A VIOLÊNCIA URBANA

Entende-se como violência urbana os atos criminosos praticados em
ambiente urbano e que atentem contra o direito à vida, à
incolumidade física, de ir e vir e direito de propriedade.
O tema mantêm-se como objeto de permanente cogitação da
sociedade com a finalidade de explicá-lo, buscar-lhe as causas e,
consequentemente a sua erradicação ou diminuição.
Mas , não tem sido fácil porque as origens da violência contrariam a
maioria das hipóteses até aqui levantadas.
Nos países em desenvolvimento ou do terceiro mundo, os sociólogos
de plantão, quase sempre matizados pôr forte coloração ideológica,
costumam dizer que a violência urbana é fruto da miséria.
Não é verdade pois o país mais rico do mundo, USA, também é o
mais violento.
A seguir relaciona-se a televisão com seus apelos aos crimes os mais
violentos.
Contra- argumenta-se com o fato de que a cidade mais violenta no
país mais violento, foi Chicago, antes do advento da televisão.
Alguns apelam para fatores genéticos mas um dos povos mais
combativos do mundo, os escoceses, têm como capital uma cidade
onde a criminalidade é praticamente zero: Edimburgo.
Enfim, cada exemplo levantado tem sua contra-dita e é um nunca
acabar de discussões em torno do tema.
Uma das teorias mais aceitáveis – mas ainda não suficientemente
testada, tem a ver com os motivos fundamentais do homem e seus
corolários.
Em experiência célebre realizada nos Estados Unidos em 1947,
concluiu-se que, contrariamente ao que se afirmava, o motivo
fundamental do homem não era a perpetuação da espécie mas sim o
aplauso, o reconhecimento do seu grupo social.

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Era, enfim, uma explicação plausível para explicar o herói, ou seja, a
pessoa que se sacrifica, que morre em situações que poderia
sobreviver mas talvez com a condenação do seu grupo.
Como corolário do conceito, surge o tema do anonimato.
Parece evidente que se o reconhecimento do grupo é o motivo
fundamental do homem, o anonimato é a sua antítese.
Este é um rico e razoável filão para explicar a violência urbana.
Sabemos, pela sociologia que as cidades com população em torno de
200.000 habitantes apresentam um baixíssimo índice de violência
urbana, que as relações entre as pessoas são éticas e, enfim, são
excelentes lugares para se viver.
Ora estamos analisando um fenômeno que só acontece nas grandes
cidades onde o anonimato é a regra.
Pode-se portanto concluir que a violência urbana é uma reação
contra o anonimato em que vivem seus habitantes, particularmente
aqueles das camadas que menos se distinguem seja pela pobreza,
seja pela ignorância.
Observemos que as pessoas que se destacam e fogem do anonimato,
raramente são violentas: atletas, artistas, políticos etc.
Diz-se mesmo, com base em evidências históricas, que os ditadores
mais sanguinários começam a perder sua força quando sentem que o
povo os prestigia e aplaude.
Um outro corolário da tese motivacional é aquela relativa à idade
dos agentes ativos da violência.
As estatísticas mostram que a quase totalidade dos crimes são
cometidos pôr pessoas que ainda não atingiram a maioridade.
Ora, o aumento da idade é inversamente proporcional ao anonimato:
quanto mais velha uma pessoa, mais conhecida.
A tese também é válida porque diuturnamente vemos casos de
pessoas extremamente violentas que com o passar dos anos tornam-
se harmônicas com a sociedade.

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Assim que, excetuados alguns casos isolados e até aqui
inexplicáveis, a teoria da motivação e o seu conseqüente corolário
do anonimato é a que melhor pode explicar a violência das grandes
cidades ou dos grandes conglomerados humanos.
Mas”, como dissemos, há exceções e cita-se como especial o
fenômeno social colombiano conhecido como “La Violência”.
No interior da Colômbia amazônica as pessoas semtam da forma
mais cruel e sem nenhum motivo; existem mesmo bandos errantes
que percorrem as pequenas localidades perdidas na selva unicamente
para matar “haciendo el mico”ou “la corbata”.
“ Hacer el mico” consiste em degolar alguém e sentá-lo debaixo de
uma árvore com a cabeça entre as mãos.
Em”La corbata”depois da degola, puxa-se a língua da vítima para
fora da boca e deixa-se pendurada como uma gravata.
Atribui-se tais maldades à herança genética dos habitantes pré-
colombianos da região que eram extremamente ferozes.
Feito o parênteses seria justo pensar como aplicar-se os
conhecimentos obtidos através da teoria motivacional para minorar a
violência urbana?
Um dos melhores meios é construírem-se inúmeras pracinhas
esportivas ( como já houve em Porto Alegre), para criar um palco e
uma coletividade que aplauda os atores.
Ou seja, times e torcida.
Claro que os times irão beneficiar-se mais do que as torcidas mas se
estas forem de uma dimensão razoável também surgirão fortes laços
comunitários e daí a convivência e o fim do anonimato.
É o que temos a dizer sobre violência urbana.
Porto Alegre, 20 de maio de 1998.
Ângelo Moura Tergolina, turma 202, nº2.

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