre o assunto, referindo-se inclusive a uma escada que só subia.

Ou foi erro de tradução ou ele conseguiu uma abstração fora do alcance o nosso cérebro, tipo moeda de uma só face.

O que não é fácil.

No mais continuo na vidinha de enfartado que se recupera de crise recente ou seja, passo o dia sem fazer nada o que não é muito agradável.

Amanhã tenho consulta no JPRibeiro  e pretendo negociar com ele algumas coisas, principalmente dirigir e ir ao escritório, mesmo que d modo “soft”.

Continuo com pressão baixa e tudo me faz lembrar o quadro da mãe o que aliás, é bastante presumível: tal mãe, tal filho. Nem sempre, é claro.

O grande agito deste mês são os Jogos Olímpicos de Sidney.

O Brasil tem poucas chances e ganhar medalha de ouro mas certamente algumas irá conseguir: vôlei de praia, tênis, equitação e vela.

Em futebol, muito difícil mas não impossível.

Em vôlei de quadra, difícil mas não muito.

Natação foi um fiasco bem como nas pistas e canchas.

Judô até que rendeu duas medalhas de prata.

O interessante é que os caras que perdem, sempre dizem  a mesma oisa: o Brasil está atrasado séculos em relação aos outros.

Só que a maioria deles treina nos USA.

E Cuba? Será que Cuba é adiantada? Será que tem grana e meios para treinar o crioléu?

Não é por aí.

Tem mais a ver com o prestígio na comunidade, o velho e conhecido aplauso do grupo.

Por isto é que todo o mundo que ser boleiro e poucos corredores de 100ms ou nadadores.

A Helena tem um potencial enorme em natação mas prefere o vôlei.

O assunto merece uma análise mais ampla  hoje não é a oportunidade:

estou com rotação muito baixa e me custa até escrever estas divagações suburbanas.

O povo da família está bem: ontem foi o aniversário do Diego, sem festividades. Domingo teremos os festejos do aniversário do Chico com um galeto na Jacy.

Se não estiver nevando.

O Pingo tem dado notícias e pediu camisas brancas e calças pretas para trabalhar como garçon. É uma boa.

Vou passar um Email para ele.

Ontem passou um vendaval brabo lá por Bagé e fez grandes estragos.

Vou telefonar para saber de como estão os Sá.

Tenho recebido muitas visitas de amigos.

Percebo que as pessoas esperam encontrar um zombi  e quando vêm que não estou tão medonho assim, ficam surpresas!

Lamento contrariar as expectativas mas sempre há esperanças de uma recaída…

Até a próxima.Quinta-feira, 21 de Setembro de 2000, 16:55.

 

Segunda-feira, 25 de Setembro de 2000, 13:02, frio.

Como estamos no auge das Olimpíadas, passo mais tempo vendo televisão do que trabalhando.

E, o que é pior, é vexame em cima de vexame, os brasileiros, todos se achando os maiorais, acabam perdendo tudo ou disputando bronze.

A seleção de futebol foi um desastre tão grande que ninguém quer comentar.

Os mulatinhos perderam, nas oitavas de final, para o time de Camarões que jogava com nove!!!

E o Wanderburro, apesar das mais acusações de vigarista e safado, não vai cair do galho: é que ele não é o único patife no âmbito da CBF.

Vou destacar, apesar de politicamente incorreto, que esta foi a seleção dos mulatos desde o técnico até ao ponta esquerda.

Deu a impressão que o Wanderbicha só escalava branco ou preto quando não houvesse mais mulatos na fila.

Foi um festival de mulatinhos e , como sói acontecer, um desastre.

Depois do final desta novela, volto ao tema.

A seguir tivemos o caso do vôlei de praia: era uma barbada tão grande para as duplas brasileiras que até a Time anunciou medalhas de ouro para o Brasil.

Até agora, a dupla masculina mais cotada está fora e a feminina,que foi capa da Time, perdeu para duas australianas gordas.

A outra dupla feminina ganhou bronze.

Como estamos tratando de cariocas e aratacas, seria previsível.

Ainda temos o vôlei masculino e o feminino mas não convém esperar muito daquele conjunto de bolhas.

Bem.

Ontem transcorreu o aniversário do Chico, festejado com um glorioso galeto na casa da Jacy; obviamente não fomos porque ainda não estou liberado para galetos.

O Tergolina esteve aqui à noite e me trouxe as esmeraldas que mandamos lapidar em Lajeado.

São 100 quilates de pedras médias, nada de empolgar.

A campanha eleitoral continua firme mas, idem, nada de empolgar; a gente esperava que o Negrão fosse bater forte no PT mas não aconteceu, ele está uma donzela.

A macacada toda tem rabo prezo e quem não tem rabo também não tem carisma.

Deste jeito não vai haver segundo turno, o Tarsinho, ganha direto.

O mais interessante é que as pesquisas mostram que o eleitorado do Tarso é, quase todo, classe A.

São os chamados “ companheiros de jornada” ou “inocentes úteis”;

Deixa os comunistas assumirem em nível nacional que eles vão ver o que é bom para a tosse.

Interessante que este fenômeno aconteceu até mesmo na Rússia, quando da revolução socialista de 17.

A ascensão dos bolchevistas foi posterior à tomada do poder, quando as elites socialistas de bar  de boutique, deram espaço para os soviets.

Mutatis mutandis, podemos imaginar que o Tarso é o Lênin e o Olívio o Stalin, este um pouco menos louco.

O Stalin ( que significa homem de aço), quando assumiu o poder, ainda a Rússia era um sociedade meio romântica em que socialistas e comunistas disputavam o poder com um certo savoir faire.

Aí, o bigodudo da Georgia, um troglodita ex patris et mater, quando morre o Lenine, assume e começa a botar a bola no chão.

Realpolitik.

Quem não viajou para a Sibéria, morreu de fome ou foi fuzilado.

Eis como o Stalin resolveu o problema do MST russo.

Alguns milhões de camponeses foram cumprimentar o Criador onde já encontraram os esquerdas de bar, tomando vodka, jogando xadrês e falando francês.

É o que espera os daqui, com a diferença que não falam francês e só sabem jogar porrinha.

Então tá.

A Ilza Kerber é socialista e as pessoas querem saber a provável origem da preferência política que não combina com o resto do seu quotidiano.

Acontece que o pai dela era socialista, traduzia Schiller, Goethe e mais povo do romantismo alemão o que, convenhamos, sempre foi uma opção de extremo bom gosto.

Nada como citar Schiller ou Goethe para elevar o padrão do convescote.

Para quem estiver interessado em cultura alemã, recomendo Thomaz Mann.

Voltemos ao quotidiano.

Hoje relendo as anotações do ano passado, descubro que os guris, Pablo  Diego me trouxeram uma boina basca de Barcelona.

A pergunta é: cadê a boina?

O Lucas me deu um chapéu. Cadê o chapéu?

Até pode ser razoável que dadas as atuais circunstâncias, as pessoas se preocupem com os bens que irei deixar à sucessão mas porque só coberturas? ( No Glorioso, cobertura e´ o que se usa na cabeça).

Mistério!!!

Retomo à noite eis que e tarde fomos ao Jorginho que liberou geral!

Estou em forma relativa e amanhã já devo ir ao escritório.

Acabaram as minhas mordomias.

Sou mesmo muito burro: com um pouco de teatrinho, ficaria flanando por um monte de tempo.

Pior do que eu, só os voleibolistas de praia da pátria amada, Brasil.

Ratchimbum!!!

Boas noites. Terça-feira, 26 de Setembro de 2000, 22:14.

 

Quarta-feira, 27 de Setembro de 2000, 18:07, bom, frio.

Hoje, depois de exatamente um mês, retornei ao escritório que estava uma bagunça. O Ângelo foi dirigindo o que, aliás, faz muito bem.

Mas já posso dirigir. E foi o que fiz quando voltamos.

Tudo normal.

O fiasco das Olimpíadas prossegue: hoje de madrugada, o time masculino de vôlei que estava invicto no torneio, perdeu para a Argentina, um time de segunda classe.

Não d´para entender o que houve com os brasileiros que parecem totalmente desmotivados e loucos para voltar para casa.

A novela Luxemburro prossegue, com todo o mundo dizendo que entra o Felipão.

Acho que não mas, aguardemos.

Esteve hoje aqui o Napoleão e me deixou uma xerox do Tratado de Tordesilhas que ele trouxe mesmo de lá; interessante porque no texto que conta a história do tratado, ficamos sabendo de uma série de fatos, totalmente desconhecidos da memória lusitana.

Afinal, a História que aprendemos, tem lado e certamente este não é o de Aragão e Castela.

Ainda ontem, o Silvio Santos, um monumento à cultura nacional, ficou espantadíssimo ao saber que o autor da música do Hino da Independência é  D. Pedro I.

Aliás, o cidadão referido, foi um ser humano interessantíssimo

Com muitas virtudes de caráter e vasto saber.

Para nós, no entanto, trata-se de um malandro cuja única atividade era viver entre putas e malandros.

Não devemos esquecer que  propaganda republicana acabou com os Bragança; lembro que d.Pedro II, sem dúvida uma pessoa notável, foi apodado pela imprensa republicana como “ Pedro Banana”.

Para quem tiver oportunidade, recomendo a leitura dos jornais do fim do século XIX e princípios deste: é um verdadeiro terror,  as avacalhações mutuas, verrinas como se diza, se feitas hoje, acabariam em morte ou cadeia na hora.

Assim que, quando me falam de Belle Epoche, o que me assoma ao bestunto é a sua hipocrisia característica.

E que o Eça eviscera muito bem em “ O Primo Basílio”, “A Relíquia” o “Os Maias”.

O extremado conteúdo ético da Belle Epoche, a sua religiosidade e virtudes sociais, encontram-se perfeitamente retratados nos livros de Zola…

Eu sou o anti-saudosista.

Graças a Deus.

Eu tinha um assunto que estava com ganas de analisar mas esqueci.

O Napoleão me trouxe um livro para ler, do Moacyr Werneck Sodré que foi muito elogiado pela crítica, na verdade pela patrulha.

O Moacyr é (?) um aristocrata de esquerda o que nas hostes, é a glória.

O operário metalúrgico ser de esquerda até deveria ser uma regra de coerência.

Mas o Barão de  Maracangalha ou adjências, aí a coisa adquire fumos de verdade profética.

Aquele paspalho do Suplicy, se não fosse um Matarazzo não arrumava nem vaga de varredor no PT.

Idem para a mulher dele que vai se eleger prefeita de são Paulo.

Eu registro sempre “ adjências” porque acho muito mais lógico e divertido do que “adjacências”.

E também porque, num discurso proferido no bar “ Ao Vencedor”, por ocasião do aniversário do Juca Carijó,  um renomado orador da Zona, usou o rebuscado termo, para gáudio e admiração dos mais participantes.

Já faz mais de sessenta anos e ainda não esqueci.

Como não esqueci do Gafiero Gasparelo tocando violino e do Demófilo Xavier tocando piano sob a inspiração de Bacco.

Ambos são nome de ruas ou, pelo menos, o Demófilo é.

Estes dias estava pensando se conheci muita gente que ficou famosa e cheguei à conclusão que a minha praia foi a plebe ignara.

Além dos militares que chegaram à Presidência, e de um ou outro ministro, não lembro de mais alguém que figure na História do Brasil.

Já o Bolão costumava servir a Rainha Mão em suas dela esticadas a Paris…

Sem falar no Terry Savallas, com quem fumava um charutinho, na hora do cognac, perdão, Henessy.

Cognac é coisa de turista português pobre.

Heloisa hoje, agora livre do meu perigo cardíaco, irá jantar com a curriola da Yeda, nossa candidata a prefeita de Porto Alegre.

É como eu digo: a mim, nem o Negrão convida para jantar…

Boas noites.

Quarta-feira, 27 de Setembro de 2000.

 

Quinta-feira, 28 de Setembro de 2000, 17:46 , tempo bom.

Estamos com um belíssimo dia de Primavera, fenômeno meteorológico que ninguém mais acreditava ser possível.

Mas, ao que tudo indica, amanhã chove…

Hoje fomos visitar  igreja de Santa Rita de quem Heloisa é devota.

Creio que o objeto da visita foram agradecimentos pela minha recuperação.

Parece que há um erro de concordância mas não: no objeto podem estar contidos plurais.

Depois passamos na Isinha onde só encontramos o Ângelo, a Amada e o Conan.

Tudo bem por lá; o Conan faz grandes festas quando me vê.

Hoje não levei o tradicional pacote de biscoitos para ele.

Também passamos no Winckel(?) onde compramos umas mudas de flores para o jardim.

Decerto amanhã o Ledi irá plantá-las.

Heloisa foi para a Feira de UD com a Liris e esqueceu de dizer onde quer as mudas.

O vexame da Olimpíadas continua e está tão ruim que o povo já está desinteressado: ninguém mais assiste nada.

Acho que antes que acabem os jogos, Bourkina Fasso nos ultrapassa no quadro de medalhas.

No mais, tudo em paz.

Domingo teremos eleições e devemos chuliar para que haja segundo turno.

O PT é muito competente no que concerne à eleições mas em havendo segundo turno, pode haver surpresas.

O Lula esteve aqui no comício de encerramento da campanha do Tarso e, na minha opinião, a sua presença foi um desastre: estava mal arrumado, visivelmente tinha tomado umas canas e seu discurso foi de uma pobreza

de sertão da Paraíba.

Apareceu com um chapéu e declarou que só o estava usando para poder tira-lo para o povo de Porto Alegre…  isto foi o máximo de sua retórica

Olívio, Tarso, Cachorrão, todos bem arrumados e até elegantes, não sabiam onde enfiar a cara com o vexa do chefe.

O Lula caminha a passos firmes e largos para ocupar o lugar do Brizola na galeria dos ridículos nacionais.

Todo o mundo sabe que ele é analfa, sem nenhuma escolaridade ou erudição e, no entanto, há jornais que publicam a coluna semanal do Lula.

Ou seja, ele está cooptando uma farsa que certamente será usada contra ele quando julgado necessário.

Lembremos do Collor e dos artigos que copiou de um pensador seu amigo.

De qualquer forma, vai ser muito difícil tirar a prefeitura de Porto Alegre, do PT.

Bem como de vários municípios do interior.

Tão logo administre o poder na maioria do Estado, os PT vão partir para um aventura bem maior.

Aguardemos.

O povo da minha turma de Academia continua enfezado com a festa dos 50 anos de formatura: quase diariamente alguém telefona e insiste para irmos todos os gaúchos.

Quanto a mim depende do estado de saúde em dezembro mas a maioria está com idéia de comparecer.

Semana que vem vou fazer alguns contatos para sentir de como andam as intenções dos pátrias.

O Vares, que já voltou a Europa, sei que está com firmes intenções de ir e com ele o Conchita.

Se eu for, pretendo ir só  e comparecer apenas nas festividades da AMAN, como fiz na festa dos 40 anos.

In illa tempora, a Ecobras estava bem e havia carro com motorista no Rio: saímos de manhã ( O Pinho foi comigo) e voltamos logo depois do almoço.

Sem condução própria o negócio já fica meio suburbano.

Há que avaliar diversas hipóteses.

Se formos de três ou quatro, alugar um carro fica bem razoável.

A APLUB tem carro no Rio.

A Silvia tem três carros, e é só arrumar motorista, o que não deve ser difícil.

Como eu disse, fazer um estudo da situação, decidir e executar.

Acho que por hoje é só.Quinta-feira, 28 de Setembro de 2000 18:35.

 

Domingo, 01 de outubro de 2000, nublado.

 

Hoje é dia de eleições municipais e já fomos votar, Heloisa e eu, no Colégio Santa Inês; votamos na Yeda Crusius e no Dib mas será muito difícil derrotar o Tarso Genro do PT.

Fui e voltei a pé, sem nenhum problema.

Como já disse e repito, o povo do PT é muito bom em política e até que se aplique ao caso a regra lincolniana( enganar durante um certo temo etc.), os PT não largam a prefeitura.

Mas, um dia a casa cai.

O poder corrompe.

Diego está aqui em casa; Os Fietz foram para o Imbé e levaram o Pablo.

O Carlos deve ir hoje para o Canadá.

Como a Virgínia coleciona cartões postais e não tem do Canadá, vou lembrar ao Carlos.

Todos sabemos que em congressos médicos, não há tempo para firulas mas, cartões postais se encontram até nos quartos dos hotéis.

Quando for a Sander, mando um postal para a Virginia.

O que o Bolão poderia fazer de Parobé.

Penso que a coleção dela ficaria bem mais instigante com cartões postais de lugares assim, sem nenhum renome turístico.

Mas notáveis como cenário de histórias humanas.

Principalmente Parobé.

Hoje estou muito burro e metáforas e até palavras, custam a aflorar da mmória.

Por exemplo, sei que a palavra “instigante” não é a mais correta  sei também que existe outra bem mais apropriada mas, não lembro.

Repito: logo depois de fazer roto rooter, a minha memória estava um aço mas agora já começa  voltar à sua mediocridade costumeira.

Este teclado, cheio de recursos, é uma porcaria e costuma “comer” o e.

 

terça-feira, 14 de novembro de 2017, 18:46, chuva.

Pelo jeito, semana passada, passei em branco mas nada de anormal: puta preguiça.

Teremos segundo turno nas eleições municipais entre o Tarso e o Negrão Collar.

O PT está apelando, fazendo campanha em cima da Neusa.

Sinal de que a coisa não está tranqüila para eles.

Ontem a Heloisa resolveu retomar o bródio semanal com um strogonoff; Os Barrios não vieram porque passaram o fim de semana no Santinho e a Isinha porque o Juan está aqui em Porto Alegre.

A noite eles vieram aqui e conhecemos o Juan que nos pareceu muito simpático  agradável.

Os guris foram para a chácara com o Tergolina.

Pingo mandou um Email com suas aventuras londrinas; está pedindo o envio de várias coisas até mesmo aquele macarrão japonês que se faz em dois minutos.

Como o Tergolina vai para a Inglaterra na semana que vem, decerto irá levar um bom farnel para o Pingo.

Esta é uma velha história: a primeira vez que a gente vai para o estrangeiro, o que  nos arrasa no início é a comida diferente e passamos boa parte do tempo sonhando com churrascos, arroz e feijão, filés a pé e goiabada.

E, quando os exilados se reúnem, imediatamente planejam fazer uma feijoada que acaba saindo com perna de anão.

Não é fácil conseguir os componentes de feijoada aí pelo mundo de Deus.

No fim chega-se a conclusão que bão mesmo é aqui.

E,é.

Ainda sábado  li a Ilíada que me foi trazida pelo Joaquim quando veio tomar chimarrão na sexta feira.

A leitura a Ilíada é tão interessante que a gente lê de um fôlego, não á para interromper.

E já lá se vão mais de três mil anos desde a tomada de Tróia pelos gregos.

E, de inhapa, ainda cabem a seguintes digressões:

A primeira é que sempre que surge alguma coisa nova, os gregos já a conheciam. In casu, acho difícil que qualquer enredo, de qualquer literatura seja uma novidade em relação à Ilíada ou à Odisséia.

Em segundo lugar, ocorre-me que Jorge Luiz Borges e Garcia Marques são considerados os criadores do realismo fantástico.

Acho que, tendo referido a Ilíada e a Odisséia, não preciso dizer mais nada: ali temos um realismo fantástico muito mais elegante do que em Borges ou Garcia Marques.

A intervenção dos deuses nos assuntos dos mortais cria situações que não mais põem ser imitadas.

O Aureliano Buendia, fedendo a suor, vivendo em uma aldeia caribenha, quente, suja,  e miserável, não tem a menor chance em relação Zeus, sentado numa nuvem no Olimpo, ungido de óleos de rosas e se alimentado de néctar e ambrosia.

Assim que, nihil novum sub solem, exceto a imensurável ignorância humana.

Como hoje recebi um email muito interessante do Pfeifer e outro do Pingo, vou transcreve-los porque são marcos do quotidiano: o do Pfifr por ser o primeiro que manda para alguém e o do Pingo, por conter os primeiros acontecimentos de sua vida na Inglaterra.

Caro Moura:

Depois de vários dias com arrumações  nesta maquina maravilhosa, aqui =

estou para dar algumas notícias ,iniciar a pratica de trabalhar(ou =

melhor,me divertir)     enviar alguma piada sobre argentinos(ainda bem =

que o Carlos é uruguaio felizmente) que recebi aí da terrinha

Por aqui tudo bem, mas sem fechar contrato desde março…..Fora este =

pequeno e insignificante detalhe,estamos ,como vocês ai, esperando o =

segundo turno entre  Conde e Cezar Maia.Espero que este, vença o

paquiderme,que ,contudo não fez mau governo.Minha grande preocupação foi =

a possibilidade da negrona entrar neste etapa.O PT  me faz mal,ainda que =

,agora, tenha demonstrado alguma evolução graças ala moderada, que não é a do Tarso…

Nelson e Nicky viajaram hoje para Califórnia.Este ficarão em Carlsbad =

com ex-vizinhos e Nelson em Odyan.,mas só por 10 dias.Bruno retornando =

dai.KK no batente e Lu desesperada com as 3 horas de viagem diárias..

Aqui vai a gozação  esperando que nossos times consigam se classificar =

(acho difícil).UM beijo grande para todos dai e um especial abraço

para ti esperando que tudo esteja ok contigo. Abraços,    Pfeifer =

____________________________.

Porque Hitler perseguiu os judeus?

R: Por que não conhecia os argentinos

 

O que dá o cruzamento de cearense com argentino?

R: Um porteiro que pensa ser o dono do predio.

 

O que se joga para um argentino quando ele está se afogando?

R: O resto da família.

 

O filho de um argentino vai andando com seu pai e diz:

– Papa, quando yo crescer quiero ser como usted.

O pai todo orgulhoso pergunta:

– E por que filho?

–  Para tener un hijo como yo.

 

Você sabe como chamam aos argentinos no Peru?

R: De espermatozóides, porque de um milhão, só um é gente.

 

Qual a melhor marca de aspirador de pó na Argentina?

R: Maradona LTDA.

 

Você sabe o que é o ego?

R: São os pequenos argentinos que todos levamos dentro.

 

Você conhece o melhor negócio do mundo?

R: Comprar um argentino pelo que vale e vender pelo preço que ele se =

diz valer.

 

Um argentino pede a um taxista que o leve ao mirante da

estrada Mexico-Cuernavaca. Durante duas horas, fica vendo distraído =

a capital. Depois de muito tempo, o taxista pergunta muito impaciente e =

curioso:

– Que tanto o senhor observa?

– Estou olhando para ver como é a cidade sem mim.

 

Um escritor argentino e um mexicano que acabam de se conhecer, se =

re=FAnem para conversar. O argentino conta sua novela para o mexicano.. =

As horas passam e o paciente e educado ouvinte permanece em silêncio.

O argentino fala e fala, ate que pergunta:

– Agora vamos a hablar de usted: o que usted achou da minha novela?

 

Um argentino para em frente a um edifício com espelhos e diz em voz =

alta:

– Que fisionomia o cara tem!

Segue caminhando e encontra com sua namorada, uma loira deslumbrante, e =

volta a dizer:

– Que gata o cara tem!

Entra na sua Ferrari vermelha e diz outra vez:

– Que carrão o cara tem!

Chega em sua casa e encontra sua irmã, que é freira da Orden de las =

Esposas de Cristo.

Então, eufórico comenta:

– Que cunhado o cara tem!

 

Por que na Argentina tem tantos casos de bebes prematuros de 7

meses?

R: Porque nem as mães deles os agüentam por 9 meses.

 

Um argentino, um Sueco e um Nigeriano aguardavam ansiosamente na

maternidade o nascimento de seus filhos.

Eis que surge a enfermeira e diz:

– Senhores, houve uma tremenda confusão. Os bebes foram  trocados e

não sabemos mais quem é quem.

Só sei que temos 2 brancos e um negro.

– Não tem problema – sugeriu o Nigeriano. – Cada um escolhe um bebe

e vamos fazer um sorteio para  determinar a ordem da escolha.

Feito o sorteio, a primeira escolha coube ao sueco. Ele entrou no  =

berçário, olhou para os bebes e saiu com o negro no colo.

-Mas bwana! – reclamou o Nigeriano. – Você pegou o negro. Este obviamente =E9 o meu bebê. Eu sou negro, minha esposa é negra.  Me dê este bebê, volte l=E1 e escolha um dos brancos. E o sueco,indo embora:

– Tá maluco. E se eu pego o argentino?

F I M..

 

Agora, vejamos se consigo transportar pra cá o email do Pingo; acontece que, depois de transportar, devo corrigir o texto que é enviado em outro alfabeto, sem til ou ç.

 

E AI PEOPLE?

 

CONSEGUI UM COMPUTADOR COM INTERNET DE GRAÇA PRA MANDAR UM EMAIL DECENTE

PRA VOCÊS.

ESTOU NA CASA DA HELENA MARIA, IRMÂ DO GARDELON.

ESTOU CHEIO DE NOVIDADES..TANTAS QUE NEM TEM COMO LEMBRAR.

PRA COMEÇAR FOMOS A UM PUB NA SEMANA PASSADA COM O PESSOAL LÁ DE CASA.TOM=

EI UM PORRE E VOLTEI PRA CASA CAMBALEANTE.DANCEI REGGAE COM UM MENDIGO QUE

TAVA TOCANDO VIOLA NA ESTAÇÃO.TRABALHEI NUM CASAMENTO INDU MUITO LOUCO…=

.ESSA SEMANA ACHO QUE VOU CONSEGUIR UM EMPREGO FIXO NUM BAR DE BRASILEIROS BEM

NO CENTRO DE LONDRES.NÃO VAI DAR MUITA GRANA MAS VOU PODER FAZER MEU CURS=

O NA BOA. EU E O NEGO MAL NOS VEMOS, JÁ QUE ELE TRABALHA DE DIA E EU A NOITE=

O PAI VEM ME VISITAR DIA 21 DE OUTUBRO.QUEM QUISER MANDAR ALGUMA COISA,

MANDE!ACEITO CARTAS, MIOJOS, ROUPAS, REMÉDIO PRA PRISÃO DE VENTRE, DESODO=

RA, ATURGYLL(URGENTE), UM COLCHÃO DE CASAL, FILE MIGNON, ENTRE OUTRAS COISAS.=

DESCOBRI UM SUPER MERCADO QUE VENDE MIOJO A 9 pi E CONHECI O MAIOR FLIPER=

DA MINHA VIDA HOJE.O BAGULHO TEM 4 ANDARES E EU TIVE QUE SAIR CORRENDO PR=

A NÃO TORRAR MEU DINHEIRO.A TELEVISÃO AQUI NÃO E TÃO RUIM.ESSA SEMANA ASSIS=

TI

RAMBO 2, FRIENDS, WHO WANTS TO BE A MILLIONAIRE(JOGO DO MILHAO) E EXTERMI=

NADOR DO FUTURO 2.

OUVI DIZER QUE O GRÊMIO GANHOU O GRENAL…FUCK OFF!

 

PS:MANDEM MAIS MENSAGENS..ATE AGORA FORAM MUITO POUCAS.

 

PS2:MANDEM SEUS ENDEREÇOS POR QUE EU QUERO MANDAR POSTAIS PRA TODOS.

 

ABRAÇO DO PINGO.

 

PINGO EM LONDRES

 

Bem, consegui transportar o arquivo do Pingo.

Com tantas novidades, por hoje só.

Boas noites.

09/10/00 20:37

 

Quarta-feira, 11 de Outubro de 2000, 18:33, chuvoso.

Pensando bem, não adianta perder tempo registrando o tempo meteorológico porque é só chuva e chuva.

Hoje houve uma festinha no CPOR para festejar o dia da Engenharia e também fundar um “Batalhão de Engenheiros” com a curriola a reserva e da ativa; o primeiro comandante foi o Rotta que foi o homenageado na festa.

Fui com o Pinho e estava bastante bom.

Amanhã temos um feriado do qual nem sei qual o motivo porque há uma série de acontecimentos no dia 12 de outubro inclusive, se não me engano, a descoberta da América.

Aliás é de se notar que para nós, de extração lusitana, esse é um fato de que não tomamos conhecimento porque os portucalenses nunca engoliram o Colombo.

Sem querer esnobar os eventuais leitores, quero afirmar que quando o Colombo chegou em Santo Domingo, o tratado que vigorava entre Portugal e Espanha ( não era Espanha ainda mas não compliquemos), separava a terra por meio de um paralelo e não por um meridiano como Tordesilhas.

Quando o Colombo voltou, o rei de Portugal chamou o pinta e avisou-o que as terras descobertas pertenciam a Portugal.

Depois é que aconteceu Tordesilhas.

Tá bem, sejamos mais exatos.

Em primeiro lugar, Isabel era rainha de Castela e Fernando, rei de Aragão e daí surgiu a Espanha.

Em segundo lugar, o Tratado de Alcobazas, de 1479, um tratado extremamente complicado, entre outras coisas dava o direito de conquista do reino de Fez para Portugal e também o direito de navegação ao sul das Canárias.

Como as Canárias estão exatamente no paralelo 30°N, o bolha do Colombo realmente estava na área de Portugal e  o Rei D. João II esperou o referido em Valparaiso, 1493, e avisou para ele não se fresquear que as terras eram portuguesas.

Aí começa uma inana que só termina em Tordesilhas.

Vemos então que quando avançamos em Tordesilhas, a gente até que tínhamos razões.

Pensando bem, deveríamos ir atrás de toda a América Central e mais México e adjências.

Sem falar nos cucarachas aqui da Sur América.

Ah! O reino de Fez é o norte da África. Boas noites.

 

 

Domingo, 15 de Outubro de 2000, 10:32, chuva.

Estamos em que houve um tornado violentíssimo aqui no RGS, causando inclusive algumas mortes!

Acabou de telefonar a Gessy para informar que lá em casa houve uma grande inundação.

As calhas de plástico foram destruídas pelo granizo e aí a tromba d´água adentrou no recinto, como dizem os cronistas esportivos.

Assim que o tempo melhorar devemos ir até lá para, pelo menos, pendurar as roupas na rua.

Amanhã é o aniversário da Patrícia e vamos comemorar hoje com um almoço chinês, novidade que está sendo testada.

Acontece que a Heloisa não quer que eu faça churrascos, por enquanto.

Penso que ela ficou muito chocada com a experiência do meu enfarte o que, aliás, não deve ser fácil.

Talvez eu não esteja avaliando muito bem a situação da minha saúde mas acho que para fazer churrascos já dá.

Na outra semana deveremos ir ao Jorginho e acertar alguns detalhes sobre o que posso ou não posso.

Por incrível que pareça, neste momento está entrando um raio de sol por aqui!!!

Dia doze fomos ao aniversário da Enilda, festejado com um risoto no salão paroquial da Medianeira.

Antes, lembrar que a Medianeira foi a paróquia d nossa infância, das inesquecíveis quermesses do padre Inácio Froener, vulgo Baratinha.

“ Fim a festa, fim do dinheiro, dedicatórias a um cruzeiro”, este bordão fui eu quem criou para aumentar  arrecadação no setor de dedicatórias.

As dedicatórias eram feitas para “ a mocinha de vestido grená e flor no cabelo”.

Era um prelúdio de namoro que ainda não foi estudado nos inumeráveis tratados sobre relações amorosas com que nos assolam as “Claudias” da vida.

Com vistas às psicólogas da PUC para uma tese de mestrado:

“Quermesses e dedicatórias: suas influências na formação amorosa dos jovens brasileiros”.

Sem demora alguma confrade americana iria demonstrar em estudo comparado que idem lá o fenômeno ocorria, só que em vez de quermesse tratava-se de feiras.

O que iria motivar alguns “sueltos” em edições dominicais, nos quais o articulista de vanguarda faria comentários desairosos sobre as feiras como instrumento do capitalismo burguês e sobre as quermesses, resquícios da influência medieval fradesca.

En passant, se eu achar, irei transcrever aqui um folheto no qual se ensina de como fazer um discurso “de esquerda”; é notável e parece que a gente está ouvindo o Olívio, ou o Tarso,a Luciana ou qualquer outro desses medonhos que ora nos assolam com sua oratória chata.

Há muito tempo atrás, a esquerda descobriu a semântica e foi daí que surgiu o “politicamente correto” dos americanos.

Acontece que, no fundo, aplicar a semântica para transformar o sentido de uma palavra, é uma empulhação et pour cause, acabou em galhofa.

Mas não aqui: aqui o PT continua tentando enganar as partes com uma semântica suburbana, marota  descarada.

Por exemplo, aumentar impostos passa a ser debatido como

“modificação da matriz tributária”.

Há outros exemplos mas esse, como mexe no bolso do público alvo, já está se encaminhando para a gozação e certamente os PT devem estar nos bares de chope, pensando de como evitar o ridículo.

Não vão conseguir.

Sem dúvida alguma, em termos de partidos políticos, o PT é um dos raros que tem uma identidade filosófica e uma característica operacional muito importante que é a honestidade.
Por outro lado, a agremiação é assolada por intelectualóides, donos da verdade, que são um ponta-pé nos bagos.

Complexados, burros, arrogantes e paroquiais, estes os adjetivos que cabem nos festivas do PT.

E por isso, nego-me a ser governado por essa gente e voto contra, mesmo sabendo que o Negrão ou similar encabeçam um bando de rapinantes, loucos para meter a mão na burra.

Mas eles ainda vão continuar por mais um período, não tenhamos dúvidas; o Negrão não tem suporte para ganhar do Tarso, mesmo com as besteiras do Olívio.

Por registrar que a anãzinha de jardim, a Emilia Fernandes, que saiu do PDT e foi para o PTB para se eleger senadora a custa do Zambiasi, agora saiu do PDT para não apoiar o Negrão.

Como disse um colunista político, é fácil sair de um partido que está se esfacelando para ir para outro que está no governo mas cheira à traição  interesse.

Aliás essa malher, que deu a vitória ao Olívio, ( O Brito ganhou no 1° turno mas, no segundo, os votos dela foram desviados para o Olívio, por maquinações do Brizola que agora amarga a bobagem que fez), até agora só fez bobagens como senadora: nepotismo, viração de casaca, operaçõs plásticas, total incapacidade, viagens por conta a viúva, enfim, um desastre.

Acho que a eleição da Emilia foi o maior exemplo do que pode a Televisão e de como votamos para senador.

Para senador a gente vota sem a menor motivação, o que é um grande erro.

E a tal Emília tem uma grande presença na TV embora pessoalmente, seja uma anãzinha de jardim, com uma baita cabeça e perna curta.

Como na TV a imagem pode selecionar só o que interessa, ela a parecia muito bem, tipo prenda açoriana, falando com forte sotaque da fronteira   aí a gente marchemos, including me.

A outra opção era o Schirmer, anche brabissima.

Então ta.

Vou aproveitar o resto do tempo até ao almoço para passar um mail para o Pingo.

Ontem o Tergolina seguiu para os USA e de lá para a Inglaterra; a Heloisa pretendia mandar algumas coisas para o Pingo mas, a ida direta do Tergolina, ( pensamos que ele iria voltar a POA), truncou os planos.

Decerto o Tergolina resolve os problemas: o que o Pingo pediu, certamente tem lá.

Isto aí. Acaba de telefonar a Graça que mudou-se pra a casa nova.

Vem almoçar conosco.

A rive.Domingo, 15 de Outubro de 2000.

 

 

 

Sexta-feira, 20 de Outubro de 2000, 18:44, tempo bom.

Realmente a semana passa muito depressa.

Muitas coisas aconteceram na semana que passou e decerto não ri me lembrar da metade.

Trabalhei bastante porque eram muitos os processos em andamento mas já estão em dia.

Estive no Hospital Militar para fazer inspeção de saúde com vistas a ficar dispensado do IR  outras cositas mas.

Segunda feira, devo fazer os exames que o médico do HMPA, DR. Jairo me pediu.

Trata-se de um major e me pareceu competente.

Interrompi o registro porque a Heloisa chegou da festa de aniversário do Americano e estava na hora do café.

No intervalo, telefonou o Marcelo Vares convidando para uma janta amanhã na casa dele. Aceitamos o convite.

Telefonou também o Paulo e amanhã vamos até ao Imbé para ver o que aconteceu por lá.

Domingo, ao que se sabe, o almoço será nos Barrios, sistema americano, cada um leva um prato.

Estamos inaugurando um novo estilo, pelo menos até eu ter licença para voltar aos espetos.

Já ando com saudades de uma picanha mal passada, salsichão, lombinho, etc. e tal.

E, por hoje, chega.

Boas noites. 20/10/00 22:03:11

 

Terça-feira, 24 de Outubro de 2000, 16:20, chuvoso…

Tenho ido trabalhar de  manhã para vir almoçar – há aquele monte de remédios para tomar no almoço – e aí fico em casa.

Hoje o Ângelo foi comigo para o escritório e agora foi passar no Foro, antes de ir para casa, que é caminho.

Heloisa foi a um chá beneficente no Plazza.

Domingo tivemos o almoço nos Barrios com freqüência maior do que a prevista.

O Carlos resolveu fazer um galeto só para não ficar “de varde “ e caba que foi a salvação da debatida lavoura.

Interessante como lavoura e pecuária sempre foram motivo de gozações porque os chamados produtores primários estão sempre llorando y llorando: ou é seca ou é enchente ou é o adubo, a super produção, enfim os caras tem um balaio chio de motivos para chorar.

E não é que, mesmo assim há um monte de gente querendo ingressar em tão desacorçoante negócio?

Não seria o caso de mandar lavoureiros e/ ou pecuarista fazerem conferências para os MST?

Garanto que com duas ou ter palestras, o MST se esvaziava!

Se é que os caras querem trabalhar na terra: pode ser que eles só queiram a terra.

E aí, como diz um baiano ilustre, deitar na rede, cuspir para o lado e jogar conversa fora.

De vez em quando, um galinhazinha de cabidela coisa que nós chamamos de angulista ao molho pardo.

Quem é o baiano ilustre? No momento não lembro o nome mas em sendo baiano, qualquer um, ilustre ou não, pode ter sido o autor da frase.

O baiano é aquele que escreveu “ Viva o povo brasileiro”.

João Ubaldo Ribeiro.

Ontem fiz um monte de exames que me foram pedidos pelo médico do HGPA.

Pensei que não iria agüentar o esforço na esteira mas não houve problema, continuo vivo.

Retornou a Heloisa: o chá foi ontem… estavam sorteando uma viajem para Paris, eu suponho.

Acho que se for a Paris, vou ter que ir por minha conta…

Bem.

Às vezes surgem, no quotidiano, assuntos interessantes e me ocorre escrever um conto ou uma crônica relacionados mas, como este registro deve ser impessoal, é preciso ter cuidado.

Por exemplo, temos agora em voga o tema “ A Mocreia e o Gardelon “  e eu estava pronto para me divertir um pouco quando começaram a me assolar as dúvidas.

Em primeiro lugar, teria que fazer uma descrição física acurada dos personagens para que os eventuais leitores não se reconhecessem nos referidos e eu sou horrível em descrições.

A Mocreia teria que ser loura, gordona, ter sotaque, primeiras letras e solteira o que, me parece, afasta qualquer semelhança com femininas da família. Ah! Vestido largão do Paraguay e tênis sem meias.

O Gardelon, deveria ficar ainda mais bem definido para elidir o fato do Carlos já levar o apelido, comum a todos os que estão ao sul do rio Uruguai.

Então, argentino, gorduchote, cabelo repartido no meio e alisado com gomina, gravata borboleta e sapatos com polainas; falastrão, picareta e balaqueiro. Roupa listrada e colete listrado.

Agora, pensem bem: será possível alguém desenvolver um enredo razoável com tais personagens?

Difícil, muito difícil!

Em primeiro lugar, eu não sei escrever sério e, mesmo que saia com tal intenção, no meio do caminho a coisa descamba para a galhofa e assim dos trinta e três enredos clássicos para a composição literária, dois terços já estariam afastados.

Partindo desta limitação, pensemos logo num romance entre os dois.

Para o Gardelon querer um romance com a Mocreia, só se ela fosse muito rica ou parecida com a Libertad Lamarque, o que, absolutamente não é o caso.

A Mocreia ficar caída pelo Boludo? Teria que ser muito trouxa o que também não está incluído no seu perfil: pelo jeitão, a referida está mais para Elaine do que para Suzana Martins, lembremos velhos personagens.

Assim que, desisto, entrego os pontos.

Fica apenas o registro de que, numa determinada época, lidamos com os dois personagens e não soubemos o que fazer com eles.

Até a próxima. 24/10/00 16:54:11.

 

Domingo, 29 de Outubro de 2000, 10:51, frio.

 

Acabamos de chegar da votação, segundo turno, Tarso x Negrão.

Se a Yeda Crusius tivesse chegado ao segundo turno, ganharia a eleição mas o Collares apresenta uma rejeição muito grande.

Pena, está na hora de tirar o PT a Prefeitura.

Ontem mudou-se o Bolão para a casa nova que é muito boa; o João, está procurando apartamento para se mudar.

A notícia é que os alugueis estão muito baratos.

Verifico que me esqueci de comentar o jantar oferecido pelo casal Luciana e Marcelo Vares.

Estava ótimo, o apartamento deles é muito bem decorado, uma cobertura na rua Ijuí.

O cardápio foi fondue de carne; depois, na hora em que antigamente se tomava licor e fumavam-se charutos, houve uma demonstração de karaokê .

Como só havia músicas modernas no cartucho(?), não participei das cantorias.

O Marcelo e a Luciana cantaram bastante.

Estiveram também o Vares, a Meneca e as gêmeas.

Cabe retribuir.

Falando em visitas, ante – ontem esteve aqui o Luiz Carlos Porto Alegre Rosa, um colega dos tempos de EPPA e a quem devemos gentilezas, tanto quando chegamos na EsAO, quanto idem na EsCEME.

O Porto Alegre sempre nos esperava com almoço e, se fosse o caso, local para ficar até nos instalarmos.

É bom não esquecer.

Ontem esteve o Joaquim para tomar um mate e me trazer livros; desta vez foram duas biografias, César e Aníbal Barca.

E “A Odisséia” a viajem de Ulisses, também conhecido como Odisseu, depois que deixou Tróia.

Do Aníbal eu não sei nada a não ser as origens de Cartago e a razão de sua destruição pelos romanos.

Cartago foi fundada pelos fenícios e dominava o comércio do Mediterrâneo ocidental.

Como sabemos, Cartago ficava onde hoje é Tunis, a capital o Kadaffi.

No Mediterrâneo, fenícios, gregos e romanos, nesta ordem, estabeleceram suas colônias.

Como Cartago ficava mais ao Leste e na África, não foi muito perturbada pelos Gregos que preferiam a costa européia do Mediterrâneo.

Já os romanos não admitiam sócios no “Mare Nostrum”  por isto,

“ Dellenda Cartago “.

Gostei muito de voltar à “Ilíada” mas “A Odisséia”, sempre achei meio chata.

De qualquer forma, e´ muito bom reler os textos que deram origem à quase toda literatura ocidental.

O Joaquim, pelos livros que me trouxe, anda  empolgado com a cultura clássica o que não é muito compatível com morar em Tramandaí…

Imagine-se o Joaquim, dando uma de Cícero, falando para as ondas…

Hoje teremos grandioso almoço com gnochis e intercertera; Heloisa acha que eu ainda não estou em condições de fazer churrascos mas, amanhã, na consulta com o Jorginho, esclarecerei o assunto.

Já ando com saudades de uma picanha gorda, acicatada por uma propaganda das carnes do Bourbon; na propaganda o personagem principal está assando umas picanhas que deixam todo o mundo babando.

Inclusivel eus..

Voltando ao tango “Maria”, a Meneca confessou ter musica e letra da raridade…

A Meneca estudou piano e decerto ainda guarda pautas de musicas de ayer; imagino os tangos que ela deve ter mas, como é muito moiteira, hai que preguntar.

Então, para a posteridade, a letra de “ Maria”.

Acaso te llamaras solamente Maria

No se si eras el eco de uma vieja canción

Pero hace mucho, mucho, fuiste honamnte mía

Sobre un paisaje  triste,

Desmayado de amor…

El otoño te trajo, mojando de agonía

Tu sombrerito pobre y el tapado marrón…

Eras como la calle de melancolía,

Que llovia…lllovia…

Sobre mi corazón..

Maria…

En las sombras de mi pieza ..

Es tu paso el que regressa…

Maria…

Y s tu voz pequeña y triste,

La del dia en que dijist:

Ya no hay nada entre los dos…

Maria…

La mas mia… la lejana

Si volviera otra mañan

Por las calles del adios…

 

I bis

 

Tus ojos eran puertos que guardaban auscentes

Su horizonte de sueños y un silênciso de flor

Pero tus manos bunas

Regressaban presentes,

Para curar mi fiebre

Desteñidas de amor…

Un otoño te trajo

Tu nombre era Maria

Y nunca supe nada

De tu rumbo infeliz…

Si eres como el paisaje

De la melancolia

Que llovia, llovia

Sobre la calle gris…

 

II bis y fin.

Fica registrado que qualquer outra letra de tango, eu tenho no Livro que a Graça me deu, no qual só faltava Maria.

Acho que já falei sobre o assunto.

O povo já começa a chegar assim que vou parando; não vem a família Bolão por causa a mudança  o Paulo Fietz que foi para a praia.

Até a próxima.

 

Terça-feira, 7 de Novembro de 2000, 16:21, tempo ótimo.

Semana passada foi picada por feriadão, desde quarta feira até anteontem assim que se explica a minha relapsidade, é claro que não existe tal palavra.

Na praia, algumas goteiras remanescentes do litodiluvio mas o principal era a caixa d´ água que estava com a bóia trancada e causava goteiras,

além de não encher a caixa.

Pelada a coruja.

O Julio ficou de consertar as mais goteiras mas, como anda cheio de obras, tenho minhas dúvidas.

Deixei a piscina limpa.

Estava bom, apenas um pouco frio.

Sábado fiz churrasco o meio dia e o Antônio fez de noite, como é de seu costume. Domingo o Paulo fez galeto como também é de seu costume.

Heloisa me deu de presente uma poltrona de vime muito bacana; até acho que deveria ser trazida para POA porque lá é um perigo.

Pablo e Diego foram também mas ficaram com os Fietz ou melhor, parte lá, parte aqui.

Diego teve dor de dente; acho o fim da picada uma criança ter dor de dentes: isto não se usa mais desde a Grande Depressão.

Inda mais tendo dentista na família.

Desde ontem ando às voltas para encaminhar os pedidos de isenção de IR e aumento dos vencimentos.

No Exército propriamente dito, SIP/3, as coisas até que andaram bem mas acho que consigo apenas o que concerne ao Imposto de Renda.

O resto vai ser difícil.

Merece uma torcida.

Bolão mudou-se, a casa é muito ajeitadinha  bem situada.

Eles moravam num malocão que já estava caindo; agora melhorou muitíssimo e até já estamos convidados para jantar lá, na quinta feira.

O restante da família, por aí m seu quotidiano: Patrícia e Carlos bastante agitados profissional e socialmente, Isinha recebendo a visita do Juan, Bolão no plantão, Liege trabalhando diuturnamente no consultório, a gurizada se preparando(?) para as provas de fim de ano.

Je, de  moi, bien.

Pingo começando a mandar E Mails saudosos: já quer saber se alguém vai passar o Natal com ele…

Quando começarem as férias aqui e ele lá estiver enfrentando o inverno londrino, aí as coisas vão se complicar e decerto termina  o De Bello Gallico.

Coisa boa é quando a gente senta no avião da Varig para o vôo de volta.

Falando nisto, o Dr. Nico e Valdívia voltaram encantados com o nordeste e pensando em ir morar lá.

Imediatamente a Ilsa  incorporou a idéia e also wants to live there.

Então ta: antigamente, quando as dificuldades da vida eram reais, a gente fugia do nordeste por todos os meios.

Mesmo que o pátria fosse convidado para ser vice-rei da catinga e adjências, nem pensar.

Eu sei que é “ adjacências” mas estou  perpetuando a cultura dos malandros do Bar Ao Vencedor a qual, com a morte do Paulo Quatrolho, perdeu um grande repositório.

Pena que o Paulo não escreveu nada a respeito.

Por incrível que pareça, ele tinha um apuradíssimo feeling para perceber as situações humorísticas.

Tratando de lembranças, hoje fui ao QG e encontrei lá  filho da Dirce, o tenente Nestor, encarregado do Museu da Região.

Trata-se de um rapaz (?) muito simpático e educado.

Disse-me que, quando era guri ia estudar Português e Aritmética lá em casa, com a “ veia Saara”!!!

Se a Saara souber que há quarenta anos ela já era a “ veia Saara” decerto irá ficar muito satisfeita com o tenente Nestor…

Também fiquei sabendo que o filho do Zé Augusto, o Zezé, como diz o Carlos Alberto, que está comandando aquele regimento de mamíferos ungulados ali do Partenon, é um baita dum chato, um murrinha que azucrina a vida de todo o mundo com seus amores aos referidos gados cavalares.

Não conheço o pinta mas conheço o gênero: ninguém é mais chato do que um cavalariano chato porque, além de chatos são grossos e burros.

Com o que, aguardo melhor oportunidade para continuar.

Terça-feira, 7 de Novembro de 2000.

 

Quarta-feira, 8 de Novembro de 2000, 17:27, tempo bom.

Finalmente parece que está chegando o verão!

Hoje sulfatei a parreira acompanhado pelo Pablo que, como é de praxe às quarta feiras, veio para cá depois não sei de qual aula, futebol, esgrima, natação, por aí. Diego apareceu mais tarde e já foram para não sei qual outro compromisso.

Heloisa foi ao chá da Liris; o famoso chá de Vacaria anda meio xoxo porque virou cassino: o jogo passou  ser o pressuposto para a reunião e, como o jogo tem lá suas exigências, a coisa toda anda meio indo para o brejo.

De qualquer forma, creio que está durando por quase trinta anos.

Estou lendo a Odisséia que considero mais difícil de ler do que a Ilíada.

Como sabemos, ambas as obras estão na origem da literatura grega e também de toda a civilização dita helênica, qué dizê nóis.

São os primeiros textos gregos de que se sabe.

A Ilíada conta a história da guerra de Tróia e a Odisséia, a viajem de volta para casa – depois da guerra de Tróia – do Ulisses, also known as Odisseu.

À semelhança do que acontece com  Shakespeare, também a existência de Homero é contestada pelas partes e as interpretações da Ilíada e da Odisséia, são delírios de imaginação que nos deixam de boca aberta.

A Iliada seria a idealização da expansão grega no Mediterrâneo e a Odisséia, a conquista dos mares e da arte de navegação pelos dóricos, basicamente uma tribo nórdica da Europa Central.

A esse respeito, origem dos dóricos, tenho minhas dúvidas.

Porque os gregos tinham uma grande ojeriza pelos hiperbóreos.

Não vou continuar este assunto porque a civilização helênica, na sua origem é muito complicada.

Por sinal que o Carlos andou em Creta, onde viveram os minóicos –  cretenses aos quais muitos atribuem o esplendor da civilização dita grega ou ocidental. Esperemos que tenha visitado as ruínas de Knossos.

Voltemos à Odisséia.

A única coisa razoável que ouvi a respeito a viajem de Ulisses é história de que ele teria chegado ao Atlântico e aportado na foz de um rio onde, posteriormente surgiu uma cidade, Ulissipona, modernamente Lisboa.

Si non é vero, é bene trovato.

“Arma virumque cano…”

“As armas e os varões assinalados “…

No mundo nada se cria, tudo se copia, eis a tese

Copiar não é pecado: pecado é copiar mal, eis o corolário.

Fui lá dentro para ver se achava o telefone da cabelereira e acabei vendo o endereço do Jorge e da Mônica que transcrevo a seguir porque é muito complicado:

Quem teria sido esse Max Eyth?

Em sendo alemão, a gente logo pensa num professor, num violinista, cientista mas também pode ter sido um cabo da SS.

Este é o grande paradoxo dos fritz: a gente nunca sabe se está tratando com o Goethe ou com o Göebels.

Sempre lembro o meu professor de Desenho no Ginásio Anchieta, o Richter, uma rica criatura que quando ficava brabo, gritava com a gente:

– Vai logo para a África seu mulato aí!!!

Naquele tempo o Rommel, a Raposa do Deserto, estava ralando os ingleses na África e parecia que a guerra iria terminar em seguida com a vitória total do Eixo.

Para quem não sabe, o Anchieta era um antro de nazistas: o famoso padre Pauquet tinha pregado na parede do quarto dele alguns quadros da Hitlerjugend decerto para nos emular para o mesmo caminho.

Todo esse papo porque achei o endereço do Jorge ou, como quer a Ilsa, Georg, muito mais chique.

Tive que interromper. Voltei agora, já são dez e meia PM e vou encerrar.

Até amanhã. Quarta-feira, 8 de Novembro de 2000

 

Sábado, 11 de Novembro de 2000, 18:49, tempo bom.

No momento o Grêmio está jogando contra o Atlético Paranaense e não pode perder.

Está no fim do primeiro tempo e o Grêmio está ganhando 1 x 0.

O Ângelo está lá.

Em matéria de esporte, o que tem chamado a atenção das partes é o caso Ronaldinho.

O guri adquiriu fama através de jogadas individuais que deixaram o mundo todo encantado.

Com isto, ele sobreleva aos demais e inclusive ao tênico e aí a coisa enguiça: na fase atual do futebol brasileiro, as estrelas são os técnicos e não os jogadores.

Observem que quem substituiu o Luxembista, um mulato pernóstico, foi o Leão, outro megalomaníaco.

Até o sarará Celso Roth resolveu criticar o Ronaldinho pelas suas jogadas individuais. Só falta passarinho cagar para cima!!!

Acontece que o guri  é realmente muito bom e vai acabar por desacreditar os bobalhões que se dizem tênicos.

Falando nisto, o Luxembista está empepinado com uma CPI que o acusa de várias vigarices, sendo a principal o recebimento de comissões na venda de jogadores, previamente valorizados por uma escalação na Seleção Brasileira.

Acabaram de sair daqui a Patrícia e o Pablo; amanhã farei grandioso galeto mas acho que os Barrios não virão porque o Pablo está com um intenso programa esportivo no Gauchito e no Colégio.

O Carlos está em Recife, devendo retornar hoje à meia noite.

A turma da Isinha e a própria vêm.

A Isinha agora é entrevistadora de TV, um programa no canal 20, às 16.00 horas das quarta feiras.

Ela desempenha-se bem mas a equipe técnica é um desastre.

Principalmente o editor.

No âmbito das amizades, já foram entrevistadas a Graça, a Viviane e a Patrícia.

Bem.

Ontem jantamos no Bolão e eles estão satisfeitíssimos com a casa nova que realmente é muito melhor que a anterior e proporciona muitos recursos para ser decorada.

Devagar eles estão vestindo a casa.

Jogamos cartas  eles ganharam todas as partidas, a Liege estava com muita sorte.

(2 x 0 para o Grêmio e adivinha de quem foi o golo?

Ronaldinho é claro.)

O FDP do Leão que não o convocou para o jogo do dia 15 contra a Colômbia, já deve estar arrependido.

Acontece que, se ele não convoca o Ronaldinho e o Alex  a seleção perde, aí ele dança.

Como aconteceu com o Wanderlista.

O gozado é que depois o jogo com o Goiás –estava 2 x 0 e o Grêmio aceitou o empate – nem mesmo os narradores tem coragem de dizer que o jogo está ganho.

Acabou 3 x 0 e o Grêmio está classificado na copa João Havelange.

Bem, por hoje é só.

Boas noites. Sábado, 11 de Novembro de 2000, 21:15.

 

Terça-feira, 14 de Novembro de 2000, 11:58 razoável.

Fui buscar meus exames de sangue no Weinman e cheguei a duas conclusões:

  1. Meu tipo sangüíneo é O positivo.
  2. Houve um engano no que concerne ao piripaque que eu tive!

Tendo em vista as minhas reivindicações no Exército ( não pagar IR e receber um percentual de 25% a mais), a única maneira de obtê-las é escondendo o teste de esforço e este exame de sangue.

Acho que vou ter que comer mais picanhas gordas para ver se aumento um pouco o colesterol.

Continuo achando que o enfarte foi causado por uma reação alérgica: não esquecer que tomei uns antibióticos fortíssimos por causa da inflamação da próstata.

Vamos ver de como prossegue esta novela.

Domingo tivemos galeto que estava muito bom mas com freqüência reduzida, o Bolão de plantão, o Diego na casa de um amigo.

Amanhã teremos mais um feriado e o tempo está prometendo.

Conforme for, poderemos dar uma chegada no Imbé.

Parece que o Bolão também quer ir até lá para uma arejada.

Sempre é um belo programa ir até ao Imbé.

Terça feira que vem, tenho audiência em Lavras.

Sábado, o aniversário da Filha da Nara e do Gilberto Hugentobler, em Novo Hamburgo.

E no outro final de semana, o casamento da Vivi.

Como se depreende, o fim do ano está prometendo: eu ainda tenho o aniversário lustral de formatura da turma do Direito e o idem jubileu a AMAN.

E por falar em fim de ano, continuamos sem as roupas do papai Noel, eis que os viajantes para os USA nem estão aí para o Bom Velhinho.

Se dependesse deles, o papai Noel viria de bermudas  sandália e dedos.

Na cabeça, um gorro da Ipiranga, com a aba para trás e os presentes em sacolas do Carrefour.

(O David Barry diz que os adolescentes são tão incapazes que nem conseguem colocar o gorro direito na cabeça.)

A idéia é esta mas ele disse bem melhor.

Ontem fomos dar uma olhada no Carrefour e, como de costume, pela milésima vez, ficamos com a impressão que não vale a pena.

Comprei, por R$ 49,00, uma furadeira chinesa que pretendo doar para alguém no Natal.

Pareceu-me excelente mas está tão barata que a gente desconfia.

Até agora não consegui formar uma opinião sobre produtos chineses porque eles não têm tradição mas lembro que quando os japoneses começaram a vender radinhos de pilha, também era considerados o fim da picada, que só sabiam fazer porcarias.

Hoje, todo o mundo tira o chapéu para a tecnologia e a qualidade dos produtos japoneses.

Quem sabe os chineses também estão nesta?

Por enquanto, o made in China, assusta.

Ontem havia um E. Mail do Pingo mas como ele costuma faze-los gerais, dirigidos a um monte de gente, não existe a preocupação de resposta.

Também recebi carta dos amigos australianos que devo responder antes do Natal.

E já é hora de organizar a lista de cartões de Natal a serem remetidos; penso que a relação de endereços, se não está atualizada, está quase e em menos de uma tarde coloco-a em dia.

Este ano, pretendo fazer etiquetas, o que nunca fiz antes.

Parece que com este Word é muito fácil.

Devo consultar o João que já fez algo semelhante.

Agora, encerrando para o almoço.

Voltando para testar um novo teclado, que está parecendo muito bom.

Dia desses mandei pra o lixo acho que uns 10 teclados e, no momento, já deve haver um estoque de três.

É a velha história dos computadores: quando te entregam o novo, ele já está ultrapassado.

Isto o Davy Barry dizia quando as winchesters eram de 20 mega e 2 mega de memória Ram era um exagero.

Naquele tempo ele já declarava solenemente que, para desenvolver seu mister de jornalista, não precisava mais do que um 286.

Tinha razão mas eu já botei um 286 funcionando no lixo.

Gostaria de saber qual equipamento ele tem hoje.

Acabou de telefonar o Eduardo lá da Bahia para saber de como eu estou.

Estou bem.

Também telefonou o Alvinho, a respeito do meu processo de invalidez.

Acho que não vai dar mas, nunca se sabe, pode ser que o Glorioso esteja menos rigoroso na interpretação de regras que digam respeito aos seus componentes.

Em qualquer outra organização, pública ou privada, eu já teria assegurados os direitos  que assistem a quem tem moléstia grave do coração; no Glorioso não.

Excelente o teclado, aprovado com nota 9.

Trata-se de um Netrix e tem um monte de teclas das quais desconheço a finalidade.

Chego lá.

Mais uma vez vou encerrar.

Terça-feira, 14 de Novembro de 2000, 17:45.

 

Quinta-feira, 16 de Novembro de 2000, 17:36, bom.

Entrou uma onda de frio e, quase em dezembro, ainda estamos amargando temperaturas menores do que 10° C; insisto em afirmar que isto é uma manifestação do efeito estufa!

Só que aqui, para variar, conseguiram avacalhar e a estufa virou ventilador.

Adoro ecologistas pois vai chegar o dia em que o crcodailos não vão mais ter o que comer e aí nóis atiremos eles.

Os caras são os arautos do Apocalipse, ou é estufa, ou é camada de ozônio, ou é choque de placas ou é falta de água doce.

Quando vejo um parceiro destes pregar o Juízo Final, sempre me ocorre aquele personagem do “Exercito de Brancaleone” que era doutrinado para morrer porque a vida no céu era bem melhor do que aqui na terra e na Idade Média.

No fundo, os ecologistas não têm coragem para viver mas não querem abandonar a festa.

Pelo menos não sós.

Será que ninguém consegue ver o ridículo da situação quando um monte de universitários de faculdades particulares, ditos biólogos, ficam salvando cobras e lagartos de enchente de barragens?

E não só o ridículo mas também o contra-senso, num país onde muita gente tem dificuldade para se alimentar?

Falando nisto, a mulher do Garotinho criou no Rio, na Central do Brasil, um restaurante que fornece uma bela refeição por R$1,00.

Acho que o fato não é novo, até a Evita Perón fez coisa mais contundente mas a verdade é que  a repercussão foi grande e estão chamando o Garotinho de Getulio II, Pai dos Pobres.

O que eles não sabem é que o Getúlio era Pai-Patrone e dava um pau feio na gurizada.

Atrás da bóia vinha o rabo de tatu.

Tudo muito divertido.

Agora temos uma novela que acontece na década de 40, em que o autor faz uma feijoada com tudo o que acontecia na época: a ditadura do Getúlio, a Quinta Coluna, a FEB, as cantoras do rádio, as casas noturnas( aí eles pifaram porque a que eles apresentam, está mais para Cassino da Urca do que para cabaré), a Guerra, as enfermeiras e por aí em frente.

A coisa está entre o ridículo e o lamentável mas esta é uma opinião critica que não pode ser declarada, pena de expulsão do círculo familiar.

Tem um pianista que se alista como 1° tenente e o capitão da história, até em combate anda com uniforme de passeio!!!

O enredo da parte guerreira já foi abordado com mais propriedade e graça pelo Hemingway e tenho certeza do breve surgimento do “ Nada de Novo no Front Ocidental “. Neguinhos não resistem e sai a coladinha.

À semelhança dos filmes americanos, já apareceu até um major FDP, personagem que não se preocupa com a vida dos seus subordinados etc. etc. e tal: já existe uma situação em que o irmão de um também praça se ralou-se por causa do major e o mano está a fim de engrossar.

Acho que já vi este filme.

Após esta profunda digressão sobre tema de elevado interesse social, voltemos o quotidiano.

O Dr. Carlos Barrios, esta semana – esta semana- viajou para Praga.

Lembremos que semana passada o referido cientista esteve em Creta.

Lembremos que Praga é um monumento à Idade Média e Creta uma relíquia da civilização que deu origem à nossa cultura.

Esperemos que o Dr. Barrios inverta a ordem da viajem, no que concerne à absorção de cultura.

Se bem que o Minotauro não é flor que se cheire.

Se não estou enganado, o Daniken começou a sua derrocada quando afirmou, com fotos, que em Knossos – por ali – havia uma misteriosa escada que só descia, não subia!!!

À semelhança da moeda de uma só face do Borges, ninguém conseguiu entender nada: como seria uma escada que só desce?

Aí todo o mundo passou a desconfiar do Daniken que, como o Beto Albuquerque, seria um grande atocho –embromador.

O personagem Beto Albuquerque é ora referido porque, ontem, no programa do Lauro Quadros ele defendeu umas teses daquelas que fazem corar um ator inglês.

Acontece que o PT resolveu aumentar o pedágio em 33% e aí surgiu a pergunta:

  • Mas escuta, o Brito não era o pedágio e o Olívio a estrada?

Pois o Beto Albuquerque tentou provar, com a maior cara de pau, que 33% era pouco, que na verdade seriam 42%, que com o aumento todos sairiam ganhando, o governo, o usuário e a companhia concessionária!

O pior é que o representante da concessionária esteve do lado dele fortalecendo os argumentos de que o PT teria feito um ótimo acordo para beneficiar os usuários.

É a primeira vez que vejo um comerciante que foi ralado, aplaudir o ato ralador…

O tal Beto Albuquerque é um FDP deslavado.

Claro que a opinião publica deu o troco, votando contra a sacanagem do aumento.

No programa do Lauro Quadros, “Polêmica”, as pessoas respondem a uma pergunta, votando.

Ontem terminou a  Feira do Livro que considero uma outra forma de picaretagem para vender porcarias que ninguém lê.

Nas famosas tardes de autógrafos, só comparece a família do autor e assim mesmo os mais chegados.

Primo não vai, só mãe, avó, avô, por aí.

E, no fim, os livros na feira estão mais caros do que nas livrarias.

Aliás, este fato acontece em toda feira que já fui: as bergamotas, os morangos e demais hortifrutigranjeiros são mais caros na feira do que na quitanda.

Na festa do pêssego, logo depois do recinto da feira, vosmicê encontra frutas melhores e mais baratas, na beira da estrada.

Os comerciantes brasileiros são muito atilados: como há muitos clientes na feira, eles imediatamente aumentam os preços.

Só que esta prática burra acabou com os fenícios, quando eles deram volta na África há cerca de 4700 anos.

Buenas noches.

 

Sexta-feira, 24 de Novembro de 2000, 21:40, chuvoso.

De importante, cabe dizer que estive em Bagé esta semana.

Até que não foi ruim, e, com uma comida melhor, creio que eu nem notaria que sou um doente cardíaco grave.

Conheci a famosa Fazenda Santa Anna que, afinal, foi com o meu trabalho que a família a teve de volta. Entre outras.

A Tala e São Camilo.

Eu me perguntei se eles avaliam o que isto significou.

Quando vi a Dona Rosa e a Anna sentadas na frente da casa, tomando mate, olhando para aquelas terras intermináveis e contando histórias de antigamente, dei-me conta do tamanho da obra que fiz.

Dei-me conta também do que o outro lado perdeu e anotei para levar arma quando for  Bagé novamente.

Ainda há muito o que fazer por lá;vou fazer e vou cobrar.

Dona Carmem foi absolvida; lembremos que quando o Diogo resolveu abandonar o barco, certo que estava da derrota, eu não gostei da atitude dele e resolvi que iria absolver D. Carmem.

Explico: o Diogo concordou em advogar comigo no caso e estivemos juntos no instrumento de mandato; quando ele viu que o juiz acolheu a denuncia, ele ficou com medo de perder e retirou-se, o que fez sem comunicar-me, mesmo sabendo que eu, supostamente, não tinha condições físicas para tocar o caso sozinho.

Às vezes as pessoas esquecem quem é o feiticeiro e quem é o aprendiz só porque o mestre deixa que eles mexam a panela da poção mágica.

Tudo bem.

Só que…

Voltando a Santa Anna, a fazenda fica entre Torquato Severo e Lavras o que nos dá uma primeira idéia sobre a civilização do entorno.

Lavras, se comparada a Torquato, é uma metrópole trepidante.

Conversamos com um vizinho da Santa Anna, pessoa notável o Joel, que declarou que não agüenta mais a cidade, que nem consegue dormir por causa do barulhão!!!

Ele estava referindo-se a Lavras…

Lembrei aquela história do Carlinhos, do cara que foi passar o carnaval na Bossoroca.

Sempre achei que o Carlinhos estava queimando campo mas agora achoe que é verdade.

Bossoroca, perto de Lavras é um burgo progressista.

Tudo isto para dizer quer a região da Fazenda é um desertão verde, um mundo à parte aonde a civilização só chega via meios de comunicação sem fio.

Bom lugar para curar stress.

Chega por hoje. Sexta-feira, 24 de Novembro de 2000.

 

 

Sábado, 25 de Novembro de 2000, 18:44, tempo bom.

Hoje iremos a um aniversário de quinze anos, em Novo Hamburgo.

Como o número de “intes” é grande, o Paulo Alugou uma van para 11 pessoas, o que me parece uma excelente idéia: enfrentar a 101 de tardezinha ou de noite, não é fácil.

O aniversário é da filha do Gilberto e da Nara, prima do Paulo; salvo engano, a menina é afilhada do casal Fietz.

A reunião dos viajantes é aqui em casa, às oito PM.

O Lucas já chegou e me pediu para dar um nó na gravata dele.

Pelas roupas do Lucas, a festa deve ser chique.

Ante ontem a Ângelo e seu grupo de trabalho tiveram que montar um stand sobre o Espírito Santo; com a colaboração da Heloisa e da Alba, fizeram uma moqueca de  receita capixaba, enriquecida com alguns temperos baianos.

Além, é claro, de textos, cartazes, panelas, camisetas etc. de extração espírito santense.

Diz o Ângelo que o sucesso foi total e que a moçada rapou a panela e lambeu os beiços.

A tralha toda – panelas, pratos, garrafas de barro etc.- já foi devolvida.

Hoje, como de hábito, fomos à feira e chegamos à conclusão que o Zaffari está numa pior.

Primeiro foi a retirada do Pedrinho Zaffari e agora os preços que estão simplesmente fora de qualquer mercado.

Como exemplo, um a couve flor grande que custa R$1,00 na feira, é vendida no Zaffari por R$ 5,00!

Um quilo de tomate gaúcho, na feira, custa, em média r$1,00; um tomate – um tomate – no Zaffari, custa R$ 1, 59!

Ou seja, pelo menos o Zaffari não está pesquisando os preços dos concorrentes, o que é ruim.

Ontem, além de estar reduzido o número de caixas, quando fomos pagar nossas compras, havia quatro caixas vazias, situação que eu nunca tinha presenciado no Zaffari.

Pena mas todo o mundo ficou com a impressão de que o Bourbon Ipiranga foi um passo maior do que as pernas.

E, a concorrência a mil pelo Brasil, principalmente o estrangeiros, Big E Carrefour.

No campo esportivo, o Inter está jogando hoje, em Curitiba, a classificação na Copa João Havelange; não sei o resultado mas não houvi nenhum foguete.

Amanhã é o Grêmio em Campinas, contra o Ponte Preta, uma baita pedreira.

Amanhã também, inovando no pedaço, teremos, ao invés de churrasco, um lanche dominical que as pessoas, erradamente estão chmando de “ajantarado”.

Ajantarado é o nome que os cariocas dão ao almoço de domingo que se prolonga quase até de noite e aí ninguém precisa jantar.

É o caso das famosas feijoadas de subúrbio ou então as rabadas.

Já disse que feijoadas e rabadas, só no Rio?

Não adianta faze-las em outro lugar.

É como galinha de cabidela da Bahia, aqui conhecida como galinha ao molho pardo.

Só que, comparada com a baiana, nada a ver…

Uma vez, no Acre, comi um restinho de pato ao molho pardo feito por uma baiana e era de não se acreditar.

Embora o pato tivesse sido encomendado para mim, como cheguei atrazado, os cretinos que me antecederam, comeram quase tudo.

Foram todos despedidos na semana seguinte.

No mais tudo em paz; aguardemos os convivas.

Boas noites.Sábado, 25 de Novembro de 2000, 19:12.

 

Domingo, 26 de Novembro de 2000, 19:30, bom.

Estou aproveitando um tempinho antes do “ajantarado”, uma novidade que certamente não irá prosperar.

Ontem tivemos a festa da Patrícia Hugentobler, lá no Clube Aliança em Novo Hamburgo.

Fomos, onze pessoas, de van o que é uma boa solução para festas que terminem tarde.

O serviço de van é ótimo e todos os participantes aplaudiram a iniciativa do Paulo.

Pegamos a Carol em São Leopoldo e ás 21:40 chegamos lá, atrasados portanto.

A festa esteve um sucesso, muito bem planejada, de modo a não deixar tempos ociosos e, principalmente, com um bufê excelente.

Nara organizou as mesas por idade e ficamos junto com as componentes da roda de chimarrão da tia Mary, mãe da Nara e tia do Paulo.

Da família foram Os Fietz, a Izinha, o Lucas, Pablo e Diego, Heloisa e eu; mais a Carol.

Os guris estavam embecados, de gravata e blaser. O Diego, de gravata mas sem casaco.

As senhoras, de longo.

Helena e Carol muito bem.

Assim que a família respeitou e até valorizou os hábitos conservadores da sociedade hamburguesa.

Conversei bastante com o Raul que está empolgadíssimo com o hospital que dirige, o Regina que ele afirma ser superior ao Moinhos em equipamentos e instalações.

Resumindo, foi uma festa excelente,  bem planejada e ainda melhor executada pela Nara e pelo Gilberto.

Retornamos às três da matina: os guris  ficaram aqui e hoje de manhã, a Patrícia veio busca-los para leva-los a um churrasco.

O Carlos viajou de manhã para um congresso na Bahia.

Acho que já é hora de encerrar porque o povo deve estar chegando.

Até agora reina intensa expectativa de como ira desenrolar-se o tal ajantarado.

De mim, vou tomar café.

Na sem antes registrar que a moda no PT agora é dizer que as reuniões são tensionadas o que significa um tremendo bate-boca entre os representantes das quatorze correntes que animam aquela instigante agremiação político – partidária.

E também que uma pombinha rola adentrou nossa sala mas acaba de voltar ao seu habitat natural.

Boas noites.

Domingo, 26 de Novembro de 2000

 

Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2000, 12:27, chuva.

Mais de uma semana sem registros.

E, o que aconteceu no intervalo?

De cara assim, a gente não lembra mas depois, aos poucos, voltam as memórias, que frase chique.

Estivemos no Imbé no fim de semana e os dias foram de verão; os Fietz também foram e domingo o Paulo fez uma bela picanha.

O Julio insistiu para ficarmos porque o tempo convidava mas, para variar, esta noite virou e amanheceu chovendo.

Quem se empolga, se rala, este é o destino dos gaúchos no que concerne a tempo meteorológico.

Convém fazer um pequeno giro de horizonte para saber de como andam as coisas.

Os Fietz, em paz, o Paulo indo para o Imbé sempre que possível,a Virginia tratando da aposentadoria, Helena e Alemão firmes e bem no colégio.

Dos Tergolinas, agora separados, a Isinha sempre correndo e apresentando um programa de entrevistas no canal 20, quartas feiras de tarde; Tergolina, já morando em seu novo sitio que, diz o Ângelo, está uma beleza.

Pingo firme na Inglaterra; Ângelo e Lucas, O . K.

Os Barrios vão bem: o Carlos faz, pelo menos, três viagens transcontinentais por mês, fora as nacionais; no momento está nos USA.

Se aquele negócio de Smiles funciona, ele já deve ter milhagem para duas voltas ao mundo com a família, o cachorro, o papagaio e o Orlolha.

Patrícia vai bem e os guris estudando para ver se não ficam em recuperação e entram em férias neste fim de semana.

Bolão e sua turma, empolgados com a casa nova e desaparecidos.

Hoje a Liege telefonou pedindo uma solução para o freezer de 2.400 litros, reminiscências do tempo em que o Bolão mascateava com  camarões.

A solução foi chamar o Mensageiro da Caridade.

A Liege tentava negociar com um padre mas negócio com padre a gente já sabe de ante-mão quem irá levar vantagem.

Eu nunca fiz negócio com padre embora lá em Vacaria de vez em quando eles nos procuravam para pedirem algumas coisas.

Falando em pedirem – ou pedir ( Eu não sou daqueles que…tenho dito) – estou lendo o livro do Major Elton sobre a obra do Guimarães Rosa.

Ele selecionou textos do G.R. par demonstrar a enorme criatividade do escritor.

Particularmente sempre achei que o G. R. não era deste mundo.

Ou então tinha uma cabeça organizada para outros mundos: igual a nos ele certamente não era.

O Elton fez um belo trabalho mas como se trata de erudição pura, acho que ele nem será convidado para o Programa do Gordo.

Olha aí uma idéia que me ocorreu.

Vou pensar no caso e talvez agir.

Estivemos há pouco na Alda que está muito bem e pensando seriamente em ir para o Rio, passar o Natal.

Ela sonha em ir de ônibus mas aí já é demais.

Veremos o que acontecerá.

Ontem o Grêmio classificou-se para as semi-finais da Copa João Havelange, antigo Campeonato Brasileiro, vencendo o Sport de Recife; o fato teve um sabor especial porque o técnico do Atlético é o Leão que não convocou o Ronaldinho. E o Ronaldinho fez todos os golos do Grêmio nas duas partidas.

O Leão vai se dar mal como técnico da Seleção porque é um vaidosão e quer os holofotes todos em cima dele.

Falando nisto, o cara menos vaidoso do esporte brasileiro é o Guga.

E o Guga, a partir de ontem, é o tenista número 1 do mundo!

Ele venceu o Agassiz num jogo que só vendo para acreditar: o que o Guga fez  acho que nunca mais alguém faz.

Nem ele…

Assim que de esporte é isto.

Amanhã o Renato e a Anna vêm de Bagé e certamente irão querer discutir o assunto da Fazenda da Ronda, no que concerne á exploração de carvão da mina do Poacá.

O Poacá é um arroio que corta a Fazenda e a jazida de carvão sub-jacente tem uma reserva superficial medida de 60 milhões de toneladas.

O Renato está empolgado e tem razão só que… a Fazenda está penhorada para o Banco do Brasil por R$19.000.000,00.

Sob tais circunstâncias, não cabe oferecer a Fazenda e sim aguardar comprador que, certamente aparecerá.

Uma coisa é oferecer um pepino para vender; outra, muito diferente é alguém querer comprar o pepino independente de ser cucurbitácea.

Pelo atual Código de Mineração, o superficiário tem direito a 10% do IUM pago pela mineradora. Aproximadamente 1,2% das vendas da mineradora.

O carvão vale US$30,00 a tonelada.

30 x 60.000.000= 1.800.000.000,00

Dólares.

É fácil calcular 1% disto. É só cortar dois zeros.

US$18.000.000,00

Só que há muito mais carvão em outras reservas do Poacá.

Quem anda em POÁ é o Joaquim Freitas e quero ver se amanhã telefono para ele.

O Joaquim também não vai à festa dos 50 anos da nossa turma de Aman.

Ele tem lá seus ressentimentos com os colegas que, quando ele foi cassado, não foram capazes de qualquer manifestação de solidariedade.

Eu não vou porque achei a dos 40 anos uma droga chata e, pelo visto, o programa é exatamente o mesmo.

O Amaury malandro desculpou-se com os organizadores alegando que como eu não posso ir, por motivos de saúde, ele, por solidariedade, também não iria…

Mentira do Macaco que não vai porque idem não tem mais nada a ver com a militância.

O Vares e a Meneca vão mais aí já é outro enredo.

Também este ano festejamos os 25 anos de formatura na Faculdade de Direito.

Hoje teve um coquitel na UFRGS e dia 19, grandioso jantar no Veleiros.

É muita festa para um cardiopata que pode, a qualquer hora, partir para as planícies de Manitou.

E, estragar a festa.

O tio do Pfeifer viveu um drama assim: estava dançando com a mãe dele numa festa quando ela morreu!

Até posso estar enganado mas que foi algo assim inusitado, foi.

Hoje montei a árvore de Natal e agora é aguardar a gurizada para a ornamentação; antigamente vinham o Lucas, o Henrique e os guris da Patrícia.

Duvido que o Lucas ainda esteja nesta mas, nunca duvidando.

Ainda esta semana, se possível, vou revisar as lâmpadas decorativas e comprar as que certamente estarão queimadas.

Também pretendo escrever uma carta natalina aos mais participantes, o que não fiz o ano passado.

Boas noites.Segunda-feira, 4 de Dezembro de 2000, 23:23, chuva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diário 97

 

SEGUNDA FEIRA, 9 DEZEMBRO 1996, 2300h., tempo ótimo.

Como se vê, grandes novidades: novo processador de textos, nova maneira de datar, novo título.

Tudo novo menos  o autor que segue inexoravelmente o caminho do tempo que, como é do seu natural, fugit.

Os registros referentes a 96 já se encontram em processo de impressão; deram um trabalhão mas creio que serão bons.

Fim de semana com vários acontecimentos que fugiram à rotina.

Sexta feira não houve jogo, sábado fomos a uma festa do Pablo mas não conseguimos participar porque furou um pneu num buraco do Tarso e como chovia desbragadamente, acabamos pôr regressar à casa, molhados como pintos, sem adentrarmos ao recinto no João XXIII onde os jovens atores praticavam nas artes de Orfeu e Terpsicore.

Domingo, aceitamos convite do Pinho para um churrasquinho e de tarde fomos ao aniversário da Saara.

O Grêmio empatou com o Goiás e foi para as finais; como eu disse, o campeonato acabou no jogo com o Palmeiras.

Hoje  o dia foi normal com os guris da Isinha indo e vindo para a lojinha do Grêmio, Iguatemi etc.

Parece-me que Heloísa já fez todas as compras de Natal.

Dr. Barrios pelo Uruguai e cada um com seus afazeres.

Agora há pouco as gringas vieram jogar mas o genro da Adelina chamou-a para atender a filha que estava com queda de pressão, supõe-se.

Amanhã irei ao fórum e ao escritório porque há algumas coisas pôr fazer e quero ver se entro o ano sem maiores penduricalhos jurídicos.

Esta semana, em sendo tudo normal, iremos ao Imbé onde pretendo fazer primeira limpeza da piscina.

Virgínia e Paulo foram no fim de semana e encontraram tudo em ordem.

Pingo informou hoje que fazem duas semanas que não fala com a Raquel o que me parece um exagero porque no fim de semana passado andava às voltas com ela; de qualquer forma é como eu previ, começou o desinteresse.

A turma da Isinha está toda em recuperação mas nada de grave. O Pingo ficou somente em Física.

Sempre achei que o professor dele é meio confuso e complica muito a matéria.

Isinha e Tergolina foram sábado à Caxias assinar uma escrituras de doação feitas pelo seu Paulo.

O que está em alta no momento é a decoração natalina de Gramado e Canela, coisa que acho extremamente cafona.

Como disse a mãe, ela não tem o menor interesse em ir ao Canela para ver lâmpadas apagarem e acenderem…

Tem razão a D. Célia.

Penso que não há nenhuma sinceridade naquelas decorações cuja única intenção é vender malhas para os trouxas. E, chocolates feitos em casa, uma droga.

Mas como a Heloísa adora as tais lâmpadas, temo que acabaremos pôr ir até lá em qualquer dia da semana e de semana.

Fim de semana, never.

En passant, hoje ouvi de uma ação promovida pôr um arquiteto que sentiu-se enganado pôr vendedores de time-sharing.

A cena já é bem conhecida: convite para ganhar uma semana em Cancum desde que o trouxa assista uma sessão de demonstração das excelências do time-sharing.

A pressão é tanta que o desinfeliz acaba marchando.

Me fez lembrar o episódio Lake Buena Vista em que uns judeus americanos vigaristas perpetraram o mesmo engodo acenando com um café da manhã gratuito.

Tive uma crise e neguei-me a adentrar o recinto: permaneci em jejum na chuva mas não embarquei na vigarice.

A Dra. Patrícia, como era coisa de americano et pour cause, séria, ( opinião dela ) marchou: comprou uma semana em Orlando onde decerto nunca irá na época que lhe foi destacada.

E, será que foi destacada?

Ë a mesma coisa que Gramado e Canela, só que mais cretina.

Bem.

Tem repercutido muito na cidade as declarações do Cachorrão Pont contra a vinda da General Motors.

O cara usa uma linguagem da década de 50 e 60, o que, no momento, soa mal.

O nosso petróleo é nosso, gringos go home, estes babados.

Pode ser que a moda volte mas está difícil.

Todo o mundo vai continuar a comprar carro pôr ainda muito tempo e, em sendo assim, é preferível que sejam feitos aqui.

Um cara do PT,  partido cuja origem foram os sindicatos metalúrgicos do ABC, não pode ser contra as montadoras.

Até pelo contrário: devia torcer para termos mais de uma porque haveria a possibilidade de sindicatos ricos apoiando o partido.

Este Pont sempre me pareceu – e tem cara de – burro.

Acho que o PT aqui é o Tarso e como estão dando um chega-prá-lá nele, vai começar o declínio.

Se houver plebiscito para decidir sobre reeleição, os do PT vão levar outra paulada.

Ganha a reeleição e ganham o FHC e o Brito, principalmente se os outros candidatos forem o Maluf, o Brizola e o Olivio Galo Missioneiro.

Acho que nem o Tarso ganharia do Brito, se continuarem as atuais circunstâncias.

Mas, ainda vai passar muita água debaixo do pont, com perdão para o trocadilho infamante.

Pretendo concluir cada registro diário com uma citação, anedota, hai-kai ou algo assim e pôr isto não encerro aqui: é que tenho um livro para trazer lá do escritório.

Irei transcrever muitos trechos de literatura árabe porque é matéria totalmente desconhecida entre nós e, o que é surpreendente, as poucas pessoas que a conhecem, a copiam com a maior cara de pau.

Encontrei vários temas que já foram publicados  como originais pôr beletristas nacionais e que são de autores árabes, alguns com quase 1000 anos!

” Senta-te, quando pequeno, onde deves; sentar-te-ás, quando grande, onde gostas “.

TERÇA FEIRA, 10 DE  DEZEMBRO DE 1996, tempo nublado.

A respeito do que escrevi ontem, há cerca de um ano ganhei um livro do Haushann intitulado “As Mais Belas Páginas da Literatura Árabe”, uma compilação do Mansour Challita.

Comecei a ler mas achei meio meloso e parei; retomei agora e casualmente o trecho em que abri o livro, era um velho conhecido assim que continuei para garimpar outras desonestidades.

Há inúmeras e pretendo transcreve-las ao longo deste registro.

Depois daquele famoso caso do “Homem Nu “ desconfio muito dos autores nacionais ou melhor, dos autores.

Penso, pôr exemplo, que o Veríssimo aproveita muito das viagens e das publicações que recebe da Europa.

O que já fazia o Millor, tenho certeza.

Claro que é só um aproveitamento de idéias, ficando pôr conta do intelectual o recheio.

Bem.

Hoje recebi um processo para defender a Seguradora; o autor é o Dr. Eduardo Antônio Parera Sá!

Assim que eles vão ter que arranjar outro advogado eis que o Código de Ética me impede de patrocinar processos em que irei litigar contra clientes recentes ou atuais.

Seria cômico principalmente porque o advogado ex adverso é o João Carlos Grey que trabalhava comigo e com o Paulo no escritório.

O Dr. Eduardo continua me criando caso.

Esta semana corre a Supersena acumulada 12 vezes; são mais de vinte milhões e vale a pena fazer uma fezinha.

Sempre jogo na Supersena mas até agora – é óbvio – nada.

Quem sabe desta vez.

Até que seria uma boa porque a família estaria tranqüila no que concerne à grana, pôr três gerações, no mínimo.

Aguardemos a quinta feira.

Da última vez, todo a família deu palpite, ao todo quase quarenta dezenas: acertamos uma, o 18, palpite da Heloísa.

Hoje mandei dar uma ajeitada no Gol da Heloísa que é um excelente carro e com pouca quilometragem.

Já o meu Santana está bem mas ,daqui a pouco, decerto já não mais terá valor comercial.

Pode ser que o troque no ano que vem.

Para isto é preciso faturar um pouco mais, no que pensarei a partir de março 97.

Até lá, como diria o Jorge Luiz, aproveitemos o verão que, esperemos melhor que o do ano passado.

Falando nisto, o Evaldo não quer mais vender a casa; prefere alugá-la pôr ano o que penso, será difícil.

Neste exato momento Heloísa está assistindo “Noviça Rebelde “pela enegésima vez, o Bolão deve estar estudando e comendo sorvete e eu embromando pôr aqui.

Dezembro calmo este. Pelo menos até agora.

O Word sempre sublinha “agora “para mostrar que a palavra está grafada errada mas não posso imaginar como será o certo.

Passei no Mercado Público e as reformas estão quase no fim; a gente estranha a nova disposição e forma das bancas mas creio que ficará melhor.

A parte de cima que estava abandonada, será destinada a restaurantes e estabelecimentos que tais o que, praticamente, dobra a área do Mercado; o acesso será feito pôr escadas rolantes que já estão no lugar.

Tenho minhas dúvidas se o sistema de escadas rolante irá dar um quilo!

O que vai dar de gambá tropeçando nos degraus não vai ser pouco.

Até agora o PT não tem sido feliz em suas iniciativas embelezadoras para a cidade: a cor com que pintaram pontes e viadutos é uma coisa horrorosa, fica entre a Mangueira e os Unidos da Restinga, amarelo merda com verde diarréia.

O Largo Glênio Peres é simplesmente um deserto de paralelepípedos, atormentado pelas intempéries, freqüentado pôr um monte de crioulos que mijam nas calçadas e pôr camelôs que vendem ervas e fazem o conhecido e edificante número do gato-no-saco.

Pior é quando armam-se palanques e produzem-se shows com artistas locais.

Acho que não há nenhum lugar do mundo em que os artistas locais sejam tão ruins como no velho RGS!

O cidadão incauto que assiste uma peça  encenada aqui, nunca mais passa na frente de um teatro.

O único que se salva e assim mesmo com um pouco de boa vontade, é o Borghetinho.

Porque também, sanfona de oito baixos é um pontapé nos bagos.

Esta é uma razão pela qual sou avesso a teatros, shows, recitais e quejandos.

Já me enganaram tanto que sinto-me afrontado quando um bando de jacus fica andando para lá e para cá na ribalta, crentes que são um híbrido de Eleonora Duse com Sir Laurence Olivier.

São uns caras de pau.

Capitaneados pelo careca da Tevah e pôr aqueles dois judeus que moram no São Pedro e que até hoje não entendi bem qual é a deles.

Deles e da Sopher que não só permite como patrocina aqueles dois.

Há também um cara de rabinho de cavalo que toca piano e diz-se compositor: o pátria é simplesmente ridículo e a música dele gera instintos assassinos.

Outra grande compositora e musicista é a Calcanhoto: a mulher não vai além do dó maior, fala mal e as suas letras nem merecem comentários.

Só não entendi até agora é porque a Jussara Cony não optou pela carreira de cantora: o circo estaria então completo e não precisaríamos mais dos Meninos Cantores de Viena .

Concluindo, parece-me razoável afirmar que o panorama artístico-cultural do Rio Grande, é uma merda!

Pensando melhor, acho que podemos estender este conceito ao Mercosul e justifico.

Como sabemos, a Ilha da Páscoa, o Umbigo do Mundo, faz parte do Chile embora a quase 4000 (2000?) kms distante do continente; baseados neste sólido argumento, os chilenos julgam-se um povo da Polinésia e, em conseqüência, afirmam que o folclore maori é nacional!

E montam uns shows de folclore polinésio-chileno que seriam o cúmulo do ridículo se não fosse a enorme quantidade de picaretagem que levam.

Ao que assistimos não deu para agüentar: tinha nativo maori ruivo com tênis Nike; as raini entravam e saiam mexendo a bunda para lá e para cá, sempre da mesma maneira em vinte e tantos números ditos diferentes. Só mudavam de roupagens que, aliás, eram de plástico.

Até o Vares, cuja apreciação crítica resume-se na palavra “Sen- sa- cio- nal “ declarou, meio a contragosto que realmente o show não era lá estas coisas.

Creio que os meus comentários, deduzidos durante o decorrer do show, não foram tão complacentes.

A apoteose acontecia quando enfiavam um colar de papel crepon vermelho – o máximo do mau gosto –  no pescoço dos turistas brasileiros abobados com tanta exoticidade.

Menos no meu quem, para ser gentil e educado, aleguei motivos religiosos para não ser empescoçado.

E, tome fotografia e salmão cru. A cinco e vinte dólares, respectivamente.

O fim da picada.

Para terminar, um monte de antepassadas do fundador de Camboriu, que viajavam paralelamente conosco, resolveram dar uma de brasileiras e formar um cordão carnavalesco.

Espetáculo deprimente!

Já em Buenos Aires, no Tango Mio, o negócio não era muito diferente: um apresentador com pinta de Gardelon cantando Caminito no meio de uma fumaceira braba porque os geradores de névoa estavam desregulados.

E duplas e mais duplas de dançarinos decadentes – as percantas beiravam os oitenta e os cafetins uns noventa – fazendo aqueles passos de tango mais manjados que as costeletas do Menem.

E, à semelhança dos nossos conterrâneos, eles também se julgavam uma cruza de Fred Astaire com Cid Charisse e induziam aplausos a cada vez que enfiavam o calcanhar na bunda do parceiro numa suposta e original voluta de tango.

De acordo com o Vares, “Sen-sa-cio-nal “!

Pelo menos a bóia era boa.

Assim que nós e los hermanos estamos no mesmo barco, uma baita duma canoa furada.

Sem contar aquele gordo chileno que cantava Mamae io Quêro.

Pior do que isto só trio elétrico. O que me faz lembrar as opiniões do Lins que ficam para uma outra vez.

Bem, encerremos com uma máxima árabe.

“Para os burros, a voz mais melodiosa é o ornejo dos burros”.

Tóóoinnn….

 

QUINTA FEIRA, 12 de dezembro de 1996, tempo melhorando.

 

Estamos em que hoje eu pretendia ir à praia mas não deu: sempre surgem n coisas pôr fazer que poderiam ser melhor planejadas mas não são.

Ontem o Grêmio perdeu para a Portuguesa pôr 2 x 0 e mereceu: no início deu a impressão que o Grêmio iria ganhar de 10 x 0 mas os caras começaram a fazer bobagem e se perderam completamente.

Na verdade o time é ruim, não tem nenhum craque de exceção e só joga na base do vigor e do conjunto.

Não merece ser campeão brasileiro; nem a Portuguesa.

Vamos ver domingo mas, pelo jeito, vai ser um repeteco.

O time é ruim porque o Koff pegou o Grêmio totalmente quebrado e não podia contratar ninguém de expressão: até o Luiz Felipe veio do Criciuma.

E, até hoje a coisa continua assim; o dilema é que tendo um grande time ganha-se dinheiro nas várias participações em campeonatos e não tendo a renda não existe.

Contratar ou não contratar, eis o dilema.

Faz lembrar a questão da importações: se liberadas, pensa-se que prejudica-se a industria nacional, o que não acredito. Se não liberadas as coisas ficam caras pôr aqui e todo o mundo vai comprar lá fora.

Resultado que gastamos mais em compras lá fora, via turismo, do que o valor de nosso déficit comercial.

Liberadas as importações, ninguém iria a Nova Iorque comprar bagulhos e, no final, o país ganharia mais,

Acho que um dia alguém ainda irá enxergar este óbvio ululante.

Em matéria de remédios – a industria nacional é protegida – vivemos uma vergonha: tudo quanto é fabricante de xaropinhos está ganhando fortunas com este protecionismo.

Ainda hoje, os países mais adiantados resolveram liberar os componentes de Informática para livre comércio ou seja, qualquer produto, soft ou hard, trafega entre aqueles países livres de alíquotas alfandegárias.

O que parece extremamente objetivo porque, em última análise, o que entra de graça é conhecimento, know how , tecnologia e isto todo o país quer.

Pois na pátria amada os mesmo produtos pagam 32% de alíquota de importação!

É como se o país cobrasse alíquota para que aqui entrassem as últimas descobertas em Física, Química etc.

Imensurável burrice!

Deve ser um cara do PT ou do Exército quem defende tal estultice; se não for loby .

Seria só lembrar os prejuízos que a Reserva da Informática nos trouxe e que foi patrocinada pelo Exército.

É bom lembrar também  que quem sepultou aquela burrice, foi o Collor.

Alias, o discurso do Collor (plagiado)era muito bom, o que não prestava era a entourage dele, E, ele.

É pôr isto que sou apreciador do Ciro Gomes, um personagem lúcido que conhece as malandragens do poder econômico nacional e senta o pau sem maiores considerações.

Se for candidato à presidência, o que duvido, tem o meu voto.

Falando nisto, o Tarso praticamente já abriu a sua intenção de candidatar-se à Presidência pelo PT.

Assim que teremos o Galo Missioneiro como candidato para governador o que será um enorme fiasco.

Há sempre o perigo do governo Brito tropeçar porque a turma que o secretaria tem uns ali babas

de respeito e isto pode acabar em escândalo; estão dando um enorme cartaz para o Assis quem é um perigo ambulante o que me faz pensar  que está sendo cevado pelo PT.

O bicho vai ficando mais confiante e quando vê está fisgado.

É a única maneira de vencer o Brito nas próximas eleições: descobrindo patifarias.

No plano federal, passando a emenda reeleição, o fim do governo do FH vai ser muito difícil porque a matilha dos eventuais opositores irá ladrar diuturnamente. O que já estava ensaiando.

Aí o governo deu duas demonstrações de força: o caso da Andrade Gutierrez e a lista dos devedores do BB.

Neguinhos vão pensar duas vezes antes de começar o ladrido.

Bem, chega de política.

Estou com tempo porque hoje não fui para o escritório, resolvi pendências pelo telefone.

Estive lendo um tratado muito interessante sobre o mito da Lua Negra, Lilith, a suposta primeira mulher que se rebelou contra as práticas sexuais do Adão e foi defenestrada do Paraiso.

Afirma-se que é com fundamento neste episódio bíblico que o homem de cultura mesopotâmica

instituiu o patriarcado.

Nos Livros mais antigos da Biblia ( a nossa é a versão do Rei James, centrifugada, pasteurizada e listerizada) a primeira mulher era Lilith e em determinado momento voltou-se contra o Adão querendo introduzir variações nos hábitos sexuais daquele cidadão ou seja, ela queria ficar pôr cima do referido.

Parece que Jeovah não esteve de acordo e chutou a postulante do Eden para uns banhados do Mar Vermelho onde ligando-se aos animais, gerou demônios e transformou-se no símbolo da lascívia e do mal.

Isso  é o super-resumo de uma tremenda bibliografia e ainda mais alentada pesquisa feita pôr gente séria mas, obviamente com ranço feminista.

Para esclarecer um pouco, Lilith não nasceu da costela do Adão mas sim junto com ele, produto original do Criador e portanto do mesmo nível hierárquico.

Já Eva é um derivado, o que faz supor inferioridade, um acessório que depende do principal.

Deste conjunto de postulados é que os homens tiraram o corolário do patriarcado.

O que não se sabe é se as histórias dos Livros foram escritas para obter um resultado desejado ou se o resultado veio como conseqüência deles.

Claro que a autora do trabalho que lí adota a tese apriorística.

Cabem algumas considerações.

Modernamente, o livro é um objeto comum, ao alcance de qualquer pessoa, em qualquer lugar da terra.

As técnicas para escrevê-los desenvolveram-se de tal modo que qualquer cretino pode produzir um livro e publicá-lo.

E, grosso modo, 70% da população da terra, sabe ler.

Assim que hoje em dia, é comum que leiamos um livro e a seguir o joguemos no lixo pôr ser uma reverenda porcaria.

Ou que as idéias veiculadas sejam simplesmente ignoradas, contraditadas ou execradas.

Voltemos porém no tempo.

Inicialmente lá pelo século XIV , antes de Gutemberg.

A percentagem dos terráqueos que sabiam ler era inexpressiva mesmo se expressa em números romanos.

A escrita era limitada a monges de ordens especiais afastadas totalmente da sociedade.

Estes personagens soturnos limitavam-se a copiar textos antigos pois eram incapazes de criar.

A maioria não sabia ler o que copiava.

Mistério total.

Em consequência, os livros  eram valiosíssimos, verdadeiros tesouros.

Tanto que, quando os árabes tomaram Constantinopla no século XV, as pessoas muitas vezes preferiam fugir com livros do que com ouro e pedrarias.

Valiam mais!

O conhecimento era transmitido pôr meio oral e, como ainda hoje acontece, atribuía-se aos antigos, conhecimentos capazes de trazer saúde e felicidade latu sensu.

E, o conhecimento dos antigos estava nos livros.

Os livros teriam então poderes mágicos, ensinariam verdades eternas, eram incontestáveis e aqueles que tinham acesso a eles eram considerados semi-deuses.

Isto já no século XV.

Imaginemos a força que não teriam antes, no século I ou II, pôr exemplo.

Ë de admitir-se que a matéria contida em livros seria indiscutível, a própria verdade em si, o verbo dos deuses.

Assim que alguns mais espertos – sempre os há em qualquer tempo – certamente tratariam de escrever livros para vender seu peixe.

Midia de marketing antes de Gutemberg, do rádio e da televisão.

Se alguém pensou nos Evangelhos, não deixa de ter razão.

Aliás, ainda hoje há alguns malandros que ganham dinheiro com o mistério que era atribuído aos incunábulos(?) : Umberto Ecco.

De modo que é plausível a tese de que os livros iniciais da Biblia foram escritos com o intuito de afirmar a predominância do homem sobre a mulher.

O assunto torna-se mais emocionante com a evolução do mito de Lilith até aquele das feiticeiras.

As descrições dos sabat, extraídas de processos instalados contra feiticeiras na Idade Média,

são alguma coisa que extrapola a nossa imaginação moderna.

Não somos mais capazes de imaginar tanta luxuria, maldade e imundície.

E, o que é pior, a conclusão que se chega, é que tudo aquilo era fruto de fantasias e desejos sexuais reprimidos, tanto das supostas feiticeiras como dos juizes.

Às vezes a gente não entende porque o Freud tem tanto cartaz mas, na verdade foi ele o primeiro  homem quem  mostrou a que extremos pode chegar o instinto sexual quando reprimido.

Quando éramos gurizotes, ficávamos espantados ( via cinema ) com  o que chamávamos de liberdade sexual dos europeus e americanos  contrastando com o evidente fato que a sociedade deles era mais sadia do que a nossa.

A explicação está ali em riba.

A Igreja católica romana ainda tem muita culpa no cartório  que não prescreveu.

Enquanto isto, a Heloisa, a Helena e o Alemão jogam buraco sem  preocupar-se com estas coisas. O que é muito bom.

Deixa eu dar uma verificada se a palavra “Incunábulo “significa mesmo o que eu penso; acontece que lá pôr 1963 eu ajudava a Heloisa em seus trabalhos de História do Livro e já lá se vão mais de trinta anos.

A minha memória tinha razão: “incunábulos “ NÃO eram os livros manuscritos nos conventos mas os primeiros livros impressos na máquina de Gutemberg.

Entre uma palavra sugestiva e a verdade, melhor a verdade!

Agora, que incunábulo cabe bem num tema meio hermético, lá isto cabe.

Bem.

Ao que tudo indica, os registros 97 serão muito eruditos…

Negócio que eu empaco neste Word é a palavra “agora “que ele sempre sublinha como se grafada errada: já tentei de tudo e acho que a solução é substituí-la pôr “allors “ quando for adversativa.

Bem.

A gurisada, com exceção do Angelo e do Lucas, já está de férias.

O Pino, segundo suas próprias alegações, já passou na recuperação de Fisica.

Agora vai começar a novela do vestibular.

Quero ver se ele se agüenta aqui em POA, no mês de janeiro com a curriola toda na praia.

Ele vai acabar passando em Engenharia Mecânica o que não é ruim.

Mas irá fazer também vestibular para Nutrição e aí já estamos partindo para a galhofa.

O Pingo nutricionista é uma abstração que poucos cérebros da família poderão elaborar.

Como trampolim para não ficar um ano coçando o saco ate’ que vale.

O Angelo, para não sair do IPA que ele adora, pôr enquanto está pensando em cursar Fisioterapia ou Educação Física.

Seria um bom oficial do Exército: é saudável, organizado, gosta de esporte, extremamente adaptável, é lider nato e não é ambicioso.

Em tendo pai rico para financiar cursos no Rio, principalmente Educação Física na Urca, completa-se um quadro perfeito.

Quem quer ir para a AMAN é o Lucas, o que também é uma boa opção para ele

Em conseqüência, acho que o Lucas deveria ir para o Colégio Militar quando terminasse o ginásio.

O povo faz muito mistério das dificuldades em ingressar no Col. Mil. mas não é bem assim: é só ingressar no curso do Pedrinho que passa. O Lucas é muito bom em Matemática. .

Outro que daria um bom milico é o Pablo mas como o Carlos pretende que ele vá para a Washington University, já a opção torna-se mais difícil.

Realmente a Washington é uma tentação e se a pessoa conhece aquilo lá, nem a AMAN consegue impressioná-la mais.( Tenho um filme da Whasiú)

Porque a AMAN também é um senhor campus.

Daqui a uns dez anos voltaremos ao assunto.

O Pablo tem tripla nacionalidade e vai ter que optar quando atingir os dezoito anos pôr causa do serviço militar aqui, nos USA ou no Uruguai.

Negócio complicado!

Talvez ele opte pela naturalidade que é americana.

Particularmente penso que o melhor é ser brasileiro, nas circunstâncias dele, é claro.

Ou, quem sabe, se a corporação Barrios progredir em termos do que estão fazendo, optar pela nacionalidade uruguaia?

Se a corporação conseguir expandir-se pôr uns trinta mil hectares de terra de plantío e criação, vai dar para todos os sobrinhos terem um bom quinhão.

E o Pablo é um campeiro nato, decerto puxou ao Dante.

Exercícios de futurologia.

Voltemos aos árabes.

Quem não conhece o “Tout va trés bien Madame La Marquise “?

Pois aí vai o original.

 O HÓSPEDE.

 Por Al-Ibchihi.

 

Contam que um beduino vivia longe de sua terra. Um dia recebeu a visita de um outro beduino de seu próprio bairro.

O visitante estava com fome, e enquanto comia, respondia às perguntas interessadas de seu hospedeiro.

– Como vai meu filho Omair?

– Como tu queres. Encheu o bairro de filhos.

– E como vai a mãe dele?

– Perfeitamente bem.

– E nossa casa?

– Sólida e prestigiosa, como sempre.

– E o nosso cachorro Ikah?

– Impõe-se ao bairro todo com seus latidos.

– E o meu camelo Zuraik?

– Ficarias feliz de revê-lo.

(Dizem):  O hospedeiro mandou o servente tirar a mesa antes que o beduino estivesse satisfeito, e voltou a perguntar-lhe sobre sua terra e sua gente.

– Pergunta-me o que quiseres, disse o hóspede.

– Fala-me do meu cachorro Ikah.

– Morreu.

– E de que morreu?

– Engasgou-se com um osso do teu camelo Zuraik.

– Morreu então o meu camelo Zuraik.

– Morreu.

– E de que morreu?

– De tanto transportar água ao túmulo de Om Omair.

– Morreu então minha mulher?

– Morreu.

– E de que morreu?

– De tanto chorar sobre Omair.

– Morreu então meu filho?

– Morreu.

– E de que morreu?

– A casa caiu em cima dele.

– Caiu então a nossa casa?

– Caiu!

O hospedeiro sacou de um bordão para bater nele; mas o beduino fugiu.

 

Como vemos, nihil novum sub solem.

Boas notes.

 

SEXTA FEIRA, 13 DE DEZEMBRO DE 1996, 21.10h, tempo chuvoso.

 

Como se lê, estamos em uma sexta feira treze, coincidência cronológica que muitas pessoas não gostam; as razões são fundadas em antigas superstições de que não me lembro mas irei pesquisar e  informar na oportunamente.

Indo atrás do tal de “agora ‘, que sempre aparece como errado, descubro que o dicionário que apoia este Word, é lusitano!

O que consta é “agoira “!

Pôr isto que a acentuação difere de tudo o que sei. Mas, ao que sei também é que os dois países mantinham regras ortográficas iguais o que não parece ser verdade.

Hoje estivemos no Fedoca para uma revisão e receita de óculos.

Mantive a minha graduação e, de acordo com o Flávio, estou muito bem ; Heloisa acentuou a miopia e está começando um processo de catarata o que , modernamente não é mais problema.

Liege chegou de Pelotas com as crianças para ir à festa/96 da parceria.

No mais, tudo tranqüilo; Pingo passou aqui de tarde e, parece-me, está desligado da frau.

Se for assim, o namoro somente serviu para conturbar o vestibular dele.

Será que o dicionário deste Word  já está de acordo com as últimas regras de escrita e pôr isto quase não acentua as palavras?

Se é assim, pôr que  “ pôr “ leva acento?

Negócio meio complicado.

Vou ter que reler o manual.

De qualquer forma, enfatizo que eventuais erros de acentuação, devem-se ao dicionário do Word e não a mim.

E pôr quê permanece o trema, uma velharia que nem se usava mais?

Mistérios…

Boas notes.

 

SABADO, 14 DE DEZEMBRO DE 1996, 2130, tempo bom.

 

A novidade é que o Bolão, hoje, trocou a Parati pôr uma Marajó 88 que está muito bem cuidada.

Usa gasolina o que já é um descanso.

Na verdade a Marajó é um Chevete com mais espaço e, portanto um carro muito econômico e de mecânica simples.

Também, retornou o Dr. Barrios de suas andanças pelo Cone Sul e São Paulo.

Assim que amanhã teremos churrasco com a presença da maioria eis que o Tergolina continua na faina de dar partida à fábrica e não tem comparecido.

Parece que a fábrica parte dia 25, em pleno feriado de Natal.

Infelizmente, estas coisas tem um cronograma tão rígido que não  pode sequer considerar feriados.

Amanhã é a final do campeonato brasileiro e o Grêmio tem que ganhar de 2 x 0 da Portuguesa; um torcedor da Portuguesa arranjou um argumento interessante:

– O Grêmio já tem tantos títulos que bem podia deixar este para nós!

Até que vale mas não me parece que o Grêmio esteja de acordo.

O Angelo e o Lucas irão ao jogo.

Na minha opinião dá 3 x 0 para o Grêmio.

Quis jogar R$300,00 mas ninguém topou.

Fomos à feira de manhã e depois na mãe.

Tudo bem mas penso que a Saara e a mãe exageram um pouco com o suposto Alzheimer do Paulo.

Particularmente eu não percebo nada de diferente no comportamento dele.

Claro que quem vive o quotidiano pode avaliar muito melhor mas me aprece que há uma certa prevenção com o Quatrolho.

Recomendei à Saara que tente alecrim com o Paulo. Creio que já disse que a tradição ante-medieval atribuía ao alecrim efeitos notáveis sobre a memória tanto que, no auge do método mneumônico, os especialistas usavam-no com muito bons resultados.

Como naqueles tempos a média de vida era curta e quase não incidiam doenças degenerativas, é razoavel admitir-se que o alecrim atue nas artérias – ou no sangue – e produza efeitos benéficos desconhecidos.

Amanhã falarei com o Carlos para saber se ele tem algum paciente com arterioesclerose que admita um teste.

Afinal tudo é válido porque ainda não se descobriu nada para tratar a esclerose degenerativa.

Bem.

Interessante observar que, pôr razões que talvez remontem às vivências do Rio de Janeiro, sempre achei extremamente vulgar as pessoas irem às feiras.

Também não sei porque fomos pela primeira vez aqui em Porto Alegre mas depois que se vai, adquire-se o hábito que é, alias, muito saudável.

Os produtos são ótimos, baratos, pode-se avaliar de como as pessoas estão vivendo e fica-se com um panorama geral do que está acontecendo com os meios de produção.

Inegavelmente, há certas coisas que são verdades axiomáticas: as frutas do Rio Grande do Sul são as melhores, os produtos importados têm melhor apresentação e são muito baratos, o preço dos legumes é sazonal, os cítricos já não aparecem na mesma abundância como há uns dois anos atrás.

Sempre havia uma profusão de laranjas e vergamotas que entulhavam a feira e os olhos da gente e penso que a sua diminuição deve-se às inúmeras fábricas de sucos que estão se instalando pôr aqui.

Ao mesmo tempo, tenho notícias que nas pequenas propriedades onde antes plantavam-se cereais etc, hoje predominam os pomares.

Como esta mudança é recente, é possível que em mais dois anos, os cítricos voltem à feira.

Junto com ameixas, peras, maracujás, abacaxis etc.

É o caso desta melancia gordinha, dita Paulista, que hoje domina o mercado: até há uns cinco anos atrás, elas simplesmente não existiam pôr aqui ; plantava-se a Gigante do Mississipi.

Como a gordinha produz mais, é mais doce e tem um tamanho  compatível, todo o mundo aderiu

Acho que a Emater influi muito nestas práticas.

Uma das vantagens é que, uma gordinha, pode ser liquidada pôr duas ou, no máximo três pessoas enquanto que para comer uma Gigante do Mississipi, era preciso antes reunir a vizinhança e armar um barraco de festa junina.

Exceção para o Dr. Nilson que come uma inteira sozinho.

Uma vez ele me afirmou isto e declarou que gostava tanto de melancia que o tamanho não o assustava.

Indo para o Imbé, passei num bolicho de estrada em que havia uma enorme, tão grande que quase não consegui carregar, eram uns quarenta quilos.

Levei para o Dr, Nilson que não se acovardou e disse que  liquidaria o monstro no momento apropriado.

Num meio de tarde, olhei para lá – ainda não estava montado o Sing Sing – e lá estava o Dr. Nilson com  a baleia em cima de uma tábua, perto do tanque de lavar roupa, mandando brasa.

Apud illi, não conseguiu e passou o resto do veraneio arrotando e mijando.

Isto aí. Boas noites.

 

DOMINGO.15 DE DEZEMBRO DE 1996, 2300h, tempo bom.

 

Dia movimentado hoje; veio todo o mundo para o churrasco, o Grêmio ganhou o campeonato brasileiro, esquentou, a casa está meio bagunçada, em suma, um dia agitado.

Neste exato momento está todo o mundo na rua, de carro, buzinando, um auê pela vitória do Grêmio de 2 x 0  na Portuguesa.

É um negócio meio suburbano este de ir para a rua de carro e ficar buzinando e rodando para lá e para cá mas enfim, assim somos nós.

Estou escrevendo aqui para relaxar: sou homem de meios tons, não suporto muito barulho, muita luz, muita bagunça. Sempre fui assim.

De vez em quando tenho que me retirar do ambiente e ficar quieto num canto meio escuro para não começar a morder.

A espécie animal de que descendo não deve ser das mais sociáveis; certamente não é de macacos.

Há pessoas que têm medo de multidão, o que não é o meu caso: tenho raiva.

Bem.

O Carlos levou os guris ao Olímpico e deu sorte; imagino que o Diego e o Pablo devem estar eufóricos com muita coisa para contar.

O Angelo não conseguiu entrada o que foi uma pena porque assistiu a quase todos os jogos e acabou perdendo o mais importante e também o mais gratificante.

Deve estar festejando lá pôr Ipanema.

Os guris passaram o dia brincando aqui no computador e, para variar mudaram o protetor de tela.

É um saco.

Vou parar pôr aqui para acertar as configurações.

Boas noites.

 

SEGUNDA FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 1996, TREMENDO TORÓ.

 

Ao cair da tarde, lá pelas 1930 desabou um toró daqueles de derramar baldes de água; por infelicidade, a calha do lado do Uebel estava entupida com uma tampa de Nescafé e repetiu-se a inundação já registrada aqui no dia da visita do Pascal há uns dois anos. Depois vou até conferir a data.

O Bolão subiu lá e desentupiu a calha, evitando uma bagunça ainda maior.

O quarto da frente ficou ensopado e não sei como o Bolão, Liege e crianças vão dormir.

Acho que, alem da calha entupida, também a ventania deslocou alguma telha porque em nosso banheiro também apareceu goteira.

Vou chamar o Ary para dar uma conferida.

Não há o que agüente um toró como o que despencou; já sei como será este verão, calor insuportável e eventuais torós de inundar tudo.

Esperemos que não aconteça isto na praia.

Hoje estiveram Renato e Eduardo – um de cada vez – para repartir o que ainda não foi para o brejo..

Amanhã continuam as negociações se bem que não há muito o que negociar.

Até amanhã ou depois.

 

QUARTA FEIRA, 18 de dezembro de 1996, 1930h. tempo bom.

 

Acabamos de chegar do Carrefour onde fomos comprar material para a festa de Natal e alguns presentes.

De manhã fui para o escritório para fazer uma petiçao da irmã do João e também levar os dois 386 desmontados que estavam aqui em casa.

Dos dois o João irá fazer um para o Chico; pelo menos é o que se pretende.

O Pingo está querendo de Natal as peças necessárias para envenenar o computador dele; acontece que não dá , a placa-mãe daquele computador é muito fraca.

O que ele quer é colocar um processador pentium mas não é possível.

O João já estudou o problema.

Nunca esquecendo que, no ano que vem, tudo isto, inclusive os pentium já serão coisa de passado remoto.

Não dá para acompanhar a onda da Informática: o negócio é ficar com o que se tem desde que sirva para o que se necessita.

Como já disse o Dave Barry, com muito mais propriedade e graça.

Bem.

Renato queria, insistentemente, fazer um churrasquinho aqui mas convenci-o que nesta época, não há tempo nem disposição para programas extras.

Voltou para Bagé com a vontade.

Já está pronto o documento de separação da dupla; o Eduardo está colocando alguns ítens que pensa serem mais necessários e creio que será assinado sem problemas.

O Eduardo vai para Angra e de lá para a Fazenda: convidou-me  mas não sei se vai dar.

É lá pôr quinze  de janeiro.

Sexta feira pretendemos ir até a praia para uma primeira arrumada nas coisas embora me pareça que está tudo bem: o que havia para ser feito, já fiz.

Mas sempre há alguns detalhes.

A ida definitiva ainda não está marcada mas creio que será no dia 27 ou 29: a Virginia sempre festeja o aniversário que é dia 29.

Boas noites.

 

DOMINGO, 22 DE DEZEMBRO DE 1996, 2215h. ,tempo nhem nhem nhem.

 

Estamos voltando da praia onde estávamos desde sexta feira.

Virginia e as crianças mais o Pablo e o Diego também foram.

Tergolina passou pôr lá no sábado para ver a obra da casa nova.

Aproveitamos para dar uma chegada na obra e realmente está situada em ótimo local e a casa é de luxo.

Vimos também o terreno dos Fietz que é muito bem localizado em relação ao mar.

A sensação do Imbé são duas latrinas que foram construídas em pleno calçadão, na saída da Santa Rosa

Realmente é um negócio meio rebarbativo mas penso que para acabar com o vexame, somente apelando para o ridículo.

É muito difícil argumentar contra uma instalação sanitária, mesmo que erigida em um calçadão de praia.

Na verdade o calçadão do Imbé não é algo tão nobre que repudie uma latrina; pensando bem o substantivo que os define é o mesmo.

Outro aspecto que vale registrar foi a infestação de algas na piscina!

Negócio muito sério porque é uma alga desgraçada que entope tudo quanto é duto e se chega a endurecer vira um concreto brabo.

Tive que apelar para tudo e assim mesmo a água ainda não ficou completamente livre das tais algas.

Semana que vem acabo com elas.

No mais tudo como de costume: chuva, calor, as crianças se divertindo muito, conhecidos aparecendo para tomar chimarrão, estes babados.

Passaram o Indiana e a Angela que estão muito maltratados: ele, magro e de barba branca, está um ancião e ela, também magérrima e meio acadelada dá a impressão que chegou no limite de suas possibilidades como guia hipológica.

Mas, ao que tudo indica, o negócio vai de vento em popa ou, talvez melhor, de cavalo em popa.

Bolão está de serviço e deixou pronta uma comida húngara que resolvemos será apreciada amanhã.

 

Não sabemos se Liege já veio mas parece que não.

Até amanhã.

 

SEGUNDA FEIRA, 2312996, 2335h. tempo ainda nhem nhem nhem.

 

Estamos em plenos preparativos para amanhã; parece-me que este ano as coisas estão mais devagar e teremos correrias de última hora.

A frigider nova chegou e a vantagem é ser frost free; a antiga está sendo usada na área dos fundos aguardando transporte para a praia.

Recebemos carta da Lucia e concluo que o Word dela é o 6 pôr causa da acentuação.

Está empolgadíssima e vai ser uma micreira, com toda a certeza.

A tal comida húngara do Bolão, goulash, estava muito boa.

De manhã fui ao Forum e ao escritório; de tarde cortei a grama, instalei a frigider e tentei sulfatar as uvas porque os sabiás já começaram a bater.

Ë um saco este negócio de passarinhos na parreira e explica porque os gringos acabam com eles.

Aqui em casa os sabiás comem todas as pitangas, as goiabas e estragam os cachos de uvas.

É uma pena porque as uvas estão lindas.

Não consegui sulfatar porque pifou a maquineta, uma boa droga.

O Beto bolou um espargidor com um bujão de gás daqueles antigos, compridos: colocou um ventil de pneu e, com um compressor, toca 50 libras/pol.quadrada de pressão lá para dentro. Aí é só abrir a válvula e o que estiver dentro do bujão sai a mil.

Funciona que é uma beleza.

Hoje chegou a Maria Helena que foi recebida no aeroporto pelo Bolão: os Barrios não podiam ir pôr causa dos compromissos.

Em seguida vêm a Helena Maria e o Bruce e vão todos passar o ano lá na fazenda de Artigas o que, parece-me é programa de índio cruzado com sem-terra.

Lembro que, quando do seu casamento, o Bruce declarou que Montevideu era habitat para indios; o que ele irá dizer da fazenda em Artigas não sei mas posso imaginar.

Periga o cara enfartar!

Nunca esquecendo que, para ir até lá e voltar para S. Catarina são 2000 Km.

Isto porque a família toda irá passar duas semanas no Santinho, o que não é má idéia.

Salvo erro, engano ou omissão, o grupo é composto de nove crianças de 2 a 8 anos e nove adultos efetivos, sem contar a famulagem.

O que nos coloca a beira do velho dilema: é passeio ou expedição?

O tempo dirá.

Falando nisto a Isinha, no fim de semana, foi à Santa Catarina, praia de Mariscal o que presumo deve ser alguma coisa ligada ao Stroessner quem veraneava pôr lá.

Diz a Isinha que o lugar é uma lou-cu-ra!

Só que é longe prá burro.

Depois de Florianópolis.

No momento estou falando com a Lucia, sabendo as notícias do Rio.

Voltando atrás, a questão de ir ou não para Santa Catarina somente estará resolvida quando duplicarem a BR.

Até lá, sempre há argumento forte em favor do Imbé: a distância.

No dia em que a estrada estiver duplicada, vai ser preciso muito patriotismo para preferir os mares marrons e as latrinas no calçadão.

É um caso a pensar.

Bem, amanhã é a festa de Natal e presumo que irei trotear muito assim que parece prudente ir dormir mais cedo.

Boas noites.

Não sem antes citar os árabes.

“  Um punhado de sorte vale mais que seis cargueiros de ciência.

 

TERÇA FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 1996,1635h. tempo bom.

 

Se alguém espera que eu faça considerações melosas sobre o Natal, you wrong paleface.

Penso que neste momento estamos terminando os preparativos para a ceia e disitribuição de presentes; até que mais cedo do que eu esperava.

A Alba funcionou muito bem e parece que gosta de fazer jantares mais sofistificados.

No ar a musica da Maria Bethania via um CD que o Bolão me trouxe de presente e que está propondo trocar pôr um bossa nova.

Vou analisar para ver se o escambo me é favorável.

Acho que não é, vamos manter o statu quo.

Telefonei para convidar o Rolla para vir cear conosco; posso estar enganado mas acho que ele chorou.

Ou terei me enganado?

Tudo é muito cheio de surpresas.

Hoje o Jabour publicou uma crônica notável na Zero Hora: o turco é cáustico sem ser agressivo, muito bom.

Pedi ao Alemão Henrique para varrer a frente porque eu já tomei banho.

O Alemão está enrolado mas com extrema boa vontade, que é o que conta.

Helena esteve até agora ajudando a Heloisa e acaba de ir para casa com o Paulo que veio trazer os presentes a serem distribuídos.

Só falta levar a Alba em casa.

Até ao ano passado ( ou atrasado? ) este cerimonial era feito com a Elaine.

Acho que se arrependimento matasse, a Elaine já estaria cozinhando para os bem aventurados.

O que ela levava no Natal para casa era uma festa, comidas, bebidas, presentes.

E sempre um baita peru; agora deve estar na base do frango do FHC.

Falando nisto, acho que, no momento, o FHC é a pessoa que mais leva pau neste país: de um lado a direita malufista pôr causa da reeleição e do outro a esquerda burra pôr causa do inegável sucesso do Real.

Ambos, Maluf e esquerda burra estão pela bola sete e sabem disto.

Se O FHC se reelege – e é certo – O Maluf vai estar meio velho para a próxima; os PT etc. vão ficar falando sozinhos no meio da charneca.

É um pobremão para a Jussara Cony e para o Brizolla  cujos aliás não merecem comentários como diria o assessor cultural do Raul Pont,. Com a aprovação do chefe.

Recebi um folheto do Pedro Americo Leal, o Villa Isabel ou, mais modernamente, Velho Borzega, emérito edil desta cidade.

O Villa, carioca malandro, zona norte, chefe de torcida, conseguiu a difícil façanha de ficar em segunda época em todos os anos dos cursos da AMAN e da EPPA.

E, na Infantiria de linha que reunia os maiores luminares da Academia.

Depois fez um cursinho, que todos fizemos, no CCP do Leme e auto-nominou-se Psicólogo, naquele então uma atividade ainda não oficializada.

Aí publicou a sua obra prima, O Velho Borzega, poesia épicosaudosista , entrou na política como representante da direita burra e conquistou seu espaço, enganando e enganando.

Faz parte, como figura folclórica, do programa do Flávio Alacaraz Gomes, Os Guerrilheiros da Notícia, do canal 2.

Explica-se porque o Villa, quando diretor da GB Propaganda, soltava uma grana firme para o Flávio que nunca pregou prego sem a respectiva estopa.

Uma vez viajamos para o Rio, lado a lado, o Villa e eu; começava a abertura e ele queixava-se amargamente dos terríveis comunas quems, pelo que faziam, mereciam paredão.

E acrescentou com ar misteriosos e grave que, às vezes, eles eram obrigados a fazer coisa terríveis com os referidos.

Quase rí da cena porque o Villa era conhecido pela sua extrema crueldade e malvadez no campo verbal: na prática era um medrosão de marca maior e incapaz de qualquer maldade.

Estava querendo me impressionar não sei porque.

E também não sei porque estou perdendo tempo e latim, máu latim, com o Pedro Américo.

Este ano o peru é um tremendo mixuruco, daqueles de quatro quilos; acontece que ninguém come peru a não ser este que vos fala.

Fico até o ano novo comendo o peru do Natal.

Este ano , devemos considerar o Bolão, decerto termina na janta de amanhã.

Nunca esqueço que o Dinar Gigante, quando presidente do BB, mandou para a Baixinha, naquele então casada com o Banda, um peru de 24 quilos!

No ano seguinte eu consegui um de 14 quilos o qual, comparado com o do Dinar, era um galeto.

Ano que vem compro um de trinta quilos, podem crer.

Se bem que já há uma campanha contra o costume de assarem-se perus no Natal; é o que eu sempre digo, começa no cigarro e acaba no peru!

Pôr aí.

Hora de encerrar porque não demora começa o auê.

Até amanhã ou depois.

 

QUARTA FEIRA, 25 DE DEZEMBRO DE 1996, 2040h. tempo bom, quente.

 

Acabamos de regressar da Patrícia onde passamos a tarde na piscina; estava ótimo, com direito a sorvetes, bolos, refrigerantes etc. Estava a família Fietz e, quando saíamos para irmos na mãe, chegaram o Bolão e a Liege com os guris.

Lá na mãe estavam o Beto e a Bia, o Paulo e a Virginia; tudo bem.

Ontem a festa foi muito animada, com a presença de todos, exceto a Marilia que não veio porque a Andrea está deprê com a história da acusação de homicídio culposo.

Não creio que ela vá sofrer qualquer condenação mas tudo é possível.

Se ela tivesse me procurado na fase do inquérito policial, garanto não teria sido indiciada mas a Andrea é muito complicada.

Estava muito quente e o Papai Noel sofreu com o calor; acho que está na hora de comprar uma roupa de algodão.

Assuntos que merecem registro:

– O Papai Noel reclamou da bagunça quando da sua entrada: estava todo o mundo às voltas não sei com que e nem deram bola. Foi preciso uma ação enérgica do Papai Noel para o povo se organizar.

– Funcionaram como ajudantes do Papai Noel o Henrique e o Pablo e foram muito bem.

– A Minie reapareceu e muito bonita. O Angelo estava empolgadíssimo

– O Papai Noel reclamou que todo o mundo ganhou montes de presentes, exceto ele, o Tergolina e o Carlos.

Reclamação não procedente porque os presentes dos aparentemente excluídos, estavam guardados.

– Uma determinada personagem mostrou-se particularmente venatória em relação sexo oposto!

– O Tergolina exagerou nos presentes: nada como ser dono da Ipiranga-Hoescht.

– Heloisa exagerou nos presentes: nada como ser esposa de aposentado do INPS.

– A comida estava ótima com destaque para um salpicão.

– O fato de haver duas frigiders em serviço facilitou as coisas.

– A bagunça de pós-festa foi bastante menor.

– O Leo e a Enilda, surpreendentemente, não apareceram.

– O clima estava agradabilíssimo.

Em resumo, foi isto aí.

Neste momento Bolão está falando com o Rafael Alba de Santo Domingo; boa gente, o Rafael está de aniversário, 53 anos.

O Bolão fala um espanhol horrível.

Pior só o inglês da Patrícia.

Pôr falar nisto, hoje assisti um pedaço de um filme inglês baseado em Dickens, caso em que não preciso de tradução.

Se eu voltar aos USA, vou falar inglês da Inglaterra com aqueles engole-ovo.

Como dizia, mais ou menos, o Oscar Wilde: “Inglaterra e Estados Unidos são dois países com tudo em comum, mas separados pela lingua”.

Chico e Zé ganharam duas metralhadoras há cerca de meia hora: já estão estragadas!

Made in Paraguay.

Boas notes.

 

QUINTA FEIRA, 02 janeiro de 1997 1615h., tempo enfarruscado.

 

Encerrei dia 25 dez., hoje é 02 jan. uma semana portanto.

No intervalo, fomos para a praia dia 27 ou 28 e retornamos ontem para a formatura do Pingo que é hoje.

Pôr sinal que ele ainda não chegou do Imbé de onde viria hoje de manhã com a Rachel.

Passamos o 31 no Imbé, como de costume ,com os Fietz e os Tergolinas e os Pereira (Antônio Pedro, Denise e Carol); o tempo estava excelente e o mar também, Santa Catarina.

Os Fietz ficaram pôr lá, devendo seguir hoje para Torres.

Acaba de chegar o Bolão; a Liege já estava aí e se este computador fosse acústico, poderia ser ouvido o barulho dos gurís.

Falei com o Dr. Barrios : acaba de viver uma experiência inesquecível que, apud illi, todos devemos passar na vida para que possamos atingir a maturidade plena: expedição a uma fazenda sem nenhum conforto, distante 1000km., acompanhados pôr inúmeras crianças, debaixo de calor dito senegalesco, em ônibus preferencialmente parador.

Fazendo parte da crew, diversas senhoras extremamente tolerantes e um súdito americano quem, de tempos em tempos exclama sugestivamente: – Oh My God!

O Carlos, com sua costumeira economia de palavras quando narra fatos menos  edificantes, não foi além disto mas agora espero que a Patrícia apareça pôr aqui para dar a versão analítica da expedição.

Decerto terei assunto para mais de duas páginas de comentários.

Coloquei minhas pendências em dia e amanhã pago algumas contas estou pronto para retornar o que somente acontecerá sábado pôr causa do aniversário do Lucas.

Aqui em casa tudo bem.

É só pôr agora: espero voltar mais tarde, depois da formatura onde, segundo a Isinha vai dar o maior bode.

Suspense!

 

SEXTA FEIRA, 03 jan.997, 1900h., tempo bom, calor.

 

A formatura do Pingo terminou muito tarde e depois ainda o referido veio aqui para casa a procura de uma fantasia para o baile comemorativo, assim que não pude retornar a este texto, como pretendia.

Contrariamente ao que previa Isinha, a cerimônia foi tranqüila, com discursos até bem interessantes e num ambiente senão conservador, pelo menos educado.

Pena que alongou-se demais com entrega de n prêmios e acabou um tanto cansativo.

A turma de formandos deu a impressão de ser composta pôr meninos bastante comportados, educados e, certamente, muito ligados ao colégio; a maioria, aliás, está no IPA desde o primário o que já é um indicio de boa formação inclusive religiosa.

A descrição catastrófica que a Isinha fazia deles, não se confirmou em absoluto.

Penso que o Pingo sentiu o cutuco e se emocionou com a cerimônia.

Amanhã começa o vestibular na PUC e veremos o que acontece: uma coisa é certa, o Pingo não está sob nenhuma forma de pressão e vai para a prova com  tranqüilidade, o que não deixa de ser muito bom.

Sábado começa na URGS.

Mantenho a minha opinião de que ele passa nas duas: as pessoas pensam que quem faz as questões do vestibular é um bando de sacanas especialistas em pega-ratão. Ledo engano: são técnicos altamente especializados que montam as provas visando selecionar aqueles que têm nível para cursar a universidade, o que, inegavelmente, o Pingo tem.

Veremos.

Estamos aguardando o Dr. Barrios que vem buscar colchões para alojar os dezesseis hóspedes que recebe hoje e que amanhã partem para o Costão do Santinho.

Ainda não tive oportunidade de falar com a Patrícia sobre a expedição mas ouvi rumores de que foi pior do que o esperado porque o hotel de Artigas estava em reformas.

Aliás, sobre este hotel, onde já paramos, cabe uma observação.

Da janela do quarto onde estávamos, via-se a torre da Igreja Matriz que fica a uns trezentos metros.

Referido templo, seguindo tradição espanhola e fradesca que data da Idade Média, anuncia o correr das horas pelas batidas de um sino que imagino poderoso.

Nas horas cheias, tantas badaladas quantas couberem, nas meias horas uma solitária, soturna e tremenda badalada.

Não há cristão que consiga dormir com aquela espera tantalizante: você ouve a porrada da meia hora e fica aguardando as próximas.

Sonha-se em dispor de uma bazuca para acabar com o badalo, o sineiro, o padre e os costumes medievais.

Bom  era o restaurante do hotel mas, com as reformas, estava fechado.

O pessoal chiou que isto não é época de reformar hotéis mas não devemos esquecer que aquele lá é público, pertence ao município, assim que os interesses são outros, certamente prevalecendo aqueles dos funcionários que querem entrar em férias no verão.

Bem, aguardemos mais detalhes da Patrícia.

Hoje fizemos uma porção de coisas com vistas a irmos amanhã para a praia. O Bolão acaba de sair para lá com a Liege devendo ficar até domingo.

Como mandei a frigider agora de tarde e que será entregue amanhã de manhã cedo, foi muito oportuna a ida deles.

Iremos amanhã de tarde depois do almoço que o Lucas oferece pelo aniversário.

Está um calor danado e a previsão é que aumente até quarta feira quando, certamente, choverá.

Esperemos que não seja aquela chuva que inicia em meados de janeiro e vai até fins de fevereiro.

Estivemos na lojinha do Grêmio para comprar uma camisa do Danrlei que é o presente que o Lucas quer mas estava com tudo esgotado.

Tomara que o Grêmio continue como até aqui mesmo sem o Koff e o Luiz Felipe.

É o único clube brasileiro financeiramente bem e que não é patrocinado pôr nenhuma Parmalat.

En passant, o que está até cômico é situação que os novos prefeitos têm encontrado em seus municipios

: teve prefeito que levou todos os móveis, alegando que eram seus; outros estão themselves, retirando lixo das ruas e pôr aí empós.

A televisão  tem bastante assunto: aquele maluco que ganhou em Livramento, mandou queimar no pátio a poltrona do prefeito anterior; não sem antes ter comprado outra com dinheiro próprio, é claro.

Aqui em POA, já há secretário novo metendo o pau na administração anterior.

O Tarso-Deus vai ter um chilique.

Pausa para jantar, provavelmente café semi-colonial.

Não sem antes lembrar que tive que colocar um espantalho para evitar que os sabiás terminem com as uvas.

Os sabiás de Porto Alegre são intocáveis como as vacas da India mas que abusam, abusam.

Os que pervagam aqui pôr casa, são uns gordões atrevidos que comem tudo o que encontram: já tiveram a safra das lesmas, depois das pitangas e agora estão nas uvas.

Parecem umas galinhas de tão grandes.

Diz a Isinha que a horticultura lá em Ipanema é simplesmente impossível: os sabiás ficam no pau esperando que a pessoa plante aí partem para o bródio: não sobra nada.

Consta que o pai do Edu Galinha está firmemente disposto a fazer uma razia nos sabiás mas, certamente irá enfrentar uma reação muito forte da opinião pública e terá que recuar.

 

SEGUNDA FEIRA, 20 de janeiro de 1997, 1830h.

 

Viemos hoje do Imbé trazendo o Pingo e o Angelo; o Pingo com a bola cheíssima porque passou – e bem – na UFRGS e na PUC.

O tempo na praia está incrivelmente bom: penso que nunca passamos um verão como este.

Pelo jeito, irá continuar assim.

O que está brabo é o movimento: sabado aconteceu o show daquela baiana estressada, a Daniela Mercury e foi um horror. O pátio da frente de nossa casa virou estacionamento.

A Bia foi ao show mas só conseguiu chegar a um quilometro do palco.

Incrível o que tem de jacú neste Estado e tudo para ver uma falsa baiana dar uns pulinho desesperados com cara de quem está instrumentando uma operação de tórax!

A pensão este ano tem estado vazia porque a Patricia estava em S. Catarina e a Virginia em Torres. A isinha pôr aqui às voltas com o vestibular do Pingo. Bolão enrolando os doctors do Conceição.

Estivemos em Torres na semana passada e chegamos à conclusão que o Imbé é melhor do que qualquer outra praia.

Torres está um nojo, sujo, cheio de edifícios, esgotos na praia, um horrore.

(Sempre que eu grafo uma palavra de modo diferente, como p. ex. “horrore “ estou remetendo as partes para alguma obra literária; houve um personagem de um livro muito conhecido e de autor mais ainda que falava assim. Quem é o Autor e qual é o livro? )

Para chegar no mar, há que atravessar os cômoros da altura do Everest e caminhar uns seis quilômetros na areia, assim que ninguém vai à praia.

No Imbé, fronteira com Mariluz, a casa dos Tergolina está bastante adiantada e, pelo jeito, vai ficar excelente.

Penso que em março estará pronta.

O Tergolina embarcou sábado para a Italia assim que ainda não sabe do sucesso do Pingo na URGS.

Vai ficar muito satisfeito; pena que o sobrinho dele, o Rogério, aquele que ganhou um prêmio mundial de montagens elétricas, não passou.

Com a nova legislação do ensino, Lei de Diretrizes e Bases, parece-me que qualquer faculdade ofereceria uma vaga para ele; vou conversar com o Tergolina a respeito.

E, com outras pessoas também.

O Evaldo, não se sabe porque (?), cortou as árvores da frente da casa dele, talvez as únicas da redondeza cuja existência se justificava; acho que foi pôr indução porque os Frankestein também fizeram uma degola nas suas árvores.

No mais tudo tranquilo, apenas nota-se que o Américo não está muito bem.

Idem com o Evaldo. Os dois já estão com quase oitenta anos e aí a coisa começa a pegar.

Pela primeira vez, o Evaldo alugou a casa para fevereiro e só não o fez em janeiro porque a Ligia quis passar o mês lá.

A nossa casa aqui está muito bem e ainda hoje a Jost deu uma de jardineira e limpou os canteiros.

A Jost é a Olivia.

Até agora a Patricia ainda não apareceu para contar as novidades do Santinho.

Telefonou o Eduardo lá de Posse; está me esperando para ir até a Fazenda da Bahia.

Vou pensar no caso até amanhã.

A casa dele aqui em Porto Alegre teve um rompimento do barrilete da caixa dágua e inundou toda; inclusive o teto de gesso veio abaixo.

Ainda bem que somente houveram prejuízos materiais.

O Renato está em Punta com a família…

Paguei os IPTU e agora só falta os IPVA; é  uma dinheirama de impostos a cada inicio de ano.

Quem apareceu no Imbé, como de costume, foi o Venzon que acaba de comprar casa lá em São Paulo.

Outro migrante que não volta mais.

Conheci a casa do Pinho em Torres.

No comments.

Pinho me pediu uma fiança para poder operar com uma empresa de desconto de duplicatas.

Há certas coisas que, colocadas lado a lado, nos conduzem a pensar que realmente Descartes tinha razão.

Estamos em  água assim que não dá para tomar banho; esperemos que o problema, que é geral, esteja superado até as 2100 horas.

Pretendo resolver todos os meus pequenos galhos até amanhã ao meio dia e retornar ao Imbé na parte da tarde; o Pingo volta conosco eis que amanhã completa um ano de namoro com a Rachel.

Falando nisto, a Rachel a cada dia que passa, adquire características físicas de modelo; não demora muito e vai ter agência atrás dela.

Já está mais alta que o Pingo.

Jantaremos comida chinesa que sobrou do almoço: é incrível a quantidade de comida que os chinas mandam quando se pede tele-entrega.

Heloisa pediu para quatro e éramos seis(?); acabou sobrando mais da metade e não esquecer que um dos convivas era o Angelo.

Bem, vamos aguardar a chegada da água.

 

 

 

 

TERÇA FEIRA,21 de janeiro de 1997, 2300h, tempo bom.

Vamos ver se consigo copiar um texto; depois explico.

 

ANOTAÇÕES SOBRE COSMOLOGIA.

 Osvald Manning Cooper, lord Isham.

 

(Transcrito de News Science Monitor, Isham, Devonshire, England ano CClV, 432,56)

 

Devo admitir que durante a maior parte da vida, temas que suponho maiores, não fizeram parte de minhas preocupações, digamos assim.

Diria que o fato do meu cavalo Toby peidar quando mudava de marcha – o que me impedia de montá-lo quando acompanhando damas- parecia-me mais importante do que eventuais idiosincrasias de planetas e similares em suas andanças espaciais.

Dois artigos publicados no Sun mudaram o foco de meus interesses: o primeiro afirmava que pelo Efeito Estufa, em cem mil anos as nossas ilhas britânicas estariam transformadas em uma placida lagoa na qual afloraria apenas alguma perdida destilaria das Highlands.

Estatísticas comprovam que a terra aquece 1 gráu centigrado a cada dez anos.

O segundo deixava bem claro e com a mesma certeza, que em menos de 5000 anos entraríamos em uma idade glacial e as ilhas britânicas iriam fazer concorrência a Saint Moritz.

Estatísticas comprovam que a terra esfria 1 gráu centigrado a cada dez anos!

Convenhamos que , na marcha em que iam as coisas,  seria de se supor que a próxima singularidade poderia me surpreender em plena hora do chá!

Decidi portanto estudar o que, pomposamente, os autores chamam de Cosmologia e é o resultado destes estudos que alinho a seguir.

Em primeiro lugar, é absolutamente necessário esquecer os gregos pois tenho observado que eles são comummente citados como sabendo de tudo o que hoje estamos descobrindo: na verdade quando alguém afirma que Demócrito descreveu o átomo e suas partículas, jamais indica a fonte de suas afirmações.

Estaria tudo na Biblioteca de Alexandria que foi totalmente queimada em um incêndio provocado por árabes ou romanos: os otomanos dizem que foram os soldados de Julio Cesar que queimavam os papiros para esquentar a água do banho do imperador e os romanos afirmam que foi um xiita que mandou tacar fogo na papelama argumentando que se o conteúdo fosse bom, estaria no Corão e  se não fosse, seria virtuoso queimar.

Mesmo assim, mesmo tendo sido queimados, os papiros de Alexandria são citados a todo o momento como fontes de informações, o que me parece altamente suspeito.

Então, fora com os gregos!

Comecemos com a Biblia do rei James onde a criação é descrita tão detalhadamente que um bispo inglês chegou a afirmar que o mundo foi criado num dezoito de outubro, às dez horas AM no ano 480 DC.

Posteriormente mudou de idéia quando um paroquiano mais atilado observou que criar o mundo depois de Cristo seria, pelo menos, fornecer matéria para argumentações deletérias pôr parte de eventuais heréticos.

As coisas permaneceram assim pôr vários séculos apesar dos intensos debates sobre detalhes importantíssimos como pôr exemplo, quem nascera antes, o ovo ou a galinha?

Para simplificar digamos que o panorama começa a mudar quando uma maçã cai na cabeça de um desavisado cidadão que imediatamente bola uma lei conhecida como a primeira lei de Newton por causa do nome de seu descobridor, Newton.

Referida lei afirma que quando um corpo entra em movimento, não para mais e como tudo girava no espaço, iria continuar girando da mesma forma ad aeternum; e que o impulso inicial fora dado pelo Criador.

Todo o mundo ficou satisfeito: os da Biblia e os que achavam que a coisa não fora bem assim.

A  primeira lei de Newton contentava gregos e troianos.

Mas o referido senhor afirmou também que a matéria atrai matéria etc e aí, uns duzentos anos depois, uns chatos começaram a argumentar que se fosse assim, nesta altura dos acontecimentos já estaríamos fritando bem no meio do sol!

Voltávamos à estaca zero.

E, começaram a pipocar teorias.

A maioria, convenhamos, totalmente descabeladas e herméticas; geralmente os cavalheiros , para se dar ares de erudição, começam afirmando que do caos- bagunça- surgiu o cosmos – ordem.

E engrenam pôr aí com considerações sobre planetas escuros, luas negras etc.

Outros afirmam que o caos tende para o cosmos e que ainda não chegamos lá mas quando chegarmos vai ser uma explosão só.

Alguns, mais complicados, dizem que as coisa fluem ao contrário, que o caos é entrópico porque para organizar-se qualquer coisa gasta-se mais energia desorganizando o que está em repouso e portanto organizado.

Cita-se como exemplo arrumar a mesa para o chá: os movimentos da maid gastam muito mais energia do que a organização resultante!

Negócio meio felpudo mas até que fácil de entender.

Ultimamente, ou melhor, penultimamente, surgiu a teoria do big bang.

O universo nascera com uma grande explosão e os pedaços ainda estão voando pelo espaço.

De novo os murrinhas de sempre contestaram que em sendo assim cada pedaço se afastaria de todos os outros e o sistema solar, pôr exemplo não poderia existir ou, se existisse, as órbitas mudariam a cada segundo.

Contra-argumentaram os do big bang que o negócio funcionaria com um balão de aniversário se enchendo: as pinturas da superfície do balão se afastariam igualmente umas das outras e se expandiriam, mantendo o mesmo afastamento.

No início colou mas depois se viu que eram uma besteira maior ainda porque não estava explicado o que aconteceria no interior do balão.

Surgiu então a teoria do buraco negro um negócio que, como a Conceição, ninguém sabe e ninguém viu.

Supõe-se que hajam corpos no espaço com uma tal concentração de matéria que nem a luz consegue sair de lá e que esta singularidade vai até um certo ponto de concentração e aí explode.

O problema é: explode porque?

A existência dos buracos negros diz-se comprovada pelo fato de a luz encurvar-se quando passa pôr eles mas os chatos de plantão perguntam:

-Se curva? Ué! Não tinha que entrar?

Agora já se imagina que tudo, o Cosmos todo, seja um buraco negro e que nós estamos metidos nele sem perceber.

Ou que tudo seja um anti buraco negro e que igualmente estamos metidos nele também sem perceber.

É o que querem os defensores da teoria unificada, outro negócio complicado.

Ou pior ainda: nós estamos inscritos numa das 47 dimensões existentes no Cosmos e das quais só conhecemos três!

A existência de mais dimensões do que sonha nossa vã filosofia pretende-se comprovar pelo comportamento dos spins (literalmente peões de fieira, aqueles das brincadeiras de infância) os quais dão uma volta completa sobre si mesmo mas não retornam à face original.

Não é meio esquisito que as maiores teorias atuais se tentem comprovar via balões de aniversário, peões de fieira e diavolôs?

Porque há uma outra que se baseia no diavolô, aquela dos universos em oposição, e não estou exagerando.

Feitas as contas, a melhor posição a respeito parece ser aquela expressa pelo cacique Boi Sentado ao intrépido general Custer:

-You wrong, cara pálida!

Ou então a resposta dada por Peter Pan quando o Capitão Gancho quis lhe fazer um toque de próstata:

-Tais brincando!!!

 

 

(Artigo traduzido em janeiro de 1997 pôr J. Moura exclusivamente para a biblioteca de Napoleão e Joaquim Francisco, ambos Rodrigues de Freitas, cabendo acrescentar que as opiniões aqui expressas são de exclusiva responsabilidade de Lord Isham).

 

Como se vê, consegui!

É o seguinte: semana passada no Imbé, o Joaquim e o Napoleão ficaram trovando horas no meu pé sobre Cosmologia, um assunto que estudei bastante no inverno passado.

Os dois ficaram me impressionando com o que se costuma chamar de papo – cabeça, na verdade um pontapé no meu saco porque eu já estava careca de saber as grandes teorias que os dois expunham como de fossem grandes e formidáveis novidades.

E, principalmente, expunham mal: ouviram o galo cantar mas não sabem exatamente aonde.

Aguentei quieto mas ruminei a vingança: em aqui chegando, resolvi escrever um artigo gozando os pintas que é este aí de cima.

E tem mais pois não vai acabar assim: Lord Isham irá receber diversas cartas de leitores interessados e aí é que a coisa vai ficar boa.

Bem, o dia de hoje passou sem maiores novidades; vamos amanhã de manhã para o Imbé e o Pablo irá junto eis que o Diego está baleado com gripe.

Heloisa, a pedido da Alda, convidou o Paulo Martins.

A Alda não aguenta mais o Paulo e, agora de noite, quando estivemos lá, praticamente pediu a ele que sumisse do mapa, desaparecesse no terreno: acontece que a Alda é idosa mas não é velha e aí fica dificil aguentar o pátria que passa o tempo todo doutrinando de como ela deve se comportar para não morrer nas próximas vinte e quatro horas.

Bem.

O Pingo já foi hoje de tarde, de ônibus pôr causa do aniversário de namoro.

Deixamos um rancho de delicatessen para o Bolão quem, como de costume, declarou enfaticamente que não irá consumir nada delas.

Então tá.

O Eduardo Bagé telefonou de Posse querendo que eu fosse para a Fazenda mas resolvi não ir porque estou com o garrão doendo muito e lá as caminhadas são longas.

Pode não ter sido uma boa decisão…

É o que veremos no próximo capítulo.

O Pingo está na dúvida entre URGS e PUC, coisa que não tem cabimento; ele alega que os amigos dele vão para a PUC, esquecendo que só vão porque são burros, rodaram na URGS.

Quando o Tergolina chegar decerto orienta as coisas com mais firmeza do que a Isinha.

E aqui vou me despedindo, decerto até ao final do mês quando voltarei para ficar pôr uns dez dias eis que terminam as férias forenses e tenho ainda uns pepinos para resolver.

Não sem antes registrar que ontem telefonei para o Amaury cuja secretária declarou que retornaria a ligação em seguida pois o referido estava ocupado.

Como não ligou, deixei um bilhete para ele mandando-o à merda.

E, boas noites.

 

SEGUNDA FEIRA, 030297, 0030h, tempo razoável.

 

Voltamos hoje do Imbé para o aniversário da Alda que, como sabemos, é amanhã.

Ano passado, esse episódio foi repleto de suspense mas ao quem tudo indica este ano a coisa vai tranquila.

Tivemos também, em 95, a pneumonia da Heloisa que foi realmente complicada; como se depreende, 97 entra mais favorável.

Eu é que continuo com o garrão baleado o que é muito chato mas, suponho, não é sério.

O tratamento é repouso e Voltarem mas não estou muito afim.

O Bagé, que está com o mesmo dissabor, desistiu do tratamento porque seu estômago quase explodiu com o Voltarem o que me induz a nem começar.

O Imbé esteve agitado com a gurizada toda; o tempo manteve-se bom e só choveu mesmo na quinta feira passada.

Pingo fez churrasco para a turma dele, comemorando o vestibular e, exceto isto, tudo é repeteco do ano passado: o Angelo no futebol, agora acompanhado pelo Pablo, o Lucas comendo torradas, o Diego vendo televisão, as reuniões da turma do Pingo na frente, o Marcelo jogando futebol, a D. Vera reclamando,a Heloisa partindo do principio que os netos estão a beira de um colapso pôr desnutrição, eu limpando a piscina etc. etc.

A Alba vai dando conta do recado lindamente e ainda encontra tempo para fazer uns pães realmente muito bons.

Quem anda meio baleado é o Dr. Nilson e acho que ele encheu o saco e seja o que Deus quiser.

Evaldo alugou a casa, houve uma desmatação geral na vizinhança, o Américo está sumido, Vita nem apareceu ou seja, o veiedo começa a abandonar o proscênio.

O que é absolutamente normal.

A mansão dos Tergolinas está praticamente pronta e, de acordo com a Isinha, logo teremos lá grandiosos churrascos.

Presumo que hoje não tem mais ninguém pôr lá porque a Isinha que estava com toda a sua turma deve ter retornado eis que a matrícula do Pingo é amanhã.

Devemos retornar quarta feira com a Virginia e sua turma, Diego e Pablo e decerto o Angelo.

Aqui, com o Bolão, está tudo OK.

Já instalei o BB Personal Banking e amanhã devo ir ao Forum ver dois processos.

Um é o da tia Honorina que começa a se encaminhar para o final.

Também amanhã marquei hora na Leila.

Heloisa almoça com a Alda no Riverside e `a noite pretende-se ir no Nanking.

Tudo irá depender da entourage da Alda que adora comer bem mas tem certa prevenção quanto a pagar.

Baseado nas experiências anteriores, diria que irão forrar a barriguinha pôr conta  ou da Alda ou da D. Heloisa e deste que vos fala.

O saco da Alda já estourou faz horas com os penduricos mas não há muito pôr fazer a não ser cara feia, o que como sabemos, não assusta mais ninguém.

 

QUARTA FEIRA, 05 de fevereiro de 1997, 1130h. tempo bom.

 

Afinal, os festejos de aniversário da Alda transcorreram na mais perfeita tranquilidade: ela e Heloisa foram almoçar no Riverside, depois vieram para ca.

Os netos daqui de casa vieram todos, faturaram uns sanduiches elaborados na hora pelo Dr. Barrios e fim.

Hoje devemos ir para o Imbé de tarde: ainda tenho que ir buscar a frigiderzinha lá na Isinha que ira alugar a casa da Matias; como estou com tendinite, vou recorrer ao auxilio do João que, gentilmente ofereceu-se para me ajudar em tudo o que eu precisar eis que está devalde, como se dizia na eras chamadas priscas.

Ao que tudo indica, com exceção do Pingo, enrolado na matrícula, a gurizada vai toda para o Imbé.

A Virginia deve ir amanhã com a turma dela e mais o Pablo.

Dá para organizar um bloco familiar de carnaval mas parece que não se usa mais blocos de carnaval.

Até bem pouco tempo, a moçada se reunia, escolhia um modelo de fantasia – geralmente sacos de estopa – pintava com dizeres pretensamente engraçados, reunia-se na casa de um dos participantes, tomava umas que outras para esquentar a máquina e partia para os clubes.

A tônica das fantasias mais elaboradas, era o chapéu de marinheiro, o saiote tirolês com um chapeuzinho idem.

Lá em casa, no Imbé, ainda existem nos socavões, varias fantasias da época em que a turma frequentava a SAPI e participava dos “assaltos “aos clubes de Capão e adjacências.

Negócio era mais elegante do que hoje.

Depois que os aratacas inventaram os trios elétricos, massificou, abastardou e apatifou.

Aliás, em todo o lugar que os aratacas impõe a cultura deles, muito forte pôr sinal, as coisa se abastardam.

Vide os paraibas de sandália de dedo que tomaram conta do Rio de Janeiro.

Convém lembrar ainda o Baile do Mingau da SAPI, frequentado históricamente pôr todos os mirins da família e onde, segundo me informaram, o Pablo, o Diego e o Henrique, irão comparecer este ano.

A Virginia até já comprou fantasias, decerto no conhecido Sr. Henrique!

Sessenta pilas pelas plumas e paetês, três fantasias, coisa finíssima!

Bem.

Ontem morreu o Paulo Francis de parada cardíaca; um sujeito com opiniões cortantes mas, temos que admitir, honestas e despojadas de interesses secundários.

Leio o Francis desde o tempo do Pasquim. Ele e o Lessa eram uma paulada nas convenções.

Os dois acabaram emigrando: o Lessa para Londres e ele para Nova Iorque.

O Lessa ,de vez em quando publica alguma coisa.

Requiescat.

Também o Galo Missioneiro, que estava indo para a zona conflagarada do Sem Terra, faturar alguma beirada política, sofreu um acidente, infelizmente sem maiores consequências.

O PT explora políticamente o movimento dos Sem Terra o que tem sido objeto da novela “O Rei do Gado”que pretende mostrar que a luta pela terra está encobrindo uma disputa política pelo poder.

Esse modo de agir do PT- burro porque facilmente perceptível- vai acabar com o MST como acabou com a CUT e até mesmo com o CEPERS.

A verdade é que, quando um grupo de pessoas se reúne, embebe-se de messianismo e coloca-se num extremo, o fim já se desenha inexorável.

Quando ainda há critica interna expressiva, o Grupo se desfaz naturalmente; quando não há critica interna, geralmente o fim é trágico.

Penso que o PT tem crítica interna, mesmo que totalmente descabelada, assim que durará mais uns anos e irá para o lixo da história.

Este é o caminho normal.

Mas há  também a proposta do dilema:

Com a aprovação do instituto da reeleição, a disputa legal pelo poder acabou para o PT cuja massa de manobra está sendo muito beneficiada pelo Real.

Eles têm duas opções: ou ficam na legalidade e mermam ou vão para a luta armada.

É justamente este dilema que estão tentando decidir via MST.

Vai morrer muita gente do MST e nenhum do PT; quando os inocentes úteis perceberem que estão participando do velho jogo estalinista, já será tarde demais para salvar o movimento.

Ainda este ano as coisas se definem.

Bem.

Como já disse, iremos para o Imbé hoje e eu devo voltar depois do carnaval.

Aí fico até março.

Dia 17 devo ir na Leila fazer a limpeza profunda das gengivas; ontem fiz a normal.

Segundo o Carlos devo ir também no Sergio e, talvez num traumato ver este negócio do tendão de Aquiles e adjacências.

Sei que o tratamento é imobilizar e tomar Voltarem mas, quem- há- de?

No fim vai ter que ser assim mas, até lá me arrasto pelas ruas do Mario Quintana.

No outono, melhoro porque termina a hibernação dos hiperbóreos dos quais sou um lídimo representante desterrado para os trópicos.

En passant, estive lendo dois livros sobre Mecânica Quântica e a impressão que me ficou é de que os pátrias não estão tratando a coisa de modo cientifico, estão voltando à ciência quimérica, à Magia.

Resumindo a opera em português, ninguém sabe afinal o que é um eletron e pôr isso o chamam de ente quântico, ora energia, ora matéria.

Mas não é que seja energia ou matéria, é que se comporta como uma ou como outra ou como as duas dependendo da sua vontade no instante da observação.

Há uma experiência famosa em que um eletron atravessa um buraco numa tela e vai impressionar uma chapa de fósforo. Ele atravessa e aparece a luzinha na tela.

Aí os pátria fazem dois furinhos na tela e o eletron passa ao mesmo tempo pelos dois e produz um espectro de franjas mas não uma franja newtoniana, equacionável mas sim umas franjas meio malucas.

A partir daí os fisicos enlouquecem e começam a subir pelas paredes, inventar 47 dimensões, eliminar a dimensão tempo etc. etc. e tal!

Voltarei ao tema.

Até a próxima.

 

DOMINGO, 16 DE FEVEREIRO DE 1996, 14:22, tempo bom.

 

Estou chegando do Imbé; vim mais cedo para evitar o tráfego e realmente a viajem foi tranqüila.

Saí de lá ao meio dia; ficaram os Barrios, os Fietz e o Pingo.

Com a Heloisa, é claro.

Os Tergolinas foram para Santa Catarina, Mariscal eu suponho, levando o Angelo e o Lucas.

Na volta, penso até que já podem ir para a casa nova que, pôr fora, está concluída.

Tremendo casarão.

A Mãe continua pôr lá; estivemos ontem de noite visitando-a e não pareceu-me bem; na verdade, uma pessoa com mais de 90 anos, dificilmente passa um longo tempo sem um achaque e a mãe faz tempo que está normal.

Esperemos que não seja nada.

Ontem foi a festa I ( vai haver uma II) do aniversário do Pablo e estava muito bonita: piscina com chafarizes, mesas debaixo da figueira, balões, iluminação feérica e um monte de gurizada alternando entre a piscina e as comilanças. Dr. Barrios fez um galeto bastante bom; Bolão e sua turma, não sabemos porque, não apareceram.

Sobrou um monte e certamente o almoço de hoje – e também a janta – serão Lavoisier.

O tempo na praia tem estado ótimo e sem sombra de dúvida este foi um dos melhores verões dos últimos anos.

Se continuar assim, pretendemos ficar até março.

Quanto mais tempo se fica pôr lá, mais difícil fica voltar: é uma vida mais simples..

O Joaquim Freitas já mora pôr lá e o Napoleão está pensando no assunto.

Uma banquinha de advocacia no Imbé deve ser uma experiência interessante.

Que problemas legais podem afligir aqueles nativos?

Trabalhistas certamente; questões de terra em segundo lugar e algum penal passional.

O Napoleão tem aparecido para matear e conversar: ele está escrevendo um livro cujo pano de fundo é a Guerra do Paraguay, muito interessante.

Como ele carrega uma vastíssima erudição no assunto, resolvi tirar um a velha dúvida: O que, afinal, causou a Guerra do Paraguay?

Porque existe a versão clássica, o expansionismo paraguaio e a versão mais moderna que atribui a guerra aos interesses comerciais ingleses.

Pois o Napoleão prova que realmente o Solano Lopez queria expandir suas fronteiras para recompor o antigo país missioneiro.

É indubitável.

Havia em S. Borja um padre francês, o Padre Gay que durante mais de cinco anos alertou D. Pedro II sobre as intenções do Lopes; havia também todo um plano de fortificações ao longo da fronteira que, na época, eram um portento.

E pôr aí empós.

Assim que “As Veias Abertas da América Latina ‘ do Eduardo Galleano, não é nada mais do que

outra tentativa revisionista fajuta, à luz do marxismo.

Este negócio de revisionismo focado em doutrinas, é um saco.

Ultimamente, aqui no RGS, escreveram-se trabalhos tentando provar que o Bento Gonçalves era um serviçal das elites pastorís e, além disso, ladrão de cavalos.

Deu rebu com os tradicionalistas e os do PT mais à esquerda, autores da malfadada tese, tiveram que meter a viola no saco.

Também está em moda reescrever-se a vida de Cristo e tem cada versão de arrepiar o cabelo.

A verdade é que se há uma história escrita entre o primeiro e o terceiro século e umas outras atuais, baseadas em deduções e cada uma mais fantasiosa que a outra, é de aceitar-se como mais verdadeiras aquelas escritas em época mais próxima do personagem.

Mas isto é uma fofoca antiga que nasceu com o racionalismo do século XIX; até o Eça andou metendo a sua colher no tema.

Quem anda às voltas com isto é o Vares quem esgrime com os essênios e os manuscritos do Mar Morto; na verdade ele usa argumentos do Gore Vidal de quem ele sequer ouviu falar, eu suponho.

 

TERÇA FEIRA, 18 FEVEREIRO DE 1997, 18:00h tempo chuvoso.

 

Estou terminando minhas missões em POA, pelo menos até ao dia 5 de março quando de novo começam as contas para pagar.

Como sabemos, estou com um problema que presume-se seja uma tendenite no tensor do calcanhar, vulgo tendão de Aquiles.

Vim com a intenção de consultar o Dirani mas o Carlos indicou um outro personagem cujo nome é – pasmem – MONIK!!

Se eu não gostar do primeiro contato, vou cumprimentá-lo:

– Como vai, Dr. Evans?

Mas, o que está realmente acontecendo é uma conspiração que pode ser perfeitamente caracterizada pelas seguintes evidências as quais se constituem em fortes indícios::

  1. O Carlos sempre declarou que para casos supostamente assim, é preciso imobilizar;
  2. O Carlos, mesmo sabendo que eu já havia marcado hora com o Dirani, insistiu com a Monique Evans;

3.Perguntado pôr mim se o referido Monique tinha aparelhos de raios X no consultório, o Carlos declarou que ele certamente iria me endereçar para o Hospital da PUC onde, na quinta feira de manhã, seria feito o necessário…

  1. A Virginia me telefonou ontem de tarde para saber como ficava a ida para a praia da Helena, uma vez que eu estava engessado!
  2. A Patrícia telefonou ontem à noite para se informar de algumas coisas que idem tinham a mesma finalidade da ligação da Virginia.

Ficam portanto caracterizados os fortes indícios de uma conspiração em marcha para engessar o meu pé!

Acho que não irei topar.

Gesso só no fim do veroneio que pretendo seja em meados de março.

Salvo argumento muito forte mas não me parece que um cara chamado Monik cconsiga me convencer de algo que não quero.

É o que veremos no próximo capítulo.

Os Fietz vieram da praia porque houve um atrito entre o Paulo e o Pingo motivado, inter coetera, pelas

encheções de saco que o Pingo e os outros maiores fazem com o Henrique.

Não me parece que seja uma causa nobre para um arranca-rabo mas enfim, como eu não estava presente e não sei a intensidade do agravo, me reservo para opinar depois.

Na verdade, quando se misturam jovens de idades diferentes, há uma natural tendência dos maiores encherem o saco dos menores; no meu tempo, eles não só enchiam o saco como ainda apelavam para a ignorância.

Como sabemos eu até hoje mantenho um profundo desprezo pêlos meus primos maiores e cada um que morre, leva junto o meu indefectível: “Já vai tarde!

No momento estou preparando uma galinha com massa para o jantar porque realmente não estou motivado para jantar fora.

Não sei pôr quais cargas d’agua, mesmo tendo melhorado muito, ainda não retomei o caminhar normal: acho que, em casos assim, a cuca manda um sinal de alerta para os pés que se negam a retomar uma marcha mais elegante.

Assim que estou um ancião arrastando os pés. Deplorável!

O Bolão até agora não apareceu; decerto está levando os coleguinhas em casa.

Alem de taxi, ele também presta serviços gerais para as colegas moçoilas que moram sozinhas e não sabem consertar torneiras.

Então tá.

A Alba deve estar na terra mas não apareceu o que me parece óbvio.

A Olivia deu uma geral ontem daquelas que dá prazer só de olhar; ainda pôr cima comprou comida para a gata com o dinheiro dela.

Grande Olivia: se eu voltar a ser milionário, contrato-a para minha valete e aí vai ser uma mordomia só.

Uma coisa que sempre quis ter e nunca consegui, foi ter um valete, um negrinho para mandalete e fazer o mate, como era a Maria-Preta lá na Vacaria.

Isto decerto é influência do ADN de minha avó Olinda que mantinha umas três mucamas em roda para coçarem a cabeça dela em busca de virtuais piolhos mas, na verdade, fazendo cafuné.

Não chego e tal extremo mas um negrinho para preparar o mate é uma necessidade, uma prática civilizada.

Quem sabe isto não é saudade do ordenança, uma sabia instituição do viver castrense?

Hoje estive na APLUB pegando material para eventual associação do Carlos a um plano de renda.

Realmente os planos são bons, bem melhores que os americanos.

Faz tempo que eu insisto com o Amaury para mandar alguém procurar o Carlos mas como nadie se manifestasse, fui lá e peguei o material uma vez que sou corretor de seguros.

A próxima briga vai ser conseguir sentar o Carlos numa mesa para a decisão que penso necessária.

Imagina o Carlos se aposentando com os novecentos pilas do INPS!

Alias, fazer plano de aposentadoria, é bom para qualquer um, principalmente porque abate do Imposto de Renda.

Os planos americanos são mais caros e, óbviamente, não abatem nada para o IR.

Ontem fui na Leila que fez limpeza profunda em minhas gengivas o que não é mole, durante e principalmente depois.

Informou-me a criola que no forte de Imbui, lá em Niteroi, existe uma casa de hospedes que é uma loucura; conheço o Forte e a sua praia é realmente uma das coisas mais bonitas que jamais vi.

A diária da suite presidencial, com direito à refeições, é de R$60,00…

Obviamente que, para ser bacana assim, a casa de hospedes não foi construida pelo Glorioso que a recebeu de presente da Petrobras.

Uma semana pôr lá, viria muito bem; pensemos no causo.

Fui olhar minha massa e verifico, com prazer, que encaminha-se para um grand finale.

Só faltaram as ervilhas que não existem no estoque da copa; aliás, existe muito pouca coisa em termos de suprimentos classe 1.

Teremos que fazer um rancho imediatamente após a volta; nem sal eu encontrei e tive que usar um pacote da reserva da churrasqueira.

Com a história do Plano Real, ninguém mais faz rancho mas, se assim sim, assim também não

Én passant, hoje ouvi uma entrevista com o Tarso Genro a respeito de análises que o chamado Grupo do Mexico anda fazendo para melhor explicar o que eles chamam de Neo-Liberalismo.

O Tarso anda se agitando pelo mundo todo e fica claro que isto visa a sua candidatura à Presidência .

Acacianamente vou dizer que ele não é trouxa e – pelo que ouvi – está razoavelmente aculturado para governar o país.

Vejo a coisa da seguinte maneira:

O Fernando Henrique, que também não é trouxa e muito menos, herdou uma bomba terrível, talvez a pior herança em tempos republicanos e está conseguindo colocar ordem na casa.

Considerando os vulto e o número de pepinos subjacentes, teve que fazer muitíssimas concessões mas não entregou toda a rapadura.

Tão pouco partiu para um abraço incondicional no “Laissez Faire, laissez passer “.

Assim que, saindo o FHC e entrando o Tarso, estaríamos numa posição muito boa pois com a casa em ordem, é possível cantar de galo e apertar alguns parafusos internos e externos.

Ele, o Tarso, usou uma frase interessante:

– Não queremos ganhar eleições (o PT ) em cima de cataclismos ou seja, não vamos torcer para o FHC dar com os burros na água.

Ou seja, eles querem ganhar as eleições provando que há soluções melhores que o Neo – Liberalismo.

Até acredito porque o peso do capital aventureiro internacional no NL. é muito grande e aí estamos lidando com gente da pior espécie.

O negócio é moralizar e diminuir a máquina do Estado, incentivar a produção interna propiciando capitais baratos e efetivar uma reforma agrária atuante o que irá – deseja-se –  motivar um retorno à terra evitando a urbanização e seus terríveis efeitos.

Não foi  o que o Tarso disse, o negócio dele está bem mais elaborado porque um programa presidencial deve conter temas mais complexos mas, em resumo seria isto.

Mas que ele já é candidato e sabe disto, sabe.

Inclusive não nega mas coloca-se numa posição de independência só subordinado à vontade do PT o qual, pôr sua vez, esgrime com a vontade popular.

Ontem ouvi uma longa entrevista com o Lula e, se depender dele, o amigo Tarso está frito.

Arataca, quando fala em gaúcho para âmbito de Brasil, tem uma crise.

O Lula pressionará para que o Olivio seja candidato ao governo do Estado o que colocará o Tarso muito mal pois a conclusão será: se não serve para o Estado, muito menos para o país.

Na verdade o Lula considera-se meio dono do PT que ele fundou e também acha que o seu partido não é lugar para intelectuais como o Tarso.

Maybe he is right.

Bem.

Acabo de fazer uma inspeção no meu tendão de Aquiles e verifico – consternado – que ele está rompido e bem rompido o que significa, no mínimo gesso.

Io sono frito!

Devo lembrar que na revolução de 93 os prisioneiros eram mantidos presos de uma maneira bastante eficiente e sui-generis: perfurava-se pôr trás do tendão de Aquiles e passava-se uma corda pelo furo.

Aí podia-se deixar os pátrias sem maiores cuidados porque se corressem para fugir, rebentava o tendão e eles ficavam aleijados para o resto da vida, coisa que ninguém queria.

Ainda conheci um negro velho ali na Barra do Ribeiro que perdeu o movimento dos dois pés pôr ter tido os tendões arrebentados.

ambém era comum, depois de prender os inimigos da maneira descrita, os gentlemen encostarem uma faca no pescoço deles e proporem o dilema: ou corre ou te degolo.

Aí o pátria corria, arrebentava os tendões e enfiava a cara no chão; a seguir, geralmente, era degolado.

Afirma-se que a revolução de 93 nunca será superada em barbárie.

Aqueles SS que supostamente faziam abajures com a pele dos untermeschen, se comparados com o povo de 93, não passavam de uns maricas sentimentais.

Eles jamais, pôr exemplo, carnearam untermeschen e obrigaram aos parentes a comer o churrasco decorrente, na frente da casa.

E houve coisas piores.

Acho que já comentei sobre tais práticas gentis de nossos antepassados nem tão antepassados assim.

Untermeschen é sub – raça e assim eram classificados pêlos alemães os judeus, ciganos, balcânicos etc.

Quando a Claci diz que foi enganada pôr um brasileiro ou que era vizinha de uns brasileiros, ela está pensando em untermeschen.

Ela e vários outros.

Na verdade, antes da II Grande Guerra, os brasileiros eram tremendamente descriminados pêlos alemães

na região de nossas colônias.

Ainda me lembro do que acontecia em Taquara e isto comigo que era oriundi e dono da terra; imagine-se os negrão.

O meu pai vivia no pau com a alemoada e não poucas vezes chegou em casa com o nariz sangrando por brigas com integralistas e nazistas.

Ele fez o discurso do lançamento da pedra fundamental da igreja de Canela no qual meteu a lenha no arcebispo D. João Becker, um germanófilo escancarado.

O arcebispo estava presente e a comunidade revoltou-se com o seu Noé quem nunca mais foi convidado para fazer discursos.

Ainda me lembro da cena: no lugar onde hoje é a frente da igreja, havia um terreno limpo e o seu Noé falou  de pé, segurando a guarda de uma cadeira de palha; na medida em que falava metendo o pau nos nazistas e integralistas os assistentes ficavam inquietos e o arcebispo mais ainda.

Lá pelas tantas o D. João Becker não aguentou mais e se retirou.

Convenhamos que o seu Noé era meio indigesto.

Bem, vamos dormir que já estamos no dia dezenove, horário solar.

 

QUARTA FEIRA, 19 de fevereiro de 1997, 18:30h, tempo chuvoso.

 

Acabo de retornar do ortopedista que confirmou uma coisa que eu descobri ontem: o meu tendão de Aquiles já era, está rompido de forma total.

Agora só com cirurgia.

Olha a história do escravo de 93 se repetindo; ainda ontem eu falei nisto.

De qualquer forma, vou para a praia amanhã e na semana que vem a gente vê o que faz.

Se alguém leu com atenção o que escrevi aí para traz irá verificar que eu prego a necessidade de aproveitar o verão porque pode não se repetir ou, pelo menos, complicar; a idéia de ficar até março se acabou no tendão de Aquiles, quem diria.

Bem.

Hoje o Grêmio estréia na Libertadores contra o Cruzeiro de Minas, um jogo duríssimo.

Como a Alba deixou a janta pronta, não tenho com o que me preocupar.

Certamente ainda devo enfrentar uma conferência com o Dr. Barrios que irá exigir que eu baixe amanhã, faça exames preliminares, estes babados.

Só na semana que vem.

Se eu tiver que operar lá pela quarta feira, a Heloisa  vai ficar feliz  porque não irá festejar o seu aniversário.

Chateação para uns, alegrias para os outros como diria o embaixador da Finlândia.

Olha aí outra remessa a livros famosos de autores conhecidos.

Quem sabe?

Eça, Os Maias.

O embaixador da Finlândia só falava pôr clichês.

– Cést épatatant, vraiement épatant!

Acaba de telefonar a Virginia informando que a Helena segue hoje para o Imbé com o Antônio Pedro.

Talvez os guris da Patricia sigam comigo amanhã.

Depois do papo com o Carlos, fixo o dia da volta.

Fim da festa, fim do dinheiro, dedicatórias a um cruzeiro: O Pingo e o Angelo é que vão ter que retornar ou, quem sabe, a Isinha fica pôr lá com eles.

Falando nisto, nem sei onde andam os Tergolinas quem, presumo, já tenham voltado de Mariscal.

Pelo menos o Tergol que não está de férias.

Até agora não deram nenhum sinal de vida.

Se eu tiver que passar um tempo maior em repouso depois da operação, vou lavar o caco neste computador: termino Osvaldinho, Magia e ainda reformulo Decisões.

Cabe registrar que o Monik é um cidadão já maduro, tranquilo, não enfeita o perú e me pareceu muito seguro.

Não cobrou a consulta.

Fiquei com muito boa impressão.

Pôr hoje é só, aguardemos, para jantar, o Bolão, encarregado do serviço de copa.

Ainda  pôr registrar o papo com o Dr.Barrios o que farei ainda hoje.

 

QUINTA FEIRA, 20 de fevereiro de 1997, 10:30h, frío.

 

Pode parecer brincadeira mas, está frio; um sol bonito mas um ventinho gelado, daqueles que costumama aparecer em maio.

Tivemos um verão normal e se a sequência for um inverno idem, ainda é muito cedo para frio.

Onde andarão os partidários do efeito estufa, depois deste inverno no hemisfério norte?

Há certas teorias ecológicas que são válidas e evidentes mas, uma boa parte delas, é coisa de maluquetes.

As soluções deles também me parecem inócuas, afastadas da realidade.

É claro que já não há mais animais na Africa como há 50 anos atrás: isto é uma evidência.

Porque? Porque foi a partir da extinção das colonias que os negrão tiveram aceso irrestrito à armas de fogo potentes e passaram a ter liberdade para caçar.

Desde então os negrão começaram a matar tudo o que se mexe mas principalmente os elefantes por causa do marfim e os rinocerontes, pelo chifre que vendem para os chineses – outros tarados – como afrodisíaco.

E aí, cabe uma opção: ou os bichos ou o crioléu.

Se a escolha cair nos bichos, acaba com o crioleu ou, pelo menos, com os países(?) deles.

Há ainda uma outra hipótese bastante razoável: do jeito que as coisas vão pela Africa, os pretos ( políticamente correto), vão se acabar antes dos bichos.

De qualquer maneira, as soluções apresentadas pelos maluquetes, geralmente sociedades protetoras, me parecem vãs e com um ligeiro smell de picaretagem.

Nesta coisa de ecologia, criou-se um mito de os indios sabem conviver com o bicharedo e com o mato sem alterar o equilibrio entre as partes.

Isto é a maior bobagem que já ouvi: os indios só não acabam com o bicheredo porque não podem, as suas armas são muito precárias.

Dá um rifle para um botocudo e ele mata até sapo.

O mesmo acontece com o arvoredo: já contei o caso de um amigo que comprou uma fazendinha no Paraná onde havia muita erva mate. Os botocudos foram pedir a ele licença para colher erva e ele deixou, inclusive pensando que estava dando uma de gaúcho civilizado porque os seus vizinhos paranaenses não queriam nem ouvir falar de indios em suas terrras.

Pois  bem, os referidos acabaram com o erval dele porque seu método de colher é derrubar as árvores para arrancar as folhas!

Esse papo geralmente acaba em racismo.

Eu não gosto de indios.

Uma das coisas que distinguem o homem dos animais é que estes não riem.

Indio não ri.

Então tá.

Citação ouvida num filme com vistas aos fãs de esportes náuticos:

– Barco é como uma prisão em que você ainda tem o risco de morrer afogado.

No momento os caras da prefeitura estão fazendo uma razia nos cinamomos aqui da frente da casa.

Se depender de mim, podem cortar tudo e foi exatamente isto o que acabei de dizer para os intelectuais da SMAM.

Mas, garanto que eles não vão cortar coisa nenhuma: há dois galhos que logo irão cair no coco de alguém.

O método da SMAM é deixar cair a árvore em cima de alguem e só depois cortar.

É o popular método lusitano.

Esquecia-me registrar que ontem o Grêmio ganhou – e muito bem – do Cruzeiro de Minas, 2 x 1 lá no Mineirão.

Se o Grêmio conseguir um bom centerforward, fica quase imbatível.

O atual é muito fraco e não tem as características fisicas nem mentais de rompedor.

Geralmente o bom centerforward deve assemelhar-se a um barril, ter coxas grossas, cara de malfeitor e personalidade idem; como o Claudiomiro.

O Luisão, que anda em desgraça no Palmeiras, seria uma boa solução.

Vou para a praia de tarde sem os guris da Patrícia porque o Pablo pegou umas perebas e deve tratar delas.

Só estou esperando a Alba.

O Monik qur me operar lá pela quinta ou sexta feira assim que devemos voltar terça ou quarta.

Até lá ele quer que eu não fume e nem tome remédios.

Segundo informações do Dr. Bolão, a anestesia para a cirurgia em tela é a peridural e aí vai a pergunta: O que será que o ato de fumar tem a ver com peridural?

O Monik ficou chocado quando eu disse para ele que o trauma do meu tendão poderia ter sido causado justamente pelo fato de que eu passara um mês sem fumar e em consequência engordara uns quatro quilos.

Ele me disse que era a primeira vez que ouvia alguém atribuir males ao fato de não fumar.

E eu recomendei a ele que lesse a biografia do Benjamim Franklin.

Devemos lembrar que – entre outras coisas – batatas e tomates já foram considerados venenos terríveis.

Eis algumas verdades científicas que já foram apregoadas:

– Coma mais ovos. Ovo é saúde.

– Coma mais carne: são as proteinas animais que fazem a sua máquina funcionar.

– Nunca faça exercícios depois dos quarenta anos.

– Bebiamo piu late, la late fa bene.

-Tome Vinho do Inca ( cocaina): é o melhor fortificante.

– Azeite de soja descalcifica: evite-o .

– Churrasco dá câncer.

– Chimarrão dá câncer.

– Três a quatro dozes de uisque pôr dia, mantém você saudável.

– Jamais coma melancias com vinho.

– Nunca coma moranguinhos.

– Tome óleo de fígado de bacalhau

E pôr aí empós assim que não dá para levar a sério estas regras.

Como na Ecologia, também na Medicina tem muito maluquete querendo aparecer.

Segundo o Dave Barry, a cada ano são publicados cerca de 400 livros versando regimens para emagrecer e que vendem cinco milhões de exemplares só nos USA.

O nosso vizinho Uebel fatura uma nota operando carecas que sabem que aquele cabelo de boneca não dura dois anos.

Razão tinha o Barnum: para cada esperto nascem dez trouxas.

Nunca esqueço um artigo deletério que o Pitigrilli escreveu sobre as canetas bic, logo que apareceram.

Foi uma lenha terrível porque o Pitigrilli quando atuando em demolição era terrível.

Anos depois, vivendo na Argentina, local onde as bic apareceram, inventadas pôr um húngaro decerto nazista, o Pitigrilli escreveu outro artigo, dizendo justamente o contrário.

Alguma grana correu.

E, geralmente é o que acontece: quando surge um postulado tipo faça isto ou faça aquilo baseado numa vaga pesquisa de uma mais vaga Universidade, cherchez la grana.

A Globo é especialista: até previsão do tempo os caras mudam, desde que bem pagos pelos hoteleiros de Gramado ou do litoral.

O número de vezes que a Globo anuncia neve na Serra Gaúcha é simplesmente ridículo.

E, sempre no Jornal nacional; daí, cariocas e paulistas bobocas se mandam crentes que vão atirar neve uns no focinho dos outros.

No fim, só compram malhas, comem aquele sórdido chocolate banhento e pagam para mijar no Caracol.

Ou então comer churrasco de gringo lá no Garfo e Bombacha onde a patroa, o  cozinheiro e os garçons, no meio da lide, se fantasiam com roupas supostamente gaúchas e ficam sapateando desesperados para lá e para cá em cima de um tablado mambebe.

Também cantam musicas cujas letras exaltam a bravura, a valentia e a galanteria dos gaúchos.

Após o que, descem de lá e perguntam:

– Vai um anioline aí, chefe?

Não dá, não dá.

Outra safadeza é  a clássica manchete da ZH das quinta feiras : Fim de semana com muito sol no litoral.

Aí você chega lá e encontra o vento rugindo, a chuva alagando e um mar de café preto com borra de chocolate pôr cima.

Como já diziam os romanos:

– A quem interessa?

Os franceses, numa época que já passou,  sugeriam:

– Cherchez la femme.

A ironia dos romanos ainda permanece válida mas a dos franceses já foi para o  brejo e não vou comentar porque para não ser apodado de machista.

É isto aí.

Os Tergolinas estão na terra, gostaram demais de Mariscal; Isinha talvez vá para o Imbe’ ficar com a gurisada até o final de fevereiro.

Daqui a pouco vou para a praia e fica o Bolão no comando.

Volto terça,

Até lá.

 

 QUARTA FEIRA, 26 de fevereiro de 1997, 20h15min, tempo bom.

 

Como se depreende, hoje é o aniversário da Heloisa que não está festejando porque amanhã baixo ao hospital ( ainda não sei qual é ) para a cirurgia do garrão; acabei de fazer ultrasonografia e deu 70% do tendão rompido.

Então tá.

Viemos agora de tarde

 

 

 

TERÇA FEIRA, 4 de março de 1997, 17.30h, tempo chuvoso.

Conforme previsto, hoje dei alta do hospital, após a cirurgia para recomposição do tendão de Aquiles.

A coisa toda, supostamente singela, não é bem assim.

Passei maus pedaços e o desconforto irá durar mais uns dois meses: estou com uma cobertura de gesso que começa em cima na coxa e vai até à sola do pé.

O que significa que meus movimentos estão muito difíceis porque o gesso pesa uma tonelada, sou ruim de muletas

Ontem interrompi este registro pôr causa da chegada do Bagé; estamos pois na quarta feira, de manhã, o tempo é bom e já arranjei um outro meio de transporte mais favorável.

Estou utilizando a cadeira de rodinhas que tenho aqui no gabinete. Não é exatamente uma dita de rodas mas quebra o galho.

Porque muletas,com todo o peso do gesso, só para deslocamentos muito curtos.

Quando a Heloisa  comprou as muletas, foi informada que as convencionais(?) somente aguentam 100 quilos, o que significa que, sem gesso, ultrapasso a garantia em 12 quilos e, com o gesso, uns trezentos!

O pior desta situação é que todo o mundo tem uma história semelhante para contar com o epílogo pouco construtivo de que sairam-se muito bem, que é normal uma pessoa usar muletas e que, enfim , o único cagão sou eu.

Então tá.

Também fico sabendo, pêlos narradores, que o engessado deve fazer tudo certinho porque senão dá galho.

Assim que irei me conformar em passar um mês e meio de molho o que, pelo menos, é uma experiência nova.

Quem realmente tem experiência de uma engessação assim, é o Carlos o que me leva a observar o que ele sugere; os mais participantes técnicos – Bolão e Patricia –  acham que devo caminhar com muletas, correr na Redenção, fazer trabalhos de jardinagem etc. etc. e tal, observando o velho princípio de que pimenta no olho dos outros é colirio.

O Bolão está convicto de que eu, antes de encerrar a recuperação, vou ter uma embolia pulmonar assim que já está preparado para fazer a necessária sangria.

A Patricia até agora ainda não entendeu como eu sobrevivi à cirurgia! Um verdadeiro milagre.

Falta a Graça cuja reação vai ser, tenho certeza:

– Não dá bola Mourão: se este gesso ter encher muito, arranca fora.

Cada um com seu cada qual.

Bem.

Devo registrar que o atendimento no São Lucas foi excelente e que graças à influência do Dr. Barrios, tudo correu maravilhosamente bem: o Monik não quis cobrar argumentando que o Carlos tratou um ano do pai dele e idem não cobrou nada; como o anestesista é filho do Monik, adotou o mesmo princípio.

Não deu para contra-argumentar porque as razões deles eram boas e foram apresentadas com uma carga de emoção muito grande.

Como se vê, recebemos pôr tabela, a competência, generosidade e  gentilezas com que o

 

 

Carlos trata seus colegas e pacientes.

De qualquer forma, vou verificar quanto o Bradesco paga aos médicos e vou transferir os valores para o Monik e filho.

 

Quinta-feira, 6 de março de 1997, 14:52h, tempo muito bom.

 

Imaginei que, com a história da invalidez passageira, poderia render muito mais no que concerne a registros, trabalhos escritos etc. mas, estou chegando à conclusão que as coisas não irão mudar muito.

Já estou melhorando com as muletas e penso que breve poderei navegar pela casa com relativo conforto.

A Jucélia foi acionada para liberar, junto ao Bradesco, os valores para pagar os honorários do Monik e equipe.

Esperemos que não sejam valores muito ridículos.

Marilise me mandou um monte de Efederm que é um pó excelente para ser usado como talco: eu estava com a pele das costas entrando em estado de deterioração e foi passar Efederm e deu prá bolinha da bolinhas! ( Assim não dá!).

Acontece que o Ingo tem umas fórmulas alemãs antigas, do tempo do III Reich, que funcionam maravilhosamente, As licenças originais dos produtos levam no cabeçalho a figura da águia pousada no globo terrestre e cobrindo este, a cruz suástica.

Vou ligar para o Alemão e informá-lo desta virtude do Efederm: é ótimo para ser usado nas pessoas que ficam muito tempo deitadas.

Aqui pôr casa, tudo bem: a Heloisa ganhou um canário muito bonito da Alba e a gata teve cria.

Obviamente que estes dois fatos não se somam mas se a gata se bobear, desta vez ela vai junto com os filhotes, caçar passarinhos no Walhala.

 

07/03/97 14:35:11, tempo ótimo.

 

Como se depreende, estou utilizando o próprio Word para colocar o grupo data – hora o que modifica a forma deste registro mas, confere-lhe mais certeza, disse-o bem?

No mais, a vidinha segue com o trambolho do gesso e não se oferecem muitas opções a um cidadão que leva meia hora para deslocar-se metros com as muletas; a verdade é que já estou melhorando no uso das referidas.

Ë sempre assim: a gente resiste às novidades tecnológicas e muletas, afinal sequer têm 20.000 anos de uso…

Sobre o paleontologismo dos métodos usados pêlos traumatologistas falei com Carlos que concordou comigo.

Nos tempos do Projeto Genoma o personagem ter de usar muletas babilônicas é meio desanimante.

Muito interessante em casos como o meu, é a opinião dos circunstantes: uns afirmam que é tudo muito fácil e que chega a ser indício de mau caráter  a vítima achar ruim; outros alertam que a recuperação de tendão é dificílima e qualquer bobeada, vai tudo para o espaço!

Os primeiros citam o caso do saci-pererê, de cirurgiões que operam tórax de muletas e pôr aí empós.

Os segundos contam histórias relativas a amigos e antepassados que nunca mais puderam dançar balé.

A todos os meus sinceros agradecimentos e fim.

My way.

Hoje o Rio foi desclassificado para ser sede das Olimpiadas; acho que enquanto não despoluirem a Baia da Guanabara não dá mesmo.

Uma vez andei com o Banda pela baia, depois de uma chuva forte e a sujeira era tanta que dificultava até o deslocamento da lancha. Era um espetáculo deprimente.

Até hoje não entendi como pretendem despoluir a baia porque o fator principal da sujeirada, são aquelas populações que moram na beira do mar, nas ilhas, no Fundão, São Gonçalo, Gragoatá e adjacências.

É um bando de maloqueiros que despejam seus lixos e detritos na água.

Uma volta e barco pelo fundo da baia faz qualquer um desanimar: é um monte de lixo, óleo, lodo fedorento, um verdadeiro horror.

Penso que é um problema cultural e que não tem solução.

No inicio do século XIX, metade dos habitantes do Rio eram escravos e a outra metade, portugas.

Ainda hoje, uns e outros, africanos e cutrucos,  mesmo em seu habitat natural, são exemplos de relaxamento e porquice o que nos deixa avaliar o comportamento dos ditos em terra alheia.

Gostaria de tecer maiores considerações mas, certamente, iria ser tachado de racista o que parece ser verdade.

Devo, no entanto, narrar dois fatos que aconteceram comigo e Heloisa, em Ipanema.

Estávamos no Hotel Everest e resolvemos ir até à praia tomar um banho porque o mar ali é realmente muito bonito.

Estava indo tudo muito bem quando descobrimos que a areia era uma mina de vermes brancos, miudinhos!

Depositados pelas fezes dos urubus que ali pervagam em grande número.

Estamos falando de Ipanema, aquele da Garota, do Tom e do Vinicius.

Numa outra volta, do mesmo Hotel Everest, observávamos a praia para avaliar se valia a pena ir tomar um banho.

Há um emissário que remete o esgoto de Ipanema para longe, no mar.

O emissário havia se rompido e percebia-se nítidamente  mancha amarela do derrame que chegava até à praia.

‘Pois este festival de vermes e merda – combinação brabíssima, não despertava a ira dos circunstantes e muito menos qualquer iniciativa deles. Tanto que nunca ouvíramos falar daquela situação constrangedora.

Permaneciam todos tomando chopinho no Barril 1700.

E, querem que acreditem que serão capazes de organizar uma Olimpíada?

Tais brincando!

 

 

Sábado, 8 de março de 1997, 17:04, verão voltou.

Estamos com 32ºC, um belíssimo dia de verão: acabaram de telefonar o Joaquim e a Isinha dizendo que no Imbé está uma loucura, o mar azul e tão cheio de peixes que chegam a pular na areia!

O que significa que as tainhas chegaram e estão caçando sardinhas que, acossadas, pulam na areia.

E eu aqui, ancorado no gesso.

Vou pensar no causo.

Como já comentei, de vez em quando umas moçoilas escrevem uns artigos na Zero Hora que são de desanimar: tivemos o caso do Borges, depois o Julio de Castilhos freqüentando batuques a conselho do Osvaldo Aranha, depois a Coluna Prestes reavaliada e hoje para coroar, uma feminina (ROSANE TREMEA) escreveu o seguinte, verbis:

– Barbara nasceu em 1984, o mesmo ano em que as brasileiras tiveram uma das maiores conquistas deste   século. Um novo Código Civil colocou pela primeira vez em igualdade homens e mulheres. Antes, quem nascesse do sexo feminino, era comparado aos silvícolas e aos menores de 21 anos.

Em primeiro lugar, o nosso Código Civil continua sendo o de 1916 e em segundo lugar, em nenhum regramento dele se declara que a mulher é relativamente capaz.

É tanta asneira que nem vale a pena perder tempo e comentar; espero que o pessoal da Zero Hora se dê conta da barbaridade e publique algum tipo de explicação.

Jamais seremos capazes de avaliar o deserviço que os cursos de Literatura e Comunicação da PUC prestam à cultura local; principalmente pela participação maciça de femininas.

A Liege veio de Pelotas com os guris que, neste momento estão aqui em casa fazendo um lanche.

Também está o Pingo que não foi para a praia.

O restante da família Tergolina está pôr lá, ajeitando a casa nova e daí o telefonema meteorológico da Isinha, repetindo em DDD o velho refrão da Heloisa quando chega da praia e me encontra na piscina: “O melhor dia do veraneio, não sabes o que perdestes“.

Hoje de manhã transmitiram de Capão uns flashes do Garota – Verão e o que eu pude ver foi o costumeiro mar amarelão.

Só se mudou na virada do meio dia.

Agora que o tempo está bom, lá isto está.

Para amanhã, a Patrícia está planejando um grandioso churrasco sendo o Bolão o assador.

Teremos, portanto auto-lovações e churrasco ruim.

As usual.

O Grêmio perdeu ontem para um timeco do Peru, como previsto.

Os caras estavam cheios de grau, um baita salto – alto e aí o resultado é previsível.

Na verdade o juiz ajudou os perus mas os caras eram tão ruins que, mesmo assim seria difícil perder.

 

 

 

 

 

Segunda-feira, 10 de março de 1997, 11:05, verão.

Estes registros estão um tanto quanto desconexos porque eu começo e não chego ao fim; acontece que as pessoas aparecem, interrompo e geralmente não volto.

Ontem foi um dia agitado, Bolão fez churrasco patrocinado pela Patrícia e vieram bastante pessoas, inclusive a turma da Liege e o Paulo Martins; Paulo e Virginia não vieram, Mas o Henrique e a Helena sim.

No que me concerne, vou indo sem maiores novidades mas não me parece certo que uma pessoa fique engessada tanto tempo sem apanhar sol naquelas partes que sofreram cirurgia.

Ainda mais que o gesso fica atritando: decerto, não demora muito, a pele começa a enfraquecer e apresentar ulcerações.

Tomara que não mas me parece que esta é a marcha lógica dos acontecimentos.

Esperemos que o Monik saiba muito bem o que faz.

O Pinho e o Rolla apareceram ontem para papear; o Pinho está com medo que o juiz declare a sua falência e, na verdade, o magistrado, diante da lei, não tem outra opção.

Disse ao Pinho que, na situação em que ele está, a falência até que vem tranquilizar as coisas: entrega a chave para o síndico e deu.

Claro que sobram uns penduricos mas, pelo menos, acabam-se as agonias das execuções, greves, ações trabalhistas etc.

Pena que isto está para acontecer justamente quando os da Alemanha estão para chegar.

Diz o Pinho que a CUT está muito atuante na fábrica o que me faz pensar que talvez pretendam assumir o controle e tocar o negócio sob a gerência dos empregados.

Não é uma má solução.

Acontece que, tendo acesso à contabilidade, os CUT vão saber o que saiu do caixa 1 para o caixa 2 e aí a coisa complica.

Penso que o Pinho perde a casa de Torres.

Vamos ver mais na frente mas parece-me que, juridicamente, a falência seja ineludível a não ser que o Pinho consiga vender a Mernak nesta semana, o que é uma hipótese. Meio desesperada mas é.

Bem.

Está fazendo um calor brabo e a praia deve estar ótima, teria sido o março ideal para ficar pôr lá.

Como já disse e segundo informações, sábado o mar estava azul, quente e pululando de peixes.

Já ontem de tarde, quem viu o Rainha das Piscinas afirmava que rugia um nordestão!!!

Considerados os anos de vivência que temos, voto pelo nordestão.

Hoje a Isinha dará as últimas porque passou o fim de semana lá.

Mas, admitamos, esta é uma família que tem um posicionamento especial diante de informações sobre a praia: todo o mundo duvida de todos no que for dito a respeito do mar.

Se alguém declara que estamos diante do melhor banho da temporada, imediatamente os circunstantes riem e remetem a afirmação para um evidente e permanente exagero; se o mar é declarado como sujo e gelado, contrapõe-se que não é bem assim que a sujeira são algas saudáveis e que a tempertura está ótima para um estimulante choque térmico.

E, pôr aí empós.  Nunca tivemos unanimidade  ou sequer maioria a respeito do mar: cada um faz questão de manter, apresentar e defender sua própria subjetividade. Enfáticamente.

Até as crianças já entram no bolo: os maiores são solicitados a darem sua opinião que, sintomáticamnte, já tende a ser própria e diferente.

O pé de araçä  é testemunha dos debates que pôr ali se travam, na volta da praia, principalmente entre os que lá foram e os que ficaram em casa. Agora também, enriquecidos com a participação ao vivo, do Antônio, Denise e Carol.

Isto no que concerne ao Imbé porque temos também as infindáveis análises e comparações com Santa Catarina.

Jamais chegaremos ao consenso principalmente porque as convicções se alteram e muito de acôrdo com os eventos mais recentes.

Houve, ainda, a época das praias de lagoa, particularmente São Lourenço mas, ao que tudo indica, este capítulo está encerrado pôr influência de coliformes fecais.

Penso que este é um tema que permanecerá vivo pôr muitas gerações.

Posso antever o neto do Pingo declarando:

– Pô vô, tu não foi a praia. Nem sabes o que perdestes, o melhor banho do verão.

Imediatamente um sem – pulo do neto do Angelo:

– Conversa! Não perdestes nada: o mar está uma droga.

Isto aí.

 

Terça-feira, 11 de março de 1997, 17:30, toró se armando, calor.

 

Hoje passei o dia andando para lá e para cá, sem render nada o que, provavelmente será o quotidiano até fins de março; penso que estou me recuperando muito bem embora tudo esteja debaixo do gesso.

Telefonou o Mambrini e me contou que o Lins fez uma peixada muito boa em casa de uns amigos deles.

Já combinamos fazer algo depois que eu me livrar do gesso.

Amanhã talvez eu peça para alguém me comprar filé de abrótea no Mercado que, pôr sinal, será inaugurado dia 26 com grande badalações, o que acho válido.

A Jucélia me passou os valores com que a Bradesco paga os médicos de acôrdo com o meu plano e até achei razoáveis. São:

– Anestesista: R$ 693,29.

– Cirurgião: R$ 866,50.

– 1º Auxiliar: R$ 259,95

– Instrumentador: R$ 86,65.

Transmiti esses valores ao Carlos ainda ontem, pedindo os necessários recibos ao Monik.

Ontem foi o aniversário da Claudia Pfeifer e telefonei duas vezes mas não consegui falar com ela.

O horário de trabalho dela é muito ruim e parece-me que ela somente chega em casa lá pela meia noite.

Isinha acabou de sair daqui; comentou que a URGS está uma bagunça e que o Pingo levanta às seis e meia para a primeira aula e que os professores simplesmente não aparecem.

Que talvez a PUC tivesse sido melhor.

Não me parece: penso até que coisas assim são elementos formativos porque as pessoas vêm o que está errado e procurarão corrigir. Saberão também que os professores não são as vítimas que alegam ser e até ganham muito bem pelo que fazem.

Um professor universitário, para dar quatro horas de aulas semanais, ganha R$1.800,00.

E, os guaipecas nem essas dão.

O Partido Comunista russo tinha uma nomenklatura de Partido que dispunha de benesses nunca acessíveis ao povo em geral.

Aqui no Brasil, a nomenklatura de Partido, foi substituída pela dita de empresas estatais e mesmo de governo.

Agora mesmo, enquanto se discute a venda da Vale do Rio Doce, foram publicados números em que se vê o seguinte: a Vale retornou ao seu maior acionista, o Brasil, um valor X enquanto que à fundação de seus funcionários recebeu  4 X; isto em dinheiro porque em benesses, fringe bennefits é bom nem pesquisar.

Idem e muito pior aconteceu com todas as estatais de porte ou seja, criou-se uma nomenklatura que mama no Brasil e que, em consequência não quer largar o filé de jeito nenhum o que também vale para as estatais de ambito estadual, tipo CEEE.

O dia em que abrirem a caixa preta das estatatais, vai ser um escândalo tão grande que o PC Farias será condecorado post – mortem.

Enquanto isto, os Brizola e os Lula da vida ficam falando asneiras contra as privatizações.

Muito difícil de resolver, pôr ser direito adquirido, vai ser o problema das aposentadorias régias que os Estados pagam. Isto ainda irá prevalecer pôr, no mínimo, duas gerações devido a um princípio constitucional de 988 que manda pagar às herdeiras dos funcionários exatamente o mesmo valor que eles receberiam se estivessem vivos e trabalhando.

Em 988 repetimos um erro que todo o mundo já havia detectado e que acabou com uma nação próspera: o Uruguay.

Eles também fizeram uma constituição cidadã que atribuiu tantos benefícios aos funcionários públicos que nunca mais o Uruguay teve um tostão para investir em infra – estrutura produtiva.

Todo o mundo sabia disto porque foi muito comentado pôr todos os juristas de todos os países.

Então tá.

Estamos mudando tais regras mas, não é fácil pôr causa do direito adquirido.

O Judiciário andou facilitando as coisas para o Executivo mas, agora, resolveu chutar o páu da barraca e acolher tudo quanto é pretensão de direito adquirido.

Na verdade o atual Supremo tem muita gente nomeada pelo Collor que não perdoou o Impeachment.

Existe lá um primo do Collor que simplesmente concede qualquer liminar contra o Executivo que bata em sua mesa: pôr mais esdrúxula que seja, ele concede com a maior cara de pau.

Faz lembrar a Suprema Corte dos USA no tempo do Roosevelt; como era toda de conservadores, ele teve que substituir a maioria dos juizes para conseguir implantar a doutrina do welfare.

Foi uma briga porque quem aprova os juizes da Suprema Corte é o Congresso e os Republicanos não estavam afim com o welfare.

Para que não sabe, a doutrina do Roosevelt pregava que a democracia só existe realmente se os cidadão puderem ter um mínimo de bem- estar ou seja, para haver democracia é preciso um mínimo de bens materias de que todos os cidadãos possam usufruir.

Para quem não sabe, esta era a doutrina que norteou a Revolução de 64, oficialmente exposta pelo Castelo Branco, adotada pela ESG e cuja implantação foi começada pelo Eugenio Gudim e pelo Roberto Campos.

Pôr isto a esquerda os chamava de entreguistas, americanóides etc. A esquerda queria que fossem implantados os princípios econômicos em uso na Russia, impostos pôr Stalin.

Tais brincando.

Vejam como as coisas são antigas e às vezes reaparecem como sendo grandes novidades.

O Fujimori foi muito aplaudido quando declarou que a democracia como a dos USA, não pode funcionar na América do Sul devido, inter coetera, à pobreza e desinformação do povo.

Ou seja, o Fuji simplesmente repetiu uma afirmação que o Roosevelt fez em relação aos USA na década de trinta, logo depois da Grande Depressão.

In illa tempora os americanos estavam muito pior do que nós hoje.

Somente melhoraram com a guerra o que aliás é uma história antiga; as guerras sempre foram um excelente meio de acertar as economias.

Ontem esteve aqui o Napoleão e me trouxe um livro de editoriais escritos na década de setenta pôr um cidadão que escrevia para a Zero Hora e que é pai do L da LPM Editora.

Achei uma droga mas como o Napoleão anda atrás de editor, atenuarei a crítica.

O título da coletânea e o prefácio fazem supor que o pinta meteu o pau nos governos militares numa época em que era indigesto fazê-lo.

Aí você  lê os artigos e constata que o cara era um puxa-saco deslavado, inclusive do Médici a quem atribuia  o direito de escalar o time da seleção brasileira na Copa de 70.

Me machão, you Jane.

Então tá.

 

Quarta-feira, 12 de março de 1997, 19:07, calorão.

 

Hoje transferi  “Osvaldinho “do CC3 para o Word, organizei-o e pretendo terminá-lo até ao fim do mês.

Pelo menos já tenho um roteiro para chegar ao fim, agora é só mão de obra.

Um quarto do livro já está escrito.

Está um calor danado o que complica a minha situação com o gesso mas, dá para aguentar.

Daqui a pouco o Gremio joga contra o Cruzeiro de Minas e penso que não irá alem de um empate; o Cruzeiro é um dos melhores times do Brasil e simplesmente não pode perder porque estaria fora da Libertadores.

Acontece que ele perdeu duas partidas no Perú.

E o Gremio está desfalcado; com sorte, dá empate 1 x 1.

Veremos.

Hoje não apareceu ninguém pôr aqui; a Heloisa não foi ao chá tradicional para que eu não ficasse só.

 

 

Sexta-feira, 14 de março de 1997, 17:08, tempo muito bom.

Ontem, não compareci: sempre achei que, durante o estaleiro, iria produzir muito mas, está acontecendo o contrário. A cada dia fico mais preguiçoso, dedicando-me ao que se costuma chamar de lazer.

Pode ser que quando terminar a novela do gesso, eu tenha apreendido alguma coisa além de trabalhar.

Esteve o Pinho hoje cedo: O juiz finalmente decretou sua falência.

É bom porque assim ele também entra em repouso forçado, acaba com o vai não vai.

O pior, conta o Pinho, é a família que fica enchendo o saco.

Acredito mas não devem esquecer que todos são partes nesta novela: o padrão de vida que levaram e o patrimônio que acumularam só poderia dar no que deu. Se, conforma se desenha, for a CUT quem assumir o comando pôr lá, o Pinho irá se incomodar e muito porque eles têm um dossiê de tudo o que o Pinho adquiriu depois que a Mernak fazia água e muita.

Velhos temas, conhecidos enredos.

Esteve também a Maria Luiza do Lopes que está tão assoberbada que pensa em vender a sua parte nos bens que ela e o irmão têm.

Ela tem tantas coisas para cuidar tanto no âmbito negocial como naquele familiar – mãe viuva e doente, filha separada, três fazendas etc. que quer atirar  toalha.

Seria mais razoável arrendar a fazenda ou tentar um bom gerente.

Devem roubar muito nas fazendas dela, aquele povo de Vacaria não vale nada, Vacaria sempre foi refugio de bandidos daqui e de Santa Catarina e os costumes permanecem.

Heloisa resolveu, em conjunto com a Patrícia, festejar meu aniversário com uma janta amanhã à noite.

Isinha vai para o Imbé e Bolão para Pelotas. Ambos voltam domingo à noite o que significa festa sábado e domingo.

Heloisa hoje foi comprar um engradado de cerveja, fato contra o qual há muito eu me bato. Penso que o povo que vem aos churrascos de domingo deveria trazer a cerveja porque carregar engradados é mais apropriado para pessoas mais jovens.

Ainda irei instituir esta prática no quotidiano familiar.

Dr. Barrios encontra-se no México, devendo retornar domingo. Após o que, ao que sei, deve ir para os USA de onde me trará sapatos Dr. Scholl a serem comprados por US$ 18,00 no Scnhuks(?).

Patricia está preocupada com umas dores que o Pablo sente na articulação da coxa direita.

Funciona aqui o velho princípio da família com muito médico: se O Pablo fosse um guri comum, ninguém iria ligar e logo ele ficaria bem. Mas como é filho de médicos, vão fazer duzentos exames e chegar à mesma conclusão.

O Grêmio perdeu para o Cruzeiro e começa a desmoronar o rolo compressor do Evaristo; o que aconteceu foi que, no início do campeonato  maioria dos times estão desarticulados e o Gremio continuava inteiro. Aí deu “fumadas“ homéricas e o povo achou que o Evaristo tinha transformado aquele bando de cabeçasde bagres em violinistas. Agora tudo volta à normalidade e os gremistas já reclamam a volta do estilo Felipão.

 

 

 

Sábado, 15 de março de 1997, 19:32h, tempo bom.

Ontem, no meio do registro, chegaram os guris da Patrícia e pediram para jogar Doom (?) assim que interrompi e estou voltando agora.

Temos uma janta hoje, com a presença de familiares, como se costuma dizer em textos de jornal.

Daqui a pouco porque já são 19:30 e a moçada costuma chegar às oito.

Como não estou capacitado para circular, pretendo ficar sentado enquanto a Heloisa – como de costume – atende às partes.

Amanhã espera-se frequência rarefeita embora possa haver surpresas.

O dia foi normal com pouco movimento: afinal hoje é sábado e as pessoas têm mais o que fazer do que visitas a encalhados.

Ontem o Clintom rompeu os ligamentos do joelho e vai ficar engessado pôr umas semanas; também o presidente de Israel se estuporou do fêmur e vai para o gesso.

Estou em boa companhia,

Li também a história de um medico de Machadinho que mesmo engessado continuou operando e atendendo partos.

Parece que o único molenga da comunidade do gesso sou eu mas, mesmo exemplos tão construtivos não irão fazer com que eu resolva jogar futebol de muletas.

Vou ficar na minha.

Mas, já vi que quarta feira, quando irei na PUC para que o Monik avalie a situação, não irá acontecer nada e continuarei engessado como até agora.

Esta novela, em tudo correndo bem, vai durar até fins de abril.

O Alvinho, que deve fazer uma operação de femur mas está só urubuservando, vem aqui hoje, segundo consta. Minha opinião será contrária porque vi o que aconteceu com a Vera do Lins.

Ela teve um mal semelhante e operou: não tem mais dor mas, ficou manca.

Parece que esta é a opção, salvo avanços recentes da medicina o que me parece não houve.

Acabei de falar com o Alemão Jorge que chegou hoje do Alemanho; ele pensou que eu era o Bhorer um cupincha daqui que dirige o Zoo onde o Jorge irá operar cachorros, de catarata.

O diálogo do Jorge comigo, perguntando pelos meus clientes cachorros, foi cômico.

Diz ele que trouxe do Alemanho os equipamentos mais modernos que existem no mundo para operar cataratas os quais custam uma fortuna.

Esperemos que faça bom uso deles e fature uma graninha: a família está precisando.

Ainda tem muito pau pela frente: o Nico e o Pingo estão numa pior, daquelas que não tem escapatória, acaba em cana como já aconteceu com o Horst Wolk, aquele alemão de Gramado que fabrica sapatos de crianças (Ortopé) e que foi até Secretário de Estado.

O caso é o mesmo, apropriação indébita de valores de segurados do INPS. O pior é que o Pinho é réu confesso.

Acabaram de chegar os guris que querem jogar Doom II, assim que encerro aqui.

 

 

 

 

 

Domingo, 16 de março de 1997, 12:20h, tempo ótimo.

Como se depreende, hoje estou completando 68 anos de bons serviços prestados à comunidade em geral.

Fizemos uma janta discreta ontem que estava bastante boa. Ganhei uma camisa da Virginia, um pijama da Heloisa e um cacho de uvas da Alda. A Patrícia ficou devendo porque não conseguiu entrar no Shopping tanto era o movimento.

Estiveram o Alvinho e a Maria Tereza. O Alvinho foi o dono do papo com assuntos referentes ao seu sitio de Santo Antônio; até o Paulo Martins teve que dar uma de ouvinte.

Hoje é o dia dos telefonemas e talvez algumas visitas que espero sejam poucas.

O Dr. Barrios chega agora ao meio dia e decerto irá aparecer. Vem do México via Miami onde foi visitar Ricki e Clara.

Ontem telefonou o Bolão informando que o motor da caminhonete está fundido; motor Chevrolet dificilmente funde e é muito enganador porque trabalha a frio.

Espero que os gênios mecânicos de Pelotas tenham diagnosticado bem.

O problema são as despesas decorrentes.

Helena e Clara vieram almoçar, faturar o que sobrou  e uma sopa de aniolini que a Virginia trouxe ontem para as bisavós quem, afinal, comeram de tudo menos a sopa.

A Alda declarou, ao despedir-se, que não comera nada porque esquecera a dentadura inferior; na verdade pude observar que ela comeu e bem.

Pas de neuf.

O Paulo refugou o prato principal, um fricassé muito bom, alegando que estava uma droga.

Surpreendente o Paulo refugar comida!

Os termos não.

Os restantes, com destaque para Maria Tereza, gostaram de tudo.

Bem.

Está na mesa e, considerando os diversos consideranda, acho que pôr hoje é só.

 

Segunda-feira, 17 de março de 1997, 16:22h. tempo bom.

 

Na verdade, as coisas ontem foram tranquilas mas de modo a que sempre estivessem visitas; também o povo que normalmente o faz, telefonou. Particularmente os do Rio, a família Pfeifer ( Lucia, A Carlos e Luciana), o Banda e os Rembold.

A Graça esteve um tempão conversando e foi muito agradável. A minha expectativa de que ela sugerisse a diminuição do gesso, não se confirmou.

Hay que aguantar.

Hoje o dia está normal estou embromando para começar um trabalho de estatística com cem resultados da Super Sena mesmo sabendo que, matematicamente não há possibilidades de melhorar prognósticos de modo relevante, baseado em frequências.

 

Quarta-feira, 19 de março de 1997, 18:10h, tempo bom, quente.

 

Hoje foi o dia de ir ao hospital para dar uma geral no gesso; havia uma leve esperança de que o botão poderia ser transformado em botinha mas, não foi o caso, o Monik é implacável, não se entrega: simplesmente tirou os pontos e tacou uma bota igual a anterior e mais pesada porque molhada.

Apud illi, está tudo bem. Difere fundamentalmente dos princípios  ortopédicos da Patrícia que manda caminhar, cortar grama, jogar futebol etc. O Monik recomenda calma e quanto menos mexidas, melhor.

Quem me levou no hospital foi o João – a Heloisa tinha dentista na mesma hora  – e, no final, foi bom porque a Heloisa não iria aguentar ficar me empurrando em cadeira de rodas lá pelo hospital, particularmente na última cadeira cujo pneu estava furado…

Mais três semanas de gessão, um novo começo. A folia parcial termina em 09 de abril e devo ficar sem gesso em 30 de abril.

Sem nenhum juizo de mérito, observei que a curriola do Monik é israelita, sem exceção.

Interessante, a Pontifícia Universidade Católica abriga em seu seio (?) uma enorme legião de israelitas.

Se estivéssemos na Idade Média, e mesmo antes, possivelmente os referidos estariam em posição bem menos cômoda…

Sinal dos tempos.

Não há como negar que os judeus têm tradição médica desde os tempos em que a Pérsia dominava o mundo mediterrâneo.

E, é também interessante registrar que os cristãos que frequentassem as aulas da escola de medicina da Pérsia onde pontificava um expoente cujo nome não lembro agora – mas vou lembrar – eram sumariamente  queimados ou enforcados

Maimônides era o nome do médico judeu persa quem, digamos assim, dirigia a faculdade de Medicina em Suza, se não me engano; pode ser Persópolis também. Lá pelo século V AC.

Afinal, estou lidando com conhecimentos inúteis e o rigorismo não é tão necessário.

Isinha acaba de levar para a Viviane as carteirinhas do Gigantinho; fica o registro porque nunca se sabe onde estão as referidas que, basicamente, só são usadas pela Viviane e pela Marília.

A Marília pede para a mãe dela, a Francisca, quando o Roberto Carlos aparece aqui no RGS.

Referida progenitora é vidrada no Roberto Carlos.

A Viviane usa em muitíssimos shows decerto para levar a Manoela que costuma acontecer nos showbizes que estiverem na crista da onda.

Admito estar errado – e tomara – mas penso, pelas aparências, que o povo de lá acostumou muito mal a Manoela.

Pode parecer cruel mas vejo o futuro dos Pinho – exceção da Mônica – como um alegre barco de pique nique em que as pessoas riem, cantam e tomam champanha enquanto vão direto para as cataratas do Niagara.

E, são muito poucas as possibilidades de soluções salvadoras.

Esperemos, mesmo assim, que as coisas fluam de modo a que o barco consiga chegar em porto seguro.

Milico é gozado: de tanto viver na fantasia de guerras de brinquedo, administração de brinquedo, elogios vãos e gongóricos, honrarias também ersatz, o povo V.O perde a noção de realidade e acredita que no fim tudo vai dar certo, como nas manobras.

Às vezes não dá.

Creio que já disse isso.

Bem.

Acaba de chegar o Pingo que está fazendo base aqui em casa nas suas idas e vindas para a faculdade, conforme aliás seria previsível, considerando que estamos em posição central em relação ao campus da UFRGS e os estabelecimentos da Redenção onde ainda acontecem muitas aulas.

Ontem vimos a fita do Mastroiani que a Isinha me deu de aniversário: é um filme muito interessante com um final que deixa a gente sem saber se tudo são mentiras de um velho garçon ou se realmente as coisas aconteceram.

Na minha interpretação, o personagem do Mastroiani era um grande mentiroso e toda a história que ele conta (e que em última análise é o filme), é uma grande mentira, uma invenção romântica de um pobre garçon cuja vida é de um quotidiano deprimente.

O trabalho dele é soberbo.

Como já disse, eu tinha grandes planos para este tempo de estaleiro mas, até agora não fiz nada; farei o possível para nas próximas três semanas terminar o que já comecei, Osvaldinho e  Magia.

Sem neuroses, se deu, deu; se não deu, tudo bem.

Como seria desejável em todas as coisas que fazemos.

Heloisa comprou um bacalhau muito bonito no Zaffari e pôr um preço bastante bom para esta época.

É claro que daqui a duas semanas, já na Páscoa, estará mais barato.

Ando com vontade de comer um bacalhau comme il faut.

Como estou me cuidando na quantidade de comida, ando com vontade de comer qualquer coisa comme il faut ou comme il faut pas.

Mas, até sair do estaleiro, comerei o suficiente para não engordar e se possível, até emagrecer um pouco.

Pôr enquanto, tudo corre como planejado.

Bem, a ceia está na mesa, café com leite.

 

Sexta-feira, 21 de março de 1997, 17:46h. tempo bom.

 

Hoje é o aniversário da Isinha que irá comemorá-lo amanhã.

Bolão já seguiu para Pelotas.

Terminei de ler a biografia do Mauá; o livro deveria chamar-se “O Conviva Recusado “mas, infelizmente já existe este título.

Para quem quer entender o Brasil, o livro é fundamental; um aspecto que talvez não seja muito percebido é referente ao Rio Grande do Sul.

Evidentemente, desde a sua formação, o Rio Grande do Sul não tem nada a ver com o resto do Brasil.

Voltemos ao Mauá.

É a história de um indivíduo excepcionalmente treinado em comércio e finanças, com formação libera da escola britânica e que desenvolveu seus imensos trabalhos em um Império que não aceitava a emergência de plebeu e pour cause, sempre o repeliu. A aristocracia brasileira (? ) fundada nos traficantes de escravos e nas fazendas de café e açucar, considerava o trabalho um opróbrio e o comércio uma atividade vil; como Mauá florescia através desses dois pecados, o povo da corte fazia tudo para empurrá-lo para baixo.

Tudo acontecia no Rio de Janeiro onde o que valia eram os títulos de nobreza, o número de escravos e a capacidade de viver bem sem trabalhar.

Como ainda hoje!

Se o Brasil oitocentista tivesse seguido as iniciativas de Mauá, hoje seria um país do chamado primeiro mundo.

Até mesmo D. Pedro II, sempre que pode e lhe foi conveniente, foi arbitrário e prejudicial a Mauá.

Pôr ressaltar as duas figuras do Império que o apoiaram e que dão testemunho histórico de quem ele era: Caxias e o Barão do Rio Branco.

Um personagem que aparece no livro como um falastrão filho da puta é o Silveira Martins quem,aqui entre nós, é considerado um expoente pôr ter sido o mentor federalista ( maragato) da Revolução de 93.

Diante dos registros – que eu desconhecia – e analisando a sua participação em 93, dá para concluir que o pátria era realmente um safado.

Não esquecer que ele comandava a revolução do exterior: enquanto os seus correligionários eram degolados pôr aqui, ele sempre esteve no bem bom.

Não esquecer também que ele fez o seu debut político como liberal e acabou como conservador.

Interessante observar que, nas eleições de !863 (?), elegeram-se sete deputados liberais em todo o Brasil e quatro eram do Rio Grande; entre eles o estreante Silveira Martins.

Como se depreende, a mania de votar na oposição já é antiga nos pagos.

Ao que tudo indica, a história de 93, que endeusa Silveira Martins e inferniza o Julio de Castilhos, deve ser reescrita.

Esperemos que tal tarefa não acabe sendo atribuída ao Curso de História da PUC.

Em suma, a biografia do Mauá é fundamental para quem saber algo mais da história do Brasil e também do Uruguai.

Penso que se o Uruguai existe como país independente, isto se deve a Mauá.

Consta que pôr lá, ainda hoje, a sua memória é venerada. Duvido que no Uruguai se venere algum brasileiro.

O Carlos, perguntado pôr mim, não tinha a menor idéia de quer seria Mauá.

En passant, o Carlos voltou muito impressionado de Miami, elogiando a qualidade de vida dos colegas que vivem lá.

O Zé, que conhecemos de longa data e que idem é oncologista, está morando numa ilha, a cinco minutos do hospital onde trabalha.

Realmente, morar numa ilha em Miami Beach, a cinco minutos do local de trabalho, deve ser algo muito agradável.

Pelo menos até ao próximo huracán.

Acho que o Carlos, quem sempre defendeu a hipótese Brasil contra as convicções da Patrícia de que tudo é melhor nos USA, está meio enfraquecido em sua posição.

Outros indícios me levam a crer que na possibilidade de uma mudança.

O tempo dirá.

Seguidamente faço previsões de diásporas o que Freud explicaria ensinando que, na verdade, quem quer diasporizar, sou eu !

Árvore velha não se muda, eis o que Freud não sabia!

O bom é a gente sair, dar uma volta grande e voltar para as paisagens conhecidas.

Gosto de ir para as estranjas mas o que mais gosto é voltar.

Bem.

Afinal o Mercado foi inaugurado ontem, dia 20 de março de 1997; artistas locais se apresentaram o que é inadmissível.

Hoje passou na TV uma mostra de peça teatral escrita e representada pôr locais.

Como sempre é algo nefando.

A curriola que escreve, a que representa, a que aplaude e a que faz a crítica, é constituida pelas mesmas pessoas, sendo que alguns são colaterais e outros afins.

Eles escrevem uns textos deploráveis onde misturam Garcia Marques com Nelson Rodrigues, fantasiam-se com roupas estranhíssimas, pintam-se com alvaiades e vão para o palco dar gritos e andar para lá e para cá.

Os cinco assistentes acham tudo genial, hermético e avançado; depois do espetáculo vão para o camarim enlouquecidos e no fim saem todos juntos para jantar em um bastantão qualquer e fazer comentários perfeitamente idiotas.

Que depois são publicados no Caderno de Cultura de Zero Hora.

E está completo o ciclo de mais uma obra de arte dos pampas.

Já falei sobre este estranho fenômeno cultural.

Como hoje tem jogo do Grêmio, encerro aqui minha participação.

Boas noites.

 

Terça-feira, 25 de março de 1997, 17:33, tempo ótimo, esfriando.

 

Sábado, domingo e segunda sem comparecer mas também sem maiores novidades.

Domingo, substituindo o tradicional churrasco, Heloisa fez um almoço muito bom com a presença de todos exceto os Tergolinas que agora passam o fim de semana no Imbé mobiliando a casa nova.

Ao que consta, o Tergolina irá tirar uns dias de férias lá pelo Imbé.

Pena que já esteja esfriando.

Domingo, no almoço, entre debates sobre o Príncipe Charles e Camila Parker, estabeleceu-se uma dúvida se o Carlos festejou seu aniversário ano passado ou se estava em vilegiatura.

Recomendei consulta ao registro referente de 996 onde, certamente, deverá constar o que aconteceu.

O comentário diz que era público e notório que o Dr. Barrios, no seu aniversário, dia 28 de março, iria para Buenos Aires ou USA.

Acontece que o referido senhor não só não viajou como ainda ficou na moita na mansão da Coroados.

Dia 28 como costuma fazer, Heloisa telefonou para cumprimentar a Patrícia pelo aniversário do Carlos e aí ficou sabendo do enredo.

Patricia tentou salvar a pátria convidando para que fossemos jantar fora mas, como seriam mais de 23:00h, pareceu-nos um pouco tarde e agradecemos.

Fica portanto esclarecido o affaire aniversário/96 do Carlos que este ano tende a repetir-se apenas substituindo-se USA e Buenos Aires pôr uma mais modesta Curitiba.

Recomenda-se portanto que dia 28 as partes telefonem de tarde para a Coroados e, habilmente consultando a  Ana, descubram o paradeiro do aniversariante; se estiver em Porto Alegre, recomenda-se um assalto conjunto às dezenove horas – para deixar bem clara a intenção de jantar.

Caso em que será servido o  seguinte cardápio: salada de massa, arroz à grega e escalope de búfalo.

Sobremesa: torta de claras fossilizadas. Café.

Bem.

Ontem esteve o Napoleão para o clássico chimarrão e debates sobre “Uma Breve História do Tempo “do Stephen Hawking.

Não chegamos a nenhuma conclusão mas o Napoleão ficou muito entusiasmado com o fato de eu ter escrito ao Hawking e ele ter respondido através de seus acessores eis que pessoalmente ele não consegue escrever devido à sua doença.

Na verdade nem me lembro mais o teor da minha  carta mas penso que foi sobre pressão da luz.

Vou ver se acho a file.

Sexta feira o Grêmio ganhou dos peruanos de 2 x 0 e hoje joga contra os aratacas e decerto irá ganhar de novo. Lá no Ceará, o Grêmio estava ganhando de 3 x 1 mas foi tanta a roubalheira que acabou o jogo em 3 x 2.

Hoje decerto enfia um saco nos cabeças – chatas.

O gesso vai indo e Agora só faltam duas semanas.

O Pinho também apareceu com um pedido para que eu o executasse judicialmente com a finalidade de garantir um apto. que tem aqui em POA.

Além de não ser o caso, o fato poderia constituir-se em fraude a credores assim que desta vez, não pude atendê-lo.

Heloísa fez hoje biometria (?) com o Jorge prá dimensionar a lente que irá substituir seu cristalino quando da operação de catarata.

Esperemos que dê tudo certo: tenho confiança no Jorge porque ele é um ótimo artesão e a operação de catarata, ao final, é um trabalho artezanal.

Se fosse o Afonso já o pressuposto teria que ser diferente.

 

Quarta-feira, 26 de março de 1997, 18:18h, tempo bom.

 

A partir de hoje, faltam duas semanas para retirar o gesso, parcialmente.

Ufa!

Ontem telefonou a Lucia e, en passant, informou a Heloisa que o remédio que ela toma para o estômago pode ser a causa de sua inexplicável catarata.

Nunca se deve usar o desagradável argumento “Eu não disse? “mas a verdade é que alertei Heloisa sobre remédios novos, em especial destes que agem sobre o liquido estomacal.

A mesma Heloisa que vem sendo alertada há um ano para retirar sua poupança do Bamerindus que acaba de sofrer intervenção. R$10.000,00.

Um deja vu que lembra o episódio da Alda no Sulbrasileiro e que a prejudicou demais.

C’est la vie.

Quem também está procurando muita sarna par se coçar é o nosso prefeito burro que acaba de assinar um pré-contrato para construção do Crista Shopping.

Conheço e muito bem os pintas que estão tocando o negócio e são uns baitas duns picaretas.

Irão levantar grana dos pretendentes à lojas e aí se mandam sem fazer nada.

O Pont está arrumando um problemão mas, merece: O Tarso foi cercado pêlos “empreendedores “durante uns dois anos mas não entrou na deles.

A verdade é que, sem inflação, as coisas mudam completamente; era muito fácil comprar a prazo e vender à vista ou então operar somente com receitas financeiras, remunerando a dez os depositantes e cobrando vinte dos tomadores.

É pôr isto que a Ana, grande empresária do ramo das confecções, voltou a fazer massagens.

Ainda vai levar um tempo para o povo aprender a viver sem inflação.

De um modo geral, há queixas de todos os quadrantes; a Graça nos disse que não está mais conseguindo alcançar as despesas que tem porque diminuiram sobremodo as operações plásticas.

O mais importante porém é que a distribuição de renda nacional, está melhorando.

Quero dizer que os primeiros governos militares orientavam suas ações econômicas buscando melhorar a distribuição da renda nacional mas não conseguiram.

Lembro que o Langoni, um desconhecido, foi nomeado Ministro da Fazenda porque era o especialista da Getúlio  Vargas no assunto.

Pessoalmente, terei que fazer reajustes no modus – vivendi porque também gasto mais do que ganho e faz tempo que estou queimando reservas.

Bem.

O povo já está se preparando para a Páscoa; ao que tudo indica somente os Tergolinas irão para o Imbé aproveitar a casa nova, o que seria de se esperar.

O tempo tende a esquentar e a praia é uma boa pedida.

Aqui em casa, o bacalhau já está de molho.

Aliás um bacalhau muito bonito que merecia um forno.

Lucia informou que eles pretendem dar uma chegada aqui em abril; espero estar caminhando melhor paara acompanhá-los no turismo local, Gramado, Imbé, Livramento, estes babados.

Se bem que a dupla não é de muitos agitos e têm tantos parentes a visitar que acabam nem saindo de Porto Alegre.

Se vierem.

Sexta feira é o aniversário do Carlos; amanhã o Banda, não posso esquecer porque o guaipeca é infalível.

Hoje telefonou o Monik pedindo novamente os valores de indenização do Braadesco e informando que amnhã os recibos estarão prontos.

O Monik deve estar bem de grana porque afinal são quase mil pilas e levou uns quinze dias para mandar os recibos.

 

 

 

 

 

Quinta-feira, 27 de março de 1997, 18:45h, tempo ótimo.

Hoje está um dia lindíssimo e certamente as pessoas estão saindo para fora.

Penso que existam muitas pessoas que vivem em Porto Alegre mas cujas famílias vivem em algum sitio tranquilo do interior; penso também que esta época, mais que o Natal ou fim de ano, é a melhor para voltar para casa.

Há pessoas – são a maioria – que lembram os verões da infância; eu lembro os outonos.

A novidade hoje é que a Isinha, antes de ir para a praia, deixou aqui “O Carteiro e o Poeta” para que eu visse.

Ë um excelente filme mas bom mesmo é o trabalho do ator que faz o carteiro: é fantástico. Sabe-se que ele morreu uma semana depois de concluir seu desempenho e até isto faz sentido.

No filme o personagem transmite a sensação de cansaço, desesperança, fim de jornada e, foi justamente o que aconteceu.

Sempre relutei em ver o filme porque minha opinião sobre o Neruda não é das melhores.

Ele era um turco safado, argentário mas com um incrível domínio das palavras.

No entanto, foi venerado pelas idéias e não pelas palavras e daí a minha má vontade: o  cara não era íntegro.

E, se levarmos em conta somente o uso das palavras então há muitos melhores do que ele.

Acontece que dizia-se comunista e aí funciona a famosa patrulha ideológica.

Já falei sobre isto, destacando Gabriela Mistral.

Mas, o filme é excelente, sem dúvida.

No mais tudo tranquilo: os Tergolinas foram para o Imbé e amanhã faremos um grandioso bacalhau

com a presença dos Barrios, dos Fietz e talvez da turma do Bolão porque não sei se a Liege vem hoje ou amanhã.

Heloisa está chamando para o café que hoje conta com a presença da Helena.

Se eu não retornar, boas noites.

 

Terça-feira, 1 de abril de 1997, 10:42h, tempo ótimo.

 

Realmente o tempo tem estado ótimo; se eu não estivesse engessado, certamente teríamos aproveitado muito melhor este fim de verão e início de outono.

Pena!

Semana que vem se tudo correr bem, me livro de, pelo menos, dois terços do gesso.

Tivemos churrasco no fim de semana, feito pelo Bolão e bastante bom. O Paulo trouxe picanhas e um vazío excelente.

Os que foram à praia informaram que o mar estava azul, uma loucura.

O Dr. Barrios voltou e está empolgado com um negócio de seguros; andei colhendo informações sobre os pátrias envolvidos e a informação não é boa. Devo recomendar ao Carlos que não se envolva.

Aliás, penso que médico – principalmente no caso dele que é um profissional muito bem sucedido- só deve dedicar-se à medicina.

Seguros ou camarões não são boas opções.

Todos – todos – os médicos que conheci e que resolveram derivar, deram-se mal.

Concluí o questionário para o assistente técnico da Enilda que virá buscá-lo hoje de tarde.

O caso dela é bastante difícil no que concerne aos aspectos técnicos mas talvez consiga safar-se porque a obra foi feita de modo totalmente irregular.

Domingo aconteceu um fato inusitado: a gata Candelária, uma porcaria libidinosa que dá cria a cada três meses, estava com quatro gatinhos novos.

A gurizada ainda brincou com eles e até a cachorrinha da Virginia, a Branquinha andou farejando os gatinhos.

E aí, eles desapareceram!

Pensou-se inicialmente que o Bolão teria dado um sumiço nos felinos – o que seria ótimo – mas não foi o caso.

Penso que a gata, assustada com os guris e com a  Branquinha transportou-os para outro local e acabou perdendo-os.

Pôr enquanto permanece o mistério.

Heloisa foi ao centro hoje de manhã e certamente irá dar uma chegada no Mercado para ver as reformas.

As opiniões divergem de modo extremado: uns acham que ficou uma porcaria e outros dizem que está maravilhoso.

Da última vez que estive lá não achei grande coisa mas se pensarmos em termos de Mercado Público, está ótimo.

Dos que conheço, é o melhor, mais limpo e mais amplo.

Não sei quem foi que esteve aqui e fez elogios maiores ao Mercado de Santo Domingo.

Realmente a variedade de produtos em oferta é grande e prevalece o pitoresco mas, em matéria de sujeira e bagunça aquele Mercado é imbativel.

Visitamos também um Mercado em  St. Louis e era uma porcaria inominável.

O de Santiago do Chile – já registrei antes – é uma droga.

Os do nordeste são o fim da picada mas não conheço o novo de Salvador.

Dizem que o de São Paulo é excelente: não conheço.

Acho que no Rio não existe um mercado como nos o entendemos.

Assim que o de POA/PT está bem no ranking.

Falando em PT, até que dá para entender porque El Cachorron Pont fez cara feia(?) para a GM.

Acontece que logo teremos quatro enormes industrias nos alderredores de POA: a GM, a Brahma, a Souza Cruz e a Coca-Cola.

Com elas vêm os terceiros que serão muitíssimos, um monte de fornecedores de componentes, serviços etc.

É ilusão pensar-se que tais personagens irão instalar-se e viver independentemente de Porto Alegre : no fim, vira e mexe e as coisas acabam acontecendo aqui.

Ora, o nosso tráfego já está saturado, o povo está reclamando uma barbaridade e o PT não vai ter tempo para minorar os problemas decorrentes.

Claro que a culpa é deles que, durante oito anos, ficaram pintando meio fio e botando luz em vilas e pôr isto penso que na próxima eleição o PT não leva de barbada.

Tem mais: se eles fizerem o acôrdo que o Brizola quer, aí sim é que irão para o brejo.

E o Brizola e o Lula vão juntos procurar a vaca.

Inegavelmente, poucas pessoas terão ajudado tanto o conservadorismo brasileiro como o Brizola.

Até dá para entender porque ele é, ao mesmo tempo, maragato e pica-páu ou seja, Silveira Martins e Julio de Castilhos via Getúlio.

Voltando a um velho tema, costuma-se dizer que os gaúchos preferem esquecer a revolução de 93 devido à barbarie que lhe foi inerente.

Até pode mas não é bem assim: acontece que foi uma revolução sem objetivos, sem programa e, mais do que isto, incoerente.

O que queriam, afinal, os maragatos?

Diz-se que eram federalistas mas Silveira Martins era conservador e queria D. Pedro II de volta, mesmo que presidente da república.

Dos pica-páus diz-se que eram centralizadores e ditatoriais mas o seu líder, Julio de Castilhos foi quem, praticamente, implantou a república no Brasil, via uma propaganda inteligente, feroz, tenaz e ampla.

Dá para entender?

Claro que não dá e assim 93  resta como uma terrível demonstração de barbarie sem o menor fundamento.

Degolar pôr degolar, para satisfazer vaidades pessoais.

Pior do que Canudos.

Tão ruim que até hoje não apareceu nenhum escriba para fazer o seu registro.

Aliás, nem o degolar ficou como marca registrada de 93: no fim, os beneméritos adotaram a variante de estripar, obrigando o paciente a caminhar um eito arrastando a buchada pelo campo!!!

Cidadãos muito criativos.

Já contei que a cabeça salgada do Gumercindo foi esquecida pôr seus portadores, dois médicos do interior, debaixo da cama, no antigo Grande Hotel, bem defronte à Praça da Alfandega?

Pois é: os tais pegaram a cabeça do Gumercindo, puseram dentro de uma caixa de chapéus e levaram-na para o Julio de Castilhos, no Palácio: eles queriam que o Julio fosse para a sacada mostrar ao povo o troféu.

Como o Julio – após pensar muito- achou que poderia pegar mal, eles ficaram p. da vida, voltaram para o Grande Hotel, jogaram a caixa de chapéus com a cabeça debaixo da cama e se mandaram a la gran puta.

Sei de muitos outros casos que se desenvolveram de modo bem menos elegantes do que o narrado  porque, afinal, nesse, os personagens todos tinham curso superior, gente finíssima!

E ainda dizem que vivemos numa sociedade violenta!

É bom saber que, depois de 93, o Rio Grande do Sul se despovoou porque quem fosse maragato emigrava para todos os lados: Uruguai, Mato Grosso, Paraná etc. uma diáspora desesperada.

Os que ficaram, com um pouco de sorte, eram degolados.

O estupro, a castração, o confisco, a degradação pública, o assassinato cruel, foram parte do quotidiano pós- 93

 

 

Santa Catarina não era seguro porque os vencedores iam até lá e faziam verdadeiras razias, liquidando populações inteiras.

Isto ainda aconteceu em 1904, iniciativa patrocinada pôr um Paim. lá da Vacaria.

Boas notes.

 

Quarta-feira, 2 de abril de 1997, 17:02, tempo nublado, quente.

 

Na próxima quarta feira, esperemos que seja removida a parte superior do gesso!

Devagar vamos.

Hoje está sendo um dia normal, até a Heloisa se aventurou a ir ao chá; na verdade, a não ser um imprevisto, já adquiri uma relativa autonomia.

O importante é que não haja superfícies escorregadias onde a muleta possa falsear porque aí a coisa complica; ainda não dá para levar um tombo e forçar a sutura do tendão.

No mais, tudo em ordem.

As notícias do Rio é que não são muito boas: a Zilda está com um problema no joelho e os primeiros exames são preocupantes. O Carlos encaminhou o Alemão para o Daniel Tabac o que, pelo menos dá tranquilidade quanto à certeza do diagnóstico.

Esperemos que não seja nada grave.

Falei com o Fedoca sobre a cirurgia da Heloisa, catarata, e ele concordou; ficou um pouco espantado do Jorge poder operar aqui mas expliquei que o Corrêa Maier daria cobertura.

Está marcada para o dia quinze de abril, no Moinhos o que é bom porque a Patrícia e o Carlos podem dar assistência.

Como se depreende, o veiedo começa a criar casos na área de saúde.

Ainda bem que, no concernente, estamos bem assistidos.

O povo anda desaparecido, ninguém apareceu ainda esta semana. O Pingo que normalmente vem almoçar nas quartas feiras, hoje não deu sinal.

O Angelo, com aulas de manhã, sumiu totalmente o que é normal porque as tardes são para jogar futebol.

Falando nisto, hoje o Brasil joga contra o Chile o que é uma piada e um caça- níquel, a seleção do Chile é fraquissima, o perigo é o coice.

Os caras ainda não engoliram aquele famoso episódio do goleiro que simulou um ferimento com um foguete e que tirou o Chile da Copa do Mundo, se bem que eles não iriam mesmo.

Acontece que o goleiro era um ídolo, El Condor não sei das quantas e a sua condenação gerou muita repulsa no Chile.

O condor, para quem não sabe, é um urubu grande que se alimenta de carniça.

Tive oportunidade de ver alguns voando quando fizemos a travessia dos Andes pêlos lagos.

Acho um tremendo mau gosto eleger um urubu como ave nacional.

Não lembro se o Brasil escolheu alguma ave como símbolo menor.

Uma época andaram falando no colibri mas iria ficar meio chato.

Um colibri enfeitando o uniforme daqueles PM de São Paulo que fazem a segurança em Diadema, não seria muito condizente com a realidade.

Estou me referindo ao atual assunto nacional: o filme que fizeram do modo de como os PM de São Paulo tratam os contribuintes.

Mesmo contrariando grande parte da opinião mundial, quero dizer que, antes de linchar, é preciso estabelecer o contraditório.

Há uma série de circunstâncias que devem ser analisadas.

Para diminuir a criminalidade, as PM procuram constituir-se numa tropa muito bem selecionada e melhor treinada: os caras são preparados para combater malfeitores que, a cada dia, estão melhor armados mais violentos. Certamente assim que o inimigo é descrito para os PM.

Eles não são mais preparados para lidar com grevistas, batedores de carteira ou ladrões de galinha: são alertados de que irão enfrentar assassinos frios, cruéis e muito bem armados e que suas vidas podem depender de quem atirar primeiro.

Recentemente, houve uma série de crimes em São Paulo que horrorizaram todo o mundo e a cidade está violentíssima.

Aí, os cidadãos clamaram pôr pena de morte, mais policiamento, mais energia da policia etc.

Certamente a policia recebeu diretrizes para engrossar mas, quando o faz, os dereitos humanos caem de pau em cima deles.

É difícil.

Quem está p. da vida é o pessoal da CPI dos precatórios que saiu das manchetes.

Uma notícia que me chamou atenção refere-se a uma publicação dos Direitos Humanos Internacionais que acusam as PM de todos os estados brasileiros de serem violentas, fazendo exceção para a Bahia!

Ora, todo o mundo sabe que a Bahia era um estado onde a ladroagem e a malandragem tinham vida tranqüila até que Toninho Malvadeza foi eleito governador e simplesmente acabou com a  farra usando o método direto, a solução final, antes apregoada pêlos nazistas.

Foi daí que derivou o apelido de Malvadeza.

E agora esta de que na Bahia os meganhas estão mais para Scotland Yard do que para Esquadrão da Morte!

Só se o Toninho fez uma limpeza tão grande que irá levar uns vinte anos para surgir uma  nova geração de bandidos.

O que não é de duvidar, inclusive porque o Sotto, atual governador, não é senão um capanga do Toninho e deve continuar com a mesma política do cacique.

Se for assim, cumpre reconhecer que fazem bem feito.

Como foi a Globo que deu o furo da violência policial, exibindo no Jornal Nacional de anteontem o filme em que tudo foi registrado ( possivelmente encomendado pela própria Globo) e como a repercussão foi mundial, ainda teremos muita fofoca a respeito.

Os policiais realmente exageraram e as cenas são chocantes; quem as vê fica horrorizado.

Mas há que pensar bem.

Massacrar os policiais pode resultar em que os outros se omitam e aí quem sai ganhando são os bandidos.

Parece-me que o mais necessário é definir o que pensa o país a respeito da criminalidade.

Estamos numa guerra urbana?

Então vamos agir como numa guerra, onde o objetivo é destruir o inimigo. Os pressupostos já estão todos respondidos e analisados.

Se porém o país acha a criminalidade tolerável e se trata apenas de chamar à razão os infratores

sendo a culpa do próprio país, então mudemos tudo, fechemos as policias e criemos um forte serviço de aconselhamento e assistência social.

O problema reside na indefinição.

Bem.

Creio que pôr hoje é só.

Boas noites.

 

Sábado, 5 de abril de 1997, 17:35, tempo bom, fresco.

 

Os dois últimos dias estivemos promovendo umas melhorias neste aparelho e pôr isto não compareci.

Acabei comprando uma Winchester bem mais ampla, 1,7 G porque já estávamos no limite; se dependesse de mim, haveria grande sobra mas os tais joguinhos entopem tudo.

Agora também o Bolão resolveu batucar pôr aqui e, como ele não tem muita prática, o HD estava muito desorganizado.

Ainda não instalamos o HD novo o que acontecerá, eu espero, na segunda feira.

Ontem falei pessoalmente com a Zildinha e o que ela me disse – e o modo como me disse – foi surpreendente: ela sabe perfeitamente a extensão do que está acontecendo e está calma e segura de si.

Se for como a Zilda me narrou, o caso é muito sério mas ainda faltam alguns exames.

A Zilda é valente, muito valente.

Aguardemos; preciso conversar com o Carlos a respeito.

Ontem tivemos o joguinho das sextas feiras e foi impressionante como as gêmeas e a Meneca jogaram mal.

Acho que elas têm jogado muito entre si e quando vão para parcerias, é um desastre.

Canastra, ao contrário do poquer, joga-se na mesa, esta é a regra fundamental.

Ganhou a Heloisa.

Ficou assentado que os próximos jogos serão a dez reais pôr nariz; no momento é cinco e joga-se quatro a cinco horas para ganhar-se, no máximo, dez pilas.

É muito divertido, mesmo de graça mas é bom acrescentar um pouco mais de emoção.

Ontem também conversei com o Monik e ficou assentado que quarta feira ele irá retirar grande parte do gesso.

Ainda não entendi direito como ficará o negócio mas parece que ele irá colocar um saltinho ou algo assim.

Ele acha que devo fazer umas duas semanas de ginástica para reativar o joelho mas penso que não será preciso.

Agora à noite acontece a segunda festa de aniversário do Pablo e a Heloisa está se preparando para ir.

Vai ser um churrasco no colégio e, pelo planejamento original, o assador seria eu.

Ontem o problema avultava porque o Carlos estava em S. Paulo, o Tergolina no Imbé e o Paulo em Criciuma. Hoje, porém os itinerantes já retornaram e neste exato momento devem andar às voltas com espetos, picanhas e coraçõesinhos.

A  festa está prevista para acontecer das seis às nove horas, sem delay porque segue-se outra.

O aniversário do Pablo já foi festejado na praia com uma festa muito bonita e hoje é um replay para os colegas do colégio.

Amanhã o Pingo completa dezoito anos mas até agora não veio nenhuma comunicação a respeito.

Se depender do personagem central, nada será feito.

Provavelmente ele irá festejar junto com a Frau, lá em Cachoeirinha.

O Pingo está na idade em que pais, avós e alguns parentes são pessoas que não podem ser expostas ao público em geral porque são extremamente vexaminosos.

É sempre assim.

O João instalou um microfone aqui no computador que irá servir para falar em viva voz pela Internet quando eu resolver aderir à novidade.

Pôr enquanto, estou na encolha.

Agora, o próximo passo, é instalar uma placa de imagem: aí, os interlocutores não só se falam como se vêm.

Estamos chegando nos seriados do Flash Gordon, quem diria.

Antigamente – não tão antigamente – as pessoas que desejavam entabolar uma relação romântica, comunicavam-se pôr cartas e havia sempre o inefável mistério de como seria o beletrista.

Qualquer revistinha suburbana tinha uma seção de cartas na qual as partes declaravam que queriam correponder-se com pessoas dos sexo oposto para fins ditos eivados de boas intenções.

Carta para cá, carta para lá, nhem, nhem, nhem, nhem, marcava-se o encontro ansiosamente esperado.

Pelo estilo litera’rio, o marmanjo teria o aspecto de um atleta olímpico e a malher, de um catálogo americano.

Geralmente o conhecimento pessoal acabava em grossa desilusão: o masculino era feio, gordinho e careca e a feminina um tremendo bagulho, jacaré com cobra d’água..

A coisa agora fica menos romântica mas certamente os envolvidos perderão menos tempo, latim e selos.

Ainda vivemos o tempo em que os judeus aqui de POA casavam-se pôr escolha dos pais, sem que os participantes principais se conhecessem.

Lembro do casamento da Fani, uma amiga da Saara que casou assim com um tremendo malandro, boemio, tocador de gaita de boca e inimigo do trabalho.

A gente sempre imagina que judeu é um cara chato, compenetrado, de óculos, tentando ganhar dinheiro e escondido atrás de qualquer coisa: um balcão, uma máscara cirúrgica, um escritório fechado.

Mas há também os malandros, boêmios, chegados na noite.

Em Porto Alegre, o maior representante da espécie é o dono da fábrica de móveis Santa Cecília..

Voltando ao tema, a  Fani conseguiu formar uma bela família, trabalhando duro enquanto o pinta de divertia; mas, pelo menos era um bom sujeito que não arreliava ninguém e, pelo contrário, divertia a todos com sua ojeriza ao trabalho e sua gaita de boca.

Chamava-se Simão.

Morreu fazem uns três anos e a Fani continua com sua loja de móveis no Bonfa o Empório Americano de Móveis.

Também a Sarita Knijnik, colega da Heloisa, uma criatura agradabilíssima, frágil, fina, rica, culta, casou pelo velho sistema com um camarada que ela nem conhecia:  Lulu Scatrut, bom sujeito, muito meu amigo e também amigo do pai de quem fora office boy mas que era tão afim com a Sarita como um espeto para um balão de aniversário.

Foi um bom marido para a Sarita mas a história deles não é uma comédia como a da Fani.

Creio até que já contei a morte trágica do Lulu porque ocorreu no mesmo dia em que voltávamos do Uruguai e bem perto de onde andávamos.

Ressalto que o que aconteceu com a família deles não foram problemas relacionados com o casamento mas doenças e  acidente.

Bem.

Heloisa acaba de sair com o Paulo para a festa de aniversário: a minha janta hoje será mais tarde.

Amanhã não faremos nada de especial no almoço porque ninguém aguenta dois bródios seguidos.

Se o povo vier, come-se o que tem ou reforça-se com pizza.

Talvez comida chinesa.

Vou aproveitar que estou com tempo de sobra para algumas fofocas.

Ao que tudo indica, o Vares e a Meneca já estão cheios com as gemeas; acontece que elas grudaram no pé deles e como grudaram.

Na viajem ao Chile eu sentí o problema e falei para Heloisa que aquilo não iria dar certo mesmo as gemeas sendo as excelentes pessoas que são.

Todo o mundo tem que ter a sua privacidade e a invasão permanente do nosso circulo de segurança, conduz ao stress e à repulsa.

É aquela velha tese: todo o animal, mesmo o macaco nu, tem uma área em torno dele em que é perigoso ingressar.

O Vares é um emocional pôr excelência: qualquer dia ele explode o que costuma ser muito feio.

Será uma pena porque as gêmeas queimaram os navios quando decidiram vir morar em Porto Alegre.

Isso vai terminar numa situação difícil de resolver.

Interessante como as pessoas não aprendem: queimar navios é uma opção que só se adota quando não há mais nenhuma outra possível.

Penso que todos precisam ter um lugar para onde imaginem voltar quando as coisas não vão muito bem.

Às vezes é uma fazenda avoenga, uma casa com velhos cheiros de infância, até mesmo uma cidade hospitaleira onde um dia vivemos felizes.

Durante o tempo de Exército, sempre sonhei em ter um lugar para onde voltar.

Acho que agora tenho e meus filhos também.

O que é bom.

Voltemos ao quotidiano.

São oito horas de la noche e vou ver o Jornal.

 

Sexta-feira, 6 de junho de 1997, 18:54h., tempo chuvoso.

A partir de agora, vou tentar lembrar o que aconteceu de importante nos meses de abril e maio eis que, como sabemos, os arquivos referentes estão inabríveis, se é que existe tal palavra.

São trinta e poucas páginas mas se eu conseguir reescrever umas cinco, já estarei satisfeito.

Na verdade, há muita trova nestes registros mas, sempre que possível, informativa

No que me concerne, passei os dois meses engessado assim que pouca coisa há para contar.

Vejamos no âmbito familiar.

Em abril tivemos dois aniversários marcantes: os dezoito anos do Pingo e os quinze do Angelo.

Quanto ao Pingo, não pude comparecer às festividades porque estava no auge do gesso mas Heloisa foi assim que estávamos plenamente representados.

Festinha íntima.

O aniversário do Angelo coincidiu com o jogo do Grêmio contra o Flamengo e ele – óbviamente – preferiu ir ao campo.

Semana passada o Tergolina fez uma feijoada para comemorar conosco o aniversário.

Neste período aconteceu também a enfermidade da Zilda que acabou em cirurgia muito delicada para colocar uma prótese no joelho e perna direita.

Heloisa foi para o Rio de onde voltou terça feira dia 26 de maio.

Viajou de onibus que ela afirma adorar porque consegue dormir durante todo o tempo.

Patrícia andou pelo Havai e Carlos esteve em Denver: na volta, roubaram-lhe o conteúdo das malas.

Na referida mala vinha um par de sapatos Scholl para mim.

Penso que foi em inicio de abril que o Jorge operou a catarata da Heloisa e da mãe com grande sucesso.

Também a falência da Mernak.

A vitória do Grêmio na Copa do Brasil, os escândalos das arbitragens de futebol, o escândalo da compra de votos na Câmara Federal, o escândalo dos precatórios, da casa do Lula etc. etc.

Escândalo tem de montão.

Aqui no RS instalou-se finalmente a General Motors e o PT, desesperado começou a fazer uma onda terrível contra a GM e contra a evidência e o bom senso.

PT está apostando no Shopping do Cristal mas nem imagina onde se meteu: aquilo é um covil de picaretas e não vai sai nada.

Isto eu previ nos arquivos perdidos, que o PT iria se ralar no Shopping Cristal e não deu outra: neste momento, um episódio envolvendo o Helio Corbelini, um expoente petista, está rachando o partido. As acusações são de corrupção.

E o rolo recém está começando; acho até que figuras como Tarso, Fortunati e outros, ditos moderados, poderão sair do PT. É uma hipótese remota mas existe.

Bem, vou tomar um café: não pretendo jantar mais porque me descuidei e já engordei um eito.

E aí a coluna passa a incomodar.

Boas noites.

CRÔNICAS DO 6º BE

Creio firmemente que o maior grupo de self-entusiastas que o
Exército já reuniu numa mesma Unidade, pertenceu ao 6º BE
durante os anos de 51 a 53.
Ali, como dizia o Paulo Genes Muratore, quem menos via
desmontava Omega no escuro…
Verdadeiros "experts"em todos os assuntos possíveis e
imagináveis, para aquela famosa equipe não havia nenhum
problema: tudo se resolvia – é claro que nem sempre da melhor
maneira.
De modo que
– , quando o Amaury Soares Macaco surgiu com o problema da
manutenção dos tanques de borracha do Suprimento de Água,
houve logo várias soluções.É preciso esclarecer que o
equipamento de Sup. Agu. era um dos pontos altos do BE em
virtude de ser do tipo mais moderno, com um filtro chamado
"diatomito".De maneira geral, o que sabíamos dele era o
nome, bastante sonoro.Quando falava-se em "diatomito ",
todos tomávamos um ar grave e ficávamos a pensar que diabo,
afinal, queria dizer aquilo.O verdadeiro técnico no assunto era
um major do Sv. de Engenharia quem, fosse casado com o tal
misterioso equipamento, não seria mais apaixonado pôr
ele.Vivia no BE enchendo com tal filtro, querendo saber,
cheirando, perguntando.Uma sarninha o senhor major.E, foi
através dele que soubemos que o nome derivava de ser o
elemento filtrante de terra diatomácea, um calcáreo fóssil
caríssimo e dificílimo de conseguir-se enfim, um poço de
superlativos.Ficamos muito impressionados com a tal terra e,
se encontrássemos com ela, certamente lhe faríamos
continência.Portanto, quando o Macaco anunciou que os
tanques de borracha estavam pifando, a equipe toda- como já
dissemos- entrou em ação para solucionar o momentoso e

importante affaire.Borracha era coisa de Motomecanização
porque se ligava à câmara de ar, de modo que, ao técnico do
assunto, o famoso Agustin Vares coube a palavra final.E esta
foi simples, seca porém imperativa, peremptória:- Talco!!!O
Macaco bateu na testa: exato!Pois não é que no depósito do
Sup. Agu. havia sacos de talco?Estava na cara!!!O Agustin foi
muito felicitado pelo seu gênio e durante dois dias passeou
pelo pátio à moda de cientista louco: escabelado e
distraido.Para dar ênfase ao papel, perdeu noventa e sete
chaves, trinta e nove pás, dezenove enxadas e uma betoneira
mas isto já é outra história.Dois dias durou a alegria porque,
ao fim deles chegou ao quartel o tal major ""enloved"para
saber de como ia o problema dos tanques.Desta vez deu-se
mal porque o Soares, sacando para o futuro, fez-lhe ver – e de
modo categórico – que ele não entendia bolacha do assunto
visto que, apesar de todos os seus cursos e manicacas não
pudera solucionar uma coisinha atoa que afinal o fora pôr um
simples aspirante, o agora ainda mais famoso Agustin
Vares!E, sem maiores explicações, convidou o cabisbaixo e
humilhado major para passarem ao depósito do Sup. Agu.
onde estavam os tanques mergulhados num mar de talco: o
Macaco gastara três dos quatro sacos de talco mas fizera um
serviço bem feito!Ficamos no meio do pátio, esperando a
volta dos dois para darmos também a nossa
gozadinha.Espetáculo inusitado ocorreu então: de longe vimos
quando o major, saindo pela porta do depósito jogava mãos
cheias de talco para cima e, em seguida, atirando o quépi no
chão, sapateava em cima dele!!!Ficamos atônitos até que o
Jacinto Bodosão tomou a iniciativa:- Deu cupim no coco dele.
Vamos lá se não é capaz de desencarnar o Sagui!Corremos e
quando íamos agarrar o major, fomos detidos pelo Soares que,

cara esbranquiçada, voz lúgubre, moral em zero absoluto,
explicou:Não era talco. Era terra diatomácea…

A VIOLÊNCIA URBANA

Entende-se como violência urbana os atos criminosos praticados em
ambiente urbano e que atentem contra o direito à vida, à
incolumidade física, de ir e vir e direito de propriedade.
O tema mantêm-se como objeto de permanente cogitação da
sociedade com a finalidade de explicá-lo, buscar-lhe as causas e,
consequentemente a sua erradicação ou diminuição.
Mas , não tem sido fácil porque as origens da violência contrariam a
maioria das hipóteses até aqui levantadas.
Nos países em desenvolvimento ou do terceiro mundo, os sociólogos
de plantão, quase sempre matizados pôr forte coloração ideológica,
costumam dizer que a violência urbana é fruto da miséria.
Não é verdade pois o país mais rico do mundo, USA, também é o
mais violento.
A seguir relaciona-se a televisão com seus apelos aos crimes os mais
violentos.
Contra- argumenta-se com o fato de que a cidade mais violenta no
país mais violento, foi Chicago, antes do advento da televisão.
Alguns apelam para fatores genéticos mas um dos povos mais
combativos do mundo, os escoceses, têm como capital uma cidade
onde a criminalidade é praticamente zero: Edimburgo.
Enfim, cada exemplo levantado tem sua contra-dita e é um nunca
acabar de discussões em torno do tema.
Uma das teorias mais aceitáveis – mas ainda não suficientemente
testada, tem a ver com os motivos fundamentais do homem e seus
corolários.
Em experiência célebre realizada nos Estados Unidos em 1947,
concluiu-se que, contrariamente ao que se afirmava, o motivo
fundamental do homem não era a perpetuação da espécie mas sim o
aplauso, o reconhecimento do seu grupo social.

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Era, enfim, uma explicação plausível para explicar o herói, ou seja, a
pessoa que se sacrifica, que morre em situações que poderia
sobreviver mas talvez com a condenação do seu grupo.
Como corolário do conceito, surge o tema do anonimato.
Parece evidente que se o reconhecimento do grupo é o motivo
fundamental do homem, o anonimato é a sua antítese.
Este é um rico e razoável filão para explicar a violência urbana.
Sabemos, pela sociologia que as cidades com população em torno de
200.000 habitantes apresentam um baixíssimo índice de violência
urbana, que as relações entre as pessoas são éticas e, enfim, são
excelentes lugares para se viver.
Ora estamos analisando um fenômeno que só acontece nas grandes
cidades onde o anonimato é a regra.
Pode-se portanto concluir que a violência urbana é uma reação
contra o anonimato em que vivem seus habitantes, particularmente
aqueles das camadas que menos se distinguem seja pela pobreza,
seja pela ignorância.
Observemos que as pessoas que se destacam e fogem do anonimato,
raramente são violentas: atletas, artistas, políticos etc.
Diz-se mesmo, com base em evidências históricas, que os ditadores
mais sanguinários começam a perder sua força quando sentem que o
povo os prestigia e aplaude.
Um outro corolário da tese motivacional é aquela relativa à idade
dos agentes ativos da violência.
As estatísticas mostram que a quase totalidade dos crimes são
cometidos pôr pessoas que ainda não atingiram a maioridade.
Ora, o aumento da idade é inversamente proporcional ao anonimato:
quanto mais velha uma pessoa, mais conhecida.
A tese também é válida porque diuturnamente vemos casos de
pessoas extremamente violentas que com o passar dos anos tornam-
se harmônicas com a sociedade.

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Assim que, excetuados alguns casos isolados e até aqui
inexplicáveis, a teoria da motivação e o seu conseqüente corolário
do anonimato é a que melhor pode explicar a violência das grandes
cidades ou dos grandes conglomerados humanos.
Mas”, como dissemos, há exceções e cita-se como especial o
fenômeno social colombiano conhecido como “La Violência”.
No interior da Colômbia amazônica as pessoas semtam da forma
mais cruel e sem nenhum motivo; existem mesmo bandos errantes
que percorrem as pequenas localidades perdidas na selva unicamente
para matar “haciendo el mico”ou “la corbata”.
“ Hacer el mico” consiste em degolar alguém e sentá-lo debaixo de
uma árvore com a cabeça entre as mãos.
Em”La corbata”depois da degola, puxa-se a língua da vítima para
fora da boca e deixa-se pendurada como uma gravata.
Atribui-se tais maldades à herança genética dos habitantes pré-
colombianos da região que eram extremamente ferozes.
Feito o parênteses seria justo pensar como aplicar-se os
conhecimentos obtidos através da teoria motivacional para minorar a
violência urbana?
Um dos melhores meios é construírem-se inúmeras pracinhas
esportivas ( como já houve em Porto Alegre), para criar um palco e
uma coletividade que aplauda os atores.
Ou seja, times e torcida.
Claro que os times irão beneficiar-se mais do que as torcidas mas se
estas forem de uma dimensão razoável também surgirão fortes laços
comunitários e daí a convivência e o fim do anonimato.
É o que temos a dizer sobre violência urbana.
Porto Alegre, 20 de maio de 1998.
Ângelo Moura Tergolina, turma 202, nº2.

CONSEQUÊNCIAS FILOSÓFICAS DA TEORIA DOS QUANTA.

Interessando de perto a problemas fundamentais, a teoria dos quanta,
em sua forma recente, tem tido uma influência marcante sobre certos
capítulos da Filosofia.
A razão profunda desta perturbação, foi a introdução do “descontinuo”
na ciência do movimento, ou seja, numa ciência que até agora era,
essencialmente, uma teoria do “continuo”.
As diversas conseqüências foram admitidas em decorrência de uma
penetrante análise partindo da premissa do sentido que se deve dar aos
termos “conhecimento do mundo físico e àquele do mundo atômico ou
nuclear”.
De um modo geral, a sanção da experiência é capital para toda a teoria
física; para que a hipótese que ela propõe possa ser considerado como
descritora de um fenômeno natural, é preciso que os resultados que se
obtêm estejam de acordo com os resultados das medidas
experimentais.
O problema da medida de grandezas físicas está colocado nos
primórdios da mecânica quântica e seu exame atento causou a
modificação de um certo número de nossas antigas concepções.
Mede-se uma grandeza ligada a um sistema físico em evolução,
observando a reação dele sobre “um aparelho de medir”.
Deve pois, haver, necessariamente, interação entre o sistema físico e
este aparelho, sem o que este último não fornecerá nenhuma
indicação.
Fica claro então que o processo, em si, de medir introduz uma
perturbação no fenômeno observado, perturbação geralmente fraca e
que não influi sensivelmente sobre o objeto considerado.
Pode-se até ir mais longe – em Física clássica – e imaginar que,
aperfeiçoando-se os aparelhos de medir, tornamos esta perturbação
cada vez menor, o que modificará cada vez menos o fenômeno
considerado.
Por uma passagem contínua ao limite, poderemos então conhecer
experimentalmente um fenômeno sem que nossas medidas tenham
alterado seu desenvolvimento.

Dizer, por exemplo, que um elétron mantém uma trajetória
determinada, pode ter, na hipótese acima, um sentido experimental
bem definido.
Resumindo, em Física clássica, admite-se que a perturbação
introduzida pelo aparelho de medir, pode ser considerado desprezível
e é precisamente neste ponto que a Mecânica Quântica nos obriga
a mudar nosso ponto de vista!
Com efeito, esta Mecânica estuda o movimento das menores
partículas da matéria, elétrons, prótons, etc.
Ou, em última análise, os aparelhos de medir, em si, são
constituídos por partículas do mesmo gênero; iremos medir portanto
certos elementos com outros elementos do mesmo gênero e grandeza
e não espanta portanto que, nestas condições, as perturbações não
sejam , necessariamente, desprezíveis!
Este tipo de raciocínio não é convincente a não ser quando aplicado no
domínio das partículas elementares; a priori pode-se imaginar que seja
possível conduzir as medições de tal modo que todas as perturbações
tornem-se desprezíveis quando se atinge o limite.
Isso, no entanto, pressupõe uma condição essencial para passagem ao
limite, a saber, a continuidade.
Ora, se esta continuidade existe em Física clássica, ela não existe em
Mecânica Quântica: uma certa grandeza mecânica, o movimento,
varia por saltos: seu valor é sempre um múltiplo inteiro da constante
h de Planck.
A passagem ao limite é portanto impossível( em geral), e segue-se que
toda a medição introduz, necessariamente uma perturbação ainda
que imprevisível no fenômeno estudado.
Não podemos mais considerar o fenômeno em si mesmo,
independente do instrumento de medição, o que nos leva a uma outra
dificuldade ou seja, aquela de determinar a fronteira entre o sitema de
medição e o sistema estudado.
Estas perturbações se traduzem por uma indeterminação essencial em
nossas medições baseadas,( cifradas), em qualquer forma, pelo valor
da constante de Planck.
A maneira de como elas, as perturbações, aparecem efetivamente é
muito rica até mesmo em conclusões filosóficas; examinemo-as no

caso simples do movimento de uma partícula livre, um elétron, por
exemplo.
Dirijamos, pois, um feixe de elétrons perpendicularmente a um écran
que tenha um orifício de diâmetro d milimetros.
Os elétrons que passam pelo orifício terão assim uma posição
aproximadamente determinada; teremos pois “medido” sua posição
com aproximação de d milímetros.
Esta medição- pela passagem no orifício – perturbou o fenômeno
“movimento de um elétron” e a mecânica ondulatória nos ensina de
que modo o fez.
A velocidade de um elétron – ou mais exatamente, a quantidade de
movimento que lhe é proporcional – foi afetada de tal maneira que nos
não saberemos daqui para diante medir sua componente ao longo do
écran à mais de h/d, aproximadamente, qualquer que seja o método
empregado.
Nós podemos diminuir o diâmetro do orifício d e reduzir assim a
incerteza sobre a posição do elétron; mas então a indeterminação da
velocidade de h/d, aumentará.
De um modo geral, d e p sendo as indeterminações com as quais
nossas medições fixam respectivamente a posição e a quantidade de
movimento do elétron, o produto p.d é sempre da mesma ordem de
grandeza que h, resultado conhecido como Relação de
Indeterminação de Heinsemberg.
Do ponto de vista geral que nos preocupa neste trabalho, a
credibilidade da precisão de uma medição não se obtém senão em
detrimento da exatidão com a qual se pode medir um outro elemento
do fenômeno considerado.
No limite, se medirmos exatamente um dos elementos do fenômeno,
nos estaremos seguros de que a perturbação foi de tal monta que um
outro elemento resta completa e essencialmente indeterminado.
A constante de Planck introduziu pois uma indeterminação essencial:
as grandezas cujas precisões variam em sentido inverso ( como por
exemplo p e d) chamam-se grandezas canonicamente conjugadas.
Nos não podemos conhecer simultaneamente duas grandezas
conjugadas se dermos ao termo”conhecer”o seu único sentido
razoável em Física, qual seja, “medir”.

Segundo esta concepção, o conhecimento dos fenômenos não pode ser
ao mesmo tempo exato e completo: ou bem nós percebemos todos os
aspectos mas de modo impreciso, ou percebemos um em todos os eus
detalhes mas isto mesmo nos impedirá de distinguir um outro aspecto
do fenômeno que chamamos complementar do precedente.
No fundo, não há nada de chocante em admitir, em princípio, esta
dualidade eis que nossa experiência quotidiana no-la apresenta de mil
maneiras: nós não podemos, por exemplo, perceber numa olhada, uma
face de frente e de perfil; ou ainda, enquanto se observa uma
preparação ao microscópio sobre um plano de corte determinado,
todos os outros planos são, necessariamente indeterminados e
inobserváveis.
Voltemos ao exemplo precedente.
Seja um fluxo de elétrons incidindo perpendicularmente sobre um
écran com um orifício.
Um raciocínio simples mostra que, após a passagem pelo orifício, as
velocidades não serão mais normais ao écran mas desabrocham em
leque, tanto mais aberto quanto o orifício seja menor.
Passemos ao limite de um orifício infinitamente pequeno.
Assim que, antes do écran, ali onde a posição do elétron pode ser um
ponto qualquer do espaço, as velocidades são todas paralelas; depois
da passagem pelo écran ou seja depois de estar fixada a posição da
partícula, obrigada por nós a passar pelo orifício, as velocidades
preenchem todo o espaço e a propagação dos elétrons se faz de modo
radial a partir do orifício, como se este fosse uma fonte, emitindo uma
onda esférica.
O exemplo dado refere-se a um fluxo de elétrons mas a propagação
por ondas esféricas tem lugar mesmo se um só elétron é lançado.
Temos pois no écran, antes e depois, dois aspectos complementares do
mesmo fenômeno, o aspecto corpuscular e o aspecto ondulatório.
A luz se nos apresenta o mais comumente como um fenômeno
ondulatório mas sabemos ser suficiente coloca-la sob certas condições
experimentais para que apareçam seus caracteres corpusculares.
Um elétron é considerado essencialmente como um corpúsculo,
entretanto basta faze-lo passar por um orifício suficientemente
pequeno para constatar, do outro lado do écran o aparecimento de
franjas de difração, prova irrefutável duma propagação ondulatória.

Do ponto de vista filosófico, uma nova noção se libera cuja
importância ultrapassa o quadro de sua aplicação, a noção de
complementaridade, diferente daquela da exclusão.
Ou seja, alguma coisa que até aqui considerávamos exclusiva em
relação à outra, pode coexistir complementarmente.
Paralelamente com o aparecimento de novas noções, certas noções
clássicas perdem toda significação.
É assim ,por exemplo, a noção de “trajetória de um elétron”.
Para poder seguir um elétron em sua trajetória, seria preciso fixar , por
medições, a posição dos seus diversos pontos.
Ora, a primeira medição perturba radicalmente o movimento e a
“trajetória” desaparece.
Não é mais possível fixar o que, em mecânica clássica, se chama
“as posições sucessivas de um ponto em sua trajetória” e esta
constatação é prenhe de conseqüências ponderáveis.
A nova mecânica nos dá, em bloco, todas as posições possíveis do
ponto ou, de um modo geral, todos os valores possíveis de uma
grandeza mensurável qualquer; ela acrescenta, todavia, a
probabilidade de que uma medição determinada forneça,
precisamente tal ou tais valores entre aqueles que ela designou como
possíveis.
As possibilidades aparecem aqui de um modo inteiramente diferente
daqueles da teoria clássica. De fato, como conseqüência das
concepções fundamentais é o problema da casualidade e do
determinismo dos fenômenos naturais que está em jogo.
Laplace formulou de um modo surpreendente a concepção do
determinismo absoluto que é o da mecânica clássica:
“Nós devemos portanto visualizar o estado presente do Universo
como o efeito de seu estado anterior e como a causa do que irá se
seguir. Uma inteligência que em um estante determinado,
conhecesse todas as forças que animam a natureza e a situação
respectiva dos seres que a compõe, e se fosse tão vasta que lhe
permitisse a análise destes dados, incluiria na mesma fórmula os
movimentos dos maiores corpos do Universo e também aqueles
dos átomos mais leves; nada seria incerto para ela e o futuro,
como o passado, estaria presente aos seus olhos”.
A situação mudou radicalmente com a mecânica quântica.

Retomando o exemplo simples antes mencionado, seria suficiente, em
mecânica clássica, de dar a posição inicial de um ponto material e a lei
do seu movimento ( sob a forma de uma equação diferencial) para se
poder daí deduzir sua trajetória ou seja, suas posições sucessivas que
estariam então perfeitamente determinadas.
Ora, em mecânica quântica, não é mais possível ligar entre si as
“posições sucessivas” para constituírem uma curva real que seria
seguida pelo elétron; em particular não é possível afirmar que tal
posição é posterior a uma posição inicial àquela que será conduzida
através de uma série continua de posições intermediárias, permitindo
estabelecer entre elas uma ordem de sucessão. Estando fixada uma
posição inicial, a posição do ponto num momento ulterior não é
determinada; toda uma série de posições são possíveis entre aquelas
que tenham uma maior probabilidade.
Neste sentido, a mecânica quântica é indeterminista, ou melhor,
apresenta um determinismo estatístico, probabilístico.
Certas teorias clássicas, a teoria cinética dos gases, por exemplo,
fornecem também seus resultados unicamente sob a forma de
probabilidades mas diferem na sua essência da mecânica quântica. Na
verdade, o aparecimento das probabilidades não é devido, neste caso,
senão à intervenção dos grandes números e à ignorância em que nos
achávamos no que concerne aos detalhes microscópicos dos
fenômenos.
Os movimentos das moléculas gasosas obedecem à leis precisas que
são aquelas da mecânica clássica; existe sempre nestas teorias
estatísticas uma determinação sub-jacente, mesmo que se suponha
seja o acaso puro que governa os movimentos elementares- porque o
acaso puro, ou seja, a ausência de qualquer lei, é também uma lei
perfeitamente determinada.
Nada disto tem a ver com a mecânica quântica: trata-se aqui de um
indeterminismo essencial que tem sua origem, ao fim das contas, na
introdução da descontinuidade do quantum h e em uma análise mais
acurada do que se deve chamar de grandeza observável.
Cabe evitar, quando se examina estas questões, uma confusão que
muitas vezes se faz entre determinismo e casualidade. Antes da
mecânica quântica, o determinismo absoluto de Laplace permitia-lhe
examinar os dois problemas simultaneamente. A mecânica quântica é

indeterminista mas isto não significa que ela seja causal. Ë de todo
evidente que ela não pode ser causal porque ela pretende prever a
evolução dos fenômenos naturais e que a própria noção da lei natural
se esvanecerá se abandonarmos a causalidade.
Ela prevê os fenômenos na medida em que é possível faze-lo e mostra
precisamente quais são os limites desta possibilidade. Ela sobrepõe ao
determinismo absoluto um determinismo estatístico que não permite
senão enunciados de possibilidades.
Há mais: a argumentação precedente concerne unicamente a
grandezas observáveis, derivadas de fenômenos naturais, ou seja,
aqueles para os quais é necessário medir para descrever o fenômeno.
Podemos, no entanto, imaginar a existência de grandezas fisicamente
inobserváveis, ligados de um ou de outro modo aos fenômenos
considerados; suas leis de variação não são naturalmente submissas às
restrições precedentes: não estamos mais no plano da Física mas no
plano matemático onde a medida não intervém mais e onde nada nos
impede de criarmos as hipóteses que julgarmos úteis.
Circunstâncias paralelas se encontram precisamente em mecânica
ondulatória.
O “estado”de um sistema físico é ali definido por uma função ,
chamada função de onda ( ondulatória), grandeza não observável.
Ora, a evolução no tempo desta função, é definida por uma equação
diferencial, ou seja que ela se desenvolve segundo as leis do
determinismo o mais estrito.
Podemos dizer pois que a mecânica ondulatória descreve a realidade
segundo dois planos; de uma parte o plano dos estados do sistema ,
plano matemático, ideal, tratando de grandezas não mensuráveis; e de
outra parte o plano das grandezas observáveis, plano físico no qual se
reúnem grandezas acessíveis à experiência, que, em última análise,
podem ser mensuradas e descrevem pois, fisicamente, o fenômeno
considerado.
Os dois planos não se confundem e nem se sobrepõe : a separação é
introduzida pelo ato da própria mensuração.
No plano físico não há determinismo; entre duas mensurações que
determinam dois acontecimentos do plano físico, o “nexo causal”
passa pelo plano matemático no qual as grandezas( inobserváveis)

ligadas aos fenômenos seguem leis continuas e estritamente
determinadas.
Em uma palavra: ou bem nós descrevemos os fenômenos no espaço
tempo, no plano físico, no qual nós os observamos efetivamente e
então não há determinismo mas sim relações de incerteza ou nós nos
colocamos no plano matemático e obtemos uma imagem teórica, um
esquema matemático no qual pode-se falar em “causalidade e
determinismo” absolutos.
A diferença com a teoria clássica tem a ver com o fato que esta
permite a descrição dos fenômenos no espaço tempo e determinismo
absoluto.
Como se vê, a distinção entre grandezas observáveis no espaço tempo
e grandezas essencialmente inobserváveis é muito importante.
A fronteira entre as duas categorias está perfeitamente delineada no
estado atual da mecânica quântica mas não se pode afirmar, a priori,
que este traçado seja definitivo.
De fato, ensaios têm sido tentados recentemente para remover esta
fronteira e toda a estrutura da mecânica quântica restaria modificada
mas até ao presente momento, os resultados obtidos não deixam
prever o rumo que tomará o desenvolvimento futuro.
Enfim, cabe mencionar um último ponto de contato entre a Filosofia e
este ramo do conhecimento.
Examinamos as modificações profundas que a mecânica quântica traz
à descrição dos fenômenos no espaço- tempo.
Em verdade, esta noção de espaço tempo é também uma noção de
nossa escala e a questão que se põe é inquirir o que ela virá a ser e
qual o sentido que deve-se lhe atribuir no que concerne ao
infinitamente pequeno.
O problema ainda não foi estudado a fundo mas uma tentativa
meritória deve ser assinalada. Partindo da introdução de
descontinuidades em mecânica e mais particularmente de certas
teorias que fazem crer a existência de um comprimento mínimo no
Universo, uma hipótese foi formulada segundo a qual o espaço
mesmo, poderia ser descontínuo.
O problema está posto e será necessário resolvê-lo; qualquer que seja
a solução, sem dúvida alguma irá enriquecer a Filosofia.

Os eventuais pontos aflorados nas linhas precedentes mostram a a
medida em que a nova Física Quântica caminha paralelamente à
Filosofia.
Melhor ainda: os domínios respectivos vertem uns sobre os outros e,
em certos momentos, as duas disciplinas se confundem; raramente ,
como agora, a Física mereceu o nome que outrora lhe foi atribuído:
“Filosofia Natural”. TRADUZIDA em Maio de 2000.