Diário 98

Segunda-feira, 8 de dezembro de 1997.

 

Inicia aqui o Diário 98.

Amanhã, se tudo correr com a tranqüilidade esperada, começa a impressão do Diário 97.

Ontem a mãe baixou ao hospital porque estava se sentido mal e o Bolam verificou que era uma baita infeção urinária, sem tratamento.

Está no Ernesto Dornelles.

Outro que carunchou foi o Vares que deve fazer safenas na quarta feira.

Estivemos no Imbé e estava muito bom: a grande novidade é o Julio que agora opera um caldo de cana e outras cositas  bem ao lado do Parque Tupi.

O ponto é ótimo.

Já deixamos pronta a instalação de entrada do telefone.

Estou meio desconfiado com a tal de empresa que deve instalar a rede.

Como já estou meio velho para levar golpes desse tipo, quem deveria ficar preocupados são eles.

Ainda não consegui clarificar a água da piscina porque a quantidade de algas é incrível!

Bem.

Hoje o Ângelo veio estudar Português, especificamente crase e acentuação de palavras.

Estudamos pelo Help” que, apesar do nome pouco feliz, é um livro excelente.

“Feliz “, p. ex. é uma oxítona terminada em “i”, logo não leva acento!

As oxítonas terminadas em “u “ou “i “não levam acento.

As paroxítonas terminadas em i, r, n, l, u, x, um (uns), ã (ãos) , ps, oo, levam acento.

Vale até uma regra mnemônica.

“Imposto de Renda não, leão ultrajante! Xô.

“Um anão passou ontem “.

Vou telefonar para o Ângelo gravar a regra mnemônica.

Liege veio no fim de semana e fez o molde para meus dentes.

Bolão firme em Gravatai, ( oxítona terminada em ï não leva acento) aguardando resultado das entrevistas para residências.

A gurisada ansiosa aguardando as férias ( todas as proparoxítonas levam acento).

Boas noites.

 

Quarta-feira, 10 de dezembro de 1997, 22:07, calor e sol.

 

A novidade do dia é que a mãe já está recuperada devendo retornar para casa amanhã.

O assunto Bruno resultou em que fiz a petição inicial e mandei hoje para o Rio, aos cuidados da Luciana.

Telefonou o Alemão informando que tivemos sucesso na ação trabalhista em que ele era réu; eu havia feito a defesa pôr aqui.

Usei argumentos muito interessantes.

Ainda bem que colaram.

Qualquer dia vou ter que me mudar para o Rio para atender a freguesia carioca.

Estou atropelando o petiço para ver se entro em janeiro com a maioria dos processos se não resolvidos, bem encaminhados.

O João pediu para imprimir o Diário 97 numa impressora colorida Epson 500.

Está ficando muito bom mas vai demorar um bocado; não sei se até ao Natal estará tudo encadernado.

O João é perfeccionista mas acontece que as manias dele acabam saindo caras.

No que concerne aos Diários, a minha idéia não é fazer trabalho para a posteridade e sim deixar algum roteiro, um guia que informe quando tal ou qual coisa mais importante aconteceu.

Se algum dia a família produzir um escritor, creio que terá bastantes referências para montar seus enredos.

Também porque, mesmo que eu não seja particularmente chegado a descrições, alguma coisa fica dos costumes da época.

No que concerne às reformas anuais da casa, estamos chegando ao fim e creio que ela está em forma, bem conservada.

Pelo menos até o inverno que vem.

Hoje fiquei sabendo que na Tristeza está à venda uma ninhada de São Bernardo e estou louco para dar uma olhada.

Sempre quis ter um São Bernardo e pode ser a chance.

O tumulto dos mais participantes vai ser grande se eu aparecer pôr aqui com um filhote.

Acabo de saber que o Ângelo saiu muito bem na prova de Português e que na quarta feira da semana que vem vai ter prova de Matemática.

O Bolão passou muito bem em Pelotas e agora está naquele dilema que assola a vida de muitos médicos: fica no interior ou vem para a cidade grande?

Um dos maiores livros da década de quarenta, “A Cidadela “de  A . J. Cronin, versava o tema.

Mas, há outros, inúmeros outros.

Agora temos mais um.

Vares baixou hoje, amanhã é preparado e sexta operado.

Esperemos que tudo dê certo: o povo acha que cirurgia de colocação de safena é uma barbada mas não é bem assim.

O único cara que comentou o assunto de modo honesto, foi o Figueiredo: quando ele voltou dos USA disse que não era mais o mesmo homem, que estava medroso porque a operação fora como se tivesse passado um trator pôr cima dele, uma sensação horrível que ele nunca mais queria sentir.

O Joaquim também não achou barbada mas ficou no médio.

Falar nisto preciso saber como está depois do rotorooter.

No que concerne à Política, começam a aparecer os primeiros frutos das ações do governo federal e estadual: hoje o FHC inaugurou a famosa ponte de São Borja e a extensão da linha do Trensurb até a Unisinos.

A CUT e o pessoal da Jussara Cony ( inclusive ela) ensaiaram uma vaia e um protesto mas estavam com a banda podre porque vaiar uma inauguração de extensão de linha de metrô é burrice imensurável.

Li uma crônica dum PT metendo o pau na inauguração e dizendo que a obra não tina mérito porque demorara demais.

Bem se vê que o idiota nunca esteve metido em desapropriação de propriedades em zona urbana.

Os PT e associados vão começar a enfrentar uma correnteza brabíssima e enrolados em palas daqueles maiores que uma barraca.

A partir de março, as privatizações, as obras novas, as reformas da Constituição começam a frutificar e vai ser impossível inventar argumentos para eleger o Lula ou o Olívio.

Até a prefeitura de Porto Alegre o PT perde na próxima.

Amanhã irei buscar os azulejos que ainda faltam para o banheiro das domésticas e para o nosso boxe.

Creio que também irei comprar um peru no Makro.

Talvez tenha que levar a mãe para casa e, se houver tempo, ver a ninhada dos São Bernardo.

Heloísa acaba de chegar da festa de Natal do Americano.

Hoje era dia da aula de pintura dos guris mas não pude vir cedo.

Não sei se eles vieram mas penso que não.

Então boas notes.

 

Quinta-feira, 11 de dezembro de 1997, 22:06, tempo muito quente.

 

Hoje a mãe deveria ter deixado o hospital mas como a médica não apareceu à tarde para dar alta, fica até amanhã de manhã.

Estamos imprimindo a capricho os exemplares do Diário 97.

Está ficando um bom trabalho.

A Patrícia telefonou sobre a tese e seria interessante que também se fizesse uma impressão mais caprichada mas parece que não há tempo.

Ela deve entregar a tese até o dia 14, aproximadamente e sequer está em disquete.

Acabei de instalar também o Real Home Banking.

É bom para se controlar os saldos; às vezes a gente pensa que está com uma baita grana e vai checar está pelado.

Este mês me aconteceu isto.

Hoje foi um dia muito quente e há previsão de chuva para o fim de semana.

Se chegar o produto químico que a Vanessa trouxe para limpar piscinas, talvez eu vá até ao Imbé no fim de semana.

Essa coisa está um pouco vaga porque ontem encontrei o Rolla e a Eda na cidade e, francamente, acho que o Rolla está, de novo, à beira de uma crise.

A história da vinda da Vanessa e, ao que se comenta, sua separação do marido, desestabiliza o Rolla perigosamente.

Encontrei também o Rotta que já está de volta do Equador; ficou de aparecer para contar as novidades.

Se a gente for bem honesto, terá de admitir que não sabe nada a respeito do Equador.

O pouco que sei, pode ser até conversa de bar; diz-se que a principal ocupação pôr lá é procurar tumbas pré – colombianas para saquear o ouro e as esmeraldas.

Uma velha história já conhecida há milênios no Egito.

Penso que as culturas pré – colombianas daquela região era singularíssimas e os Incas mantinham ali entrepostos importantes.

Em suma, não sei nada deste nosso vizinho; e ainda falamos do Chirac que

pensa que o FHC é presidente do México.

Se eu fosse o FHC , teria estabelecido o seguinte diálogo:

– O senhor é presidente de Portugal?

– Não, porque?

– Pela sua declaração, pensei que fosse! Desculpe-me Tatcher!!!

Mataria dois coelhos com uma só cajadada, metáfora bastante burra esta.

Será metáfora? Acho que não que é uma outra figura gramatical, de nome

gozadíssimo.

Vou descobrir, me aguardem.

Bem.

Fazendo uma faxina, reencontrei velhos textos que escrevi em Cachoeira e

que vou reproduzir aos poucos nestes registros.

Ai vai um.

PIJAMA DE BOLINHAS.

É preciso dizer-se que esta é uma seção de última hora;

não, evidentemente, do jornal de mesmo nome e que versa sobre o caso

Klieman, mas escrita na última hora.

Geralmente em horas tardias, papel impróprio, letra sonolenta.

Daí algumas impropriedades de linguagem, repetições geralmente.

Não que eu seja contra o pleonasmo, que até em certos casos é uma figura

gramatical – esclareça-se – bem simpática.

Vejamos como exemplo a frase seguinte, ora com o pleonasmo, ora sem ele.

“Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil

” Ou o Brasil acaba com a saúva ou a antes citada acaba com o sobredito”.

Agora imaginem o senhor Washington Luiz de barbicha e fraque afirmando que o supra citado acaba com a sobre dita!

Iria ser de morrer de rir  todo o mundo passaria a criar saúvas só prá chatear.

Amanhã tem mais.

Até que há alguns pijamas muito bons e incrivelmente atuais depois de trinta e cinco anos.

Boas notes

 

Segunda-feira, 15 de dezembro de 1997, 20:36, tempo bom.

Ao que tudo indica, começamos a semana bem: a mãe está melhor, o Vares já saiu da UTI, o tempo refrescou, enfim, as coisas estão normais.

 

Terça-feira, 16 de dezembro de 1997, 16:57, tempo bom.

 

Ontem comecei a fazer registros mas estavam a Eda e a Vanessa e acabei não continuando.

Elas vieram me trazer o produto de limpar piscinas que eu havia pedido à Eda; acontece que o preço nos USA é US!15,99 e eu paguei cerca de US$40,00…

Mas isto é uma velha história, de quase meio século.

Bom cabrito – eu – não berra.

Ainda a Vanessa ficou para comer uma costela que a Heloísa havia preparado para mim.

A Eda queria ir chamar o Alberto para participar da costela mas não deixei; pode parecer meio mesquinho mas tudo tem seu limite.

Está certo que assalte o cofre mas pelo menos respeita a frigider.

Agora de tarde fiquei em casa porque houve um jogo da seleção e também porque o Ângelo estava aqui para estudar; acabou que a Isinha passou e levou-o.

O Brasil ganhou do México pôr 3 x 2. É a Copa da Arábia ou algo assim.

Amanhã se tudo corre bem, os originais do Diário 97 irão para a encadernação que promete aprontá-los para o Natal.

Estou achando que este ano as fofocas de fim de ano estão mais calmas.

Não vejo grandes festas nem confraternizações, coisas deste gênero.

O que está realmente fora do comum é o movimento de camelôs no centro; eu não sabia que depois das seis, a Vigário e a Volunta viram território livre: o que junta de camelô é um negócio incrível e os caras vendem de tudo!

Gostaria de saber como são abastecidos, onde estão os depósitos, como a muamba chega até aqui, enfim a logística deles.

Porque, não há como negar, é embasbacante: duma hora para outra aparecem na rua centenas e até milhares de barraquinhas sortidas com tudo o que se possa imaginar, de roupas a eletrodomésticos.

Não acredito que bagulhos em tal quantidade passem a fronteira via sacoleiros; para mim tem navio nesta jogada.

Estamos mergulhados em bagulhos e os de R$1,99 tomaram conta do campinho: até os camelôs tradicionais estão chiando com a concorrência das lojas de R$1,99.

Enquanto isto, lá na China os coolies estão se matando para nos vender barato.

Acabo de instalar o Real Home Banking que me pareceu muito bom.

Estava fresquinho mas o calor está aumentando violentamente; conforme correrem a s coisas, daremos um pulo no Imbé no fim de semana.

Estou com muita vontade de usar o produto americano; se comportar como na piscina do Rolla, vai ser um sucesso.

Caro, caríssimo mas bom.

É o que veremos.

Tomara que funcione porque a água este ano está com algas demais.

A cidade, de um modo geral está iluminada para o Natal.

As otoridades pediram economia de luz mas a verdade é que depois das 20:30 sobra energia e a iluminação de Natal melhora a receita das usinas geradoras.

Para aqui está confirmada a vinda da Ford para Guaiba.

Creio que com isto e mais umas novidades em matéria de industrias novas, o Galo Missioneiro perde as eleições no primeiro turno.

O Lula será candidato de novo mas está com a crista caída; o tio Brizol agitou, agitou mas no fim a aliança com o PT não saiu porque os caras sabiam eu era tudo jogo de cena do Brezol.

Também porque uma grande maioria no PT acha que no PDT só tem ladrão e corrupto o que é uma injustiça…

Outra que penso está sendo engazupada é a Emília Fernandes: promessas de candidatura ao Governo do Estado, de Vice na chapa do Lula e pôr aí empós.

A malher não tem cacife nem para vereadora de Bossoroca e os pátria sabem disto.

Ela está sendo o que se chama de “boi de piranha “.

O PT vai fazer convenção em março para escolher candidato, basicamente entre o Galo e o Tarso.

Ganha o Galo e aí o Brito se reelege no primeiro turno.

Se o Cachorrão continuar com a brilhante administração que faz, até a prefeitura o PT perde.

Ontem falei com a mãe do Tito e ela me disse que ele se forma este ano e que o meu convite já vem vindo!

Até que o Tito merece mas depende da data: se for em janeiro não penso estar aqui.

Amanhã é a formatura de segundo grau da Manoela e talvez tenhamos que ir.

Parece que me precipitei quando disse que este ano as folias de fim de ano estariam mais calmas.

A Dra. Patrícia, ao que eu sei, reservou vaga em Cosumel no dia 18 de janeiro, justamente o dia em que deve defender tese.

Ou estou enganado ou ela está.

Este ano acho que teremos uma revoada de gaúchos para todos os lados do país porque as passagens aéreas baixaram 50%!

Entre Rio e Bahia, a passagem de avião está mais barata do que a de ônibus leito.

Daqui ao Rio é pouco mais de R$150,00.

Inexoravelmente vamos nos aproximando da Matriz e deve ser isto o que chamam de globalização.

A Vanessa que chegou semana passada de Orlando, disse que não sente diferença nenhuma, que é tudo igual.

Claro que ela morava numa região de  cucarachos onde roía beira de pinico  mas, mesmo assim, há diferenças.

Um dia o povo vai de convencer que viver no Brasil é muito melhor do que nos USA.

A pior raça que existe é emigrante de país pobre: é puxa – saco, subserviente, renega suas origens, adota os piores hábitos dos hospedeiros, perde o amor próprio, aceita trabalho de lacaio e ainda agradece, enfim torna-se um ente ridículo e despersonalizado.

Vale para todos.

O Bolão, há um ano atrás, apareceu aqui em casa com um casal no qual ele era arabatacho e ela Américo – mexicana ou seja, americana filha de pais mexicanos daqueles que furam a cerca em Laredo.

O árabe era um vigarista e a mulher um pontapé nos bagos, uma chata, uma mulatinha ainda fedendo a bugre mas falando e se posicionando como se tivesse nascido na Nova Inglaterra e estudado em Vassari!

Um saco!!!

Se eu tivesse que emigrar, só para a Somália.

Quando falo com estes brasileiros suburbanos que emigraram para os USA e trabalham lá na bomba de gasolina ou no bar do esquina, não fico com pena ao ver o esforço deles para justificar a besteira que fizeram mostrando fotografias do carro de segunda mão, de bonecos de neve, do apartamento alugado no cortiço de New Jersey..

Fico com nojo.

Je veux que s’en fou.

Acho que está na hora de comer qualquer coisa.

Ou o Darwin estava completamente errado e aí os negrão da África e os china da Indonésia acabam pôr dominar o mundo ou ele estava certo e os sub – raça vão para o saco.

Bem.

Uma coisa que eu recomendo é a leitura dos artigos do Roberto Campos na Zero Hora de domingo.

Como não canso de repetir, o cara é simplesmente notável, talvez a maior cuca do Brasil.

Sempre seleciono alguma coisa do que ele escreve e esta semana estou registrando aqui a sua definição de método:

CAPACIDADE DE ORDENAR AS IDEIAS EM NÍVEIS SUCESSIVOS DE ABSTRAÇÃO.

Achei notável a definição porque correta e sucinta.

Como sabemos, Descartes resumiu seu método de resolução de problemas em quatro fases.

Pois bem, se excetuarmos a primeira fase que é o enunciado correto do problema e portanto implícita, as três seguintes estão expressas na definição do Roberto Campos.

COIENSA.

É interessante que em seu artigo ele defende uma tese que eu também defendo há muito tempo e sobre o que já escrevi bastante.

Pôr mais que surjam variantes esdrúxulas, o método cartesiano ( científico, racional, como preferirem ) ainda é o melhor para resolverem-se problemas e a emoção é apenas um defeito que contamina  a decisão.

À semelhança dos livros de regimens alimentares, 500 pôr ano, também agora pululam obras sobre inteligência emocional, primazia da emoção etc.

Até pode mas, para o dia a dia, recomendo Descartes.

Acho que no ano que vem vou reeditar o meu livro sobre Decisão.

Na verdade eu deveria ordenar meu tempo para escrever mais para, pelo menos terminar dois ou três livros que estão pôr aí, inacabados.

De vez em quando releio(-os) e até que estão bem interessantes.

Bem.

Acabo de saber que o Vares está bem melhor só reclamando muito das dores da cirurgia, principalmente do local de onde foram extraídas as veias.

Foi exatamente isto que o Joaquim disse.

Talvez quinta feira a gente dê um pulo no hospital.

Como o Vares nunca foi me visitar quando me operei, estou desobrigado.

Afinal a vida é uma rua de duas mãos.

Amanhã tem o almoço quinzenal com o Amaury que, no momento está super atucanado com a eleição do Inter onde ele é presidente do Conselho.

Registro que ontem, antes de dormir, tomei um copão de suco de laranja e tive uma comichão terrível nos pés e nas pernas.

Uma alergia besta mas bastante chata.

Não é a primeira vez mas só agora relaciono causa e efeito.

Domingo o cara do buteco procurava no guia a rua Sinimbu e não achava; fui ajudá-lo e vi que ele procurava na letra C.

Hoje o João que está ajudando na impressão do Diário 97 reclamou que uma palavra começava com ç!

Eu havia escrito “ça va “.

Então tá, o João sempre ficou depe em Francês no Col. Mil. onde foi aluno do Bertier que encontro todos os domingos na feira.

Vou ver a primeira parte da mini série sobre “Os Sertões “.

Dizem que está muito bem feita. É com o Wilker, Marieta Severo, Paulo Beti, um monte de cobrões. Guten Tag.

 

 

Quinta-feira, 18 de dezembro de 1997, 22:21, tempo bom, quente.

 

Ontem aconteceu a formatura da Manuela, segundo grau.

Os bolicheiros emergentes ou os borgueses decadentes fizeram uma festa como se a gurisada estivesse concluindo doutorado em Harvard.

Após o que,  Viviane ofereceu uma recepção na casa do Pinho.

Estavam lá os pais do namorado da Manuela. Simpáticos.

Bem.

Hoje chegaram Toco e Cia. Heloísa foi no aeroporto e eu fiquei dando aula para o Lucas que acabou de me dizer que saiu bem em Matemática.

Estamos chegando de uma visita à Glória onde fomos ver uma casa que está para alugar; é lá perto da Jacy e penso que deva ser vista de dia porque pareceu-me encaixotada.

Quem aluga é o Leo o que facilita as coisas.

Também levamos os três gatos que haviam sido postos aqui em casa e os soltamos lá perto da Ipiranga.

Já estão bastante grandes e não terão problemas de sobrevivência.

É a segunda vez que alguém põe gatos aqui em casa e se a Marília morasse perto eu diria que era ela.

Estivemos hoje à tarde lá no hospital visitando o Vares que está bem.

Parece que dá alta no sábado.

Está com umas cicatrizes feias, principalmente na perna direita; queixa-se muito da UTI.

Ontem almocei com o Amaury que anda às voltas com a eleição do Inter.

Ficou de aparecer no Vares mas acho que não irá.

Amanhã desejo ir para o Imbé porque quero limpar a piscina.

O produto que comprei do Rolla é só algicida; o que a Eda me mostrou era algicida e coagulante.

Assim que devo experimentar para ver como funciona.

Se eu não for bem sucedido, contrato o Joel para a primeira limpeza.

Daqui a pouco começa o penúltimo capítulo da série sobre Canudos e como pretendo vê-lo, me despeço.

Informando que segunda feira o Diário 97 já estará encadernado.

Já são três volumes que, com mais “Os Mouras”, perfazem cinco volumes.

Não é uma alentada obra mas se somarmos os outros que andam pôr aí aguardando oportunidade para serem organizados, vai a uns dez livros.

Boas noites.

 

Domingo, 21 de dezembro de 1997, 22:32, stormy weather.

 

Conforme previsto, fomos sexta feira para o Imbé e retornamos hoje.

O tempo lá estava muito bom, em ritmo de verão com El Niño: sol durante a manhã e toró à tarde.

Ontem, depois do toró, deviam ser umas dezenove horas, fomos agradavelmente surpreendidos pôr uma paisagem maravilhosa: um arco íris duplo, sobre o mar; a casa do Maomé e as outras da Alameda das Acácias, estavam iluminadas pelo sol do poente, as árvores molhadas e os arco íris no céu negro sobre o mar, criavam uma paisagem maravilhosa.

O Vita estava sentado conosco no avarandado e também declarou que aquela fora a coisa mais linda que jamais vira em sua vida.

Em termos de paisagem com arco íris, é claro.

Passamos preparando o veraneio, fizemos um pequeno rancho, instalamos o Micro Ondas e limpamos a piscina.

O tal produto americano é uma porcaria, um algicida comum, talvez até mais fraco do que os nossos.

Voltamos cedo para assistir Vasco e Palmeiras mas, chegando aqui, faltou luz que só voltou a pouco.

Bolão ficou em POA.

Neste momento chove ou pelo menos, troveja bastante.

Quando cheguei, telefonei para o Hospital de Clínicas, quarto do Vares e atendeu uma senhora que não a Maria Heloísa o que me fez pensar que o Vares já estava em casa.

Não está, está na UTI!

Esperemos que se recupere.

Hoje seria o aniversário do seu Mário e é o da Lúcia que não foi encontrada em sua residência.

Com o calor do Rio – hoje de tarde estava 42º C no Maracanã – devem ter ido para Camboinhas.

Lá pelo Imbé, deixamos tudo bem exceto a fechadura do galpão que estragou na hora em que fui fechar para vir embora.

O Júlio lavou os beirais e oitões o que deve ser feito todos os anos.

Ele continua firme com o Moinho de Cana, nome até bem sugestivo.

Amanhã começam os preparativos de Natal e devo comprar um peru inteiro e um peito, E, o lava – jato para os Barrios.

Talvez algumas champanhas para o bowle.

O bowle que faço leva só champanha e frutas em compota.

Amanhã também é dia de comprar moranguinhos e pêssegos para a salada de frutas.

E, é isto aí.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 22 de dezembro de 1997, 21:46, toró.

 

Estamos segundo e conforme o tempo de El Niño: sol de manhã e toró à noite.

Faz lembrar o verão de 95.

Ainda não consegui notícias concretas sobre o que realmente aconteceu com o Vares.

Parece que ainda está na UTI.

Amanhã talvez eu passe no Hospital.

Hoje comprei o lava a jato dos Barrios e o duro foi transportá-lo da Arapuã até a garagem.

O bagulho deve pesar uns vinte quilos.

Depois fomos ao super mercado e compramos o necessário para a ceia de Natal. Claro que ainda irão aparecer esquecimentos de última hora mas, o básico está comprado.

O peru é de oito quilos e esperemos que a Alba saiba assá-lo.

Os guris da Patrícia vieram aqui para casa de tarde e depois chegou a própria, extremamente mal humorada.

Acontece que a Patrícia teve cinco anos para preparar a sua tese de doutorado e não deu a atenção que deveria uma vez que é bolsista o CNPQ.

Agora as coisas atropelaram e logo surgem as racionalizações: os culpados são os brasileiros com o que estou de pleno acordo, a começar pela doutora.

Começar e terminar!

Durante o fim de semana estivemos sem energia no Rio Grande do Sul e só hoje as coisas regularizaram mas, continuamos sem água.

Esperemos que durante a noite encham a caixa da esquina.

Ontem estivemos conversando sobre o dilema do Bolão mas ao que tudo indica, não existe dilema.

Acontece que ele pensava que havia sido aprovado para residência em Pelotas mas, consta que não, que ficou na quinta suplência. Foi um erro de informação da Liege e para a Liege.

Neste caso, o negócio é mesmo o Conceição.

Não vai ser fácil para eles, principalmente no que concerne ao lado econômico da coisa.

De qualquer forma é um caminho que todos percorremos; na verdade eu sempre quis amenizar a coisa para os filhos mas o Bolão, na época devida, escolheu o caminho que lhe pareceu melhor.

Agora já fica mais difícil para mim ajudar de modo que não hajam problemas financeiros. Afinal, admitamos, estou velho.

Vamos ver.

O que tem sido notícia são as atividades sociais da Manoela; ontem foi o aniversário dela, com festinha.

Ante ontem , a formatura.

Trasontonte, a viajem a Porto Seguro.

E pôr aí empós.

A Mônica está na terra com o resto dos fritz.

Acho que já foram  para Torres.

Não demora muito e a Mônica já não mais poderá vir no fim do ano.

Aí, nas férias de verão deles, vão querer muito sol, o que não é o caso do Rio Grande véio em agosto.

C ‘est la vie.

Acabei de falar com o Ângelo que obteve notas excelentes nas provas.

O Ângelo é bom estudante e se retomar a embocadura, ano que vem será sucesso.

Isto eu disse do Pingo e ele realmente havia engrenado; aí surgiu o famoso acidente da Rachel e o último ano do segundo grau do Pingo foi meio tumultuado.

Veremos o que irá acontecer com o Ângelo.

O cachorrinho deles, o Kleber, vai muito bem, engordando e crescendo.

Neste exato momento está despencando um toró regolar.

É o quarto ou quinto de hoje.

Está telefonando a Ilsa Kieling e informa que lá em Florianópolis o tempo está igual: calor e chuva.

Ela está indo para Jurerê amanhã.

Quem está na terra é o Bagé e amanhã vem o Renato: os dois estão se estranhando porque o Eduardo não quer soltar a grana para ele comprar um carro novo.

Um velho tema.

Hoje o Eduardo me procurou e contou a sua versão; amanhã o Renato aparece e conta a dele.

Eu cumprimento a todos e desejo-lhes um feliz Natal, extensivo às excelentíssimas famílias.

Heloísa está vendo o programa da Ebe (?), o Bolão já se recolheu.

Bem, deixa eu dar uma voltinha na ViaRS para ver se há alguma novidade nos processos.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 24 de dezembro de 1997, 20:13, tempo bom.

Como se depreende pela hora, estamos com tudo pronto e aguardando a chegada dos convidados para a ceia de Natal.

Como ainda é dia claro, acho que os participantes ainda demorarão a chegar.

A festa e principalmente a ceia não diverge muito daquelas dos anos anteriores. O clássico peru com sarrabulho, lombinho, saladas miles, mousses diversas etc.

Salada de frutas, sorvetes, bowle; normalmente a Virgínia trás uns negócios diferentes.

O Henrique já está aqui há umas três horas, ajudando a Heloísa.

Fui preparar a filmadora mas as minhas baterias estão todas pifadas;

dá para usar mas aí o operador deve permanecer perto das tomadas.

O João esteve aqui de tarde trazendo uns presentes para mim e Heloísa e, é claro, recebeu os seus.

O Israel também recebeu um presente. Faltou a Raisa mas aí já complica.

Acabou de telefonar a Alda dizendo que irá chegar atrasada.

Liege e Bolão já estão aí.

Glacy foi a primeira a chegar.

A minha próxima atuação é a de Papai Noel. Até lá fico só recebendo os participantes.

Não sei se o Pingo virá mas é razoável prever-se que irá para a casa da Rachel.

A única defecção é a Marília que não virá porque a mãe dela está meio borocochô, andou até baixada em hospital.

Contrariamente ao que previam os catastrofistas de sempre, o comércio não conseguiu agüentar a pressão do consumo e já ontem boa parte das lojas já haviam estourado o estoque.

Foi uma correria terrível.

Ontem estiveram aqui o Leo com a Enilda e o Bagé com a Paulinha, sua filha mais velha.

Muito simpática e bonita a menina.

Depois, com Henrique, Pablo e Diego, fomos jantar no Mama Mia o que, no mínimo, é uma temeridade.

Acontece que a Heloísa há um mês mais ou menos testemunhou contra eles numa ação trabalhista pesada.

Pelo menos uma cuspidinha eles devem dar na comida…

Hoje levantei meio enjoadão mas como tomamos uns uísques ontem, decerto não foi só a comida.

Não consigo tomar mais nada em matéria de bebida de álcool e aí incluo até a cerveja.

É o fim da picada.

Bem, ao que tudo indica vai começar a inana.

Feliz Natal e boas noites.

 

 

 

Quinta-feira, 25 de dezembro de 1997, 20:37, tempo bom.

 

O fato de eu estar registrando “Tempo Bom “significa apenas que, neste momento, não está chovendo porque tem baixado uns torós de arrepiar o cabelo.

Ainda ontem de noite houve um na Zona Norte de Porto Alegre que inundou tudo e até agora ainda não foi totalmente resolvido.

Hoje de manhã  Patrícia, Carlos e os guris vieram almoçar; depois fomos lá na mãe.

Voltamos para casa e eu jantei porque Heloísa está enjoada e com dor de cabeça.

Estamos aguardando o Bolão que deve vir pousar aqui com a sua turma.

Hoje telefonou a Carmem lá de São Domingos.

Ontem foi a vez do povo todo do Rio .

Assim que tudo normal e não me parece que este registro esteja muito diferente daquele do ano passado.

O que é muito bom.

Como amanhã já é sexta feira, não creio que se possa fazer algo; talvez eu dê um pulo no escritório.

Com tão pouco assunto, o melhor é transcrever um

 

PIJAMA DE BOLINHAS.

Em nome dos distintos leitores, lamento não ser comentarista político porque teria muito assunto oriundo da convenção do PTB para escolha do candidato a prefeito.

Desconfio entretanto que o Braz Camilo vai dar um talho em tal e tão suculento matambre.

E eu também que a tentação é demasiada.

Mas, não vou avacalhar nem gozar, nem nada.

Apenas aplaudir a escolha e declarar que a Ala Moça foi mal em achar que os velhos estão superados. É preciso lembra que “mas vale el diablo por viejo do que por diablo “.

Reconheço que os moços são bons meninos, não há como duvidar.

E já é uma grande coisa ser bom menino.

Se não, vocês já imaginaram?

No programa de domingo, o Carequinha e o Fredi iriam reclamar:

_ Elizeu não vai mais fazer pipi na cama. Bom menino não faz pipi na cama…

Também li na reportagem do venenoso colunista aqui do JP que ao término da convenção, alguma matronas baixaram a sombrinha no deputado Barnasque, acusando-o de judas, paspalhão, quinta coluna, mequetrefe e quejandos..

Respeito muito a opinião alheia e principalmente quando o alheio é do sexo oposto, de modo que não vou querer abrir polemica sobre a veracidade dos adjetivos e até faço questão de, pôr cavalheirismo, endossá-los.

Mas gostaria de lembrar às agitadas senhoras de que o deputado Barnasque foi um sonoroso vate criador de inspiradas rimas.

E como tal poderia, suprema vingança, atirar-lhes ao rosto, em meio a uma que outra guarda – chuvada, aqueles ferinos versos:

Serem feias é um defeito

Disto não lhes acusam

Mas serem feias assim deste jeito,

Perdão, as senhoras abusam!

E, chega de política embora para não quebrar o assunto assim sem mais nem menos, deva acompanhar a decisão do PTB e ir pêlos velhos.

Isto é, vou contar umas piadas velhas. Velhas mas boas.

Refiro-me às piadas.

xxxxx.

Devo dizer que transcrevo os “Pijamas “como foram escritos.

Penso que hoje faria algumas melhorias no vernáculo mas penso também que os assuntos da época têm mais valor do que questões de gramática.

Esclareço que o Barnasque poeta era o Clemenciano, um amigo do meu pai e pai do que foi deputado.

Conheci o Clemenciano que morava na Ilha da Pintada onde fui com o pai a um churrasco na casa dele.

Lembro, para gáudio dos conservacionistas que no local havia um saladeiro para couros de jacaré que abundavam no Guaiba daqueles antanhos.

Eram uns jacarés meio michurucas mas, jacarés.

O assunto merece um desenvolvimento maior porque naquele tempo pescava-se muito no Guaiba.

Hoje já não se pesca mais mas penso que seja pôr um fenômeno cultural porque o rio continua o mesmo e nem tão poluído assim.

Acontece que naquele tempo, o mar ficava longe prá burro e a pesca de mar era quase toda artesanal assim que o abastecimento de peixe tinha mesmo que vir do rio.

Talvez pôr isto o porto-alegrense até hoje não consuma peixe porque do rio só saia pintado, jundiá e alguma piava beiçuda, peixes de terceira categoria.

Bem.

O Clemenciano era poeta regionalista e creio ter lido alguns versos dele.

Creio até que ele tinha uns livros publicados mas, não juro.

Um outro dia eu volto com mais detalhes sobre pescarias nos rios que formam o Guaíba.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 26 de dezembro de 1997, 18:02, tempo bom, quente demais.

 

A cidade está calma com muita gente fora, aproveitando um feriadão putativo.

De manhã fui ao centro cortar o cabelo e remeter um documento para o Renato.

O Bolão, que foi ontem de noite para Gravataí, ainda não reapareceu; hospital em fim de ano é fogo.

Heloísa passou o dia de cama como se tivesse de ressaca: ao que tudo indica ela comeu alguma coisa que fez mal mas não consegue lembrar.

O que aliás é a regra em casos de indisposição depois das festas de fim de ano.

Passados alguns dias é que a pessoa vai lembrar do que comeu e fez mal.

Mas, ao que parece indica, já se recuperou.

A gurisada tem telefonado para saber quando vamos para a praia.

Parece que a Virgínia irá este fim de semana; se for aproveito para pedir que ponham cloro e algicida na piscina.

Neste exato momento o tempo está se armando para um toró; estamos neste ciclo que, segundo o Kuhn vai até meados da semana que vem, ou seja, de manhã sol, de tarde um calor de rachar e ao anoitecer um baita toró.

A Zona Norte ainda não se recuperou do último e já estamos na iminência de outro.

Interrompi para receber o Ledi que veio fazer uma visita de Natal.

Daqui a pouco vou ao Mama buscar sopa para Heloísa apesar do risco da cuspida.

O calor continua insuportável e não estou vendo jeito de melhorar: o toró que estava pintando, meio que desapareceu.

Boas noites.

 

Sábado, 27 de dezembro de 1997, 21:20, chuva forte.

Estamos em regime de chuvaradas fortes e notícias do Imbé dizem que tudo está alagado pôr lá.

Hoje telefonou o Ângelo para saber quando vamos decerto porque ficar um tempo conosco enquanto a Isinha não vai; ela está trancada pela recuperação do Lucas. Tergolina somente entrará em férias depois do verão.

O Ângelo contou que um cachorro da vizinhança do Imbé foi se bobear na cerca e o Kleber foi para cima dele. O cachorro fugiu espavorido.

O Kleber promete.

Não parece haver mais dúvidas de que este ano teremos chuvas torrenciais em janeiro e fevereiro.

Talvez o Rio venha a ser uma boa pedida.

Vamos ver.

Acabam de chegar o Bolão, a Liege e as crianças junto com um amigo dele, o Marcelo.

Acho que o pinta é um daqueles fredericões perigosísssimos; entre outras coisas.

Há horas que ele tenta entrar na minha área reservada mas não vai conseguir: passei boa parte de minha vida evitando chatos, tenho curso.

Tenho a impressão que se eu tivesse vivido em tempos ditos bíblicos, certamente não seria um fariseu.

A hipocrisia não é o meu forte.

Hoje falei com a Maria Eloisa e o Vares já está melhor, retornou ao quarto e vai se recuperando lentamente.

Qualquer dia já estará retornando à vida normal, agora mais normal.

Amanhã não temos previsto nenhum bródio, se necessário iremos almoçar fora.

Ou então alguém resolve mudar um pouco de anfitrião e oferecer um almoço.

Como os Barrios estão debaixo de mau tempo, acho difícil.

Quando fiz mestrado em Relações Públicas, aprendi, cientificamente, que as relações humanas, para serem harmônicas, devem ser como uma rua de duas mãos o que acho absolutamente certo.

No concernente, nossas relações familiares não têm uma boa orientação, prevalecendo a cultura de clã, do castelo – maior, do pater familiae etc.

numa clara indicação de cultura ibérico espanhola.

Acho que a vida em família deve ter uma forte componente comunitária, todos cooperando para os objetivos comuns.

Inclusive para incutir nas crianças o senso de comunidade e cidadania.

De modo que todos fiquem sabendo que não concordo muito com as nossas praticas familiares one way.

 

PIJAMA DE BOLINHAS.

Embora particularmente contra as narrativas estupidamente edificantes, devo hoje, com minhas homenagens, contar aqui fatos da vida do Sr. Leonel Brizolla, para que os pais os recontem a seus filhos, como farol e escopo.

Pois, aquele senhor, já formado, governador, atirou-se aos livros e, pés dentro duma bacia cheia de água, para não dormir, atravessava noites estudando Economia, durante quatro anos para então conferir-se, particularmente, o grau em tão difícil ciência.

E, não digam os nativos que é tudo mentira e que o senhor Leonel tem demonstrado entender tanto de Economia quanto um burro de Logaritmos!

Pois então, não ficou provado, na Operação Bacupari, o quanto aprendeu da matéria?

Acham os senhores que qualquer analfabeto tem capacidade para comprar uma fazenda pôr 3 milhões, empenhá-la, reempenhá-la pôr 120 milhões e ainda vender a metade pôr dez bilhões, tudo em três anos?

Sem contar a rede elétrica que a CEEE levou até lá, é claro.

E, de lambugem, fazer Reforma Agrária?

Acham os senhores que tantos proveitos num só saco, meteríamos nós que não somos formados em Economia?

Jamais, jamais!

Pôr isto, repito, narrei esta história edificante.

Que os pais a contem a seus filhos e estes aos seus netos.

De tal modo que, daqui a uns anos, quando um guri destes for à Lua e lá chegando verificar que a lei dos dez bobos para um esperto subsiste em qualquer parte do Cosmos e, em vendo uma fazenda barata à venda, um governo de vigaristas e um bando de trouxas esperançosos, exclame:

– Oh! Que magnifica oportunidade para uma brizolada!!!

XXXXXXXXX

Como vocês podem ver, o tio Briza naqueles idos de 62, 63, dava uma de político nordestino safado e ganhava dinheiro com a Reforma Agrária.

Com o passar do tempo, esta é uma velha história, os ladrões vão acumulando fortuna e com ela compram da dignidade.

Acontece com todos assim que o Brizolla não é exceção o que explica porque o PT não quer saber de ligações com o PDT.

Seria pior do que a aliança que o FHC teve de fazer com o PFL para poder governar.

Creio existir entre os “Pijama” muitos que versam política da época, muito conturbada aliás.

Tão conturbada que desembocou no movimento de 64.

Pôr hoje é só; como eu qualifiquei, o tal fredericão ainda está aí e se alguém, abrir uma frestinha no flanco, dorme no quarto da empregada.

Mas aí entra o boçalão que vos fala.

Boas noites.

 

Sábado, 10 de janeiro de 1998, 01:24, tempo bom.

 

Acabamos de chegar da festa de casamento do Marcelo, filho do Vares com a menina que usa bonés, pessoa encantadora.

A festa foi no Country Club e estava ótima, comme il faut.

A cerimônia religiosa foi na igreja de Sta. Terezinha à 20:00 h.

O noivo, uma novidade em termos de Brasil, estava de casaca.

Para esta festa viemos da praia ontem de noite.

O Ângelo veio conosco.

Ë bom registrar que choveu desde o dia 1º de janeiro até ontem, dia 8.

As fossas  transbordaram, um caos.

 

Virgínia que pretendia ficar até segunda feira dia 05, mandou-se na sexta feira pôr causa, principalmente das fossas que já estavam transbordando.

Mas, é importante frisar, a Helena já prefere ficar em Porto Alegre porque  tem uma turma na Sogipa etc. etc. e tal.

Quando o Milton Dias vendeu a casa dele no Imbé.- e havia toda uma história atrás da casa do Milton – eu não entendi muito bem e fiquei confuso: porque o Milton haveria de querer vender aquela casa tão bonita e tão tradicional na praia?

Uma heresia terrível.

Ressalto que, na época, eu estava voltando aos pagos, lá pôr 1970.

Tudo o que eu queria era criar raízes, criar um passado.

Os anos passaram , lá vão quase trinta anos e devo admitir que verdadeiramente, cada idade tem uma realidade.

Creio que, para os meus filhos, vender a casa do Imbé ainda soa como uma heresia terrível.

Para mim também mas não com a intensidade de vinte anos atrás.

Penso que, com quase setenta anos, já estamos pegando o boné e treinando os ademanes para saudar e sair de cena.

Porque, afinal, como disse um personagem de quem não lembro o nome, desde que vamos inexoravelmente morrer, não interessa o quando mas sim o como.

Toda esta novela para dizer que em nove dias de veraneio ( ? ) tivemos oito de chuva e um de frio.

Pôr ressaltar que os Pfeifer nos convidaram para driblar El Niño, indo passar o verão em Camboinhas.

Só que o referido menor está fazendo acontecer tempestades tão medonhas no Rio que chega-se à conclusão que aqui estamos no Paraíso.

Climático, é claro.

Amanhã pretendemos ir à feira e depois do almoço retornar ao Imbé.

No dia 14 a Patrícia defende tese e pretendo assistir.

Ainda pretendo dizer a ela que aulas são como espetáculos teatrais; que as pessoas que estão assistindo, desejam mais a Duse do que o Rutherford.

Didática é o mesmo que interpretação dramática com um conteúdo específico.

Conteúdo especifico que regula a intensidade da dramaticidade não permitindo que ela atinja as fronteiras do ridículo.

Uma aula é pois, uma representação teatral contida.

E, boas noites.

 

Quarta-feira, 14 de janeiro de 1998, 16:40, tempo nublado.

 

Estou aproveitando um intervalo rápido para registrar que hoje de manhã aconteceu a defesa de tese da Patrícia e que ela saiu-se muito bem, obtendo um A de todos os examinadores.

A cerimônia é emocionante, principalmente na parte final quando a banca atribui o grau ao candidato.

Depois fomos almoçar no Grill do filho do dono da Churrascaria Santo Antônio: continua a mesma droga de sempre.

Vim da praia ontem com os guris e fui direto para a Patrícia para ensaiarmos a apresentação.

O Carlos ficou na advocacia do diabo no que concernia aos conhecimentos técnicos e eu na parte de didática.

Enchemos o saco da Patrícia mas, valeu a pena porque ela fez uma ótima apresentação, cronometrada, clara, falando numa cadência e tom de voz comme il faut.

Conforme já se sabia, o documento da tese deverá ser refeito para ser colocado na forma de Estudo; a Patrícia inventou uma disposição nova para o documento o que foi criticado pela examinadora do Método e com o que eu concordei 100%.

Assistiram a Viviane e a Renata: Virgínia foi mas não conseguiu achar o auditório que era mesmo muito escondido. Isinha não foi porque pensava que o exame não era aberto ao público.

Estava quase cheio o pequeno auditório da Cardiologia do HCPA.

Amanhã os Barrios partem para o México, Cozumel,  via Miami.

Retornam no fim do mês e o Pablo já anunciou que vai direto do aeroporto para o Imbé.

Até lá decerto telefone já deve estar instalado.

No momento estou aguardando o Pinho que vem para uma consulta.

Após o que, pretendo ir para a praia.

Está um calor brabo e tudo indica que termos toró pela frente.

Falei rapidamente ontem com o Bolão que idem estava enroladíssimo com uma aula que deveria ministrar hoje lá no Conceição..

Família de intelectuais.

 

Quinta-feira, 29 de janeiro de 1998, 17:49, tempo nublado.

 

Lembremos que, depois da defesa de tese da Patrícia, fui para a praia no daí quinze, há, portanto duas semanas.

Os Barrios estão chegando daqui a pouco do México, pelo menos esta é a informação da Anna.

Bem, quando cheguei no Imbé, quinta feira passada, a mãe estava baixando ao hospital com problemas cardíacos, mais especificamente um tremendo descompasso de freqüência que variava de 150 a 62!

Ficou três dias no hospital da Ulbra, bastante bom no que concerne a relações humanas e hotelaria.

Deus alta e voltou para casa segunda feira; ontem estava tão bem que a Isinha passou de noite lá pôr casa para dar boas notícias.

Hoje de manhã. Heloisa e eu fomos à feira e depois passamos na Saara para levarmos umas verduras que havia encomendado.

A mãe havia sido levada às pressas para o pronto Socorro do Imbé, com os mesmos sintomas da semana passada!

O médico do Imbé recomendou que a mãe viesse urgente para Porto Alegre e aqui estamos.

De lá mesmo a Saara conseguiu através de suas colegas uma baixa no Divina Providência que parece ser um bom hospital: pelo menos foi o que disse a mãe agora de tarde para a Saara.

Como ela não gostou do Ulbra – e que é bom – este deve realmente ser

muito bom.

Heloisa ficou na praia, Beto e Vânia também.

Viemos, além da mãe e eu, a Saara, o Paulo e o cachorrinho.

Aproveitei para ir ao escritório e adiantar algumas coisas.

Conforme for, retorno amanhã de tarde.

Na praia o tempo anda brabo e choveu praticamente todo o mês de janeiro.

Ontem estava um calorão e subitamente com uma tempestade de vento, o tempo mudou e esfriou.

Com tais mudanças radicais o Ângelo contraiu pneumonia e teve que vir semana passada para consultar um médico.

Já voltou e ao que tudo indica, está recuperado.

Isinha está com os guris na casa nova juntamente com o cachorrinho Conam.

Cito o Conam porque realmente é uma figura popular, todo o mundo que passa lá quer tirar uma casquinha nele.

E é bom que aproveitem agora porque depois de grande vai ficar mais difícil.

Ë um Rott Weiller!

Para que não esqueçamos, registro que nunca vi um cachorro comer tanto e tão ligeiro: é como se passasse um aspirador – potente – no prato!

Cresce e engorda um quilo pôr dia ou mais.

Tem quatro meses e deve pesar uns 20 quilos.

Bem.

A gurisada, inclusive o Pingo, rapou a cabeça.

Decerto, a seguir, o Pablo e o Diego farão o mesmo.

Lá pelo Imbé tenho nadado bastante e caminhado também.

Todas as manhãs, ou quase todas, Heloisa e eu caminhamos pela beira do mar até o fim do Imbé que coincide com a casa da Isinha.

Local onde armou-se um palco ao ar livre para um festival daqueles em que ficam um monte de desajustados no palco, urrando para outros desajustados na platéia.

Deste vez foi a moçoila que senta na garrafa, a Carla Perez e o Gilberto Gil,  ambos baianos, a união da sacanagem com a indolência.

Até hoje, o local está atulhado de sujeira, inclusive dos montes de merda deixados nos cômoros pêlos assistentes do show, gente finíssima.

O governo do Estado, que não tem dinheiro nem para pagar os professores em dia, é quem financia a patifaria toda.

Bem.

O Napoleão e o Joaquim aparecem seguido para o chimarrão; o Vares também está pôr lá, apesar de recém operado.

As gringas aparecem eventualmente para um joguinho de buraco. Casualmente ontem fomos até as três horas.

Hoje levantamos cedo para a feira e logo depois me mandei para cá: confesso que estava dirigindo com bastante sono.

Vou esperar o Bolão e depois jantar no Mama.

Amanhã de manhã marquei umas reuniões no escritório assim que somente poderei ir para o Imbé à tarde e se tudo estiver normal com a mãe.

Acabei de falar com a Virgínia que tem outras informações sobre a chegada dos Barrios: segundo ela, chegam amanhã.

Daqui a pouco saberemos qual a versão correta.

Bem.

Segundo o João, o Bolão alugou a casa da Glória, que está meio baleada mas tem suas vantagens: é perto da Jacy, bastante grande e quem aluga é o Léo.

No plano nacional, a aliança do Lula e do Brizola, sem comentários.

No plano mundial o affaire do Clinton que já está virando gozação:

ontem a Zero Hora publicou uma charge que diz que os americanos estão querendo o Impenishment do Clinton!!!

Mais notícias depois da janta, eu espero.

 

Domingo, 8 de fevereiro de 1998, 17:32, tempo nublado.

 

Estou chegando do Imbé onde estava desde sexta feira.

O tempo continua medonho, chuva e chuva.

Os guris da Patrícia estão pôr lá e vão ficar.

O interessante é que bateu uma miúda no litoral norte e está todo o mundo baleado do aparelho gastro intestinal.

Até agora, ao que se sabe, só o Américo e eu estamos livres do tal andaço que, segundo os atacados, é muito desconfortável, com dores no ventre, desarranjo, inapetência, vômitos etc.

Ocorreu-me agora que, quem sabe, não está aí a origem dos males que no momento afligem a mãe que, entre outras coisas como vômitos e dor na barriga, nega-se a comer.

Daqui a pouco vou dar uma chegada lá para ver como andam as coisas.

Este ano o aniversário da Alda passou sem maiores agitações.

Heloisa voltou para o Imbé na mesma tarde; eu fiquei e fui na sexta feira, dia 6.

Depois de amanhã devo atender uma audiência em Julio de Castilhos.

Espero que as estradas não estejam totalmente destruídas.

Os Tergolinas vão bem, com o Ângelo e o Lucas indo e vindo a todo momento.

Paulo, Virgínia e Helena foram para a praia neste fim de semana mas como ainda estão baleados do mal das tripas, já devem estar na estrada de volta.

Eu saí mais cedo para me livrar do tráfego e foi muito bom, vim tranqüilo como água de poço.

Liege em Pelotas e Bolão, neste momento dormindo, recuperando-se de plantão.

Estava crente que, na semana passada, quando viemos dia 3 para o aniversário da Alda, eu havia feito alguns registros mas verifico que não.

Deve ter sido pôr causa dos jogos do Brasil, às 22:30 h.

Aliás um verdadeiro fiasco, dois empates com Guatemala e  Honduras ou algo assim; hoje jogam contra El Salvador e se perderem, o Zagalo cai.

Quando vinha vindo do Imbé, ouvi uma entrevista dele no rádio e percebe-se nitidamente que está totalmente perdido quem sabe até senil.

Exemplo: estamos sem beque e ele vai improvisar um babaca qualquer.

Disse, entre outras coisas o seguinte:

– Eu nem sabia que ele até já havia jogado de zagueiro….

– Agora tu vês: o cara nunca me disse que já jogara de zagueiro!

– Sacanagem pô! Como é que eu vou saber se não me dizem?

Como se depreende, está mais do que na hora do Zagalo solicitar o boné antes que lho ofereçam.

Se a seleção empatar ou perder hoje, a casa cai.

Estão disputando a Copa de Ouro em que pontificam as seleções do México e a dos USA….

Era para ser um passeio e um caça níquel mas pelo jeito vai acabar mal.

Vou dar um pulo na mãe e prossigo na volta.

 

Segunda-feira, 9 de fevereiro de 1998, 23:32, chuva e chuva.

 

Um dia sem maiores novidades; de manhã fui para o escritório, recebi o INPS, paguei contas, fui no Zafari comprar mantimentos e vim para casa às 16:30, justamente quando começou um toró que ainda não acabou.

Já falei com a Saara, Virgínia e Carlos: tudo normal.

Não consigo ligar para a Heloisa: o tal celular do Bolão é mais frio do que nariz de pingüim se é que os ditos os têm.

Amanhã de manhã vou para Júlio de Castilhos, lugar que não conheço.

Estou tentando me lembrar de como era o nome original mas não consigo.

Hoje experimentei asar um bife de chorizo na pedra que o Tergolina nos deu de Natal.

O negócio funciona bem e deve ser interessante usá-la para fazer um monte de bife de chapa ou qualquer coisa que se asse na chapa sem

óleo.

Tortillas pôr exemplo; ou tacos.

Como jamais farei tacos ou tortillas, o exemplo é totalmente descabido.

Bolão hoje está de plantão.

Terminei de pagar as prestações da caminhonete dele. Dia 23 estará pronta a liberação.

Bem.

Acho que a Heloisa está se mantendo no Imbé só pôr causa dos guris que não querem vir de jeito nenhum.

Porque aquilo lá está brabo, tudo inundado, terreno molhado, embarrado, um saco.

E, nada indica que vá melhorar: as previsões desta semana são de chuva e chuva.

Já se fala que nem mesmo março será razoável.

El Niño ou Él Niño como dizem os cariocas está incomodando mais do que o esperado.

Ontem ouvi uma discussão sobre o Él dos cariocas, da impossibilidade de falarem o E fechado em El, Bolero etc.

Um parceiro defendia a tese que eles simplesmente não sabem pronunciar o E fechado o que não é verdade, há muitas palavras em Português que se pronunciam com E fechado.

Ë Rio de Janeiro e não Rio de Janéro.

Agora vejamos: em Português existe o E fechado e aberto; em Espanhol, somente o E fechado.
Parece então perfeitamente lógico e bem educado que pronunciemos as palavras espanholas como eles o fazem.

Para mim é um ponta pé nas partes ouvir aquele chato do Galvão Bueno falar Él Salvador, Él Niño etc.

Com o que me despeço porque já é tarde e amanhã devo levantar cedo.

Boas notes e na próxima irei registrar uma musica que os mexicanos cantam antes de ir para a cama. No momento não lembro.

 

Terça-feira, 10 de fevereiro de 1998, 22:20, tempo bom, lua cheia.

 

Estou retornando de Julio de Castilhos uma cidade semi-serrana, na subida do planalto central riograndense.

Havia cerração as duas horas da tarde e fazia frio.

Entre Santa Maria e Julio etc. há uma vila balnearia que imita Gramado.

É um cenário inesperado naqueles cafundós e realmente surpreende.

O caminho para lá é: São Sepé, Santa Maria, Júlio, bem longinho.

Tive o prazer de rever São Sepé e lembrar episódios mineiros.

Bons tempos, cheios de empolgação e esperanças.

Muito divertido.

Resumindo, o caminho pôr baixo para Júlio, via São Sepé é muito interessante, como se você saísse de um mundo e entrasse noutro completamente diferente.

A estrada cheíssima de marcela ainda verde.

Como a próxima audiência será em 10 de abril, poderemos colher montes de marcelas maduras.

Como no tempo da mineração.

Bem.

Fomos numa Fiat Week End – igual aquela que enterrou o Collor- que comportou-se muito bem.

Estrada boa. Alguns buracos entre Santa Maria e Júlio.

O mais gozado é que em pleno mato, um deserto brabo, a estrada está coalhada de sonorizadores e quebra molas.

Deve ser para acordar alguma vaca perdida porque gente não tem.

E, é isto aí.

Hoje jogam Brasil e USA, às duas da matina.

Não sei se vai dar para esperar porque estou meio cansado da viajem: afinal foram quase oitocentos quilômetros. E uma audiência.

Heloísa não telefonou e nós daqui não conseguimos ligar para o tal telefone do Bolão.

Deve estar tudo bem.

Hoje o tempo deve ter melhorado pôr lá.

Buenas noches.

 

Terça-feira, 17 de fevereiro de 1998, 22:28h. tempo bom, fresco.

 

Cheguei do Imbé hoje de manhã; ficaram lá em casa os guris da Isinha e o Henrique.

Não esquecer o cachorrinho Rot Weiller que dá mais trabalho do que toda a turma junta.

É um animal belíssimo e decerto quando adulto será um campeão.

Os Rot Weiller eram usados pêlos habitantes da Galia para o pastoreio de gado vacum. Os primeiros a darem notícias da raça foram os romanos de Júlio Cessar.

Pelo menos foi o que eu li mas não garanto que a notícia seja verdadeira.

Vou pesquisar na Quillet.

Sábado festejou-se o aniversário do Pablo que foi quase interrompido pôr uma explosão no forno do fogão.

A Heloisa estava defronte ao forno mas escapou sem sequer um arranhão!

A causa foi gás acumulado no forno, o que é comum quando o fogão tem acendedor automático: a pessoa tenta acender algumas vezes e quando consegue, o forno já está cheio de gás e explode.

No domingo, o Pablo que passara o sábado em Atlanta, resolveu retornar para Porto Alegre e daí o Diego veio junto.

Durou pouco a idéia do Pablo de se aposentar e ir morar no Imbé.

Hoje a Heloisa telefonou de lá para que eu orientasse o cara que deveria trocar o registro da piscina mas  senti que ele não vai fazer nada.

No fim, convoco o Beto e fazemos a operação.

Quando levantamos hoje a Heloisa procurou a sua bicicleta e nada!

Fui acusado pelo roubo (?) porque dissera a ela que os guris guardariam a bicicleta.

Na verdade a acusação não resistiria a um raciocínio lógico porque:

  1. A bicicleta não é minha, logo não me cabe guardá-la.
  2. Nunca usei a bicicleta, logo não teria interesse em furtá-la.
  3. Não furtei a bicicleta.

Seria mais razoável acusar-se aos descuidistas do que a mim.

Felizmente a bicicleta apareceu. Velho tema.

Hoje almocei com o Amaury lá no Nova Brescia.

O Soares está em plena forma, saindo de uma festa porrada para outra.

Ontem ele participou de um clube de cozinheiros do qual faz parte.

E hoje mandou brasa na cerveja. E comeu bem.

Eu já não consigo mais tais proezas: se abuso numa refeição, e moderadamente, só me recupero em 24 horas.

Hoje na janta só comi um bauru e assim mesmo porque o Bolão foi buscar para ele e para o Edú ( um eletricista lá de Pelotas que está refazendo a instalação elétrica da casa que o Bolão alugou), e me trouxe um lá do Trianon.

Na verdade, apesar da fama, é um bauru mixuruco.

O povo precisava ver o que era um sanduíche de filé lá do restaurante Tribuno( Restaurante que ficava na Riachuelo, no prédio do GBOEx).

Não sei se ainda fazem e nem mesmo sei se o Tribuno ainda existe mas era inesquecível o tal sanduíche de filé.

Caro mas bom.

Eu comia um sanduíche, tomava um copo de suco de laranja, meio bule de café preto forte e depois um bom cigarrinho.

A glória!

No momento estou sem fumar há uns bons quatro meses principalmente porque já não tenho mais coragem para fumar.
Coisa funciona mais ou menos assim: na medida em que você fica velho, vai perdendo a coragem de correr riscos, fica naturalmente mais deprimido.

Se você fizer qualquer excesso, acresce mais um sentimento negativo e aí fica down mesmo.

E, mesmo tendo consciência disto, você não consegue anular o negativismo.

Então o jeito é não fumar, não beber, adotar idéias moderadas, ser politicamente correto, comparecer a todos os enterros e missas de sétimo dia, não mandar ninguém à puta que pariu, não engordar, enfim, afundar na mediocridade de modo definitivo.

Essa é a minha visão boa da velhice.

O gozado é que a velhice chega de soco: quando se vê, a musculatura das pernas não obedecem mais, você não consegue mais correr, a sua cara incha, o pescoço pregueia e, principalmente, você começa a ficar cauteloso.

A medida do prazer passa a ser bem menor do que a do risco e o cara fica vendo televisão, sentado na poltrona.

Como estou meio acadelado, tento passar o que acontece quando o velhinho toma duas cervejas no almoço.

Parece mentira mas é isto aí: duas cervejas, um monte.

Como diz o Jó: na nossa idade, comprar leite é uma aventura!

Telefonou a Lu para dar notícias de como vão as coisas lá pelo Rio: ela se forma depois da manhã.

Em seguida faz exame para a OAB e já está montando escritório.

Tudo isto em pleno carnaval e em meio às chuvas que este ano estão acabando com o Rio.

Um sufoco.

Tenho que escrever para ela sobre as dificuldades do início de carreira de profissional liberal.

A Cláudia está grávida. Também irá receber uma carta. A Silvia, que está de aniversário dia 24, ídem.

Amanhã, portanto, é dia de escrever cartas.

Antes de ir dormir devo dizer que domingo a Alda apareceu lá pelo Imbé junto com o Paulo. Foram depois para Xangrila atrás do Luisinho mas não acharam.

A mãe foi sexta feira passada para a praia e até ontem estava muito bem, apenas sem apetite.

O Beto está lá.

O nosso telefone ainda não foi instalado.

Nessa área, pode-se esperar de tudo. A picaretagem tanto pública como privada, impera.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 18 de fevereiro de 1998, 23:15, tempo regolar.

 

Passei o dia no escritório e depois fui ao Zaffari e vim para casa comer alguma coisa e ver televisão, escrever etc.

Encontrei Paulo e Helena no Super.

Isinha deve ter retornado hoje para o Imbé.

Sem notícias dos Barrios que devem estar com a visita da Helena Maria.

Bolão, de plantão.

Ao que tudo indica, os guris vêm no fim de semana e a Liege retorna pra fazer a mudança.

Quero ver o Zé ficar sozinho, sem a Liege.

Os assuntos jurídicos estão esquentando e a verdade é que você estando no escritório, as coisas aparecem.

Entramos na última semana de veraneio e o tempo continua brabo.

Parece que só para de chover em maio!!!

Ainda hoje saiu um artigo na Time sobre a história de El Niño.

Há registros do tempo dos ximus e afirma-se que a destruição da civilização deles, deve-se ao El Niño.

Como sabemos os ximus viviam na costa do Pacifico e suas cidades – de tijolos –  eram irrigadas pelas águas que vinham dos Andes.

Era uma civilização muito adiantada e rica mas não resistiu aos furores do El Niño.

Acho que esta Time traz o mais completo estudo sobre El Niño de que se tem notícias.

É A DO DIA 16 DE FEVEREIRO DE 1998!

Sempre achei que a Time deveria publicar um índice de assuntos a cada fim de ano.

Como eles não fazem, eu agora passarei a registrar aqui os artigos fundamentais.

O mais interessante é que eu li sobre a destruição da civilização ximu e agora não consigo encontrar!

O parceiro que escreveu o artigo afirma inclusive que um túmulo ximu era mais rico do que o do Tutancamon!

Sonho não foi porque eu sabia do tal túmulo.

Será que foi na Zero Hora? Acho muito dificultoso.

Descobrirei e voltarei para informar.

Amanhã. Boas notes.

 

Terça-feira, 3 de março de 1998, 21:04, tempo ótimo.

Chegou março, ferias over, tempo ótimo.

Então tá.

O negócio do Tutankamon eu li nas Seleções.

Cheguei domingo da praia; Heloisa ficou e, pelo que me diz nos telefonemas está gostando e aproveitando muito.

De vez em quando é bom tirar umas férias completamente sem obrigações.

Aqui, o Bolão desapareceu!

Ao que tudo indica está arrumando a mudança na casa nova.

Mas penso que poderia dar um alo.

“alo ” sem acento é brabo mas é a regra.

A Alba veio também e comparece de tarde para preparar minha janta e arrumar a casa.

No mais, sem maiores novidades: a gata mia, o cachorro do Alemão late, a grama do jardim cresce, o Eduardo aparece para tomar os schnaps e bater papo, o escritório com bastante movimento, os filhos e netos envolvidos com o retorno às aulas, o bolha do Cachorrão cada vez pior, transformando a cidade num imenso e sujo camelódromo, os Sem Terra procurando sarna para se coçar, o Brizola dizendo um monte de asneiras, o Olivio se preparando para perder para o Brito.

Como eu disse, nenhuma novidade.

O Brizola agora inventou que o Jango foi assassinado num complô para acabar com os lideres de esquerda da América Latina…

A Maria Tereza Fontela acha que ele está louco, tomando sopa de garfo, o que já é velho.

Se der a dobradinha Lula – Brizola, vamos ter um espetáculo imperdível e uma derrota daquelas de implodir o PT e o PDT juntos.

O negrão Colar fazendo comícios em palanques junto com o Flávio Koutzi vai ser a maior piada de judeu e negrão do anedotário popolar!

Vejamos uma.

Negrão, com uma baita gripe vai ao médico.

O médico judeu manda ele tirar a roupa e ficar de quatro no meio do consultório.

O negrão fica desconfiado mas obedece. O médico olha, olha, manda ele levantar e ficar de quatro num canto do consultório.

O negrão cada vez mais desconfiado mas, o que fazer?

O médico manda ele ir par o outro canto da sala e novamente ficar de quatro, recomendando que arrebite um pouco mais a bunda!

O negrão já está em pânico mas como o médico é menor do que ele, obedece.

Aí o médico manda ele levantar e se vestir.

O negrão senta na frente do médico que lhe diz:

– Olha, é só uma virose, uma gripe, nada de mais. Tome este

medicamento que em três dias estará bom.

– É, foi o que eu imaginei mas me diga doutor Jacó: porque o senhor

precisava que eu ficasse nu e de quatro nos cantos e no meio da sala

para chegar a esta conclusão?

– Não, não, não é nada disto: é que eu comprei uma mesa preta e queria

ver o melhor lugar para ela ficar…

Contavam esta tendo como personagem o negrão Colars.

Quem gosta de contar histórias de crioulo é o João. E o Carlos Barrios.

Algumas do João são de mau gosto.

En passant, alguém já ouviu anedota de índio em que o referido é o vilão?

Acho que não: em todas as anedotas de índio, é ele que é o bão.

Estação de trem no interior do Winscosin.

Sentado na gare, enrolado num xale, um índio que com fama de ter uma memória fantástica.

Um almofadinha do leste desce do trem e lhe pergunta:

– O que você comeu anteontem no café da manhã?

– Ovos!

– Grande coisa. 90% das pessoas comem ovos de manhã! Pilhada.

30 anos depois, na mesma estação, o mesmo cara desce do trem e se espanta de ver o  mesmo índio sentado, enrolado em sua manta.

– Ué!!! Você? Mas como?

– Cozidos!

Esta aí, estava na mão do faraó cujo túmulo foi descoberto esta semana e que data de 1500AC.

Mas que é boa, é.

Já se estudou – para tentar transformar em algo que se pudesse aprender – quais as caraterísticas principais de uma piada, uma anedota.

A única regra é que a narrativa deve ter um fim inesperado e divertido.

Os dois exemplos aí de cima são clássicos.

Mas, a verdade é que ninguém aprende a inventar piadas. Tão pouco se sabe como elas nascem e onde.

Nos tempos do regime militar, uma das coisas que se pesquisava era a velocidade de deslocamento de um boato.

Bolava-se um boato que obedecia a determinadas características que lhe garantissem a originalidade e a impossibilidade de ser divulgado pêlos meios da mídia, só e exclusivamente no boca a boca.

Soltava-se no Rio e controlava-se a sua chegada no Rio Grande do Sul.

Como até hoje eu não entendi os resultados, não irei dizer quais eram mas saibam que eram inacreditáveis.

O mesmo ocorre com as piadas.

Antigamente eu mantinha um caderninho em tomava nota das boas piadas que me contavam.

Anotava só o leit motiv assim que muitas vezes não consigo mais lembrar do que afinal se tratava.

O mais importante porém é que, daquelas que eu lembrava, a maioria eu acho sem graça.

Donde se conclui que a capacidade de achar graça e rir é inversamente proporcional à idade.

Eu até calculo a idade mental dos pátrias pelas suas reações às anedotas.

Se o cara se esbagaça de rir com uma história façameofavor, é porque  ainda não pode tomar a primeira comunhão.

Não confundir com o “não entendi “que já é um outro capítulo da psicopiadologia, ramo da ciência que estuda o homem e suas relações com o humor.

Sabe-se que os animais não riem e tem muitos neguinhos que acham que esta é a grande diferença.

Outros acham que a diferença reside na maneira de urinar: o homem é o único animal que sacode!!!

Ou seja, o besteirol é vasto e, muitas vezes divertidíssimo.

Seria interessantíssimo um livro que contasse todas as idéias malucas que andam pôr aí para explicar determinados fatos naturais.

Claro que deveriam começar com as letras de samba enredo.

Quem fez obra parecida mas pontualizada foi o Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta, que escreveu “Festival de Besteira Que Assola o País ” logo depois de implantada a Gloriosa de 64.

Eu tinha lá na praia mas, sumiu, foi-se para a quinta dimensão, junto com outros livros, isqueiros, guarda-chuvas e umbrelas.

A quarta dimensão, muito usada em narrativas fantásticas, para quem não sabe, é o tempo.

Um fenômeno no espaço, às vezes, não fica perfeitamente definido somente com x y z, necessita do t, a quarta dimensão, a quarta medida.

O tempo biológico não é quarta dimensão, expressão que só deve ser usada quando a problemática envolver noção de posição.

Se a terra fosse parada no espaço, não haveria dias noites etc. ou seja não haveria tempo-dimensão.

Deu para entender?

Acho que sim e vamos em frente.

Quando a palavra em Português é um pontapé no saco e sonora em outras línguas, eu me nego a usar o vernáculo.

Entre sombrinha e umbrela acho que não há a menor dúvida.

Entre “pret a porter” e “meia confecção” a coisa fica ainda mais contundente.

“Bunda ” você não fala em reuniões sociais porque seria de mau gosto mas se você disser que fulana leva um belo “derriére “as pessoas vão achar a expressão trés chic.

Acho que, depois do Latim, o Francês é a língua mais expressiva e elegante em uso pelo macaco nu.

No livro “Memórias “do João Neves, há n citações em Francês que enriquecem e embelezam qualquer texto.

Eu ainda vou ler de novo os dois volumes ( um já me afanaram), só para copiar as citações.

Com o que vou encerrando.

Não sem antes dizer que os Registros de 1997 já estão comigo e serão distribuídos no primeiro domingo em que a mocidade se reunir.

Estão fracotes principalmente porque perderam-se umas cinqüenta páginas.

A regra deve ser contar um fato e bordar considerações se possível jocosas de modo que os leitores gostem.

Boas notes.

 

Terça-feira, 10 de março de 1998, 21:02, CHUVA, ESFRIANDO.

 

Depois de exatos dez dias de sol e calor intenso, tivemos hoje uma queda de dezoito graus na temperatura!

Cara de inverno.

Retornei da praia hoje de manhã; Heloisa ficou mas telefonei há pouco e está arrependida devido à mudança no tempo.

Talvez eu consiga terminar minhas pendências amanhã e volto para o Imbé.

Segunda feira ou terça, encerraremos o veroneio.

Hoje arrumei a chave do carro que havia pifado na semana passada.

Saí do Imbé às seis da matina e cheguei aqui às oito; fui ao forum, ao mecânico e ao banco.

Lá pelas dez desabou um toró de assustar.

E foi a partir daí que a temperatura despencou.

Bem.

A gente passa a vida pensando em fazer uma piada ou pelo menos construir ou participar de um episódio único e nada.

Subitamente a coisa acontece.

Hoje a Secretaria da Fazenda me pediu detalhes sobre um semovente que constava de uns bens a inventariar.

Acontece que o Código de Processo arrola os bens que devem ser declarados e a seqüência de como devem ser descritos.

Há o item “Semoventes “.

Coloquei o item e embaixo escrevi: “nihil “ou seja, “nada”.

A Fazenda pediu-me para especificar idade, tamanho, valor etc. do semovente nihil!!!

Estes dia eu ia indo para o forum e chuviscava, ou melhor, garoava.

Passa uma senhora com o guarda – chuva aberto.

Aí para, põe a mão para fora do guarda – chuva, verifica que não chove mais e fecha o trambolho.

Também foi um espetáculo inédito, uma charge viva.

Bem.

Os Fietz foram para a praia no fim de semana sem a Helena que está ingressando na gloriosa fase conhecida como adolescência.

O Tergolina, que estava no Imbé, galeteou conosco no domingo.

Na sexta feira fomos, com os De Gasperi e o Tergolina, tomar uns chopes em Tramandaí, no Willi, que continua ruim e caro.

Hoje o Grêmio joga no México mas acho que não vou agüentar porque estou com muito sono: levantei de madrugada.

Sem notícias do Bolão, Liege e crianças que já devem estar morando na casa nova.

Casa nova é força de expressão porque a casa é muito velha.

Se tiver goteiras, hoje deve ter virado uma cachoeira.

Esperemos que não.

A partir da semana que vem estaremos aí para darmos uma força.

A novidade da praia é um produto novo, um fixador de cloro para a piscina.

Como sabemos todos, o cloro em presença da luz solar, simplesmente se esvanece, palavra chic.

Em dez minutos a concentração de cloro na água vai de 3,5 para 1 e olhe lá.

Com o tal fixador, passei dez dias sem botar cloro na água e a piscina estava como num musical da Metro: uma maravilha!

Nos testes, a quantidade de cloro na água mantinha-se sempre alta.

E, em conseqüência, a água limpíssima, livre de algas.

Vale a pena porque o produto é aplicado uma só vez na temporada.

Veremos o que acontece no inverno; vou deixar a piscina descoberta e checar o aparecimento das algas.

Hoje é o aniversário da Cláudia, ainda não instalaram o nosso telefone no Imbé, o Bonetto acaba de telefonar, segunda feira é o meu aniversário, a Saara pretende ir para a praia no sábado, o piso dela está uma droga, a mãe está bem, a Alda ídem o Paulo cada vez mais cada vez, sempre indo para algum lugar e nunca indo enfim, tudo em paz.

Preciso saber de como anda a gurizada e o cachorro Conan que, conforme informações da Isinha estava meio jururu quando veio da praia.

Assim que vou telefonar.

E vou tentar pagar uma conta pelo Real Home Banking.

 

Quarta-feira, 11 de março de 1998, 21:30, TEMPO BOM.

Ao que tudo indica, o outono está desembarcando, de mala e cuia.

Ano atrasado – que expressão antiga – viemos da praia mais ou menos nesta época e ídem começavam a soar les sanglots longs des violons d’autone.

Quem tiver dúvidas consulte os registros de 1966.

Esta é a grande vantagem de registros como estes: quem é tarado pôr estatísticas pode fazer constantes verificações das freqüências dos eventos e formular as leis decorrentes.

Só não deve se aventurar na previsão do temo do próximo verão porque para isto é necessário conhecer Cabala, conhecimento aliás que começam a entrar em moda.

No último domingo, no Fantástico, apareceram uns picaretas intitulando-se mestres de Cabala, beneméritos cidadãos que pôr alguns poucos pilas, transmitem para umas gordinhas mal amadas os segredos dos filtros do amor e os encantamentos para separar amantes.

Negócio aí meio de Idade Média, dos romances de Giesta, Cantigas de Amigo e outros babados que tais.

Acho que vou terminar o meu manual de Magia.

Acontece que a matéria é própria para ser versada pôr picaretas e eu não consigo me afastar dos fatos ou de sua interpretação experimental.

Quando se adentra a Magia, a gente deve adotar uma posição não científica e não céptica e aí é que começam as dificuldades.

Pôr exemplo, eu acredito firmemente que a sorte existe e que pode ser induzida pôr determinados comportamentos.

Tenho certeza porque já fiz experimentos mas não consigo me livrar da dúvida de que estou afirmando e defendendo uma tese que é pura tolice.

E, não é.

Muito bem, mas neste caminho passa a ser razoável admitir que os filtros e os encantamentos também podem ser reais e também serem evocados pôr comportamentos determinados.

Porque não?

Se existem seres que comandam a sorte, porque não existem também os que regem os encantamentos?

Falo em encantamentos porque são a forma de magia mais comum, mais amena e mais praticada, mesmo que os praticantes não saibam o que estão fazendo.

No livro que estou escrevendo, explico como se especificam as diferentes práticas mágicas.

Vamos ver o que posso fazer neste inverno em matéria de literatura.

Estou me convencendo que devo dedicar-me inteiramente à advocacia, porque adquiri bastante conhecimentos que me permitem ajudar as pessoas aflitas.

O problema é que são tantas as agressões ao direito das pessoas que se o advogado se empolga e se arma com a espada de paladino da lei e da justiça, acaba na Pinel.

Mas que estou me empolgando, estou.

Não sou muito vulnerável à vaidade ou à lisonja mas me agrada saber que meus argumentos são convincentes.

A minha lógica, reconheço que não é empolgante mas penso que seja convincente.

Para lições de Lógica, vide Cícero: até hoje não sei se o Grão de Bico era espontâneo ou se preparava as suas arengas.

Porque ele desenvolvia suas teses de um modo tão completo e coerente que a gente fica sem saber se ele as construía na medida em que os adversos levantavam suas oposições ou se já começava com a ladainha toda desenhada.

Não era fácil o Dr. Marco Túlio Cícero.

Neste momento histórico em que, ao contrário do que se pensa, o Estado cada vez mais domina, ou quer dominar, os cidadãos faz muita falta o Cícero que pregava  a prevalência da lei sobre o Estado.

É aquela velha história :

” Il y a Sire, les lois du roi et les lois du royaume et ces sont celles ci que permitent au roi d’ être roi.

O francês está midueño e da frase somente guardei o sentido mas perdi a elegância dela o que é uma pena.

Ainda irei escrever ao Brossard pedindo que me mande o texto completo.

Amanhã de manhã volto para o Imbé; penso que terça feira encerramos o veroneio.

Planejamos voltar pelo menos uma vez pôr mês mas isto fazemos todos os anos e acabamos não cumprindo.

Vamos ver o que acontece na Páscoa.

Acabo de falar com o Dr. Barrios e está tudo bem; de tarde falei com o Ângelo que está gripado. Informou que o Conan ( Kleber) continua crescendo e engordando.

O João instalou um soft que permite conversa telefônica via computador.

É bem interessante e tem muitos mais recursos  e devagar vou aprendendo a usá-los. A placa de modem eu já tinha apenas não estávamos usando todos os seus recursos.

Era a melhor placa até dois meses atrás; agora já existe uma melhor que poremos no escritório.

Falei com a Saara e dei notícias sobre a obra: ela pensa que trocaram a cor do piso que comprou mas eu posso ter me enganado no que vi porque não prestei muita atenção.

Bolão continua sumido e como não tem telefone, fica difícil.

O celular dele está com a Heloisa na praia.

O Grêmio ontem perdeu para um time mexicano miserável: o jogo estava tão ruim que só tive saco para ver o primeiro tempo, uma pelada horrorosa, um jogo de várzea.

Interessante que o Grêmio está com bons jogadores mas com um time ruim. O ano atrasado era exatamente o contrário.

O pobre do Roger – um bom jogador – está tão ruim que levou um baile dum ponta miserável mas um baile tão baile que parecia o Garrincha com os seus Joões.

O tal de Ronaldinho, um juvenil que pintou bem, ontem estava horroroso, não passava nem pela bandeirinha do corner.

Falando nisto, o meu velho amigo Gilberto Medeiros está pela bola sete.

Paciente do Carlos.

O Gilberto foi o primeiro civil com quem eu me dei bem quando fui para a reserva; ele já era diretor da Aplub.

Ainda é.

Há uns quinze dias ainda falei com ele porque era oposição ao Amorety nas eleições do Internacional.

Estava bem ou pelo menos aparentava estar bem.

Como diziam os antigos: “Para morrer basta estar vivo”.

O que, convenhamos, é um baita dum truismo.

Bem, vou brincar um pouco com este computador.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 16 de março de 1998, 17:57, tempo bom, outono.

 

Hoje encerramos o período de praia relativo ao verão de 1998;

na verdade não foi bem verão mas, se considerarmos que a Terra andou se deslocando pela parte superior da eclíptica, o percurso correspondeu ao que chamamos de verão.

Mas, foi chuva e chuva: em março, na primeira semana, melhorou mas logo veio a chuva, o frio e estamos chegando no outono.

Portanto, aguardemos a Páscoa que deseja-se com temperaturas que convidem à mesa e ao vinho.

Falando nisto, vou mandar buscar em São Paulo uma caixa de filé de bacalhau do Porto, negócio muito sério.

Custa R$16,00 posto aqui; no mercado custa r$28,00 o quilo!!!

Esta foi a matéria prima do famoso bacalhau feito pela Alba há uns dois meses e que ficou na História da Gastronomia familiar.

Vamos torcer para repetir.

Acabaram de telefonar a Lucia e a Luciana; outras pessoas já telefonaram mas eu estava “torando “.

A Enilda me achou acordado.

Quando estava chegando no Imbé, uma tombeira, inesperadamente e sem nenhum pressuposto, bateu na traseira do Gol.

O motorista era um senhor bastante idoso, muito idoso e que sequer percebera que eu estava parado na frente dele.

A tombeira, novinha, é de uma firma de Engenharia da qual o filho do velho senhor é o gerente geral.

Já falei com ele que prontificou-se a pagar o prejuízo.

Os dados dos personagens estão na minha agenda de endereços.

O João até já foi no chapeador para obter um orçamento.

Sabemos que todos os anos o Dr. Nilson surge com uma novidade lá pela praia.

Este ano tivemos o rumoroso caso do jipe, que ainda não terminou e que pode ser resumido da seguinte maneira:

Pôr razões desconhecidas, o Dr. Nilson resolveu trocar um jipe novo pôr um jipe velho, um cacareco da década de 50 e que está sendo consertado(?) com peças de um Galaxie demolido!!!

Como seria de se prever, os consertos nunca dão certo e o casal – que já deveria ter ido para S. Catarina e Goiás – permanece ancorado no Imbé, sob violentos protestos da D. Vera, já de si meio enrolada com o quotidiano.

Ontem, meia noite, o mecânico foi entregar o jipe mas a tradição não se processou porque o Dr. Nilson achou os serviços mal feitos.

Penso que o Dr. Nilson não está com todas as porcas apertadas: alguma deve estar meio frouxa.

 

No mais tudo como de costume: Heloisa sempre relutando em deixar o Imbé mas satisfeita quando chega aqui.

Realmente nossa casa é muito boa e está bem conservada.

Agora de noite, iremos jantar no restaurante Os Italianos para festejar o meu aniversário.

Penso que irão todos.

Hoje recebi o processo da irmã do João x IPE, em condições para requerer o precatório.

Andou rápido o processo.

O da Ilsa já está para sentença mas dificilmente poderá ser executado este ano.

Acaba de telefonar a Graça que não pode ir ao jantar.

Ante – ontem faleceu o Gilberto Medeiros que conheço desde a minha chegada na APLUB.

Uma pessoa séria, correta e muito combativa. Foi presidente do Inter e autor de uma frase que ficou famosa: “assumo a presidência não para ganhar títulos mas para pagá-los “.

Foi também quem criou a metáfora “Império Otomano “para se referir ao Azmuz, Zaquia e outros arabatachos que dominaram o Internacional pôr longos anos.

Uma pena: o amigo dele, pessoa que eu também gostava muito, o Olinto Zinn , já faleceu há bastante tempo. Os dois eram inseparáveis.

Interessante: conheço vários casos de amigos inseparáveis que co-morrem numa seqüência muito rápida.

Pode e deve ser coincidência.

Hoje telefonou o Pingo para cumprimentar pelo aniversário e ver se o João não arranjaria um emprego para ele na área de Informática.

Vou ver o que posso fazer.

Amanhã vem o Ledi e vou preparar um lugar na churrasqueira para colocar um refrigerador maior.

A Heloisa está de olho naqueles refrigeradores que são também mostruários e que ficam no supermercados exibindo sucos, leite etc.

Realmente são muito bonitos mas ídem muito caros.

Trouxemos da praia um porção de mudas. Daquelas florezinhas que só se plantam uma vez; trouxemos também uma bela muda de Rainha da Noite.

No Imbé este ano plantamos pouco: a preocupação maior foi podar o que já existe principalmente pôr causa da piscina.

Árvores e piscinas não se dão bem.

O que estava lindíssimo este ano foram as hortênsias que floriram em azul, rosa, lilás, cores nunca vistas e muito bonitas.

Pena que em fevereiro já comecem a secar.

O que fica bonito em março são as alamandas.

Estou reforçando o time das alamandas: já plantei mais uma ao lado do portão do Antônio Pedro.

Flores devem ser plantadas em grandes touceiras de uma só espécie: nada é mais bonito do que touceiras de petúnias, alegria de jardim, flores do campo etc.

A única flor que é feia ao natural, no pé, é a rosa.

Talvez seja porque o efeito touceira só se obtenha em vasos.

 

Quarta-feira, 18 de março de 1998, 22:52,tempo chuvoso.

 

O jantar de aniversário nos reservou uma grande surpresa: o presente para Heloisa e eu foi uma viajem de dez dias para Portugal, um antigo desejo meu!!!

Realmente nunca imaginei e ficamos bastante emocionados com a mensagem intrínseca do presente: o desejo de nossos filhos de nos proporcionarem algo muito agradável.

O que nos faz pensar.

Espero poder aproveitar tudo o que Portugal pode oferecer em matéria de História.

Como sabemos é uma das nações mais antigas da Europa e as heranças nórdicas, romanas e árabes estão presentes em seus costumes e arquitetura.

Vou reler “Lendas e Narrativas ” e levar junto a “História de Portugal “de ª Herculano.

Os livros do Eça fazem com que criemos imagens dos cenários portugueses que não devem ter mudado muito.

Farei o maior esforço para conhecer uma quinta, a estrada de Sintra, qualquer cidadezinha do Algarve, comer bacalhau nalguma tasca costeira, desfilar pelo Rocio etc. etc.

Hoje o Napoleão me deu algumas barbadas mas o gosto dele não sintoniza muito com o meu.

Também percebi que sua erudição sobre Portugal, é mínima.

Aliás, acho que há uma certa dose de snobismo nas pessoas que desdenhan Portugal e Espanha em favor de Paris.

Sob qualquer ponto de vista, romano ou otomano, a península Ibérica é superior à Gália, principalmente em História.

Acho os franceses uns gambás pouco asseados.

Pelo menos todos os que conheci eram assim.

A França, das perucas, dos piolhos, do budum, não me atrai.

A comida francesa, alguns objetos repelentes mergulhados em gelatina, sequer despertam o meu interesse visual.

Acho o cúmulo da cafonice o cara pagar US$100,00 para dar uma volta de barco no Sena enquanto janta uma galantina do ano passado e toma um beaujolais que envergonharia qualquer produtor de vinho de garafon.

Antes o “Cisne Branco “.

E não se diga que são uvas verdes. Nos tempos de riqueza, recebi vários convites para passar semanas em Paris e nunca aceitei.

No Plazza Athenée.

Tenho certeza de que os bufarinheiros do Country Club irão perguntar:

– O que? Foste a Lisboa e não foste a Paris? Não dá para acreditar…

A resposta também não vai dar para acreditar.

Igual aquela que a Isolda dá para o Osvaldinho no episódio da sala de aula.

Não há nada pior na fauna social do que mercadores emergentes: eles somam vulgaridade com insegurança e o resultado é péssimo.

É como dizia o Pitigrilli: a burguesia emergente, que ainda tem um pé na lavoura, devia ir à praia de borzeguins para esconder os tornozelos!!!

É que, diz-se, o pé de uma criatura nos conta se ela descende de cavaleiro ou de peão.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 20 de março de 1998, 17:45, tempo ótimo.

 

No próximo final de semana, a esta hora, é possível que estejamos passeando pôr Lisboa Velha.

Ontem pesquisei, no Atlas, o percurso que iremos fazer e a coisa é séria. Das cidades a percorrer, a mais moderna foi retomada dos mouros ou assemelhados, no século XIV!

De cara, vamos à Fátima, Óbidos e Coimbra, para o Norte portanto.

Não esquecer que a parte do país ao sul de Lisboa foi tomada dos mouros em épocas mais recentes, coisa aí de 500 anos, um pouco mais.

O Porto é ao Norte e o Algarve ao Sul de Lisboa.

Já estudei um monte de coisas mas o meu Atlas Zero Hora, o bom, creio que emprestei para o Ângelo.

Vou telefonar para ele perguntando.

A partir de segunda feira começo a me aculturar a mil.

Acaba de telefonar a Asta que mudou-se lá para a 24 de outubro. O ingo também mudou-se para um baita apartamento no Morro Ricaldone, o que era o sonho dele.

Uma história comprida atrás disto.

Hoje ouvi uma entrevista com o Galo Missioneiro e achei que ele está com um discurso bastante melhorado.

Tudo indica que será ele o adversário do Brito; o Tarso não tem base partidária para ganhar uma prévia do Olívio.

E o Olívio não tem cacife para ganhar do Brito.

Salvo se as coisas ficarem tão ruins que o socialismo volte a ser uma esperança.

Mas acho que isto não irá acontecer se bem que esteja muito difícil viver neste país.

O que se nota é uma crescente fome pôr dinheiro de modo que está todo o mundo achacando, cobrando, roubando, pedindo etc.

É impressionante!

Pretendo adotar um esquema de vida em que nenhuma oferta irá me comover.

Pode oferecer um Cadillac conversível pôr R$1,00 que eu não compro.

Não compro mais nada.

Agora só vendo serviços jurídicos.

Vendo.

Hoje tem jogo lá no Vares.

Ao que tudo indica, as gêmeas caíram das bocas mas hoje teremos a confirmação.

A situação está feia para a Edda que não quer deixar sua casa aqui mas já está morando em Curitiba.

Consta que foi o Luiz quem aconselhou ao Rolla para vender a casa aqui e se mandar.

Se isto realmente acontecer, duas coisas:

– Ou o Rolla volta em um ano ou

– apaga a vela muito breve.

Ele é o cara mais portoalegrense que eu conheço, daqueles que consideram a Praça da Alfândega sua propriedade particular.

Nascido, criado e vivido.

Está permitindo que uns bagaceiras tomem a cidade dele.

É assim que se perdem as guerras: é quando se perde a vontade de lutar.

Eu vou começar a andar armado com a firme intenção de acabar com uns dois ou três pivetes.

Ainda vou decidir se faca ou revolver.

Faca é ótimo: a gente conhecendo o pivete – o que é fácil – encosta atrás dele e enfia a faca na espinha.

Ninguém percebe porque o cara nem grita.

Estou devendo isto para mim mesmo desde que os filhos da puta me bateram uns trocados em 1996, um dia antes de embarcar para St. Louis e me romperam um monte de ligações do braço direito.

Promessa é divida e estou prometendo aqui e agora.

Ontem meteram de novo a mão no meu bolso mas não tinha nada.

Interessante que isto só ocorre nas vésperas de viagens para o exterior.

Não acredito em olho grande  e até nem aconselho.

Bem.

Heloisa saiu para levar D. Alda a um médico; digo um médico porque ela decidiu fazer uma maratona pôr tudo quanto é esculápio de Porto Alegre que mantém convênio com o B. B.

Se a Alda soubesse quantos exames os caras vão pedir e o que significa para o organismo qualquer exame destes, ficaria no seu canto tomando chá com biscoitos e vendo a novela das seis.

Acho que a penúltima década da vida, digamos que agora seja dos setenta aos oitenta para os longevos, o personagem ainda pode se agitar pela aí mas depois deve se recolher aos seus penates, sejam eles quais forem.

Acontece que quando os familiares mais moços vêm um pai ou um avô sentado ao sol numa cadeira de balanço, simplesmente pensando, acham que aquilo é um prenuncio de tumba e tratam de agitá-lo.

Grande engano pensar que agitação é sinônimo de vida.

Agitação é sinônimo de mediocridade, de ignorância, comportamento de ralé.

Visualizem um Te Deum na capela de um mosteiro trapista e, ao mesmo tempo, o auditório do Faustão na apresentação daquele louquinho já meio velhote, o Lulu Santos.

Não precisa mais nada para sentir o perfil psicológico dos participantes.

Bem.

Os PT estão fazendo grandes confusões no trânsito; eles acham que basta trocar mãos, colocar umas sinaleiras e umas placas e o transito em Porto Alegre vai ficar jolia.

Na verdade se ainda não estamos totalmente engarrafados, devemos isto ao Socias Villela que fez grandes obras pôr aqui como as perimetrais, o Projeto Renascença, o Parque Marinha , o Parcão etc. etc.

Todos achávamos que o dimensionamento proposto e executado pelo Vilela agüentaria até 2025 mas não é bem assim.

As Universidades desequilibraram o sistema viário sobrecarregando os eixos de escoamento para o Norte (Unisinos etc) e para o Leste PUC.

O Paulo Petrolino desequilibrou para o Oeste e a Restinga para o Sul.

Agora, com as fábricas ao longo da friuei, o eixo Leste -Norte que era mais ou menos folgado, irá saturar.

Aguardemos que a Transpolentona alivie a barra.

Aguardemos também que os PT acabem pôr entender que viadutos são obras de arte correntes e não ideologia capitalista.

Tenho a impressão que, se depender do Burrão ( Ex. Cachorrão), tudo que vai sair será uma ponte pênsil pôr cima do Ipiranga.

Digo mal, não será ponte pênsil: será uma ponte de concreto capaz de servir de moradia para um monte de papeleiros com o que estará justificado o gasto e atribuído um alto conteúdo social ao empreendimento.

Então tá.

Até a próxima.

 

 

Segunda-feira, 23 de março de 1998, 21:34, tempo bom.

 

Ontem, grandioso churrasco que pôr sinal estava ótimo: o Zaffari estava vendendo uns vazios uruguaios de tirar o chapéu.

Melhores do que os argentinos porque frescos.

Até na Feira a carne era uruguaia.

Hoje o Ângelo veio estudar Português e Matemática, o que pretende fazer todas as segundas feiras do ano.

Acho que será bom para ele, principalmente se começar cedo.

O João instalou um CD de 32 x que é o último grito no mundo. O Pingo também instalou um.

A única coisa que não funcionou aqui foi a super placa de fax – modem da Genius, 36: a Internet só entra com 19,200, no máximo.

Decerto eles acabam chegando lá.

Comprei dólares turismo e acabou aquela história de passagens, limites etc: você pede quanto quiser e paga quanto o banco te cobrar.

Penso que até mais caro do que no paralelo.

Comprei US 2.000,00.

Como a viagem está toda coberta pôr vaucher, não vou conseguir gastar tanta grana.

De qualquer forma, sigamos a velha regra: para viagens, leve metade da roupa que imagina irá usar e o dobro do dinheiro!!!

Amanhã vou comprar um abrigo bom mas até isto estou pensando porque o meu velho não é tão velho assim.

Esta histórias de usar roupa nova em viagens, é coisa de jacu.

Não quero dizer que não sou jacu em termos de Europa mas no mais, já tenho um bocado de quilômetros rodados. E sei que sapato novo e roupa idem são um perigo: sapato então pode criar um problema insolúvel quando machuca os pés e cria bolhas etc.

Pior do que bolhas nos pés, só diarréia.

Macaco velho então viaja de sapato folgado, só come massa e arroz e de bebida só coca ou água mineral.

Ou bacalhau!

Claro que bacalhau vai bem mas com o vinho já deve haver cuidado.

Nunca esquecer o famoso episódio do pato com tucupi lá em Belém do Pará, quando estávamos no 3º ano da EsCEME.

Pasteizinhos de Santa Clara com chá japonês, vão bem, muito bem…

 

Há muito tempo atrás, um filho do Moreira Leite importou um restaurante de Portugal.

Veio tudo: o nome ( A Tasca ) louça, talheres, móveis, panelas, cozinheiro, maitre, garçons, receitas etc. etc.

A comida era uma loucura e a coisa ia de vento em popa mas os cutrucos não agüentaram o calor do Rio e se mandaram.

Foi uma pena: a Tasca durou pouco.

O Dr. Bolão ainda almoçou um dia lá.

Vou atrás da Tasca lá pôr Lisboa.

Bem.

Sábado aconteceu o aniversário da Isinha que fez um almoço ( paella ) para a parte feminina e adulta da família.

Heloisa disse que estava ótima e que a tal paella é uma boa pedida: quem faz é uma patroa de Cachoeirinha ou Gravataí.

Bom  e barato.

É o que dizem.

Domingo, no churrasco, comentou-se o aniversário do Carlos tendo o referido declarado que, contrariamente ao que aconteceu o ano passado, não teremos festas porque certamente estará fora, em viagem de serviço

Como os participantes embargassem tais declarações, buscou-se socorro nos registros/97.

Verificou-se então que o Dr. Barrios usara exatamente o mesmo expediente para evitar festejos natalícios.

Os debates prolongaram-se até a sobremesa mas não chegou-se a conclusão alguma.

A Mesa recomendou que dia 28 março os interessados devem telefonar ao lar dos Barrios e, subtilmente, inquirir a Ana que ela entrega o ouro.

Daí é só ir para lá e faturar uma salada de macarrão e um purê de claras.

Bem.

A turma menor está bem: todo o mundo crescendo violentamente, com destaque para o Ângelo e o Pablo.

O Diego também está espichando muito.

O Chico e o Zé parece que estão de adaptando muito bem.

O Chico já está estudando Informática no Colégio da Fleras, N. S.da Glória.

Quando a gente sai do Barro Duro, é muito difícil não melhorar…

O Bolão está dando um duro danado e diz que quando a Liege começar a trabalhar, larga os PT de Gravataí ou Cachoeirinha, per me é tuto la mesma romba.

Falando nisto, ontem foi a eleição de escolha do candidato do PT a governador.

Disputaram o Olivio e o Tarso.

Ainda não acabou porque houve impugnações, acusações de mutretas, tudo igual aos partidos bagaceiros como dizem os do PT.

Começa que dos militantes, nem 30% compareceram para votar porque os neguinhos tinham que estar em dia com a caixa do partido e na hora de pagar a militância vai para o boteco gastar em trago que é mais melhor.

Os PT gostam mesmo é de sair para a rua com a s bandeirinhas e faturar dez pratas e bóia pôr meia jornada.

Só que não é PT: aqueles pintas sacodem até bandeira da TFP.

Acho que a eleição para Governador do Estado, se não acontecer um acidente de percurso, vai ser uma barbada para o Brito.

Não voto nele mas também não voto no Galo.

Não voto no FH. Meu voto é para o Ciro Gomes.

Prá prefeito voto naquele caolho feio do PDT, Carlos não sei das quantas.

Não voto em candidato do PT, os caras avacalharam com a cidade.

A minha rua, lá no centro virou uma maloca.

A rua da Praia ídem: este Cachurrão ( Cachorro + burro + ão ) é um desajustado psicológico e social, um indivíduo cheio de ódios e rancores, um porcalhão, um biriva  do interior que não conhece e não gosta de Porto Alegre e não vai descansar enquanto tudo não for uma maloca só.

Hijo de Puta!!!

Ão, é de “boca mole “.

Assim que tenham todos uma boa noite.

Em tempo: hoje chegou carta da Lucia e como imaginei ela estava afim de ir para Portugal mas o Pfeifer está atarefado.

Quer viajar em outubro para Paris.

Vou pensar se vale a pena pagar para ver.

E, como já disse, tenham todos uma boa noite.

 

 

 

Quarta-feira, 25 de março de 1998, 22:25, tempo bom.

 

Hoje foi dia de arrumação de malas; o Bolão veio nos trazer duas que são ótimas, malas de milionários.

A Patrícia também colaborou com valises muito boas e estou utilizando a “necessaire “do Carlos.

A minha Sansonite de couro, encontra-se desaparecida.

Vamos com bastante espaço: no fim a gente acaba aprendendo a não exagerar na bagagem.

Penso que um viajante civilizado e financeiramente confortável, deveria viajar só com a escova de dentes e o pente: o resto compra no local de destino, o que me parece bastante razoável.

Se, pôr exemplo, o pátria vive no Ceará e destina-se a Vladivostok, é melhor que ele compre roupas pôr lá!

Bagagens gigantescas são relíquias vitorianas dos tempos em que o império inglês compunha-se de lugares ínvios e gentes exóticas assim que os gentlemen deviam viajar com todos os seus terens para terem algum conforto fora das ilhas.

Quando fui para a Academia Militar, levei uma mala de bordo que ficou na história da turma.

Para quem queira ter uma idéia do que seria viajar com aquele monumento, ela está guardada no quartinho dos bagulhos.

Houve também o famoso retorno dos USA em 1994.

Conseguimos encher – literalmente – a garagem do Rick com os dezessete volumes que trazíamos.

Naquela oportunidade convenci-me que o Carlos Barrios , se houvesse nascido na Idade Média, hoje estaria na iconomia católica.

É iconomia mesmo.

Para Portugal, nossa bagagem está comedida: duas malas e meio vazias.

Hoje de tarde ainda tivemos que ir assinar a escritura do Pinho.

Não irei comentar porque a situação pôr lá começa a ficar muito feia.

A Renata não está estudando este semestre e a Kerber está chegando no limite.

Consegui salvar o apartamento do Cristal para as gurias.

O Pinho, com a venda do apartamento dá uma respirada mas o prosseguimento está muito difícil.

Bem.

Hoje saiu a sentença favorável à Ilsa Kieling; considerando que já há jurisprudência formada no assunto, não sei se o Estado sequer irá apelar.

Decerto irei ganhar uns pilas mas confesso que não fiquei satisfeito porque a Ilsa já ganha mais do que merece.

Quem está na terra tratando da saúde é o Nogueira Paes que continua  econômico como sempre.

O Amaury me contou as aventuras do velho para não ter que gastar o seu rico dinheirinho.

Lembrei de alguns episódios que tivemos, o Nogueira e eu.

O casamento da Mate Leão com o Carpenter Ferreira, foi digno de registro, o que farei em ocasião mais oportuna porque é uma história que merece disposição para escrever muitas páginas.

Quem sabe numa tarde de inverno?

A turma toda compareceu hoje para dar uma força e se despedir o que fez a Heloisa comentar que, em matéria de filhos e genros, estamos mutíssimo bem.

Quem sabe um dia – não pode demorar muito – juntamos a turma toda e vamos fazer um tour pôr aí afora?

Afinal, não somos muitos mas já dá para fechar um grupo.

Vou começar a levantar esta tese.

E, pôr hoje é só.

Devo retornar lá pelo dia dez de abril.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 9 de abril de 1998, 18:31, tempo bom.

Ante – ontem, quando chegávamos de Portugal, o Tergolina, que fora nos esperar no aeroporto, ouvindo os meus primeiros comentários sobre a viajem, disse que eu tinha matéria para um livro.

É verdade mas, certamente não irei tão longe;

assim que, para medir a extensão do tema, irei escrevê-lo com este tipo de letra, mais apropriado a assuntos principalmente medievais.

Para começar com uma grande síntese, a primeira idéia que me ocorreu depois da viajem foi escrever um artigo para os jornais, com o seguinte título:

“ESTAMOS TODOS ENGANADOS”.

Porque Portugal não é nada daquilo com que sonha nossa vã filosofia e nosso inegável despeito de colonizados.

Tudo acrescido da demolição promovida pelo Eça e pelo Ramalho.

Pelo menos eu sempre achei que iria me deparar com um país atrasado, um povo carola e anti-científico, vivendo em aldeias erodidas, tomando caldo verde e cultivando couves entre ruínas das passadas glórias, ruínas estas que  eles nem mesmo saberiam reconhecer e avaliar.

Como eu disse, estamos todos enganados.

A gente se depara com um país com excelentes estradas, tráfego civilisadíssimo, milhares de construções novas, sem mendigos, pedintes ou homelesses, pessoas educadas e bem vestidas que se comunicam de forma cortês e amigável; não há desemprego, a vida é farta e barata, as localidades do interior têm um aspecto agradabilíssimo com suas praças e jardins floridos, seus habitantes reunidos nos inúmeros cafés, um dolce farniente que nos encanta, a nós que já soubemos tê-lo e não sabemos mais.

E, tudo plantado, arborizado, florido.

Andando pôr lá, em determinado momento ocorreu-me uma metáfora do Chico Buarque, em Portugal não há arvores baldias, ou são oliveiras, azinheiras, castanheiros, nogueiras e freixos ou são corticeiras (que lá tem um outro nome).

Dominando o conjunto, monumentos que, diferentemente do que eu imaginava, tem suas raízes no século V antes de Cristo!

Porque Portugal foi uma florescente e rica  província romana, onde as construções castrenses estiveram lado a lado com vilas e cidades.

Quando estudamos o Império Romano, encontramos vários imperadores que sabemos peninsulares e que são ditos espanhóis mas é bem possível que tenham nascido na região onde hoje está Portugal.

Não esquecer que Portugal se caracteriza como país a partir do século XII; até então tudo era Espanha.

Creio que com esta introdução eu tenha feito uma moldura razoável para o quadro da narrativa seqüente que irá obedecer, no que couber, a uma ordem cronológica.

Assim que no dia 26 de março de 1998, às 14:40 pegamos uma avião no Salgado Filho com destino a São Paulo de onde iríamos para Lisboa.

Estavam no aeroporto  Isinha e o Lucas, a Ilsa e o João com a Rosane.

A surpresa inicial foi com o vôo que não ia direto a Lisboa mas ao Rio.

Considerando o medo que a Heloisa tem de pousos e decolagens, foi um complicador.

O Vôo para Lisboa deixou a impressão de algo arranjado na última hora: a comida péssima, tripulação de saco cheio e pouquíssimos passageiros a bordo.

Para piorar, tivemos que ir até a Oporto porque Lisboa estava sem teto.

Finalmente, às 1400h chegamos em Lisboa.

Havia uma moça da Cityrama nos esperando e que nos conduziu ao hotel.

O aeroporto é bem perto do centro, mais ou menos como aqui.

Em seguida Heloisa telefonou para a Cintia Novais e o marido dela, o Zé Novais foi até ao hotel para apanhar as encomendas que levávamos.

Ficamos surpreendidos com o Zé que imaginávamos um cidadão alto e muito bem apessoado.

Na verdade é muito simpático e alegre mas mais parece um árabe baixinho, narigudo e de bigodes.

Aí, pegamos o metrô – que os portugueses chama de metro – e fomos dar uma volta pelo Rocio, na chamada Baixa Pombalina.

Como sabemos em 1755 um terremoto destruiu parte de Lisboa e o Marquês de Pombal aproveitou para  reconstruí-la; daí a Baixa Pombalina.

Eu até já escrevi um episódio sobre o tema no “Osvaldinho “.

Fato interessante foi que o Zé estava completamente desorientado em Lisboa e me deixou com um giro de 180º na cuca. Depois, peguei o mapa para me orientar e a coisa não dava certo: ou o mapa estaria errado ou o Zé.

Era o Zé mas foi bom porque fiquei com uma orientação claríssima em relação à cidade.

Jantamos no hotel, chamado de Miraparque porque fica defronte ao Parque Eduardo VII e no dia seguinte, às nove horas apresentou-se a Porfiria, a guia da excursão para nos apanhar e começar o périplo.

Éramos oito pessoas, seis brasileiros e um casal de australianos.

Duas das brasileiras haviam vindo do Brasil em nosso vôo e foi um reencontro porque já havíamos conversado bastante na parada de Oporto.

Eram mãe e filha, a Olga e a Anamaria Penteado.

A Olga voltava a Portugal onde vivera grande parte de sua mocidade e ali deixara o seu grande amor.

Se dependesse dela, ficaria em Portugal e deixou-nos a impressão que a Anamaria viera junto para garantir a sua volta.

As outras duas acabaram pôr ser uma história ainda mais interessante.

Uma delas, falava muito e sempre de modo radical, objetivo e conclusivo; seu sotaque não deixava dúvidas de que  era uma carioca ou fluminense da gema, legítima.

Cada vez que ela abria o verbo – e como abria – a Heloisa me dizia que conhecia aquela voz mas não podia identificar.

Já no terceiro dia de andanças, surgiu o assunto chimarrão e ela declarou que tomava muito chimarrão quando morava no Paraná.

Aí a Heloisa perguntou se era em Curitiba e na Santa felicidade.

Quando ela confirmou, a Heloisa lembrou-se: era a Lurdes que morava defronte a Isinha no Virgínia III!!!

Foi uma festa porque tínhamos tido uma excelente ligação com ela que havia ajudado muito a Isinha com o Pingo.

Assim que  os componentes do grupo eram:

A guia Porfiria, o motorista Zé Luiz, Lurdes e Norma, Olga, Anamaria, um casal de australianos e  nós.

O veículo, uma excelente van com treze lugares, folgadíssimo portanto.

A bagagem ficou ao encargo da Porfiria que mediante uma módica gorjeta de 300 escudos para os bois dos hotéis, nos liberava de carregá-la a cada partida ou na chegada.

Tudo funcionou perfeitamente, civilizadamente durante toda a viajem.

A rotina era levantar às sete e quinze, malas no corredor, tomar um bom café e partir entre oito e meia e nove horas.

O roteiro do primeiro dia foi Óbidos, Nazaré, Batalha, Alcobaça. Fátima e Leiria.

Óbidos é uma vila medieval toda ela dentro das muralhas do castelo feudal que lhe dava proteção.

É a primeira grande surpresa porque as pessoas vivem lá normalmente naquelas ruelas estreitas e casas do século XII!

É um encanto e ficamos maravilhados mas, o melhor estava pôr vir.

De lá fomos para Nazaré, à beira mar, onde almoçamos e visitamos uma capela do século XIII que tem uma história muito interessante.

Acontece que a parte alta de Nazaré é uma falésia de rocha sedimentar bastante alta e íngreme.

Um príncipe estava caçando lá em cima e seu cavalo disparou no rumo do precipício sem que ele pudesse contê-lo.

Quando já na beira do abismo, apelou para Nossa Senhora do Nazaré e o cavalo estancou.

Naquele lugar ele mandou construir uma capela.

Foi lá que compramos um azulejo com referência à sogra e que dei para o Carlos…

Dali fomos para o Mosteiro da Batalha – ou de Santa Maria, seu nome original -( isto nem a Porfiria sabia), lugar que eu queria muito conhecer pôr causa de uma crônica do Alexandre Herculano que está no livro “Lendas e Narrativas “.

Quando eu tinha lá meus dez anos, a história do arquiteto do mosteiro, Afonso Domingues, me emocionou muito.

Afonso Domingues já estava velho quando começou a construir o mosteiro e o rei preocupado com sua saúde, substitui-o pôr um arquiteto inglês.

Retirados os esteios da  sala do capítulo, a cúpula despenca, o inglês enlouquece o rei mandou chamar Afonso Domingues já então velho e cego.

A resposta que ele dá ao rei é um resumo de toda a galantaria dos romances da Cavalaria.

Resumindo, ele fecha a abóbada conforme o seu projeto e na hora de decimbrar ( tirar os esteios) senta-se num banquinho debaixo do teto e ali fica pôr três noites.

Quando vão chamá-lo para receber as glórias do rei, Afonso Domingues está morto!!!

É uma pena que eu não tenha achado “Lendas e Narrativas” para reproduzir o episódio com mais fidelidade e com a grandeza do Alexandre Herculano, o Victor Hugo português ou se preferirem,  Walter Scott.

De qualquer maneira, foi muito emocionante para mim, estar no mesmo local em que Afonso Domingues fez suas vigílias confiando em que a abóbada não cairia.

No Mosteiro da Batalha tirei uma foto apontando para a data do túmulo de um rei de Portugal que lá está enterrado: 1220!!!

A construção em si é fantástica e o australiano a cada momento me perguntava de como os portugueses poderiam ter construído aquelas naves imensas e com mais de 80 metros de altura e com tanta perfeição, há quase mil anos.

Tentei explicar-lhe que naqueles tempos os construtores de castelos e mosteiros dominavam totalmente a cantaria, a marcenaria e a construção de andaimes.

Acho que ele não acreditou e ficou com a idéia de que estava sendo engazupado com a idade das obras.

A verdade é que temos uma deformação cultural que valoriza muito e quase que exclusivamente o que chamamos de ciência e progresso; desde os egípcios que as construções monumentais eram fatos corriqueiros na história dos povos.

Os construtores gregos e depois os romanos edificaram monumentos que nos deixam perplexos justamente porque achamos que sem a nossa técnica não seria possível levantá-los.

Lembro o Colosso de Rodes, o Partenon, o Foro de Trajano, o Coliseu etc. etc.

E o que dizer das cidades maias e aztecas?

Tiuauanaco?

Machu Pichu? Nazca?

Mais do que milagres são a prova de que temos uma noção errada dos conhecimentos dos povos antigos.

Acreditamos que o conhecimento científico nasceu no século XVII mas, estaremos certos ou apenas raciocinando contra a evidência?

Bem, prossigamos.

A seguir visitamos Aljubarrota, testemunha muda da terrível história de D. Inez de Castro.

O rei de Portugal casou seu filho, o Infante D. Pedro com uma princesa espanhola.

No séquito da noiva ia uma dama de honor, Inez de Castro, pôr quem D. Pedro se apaixona e com quem vai viver secretamente em um castelo em Coimbra.

Quando o rei descobre e pôr influência de seus ministros, resolve matar d> Inez.

Aproveitando-se de uma caçada de D. Pedro, os ministros – três – vão ao castelo de Coimbra e assassinam d. Inez.

  1. Pedro revolta-se contra seu pai mas é batido pôr este.

Quando o rei morre, sete anos depois, D. Pedro sobe ao trono e, no mesmo dia, desenterra D. Inez com suas próprias mãos e leva-a em procissão noturna de Coimbra para Alcobaça.

Em lá chegando, senta D. Inez no trono, coloca-lhe a coroa de Rainha de Portugal e faz com que nobreza, clero e povo beijem-lhe a mão e lhe jurem fidelidade.

A seguir, arranca o coração de dois dos ministros que assassinaram D. Inez: um pela frente e o outro pelas costas.

Após o que, enterra D. Inez em Alcobaça.

Os túmulos de D. Pedro e D. Inez são considerados os mais belos túmulos góticos do mundo.

Estão lá, em Alcobaça e parte deles, pequena parte está destruída, eis que quando a França invadiu Portugal no período das guerras napoleônicas, os sarcófagos foram violados em busca de eventuais riquezas.

É incrível mas os portugueses concertaram (?) o estrago com argamassa comum!!!

Camões escreveu um belíssimo soneto sobre esta história terrível.

Lembro que não observo rigorismo histórico quando narro esses acontecimentos porque é minha intenção despertar a curiosidade dos eventuais leitores que deverão saciá-la na “História de Portugal “de Alexandre Herculano, obra que tenho mas não sei onde está, talvez no sótão.

Idem para  “Lendas e Narrativas “.

E assim a pessoa sai de Batalha e Alcobaça completamente aturdido e dirige-se para Fátima.

É aquela Fátima de que ouvimos contar desde as primeiras lições de catecismo, onde Nossa Senhora apareceu várias vezes para os três pastorinhos e lhes deixou três mensagens das quais uma ainda não foi revelada e só o será quando a última das crianças com quem ela conversou venha a falecer.

Essa é Lucia que ainda está viva e reside num convento de Coimbra.( Passamos defronte)

Pois bem, depois de tanta carga emocional em Batalha e Alcobaça, Fátima nos parece um santuário banal, sem nenhuma carga mística.

É surpreendente mas foi assim que a senti.

No local onde Nossa Senhora aparecia, foi construída uma capelinha moderna que não consegue nos dizer nada.

Heloisa fez as suas orações, e eu também.

Um padre benzeu as medalhinhas que havíamos comprado numa das muitas lojas de lembranças e foi só.

Esperávamos muito mais.

De Fátima fomos para Leiria onde pernoitamos num hotel excelente.

Estamos no dia 29 de março e deixamos Leiria para visitarmos a cidade romana de Conimbriga.

Convenhamos que é muito difícil resumir em poucas linhas o que se vê e depreende das ruínas de uma guarnição e vila romana do século V A .C. mas tentemos.

As muralhas quase não existem mais pois foram demolidas e suas pedras utilizadas para cercar quintas, o que, pareceu-me ainda é prática corrente.

O aqueduto foi destruído pêlos visigodos quando cercaram a guarnição e vila.

Há casas confortáveis, banhos públicos, olarias e shoping centers ou o que mais se assemelha a isto.

Uma pequena anedota.

Quando servíamos em Cachoeira, o Batalhão dispunha de uma olaria cujo funcionamento sempre me pareceu totalmente irracional.

Pesquisando para melhorar a coisa, descobri que aquele modelo de olaria fora criado pôr Frederico o Grande para operar durante suas campanhas; chamava-se mesmo “Olaria de Campanha “no Manual do Engenheiro.

Descobri então que havia em uso na Europa um outro modelo, muito mais racional e econômico.

A verdade é que pôr mais que eu apregoasse as suas virtudes que aliás saltavam aos olhos, não tive tempo de implantá-lo em Cachoeira que até hoje permanece fiel a Frederico.

Pois os romanos já usavam o tal modelo moderno!!!

Quando vi a olaria deles imediatamente lembrei-me dos meus desenhos: as instalações são iguais, exatamente iguais!!!

E mais, eles fabricavam um tijolo triangular que lhes permitia construir pilares redondos de tijolos coisa que não fazemos e que seria muito econômico em residências.

Seis tijolos triangulares equiláteros e iguais, colocados lado a lado, compõe uma circunferência de raio igual ao lado do triângulo eis que, sabemos, o lado do hexágono inscrito é igual ao raio.

Os pisos de ladrilhos substituíam os tapetes e a maioria deles apresentam desenhos belíssimos.

As plantas das casas eram modernas, com entradas de serviço, estar íntimo, excelente iluminação, banheiras jacuzi etc. etc.

Diria que em matéria de residências, os romanos viviam melhor do que nós.

Em suma, o efeito geral da visita é que a gente fica meio inseguro do que acha que sabe a respeito dos povos mais antigos.

Passemos portanto a Coimbra, cuja origem também é romana.

Estivemos lá num domingo e portanto a universidade não estava com suas aulas funcionando.

Limitamo-nos pois aos prédios, em especial à Biblioteca, Reitoria, Salão de Defesas de Teses, Pátios etc.

Nada de mais a não ser a Biblioteca que é toda folheada a ouro do Brasil e construída com madeiras ídem.

Tem-se a sensação de termos sido roubados e muito roubados.

O que já é velho mas não dá para ficar-se conformados.

A cidade é grande, medieval, cortada pôr um rio bastante expressivo e tem do lado sul a igreja de Santa Isabel que é notável não só pela sua riqueza como também pôr conter a tumba da santa.

Não esquecer que Isabel foi rainha de Portugal e atribui-se a ela o milagre das flores.

Contam que ela saia disfarçada para levar pão aos pobres o que desgostava o rei seu marido.

Um dia ele resolveu dar um flagrante em Isabel e interceptou-lhe os passos na saída do castelo.

– Onde ides senhora e o que levais no regaço?

– Venho do jardim meu senhor e o que levo são flores.

A seguir Isabel deixa cair o manto e em vez do pão que levava, são rosas que  aparecem.

Si non é vero é bene trovato.

Diz a Heloisa que há um milagre semelhante na história de um outro santo da Igreja.

De Coimbra, com muita chuva, para Buçaco, um antigo mosteiro, hoje hotel, situado no meio de um jardim botânico, digamos assim.

Lugar belíssimo, arquitetura manuelina realmente caprichosa e reserva florestal muito bonita, com árvores e flores exuberantes.

Havia pôr lá um monte de estudantes visitando o parque, mesmo sendo domingo.

De notável a decoração com azulejos ilustrando poemas de Camões, Gil Vicente etc.

Existe lá um azulejo com a figura de Inêz de Castro tendo embaixo o famoso poema de Camões:

“Estava a bela Inêz posta em sossego…

Se ela foi parecida com a figura do azulejo, então era realmente muito bonita.

A Lurdes, que viajou pelo mundo inteiro e que doutrinava constantemente, lá deixou a sua pedrada.

Ela ficou encucada com uma palavra que não conseguia entender o significado e veio me perguntar.

Eu também não sabia mas resolvi dar uma olhada no azulejo em que estava escrita.

Eram uns versos de Camões, pôr sinal manjadíssimos.

E a Lurdes emendara duas palavras.

Perdeu a prosápia ou pelo menos, grande parte dela

quando lhe recitei os versos conforme o texto original, o que fazia desaparecer a apócope e pôr conseqüência o cacófato.

De Buçaco fomos para Aveiro, agora com sol.

Aveiro é a cidade dos doces, muito bonita, cortada pôr canais o que faz com que alguns portugueses mais patriotas a chamem de a Veneza de Portugal…

De qualquer forma é uma cidade muito bonita, um povo muito educado e de lá trouxemos uns ovos moles que foram degustados pela Isinha, Ângelo e Lucas.

Creio que ainda há alguns no estoque.

De Aveiro fomos para Espinho, uma praia muito conhecida, onde ficamos num hotel excelente.

Visitamos o cassino, passeamos pelo malecon, muito bonito, e fomos dormir para no dia seguinte, segunda feira , irmos para o Oporto, a segunda maior cidade de Portugal, sobre o rio D’Ouro.

Antes de chegarmos ao Oporto, paramos em Vila Nova de Gaia, na margem sul para apreciarmos a ponte sobre o rio e uma velha igreja do século XIII que domina a paisagem.

O rio é portentoso e muito bonito; as ribanceiras são altíssimas, creio que mais de cem metros e, do lado de cá se descortina a zona velha de Oporto, com suas casas amontoadas e empoleiradas na colina que desce para o rio; divisa-se também a parte nobre da cidade com seus edifícios e construções medievais.

Fomos direto para a cantina Ramos Pinto para termos uma aula sobre o vinho do Porto e degustarmos alguns tipos.

Lá compramos duas garrafas, sendo uma de coleção comemorativa do vôo do Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

Propus para a moça que nos recebeu a célebre charada do português: “Fala mal o filho do Couto, não é este é o outro “.

Fala mal o filho do Couto: Gago Coutinho.

Não é este é o outro: Sacadura Cabral!!!

Penso que não entenderam.

Em Portugal você não pode ser muito sutil…

Depois demos uma volta pela parte velha da cidade e pelo porto onde vimos uma velha fortaleza e uma estátua eqüestre do D. João VI a cavalo.

O cavalo tem uma pata levantada que os nativos dizem que aponta para o Brasil.

Lembremos que D’João VI fugiu de Portugal quando as tropas de Napoleão desembarcaram naquele exato lugar.

Lembremos que foi então que o Brasil deixou de ser colônia para ser Reino Unido de Portugal e Algarves, o que foi uma grande melhoria em nossa situação.

Graças ao Napoleão.

De tarde estivemos livres para passear e conhecer a cidade.

Andamos pôr ali e fomos a um shopping que tinha uns sanduíches notáveis feitos com uma bisnaga.

Diz a Heloisa que era de pão francês, o nosso conhecido pão d ‘água mas eu penso que não, que era o mesmo pão escuro que eles comem.

É escuro mas é delicioso: no início a gente olha e nem quer provar mas depois verifica que é melhor que o nosso.

Comemos muito pão em Portugal.

O hotel em que ficamos no Oporto era excelente.

No dia seguinte visitamos a zona dos vinhedos do Minho e fomos a Guimarães, Braga e Barcelos.

Em Guimarães, lugar onde nasceu Portugal, visitamos igrejas da alta Idade Média e tivemos a sorte de ser dia de feira, num lugar belíssimo na beira do rio.

A feira era mais completa do que as nossas, com tudo o que se possa imaginar.

Deu para avaliar e muito bem como é o quotidiano dos portugueses: de um modo geral é tudo mais barato e as frutas e verduras são muito bonitas.

Destaque para os moranguinhos que são enormes e gostosíssimos.

Peixe e flores de todos os tipos e matizes.

Tenho umas fotos da feira e das flores.

De Guimarães para Braga, lugar antiquíssimo onde a religião é levada muito a sério.

As ruas da cidade estavam todas decoradas de roxo, as cores da quaresma e as mulheres que iam à igreja estavam todas de preto, da cabeça aos pés.

Visitamos a Sé de Braga, o bispado mais antigo de Portugal, construção ainda do primeiro milênio.

Lá estão enterrados até romanos e existe uma capela em que estão as ossadas e uma lápide com os nomes dos enterrados.

O primeiro que aparece é do ano 48.

O que surpreende são os nomes: já naqueles tempos os nomes são familiares e portugueses.

Como Portugal foi colônia romana até ao séculoV D.C., é muito possível que os nomes sejam traduzidos do latim e aportuguesados.

Tirei uma fotografia da lápide onde aparece um Dom Rodrigo de Moura, enterrado em mil setecentos e picos.

Heloisa visitou o coro da Sé de Braga e ficou com medo: tudo escuro, tumbas e ex-votos de cera pôr todos os lados, não havia ninguém, só um guia meio tétrico, negócio meio puxado à Fantasma da Ópera…

De lá fomos visitar a Igreja do Bom Jesus, do século XVIII, feita com o ouro do Brasil.

A gente fica meio revoltado ao ver a grandiosidade e a inutilidade daquela obra.

Tem-se acesso à igreja pôr uma escadaria de 700 degraus; de tanto em tanto existe uma capela enorme com a estatuária dos passos do Calvário.

As estátuas são puro barroco, iguais àquelas do Aleijadinho.

Depois fomos para Barcelos, a cidade que deu origem à lenda do galo português.

Contam que um peregrino que ia para Santiago de Compostela passou em Barcelos e lá pousou.

Na manhã seguinte verificaram que o tesouro da igreja local havia sido saqueado.

Imediatamente culparam o forasteiro que foi condenado à morte.

Antes da execução ele teve direito a um último pedido e disse que queria comparecer perante o juiz que o condenara.

O juiz estava almoçando e o prato era um galo assado.

O peregrino então disse ao juiz:

– Eu sou inocente e a prova disto será dada pôr este galo que o senhor está comendo: como prova da minha inocência ele se levantará e voará!

O que realmente aconteceu.

O peregrino foi solto e o galo virou o símbolo de Portugal.

Se non é vero…

Os de Barcelos montaram um centro de artesanato numa edificação do século XI e lá a Heloisa comprou todo um galinheiro para parentes, amigos e eventuais.

Compramos também toalhas e as camisetas dos guris porque Barcelos é o maior centro têxtil de Portugal e essas coisas lá são baratas.

Não pensar que se trata de uma cidade: é uma vila muito simpática e com um povo muito hospitaleiro.

Depois voltamos para o Oporto – ou Porto como quiserem – para pernoite.

No dia seguinte fomos para o vale do Douro conhecer os vinhedos e as vilas de Amarante e Vila Real com seus castelos muito bem conservados.

Depois, já nas montanhas, visitamos Viseu, cidade antiquíssima onde existe um museu de pinturas muitíssimo interessante com, inclusive, os quadros do Grão Vasco o maior pintor português dos século XVI.

De Viseu para Urgeiriça onde nos hospedamos numa espécie de castelo de um inglês que era dono das minas de urânio da região.

Como o mobiliário e a decoração são originais, como não havia ninguém a não ser nós e a manor fica no meio duma floresta, Heloisa ficou com medo e dormiu com a luz acesa.

Acontece que quando fomos jantar, resolvi ir pelas escadas cuja iluminação é feita pôr umas luzernas desmaiadas e portanto escuras; nos enganamos de andar e fomos até ao porão e aí a Heloisa se assustou com o tétrico da casa.

Pôr acrescentar que chovia, fazia frio e o vento uivava…

Mesmo assim e mesmo que eles digam que há pôr lá alguns fantasmas britânicos, não apareceram.

De ruim só o café da manhã que foi o pior que tivemos em Portugal.

De lá, apesar da chuva e do frio, fomos para a famosa serra da Estrela, estação de inverno dos, portugueses que, quando neva, esquiam pôr lá.

Há um artesanato de couros e queijos muito variado e as roupas de couro e lã são bem baratas e bonitas.

Havia um pouco de neve e os australianos ficaram maravilhados e foram se atirar neve um no outro.

Eles já haviam se encantado com a chuva porque, de onde vem, não há chuva.

Fomos até ao cimo da serra, mais de 2.500 metros.

Na torre que marca o cimo e abriga os artesanatos, o vento uivava e a chuva cortava. Tirei uma foto da Heloisa na frente da Torre mas não saiu muito bem porque com aquele tempo não dava nem para ficar parado fazendo pose.

Fomos então para Castelo de Viseu, uma vila medieval muito interessante que está inteiramente dentro de muralhas.

Lá fomos visitar a rua da judiaria, local onde os judeus eram confinados pela Inquisição.

O acesso é muito difícil mas nós o fizemos ainda mais porque primeiro descemos até a praça da fonte pública e depois subimos uma ladeira que era cortada pela rua da judiaria.

Havia muitos moradores naquelas casas e todos muito amigáveis.

Conversamos com umas mulheres de preto e de chalé que estavam nas janelas nos olhando.

Nos mostraram onde terminava a rua e a sinagoga; contaram que de vez em quando aparecem pôr lá turistas judeus – elas não usaram a palavra

“turistas “-, que vão rezar na sinagoga, um prédio baixinho com um pé direito de pouco mais de um metro.

Quando já nos preparávamos para descer a rua dos…dos, não lembro o nome, uma das moradoras disse que não precisava, que bastava irmos pela rua da judiaria que chegaríamos à praça.

Claro, mas nós tínhamos que acreditar na placa que nos ensinara o caminho.

Quem colocou a placa decerto não era nativo.

Ou era…

É lá em Castelo da Vide, na praça da igreja, que no sábado de Aleluia se reúnem todos os pastores da região com suas ovelhas para a benção Pascal.

É uma festa muito concorrida e o hotel em que paramos já não tinha mais vagas.

Na manhã seguinte, deixamos o nosso grupo que partiria para Evora e Lisboa naquele mesmo dia.

Nós ainda ficaríamos mais um dia em Évora e Marvão.

Nos despedimos realmente pesarosos do Zé Luiz,  Porfiria, Lurdes, Norma, Olga, Anamaria e dos australianos.

Em seguida apresentou-se a nova guia – que também era a motorista – e os novos companheiros de viajem, um casal de canadenses do Quebec e portanto de língua francesa.

Eu que já fora o tradutor do terrível inglês dos australianos, com algum sucesso, agora teria que dar 180º na língua e partir para um francês também bravíssimo.

No inicio ainda estava pensando em inglês mas logo em seguida, coisa de meia hora, já estava trovando com algum desembaraço em francês.

A nova guia, a Paula, era – pelo menos parecia ser – mais culta que a Porfiria e levou-nos ao castelo de Marvão.

Um parênteses – já disse que ela era também a motorista e peituda porque metia-se com sua van naquelas ruelas com um metro de largura, o que nos deixava preocupadíssimos.

Não deu outra, em Évora ela bateu num carro estacionado mas, sem maiores conseqüências!

Fechar parênteses.

Como estava chovendo e com muita cerração o castelo ficou inacessível e o trocamos pelo museu municipal de Marvão, uma antiquíssima vila romana e depois árabe.

Foi uma grande surpresa.

O museu contém um acervo notável de utensílios do quotidiano dos romanos que nos encantam e nos instruem.

Surpreendeu-me, entre outras coisas um anzol de ferro, exatamente igual aos que usamos.

Também uma tesoura de podar e utensílios de cozer e  fiar.

Há um esqueleto de um romano que é notável: mesmo sem os pés e as mãos ( como os teria perdido?) trata-se de um homem de elevada estatura e com um tórax muito bem formado, de ombros largos e cintura estreita.

Seria aquele o biótipo comum dos romanos ou será uma exceção?

Havia também umas pedras que diríamos votivas: eram colocadas nos templos de Júpiter em agradecimento pôr graças alcançadas. O interessante é que pode-se ler o latim com muita facilidade e de uma delas tirei conclusões interessantes.

A inscrição dizia que fulano – não lembro o nome – cidadão romano pôr graça do divino imperador Cláudio, capitão e seu irmão, sicrano, pagava sua promessa feita no templo de Júpiter.

Concluí que o que foi traduzido como capitão significava caput familiae, ou seja, o filho mais velho dono do pátrio poder e que  não podemos traduzir divino com o que hoje entendemos signifique este adjetivo.

Deos vis – que resultou em “divino “significa  “pela força de Deus “.

Se lembrarmos o que era Roma e as convicções que tinham os cidadãos romanos do tempo do Império, ciosos de suas liberdades cívicas, teremos que admitir que divino não é uma boa tradução para o que eles queria dizer.

Quero lembrar também que, em matéria de desenho de letras, os romanos continuam imbatíveis: até hoje ninguém conseguiu desenhar letras mais bonitas do que as deles.

O que surpreende nas pedras votivas, e justamente isto: o que foi escrito, gravado, há quase dois mil anos, parece moderno, claro e elegante.

Assim que Marvão, para mim, teve um significado muito especial.

Outro parênteses: na volta, fui ler o Alexandre Herculano e fiquei sabendo que Marwan foi a sede do califado de Córdoba, a parte mais importante do império árabe na Ibéria.

Que os árabes conquistaram a região e o castelo, dos visigodos que pôr sua vez haviam vencido os romanos, lá pelo século VI.

Daí a importância de Marwan mas a guia nem tocou na história do califado.

Fecho o parênteses.

Almoçamos em Estremoz onde conhecemos uma pousada que afirmam ser a mais luxuosa da Europa.

Trata-se de um castelo que era residência da Rainha Santa Isabel e que realmente é deslumbrante.

Ao lado está um convento de Clarissas eis que Santa Isabel pertencia a esta ordem religiosa.

Heloisa reclamou que o convento era muito fino para a ordem das clarissas que, inspiradas em Santa Clara, professam a pobreza.

A guia observou, com muita propriedade, que Santa Isabel era clarissa mas também era rainha de Portugal…

Almoçamos em Estremos e muito bem e barato: Heloisa comeu uma maioneses de atum excelente e eu um arroz de Braga, com pato defumado.

En passant, a Alba declarou que sabe fazer arroz de Braga e realmente pela descrição que ela fez, a receita é a mesma.

Pagamos exatamente R$6,00 pelo almoço.

Depois, Vila Viçosa onde conhecemos o Palácio da dinastia de Bragança, nossa velha conhecida.

É muito interessante pelas pinturas, pela cozinha e pela notável coleção de porcelanas da última rainha de Portugal.

Os aposentos estão praticamente intocados desde a proclamação da República em 1910 e fica-se com uma visão bem clara de como viviam os reis daquela época.

Sem luz e sem banheiros, não há luxo que nos faça pensar que moravam bem.

Visitamos também uns jardins dos bispos, muito interessantes.

E fomos dormir em Évora, a cidade orgulho dos portugueses, patrimônio da humanidade.

O hotel é a única construção moderna dentro das muralhas e foi construído em estilo romano rico.

A planta é romana mas o conjunto não convence muito. Interessante que um dos pátios internos, onde há uma piscina, dá, de cara, para as muralhas que foram construídas pêlos romanos em tempos antes de Cristo.

É, pelo menos, uma visão surpreendente!

Vistamos Évora que realmente é encantadora.

Há um templo dedicado à Diana que é do primeiro século.

Está construído sobre o forum romano de Évora mas não foram feitas escavações porque ali também é a praça da cidade, que data do séculoXI.

Seria desmanchar um sitio histórico existente, certo, para procurar um outro duvidoso.

Saímos de Évora e fomos almoçar em Setúbal.

Pôr sorte, achamos o famoso restaurante do Bocagem e lá almoçamos: eu comi bem – bacalhau – a Heloisa mais ou menos porque se enrolou no pedido e os portugueses não conseguiram desenrolar.

Também porque eram dois garçons e estavam brigando pôr uma razão que desconheço.

Só  vi o bate – boca.

Como de praxe, todo o mundo fumando charutos e cigarros como aliás é comum em Portugal.

Em todos os lugares, as ruas são limpas mas o chão é coalhado de tocos de cigarros.

Foi em Évora que vimos a Capela dos Ossos.

Para  criar um ambiente que evidenciasse o efêmero dos valores materiais, os padres franciscanos recolheram todas as ossadas dos frades que haviam sido enterrados nos terrenos da Igreja de São Francisco – falam em seis ou sete mil – e com os ossos erigiram a capela.

Interessante que o efeito não é tétrico porque, inclusive, as paredes têm frisos decorados, arcos e barras delicadamente construídos.

Com ossos, é claro.

Há também azulejos com frases inspiradoras para a Virtude mas que não são mórbidas.

Heloisa ficou muito impressionada com a Capela dos Ossos.

Existem lá também o que chamava-se de Livros das Horas, manuscritos medievais, do século XII, que estão muitíssimo bem conservados.

O trabalho dos copistas é fantástico e as iluminuras um primor.

En route para o sul, antes de Setúbal, que fica na beira do mar, passamos pôr Castelo Branco, Portalegre e Borba.

De Portalegre é que saíram os colonos para os Açores e de lá para cá.

Talvez isto explique o nome de nossa cidade.

A região tem inúmeras minerações de mármore a céu aberto.

Portalegre desenvolve-se em torno de um castelo e apresenta a particularidade de ter um conjunto habitacional moderno, projetado pelo principal arquiteto de Portugal.

É uma cidade pequena mas capital do Alem Tejo, se não me engano da província.

As paisagens do sul são muito parecidas com o nosso interior: coxilhas com casas brancas na parte mais altas.

Eu ia dizer as casas são do estilo colonial português mas acho que seria tolice.

Há bastante mato mas todas as árvores são de corticeira. Todas!

Em algumas casas, as cegonhas fazem ninhos nas chaminés e as pessoas então deixam de acender a s lareiras respectivas para não espantá-las.

É que as cegonhas voltam todos os anos e, depois de um certo tempo, se tiverem moradia constante e certa, deixam de emigrar.

É muito interessante e bonito.

E assim terminamos a volta pelo Portugal histórico e voltamos encantados para Lisboa.

Faltava ainda fazer o clássico tour de Lisboa: Torre de Belém ,Jerônimos, Ponte do Tejo, Museu dos Coches, Alfama, Cascais, Sintra e Estoril.

O que fizemos no domingo, parte com um tour meio brabo, parte com a Cintia Novais.

Fomos de trem, desde a estação do Cais Sodré até a casa da Cintia em São João do Estoril e lá, de carro, ciceroneados pôr ela, visitamos a praia de Estoril, o Cassino e Sintra.

Depois do que havíamos visto, o tour de Lisboa restou meio xoxo e pouco acrescentou à nossa beleza.

Compras na segunda feira e, terça de manhã, aeroporto, com destino casa!

Vôo com muitos portugueses que vieram o tempo todo conversando e fazendo chacrinha no avião.

Chegada ao Rio e embarque quase imediato no vôo da 20:30 para Porto Alegre.

Nos esperando os Barrios, o Tergolina e o Lucas.

Este registro é simplesmente um relato cronológico da viajem, com uma pobre, seca e sucinta narrativa dos fatos objetivos para evitar que se percam nos escaninhos da memória.

Das conclusões e do aprendizado, certamente irei falar quando as impressões amadurecerem mais e houver oportunidades.

Quero apenas ressaltar que, em toda a viajem, não ouvimos nenhuma referência aos árabes e sua civilização!

Como se eles nunca tivessem existido ou dominado grande parte de Portugal.

Parece que, até hoje, eles continuam sendo os inimigos da cristandade.

Devo também admitir que, mesmo entre nós e conosco, existe este sentimento.

Desprezamos a raça árabe, achamos que são uns mercadores patifes e ignorantes e que a religião de Maomé é atrasada, bárbara, cruel e sem fundamento ético.

Mesmo que não saibamos nada daquilo que desprezamos.

Ou seja, a nossa herança lusitana nos transmitiu tais conceitos como razões de fé.

E, não creio que tão cedo iremos mudar nossas convicções.

 

 

 

 

Quarta-feira, 15 de abril de 1998, 18:45, tempo chuvoso.

 

Estou voltando ao normal nestes registros que foram interrompidos pela narrativa da viajem a Portugal.

No intervalo tivemos o feriadão da Páscoa em que não fomos para a praia para colocarmos em ordem nossas coisas.

Os Tergolinas foram e os Fietz também mas os Fietz voltaram no domingo de manhã para o almoço pascal aqui em casa que foi um grandioso churrasco com todos os que estavam em Porto Alegre.

A gurizada e os adultos procuraram os ninhos e tudo foi muito bem.

De tarde o Bolão cumpriu sua rotina FUNAI e levou a turma para o Green Park.

De noite a Isinha telefonou para desejar felicidades na Páscoa e para dizer que gostava mais do tempo em que era hóspede na praia.

Acontece que, agora sabemos, o Ângelo come o que come pôr herança genética dos Tergolinas: o Cláudio, irmão do Tergolina passou o feriadão com eles e comeu até as goleiras.

O Cláudio, o Ângelo e o Conam desustruturam qualquer hospedeira…

Esteve também aqui em casa, na Páscoa, o João com a filharada.

Mais um e ele vai ter que comprar uma Van.

A novidade do mês foi promovida pelo Bagé que foi atropelado pôr um touro que lhe quebrou a perna.

O Carlos foi acionado desde Brasília e conseguiu que ele tivesse um atendimento bom, tanto lá como aqui; a coisa não foi muito fácil pois ele teve que colocar pinos na perna.

Heloisa e eu fomos visitá-lo no sábado passado.

Hoje volta lá para emprestar-lhe as muletas.

Está engessado mas mesmo assim viaja amanhã para a Fazenda.

Segunda feira o Ângelo veio estudar e hoje o Diego que – sabiamente – não quer mais saber da psico – pedagoga ou algo ainda mais ridículo.

Comecei pôr ensinar-lhe caligrafia.

Fiquei espantado com a ignorância do colégio onde estuda: foi dado para ele ler um livrinho, O Corcunda de Notre Dame.

Eles devem copiar a ficha de catalogação e lá está escrito:

“Corcunda de Notre Dame. Autor: Walt Disney!!!”

Parece-me que qualquer pessoa chegada às primeiras letras jamais escreveria tamanha barbaridade.

Não será assim que irão desenvolver o gosto pela leitura e os conhecimentos de literatura dos alunos.

E dizem que é um colégio bom.

Neste aspecto, cabe um elogio ao IPA: às vezes os caras exageram – o Ângelo estudando a Revolução Inglesa como preparatória da Revolução Francesa, é difícil de engolir – mas, de qualquer maneira se erram, erram para mais.

Explicar Olliver Cronwel para o Ângelo ou para qualquer menino na idade dele é, pelo menos, muito pouco estimulante…

Vou até telefonar para saber de como ele foi na prova.

Do Pingo sabe-se que foi pungado na PUC em todo o dinheiro que ganhara de aniversário, R$ 300,00.

No mais, segue desaparecido.

Quando ele souber que os caras do Vale do Silício estão contratando Informáticos em todo o mundo e pôr qualquer preço, vai ficar satisfeito.

Bolão de férias trabalhando na casa.

Estivemos lá jogando cartas, no sábado.

A casa é bastante boa e enorme.

Ainda está um pouco bagunçada porque o consultório da Liege encontra-se na sala de visitas mas certamente é uma casa com muito potencial.

A Jacy está meio baleada com tumor na mama.

Foi bom a Liege ter vindo de Pelotas.

A surpresa ficou com a mãe que está ótima: depois de abandonar a médica que receitava xarope de ovo de pato e pregos, arribou de vez.

Estivemos lá na quinta feira e a D. Célia estava a mil.

Que bom.

A Alda bem mas com seus problemas: enxergando pouco e anêmica.

O Paulo se preparando para partir rumo ao Espírito Santo.

Almoçou aqui na Páscoa.

No Rio todos bem.

Parece que com isto coloco as notícias em dia.

No escritório, tudo bem com bastante serviço.

Preciso começar a reduzir as ações senão vai ficar um sufoco.

 

O affaire do Pinho está resolvido e até agora não deu galho.

Como estou engordando demais, voltei a fumar.

Em seis meses, engordei sete quilos e já começo a sentir e muito o tendão de Aquiles.

A vez passada, engordei 20 quilos e fui a 129 quilos mas agora a minha musculatura não agüenta mais tanto peso.

Velho deve ser magro.

Como agora sal é bom para pressão alta e cerveja previne o câncer, fico aguardando a descoberta que cigarro conduz à longevidade.

Pôr hoje é só.

Boas noites.

 

Sábado, 18 de abril de 1998, 21:37, tempo tempestuoso.

Ontem estreou um vendaval daqueles que há muito tempo não se viam.

Na feira, hoje de manhã, as barracas estavam todas sem coberturas.

Ai, começou a chover…

É o segundo sábado que o tempo praticamente liquida com a feira.

Estivemos na mãe que está ótima.

No mais tudo tranqüilo, apesar de eu haver sido contratado para a defesa num processo administrativo que já leva 1700 páginas.

Vou passar segunda e terça feira lendo o calhamaço.

Hoje esteve aqui o Pingo narrando suas dificuldades no emprego – estágio em que está trabalhando.

É na ADVB e ele está substituindo um gerente geral.

Pena que o Pingo nunca foi office boy que ele teria muito menos dificuldades porque ele desconhece tudo que verse atividade empresarial.

Ficou de aparecer para irmos debulhando suas dificuldades.

O João foi a Flores da Cunha e deixou o Santana para uma revisão geral.

Diz que está ótimo.

O que ficou novo foi o carro da Heloisa; os caras da chapeação e pintura são realmente ótimos.

O Gol está como se tivesse saído ontem da fábrica e até melhor, mais bonito, sem nenhum grilo ou barulho.

Interrompo para ver o teipe do concerto que o Roberto Carlos e o Pavarotti fizeram aqui no Gigante da Beira – Rio, quando estávamos em Portugal.

Assim que boas noites.

 

Terça-feira, 21 de abril de 1998, 21:50.

Domingo grandioso galeto e hoje feriado nacional ficamos em casa aproveitando para não fazer nada.

Segunda feira trabalhei bastante e inclusive peguei uma ação gorda contra o IPERGS o que para mim é muito simples porque já tenho a matriz pronta.

Amanhã distribuo.

No momento estão jogando Grêmio e São Paulo e está 1 x 0 contra o Grêmio que deveria ganhar de três a zero.

Agora precisa quatro…

Amanhã a Patrícia vai para o Rio e, na primeira semana de maio, o Carlos vai com o Tergolina para os USA.

Ao que tudo indica, a Isinha irá também.

Heloisa acha melhor ela ir para Ipanema do que os guris virem para cá devido a que tudo o que é deles está lá.

Vamos ver o que acontece.

Esta semana tem sido braba para o governo: ontem morreu o Serjão, braço direito do FHC e hoje o filho do ACM, o Luiz Eduardo Magalhães que ajudou muito o governo na votação das reformas.

O ACM vai desmoronar.

2 X 0 para o São Paulo…( 12 minutos de jogo ).

Se o Grêmio levar um saco, o Lazaroni vai para o espaço como é de seu hábito.

Amanhã vamos instalar uma nova Winchester neste computador mas antes vou verificar se é o caso.

Se a capacidade for a mesma, não troco e instalo a nova no escritório que aliás, está com a velha pifada.

Uma velha história: o João quer instalar aqui o Windows 97.

Nesta altura o Bill Gates estaria lançando o 98 não fosse o programa ter dado galho na apresentação o que deixou o referido senhor com cara de balaio.

Estou relendo os contos do Alexandre Herculano e a impressão que se tem é que os roteiros turísticos de Portugal são feitos na base deles.

Fiquei satisfeito porque tive duas discordâncias com a guia Porfiria em Portugal e verifico que eu estava com a razão.

Nada como a leitura.

Os narradores daqui, normalmente uns baitas patriotas, estão reconhecendo que o São Paulo é muito mais time do que o Grêmio.

Mau sinal.

Estou ouvindo o jogo pelo rádio, não houve televisionamento.

Bem.

A família hoje não deu sinal de vida, a não ser o Ângelo que passou pôr aqui a caminho da casa. Depois o Carlos e o Tergolina, este para levar o Ângelo.

Maria Helena está na terra fazendo uns exames e tudo está bem.

Mas, está muito magra e desanimada decerto pôr causa dos jejuns necessários aos exames que fez.

Do povo do Rio, também silêncio geral.

No início de maio a Luciana termina o exame da Ordem e está muito nervosa, estudando dia e noite o que penso não seja necessário porque este exame da Ordem não resiste a uma ação de inconstitucionalidade.

Pôr isto eles não apertem muito.

Falamos com a Zilda na Páscoa e está indo, já caminhando com o andador.

Bem, o Grêmio se foi e está levando um banho de bola.

Com o que, vou dormir.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 24 de Abril de 1998, 18:25, tempo enfarruscado.

 

Estamos em que as coisas fluem normalmente: movimento no escritório, aulas para os guris, grandes fofocas na área de computação com as inevitáveis idas e vindas de placas, softs etc.

O computador do escritório está OK e este também, com exceção da Internet que o João andou colocando umas novidades 98 do Bill Gates e aí não funciona.

Na verdade, nesta área, temos que ficar com o nosso feijão com arroz.

O João está terminando o super computador do Carlos que decerto também irá apanhar das novidades que são até maiores do que as minhas.

A noite passada a Heloisa foi para lá dormir como Diego e o Pablo eis que os doutores encontram-se em vilegiatura, a Patrícia no Rio e o Carlos em Florianópolis.

O Pablo achou que não seria necessário a Heloisa dormir lá mas o Diego fez questão o que deixou a avó muito orgulhosa.

Ontem o Ângelo veio estudar para a prova de Matemática e informou que tirou dez.

Segundo ele, e acredito, é o melhor aluno da classe, em notas.

A Isinha jura que não mas penso que ela está enganada.

O Pingo muito satisfeito no emprego e muito interessado.

Está cansado mas tem seus motivos: trabalhar o dia inteiro e freqüentar aulas à noite não é sopa e exige dedicação exclusiva inclusive nos fins de semana para colocar as matérias em dia.

Não sei como ele irá resolver o problema da frau.

O emprego – estágio que ele arranjou, é ótimo e até perto de casa ou, relativamente perto.

É na ADVB, ao lado do Fórum Central.

O resto da turma, todos em paz.

A Liege vai alugar uma sala para o consultório, o que é bom.

Hoje de tarde fui conversar com uma testemunha no processo de D. Carmem, um delegado, de modo que sabia tudo e não foi preciso grandes explicações.

A noite iremos jogar nas gêmeas, portanto jogo de seis, o que gosto mas Heloisa não.

O João foi hoje para Flores da Cunha e deve retornar amanhã com o Santana.

Se eu resolver mandar pintar o Santana, ficará quase como saído de fábrica.

Os pintores que descobrimos são excepcionais. A oficina fica numa travessa da estrada do Forte. Para futuros serviços, irei registrar – não agora – o endereço e o telefone.

A Isinha almoçou aqui hoje.

Esperávamos o Ângelo e o Lucas: os compromissos futebolísticos dos dois impediram o omparecimento.

O peixe, namorado, estava bem feito mas com gosto de amônia, da refrigeração.

Só eu comi porque as pessoas têm muito medo de peixe com paladar diferente.

De qualquer forma vou reclamar no Mercado.

O Beto telefonou para saber do refrigerador que pretendia consertar mas eu já fizera isto na semana passada.

Ainda não decidimos o que fazer no Domingo: é que a semana fica muito curta com um feriado no meio e parece que foi ontem que fizemos o galeto.

Pode ser que alguém proponha alguma coisa.

Neste momento a Heloisa está tentando saber como foi a operação do Bolão e a Jacy informa que ele está deitado de olho tapado.

Amanhã de manhã iremos lá.

Ainda repercute a morte do Luiz Eduardo Magalhães, principalmente entre os atletas de fim de semana; acontece que ele caminhava não sei quantos quilômetros pôr dia e, mesmo assim teve um enfarto violentíssimo.

Até o Dr. Cooper, que está no Brasil, já mudou suas convicções, o negócio dele agora é ir devagar.

No fim, tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Nihil novum sub solem.

Não esquecer o nihil do inventário da Bia.

Vou jantar, ou melhor, tomar café.

Boas noites.

 

Sexta-feira, 1 de Maio de 1998, 10:45, tempo fechado e frio.

 

Passei toda uma semana sem comparecer, parece mentira.

Tivemos alguns fatos notáveis: os Barrios foram passar o fim de semana na Bahia e ontem o Tergolina embarcou para a Europa, via St. Louis.

Como sou fã de St. Louis, deixei o Tergolina bem entusiasmado com a viajem.

O Ângelo e o Lucas que estavam no aeroporto, informaram que o Conam só quer brincar com os passantes que até já roubaram duas coleiras dele.

Acho que a fera de Ipanema tem cruza com boxer e herdou o caráter daqueles simpáticos cachorros, raça própria para serviços de babás.

Com lembrança do famoso Boca, do Dr. Nilson.

Como este texto já está mesmo desconjuntado, volto para trás para informar que a Seleção Brasileira, jogando no Maracanã com mais de cem mil torcedores empolgados, perdeu para a Argentina.

Foi um fiasco tão grande que o público aplaudiu os de allá e cantou o olé nos brasileiros.

Acho que não passamos nem pêlos escoceses.

Ontem o Bolão esteve aqui, de noite, conversando sobre fatos e tipos interessantes do Barro Duro.

Realmente são personagens a procura de um autor.

Um cidadão de lá, que já foi milionário mas que resolveu associar-se às receitas do INPS na firma em que trabalhava e aí foi para o beleleu, generosamente decidiu ajudar uma filha a abrir um negócio.

Trata-se de um bordel que foi convenientemente instalado defronte à casa do Regis!

O Regis é um padre avançado mas que vai ficar meio chato um bordel defronte à casa paroquial, lá isto vai.

Não esquecer que no Barro Duro, não há muitos prédios e, em conseqüência, a vizinhança adquire sentido muito forte, as pessoas se comunicam muito.

A mãe do Regis, que é modista, e vai acabar costurando para as putas e o

certamente terá que freqüentá-las.

Isto daí ainda vai dar samba e será muito interessante acompanhar o enredo da futura novela.

Conjuntamente, subsiste, no mesmo arrondissemnet, um cidadão, militar de ofício, que é também bruxo de profissão.

O referido é guru de pessoas jurídicas em Brasília quems não decidem nada sem antes consultá-lo e pagar muito bem pêlos serviços prestados.

A uns duzentos metros da casa do Regis existe também um bar de gambás onde o gaiteiro é um multi – diplomado que resolveu optar pela boêmia.

Ainda, o nosso simpático e conhecido Professor, cuja única e exclusiva preocupação na vida é com a vida social das filhas e que, mientras tanto é casado com uma tremenda Dona Flor a qual, no verão, anda de biquíni dentro de casa o que, pelo jeito, não comove o Prof.

E há, enfim, a própria residência do virtuoso pároco.

Acontece que o Regis – como sabemos – é um dos esteios de Puebla, da opção pêlos pobres mas, na hora de fazer sua casa, resolveu abrir uma generosa excepção e construiu o que se costuma chamar de palacete.

Assim que, temos de admitir, o padre, o bordel, o guru e o bêbado e o Professor, vivendo lado a lado, são o sonho de qualquer autor.

Só falta o equilibrista!

Fiquei assanhado.

 

Segunda-feira, 4 de Maio de 1998, 22:57, tempo bom, frio.

 

Domingo grandiosos churrasco com grande público.

Reapareceu a Graça depois de longa ausência.

Também estiveram a Carmem Fietz e sua irmã a tia Mary, muito simpática.

Tergolina telefonou de St. Louis e tudo bem.

Dos Barrios só soubemos pela Ana que retornaram hoje porque perderam o avião no domingo.

Com a história da redução do preço das passagens aéreas – estão mais baratas do que ônibus – está a maior confa nos aeroportos que viraram redoviárias.

Já tem neguinhos viajando com galinha na farofa e garrafa térmica.

Como sempre digo, vamos acabar iguais à matriz.

Qualquer dia carro usado vai ser vendido pôr R$100,00.

Já igualamos nos custos de prestação de serviços, de bagulhos eletrônicos, de passagens aéreas e empós.

Globalização.

Falando nisto o PT – para variar – não aceitou a ligação com o PDT, vaiaram o Tarso, o Fortunati e puseram dois estalinistas na chapa para concorrer ao governo do Estado.

Vai ser o malhor vexame e, depois desta o Galo Missioneiro decerto vai cantar no seu velho galinheiro da Bossoroca.

E, o tio Briza, conforme ele me disse aqui no aeroporto há um ano, vai se candidatar.

Ele e o Eneas…

Nunca mais o FHC vai pegar uma barbada maior.

Nem o Brito.

Tudo aliado ao fato do brilhante governo do estalinista Raul Pont, estamos assistindo à passagem do PT para a galeria dos fósseis.

Como o antigo Partidão.

Hoje o Bagé declarou sua intenção de voltar às suas atividades de lobista. O que já deveria ter feito há muito tempo.

Acontece que, conforme previsto pela Time, não chove lá pôr cima há mais de dois meses e a agricultura deu um baita prejuízo.

Avisei-o mas ele não acreditou ou então já estava na fase do plantio que não tem mais retorno.

Também o João informou que foi convidado pela GM e volta a ser piloto de provas.

Olivio, Bagé, João, a moçada está retornando aos velhos lugares e espero que o Exército não faça o mesmo com os seus inativos.

Iria ser gozado eu ter que levantar de madrugada para assistir à parada matinal.

Sábado a Isinha veio almoçar e, a meu pedido, trouxe o Conan.

Está muito bonito, gordão, forte, guloso como sempre mas duvido que venha a ser um cão feroz.

Comeu meia torta que o Ângelo lhe dava às escondidas. Cada vez que o Ângelo suspendia a festa, ficava na porta olhando desesperado, com a maior cara de vítima.

O Ângelo dava-lhe mais torta e ele ficava mais desesperado ainda.

Comeu sorvete, bolacha, o que vinha ele traçava.

Cômico.

O nome dele deveria ser Conan, o Aspirador.

O Bolão já retornou ao trabalho e agora está enfrentando o problema do Marcelo, uma figura do Barro Duro que resolveu acampar.

Acontece que ele não tem onde cair morto e ainda pôr cima é aidético.

Também avisei o Bolão que não deixasse o cara grudar no pé mas não adiantou.

Sabemos que é muito mais difícil não deixar entrar do que ter que expulsar depois.

É um baita dum pepino e tende a piorar.

Hoje anunciaram a cura do câncer em ratos e já começam os testes com humanos.

Para variar são americanos os descobridores.

Como eu digo, a cada década, os americanos inventam algo que faz com que todo o resto do mundo mande grana para eles.

Gasolina, carros, cinema, DDT, antibióticos, televisão, xerox, durex, informática e pôr aí empós.

Pode estar aí a resposta da pergunta que sempre me fiz:

  • Porque os americanos são tão ricos?

Decerto é porque eles vivem inventando coisas que todo o mundo quer ou precisa.

Hoje mesmo um comentarista da televisão evidenciou um óbvio:

Todo mundo anda dizendo que o avanço das tecnologias, principalmente a Informática, reduz o número de empregos.

O único país do mundo que está com pleno emprego e importando técnicos em Informática são os USA.

E agora?

Se os americanos, que detêm a maior tecnologia em Informática, estão com pleno emprego e até importando técnicos via Internet, então é um contra – senso dizer-se que a tecnologia reduz emprego.

Pôr falar-se em citações o Arnaldo Jabour ante – ontem disse uma antológica:

  • O PDT é o PFL do PT!!!

Lembremos que o PT esculhamba o PSDB e o FHC pela sua aliança com o PFL.

Acho que o PDT é pior, muito pior que o PFL.

Também hoje o PDT lança a candidatura Emilia Fernandes para Governadora.

A malher convenceu-se que não foi o Zambiasi que a elegeu senadora.

Outro fiasco à vista.

E assim vamos nóis na comédia política.

Até a Jussara Cony queria ser candidata a vice governadora na chapa do PT.

Os cariocas tinham razão quando votaram em massa no Cacareco e no Macaco Tião que, aliás faleceu mês passado.

Do Cacareco não temos mais notícias.

Amanhã sai a convocação da Seleção.

Tudo gente jovem: Tafarel, Mauro Galvão, Dunga, Romário, Bebeto, Cafu, Rai etc. etc. e tal.

Mandaram buscar aquele japonês picareta da PUC para cuidar da parte geriátrica.

A gente temos que rire.

E, boas noites.

 

Terça-feira, 5 de Maio de 1998, 17:56, tempo bom, frio.

 

Hoje o Zagalo deu a escalação da Seleção Brasileira e eu não estou brincando.

Tafarel, Aldair, Junior Baiano, Cafu, Dunga, Roberto Carlos e Giovani.

Romario e Ronaldinho ou Romario e Bebeto!!!

Os dois que faltam são aqueles mesmo de 94.

O mundo todo está surpreso e os demais técnicos desorientados: como joga o tal de Dunga? O Tafarel será frangueiro? Romário mexe-se muito lá na frente? Ronaldinho, quem será?

Preparem-se: não passamos pela Escócia. Imaginem a Noruega.

Bem.

Heloisa foi hoje para Novo Hamburgo, junto com a Alda e o Paulo, visitar o Luisinho.

Esperemos que o Paulo comporte-se na estrada eis que é o cinesíforo.

Pretendemos ir hoje de noite nos Barrios levar o famoso super – computador do Carlos.

Vamos ver se funciona: com tantas novidades, é capaz de encrencar de saída.

O João está empolgadíssimo.

A Luciana telefonou que está nomeada para juiz conciliador e assustou-se com o salário que irá ganhar depois de fazer um cursinho de preparação: R1.500,00!

Ela não acreditou, acha demais para trabalhar duas tardes pôr semana.

Disse a ela que no Judiciário as coisas são diferentes e que agora ela é uma profissional de curso superior, que esqueça que um dia foi estudante.

Fiquei muito satisfeito pôr vê-la encaminhada.

Pena que a Cláudia e a Silvia não tenham continuado.

Diz a Lucia que a Silvia está desanimada com a novela em que trabalha porque, decididamente não é homossexual e representar uma não é fácil.

Isto ainda vai dar bode.

Algo assim como o Paixão Cortes fazendo papel de bisa.

Parece que não iria convencer ninguém…

No mais, tudo em paz: amanhã pretendo encaminhar pedido de visto para viajar para os USA; não que eu pretenda ir agora mas, em caso de necessidade, já estará tudo pronto.

Como não há mais consulado americano em Porto Alegre, o visto demora em média duas semanas.

Acaba de telefonar a Patrícia contando das aventuras baianas.

O local é deslumbrante mas a viajem pela Vasp foi um fiasco geral.

Era para terem chegado às 23:30 de Domingo e chegaram à 11:30 de Segunda.

Tudo sem maiores explicações.

Como eu já disse, o fato das empresas aéreas entrarem na guerra do R$1,99, não vai dar certo.

Qualquer dia elas desenterram os DC3.

 

Quinta-feira, 7 de Maio de 1998, 22:06.

 

Finalmente a Lucia recebeu um fax que mandei mas ainda não consegue mandar de lá para cá.

No momento ela está tentando…

O que há de mais unusual para registrar, é a situação geral da Bulgaria.

Do jeito que as coisas vão, com saques, arruaças, invasões etc.  etc. acho que não demora o Glorioso assume.

Lendo a Revista do Clube Militar, começo a sentir o cheirinho da brilhantina.

Hoje, na Indonésia, o Cmt. do Exército declarou que não é mais possível agüentar a situação.

E lá está melhor do que aqui e estas modas pegam.

É a velha história dos sacis e da jibóia.

Os pátrias tanto cutucam que acabam pôr levar chumbo.

Existe regra constitucional para isto.

Agora mesmo o governo perdeu uma votação importantíssima  na Câmara pôr um voto e voto do Kandir!!!

Vamos aguardar.

Boas noites.

 

Sábado, 9 de Maio de 1998, 18:04, tempo ótimo, outono perfeito.

 

Amanhã é Dia da Mães, lojas cheias pêlos mecanismos psicológicos de culpa desencadeados pela mídia.

Já falei muito antes a respeito.

Hoje o João trouxe o carro da Heloisa depois de uma geral em Flores da Cunha e está realmente zero.

Ela acaba de sair com ele para ir a uma missa com a Virgínia.

Garanto como vai achar a embreagem dura.

Dr. Carlos Barrios embarcou hoje para St. Louis onde, decerto irá aproveitar para descansar um pouco eis que ultimamente o casal anda a mil.

É difícil, muito difícil, agüentar o ritmo festeiro da Patrícia.

Também em St. Louis o Tergolina para uma cirurgia de próstata.

Nada de muito grave.

Ainda não sabemos se a Isinha irá mas creio que sim.

Há os problemas dos guris no colégio principalmente de como irão para lá; a solução é ficarem aqui em casa mas, para eles, particularmente o Ângelo com seus jogos de futebol diuturnos, vai complicar.

Veremos a que conclusão chegamos levando em consideração que, se o Tergolina precisar, a Isinha deve ir sem maiores preocupações com o que é melhor para os guris.

Prioridade 1 é o Tergolina.

Estamos fazendo um grandioso cozido de outono mas, ao que tudo indica, a freqüência vai ser baixa: o Bolão está de serviço e a Liege  pretende ir para Jacy o que parece justo.

Carlos e Tergolina nos USA e certamente o Pingo e o Ângelo não virão.

Nem a Graça.

Fazem umas duas horas que escrevi sobre a freqüência amanhã e devo retificar: vem o Bolão e certamente outras pessoas, talvez a Carmem e a Alda e o Paulo.

Aqui em casa, nunca se sabe.

Interrompi porque chegaram o Bolão e os guris, o Ângelo e um amigo, o João, Rosane e Israel.

O Ângelo estava feliz porque haviam ganho o campeonato do IPA e chateado porque o Grêmio perdeu para o Brasil de Pelotas e está fora do Gauchão, primeira vez em mais de 30 anos.

Como o técnico, o Lazaroni, é carioca e como o Beto, o Adilson e outros estrangeiros enterraram o Grêmio, há uma revolta contra os cariocas e a torcida pretende expulsá-los do time.

Também acho: somos uma raça diferente, temos idéias e formação cívica diferentes, muito pouco nos liga ao Brasil.

E, não gostamos muito dos brasileiros, principalmente cariocas, baianos, paulistas e outros que tais.

Bom era no tempo em que havia o campeonato brasileiro com seleções dos Estados em que não podiam jogar estrangeiros, nem aqui nem lá.

Vejam como somos descriminados: só temos um gaúcho na Seleção Brasileira e assim mesmo o Tafarel, senhor idoso, venerável frangueiro.

Deixa para lá.

Ainda ontem tive que fazer uma defesa para o Ingo em uma acusação do CONAR.

Acontece que o Alemão oferece um medicamento que diz ser bom para impotência sexual.

O tal medicamento é um fortificante e muitos especialistas informam que a potência sexual é diretamente proporcional ao estado físico do paciente assim que não há nada errado em associar-se vitaminas com os tradicionais levanta – pau, catuaba, pau barbado etc.etc.!

Havia portanto que justificar e assim eis, mais ou menos, o que escrevi depois de expor o dilema:

“Sobre o tema convém lembrar o que escreveram Freud e Hegell.

Freud publicava artigos em que afirmava que a libido residia no cérebro enquanto Hegel afirmava que era na barriga.

Daí Hegel escreve uma carta para Freud que foi publicada no Berliner Beobachtër, em agosto de 1912, com a seguinte manchete: ”  Nein, Nein Zigmund “!!!

Foi o maior barraco!

Freud, muito vaidoso não engoliu o sapo e mandou para o Deutscher Mastritchen, jornal nanico, um artigo malcriado, com o título “GebrauschseinweisungerSwine”.

Hegel subiu nas tamancas e respondeu com : “DugebrauscheinweisungërSwineJude””.

Dizem que Freud teve um ataque, cheirou meio quilo de cocaína e atacou de ”DeinMüterKatoflenVermögenSchützlinfgDierne”.

Hegel, dizem, fez uma conferência com Marx no sótão onde viviam e mandou brasa:

MeinMütterabgestorbenJemandenundenetVasdieMesseDeinJemandem undetVasbittenderPenis “.

Antes que Freud respondesse, o governo alemão interveio proibindo mais publicações alegando que os tipógrafos ameaçavam entrar em greve.

Assim que ficamos sem saber quem afinal tinha razão.

Terminei a defesa alegando que se Freud e Hegel não chegaram a uma conclusão sobre o tema, quem semos nois para opinar conclusivamente?

E, disse eu, em caso de dúvida “Pró – réu “.

Não sei se os caras do CONAR vão acolher minha tese e torço para que ninguém lá saiba alemão!

Mas que foi divertido, foi.

Advogados deviam ser pessoas mais sérias.

Então tá.

O Lula hoje defendeu uma tese que vai acabar com ele:

Acontece que o PT do Rio resolveu não apoiar o candidato do Brizola e lançar um próprio, o que bagunçou a chapa Lula – Brizola.

O Lula reuniu a cúpula do PT e anulou a resolução do Rio alegando que onde se viu os debaixo cagarem nos de cima?

Acho que com esta teoria, muito em voga nos regimens ditatoriais, o Lula acaba de enterrar definitivamente sua possibilidade de disputar com o Fernando Henrique.

Vai ser divertido.

Com o que saúdo o distinto público e vou ver o que está acontecendo na TV não sem antes registrar que o Dr. Barrios telefonou de São Paulo para perguntar se queríamos algo dos USA.

Muito gentil e fica o registro.

 

Quarta-feira, 27 de Maio de 1998, 22:27, tempo farrusquento.

 

Parece mentira mas já fazem quase 20 dias que não compareço; acontece que ando debaixo de mau tempo com os trabalhos de escritório e de noite estou cansado de tanto escrever.

Trata-se de um processo administrativo em que fiz a defesa e foi um sufoco. Ainda hoje, estou voltando de Passo Fundo onde fui para atender uma audiência de inquirição de testemunha num processo da Segurança.

Passei pôr um a vila (?), muito bonitinha, onde comprei erva mate e pinhões e que chama-se – não estou brincando – S. João da Mortandade!!!

Acontece que ali houve uma batalha campal entre bugres com uma terrível chacina.

O local onde os bugres estão enterrados é hoje um potreiro.

Enquanto os arqueólogos ficam catando ossinhos pela aí, lá em São João da Mortandade eles estão dando sopa.

Falaremos mais depois.

No intervalo, a Isinha foi para os USA, voltou e tudo bem.

Tergolina chega amanhã e neste momento a Heloisa está preparando uma torta de maçãs para ele.

Dr. Barrios chegou quinta feira passada e até agora não apareceu: decerto também está recuperando o tempo em que esteve fora como aconteceu comigo quando voltei de Portugal.

Para ser bem franco, até agora não consegui colocar tudo em dia.

A gurizada está toda bem apesar da epidemia de gripe que pôr aí pervaga.

O Ângelo pegou a tal de gripe ficou de cama durante dois dias.

Como a coisa começou na sexta feira, dia de jogo aqui em casa, foi atendido pela s gêmeas que deram um show de medicina como antigamente.

A gente fica encantado de ver um atendimento médico pelo sistema antigo.

É outro departamento.

O Ângelo também gostou muito delas que aliás são umas pessoas finíssimas.

Nos dois domingos em que a Isinha andou pêlos USA, fiz churrasco lá em Ipanema com freqüência restrita assim que suponho que a moçada já deve estar com saudade e devo reiniciar com as picanhas no domingo próximo.

A Liege já alugou consultório e anda às voltas com a instalação do equipamento; logo deverá estar arrancando dentes da comunidade.

Bolão para cima e para baixo nos plantões.

É isto aí. Até a próxima.

 

Quinta-feira, 28 de Maio de 1998, 20:58, esfriando.

 

Hoje retornou o Tergolina dos USA; fomos ao aeroporto onde também estavam os familiares dele.

O Tergol chegou muito bem, com excelente aparência.

Depois foram todos para Ipanema onde tiveram um lauto almoço com chuletas gordas e outros quitutes indispensáveis a quem chega do exterior.

Pode-se dizer que pátria é um sinônimo de culinária.

Se não é de todo, é em grande parte.

Lembro dos tempos de Rio de Janeiro quando eu vivia sonhando com churrascos de carne gorda, pinhões etc.

Uma vez cheguei a mandar pinhões para o Pinto, em Edimburgo: era um dos assuntos prediletos dele quando estávamos pôr lá, a sua saudades dos pinhões.

Até hoje freqüento o Haiti, aquele Café da Alberto Bins em homenagem aos tempos de Vacaria.

Naqueles tempos (?) Vacaria não tinha nada e era um prazer chegar aqui em Porto Alegre e ir lá para o Haiti olhar os balcões cheios de doces, empadas, pasteis etc.

Outra coisa que é emocionante é ver um letreiro de neon depois que a gente passa um tempão no mato.

Sempre que ouço alguma arenga ecológica, lembro da minha viajem de Campo Grande a São Paulo e do prazer enorme que tive quando, chegando em Porto Epitácio, me deparei com neon, asfalto e um balcão frigorífico com Coca Cola gelada.

Já lá se vão trinta anos e ainda não esqueci.

Ou então, nos tempos de cadete, depois de alguma manobra particularmente sofrida, com carrapatos, ração de combate, noites ao relento, a volta para a Escola, o banho, o uniforme limpo, o Crush e a sessão de cinema.

Era a glória completa.

Ainda hoje, num programa de televisão, o PT vangloriava-se de estar plantando não sei quantas mil mudas de árvores nesta cidade.

Árvore é sempre um problema futuro.

Índios e árvores devem morar no mato.

Amanhã devo fazer forfait no escritório: acho que com a história do processo de D. Carmem, estorei o saco com o Direito pôr uma semana pelo menos.

Se fico pôr lá, a toda hora aparecem pessoas com pepinos homéricos e mesmo a gente sabendo que advogado é para essas coisas, acaba cansando, fundindo a cuca.

En passant, o Paulo Brossard atuou na defesa de três deputados pilantras que estariam na eminência de serem cassados.

Penso que não fica bem para ele, ex. Ministro da Justiça, ex. Ministro do Supremo, advogar defendendo uns malandros acusados de corrupção.

Principalmente no caso do Brossard que é metido a moralista e vive cagando regras pêlos jornais.

Lamentável.

Principalmente porque os pintas foram absolvidos.

Bem.

Estávamos assistindo a novela “Torre de Babel” na qual a Silvia vive um personagem homossexual e, no capítulo de hoje ela recebeu um tiro mas creio que sobrevive.

Acho até que os parentes cariocas gostariam que ela viesse a morrer balaço mas tudo indica que não: a Lucia e o Pfeifer e mais o povo do Flamengo vai ter que engolir este sapo, bastante constrangedor, admitamos.

Eu não sou exatamente o cachorrinho do Lalau – que no moderninho é legal – mas acontece que o fato em si é constrangedor, independente de ser a Silvia ou a Jussara Cony.

Diz a Isinha que nos USA o tema é comum na televisão e até pior mas pôr aqui ainda a moçada refuga e funga.

Veremos como será a resposta do respeitável público.

Falando em rima de l com u ( Lalau, legal), quem tende a confundir o u em final de palavras com o l, é o Diego.

Vai ver que a professora dele é carioca.

Não sei que personagem da família escrevia o nome de d. Alda como “Auda”.

Pode até ter sido uma das nossas filhas, devido a terem feito as primeiras letras no Rio.

Particularmente as que estudaram naquele colégio glorioso que era dirigido pelo Prof. Espírito Santo, educador físico.

Como era mesmo o nome do colégio?

Serafim não sei de que porque era mesmo conhecido simplesmente como Serafim.

Parece que hoje estou com memória paleolítica: é Mato Grosso, Rio, Lalau etc. etc.

Lalau, para quem não sabe, era o Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta e a marchinha carnavalesca referente do João –não lembro o resto – um diplomata, sambista e pianista.

A letra dizia que o cachorrinho latia em bossa nova.

Lembrança dos velhos carnavais da Praia Vermelha, da boate Casablanca.

Estes dias estivemos conversando sobre as festas juninas da ECEME

e resolvi escrever para lá e descobrir em que data serão realizadas este ano.

Conforme for, a gente dá uma chegada lá para ver se mudou o Natal ou mudei eu.

Ou se não mudou nada, o que é mais provável em se tratando de usanças castrenses que tendem a permanecer as mesmas per sécula seculorum.

Se ainda não falei nisto, vou registrar que o Rotta me levou parte do original do seu livro policial para uma primeira análise.

Como eu previra, está ótimo e realmente muito bem escrito.

É um romance de ficção policial mas diferente dos que pôr aí pervagam.

Se chegar a ser publicado, será sucesso.

O malandro escreve muito bem e domina o vernáculo como aliás seria de se esperar de um general.

Autores interessantes geram livros interessantes e o Rotta é um personagem a procura de um autor.

Estes dias li uma crônica de um escritor que era fissurado no Eça e que teve a ventura de conhecê-lo e ficou terrivelmente decepcionado.

O cronista, estando em Roma, recebeu a missão de fazer uma crônica sobre o Eça que visitava a Cidade.

Ficou emocionadíssimo porque o Eça resolveu visitar o jornal em que ele trabalhava.

Aí o Eça aparece. Cumprimenta de longe e já saindo declara:

  • É você que vai escrever-me o adjetivo? Pois carrega-lho, carrega-lho!!!

As palavras não foram exatamente essas mas muito próximas.

O cara concluiu que o Eça era um pavão meio vulgar e ficou desolado.

Não sei se carregou no adjetivo porque isto ele não conta e nem o autor do livro que refere o episódio.

Trata-se do livro “Amor a Roma” de Afonso Arinos do qual o Napoleão é cioso proprietário.

Falando em Napoleão, neste exato momento a Cilulea e a Iolanda estão fazendo, a pé, a peregrinação de Santiago de Compostela, na Espanha.

Depois dizem que aquele picareta Coelho só consegue engazupar os de primeiras letras.

Os racionalistas do século XVIII afirmavam e acreditavam que o estágio mitológico do homem havia terminado; Augusto Comte formulou sua filosofia baseado neste pressuposto.

A partir dos Iluministas, de Descartes, Comte, Newton, Leibnitz etc. não haveria mais lugar para os mitos que desapareceriam espancados pela ciência e pela razão.

Era o Gotterdamerung.

Eles não contavam com o Coelho…

E, num outro patamar bem mais elevado e complexo, com o Garcia Marques e o Borges.

Em suma, não contavam com o homem comum.

E nem com a América do Sul.

O tema é apaixonante porque mostra a força das culturas primitivas.

Mostra também que entre o Teorema de Pitágoras e as operações do Dr. Fritz, a moçada não tem a menor dúvida e vai de Fritz.

A realidade é muito dura de ser suportada pêlos que foram expulsos do Éden.

Olha aí outro tema interessantíssimo: nossa nostalgia do Éden.

Dá até letra de tango.

Chega de metafísica e falemos da Seleção Brasileira de futebol.

O Romário e o Dunga – os bons velhinhos – como seria de se prever, estão quebrados e periga serem cortados.

O Romário não bate uma bola há 23 dias.

Não esquecer que cortaram um beque titular porque apresentou-se lesionado na convocação.

O argumento foi que não iriam levar ninguém que estivesse com a menor lesão.

O Zico justificou dizendo que ele próprio fora à Copa de 90 sem condições e fora responsável pela derrota do Brasil.

Só que, com o Romário, os princípios mudaram.

Vamos empatar com a Escócia e perder para a Noruega.

And, back home.

Vai ser chato para o Amaury que está empolgadíssimo para ir à França e só vai poder assistir o Brasil ganhar do Marrocos com as calças na mão.

Assim que pôr hoje é só.

Boas noites.

 

 

 

Sábado, 30 de Maio de 1998, 18:18, tempo melhorando.

 

Ontem, apesar de Sexta feira, fiz feriado e aproveitei para algumas providências domésticas tipo comprar azulejos antigos, carne para churrasco, mudas no Winkler etc. em suma, atividades prazerosas.

O Palmeiras do Felipão acaba de, de novo, ganhar a Copa do Brasil com gol do Paulo Nunes ou seja, é o Grêmio velho.

Hoje fomos à feira e depois na mãe que está muito bem.

Bolão está de plantão, os Fietz vão para Estância Velha a convite do Nara assim que o churrasco amanhã deverá ter público diminuto como dizem os cronistas esportivos.

Pôr falar nisto, o Romário declarou para a Folha de São Paulo que o Zico quer cortá-lo da Seleção porque é um fracassado da Copa e tem inveja dele.

Quer dizer, com tais declarações públicas contra o técnico, qualquer outro jogador seria imediatamente mandado para o chuveiro mas parece que os pátrias têm medo do Romário.

Com o que, na minha opinião, o assunto Seleção está resolvido: não passaremos da 1º fase.

Empate com a Escócia, derrota para a Noruega, 1 x 0 com Marrocos e fim.

A inana começa amanhã com o jogo contra o Atlético de Bilbao, uma espécie de Brasil de Pelotas da Espanha, como sabemos.

As vedetes, que ganharam ontem pôr 1 x 0 ( gol de pênalti) de um time do município onde estão sediados, vão se borrar para o ETA.

Bem.

Acabou de sair daqui de casa o Luiz Gonzaga Fagundes, um velho amigo que no momento é diretor da Eletrosul.

Cito o fato porque ele está morando em Florianópolis e gostando demais: vida tranqüila, barata, clima bom, estas coisas que estamos carecas de saber.

Mas continuamos firmes na paçoca.

Paçoca com ç é surpreendente mas parece que é mesmo assim.

É o segundo erro de grafia que cometo hoje.

O primeiro foi “prazeiroso” que não tem aquele i do meio.

Vivendo e apreendendo.

A gente acha que sabe tudo e não sabe que “prazeiroso” é prazeroso!

Então tá.

Ontem jogamos nas Gêmeas e a Heloisa estava disputando com a Meneca o primeiro lugar – que vale R$50,00 – até a última partida.

Garfearam a Heloisa mas as provas são circunstanciais e a vítima acha que não assim que chamemos de fofoca.

Nada contra as gêmeas mas o apelo do sangue e do matrimônio é alto.

Temos que achar um meio de jogar que não resulte em 4 x 2 ou seja, quatro contra dois.

Hoje teve Almoço da Família no Americano e Heloisa foi.

É um carreteiro brabo que serve para testar a fidelidade dos alunos e ex – alunos: quem volta no ano seguinte é porque mantém acesa a chama da alma mater. E também porque sobreviveu à gororoba…

Notícias de Ipanema dão conta de que vai tudo bem pôr lá.

Penso que o Tergolina ainda não voltou para o batente o que é bastante prudente.

Andar naquela estrada todos os dias não é fácil e não creio que alguém se acostume.

A fábrica deveria suprir transporte de helicóptero para seus executivos.

Decerto algum dia será assim.

Se depender da chamada Administração Popular na organização e melhoria do trânsito, muito mais cedo do que se espera.

Até me ocorre um benefício se o Olivio ganhar as eleições: voltaremos aos tempos das juntas de boi e aí fica tudo mais tranqüilo.

O Galo vai querer transformar todo o Rio Grande em a Nova Bossoroca e logo estaremos carreteando na freeway.

O que não é mal e também não é piada: foi este o argumento do Cachurro para espancar a vinda da GM.

Falando no Cachurro, ele arrumou uma missão na França justamente no período da Copa!!!

Que feliz coincidência, o homem tem sorte!

Bem.

Continua o assunto do Viagra que está causando grande perturbação mundial.

Estes dias o presidente do laboratório que produz o remédio declarou para a Time que se fosse militar estaria cercado e sem possibilidades de acionar as reservas, tantas eram as solicitações do mercado americano, mais de 70%

Do que eles poderiam atender.
Pois bem, no Paraguai e até nos camelôs da Praça Quinze existe Viagra à venda!

E os trouxas ainda compram, pagando R$15,00 pôr uma pílula!

O que vai dar de vexame pôr aí não tem no mapa.

En passant, os americanos estão lançando no mercado seis tipos de pílulas para males até aqui sem cura, inclusive queda de cabelo.

E, funcionam!

O que significa que o mundo todo vai mandar, prazerosamente e de livre e expontânea vontade, carroças de dinheiro para os USA.

O que significa também que a riqueza das nações reside na sua capacidade de pesquisa técnico científica.

(O professor Edson Oliveira ensina que sempre que o som permitir, deve-se usar o “s”, então porque “riqueza” é com “z”?

Português é muito complicado.)

Bone nuit.

 

Quarta-feira, 3 de Junho de 1998, 17:03, frio.

Hoje resolvi ficar em casa porque os trabalhos a fazer são muito chatos e de tarde vem o Diogo para estudar.

Estou decidido: agora só pego pepinos cobrando caro.

Direito, ainda mais atuando só, é muito desgastante.

O Bagé veio ontem de Brasília e diz que as coisas pôr lá estão muito feias e o povo acha que o FHC não se reelege.

Não dá mesmo para entender este país: inegavelmente a esquerda está no poder mas quem combate o governo de todas as formas é a esquerda!

Agora com o auxilio do Brizolla que, todo mundo sabe, só está interessado em ficar na berlinda.

Sei que o Exército recebeu a missão de acabar com as badernas dos sem terra de qualquer maneira o que significa que vai sobrar pena para tudo quanto é lado.

Como já afirmei antes, os caras não devem esquecer que jogar com o Exército é colocar o maior jogo na mesa: se perder, acaba o jogo.

Espero que meus antigos camaradas também lembrem disso e não entrem para perder.

Lembremos que a esquerda assumiu desprezando o Exército que teve a elegância de ficar só olhando e dando uma de bom cabrito.

Na hora que a esquerda pede para intervir alegando que não pode controlar a bagunça, perde também o seu grande argumento e, a partir daí, tudo estará justificado.

Lembremos que as pesquisas de opinião mostram que 87% da população quer a volta do chamado Regime Militar.

Sei também que dentre os principais compradores de medicamentos falsos, está a CEME do Rio Grande do Sul e que há marmelada no meio.

O fato em si já é gravíssimo e com marmelada fica muito pior.

Se houver divulgação, o Brito vai ser muito prejudicado.

Falando em prejudicado, cortaram o Romário da Seleção e chamaram o Emerson, aquele crioulinho com jeito de canguru órfão, um que jogava no Grêmio!!!

Não deu para entender e o povão está indignado.

Os caras receberam o Romário no Rio com cartazes:

“Romário é campeão, o Zico é um bundão”.

Hoje a Seleção treinou com a Seleção de Andorra e ganhou de 3 x 0.

Os jogadores de Andorra são amadores, um é bombeiro, outro corretor de seguros, outro professor primário e pôr aí empós.

O Ronaldinho jogou tão mal que nem ele mesmo acreditaria; aliás não é a primeira vez, contra o Atlético de Bilbao foi de chorar o Garoto Parmalat.

Apesar dos escoceses terem aparecido na televisão tomando trago e afirmando que irão beber antes, durante e depois do jogo, não dá para garantir que iremos ganhar deles.

Bolão esteve aqui até agora e está preocupado como tal de Marcelo que anda se drogando de novo e aprontando.

A Liege já encheu e eu aconselhei ao Bolão que despache o cara imediatamente antes que ele faça uma besteira maior; aliás eu já dissera isto antes ao Bolão, logo que ele apareceu.

Ë mais fácil não deixar o diabo entrar do que mandá-lo embora.

Vamos ver como progride este caso que é sério.

São sete e meia e Heloisa ainda não voltou do chá.

Acho que vou esquentar a janta porque não quero perder o Jornal da Globo com todas estas fofocas que andam pôr aí.

 

Segunda-feira, 8 de Junho de 1998, 22:53, chuvoso.

 

Estou ficando descuidado com estes registros mas a verdade é que, se continuo nesta marcha, acabo o ano com mais de trezentas páginas.

O final de semana foi meio corrido porque tive que fazer um recurso que não pretendia e isto me encheu as bombonas.

Sexta feira jogamos e ganhamos, Heloisa e eu.

Sábado a Isinha e Tergolina vieram almoçar bacalhau aqui em casa antes de seguirem para Gramado para passar o fim de semana gratuito que Isinha ganhou numa rifa num baile.

Depois fomos à festa junina do Chico e do Zé, lá no colégio das freiras da Glória.

A festa estava animadíssima e o Chico saiu-se muito bem na sua apresentação de danças gauchescas.

Domingo grandioso galeto com a presença de todos os que estavam em Porto Alegre; os guris da Patrícia pousaram aqui.

Amanhã vou para Julio de Castilhos, audiência de uma ação da Seguradora. Um saco.

Nos últimos dias o assunto geral é Copa do Mundo e tudo gira em torno disto.

Estrearemos contra a Escócia, depois de amanhã, o que deveria ser uma barbada mas, do jeito que a Seleção está, não sei.

Agora temos mais dois velhinhos contundidos e os dois são beques.

Com o affaire Romário, os caras vão ter que cortar também um dos velhinhos pôr razões de coerência.

Mientras tanto o Vasco ganhou do Grêmio injustamente e o Colorado perdeu o campeonato gaúcho para o Juventude de Caxias.

Faziam 59 anos que um time do interior não era campeão gaúcho.

O cafajeste do Amorety, presidente do Inter e mau caráter de carteirinha está tentando ganhar no tapetão mas não vai levar porque nem os jogadores e nem a torcida aceitam a patifaria.

O time do Ângelo ganhou a Copa Ajax de futebol de salão e consta que eles foram receber a premiação no Canal 2.

O Ângelo ficou de avisar mas não o fez: ou pifou o programa ou ele esqueceu.

O consultório da Liege está praticamente pronto e creio que esta semana ela desemboca.

Esperemos que os clientes apareçam.

Quem anda desaparecida é a Helena, ingressando no mundo nebuloso da adolescência. Nada de novo.

No mais, tudo calmo.

O João vai Quinta feira para São Paulo fechar o contrato com a General Motors.

Ele quer que o Bolão seja o seu preparador físico mas penso que não é bem assim: normalmente os preparadores são professores de Educação Física.

Se der certo é um mumu para o Bolão.

A política, com a história da Copa anda meio michada: relevo para o Cachurro que está indo para Paris.

Ele vai para um congresso (?) e já aproveita para ver a Copa…

No fim, é tudo a mesma coisa mas acho que o Cachurro abriu a guarda demais.

Outro que levou uma paulada foi o Brossard que vive cagando regras e moralizando pelo jornal e no entanto foi defender o deputado Pedrinho Abrahão, um vigarista que foi flagrado recebendo propina.

Já começam a chover protestos e é ótimo que assim seja: o Brossard sempre foi um baita dum fariseu.

Uma filha dele que foi minha colega de aula na Faculdade, tinha cartaz de ser crânio mas não passava duma coladorazinha burrovalda e apagada.

Chega de fofoca.

Interessante registrar que os contrabandistas do Paraguai resolveram fazer uma greve de protestos porque a Receita Federal resolveu dar duro pôr lá.

Penso que greves de contrabandistas ainda não haviam sido registradas na história da humanidade.

E o que é mais interessante: tiveram sucesso!!!

Descobriu-se também ( os repórteres do Fantástico) que 70% dos carros importados que rodam pôr aí, são contrabandeados!

Garanto que o assunto não irá prosperar porque iria enrolar tanta gente que derrubaria o barraco, já de si meio cambaio.

Hoje comprei um celular digital para ocupar uma linha que o João havia ganho em Osório em troca de serviços para a CRT.

Como o prazo expirava hoje e não havia candidato, acabei sucumbindo mas é coisa que não me emociona.

Pode ser que com o uso eu acabe aderindo mas pôr enquanto acho o celular o cúmulo da cafonália.

O João ainda tem mais quatro em Flores da Cunha, pela mesmas razões.

Acontece que o custo da assinatura está pôr R$80,00 assim que o caro é o aparelho embora os analógicos já estejam sendo vendidos até pôr

R$20,00!

Como eu sempre digo, demoramos um pouco mas acabamos iguais à Matriz: o próximo passo vão ser os automóveis.

Lembro que fiquei abismado no Epcot quando vi o último lançamento da GM sendo vendido em prestações de US 280,00.

Pelo menos em termos de Fiat, já estamos chegando lá.

Com o que desejo boas noites a todos.

 

Quinta-feira, 11 de Junho de 1998, 23:13, chuva.

Estamos em que já houve a abertura da Copa e o Brasil ganhou da Escócia pôr 2 x 1 com um golo contra.

Não foi um vexame mas faltou pouco porque os escoceses são horríveis.

A Noruega empatou com Marrocos com as calças na mão, Itália para empatar com o Chile precisou de uma ajuda do juiz e hoje Camarões e Áustria empataram também.

Ou seja, até agora só o Brasil fez três pontos.

Terça feira fui a Julio de Castilhos mas desta vez de Santana e com o João dirigindo e não deu para sentir a viajem.

Ontem estiveram aqui para assistir o jogo  a Patrícia, o Carlos e os guris; veio também o Ney Haushann o que foi uma agradável surpresa.

Fazia anos que o Ney não aparecia e espantou-se com a forma da Heloisa que parece não envelhecer, o que é verdade.

Hoje foi feriado e ficamos em casa porque choveu o dia inteiro; de tarde apareceu o Bolão que, junto com os guris, passara o dia na Patrícia.

Apareceu também o Pingo para apanhar um programa do banco Real e o João com a sua turma.

Agora, acabei de estudar o processo de Julio de Castilhos e estou tratando de não me atrasar muito nestes registros.

Na verdade deveria demorar-me mais nos comentários da Copa mas pôr enquanto está tudo na fase experimental e nem o Zagalo sabe ainda qual o time que será titular.

Mas vendo os outros, já senti que terminaremos a 1ª fase em primeiro lugar.

Na Segunda fase, iremos pegar Camarões ou Itália e nem um dos dois parece ter condições de nos ganhar.

Pelo que vi hoje, são um bando de pernas de pau.

Mas pode ser que não…

Boas noites.

 

Segunda-feira, 15 de Junho de 1998, 18:28.

 

Sexta feira, jogo, Sábado e Domingo sem maiores novidades; no Sábado a Virgínia ofereceu um jantar de comida chinesa muito bom.

Agora, ali ao lado do edifício, onde antes foi a lojinha da Beti, irmã da Ieda do Amaury, instalou-se uma tele entrega de comida chinesa e, pelo prospecto, é coisa fina. Realmente estava ótimo e é uma opção para eventuais refeições em que a dona da casa seja apanhada desprevenida.

Não fiquei sabendo do preço mas o china mandou de brinde duas garrafas de Beaujolais….

A coisa está malhorando porque, normalmente, brinde de tele entrega é litro de refrigerante, daqueles fabricados em Cachoeirinha.

Ontem de noite telefonou o vizinho da frente pedindo para eu verificar dois carros suspeitos quer ficam estacionados à noite aí na frente.

Até aí tudo bem mas junto com ele estavam os filhos, dois marmanjos de seus trinta e poucos anos e ele me disse:

  • Será que o senhor poderia telefonar para a polícia que eu não gosto de me envolver com esta gente…

Acontece que carro estacionado não é crime e eu não sou telefonista de medrosos.

Boas notes.

 

Terça-feira, 16 de Junho de 1998, 18:23, chuva.

 

Há pouco terminou o jogo Brasil x Marrocos e, como seria de se esperar, ganhemo de 3 x 0.

Assistiram aqui em casa o Carlos e o Ângelo.

O Brasil já é o primeiro do grupo A .

O João acaba de voltar de São Paulo onde foi fazer exame médico para ingressar na GM.

Parece que foi tudo bem e ficamos torcendo para que ele seja escolhido para piloto de provas.

E já foi trocar o vidro dianteiro do Santana que estava rachado há mais de cinco anos: havia a hipótese do vidro comum e do rayban.

Adivinha qual o João escolheu?…

Nunca vi uma pessoa tão gastadeira e novidadeira como o João: agora mesmo já trouxe um monte de bagulhos de São Paulo para os quais não tem a mínima necessidade.

Tive que trocar o vidro para poder licenciar o carro: os pátrias, com o novo Código de Trânsito, estão apertando.

O David Freitas e a Maria apareceram ontem pôr aqui para me trazerem o endereço certo da suposta filha do Freitas; acontece que entrei com uma produção antecipada de provas para que a menina faça o DNA e assim acabar com a dúvida do Freitas sobre a paternidade dela.

Os meus colegas advogados não quiseram patrocinar a causa porque achavam que nenhum juiz iria despachar favoravelmente o pedido.

Despachou!

El diablo sabe pôr diablo pero mas sabe pôr viejo…

En passant, ontem fiz uma pesquisa na Internet sobre o Vitor Ramil que destinava-se a um trabalho que o Pablo deveria entregar hoje.

Registro porque foi a primeira vez que pesquisei na Internet e saibam que tem os seus macetes, principalmente na hora de imprimir, o que deve ser feito no modo “paisagem”.

No fim parece-me que ficou bastante bom principalmente porque a impressora agora é uma Epson Stylus 600, a cores.

Com o que encerro pôr hoje.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 17 de Junho de 1998, 19:27, frio de casacão.

 

Ao que tudo indica, estamos entrando no inverno: hoje o dia está muito frio, coisa de 6 graus.

Já estava demorando.

No início da tarde tive uma audiência trabalhista com o Beto cuja faxineira entrou contra ele mas, não vai levar.

A próxima audiência está marcada para setembro do ano que vem…

Uma ação trabalhista com recurso, leva aí coisa de dez anos.

Já está na hora de mudarmos a nossa CLT que só faz mesmo é atrapalhar o Brasil e os eventuais reclamantes que dificilmente sobrevivem ao tempo de julgamento.

A situação foi ficando tão difícil que, para acabar com o desemprego, bastaria mudar a CLT.

Acontece que, se o sujeito tem experiência, sabe muito bem que cada pessoa admitida, é um problemão futuro.

E aí não admite pensando na despedida.

Despedir alguém, no Brasil, é quase a bancarrota.

Deste jeito não globalizaremos nunca porque nossa produção, com a incidência do famoso “Custo Brasil “, sempre será mais cara do que a dos outros e seguiremos importando mais do que exportamos até a miséria final.

Isto está na cara e o resto é demagogia.

Em termos políticos, no momento, o Lula está encostando no FHC nas pesquisas e será muito divertido de ele ganhar a eleição.

Com o Brizolla no pé dele, de vice, aí sim é que a coisa irá ficar cômica no início e trágica no fim.

E a gente no meio da confusão.

E nóis nem merece.

Em assuntos mais amenos, a Itália ganhou dos Camarões e parece que iremos jogar contra o Chile nas oitavas de final, o que será muito bom.

Os polinésios são muito ruins.

Polinésios porque eles têm a Ilha da Páscoa e gostam de dizer que assim são.

Já falei sobre os espetáculos polinésios de Santiago…

SOBREIRO!!!

Isto daí é o nome que os portugueses dão à corticeira e que não conseguia lembrar.

Hoje, consultando o dicionário com o Diego, achei “corticeira” e daí foi um pulo.

O Diego é fantástico em palavras e seu significado, como aliás eu já havia verificado quando ele tinha uns três anos.

Na aula de hoje, tínhamos que ver no dicionário algumas palavras indicadas pela tia.

Aí, eu lia a definição do dicionário e ele simplificava para escrever no seu trabalho.

Garanto que as simplificações ficavam melhores do que o original!

Acho que ele deveria consultar um oculista porque, na leitura, confunde o a com o e que, afinal, são a mesma letra com uma rotação vertical e uma à á esquerda.

Tanto uma como  a outra.

Já alertei o Carlos.

O Bolão teve o mesmo problema quando era pequeno.

Falando nisto, educação da gurizada, a Isinha afirma que o Ângelo já está rodado, que não quer nada com o basquete etc. etc.

Já vimos o filme mas quando surge o tema, lembro os meus tempos de estudante, na idade do Ângelo.

Começa que, com a idade dele eu estava um ano mais atrasado e era o mais moço da turma.

E também, minha única preocupação era chegar em casa, almoçar e imediatamente ir para o campinho jogar bola.

De noite ping pong com eventuais pasteis e gasosa.

Arrumar tempo para fazer o tema era um dos grandes problemas da existência, quase sempre não resolvido.

Não me lembro de que soubesse alguma coisa de qualquer coisa.

Acho que só comecei a estudar- e não muito – a partir do terceiro ano da EPPA, o que seria hoje a terceira série do 2º grau.

Eu tinha então dezoito anos feitos.

Acontece que esta é a vida da grande maioria dos meninos e as mães não conseguem entender como pode ser assim.

Mas é!

Muito pior do que não estudar é ter que aprender, com dezesseis anos, as causas remotas da Revolução Francesa o que revela a profunda ignorância dos mestres atuais.

Aliás mestres é força de expressão porque a grande maioria compõe-se de analfabetos diplomados.

Estes dias o Lucas andava às voltas com um trabalho sobre causas do sub desenvolvimento, teorias de Marx, problemas de mortalidade infantil, idade industrial, colonialismo, imperialismo etc. etc.

A gente não sabe se chora ou se morre de rir.

Ano passado o Ângelo perdeu uns dois meses do que poderia ter sido um aprendizado real para debruçar-se sobre particularidades do chamado regime feudal.

Eu disse a ele que informasse à sua professora que o regime feudal regia-se pôr regras tão complicadas mas tão complicadas que até hoje ainda não foram corretamente e completamente analisadas.

E lá estava o Ângelo pensando de como as leis do Senhor de Chambres eram diferentes do seu vizinho M. De Beaucamp e o que isto resultava para o comércio e a industria da época.

Não é de rir?

Depois os guris ficam com raiva da História e ninguém sabe explicar porque.

São uns pândegos os professores atuais.

Não posso esquecer a professora do Diego que ensina que o autor do Corcunda da Notre Dame é o Walt Disney.

Agora ela vai ficar ainda mais encucada porque os caras do Planeta em Casseta apresentaram ontem o Fanho de Notre Dame, o Gago de Notre Dame e pôr aí empós.

Decerto na próxima aula ela irá ensinar para os meninos que o Fanho de Notre Dame é a Central Globo de Produções…

Há um volume das Farpas em que o Eça e o Ramalho analisam o ensino em Portugal.

Há coisas tão esdrúxulas que a gente nem acredita; lembro de uma definição de caranguejo: bicho que caminha às arrecuas.

Estamos chegando lá.

Um pouco de humor.

Conta o Ney que, estando no aeroporto de Lisboa aguardando o vôo para Roma, resolveu dar uma voltinha no jardim.

Lá estava um português jardinando e havia uma placa:

“Proibido pisar na grama”. Multa de 500 escudos”.

O Ney foi para Roma e, na volta, nova parada em Lisboa e nova voltinha no jardim.

O mesmo português mas a placa havia mudado:

“Proibido pisar na grama. Multa de 200 escudos”.

 

Aí o Ney ,a mais para puxar conversa, perguntou:

  • Ué seu Manoel. O que houve? Baixou a multa?
  • Tive que baixar. Ninguém pisava na grama, pois.

Esta eu deveria ter contado em Portugal.

Aliás, na nossa viajem à Santa Terrinha, de vez em quando a guia, a Porfiria, resolvia contar umas piadas.

Geralmente ela terminava e a gente só percebia porque ela morria de rire.

Simplesmente atrozes.

A respeito, olha a carta que escrevi para o Scliar.

Prezado Dr. Scliar.

Permita-me agradecer-lhe o gentil bilhete que, vindo de pessoa tão atarefada, adquire foros de incenso e mirra.

Muito obrigado: vai para o que meus netos chamam de “museu do vô”, um baú com aides memoires de fatos notáveis da vida.

O assunto hoje é onomástica.

Queria dizer-lhe que, reforçando as teses dos nomes – profissão, existem também as antíteses: conheci um masculino que chamava-se Rodinei Dias Aguiar cuja profissão era vigia de banco ou seja, passava o dia inteiro sentado na guarita!

Um colega de faculdade, para quem Porto Alegre terminava no Cacique e enfatizava que campo é um lugar úmido onde as aves passeiam cruas, chamava-se José Índio Boiadeiro.

O que é muito interessante mas não esgota o tema eis que há também lugares de cujos nomes nos vêm frouxos!

Em Portugal isto é muito comum ( São Freixo de Espada à Cinta é um balaço) mas queremos falar do Rio Grande, desta terra Farroupilha, onde a lança na coxilha… epa.

Saiba que lá para os lados de Passo Fundo existe um lugar chamado de São João da Mortandade!

Conversei com nativos e me disseram que já houve até movimento para mudar o apelativo mas a turma não topou:

o nome já estava, o São João poderia não gostar, mortandade houvera mesmo, ninguém estava exagerando, enfim, razões de muita força.

E lá está São João da Mortandade, firme como palanque de canto.

Agora, um tema subjetivo, na verdade seujetivo.

Pesquisando no Museu da Marinha, em Lisboa, descobri a origem do seu nome, Scliar.

Acontece que lá pêlos séculos XV e XVI, portugueses e ingleses andavam em altas transas, os ingleses querendo saber dos portulanos e os galegos de tanoarias e velames.

E assim fizeram um tratado de cooperação: barcos portugueses com parte da tripulação inglesa e vice-versa.

Disto resultou que, quando o piloto transmitia suas instruções aos gajos, o fazia em português mas sempre terminava perguntando aos ingleses:

  • Is it clear? ( Os pilotos não eram muito bons no emprego de conjunções.)

E, como seria de se prever, logo os marujos começaram a bradar:

  • Ó da trolha! O seu Scliar está a lhe precisar na proa!

Eu sinto muito que o senhor pensasse que seu nome viria diretamente do Velho Testamento mas a verdade histórica deve ser evidenciada a qualquer preço.

E até que não é tão ruim. Imagine só se o brado fosse:

– Atenção, hoje quem está na trolha é o seu Scliar!!!

 

Receba meus cumprimentos e admiração.

 

Segunda-feira, 1 de Junho de 1998.

Ele costuma responder às minhas cartas mas até agora não se manifestou.

Decerto não gostou muito da história da trolha.

Para quem não sabe do que se trata, recomendo “Viva o Povo Brasileiro”.

Com o que apresento meu cordial desejos de boas noites.

 

Quarta-feira, 24 de Junho de 1998, 22:39, frio.

Na verdade o Scliar se manifestou: publicou minha carta em sua coluna de domingo.

Como já é a segunda vez, creio que gosta de minhas literaturas.

 

 

Estes sete dias tem sido agitados: Sábado fomos a um churrasquinho nos Tergolinas e Domingo fomos para o Imbé ver a história do vazamento.

Deixei o Julio encarregado do concerto.

O Imbé está abandonado e o jeito será elegermos um prefeito. Conversei com o Joaquim a respeito e ele está pensando no assunto.

Vamos ver pôr qual partido ele pode se candidatar mas temos preferência pelo PT.

O resto é uma choldra.

Não sei se já falei mas fui contratado pôr uma empresa de São Paulo para quebrar uns galhos aqui.

Quando fui verificar, tratava-se da maior fornecedora de artigos de R$1,99 do Brasil!

Quer dizer que agora sou advogado de R$1,99, exatamente o que se costuma chamar de o fim da picada.

Mas, atendi os pátrias que estavam esgoelados nos prazos.

Como a advogada deles mora em Pindamonhangaba, perguntei se conhecia o Zé Gilberto de Lima Novais, grande amigo nos tempos de cadete e até meu padrinho de casamento.

Conhecia e me informou que o Novais morrera há três meses.

Fiquei bastante sentido pois era uma bela pessoa de quem eu gostava muito apesar de não vê-lo desde o tempo da Academia.

On entre on crie e c’est la vie; on crie on sort e c’est la mort.

Ontem morreu o Leandro o que tem sido assunto quase que único da TV.

E ontem também a nossa Seleção perdeu para a Noruega, um vexame bárbaro.

O futebol ontem foi terrível: com uma vitória do Brasil – previsível – o Marrocos estaria classificado.

Perdemos porque jogamos muito mal mas o juiz apitou um pênalti totalmente inexistente.

Também a seleção de Camarões foi garfada pelo juiz de uma maneira infame e assim dois times africanos ficaram fora da Copa.

A vingança veio hoje no jogo Nigéria e Paraguai.

O Paraguai não teria a menor chance e os crioulos deram um baile e um show no primeiro tempo; no segundo tempo amoleceram e o Paraguai ganhou de 3 x 1, deslocando a Espanha que está fora da Copa.

Foi a vingança da África pelas sujeiras de ontem.

Mas, não foi fácil amolecer sem dar demais na vista.

Muito interessante e o Ângelo e eu demos boas risadas dos esforços dos nigerianos para levar golos.

Pôr duas vezes, sem a menor necessidade, o goleiro pegou a bola e foi para cima dos atacantes paraguaios.

Na segunda vez um pátria fez o terceiro gol mas quase que não consegue.

Tudo muito divertido.

Sábado o Brasil joga contra o Chile, já no mata ou morre das oitavas de final.

Se a seleção continuar jogando na base do “são dois prá lá, dois prá ca” vai perder.

Se perderem, acho que o Zagalo não deveria voltar para o Brasil tão cedo porque a quantidade de burradas que ele tem feito ultrapassa a tradicional mansidão do povo brasileiro.

Falando nisto, hooligans e néo – nazistas estão baixando o pau lá pela França.

Se a Alemanha ou a Inglaterra cruzarem-se com o Brasil, será bom mandar para lá alguns de Soledade.

Hoje fui a Sapiranga atender a um processo dos R$1,99 e achei a estrada ótima.

Fazia anos que eu não ia a Sapiranga e nem lembrava de nada a não ser a praça com as rosas; pareceu-me que os fredolinos desistiram das rosas.

Nos bons tempos eu advogava em Brasília, Rio, Montevidéu, Buenos Aires e similares; agora é Sapiranga, Julio de Castilhos, Passo Fundo…

Sem dúvida a minha bolinha murchou mas nunca duvidar: bobeia eu volto para as grandes cavalarias.

Do que, aliás, não tenho a menor saudade.

O povo todo em paz: a Heloisa andou preocupada com a Zilda mas parece que era rebate falso.

Alda, como sempre pensando em ir para o Rio mas temerosa.

Ao que tudo indica, sábado teremos grandiosa feijoada nos Tergolinas.

Liege afinal abriu o consultório e deve começar em seguida.

Tomara que tenha sucesso.

E, é isto aí.

Desejo boas noites.

Segunda-feira, 29 de Junho de 1998, 21:14, tempo bom.

 

Tivemos grandiosa feijoada nos Tergolinas com a presença de todos.

O “chef” foi o Tergolina, um expert em feijoadas e que manteve a tradição dos seus churrascos: sobrou feijoada para o resto do ano.

Aliás, hoje uns fredolinos chegados diretamente da Muterland (?) vão jantar lá e enfrentar uma feijoadinha maneira, veterana.

Sábado no almoço, o Paulo trouxe um mocotó meio fracote mas, de qualquer maneira, mocotó no almoço e feijoada na janta obrigaram a que domingo eu fizesse galeto.

Fomos à feira sábado e aconteceu algo divertido: estávamos eu e um baita dum crioulo esperando a carne numa passagem meio estreita, quando passou uma velhinha de supermercado, carregada com hortifrutis, que nos passou um pito: “saiam do caminho, ficam aí batendo papo e atrapalhando a vida de que está trabalhando”.

O negão meio que riu e disse:

– O meu avô é quem dizia: antes ouvir isto do que ser surdo!

É o que se chama de observação apropriada e oportuna.

Na sexta feira o Brasil deu um banho no Chile, 4 x 1 estamos indo em direção à Dinamarca que ganhou de goleada da Nigéria, franca favorita.

Os últimos jogos têm sido de arrepiar o cabelo: a França ganhou do Paraguai 3 minutos antes de acabar o tempo da morte súbita; a Alemanha quase perde para a Iugoslávia e a Alemanha levou o maior cagaço do México.

Mas, no fim, deram os de sempre para terminar a Copa: Brasil, Itália, França, Alemanha, Holanda, Argentina(?), Dinamarca e decerto Romênia.

Amanhã jogo de possível alaúsa e grande: Argentina e Inglaterra com hooligans e Barra Brava. Quem perder vai para a casa.

Não esquecer que em 86 a Argentina ganhou a Copa dos ingleses com o golo de mão do Maradona, o que os argentinos chamaram de “La mano de Diós “.

Além disso, as Malvinas.

Vai ser um pega para capar e torcemos pêlos ingleses.

O Brasil irá enfrentar uma pauleira: o time da Dinamarca é muito bom e composto pôr onze armários; o Zagalo vai se arrepender de não ter levado o Kleber e o Odivan, ídem guarda – roupas de 4 portas.

O jogo é sexta feira e este sim vai dar para torcer.

Afinal hoje, depois de três anos, saíram os nossos celulares e resolvemos ficar com um só.

O número deverá ser 9708106.

Mais uma conta para pagar no fim do mês.

Hoje o Ângelo veio estudar matrizes e no fim sabia mais do que eu.

Também estes dias fiz um teste de inglês com ele e fiquei surpreso com o seus conhecimentos.

Na verdade o Ângelo sempre foi um ótimo aluno e, pelo jeito continua sendo; o negócio mesmo é o seu setor de relações públicas que não funciona.

O consultório da Liege já está funcionando e os clientes começando a aparecerem.

Não demora muito, como diz a Virgínia, mudam-se para as Três Figueiras, compram o carro do ano e vão passar as férias em Santo Domingo ou Varadero.

O casal Pinho irá para a Alemanha, o que acho bom.

A Ilsa já não está mais agüentando a pressão.

A Isinha vai passar uns dias no Rio nas férias de julho, com o Lucas e o Ângelo.

E amanhã termina o primeiro semestre do ano!

Logo será tempo de começar a pensar no veraneio que este ano será sem chuvas.

A Alba estará entrando de férias de inverno pôr duas semanas.

O cão Conam continua gordo e brincalhão; quando ele fica preso no chalé da Isinha, fica de pé no muro olhando para a gente com uma cara de vítima que da dó.

O que ele quer é brincar com a gurizada; ninguém me convence que este Rotweiler não tem cruza com boxer.

Vou pesquisar.

Como se sabe, os rotweiler eram cães pastores de gado na Galia e, consequentemente, treinados para atacar lobos e até animais maiores, talvez ursos e javalis.

Penso que a sua fama de ferozes resulta desta cultura genética: sempre se conta que eles estraçalham os outros cachorros o que seria explicado pôr suas obrigações de pastores diante dos lobos predadores de rebanhos.

Mas no resto, como todos os outros cães pastores, são gentis e brincalhões.

Também pretendo testar esta minha tese quando o Conam for adulto.

Já imaginaram se a Fifa fosse viva?

Valente e forte como ela era, seria uma prova duríssima para os instintos do Conam.

Acontece que ela também era de raça de pastores.

Dos cães atuais, os únicos descendentes de lobo a curta distância, são os pastores alemães que surgiram na Alemanha Nazista.

As matrizes fêmeas eram de pêlo cinza, quase lobas ainda; os machos, pastores belgas, amarelos avermelhados como o Radar.

Estou ficando bom em cachorrética…

Então tá!

Boas noites.

 

Quarta-feira, 1 de Julho de 1998, 18:44, chuva forte.

Os argentinos, desgraçados, ganharam dos ingleses no último pênalti.

O juiz roubou, os ingleses jogaram com dez, quer dizer, tudo deu certo para aqueles bagaceiros.

Se chegarem na final conosco, vai ter para eles.

Ontem fui para a Internet para pesquisar rottweilers.

Chega a ser emocionante o que as pessoas dizem sobre a raça que é usada para cuidar de crianças excepcionais!!!

Olhem só o que dizem os especialistas a respeito das características da raça:

CORAGEM, GENTILEZA, INTELIGÊNCIA, FORÇA, LEALDADE, PLACIDEZ, SIMPATIA E VIGILÂNCIA mas, sobretudo, UM CORAÇÃO GENEROSO!!!

Assim que, como as baleias assassinas, os rottweilers são prejudicados pôr um estereótipo que, como diz o Ângelo, nada a ver.

E, é isto aí.

Hoje fiquei em casa que o tempo está horrível e não tinha nada para fazer de urgência. Se vou para o escritório, certamente aparece alguém com pepinos.

O Diego veio para a aula, fizemos os temas e depois ele contou-me um filme inteirinho.

Melhorou bastante em caligrafia mas ainda permanece a troca do l pelo u no final das palavras, o que é comum pôr causa da pronuncia carioca, difundida pela televisão.

O meu celular já está funcionando, o 9708106, número que irei difundir entre as partes.

Quem vai usá-lo é a Heloisa porque eu não sinto necessidade.

Acho cafona.

Hoje a Alba entra em férias e, preocupada que possamos morrer de inanição durante seu afastamento, está até agora preparando pratos mís.

Decerto vai até a meia noite com os quitutes.

Caminhando pela casa, vi a miniatura de caravela que trouxemos de Portugal e percebi que gosto muito de tudo que  veio de lá; realmente Portugal encantou-me, mas acho que há aí alguma coisa mais profunda, quem sabe uma memória hereditária que não sabemos explicar.

De nenhum outro lugar ou coisas, lembro ou tenho o mesmo carinho.

É uma espécie de saudade, o que não sinto pôr nenhum outro país que visitei.

Se tivesse percebido este sentimento antes, teria ido à Moura para ver o que sentiria no lugar de origem dos antepassados.

Quem sabe ainda volto?

Bem.

De vez em quando eu gosto de reler algumas histórias que publicava no “Pijama de Bolinhas”.

Aí vai uma.

Quando apareceu na porta do bar, a turma vibrou:

  • Entra Alexandre, vem soltar o verbo.

–  Venha de lá: o popular Alexandre e suas histórias. Senta, meu.

Naquele dia porém declarou logo que não estava disposto:

  • Tem dó, hoje é sem história.

E quer saber porque? É que deu cabrito no bicho e dia que dá cabrito, eu fico entregue às baratas. Ë que me lembro duma vez, quando era estudante em Fortaleza: andava mais liso do que calcanhar de tamanco, o dinheiro não dava nem para o cineminha e eu tinha que dormir cedo. Uma noite, nem bem eu tinha me deitado quando sonhei com uma velha que me disse:

  • Alexandre, joga no 1412!!!

A coisa foi tão em seco, tão real que me acordei assustado:

  • Nossa, seu! Parece até assombração!

Eu não acreditava muito nessas coisas mas- nunca duvidando- pensei que se ao menos soubesse que bicho era o 1412, arriscaria umas pratinhas, as últimas.

Vocês estão vendo que eu não ia arriscar as minhas derradeiras no milhar. No bicho ainda vá. Fantasma é muito enganador!

Pensando nisto me deitei e peguei no sono de novo.

Vai daí e me aprece a velha e diz:

  • Xandoca, 12 é cabrito mas porque tu não joga no milhar?

Dá muito mais, seu!

    Nesta altura me acordei abesourado e aquela hora mesmo fui ao bilhar

    e perguntei para o encarregado:

  • Escuta aqui Onésio, que bicho é o doze?
  • É o cabrito Xandoca, porque?

Contei a história toda.

No outro dia estourou o 1412!!!

    O Onésio ficou rico e o burro velho aqui ganhou só cinqüenta pilas

    porque gelou na hora e jogou só no bicho.

   E vocês ainda acham que no dia em que dá cabrito eu posso ficar

   inventado histórias para contar?

  Não dá, não dá…..

 

As histórias são transcritas exatamente como foram publicadas, pôr isto algumas expressões mais antigas eis que lá se vão quase quarenta anos.

Essa aí de cima, quem me contou foi o protagonista, o sargento Alexandre, um sujeito excelente mas um grande inventor de mentiras.

Uma vez ele apareceu no BE com o peito enfaixado e braço na tipóia.

Aí contou que estava pescando de noite, dentro de um bote e quando foi acender um cigarro, um dourado pulou atraído pela chama e bateu em seu peito. Que o dourado era tão grande e tinha tanta força que a pancada lhe quebrara duas costelas…

Pior ainda: o dourado, única testemunha, escapara!!!

Na história do jogo do bicho, a assistência ficara meio cabreira mas na dourado queriam tirar o pó do Alexandre.

Ele ainda deve morar em Cachoeira porque apesar de arataca, casou pôr lá.

Naquela época, dominavam os temas políticos e a grande discussão era se a capital ia para Brasília ou não.

Ouçam o que escrevi, no concernente.

Enquanto o homem colocava a faixa, o pessoal da assistência ia soltando os palpites:

  • É recrame do biotone.
  • Vão botar um posto de vacinação.

Um moreno que puxava uma beca recortada foi dando a explicação com ares importantes:

  • Oia Zé, isto daí é campanha do tal de Plebecides.
  • Nossa! Quem é esse cara?
  • Dereito eu não sei mas o seu Oreste me expricou que é um fulano que quer acabar com o João Celino Pé de Varsa. Diz que se ele ganhar a eleição, adeus João Celino.
  • Quanta mardade! Mas que foi que o seu Bicheque feiz prá ele?
  • Uma mixuruca Zé, uma bobage: é tudo pôr causa duma capa.

Até onti ouvi o seu Jango Golarte dizer que a tal capa é irreversiver.

  • Vai vê que é uma capa véia.
  • Não, parece que não, porque o seu Jango disse no Reporter Esso que a nova capa era irreversíver.

– É pro senhor ver seu Aristides, quanta marreta: querer massacrar o João Celino pôr causa duma capa… divia era prendê esse tal de Plebecides…

Uma mulata que pegou o fim da conversa, olhou desdenhosa para os crioulos e encerrou o assunto.

  • Quanta burrez! Não saber que plobocides não é candidato.

Ainda onti ouvi o patrão dizê que plobocides é o imperpótis que tem lá no zologe. Só se for o Cacareco!!!

Hoje, este negócio daí não seria politicamente correto…

Bem, vou encerrar porque ainda devo copiar uma história do nosso tempo de aspirantes e que vai a seguir.

Registro que a crônica foi escrita em 1962 e que respeitei o texto original.

 

CRÔNICAS DO 6º BE.1

Creio firmemente que o maior grupo de self-entusiastas que o  Exército já reuniu numa mesma Unidade, pertenceu ao 6º BE durante os anos de 51 a 53.

Ali, como dizia o Paulo Genes Muratore, quem menos via, desmontava Omega no escuro…

Verdadeiros “experts” em todos os assuntos possíveis e imagináveis, para aquela famosa equipe não havia nenhum problema: tudo se resolvia – é claro que nem sempre da melhor maneira.

De modo que quando o Amaury Soares Macaco surgiu com o problema da manutenção dos tanques de borracha do Suprimento de Água, houve logo várias soluções.

É preciso esclarecer que o equipamento de Sup Agu era um dos pontos altos do BE em virtude de ser do tipo mais moderno, com um filtro chamado “diatomito”.

De maneira geral, o que sabíamos dele era o nome, bastante sonoro.

Quando falava-se em “diatomito “, todos tomávamos um ar grave e ficávamos a pensar que diabo, afinal, queria dizer aquilo.

O verdadeiro técnico no assunto era um major do Sv. de Engenharia que, fosse casado com o tal misterioso equipamento, não seria mais apaixonado pôr ele.

Vivia no BE enchendo  com tal filtro, querendo saber, cheirando, perguntando.

Uma sarninha o tal major.

E, foi através dele que soubemos que o nome derivava de ser o elemento filtrante de terra diatomácea, um calcário fóssil caríssimo e dificílimo de conseguir-se enfim, um poço de superlativos.

Ficamos muito impressionados com a tal terra e, se encontrássemos com ela, certamente lhe faríamos continência.

Portanto, quando o Macaco anunciou que os tanques de borracha estavam pifando, a equipe toda- como já dissemos- entrou em ação para solucionar o momentoso e importante affaire.

Borracha era coisa de Motomecanização porque se ligava  à câmara de ar de modo que, ao técnico do assunto, o famoso Agustin Vares coube a palavra final.

E esta foi simples, seca porém imperativa, peremptória:

– Talco!!!

O Macaco bateu na testa: exato!

Pois não é que no depósito do Sup. Agu. havia sacos de talco?

Estava na cara!!!

O Agustin foi muito felicitado pelo seu gênio e durante dois dias passeou pelo pátio à moda de cientista louco: escabelado e distraído.

Para dar ênfase ao papel, perdeu noventa e sete chaves, trinta e nove pás, dezenove enxadas e uma betoneira mas isto já é outra história.

Dois dias durou a alegria porque, ao fim deles chegou ao quartel o tal major “”enloved” para saber de como ia o problema dos tanques.

Desta vez deu-se mal porque o Soares, sacando para o futuro, fez-lhe ver – e de modo categórico – que ele não entendia bolacha do assunto visto que, apesar de todos os seus cursos e manicacas não pudera solucionar uma coisinha atoa que afinal o fora pôr um simples aspirante, o agora mais famoso Agustin Vares!

E, sem maiores explicações convidou o cabisbaixo e humilhado major para passarem ao depósito do Sup. Agu. onde estavam os tanques mergulhados num mar de talco: o Macaco gastara três dos quatro sacos de talco mas fizera um serviço bem feito!

Ficamos no meio do pátio, esperando a volta dos dois para darmos também a nossa gozadinha.

Espetáculo inusitado ocorreu então: de longe vimos quando o major, saindo pela porta do depósito jogava mãos cheias de talco para cima e, em seguida, atirando o quépi no chão, sapateava em cima dele!!!

Ficamos atônitos até que o Jacinto Bodosão tomou a iniciativa:

– Deu cupim no coco dele. Vamos lá se não é capaz de

  desencarnar o Sagui!

Corremos e quando íamos agarrar o major, fomos detidos pelo Soares que, cara esbranquiçada, voz lúgubre, moral em zero absoluto, explicou:

– Não era talco. Era terra diatomácea…

 

Segunda-feira, 6 de Julho de 1998, 18:27, calor e chuva.

 

No campo esportivo, a Holanda despachou a Argentina e Croácia mandou os fritz para casa, tudo muito surpreendente.

Agora, amanhã, Brasil x Holanda.

Sábado tivemos o aniversário do Zé o qual foi comemorado sob a forma de festas juninas; esteve muito bom, bastante concorrido, só faltaram fogos.

Como, decerto, a experiência será repetida, haverá fogos e não haverá pneu na fogueira pôr causa do picumã que sujou a roupa de muita gente.

Ontem almoçamos fora pôr que faltou água.

Os Barrios nos convidaram e fomos ao Fogo de Chão que, como de costume, estava ótimo.

Depois visitamos os Pinho que arrumam as malas para um promenade à Europa, iniciando pôr Portugal.

O Bolão, a Liege, as crianças e o João fizeram ( O Bolão fez) a comida almoçaram aqui apesar de não estarmos.

Claro que ninguém queria comer, imagina, não se preocupem, podem ir descansados, a gente comeu demais ontem na festa, e aí, comeram, entre outras coisas, a língua ensopada com ervilhas que a Alba deixara pronta para mim.

Vão ter o meu aplauso pôr muito tempo.

Bem.

Agora são quase dez horas e acaba de cair um toró com granizo, dos mais violentos.

Quando cheguei de tarde, o vidro lateral não fechou e não dei bola porque o tempo parecia haver firmado.

Resultado: o carro está transformado numa lagoa.

O interessante é que minutos ou até segundos antes do toró, pensei em ir no carro e acertar o problema do vidro mas esperei o intervalo da novela…

Acho que o destino queria que o carro restasse molhado.

Hoje foi o dia dos galhos meco – eletrônicos; o botão de power da impressora do escritório ídem pifou.

Ano passado teve uma época assim: as máquinas resolveram entrar em greve e só não estragou o abridor de tampa de garrafa!

Esperemos que não se repita o festival de quebradeira.

Hoje terminou a greve dos professores da URGS ou melhor, das URFs mas os professores só irão começar depois da Copa que, aliás, pode terminar amanhã para nós, embora eu não creia.( O Pingo até que teve razão).

Os laranjas mecânicas estão muito confiantes e até faroleando lá pela França o que é muito ruim.

Não esqueçamos os fredolinos que desprezaram a Croatia e levaram um saco.

Acho que o Brasil ganha amanhã de 3 x 1, sem sofrimento.

Quando ganhamos da Dinamarca – a Dinamáquina – tive para mim que a Copa acabara: entreguem logo a taça para o Dunga que acabou.

Mas é interessante observar que apesar dos esforços da Globo, o pessoal já não está tão entusiasmado: 32 seleções é um porre de futebol e a moçada já esgotou o repertório de torcidas.

Os que foram à França, ainda estão a mil, movidos a trago; pelo menos é o que se vê na televisão.

O Amaury já deve ter consumido boa parte dos estoques franceses de beaujolais porque o Macaco é popular e vai mesmo é de garafon, que na França é o beaujolais.

Amanhã a Heloisa vai ao exterior, Rivera; ganhou duas passagens de ônibus que pôr sua vez a Asta ganhou num torneio de buraco.

A viajem, com este tempo, indo e voltando em 24 horas, tem o patrocínio da FUNAI.

Viaja-se muito neste país.

Falando nisto, recebemos visto de dez anos dos USA.

Quem anda desaparecida é a Lucia que nem fax tem mandado.

Acho que devemos telefonar porque ela estava com uns pepinos pôr lá.

Parece que a viajem à Paris que deveríamos fazer em outubro não vai sair porque vai nascer a filha da Cláudia.

Se tudo estiver bem, talvez a gente vá ou, pelo menos, até Montevidéu ou Buenos Aires.

Mas, um passeio na França, nos moldes do que fizemos a Portugal, até que seria uma boa: mais ou menos quinze dias, tudo amarrado aqui, visitas ao interior, pôr aí.

Interior da Inglaterra também seria ótimo.

O Vares anda louco para uma chegada em Buenos Aires, só pensando nos chorizos, empanadas e vinhos mas acho que ele ainda não está 100%.

Cada vez que tosse precisa segurar o peito.

Os véinho têm mesmo é que ficar no canto, vendo a banda repassar.

O escritório vai bem, as coisas marcham lentamente mas marcham.

Agora, assim que terminar a Copa, começa o farrancho das eleições mas a oposição já está a mil.

O Lula promete emprego, juros baixos e tarifas protecionistas ou seja, vai perder feio.

O Brito e o Galo Missioneiro estão empatados nas pesquisas mas acaba dando Brito se não descobrirem alguma mutreta mais feia da parceria, Assiz Anaya, Russowski, Druck e similares.

O cômico da coisa é que, como a esquerda está no governo – e estes caras eram radicais – os PT ficam meio sem munição no campo ideológico e partem para a Economia o que, decididamente, não é a paróquia deles.

O Brizolla de novo irá perder para o Eneas.

Aí penso que ele meterá a viola no saco mas nunca duvidando.

Acaba se candidatando a senador nas próximas.

Senador, sabemos, vem de senes, Latim e quer dizer “velho”.

Daí senectude, senil etc. etc.

Acaba de telefonar a Isinha para informar que o toró lá foi um horror, inundou tudo.

A casa da Amada foi totalmente destelhada.

La Niña já começou suas aventuras.

Há uns três dias deu uma chuva de pedra em Rio Grande que acabou com a cidade, em termos é claro, mas o estrago foi grande.

Era cada pedra tamanho duma laranja.

Esperemos que a laranja mecânica não nos cause estragos amanhã.

Os ingleses vitorianos costumavam dizer que a melhor maneira de alimentar uma conversa sem comprometimentos seria falar das estradas e do tempo.

Até que eles tinham razão e como já falei sobre o tempo, deveria continuar com estradas mas não estou muito inspirado; apenas para dizer que as estradas privatisadas estão excelentes enquanto as outras estão medonhas.

Vimos isto com bastante nitidez quando fomos a Júlio de Castilhos.

Neste momento Heloisa está vendo Free Willi 2, o filme da baleia que foi solta o mês passado nas suas águas natais, lá pelo Alaska, se não me engano.

Acho que com a grana que ela rendeu, poderiam tê-la deixado num belo aquário da Flórida passando a filé de linguado.

A vida no mar é dura para as baleias e certamente ela haveria de preferir o aquário, atirando água nos basbaques, feliz da vida.

Boas noites que está se armando um baita toró, de novo e acaba queimando este computador.

 

Quinta-feira, 9 de Julho de 1998, 22:34, esfriando a mil.

 

Bem, o Brasil passou pêlos holândios nos pênaltis e o Tafarel consagrou-se para a eternidade: defendeu dois e o Brasil foi para a final.

O que já rendeu de trova a façanha do Tafarel, não tem no gibi.

E assim chegamos à final desejada, Brasil x França, o que irá acontecer no Domingo e considerada grande barbada pôr todos.

É o que saberemos na próxima semana.

Ante ontem, apesar do toró e mais calamidades meteorológicas, Heloisa e Saara foram para Rivera, aproveitando as passagens da Asta.

Foi tudo bem, voltaram hoje de manhã sãs e salvas mas sem muito bagulho.

Aconteceu o de sempre: depois que se chega é que se vê que lá existem coisas boas e baratas. Só que…

Hoje o Ângelo veio estudar mas a coisa não rendeu porque era uma matéria muito chata e muito clichê de Geografia Econômica: os mestres do Americano ainda são do tempo dos Tigres Asiáticos e pregam o debacle da Economia Americana diante dos terríveis felinos…

A partir desta premissa, fica difícil convencer alguém que as demais considerações do texto merecem alguma credibilidade.

Ontem os guris da Patrícia e a própria, vieram para a aula e também assistir ao jogo França 2 x Croácia 1.

No fim, deu tudo menos estudos porque ídem chegou o Bolão.

Os participantes reclamaram da falta das habituais mordomias proporcionadas pela Heloisa eis que a referida encontrava-se em vilegiatura pelo Exterior conforme já narrado acima.

O Alemão encontra-se acamado e a Heloisa passou a tarde com ele.

Ao demais, tudo em paz.

Vou dar boas noites porque ainda tenho que responder uma carta da Prefeitura de Canela que está cobrando uma dívida enorme do terreno que a mãe me deu pôr lá.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 13 de Julho de 1998, 22:46, frio.

 

Ontem, final da Copa e levamos uma goleada da França: 3 x 0!!!

Vejamos os fatos interessantes:

Minutos antes do jogo, veio a escalação oficial, sem o Ronaldinho.

Todo o mundo – literalmente – caiu de costas.

Logo depois, outra escalação com o Ronaldinho.

O que houve?

Ainda não está bem claro mas o que se sabe é que ele, pouco antes do jogo, entrou em convulsão, língua dobrada, estas coisas que parecem ser um ataque de epilepsia.

Levado ao hospital, os exames não acusaram nada o que reforça a tese da epilepsia ( a tese é minha mas vou consultar o especialista, Dr. Barrios).

Aí então, meia hora antes do jogo o Ronaldo voltou e foi escalado!!!

Meio brabo, não?

O mais interessante é que todo o time ficou pregado no chão o tempo todo, uma coisa tão incrível que não deu nem para torcer.

Parecia um bando de fantasmas.

Tão estranho mas tão estranho que as pessoas estão dizendo que os caras se venderam, o que é absolutamente inaceitável.

Então, como explicar?

Tenho para mim que a seleção foi, de um de outro modo envenenada!

Alguém botou um sonífero na água dos pátrias e não se trata de enlouquecer as idéias.

É a única explicação plausível e penso que o Fabio Koff que chefiou a delegação, antigo desembargador de câmaras criminais vai fazer algo a respeito.

Só se o medo do escândalo for maior do a Seleção Brasileira porque afeta todo o futebol mundial até aqui visto como um esporte limpo.

Bem, vamos ver como progride esta coisa.

Neste momento acaba de me telefonar a Lu pedindo um substabelecimento para uma ação que tenho no Rio.

É o que vou fazer a seguir.

Boas noites.

 

Terça-feira, 14 de Julho de 1998, 21:01, bom e frio.

 

Grandes fofocas sobre o caso Ronaldinho que ainda vai dar panos para mangas.

Há hipóteses de todos os tipos: a França comprou os jogadores que já estão em final de carreira, inclusive o Zagalo, a Nike exigiu que o R. jogasse  e pôr aí empós, em suma uma demonstração de terceiro mundismo, cucarachas pululantes.

Os caras perderam ou porque são mesmo uns bolhas ou porque ficaram desarvorados com a convulsão epiléptica do R.

Acho que as fofocas não vão dar em nada porque, se houve suborno – no que não acredito mesmo – acabaria o futebol e se há epilepsia, acabaria o R. o que seria uma crueldade.

Nesta altura cogita-se de mudar a Comissão Técnica, no que também não acredito: continua o Zagalo, sai o Zico e entra o Dunga.

A não ser que a imprensa carioca vete os gaúcho, como costuma fazer.

No debate sobre um possível novo técnico, levantaram-se vários nomes mas nunca o Luiz Felipe que, pôr mérito, deveria ser o escolhido.

Infelizmente nunca treinou um time carioca assim que não tem vez.

Tudo blem.

No mais tudo em paz: candidatos se esgoelando e fazendo demagogias, a história dos remédios falsificados nas manchetes, a gata Candelaria operou-se para esterilizar-se e sumiu.

Pode ser que agora acabe a serenata dos gatos e o fedor intrínseco.

Já não dava mais para agüentar.

Ontem a Isinha esteve aqui com o Conam que anda impossível, roendo tudo e destruindo o que pode.

Como já sabemos, é um cão que precisa de companhia para brincar.

O Bolão acaba de chegar de um jogo de futebol e prepara-se para jantar.

Vou checar uma informação que a Isinha me deu.

É sobre o vestibular que a Manuela fez para Direito na Ulbra: ficou na suplência, havia três vagas para cada candidato.

Subitamente todas as pessoas que conheço resolvem estudar Direito.

Falando nisto, o escritório vai indo bem, como eu queria, sem muito trabalho e com ganho suficiente para manter velhos hábitos.

Hoje retornaram os brasileiros que foram à França para a Copa: os comentários são os piores possíveis eis que a maioria foi enganada, não conseguiu ingresso, foram furtados, assaltados, uma zorra.

Copa do Mundo nunca mais é o que eles disseram na chegada.

 

Domingo, 19 de Julho de 1998, 18:33, tempo bom.

 

Ontem, casamento da Virgínia do Beto com uma festa sui generis: espeto corrido no Mosqueteiro!

Hoje, churrasco nos Barrios com a presença de duas tias do Carlos e seus dois filhos, tudo gente muito simpática.

O resto da semana foi tranqüilo, sem maiores novidades.

Neste momento Heloisa, Alemão e Virgínia estão no Teatro São Pedro assistindo a uma peça sobre avós, altamente recomendada pela Helena.

Os Tergolinas foram para a praia, o que pretendíamos fazer também mas acabamos ficando pôr causa do churrasco do Carlos e porque o tempo até ontem estava bravíssimo.

A bateria do carro da Heloisa, comprada na semana passada, pifou e começo a crer que o carro está com um vazamento de corrente.

Amanhã de manhã veremos de como ele se comporta.

Bolão hoje está de serviço em Parobé.

Assim que vou ler o jornal de hoje, esperar a Heloisa, jantar e depois assistir ao Fantástico.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 23 de Julho de 1998, 18:23, chuva e chuva.

 

Cada vez que olho a data do registro anterior, assusto-me de como passou a semana!

Hoje já é Quinta feira e eu pensando que faziam apenas dois dias que registrara alguma coisa.

Assim isto daqui fica muito cheio de lacunas.

É preciso ser mais assíduo.

Os fatos notáveis da semana são de ordem de saúde: Heloisa fez milhões de exames para um checapi (?), o Ângelo veio estudar 2ª feira com febre e ainda está de resguardo, talvez com mais uma pneumonia.

Estas pneumonias do Ângelo são diferentes: o médico diagnostica mas libera para qualquer atividade.

Amanhã, apesar do tempo horrível, ele está liberado parai r à aula.

A Alba retornou e já começaram os almoços substancias que devem ser evitados pôr causa do natural aumento de peso.

Patrícia recebeu seu celular e hoje o João estaria habilitando-o mas precisou da carteira de identidade dela e CPF assim que não foi possível.

A liberação do carro do Bolão já está comigo e devo entregá-la à Isinha para que assine o recibo de transferência.

9606982, este é o número do celular da Isinha que, para variar, está desligado.

Hoje tivemos a passeata do “Sem”, sem terra, sem teto, sem emprego etc. etc. e tal.

A coisa aconteceu no auge da chuva e não creio que tenha sido um sucesso.

Daqui para diante, até novembro, vamos ter que agüentar as badernas da CUT, CEPERS, MST e similares.

Mesmo assim, acho que o Lula vai levar uma baita lavagem e o Olivio perde para o Brito.

O PT cometeu suicídio ao se aliar com o Tio Briza.

No primeiro comício da Emília Fernandes compareceram umas duzentas pessoas, apesar da presença do Brizolla.

Mesmo assim a referida ainda acha e declara que elegeu-se senadora pôr méritos próprios e não pela força do Zambiasi.

Ela vai ver o que é bom para a tosse.

É tudo muito louco: no momento, em relação ao regime anterior, quem governa é a esquerda, FHC, Serra, Covas e tantos outros originários inclusive da chamada luta armada.

Pois o PT, PC do B e outros menos conhecidos, chamam o atual governo de direitista, entreguista, neoliberal, coisas assim.

A nossa esquerda é formada pôr uma raça em extinção da qual somente sobrevive – e mal- Cuba, porque a China já aderiu ao globalismo há muito tempo: é só olhar para  as lojas de R$1,99.

Para eles – e não estou exagerando – a Rússia é um país capitalista da pior extração!

Pôr mais desinformado que sejam os brasileiros – muito menos do que se pensa – acho que estamos assistindo ao fim do stalinismo aqui no Brasil.

Será, espero, a última vez que o Galo Missioneiro exibe o seu look stalinista nos palanques.

Repercute também a falsificação de remédios, um dos assuntos mais em evidência porque a fraude é enorme.

O que iria fatalmente acontecer porque os laboratórios estão vendendo seus produtos com lucro desmesurado e aí cresce o olho dos sempre presentes malandros.

Como já trabalhei em laboratório, conheço muito bem o que é isto e temo que sobrem algumas penas para pessoas dita acima de quaisquer suspeitas.

Ainda ontem me telefonou o Joaquim informando que comprou remédio falsificado na Panvel!

Neste momento está coletando provas para que possamos processar os gringos.

Vai ser uma bomba mas creio que há mais.

Aguardemos.

Está na hora de colocarmos em todas as fachadas do país aquela frase definitiva que li no Chile:

DONDE PASSARÁS LA ETERNIDAD?

O Bolão passou pôr aqui agora mesmo e, seguindo a regra dos médicos, com a última piada:

  • Todas as mulheres serão chamadas para uma campanha de vacinação anti-tetânica porque, com o advento do Viagra, tem muito ferro velho, enferrujado, dando sopa pôr aí…

Então tá.

Virgínia e Heloisa planejando uma viajem à Rivera na semana que vem.

É que as crianças estão de férias.

Helena e Henrique vão junto.

Ontem, na Europa, o Roberto Carlos fez uma declaração surpreendente: o que o Ronaldinho teve foi um ataque epiléptico.

Surpreendente não pelo fato em si mas porque acaba com a carreira do menino. Qual o clube que irá mantê-lo no time correndo o risco de um ataque na hora H?

Não deu para entender o Roberto Carlos, supostamente um compinche do Ronaldo.

Quando a gente pensa que o assunto acabou, volta tudo de novo.

Os médicos da seleção vão se ralar.

Aliás ontem o pessoal do Casseta e Planeta, se divertiu com o tema: eles imitaram o médico francês que afirmou estar o Ronaldo 100%: O CARA ESTAVA DE CAMISETA DA SELEÇÃO FRANCESA, COM UMA BANDEIRINHA E CANTANDO A MARSELHESA enquanto examinava o Ronaldo.

E, FORAM OS MESMOS QUE AVALIARAM O ROMÁRIO.

Tudo muito divertido mas com um fundo de verdade.

Ontem, durante o jogo em que o Vasco eliminou o River Plate na Libertadores, a hinchada cantava a Marselhesa.

Está me lembrando 1950 quando os orogoaios ficaram nos enchendo o saco per secula.

E, ainda enchem.

Mas, como no caso dos Tigres Asiáticos, no fim dá a lógica.

Ontem me disse o Vares que resolveu alugar a cobertura dele.

Como aconteceu com a venda da sua casa, vai levar dez anos porque quer um baita dum aluguel.

Pôr ressaltar que, neste momento, nadie aluga nada.

Acabou de telefonar o Pablo perguntando se podem dormir aqui, ele e o Diego.

Como estão de férias, querem fazer algo diferente.

Com este tempo, chuva e chuva, as férias deles estão mais para dormir e tomar café com sonhos, o que não é má idéia.

No nosso tempo de estudantes, férias de julho eram chuleadas para dormir e tomar café da tarde.

Tínhamos aulas o dia inteiro, um saco.

Depois veio a guerra e como quase não havia transportes, passamos a Ter um turno só mas com a mesma carga horária: da sete e meia à meia hora.

Como todos almoçavam em casa, o almoço saia impreterivelmente ao meio dia assim que o nosso prato ia para o forno e comia-se requentado.

Me lembro bem que o arroz ficava duro, feijão e bife secos.

Foi brabo: até hoje comida requentada no forno me tira o apetite.

Já no micro ondas, pelo menos aparentemente, não há grandes modificações e pode-se comer a gororoba esquentada.

Mas que é meio terceiro mundo, lá isto é.

Assunto para o Falabella e seu horror a pobre.

Estive pensando se a descrição da viajem ao Chile e Bariloche não fazia parte daqueles arquivos que foram perdidos, apagados.

Isto aí, boas noites.

 

Sábado, 25 de Julho de 1998, 18:36, chuva e chuva.

 

Amanhã grandioso churrasco com os Barrios todos; espero, ao menos, que a chuva dê uma trégua.

Acabamos de chegar da Alda que está muito bem; der manhã estivemos na mãe, às voltas com seus inúmeros aparelhos de surdes.

Gozado “surdes” sem acento mas parece que é assim mesmo.

A Saara com uma crise de artrite, decerto decorrência de seus problemas renais.

Também o Sr. Paulo Tergolina com problemas de trombose: o Tergolina foi para Caxias.

Como se vê, continua a velha regra: agosto é mês de problemas para o veiedo.

Qualquer dia decerto começam os galhos conosco.

Contou-me o Ângelo que ontem apareceu lá uma propagandista de comida para cães e foi informada que havia um filhote; a malher armou-se com dois saquinhos de ração e foi conhecer o pet.

Quando ela viu o tamanho do filhote, quase teve um infausto e mais apavorada ficou quando o Conam simplesmente aspirou os dois saquinhos em frações de micro segundos!

O Ângelo, malandro, dando risada.

Ele acha que aquela será a última propagandista a aparecer pôr lá.

Bem.

Ontem eu estava lendo sobre o Egito e havia lá uma informação interessantíssima; na Idade Média, usava-se muito pó de múmia como panacéia para uma vida longa.

Os fornecedores afirmavam que o pó obtinha-se da moagem de múmias do Egito, povo sabedor dos segredos da eternidade.

A coisa funcionava à mil e o mercado era altamente consumidor.

Tão consumidor que as pessoas começaram a desconfiar que era muito pó para pouca múmia; verificou-se então que os malandros estavam moendo outros personagens, ex – personagens, – que não múmias!

Assim que a nossa atual falsificação de remédios, se comparada com as práticas medievais do ramo, passa a ser atividade ética e não merece o escândalo que o Serra anda fazendo no concernente.

Eu sempre digo que o que falta para esta moçada é cultura geral…

O que também se depreende do fato narrado é que a realidade supera a literatura em muito: penso que nem mesmo o mais desvairado escritor de contos de horror teria imaginação suficiente para engendrar a história do pó de múmia.

Aquelas poções da Madame Mim, com sapos, aranhas e lagartixas, são alimentos altamente nutritivos e hígidos se comparados com um chá concentrado de múmia gorda.

Realmente a Idade Média foi um período em que a raça humana esmerou-se em barbaridades e só não desapareceu porque os árabes resolveram tomar Constantinopla.

Aliás, uma história que não é muito conhecida é aquela do Império Romano do Oriente, de Bizâncio ( ou Constantinopla).

O Mika Waltari escreveu um livro a respeito mas, à semelhança do

“O Etrusco”, muito fraquinho.

No mais, o que se vê são aquelas figuras hieráticas, de olhos grandes e fisionomias trágicas que caracterizaram a arte pictórica bizantina.

É interessante porque do Império Romano do Ocidente, Roma, sabemos tudo de como viviam: suas moradias, roupas, conhecimentos culturais, organização política, diversões, virtudes, perversões, hábitos alimentares, sociais etc. etc.

De Bizâncio, nada.

E, no entanto, Constantino melhorou o Códex que até hoje orienta as relações jurídicas da Humanidade.

Vou acrescentar um comentário que penso importante.

Quando se pensa no Império Romano do Ocidente, o que de imediato nos vem à mente são os combates mortais de gladiadores, os imperadores tarados, as messalinas e pôr aí empós.

Nada mais falso: a maioria destes episódios ou foram deduzidos com a intenção de criar público leitor ou foram pinçados de cronistas maldosos e fúteis da Roma Imperial, tipo Petrônio.

Na verdade o Estado Romano foi exemplo de estado de Direito, de apego às virtudes ancestrais e de preocupação com a cultura.

Ainda hoje, a chamada cultura ocidental, é herança romana e destaco a Alemanha, país que pôr mais tempo manteve a lex romana vigiando( fins do século XIX) e que sempre destacou-se pela cultura, organização, seriedade no relacionamento pessoal e social.

Até o episódio do nazismo, é claro.

Boas notes.

 

Terça-feira, 28 de Julho de 1998, 17:54, dê – le chuva!

Ainda bem que o Ledi veio hoje para consertar uma goteira que apareceu aqui nesta sala.

Goteira não rima com computador.

Virgínia e Isinha, mais Helena, Lucas e Henrique, neste momento estão en route para Livramento e decerto vão pegar chuva pôr lá.

Não é grande impecilho porque em Rivera o promenade é curto e totalmente abrigado.

Acabamos de chegar do veterinário onde fomos levar a gata Candelária para retirar os pontos da operação de esterilização.

Como hoje não fui trabalhar de tarde, estou ainda com disposição de escrever e aproveito pata transcrever uma história do Major Moreira, da muitas que escrevi ao longo dos anos.

 

HISTÓRIA DO MAJOR MOREIRA -VI

Esta história não foi contada mas sim vivida pelo Major Moreira.

Desta, fomos nós mesmos os atores.

Um dos grandes prazeres do nosso major era, quando em casa, vestir sua boas bombachas, calçar alpercatas, sentar numa cadeira de balanço e ficar ouvindo discos do Silvio Caldas.

Claro que nunca dispensava um bom chimarrão.

Muita e muitas vezes encontrei-o assim e lá ficávamos a bater papo, discutindo se afinal havia ou não havia algum samba mais bonito do que

“Barracão de Zinco”.

O major sempre ficava em dúvida com o famoso “Faixa Amarela” do Noel.

Numa destas vezes, apareceu para uma visita o Major Alair.

Antigo marujo, filho de pais muito ricos, educado na corte, era o Major Alair o oposto em simplicidade do nosso Moreira.

Os hábitos simples, a educação campeira do Cabo Zeca, contrastavam fortemente com a maneira de ver as coisa do Major Alair.

Ambos porém eram acordes numa coisa: cultivavam o “bom mot” , a blague e estavam sempre tratando de uma mutua gozação.

Costumava o Major Moreira chamar o seu confrade de “nosso marujo” e, junto com o seu “bom dia” perguntava-lhe de como ia a galera, apelido do local onde funcionava o Major Alair.

E, daí em diante, seguia entremeando as piadas com a música do “Cisne Branco”.

Em sua casa o Major Moreira não fez pôr menos e logo de entrada saudou o marujo com várias considerações sobre a difícil arte de navegar e perguntou-lhe se havia ouvido o “Aviso aos Navegantes”do dia.

Percebi que o cabo Zeca estava com toda a corda e resolvi ficar para ver o fim.

Claro que as piadas não foram unilaterais e o marujo foi muito feliz  em comentários sobre as bombachas do Major Moreira.

Mas a vitória foi decidida com o seguinte diálogo:

  • Então Alair, quem sabes tu tomas uma cachacinha?
  • Meu velho, tu sabes que detesto cachaça. Não é bebida para gente.
  • Olha que eu até gosto. Mas, vá lá, você é muito fino. Quem sabe um Rossoni antes da janta?
  • Moreira, tem paciência mas Rossoni não é exatamente do meu paladar.
  • Ora, que pena! Quem sabe então, Alair, tomamos um conhaque Dreher?
  • Jamais! Conhaque só francês.
  • Ora, ora. Então, Alair, que achas dum Xerês?
  • Xerês? Ótimo! Aceito e logo.
  • É, concluiu o Major Moreira, mas Xerês eu não tenho…

E riu, aquele seu riso safado, maroto, com que encerrava suas piadas.

Naquele dia estivemos unânimes em afirmar que o maior samba é o que afirma: “…quem é você que não sabe o que diz. ..”, “Feitiço da Vila” parece.

 

Quero repetir que copio os textos conforme foram escritos; penso que quando foram publicados, dei uma melhorada mas a essência é a mesma.

Acrescento que este Major Alair, quando chegou no Batalhão foi odiado pôr todos porque vivia metendo o pau em Vacaria e no nosso trabalho em geral; o cara era um carioca de Copacabana, acostumado com a boa vida, usava piteira e era casado com a famosíssima Carmem Boa, senhora que – supunha-se – prevaricava com um compadre do Rio que de vez em quando aparecia em Vacaria.

Do compadre, o menos que se pode dizer é que tinha bom gosto porque a tal de Carmem era mesmo um monumento.

Daí o apelido, Carmem Bo, em contraposição à Carmem Baleia, a Carmem Ba, mulher do França.

Tínhamos fama nacional de sermos uma comunidade muito cruel com as pessoas que iam servir no Batalhão e não caiam no nosso gosto.

Hoje posso afirmar que éramos.

Se o chegante fosse da curriola, até casa se fazia para recebê-lo; se não era, cariocas principalmente, tudo ficava difícil.

Éramos chamados de “Barões do TPS”.

A gente pensava que nos chamavam assim pôr causa da nossa eficiência e domínio do conhecimento em construção de ferrovias; na verdade os caras estavam pensando em práticas feudais. O TPS era o nosso feudo.

Penso que até hoje somos uma lenda no folclore da Engenharia.

Já tive inúmeras provas disto.

Assim que boas noites.

 

Quinta-feira, 6 de Agosto de 1998, 18:18, chuva e chuva.

 

Parece que esta semana tenha sido muito movimentada se julgar pelo fato de que sumi destes registros mas não é bem assim.

Na verdade, bateu uma preguiça enorme e fiquei só na TV.

Acontece também que o tempo chuvoso faz com que a nossa iniciativa para o trabalho, praticamente desapareça ou, pelo menos, diminua de muito.

Domingo almoçamos nos Barrios porque churrasco com chuva é brabo.

Virgínia estava trabalhando e o Paulo foi também com a Helena e o Henrique.

Sábado almoçamos no Tergolina, em homenagem ao seu aniversário.

Ele trouxe um bocado de coisas da Coréia, bem interessantes.

Nesta altura dos acontecimentos, a casa deles já tem goods de boa parte do mundo.

No mais, tudo em paz: Heloisa continua com os seus exames e, até agora está tudo em ordem.

Recebi carta dos australianos, Margareth e Brian Somes e já respondi.

O interessante é que eles querem escrever para a Anamaria, uma outra companheira da viajem a Portugal e perguntam se podem mandar a carta para mim traduzi-la!

É impressionante com os australianos não sabem nada do Brasil: nem a localização no mapa mundi eles sabiam.

Os Tergolinas foram hoje para o Meridien na Bahia, fugindo um pouco das chuvas.

Tomara que peguem tempo bom.

O Pingo não foi e queixa-se amargamente de ter que estar trabalhando enquanto a frau está nos USA e a turma na Bahia.

É o dilema: ou começa cedo e quando se forma já está encaminhado ou fica na boa vida e amarga depois.

Se bem que, na profissão do Pingo e com os conhecimentos que ele tem, quando de sua formatura, o panorama pôr aqui deve estar igual à matriz: os caras caçando gente para trabalhar no Silicone Valley.

Bolão, esta semana, não deu sinal de vida, decerto atarefado lá pelo Conceição que está amargando uma virose braba que vem junto com a gripe das crianças.

Os Barrios bem, sempre com seus simpáticos hóspedes do Uruguai.

Ontem prenderam, em Itaqui, o suspeito de mais de oito assassinatos de jovens em São Paulo.

É a notícia do dia; o assunto Ronaldinho já foi esquecido, a Xuxa/ Sasha também já teve seus quinze minutos de fama e decerto amanhã também o serial killer de São Paulo será esquecido pois entra em cena o assunto Bil Clinton / Monica Lewinski.

Bil Pinton como dizem os caras do Casseta.

Nesta altura dos acontecimentos, pelas pesquisas da Time ( que marreta o Clinton pois é uma revista de extração Republicana), os americanos estão andando para a eventual transa do Presidente e não são favoráveis ao impeachment, mesmo que ele tenha mentido sob juramento.

Na verdade, tudo não passa de uma vingança Republicana pelo caso Watergate em que o Nixon teve que renunciar justamente pôr haver mentido.

Se for provado que o Pinton mentiu, as coisas não vão mais parar e ele ficará muito desgastado apesar do excelente governo que está fazendo.

O mundo todo está numa grande confusão, Irak, India, Paquistão, mocidade querendo fazer guerra nuclear e os USA, os fatores da pax americana, discutindo se o Presidente traçou ou não traçou a estagiária.

Como diz o Jabour, esta bobagem vai acabar em que os USA façam com o mundo o que o Clinton fez com a Mônica.

A nossa política ainda não chegou a tal estágio mas lembremos que o Collor usou contra o Lula assuntos de natureza pessoal e aqui também se fez algo parecido com o Olivio e sua s recordações de infância.

Falando nisto, o fascículo de hoje sobre a história do Rio Grande do Sul, versa a revolução de 93 e conta a degola feita pelo Firmino de Paula no chamado Mato Português, lá pêlos lados da Vacaria.

Foram trezentos os degolados, cifra considerada modesta.

O interessante é que eu tenho o sabre do Firmino que me foi dado pela bisneta dele, que foi minha secretária, a Maslova de Paula.

A história dela é interessante: um dia eu estava no meu gabinete na Confiança e me chamaram ao telefone.

Era o vice – presidente da República pedindo um emprego para a Maslova.

Posteriormente, ligando os fatos, entendi que ainda se tratava de pica-paus trabalhando pêlos correligionários.

Como bem sabemos, principalmente no interior, a Revolução de 93 ainda não acabou e alguns safados e incoerentes, tipo Brizola, exploram o lenço vermelho.

Como já narrei, o meu bisavô  e homônimo, morreu numa traição dos republicanos num trem em Marcelino Ramos.

Ele, que era prócer maragato em São Luiz das Missões, foi convidado pêlos republicanos para uma reunião em Marcelino, para discutir eventual trégua.

Apesar de avisado pela parceria, aceitou e foi morto a tiros quando o trem chegava em Marcelino.

Eu não sabia desta história que li numa crônica sobre 93 do Sergio da Costa Franco.

Quem contava umas histórias bravíssimas sobre 93 era a tia Zilda mas não devemos esquecer que era casada com um neto do Julio de Castilhos.

Para se ter uma idéia de como as coisas eram complicadas nas famílias, basta lembrar que um dos líderes maragatos foi o Wenceslau Escobar, tio de D. Alda e no entanto a sua irmã era casada com um neto do Julio.

Também na família do pai a confusão era global: ao lado de nossa casa, no sobrado, morava o tio Dorval Pinheiro Machado, sobrinho do dito que afinal foi quem acabou com a revolução derrotando o Gumercindo.

Ao lado, nós, descendentes do José Antônio Moura, assassinado pêlos castilhistas.

Lá em Vacaria, feudo dos Paim, mandavam – e matavam – os republicanos.

Havia um cidadão, agora não lembro o nome mas era proeminente, quem, em toda a eleição botava um lenço vermelho no pescoço e ficava passeando na praça para lá e para cá o dia inteiro.

Penso que se o Btl. não estivesse pôr lá, acabavam com ele na primeira volta.

Mas, se bem me lembro tentaram alguma coisa que não deu certo porque o bicho era quebra.

Mudando e assunto, o Marito, primo do Carlos trouxe um cordeiro de Artigas; ele trabalha num frigorífico ovino e quer ver se vende para o Brasil.

Aqui acho difícil porque carne de ovelha não tem valor.

Falei no assunto porque, como a Patrícia não tinha lugar, a carne acabou no nosso freezer.

Domingo vou assar um pedaço.

Este negócio de ovelha, o melhor mesmo é comprar no Zaffari; me lembro do tempo em que o Renato era fazendeiro e sempre trazia ovelhas que ficavam um tempão entupindo o freezer.

Periga ainda ter alguma coisa daquele tempo.

Tudo bem.

Boas noites.

 

Sábado, 8 de Agosto de 1998, 18:12, tempo ótimo.

 

Calorão, o que significa chuva talvez amanhã; como haverá grandioso galeto pôr aqui, espero que a chuva só chegue de tarde.

Fomos dar uma volteada para ver poltronas para a Alda; agora, ela deverá ir pessoalmente.

A novidade são fogões elétricos e nada mais; há geladeiras como as americanas mas o preço é extorsivo, certamente mais do que o dobro de lá.

O nosso comércio continua ladrão como sempre; não é atoa que na Idade média, comerciante era sinônimo de patife.

O maior ladrão que existe é o Roberto Marrone mas paga-se o tributo a um grande vendedor.

Quando ele fazia dupla com o Fredy, fizeram história, eram os jograis.

Na verdade, só vende produtos de primeira mas pôr um preço escandaloso.

Como tenho problemas históricos com travesseiros, comprei dois americanos do Roberto e parece que acertei: dormi muito bem esta noite.

Ainda tenho que comprar um colchão americano: acho que dormir bem é mais importante do que qualquer outra prática das ditas saudáveis.

Um bom colchão americano e uma ducha gelada de manhã, aumentam sua vida útil em muito.

Estive vendo as ovejas que os orogoaios trouxeram: para variar, só veio paleta e dianteiro, os pernis ficaram.

Não vou comentar porque certamente seria um papo deselegante.

O movimento na cidade está medonho, certamente porque amanhã é dia dos pais.

Houve um psicólogo russo que afirmava que vivemos em estado permanente de hipnose e, analisando o sentimento de culpa e de Pangloss que as pessoas sentem nestes dias de pais e mães, conclui-se que o Ivan tinha razão.

Se o personagem não dá um presente para o pai, sente-se mal, culpado etc. e os mais participantes que deram, o olham como um lixo.

Na verdade isto é um complexo de Pangloss: se todo o mundo vai numa direção sem raciocinar, o melhor é criticar os que não vão: é o agasalho da maioria, a via mais curta para os grandes desastres ou as  pequenas misérias.

O negócio é bem mais complicado: tem um monte de pai filho da puta, relapso, cruel, atrasado que vira paisão pôr influência das propagandas.

Não há  pois que estranhar o fato dos alemães terem seguido o nazismo, cuja propaganda foi montada pôr Goebels, o maior mistificador da história da humanidade.

O Getulio também era mas simplesmente copiou os métodos alemães.

Entre os meus vídeos está “O Poder da Vontade “, considerado o maior filme já feito sobre o tema.

A diretora do filme, Leni qualquercoisa, ainda está viva e produziu sua obra prima com 23 anos.

É sobre o aniversário do Partido Nacional Socialista em 934 ou 937, não tenho certeza.

Recomendo.

Cada idade tem a sua realidade mas a arte permanece, o que parece um contra senso e é!

Pôr isto, o que é arte para uma geração, para as outras é um pontapé no saco.

Para o povo da minha idade é inútil achar que o rock pauleira é uma agressão ao ser humano: claro que é mas só para a minha geração.

Qualquer pessoa normal acha o tal de funk uma aberração e uma contravenção mas se você for um adolescente de favela, acha que aberração é o Lucho Gatica cantando “La Barca”.

Existe uma realidade etária e como é realidade, não adianta lutar contra.

Tem que deixar a negrada crescer.

Não devia era deixar procriar.

Até a próxima.

 

Sexta-feira, 14 de Agosto de 1998, 17:33, chuva e chuva.

 

Semana que passou ligeiro esta!

Os Tergolinas voltaram da Bahia completamente deslumbrados com o Mediterranée.

Ainda bem porque a viajem é longa. Mas deu tudo certo.

No plano geral, tudo tranqüilo.

O escritório vai bem e começa a dar bons frutos; estamos carecas de saber que se leva-se cinco anos para estabelecer-se uma banca ou um consultório, leva-se a metade do tempo para reiniciar.

Nenhuma surpresa.

Notícias do Rio indicam que o casal Pfeifer irá para Paris com a Silvia em outubro.

A Silvia aluga ou consegue emprestado um apartamento pôr lá e fica tudo mais fácil; convidados, agradecemos penhorados mas, nestas circunstâncias é melhor declinar.

Ontem estivemos na Alda que estava bem mas muito queixosa.

O tema é muito interessante e merece uma pausa.

Digamos que há coisas inexplicáveis com o nosso corpo, drogas, papo pro ar, homossexualismo, comidas impróprias etc.

Inexplicáveis porque se o corpo( natureza) fosse sábio como se afirma, deveria rejeitar tudo o que lhe faz mal.

Transfiramos para o psique.

Também neste ente, há distorções inexplicáveis mas que afloram a cada momento, masoquismo, sadismo, crueldade etc.

Se o teu comportamento consegue perturbar os circunstantes causando-lhes mal, na verdade tens um comportamento sádico.

Claro que ninguém admite isto mas, racionalmente visto o problema, assim é.

Tema para meditação.

No popolar, Freud explica.

A Heloisa já está quase concluindo seus exames para o check up e até agora tudo bem ou melhor, sem novidades.

Existe uma grande hérnia de hiato e sinais de uma velha lesão pulmonar, do que já sabíamos.

A mãe está bem, às voltas com os aparelhos de surdes.

Os Fietz , os Barrios e os Mouras da Glória, tudo bem.

A política pegando fogo e se o FHC está tranqüilo na parada, o mesmo não acontece ainda com o Brito.

Permanece aquele fantasma da eleição passada para prefeito: o Brito estava muito na frente nas pesquisas mas ganhou o Olivio.

Acho que o fato do Brito ser muito chegado na RBS ( antigo empregado), o prejudica.

E também porque o bom desempenho do PT na prefeitura de POA, carreia muitos votos e levanta muitas dúvidas.

Não fosse o acolheramento do PT com o PDT, um bando de vigaristas conhecidos, acho que eles ganhariam a eleição.

Os do PT são muito burros porque a única bandeira forte que têm é a sua honestidade e aí se juntam com os maiores ladrões do país e acabam com o seu trunfo.

Eu voto no Ciro Gomes e não voto no Brito.

Em São Paulo, o Mário Covas fez um baita dum governo e está em terceiro lugar nas pesquisas porque dizem que ele é muito casmurro.

O Helio Gaspary escreveu uma crônica interessante sobre o tema, perguntando se os paulistas estão votando para governador ou para garoto – propaganda.

O Pelé tinha razão: o candidato preferido em São Paulo é um pastor pentecostal ou algo assim, do PDT…

Ao que parece, a turma nunca leu ou já esqueceu Elmer Gantry, Tim Tones, o bispo Macedo etc.

Costuma – se dizer que o pior patife é o que apela para o patriotismo mas penso que os que usam a religião ainda são piores.

Esqueço de dizer que as azaléias estão floridas, a parreira brotando, os sabiás voltando, num claro sinal de primavera.

A volta dos sabiás também pode ser atribuída ao fato de que castramos a gata Candelária o que afastou muitos gatos vadios que, bobeava, comiam os sabiás.

Com o que, as lesmas que estavam reaparecendo, levaram um baque.

( Presumo que a expressão “levar um baque” deve ter se originado em go back porque Português não é).

Tudo indica que teremos um verão seco e muitíssimo quente;

No hemisfério Norte estão tendo o verão mais quente dos últimos cem anos.

No plano econômico, os japoneses foram para o brejo, os russo idem e os tigres asiáticos estão roendo beira de pinico.

Se o Brasil conseguir manter uma imagem de bom lugar para investir, vai chover grana na nossa horta: se não, vamos ter que nos rebolar para manter o bom nome da pensão.

Neste quadro, a eleição do Lula e o Brizola eqüivaleria a ingressar com um pedido de falência na vara respectiva.

Façamos um breve resumo de como funciona a Economia num sistema globalizado.

Digamos que o pátria tenha uma grana federal, coisa aí de bilhões de dólares.

Dois caminhos principais de apresentam: ou ele investe a longo prazo( fábricas, títulos da dívida pública etc.) ou a curto prazo ( basicamente bolsas).

Os chamados “especuladores” investem a curto prazo.

E aí começa a inana: se o país tem uma Economia confiável, eles compram ações e permanecem com elas pelo menos pôr um período razoável; se a Economia mostra sinais de ir para o brejo, retiram a sua grana.

Pôr mais que os governos se precavenham contra os especuladores, eles, os governos, não podem apertar demais senão ninguém aparece para comprar.

Se abrem – como fizeram os asiáticos – ficam a mercê do mercado e aí é que entram as grandes potências.

Se a opinião pública americana acha que chega de japonês, basta o FRB aumentar os juros da dívida pública e todo o mundo, pôr razões óbvias, se atira para comprar.

Pôr isto que os nossos juros são altos e também pôr isto que temos uma reserva de 70 bilhões de dólares enquanto os russos têm 12 bilhões.

Na medida em que sobem nossas reservas, o governo alarga os prazos obrigatórios de permanência do dinheiro especulativo e reduz os juros.

É pôr isto tudo que a ida da vaca para o brejo no Japão ou na Rússia, nos afeta.

Se houver uma corrida para cá, os juros caem e aumentam nossas reservas; se os especuladores acharem que estamos meio parecidos com os asiáticos, retiram sua grana e nos fumos!

Acho que o FHC não está dormindo tranqüilo.

Agora imaginem o Lula e o Brizola numa situação destas.

Aliás o Lula acaba de dar uma grande mancada, falando a respeito dos assassinatos de São Paulo.

Acontece que o assassino, um rapaz razoavelmente apessoado, atraia suas vítimas com promessas de pousarem para fotos comerciais ou para modelos.

Aí o Lula explicou: elas só embarcavam no papo pôr causa da fome…

Assim não dá!

E o Grêmio vai caminhando firme para a Segunda Divisão: se perder para o Flamengo no Domingo, consegue manter-se em último lugar disparado no Campeonato Brasileiro.

Hoje é dia de jogo nas gêmeas assim que vou jantar.

Vou faturar a família Vares não sem antes registrar que ganhei vários presentes no Dia dos Pais e todos muito bons: Virgínia deu meias, Patrícia uísque e uma camisa, Bolão uma casinha de decoração e uma barriquinha de erva mate.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 20 de Agosto de 1998, 22:48, esfriando.

 

Depois de uma semana de chuvas, parece que a coisa vai melhorar.

No intervalo, passei um bom tempo às voltas com um scaner que ganhei de presente do povo do João no dia dos pais.

Pagamento indireto de trabalhos jurídicos mas muito gentil.

Domingo fomos ao Imbé e estava um tempo ótimo; o Tergolina e o Lucas também estiveram pôr lá e almoçamos juntos no 40.

Na praia tudo em ordem mas muito molhado; o bougainville de trás está florido e com uma cor diferente, realmente muito bonito.

O telefone funcionando e a Heloisa ligou para a Lúcia conforme prometido.

A água da piscina, com o auxilio daquele fixador de cloro que coloquei no fim das férias, continua limpa e sem algas, apenas algumas folhas fáceis de retirar.

Tudo em ordem.

O Ângelo veio estudar ontem e fiquei satisfeito porque ele está bem e parece que gostando – de novo – de estudar.

Na verdade ele é um estudante bem melhor do que o Pingo foi e, se retomar o gosto, termina o segundo grau muito bem.

Creio que eu disse a mesma coisa do Pingo em iguais circunstâncias e até na mesma época: vou rever os registros do ano passado.

No fim, as coisas acontecem dentro de uma normalidade facilmente previsível; quando já se tem uma perspectiva mais afastada a gente conclui que certamente teria de ser assim.

Claro que há exceções mas filhos de pais cultos, educados segundo um padrão que valoriza o conhecimento e sem maiores problemas econômicos, acabam chegando à Universidade sem maiores problemas.

Como, p. ex., acho que o Bolão e a Liege irão se dar bem em suas profissões porque um médico e uma dentista, em qualquer parte do mundo, dificilmente escapam de acumular patrimônio, mesmo que votem no Lula e achem a Jussara Cony o máximo.

Pôr sinal que recomeçou a ridicularia da propaganda eleitoral.

Do jeito que as coisas vão, sem surpresas: ganha o FHC e ganha o Brito.

Talvez ambos no primeiro turno.

Quem está empepinado é o Clinton que acabou confessando que traçou a Monica Lewinski.

Vai sobrar uma votação de impeachment para ele.

Amanhã a Dra. Patrícia segue para o Mediterranée de Angra onde já se encontra o Dr. Carlos.

Foi tanta a propaganda dos Tergolinas que a moçada toda está acesa para ir ao Mediterranée.

O Banda achou um saco e a Lu que trabalhou lá como babá também não gostou muito.

Gustus sunt discuta.

Os guris, Pablo e Diego, não foram convidados e ficarão conosco, aproveitando as mordomias da avó.

Está em Porto Alegre o show da Disney, Snow Wite, patinação no gelo e comprei entrada para três dias o que parece insuficiente.

Talvez amanhã a gente compre mais outros tantos.

É que como só dispomos de duas cadeiras, a gurisada tem que ir aos pares.

Isinha passou a semana limpando a casa da Matias porque, conforme previsto, os chineses são realmente muito relaxados para não dizer porcos.

A Virgínia fiscalizando  exames do Supletivo, a Patrícia trabalhando, o Bolão dando plantão, assim que tudo em ordem.

Neste momento me despeço para treinar no scan, coisa que parece muito fácil mas não é : o João tentou instalar e não conseguiu o que eu fiz, lendo o manual, muito hermético pôr sinal.

Hoje jantamos uma sopa de anioline que a Heloisa foi buscar no Mama.

É bom morar do lado de restaurante, mesmo que seja o manjado Mama.

Falando nisto, o Ângelo quando vai lá, lava o caco porque adora a comida deles.

Eu já gostei mais.

Restaurante, seja qual for, enche.

Com o que me despeço.

Boas noites.

 

Terça-feira, 25 de Agosto de 1998, 18:16, chuva e chuva.

 

Acho que chove desde fevereiro!

Segundo as previsões para La Niña, em setembro para de chover até março 99.

Nesta altura o povo está mais para acreditar que a donna é mobile do que em sol e calor.

La Niña, pelo jeito é a donna mais mobile que já inventaram.

Assim, o que temos feito é ver televisão e ouvir barulho de chuva.

Domingo fomos esperar a Patrícia que chegava do Rio onde – adivinhem – chovia aos cântaros.

O negócio é ir morar em Fortaleza ou no Saara.

Ainda pôr cima, hoje Heloisa e o Henrique vão ao show do Disney no gelo…

A grande novidade é a Lúcia que agora descobriu como se opera o E Mail e fica passando cartas para cá, adoidada.

O assunto principal é a ida a Paris conjugada com o terror de avião.

Mas penso que no fim irá porque vão ficar no Castelo da revista Caras, tudo patrocinado pela Silvia que vai fazer um trabalho para a referida publicação, honra e glória da imprensa mundial.

Pior do que Caras, só telefone celular na rua mas isto é despeito de pobre que não tem como passar um feriado num castelo.

De qualquer forma, não há reputação que resista a um affaire destes.

Deviam convidar o Lula ou o Brizolla.

Sem mais comentários.

Finalmente hoje saiu a citação da mulher que negociou, junto com o companheiro, a casa da tia Honorina.

A moçada está crente que vai herdar alguma coisa da tia Honorina mas, se eu resolver o assunto logo, vendo a casa para ela que aliás está precisando de dinheiro.

A parentada vai ter só os móveis para brigar.

Também estou tratando de entrar com uma ação de demarcação do terreno do Canela: desconfio que os meus parentes andaram vendendo pedaços dele.

E pôr aí vamos.

Tenho trabalhado o suficiente e até que as coisas estão marchando.

Este ano são dezoito processos novos os quais somados aos anteriores, já obrigam a um trabalho quase constante e diário.

Resisto a um estagiário mas bem que preciso.

Nestes dias não toquei no scanner porque não necessitei dele.

Quando precisar, volto aos manuais e sai tudo facilmente.

E, é isto aí.

Estou comparecendo só para não deixar um intervalo grande entre os registros e esquecer as coisas que aconteceram.

Boas noites que a janta é mais cedo pois devo levar os carnavalescos para o Gigantinho.

A volta é com o Paulo.

Decerto irão combinar via celular.

Trop chic.

 

Terça-feira, 1 de Setembro de 1998, 17:52, tempo ótimo.

 

E assim, estamos entrando no último quadrimestre do ano de 1998!

Entrou setembro e o tempo acompanhou, primaveril, pelo menos até amanhã quando está prevista a entrada de uma nova frente fria da Argentina.

Neste momento estou ouvindo os clássicos do Lupicinio: é um velho álbum que, ao contrário dos CDs só contém as melhores composições.

Já observaram que os CDs vêm com uma musica boa e um monte de porcarias?

Pois é.

Interessante que hoje, visitando os camelôs da Praça XV, verifiquei que já não há mais fitas cassetes, é só CD.

Penso até que é mais barato um CD do que uma fita.

Os chineses vendem CDs de cantores brasileiros, postos em casa pôr R$0,70.

Deu no Fantástico.

Pena que os discos estão embolorados; diz o João que há um líquido para limpá-los que pode ser comprado na casa dos discos, um estabelecimento que funciona debaixo do viaduto Borges de Medeiros.

Como não passo no Viaduto desde os tempo do Anchieta ( não esquecer que o Anchieta era na Duque), não tenho a menor idéia de onde fique.

A Lúcia e o Pfeifer embarcaram hoje para Paris: diz a Luciana que emboletou a Lúcia com Lexotan e que ela foi meia grogue.

Teremos assunto.

Pôr aqui tudo em paz, a família bem, escritório funcionando, pessoal já pensando no verão.

Não sei se iremos para a praia no próximo fim de semana – que é feriadão – pôr que há previsão de chuva e frio.

Mas, se der no jeito, iremos.

Preciso passar um dia lá para limpar a piscina; o ano passado levei uma semana para deixar a água em condições mas, este inverno, com o tal de conservador de cloro, as coisas estão bem melhores.

A Edda e o Rolla andaram pôr aqui mas deixaram a impressão de que não irão voltar, apesar de acharem Curitiba uma droga.

Concordo: acho aquela terra o pior lugar que alguém pode escolher para morar.

Tenho procurado falar com o Pingo lá na ADVB mas não tenho conseguido.

O Pingo está a fim de encerrar o estágio agora em outubro porque não pode imaginar todo o mundo no Imbé no verão e ele dando duro.

Contrariando os mais participantes, até penso que ele tem razão.

É bom trabalhar durante o curso universitário mas, pensando bem, é o último tempo para flanar que se tem: depois é pau e pau.

Claro que na disputa de emprego, o pátria que já tem experiência, leva uma baita vantagem mas o que importa mesmo é o QI ( quem indica).

O João, que vai trabalhar no CPD da GM já tem grandes planos para o Pingo mas o problema é o João durar mais de dois anos na GM.

Os Mouras da Glória vão bem: : hoje vai embora a amiga deles de São Domingos, codinome Anita, mas volta.

Segue rumbo norte para conhecer o Rio e adjacências inclusive Bahia.

Quando acabar a grana, volta aos caminhos do Sul.

Também as hóspedes da Patrícia voltaram para o Orogoai; são as irmãs do Dante, pessoas muito simpáticas.

A Heloisa deu para elas entradas para a Branca de Neve, espetáculo no gelo, lá no Gigantinho.

Todo o mundo foi, compramos entradas para oito dias.

As tais cadeiras valem a pena quando há espetáculos mais caros: pago 50% do preço da entrada mais barata.

Em compensação, pago R$22,00 de mensalidade o que me dá a condição de sócio do Inter, glória que não me comove nem um pouco.

Domingo fiz grandioso galeto com público reduzido: a Patrícia foi almoçar com uma amiga no Jangadeiro e os Tergolinas foram para a chácara.

Hoje de noite pretendo realizar uma proeza para a qual geralmente dou com os burros na água: consertar uma torneira na Alda.

Quando o galho é aqui em casa, chamo o negrão Darcy que é ótimo mas é um baita dum ladrão: se mando que vá na Alda, vou ouvir reclamação pôr muito tempo.

Antes torneira pingando do que reclamação.

Falando nisto, a Time, que é de extração republicana, está mandando uma lenha no Clinton que não é brincadeira: no fim vai dar renuncia.

Hoje ele está na Rússia que faliu e está levando um monte de emergentes de cambulhada. Ainda não sabemos como vai se comportar o Brasil com a falência do Japão, da Rússia e dos Tigres Asiáticos mas que vai sobrar para nós, vai.

No mês de agosto, as Bolsas nacionais caíram mais de 45% o que já é um terror; só espero que nenhum dos familiares ricos estejam investindo na Bolsa.

Há grandes possibilidades do Comunismo renascer na Rússia, para gáudio de nossas esquerdas: se acontecer, o horário político vai pegar fogo mas não creio que mude muito o perfil atual: FHC no primeiro turno.

Aqui no Estado também o Brito vai levando de barbada mas já houve um episódio semelhante e acabou dando Olivio.

Só que desta vez o Galo não tem atrás de si o Tarso.

O Amaury baleado, imóvel na cama, com compressão do ciático mas achando que não é nada.

O Vares gordo demais porque passa o dia inteiro sem fazer nada, comendo e tomando cerveja.

O restante, como de costume.

Hoje tive um encontro com o proprietário da Copelmi sobre a Fazenda do Bagé; como o Renato queria uma coisa e o Bagé está partindo para outra, acho que vai dar atrito e pretendo ficar fora dessa.

Vou conversar com o Bagé sobre a minha intenção.

Não é justo com o Renato.

Ouço rumores da janta. Já são mais de sete horas assim que suspendo pôr hoje.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 9 de Setembro de 1998, 12:02, tempo gris.

 

De um modo geral, o que tem acontecido é muita chuva!

Fomos para o Imbé no chamado feriadão e não deu outra: Domingo fez tempo bom mas na Segunda tudo voltou ao normal.

De qualquer maneira, deixei a piscina limpa e defendida contra algas pôr um mês.

Antes de sair na Segunda, tivemos uma surpresa agradável: fomos almoçar no Sambura e encontramos um bufê excelente e barato: pôr R$6,00 é uma festa.

Na verdade o ecônomo lá é o segundo do RGS, talvez só inferior ao do Sogipa.

Dá para recomendar.

Estavam na praia, além dos Fietz, o Tergolina com os guris: fizemos um churrasco muito bom no Domingo com umas picanhas argentinas fornecidas pelo Tergolina.

Os Barrios e os Mouras da Glória não foram porque estava todo o mundo de plantão, bip etc.

Ontem tivemos uma notícia totalmente inesperada: O Pfeifer está em Paris com pneumonia!

Todo o mundo esperava que, se desse algum galho na viajem deles, seria com a Lúcia mas nunca com o Pfeifer.

Neste momento estão no hotel e a Silvia se virando porque a dupla nem balbucia em francês.

Sempre imaginamos que a Lúcia saberia trovar alguma coisa em francês mas parece que não.

Vamos ver se telefonamos hoje: estou esperando a Heloisa que foi ao BB verificar uns rolos na conta da Alda.

Como hoje é Quarta feira, o Ângelo vem estudar Português e o Diego passar a tarde.

Devem estar chegando todos para almoçar, inclusive a Isinha e o Lucas.

Também hoje de manhã o João embarcou para São Paulo onde foi assumir na GM.

Ao que tudo indica irá gerenciar o CPD.

Tomara que dê tudo certo e que ele consiga durar na posição.

Continuo com o meu telefone do centro totalmente mudo, assim que o escritório está tranqüilo.

Acaba de sair daqui uma malher com pinta de pistoleira que veio buscar o pagamento da Heloisa para a viajem ao Paraguai no dia 05/10.

Lá pôr casa, tudo bem; a Saara está sendo sujeito passivo numa ação trabalhista em que a reclamante é uma ex – faxineira, aquela cujos filhos a Saara alfabetizava.

Nenhuma surpresa; pena que a Saara não tenha recibos o que nos obriga à prova testemunhal.

A do Beto não tem problema mas esta não posso garantir.

Aliás, é interessante: em grande número de casos, as pessoas não precisam de advogado mas sim de mágicos; tenho umas três ações assim.

E aí não dá nem para cobrar porque geralmente os interessados já estão num pepino de fazer dó.

O resultado é que você trabalha de graça e ainda leva a fama de incompetente.

Faz parte do show.

Falando nisto, estive em Flores da Cunha para uma audiência e fiquei boquiaberto com o número de construções de edifícios.

Flores é um lugar pequeno, muito pequeno e acredito que há mais e quarenta edifícios sendo erguidos!

E, não se trata dos tradicionais caixotes de três andares com loja em baixo: são prédios finos, geralmente estilo bávaro, como aqueles de Nova Petrópolis.

Não deu para entender.

Quando passei em Farroupilha, fui num centro comercial procurar um abrigo.

Como de praxe, não havia nenhum que me servisse mas a lojista tirou minhas medidas para mandar-me pelo correio.

Fiquei surpreendido com o preço: um abrigo lindíssimo de fibra não-sei-o quê, pôr R$59,00!

Quando me lembro que paguei R$60,00 – há dois anos atrás – pelas porcarias da Anna, devo admitir que sou um trouxa que parte do princípio de que amigo (?) não explora amigo.

E, o que é pior, com toda a experiência que tínhamos dos consertos mecânicos do João.

Passarinho que come pedra sabe o Cu que tem.

 

Terça-feira, 15 de Setembro de 1998,19:47, tempo bom.

 

Bom mas frio.

Ontem telefonou a Lúcia, de Paris, para dizer que a viajem foi uma experiência hospitalar, que gastaram demais e retornam hoje.

Ela estava meio ansiosa e evidentemente nervosa, não só com os acontecimentos da viajem como também com a volta.

O Alemão passou uma semana no hospital e, convenhamos, ir a Paris para ficar numa cama Fowler, não é um programa desejável.

Aguardemos que cheguem para sabermos do que realmente aconteceu.

De um modo geral, na semana passada em que não compareci, choveu!!!

E, como choveu: Sábado levamos o maior banho na feira porque caiu um toró daqueles de inundar as ruas.

Assim que sem maiores novidades.

O Carlos e o Pablo estiveram em Artigas, os demais vieram para o churrasco Domingo.

Ontem chegou a Maria Helena para o aniversário do Diego que será festejado no Domingo à tarde no colégio dele.

Também ontem o Ângelo veio estudar para a prova de hoje e segundo me disse, dez!

A noite, como a Heloisa iria chegar um pouco mais tarde, fomos jantar num num corrido de filé ali na Protásio, o Marcelus, eis que o Mama estava fechado pôr ser  segunda feira.

Confesso que fazia tempo que não ia num lugar tão ruim.

Aliás só fui lá pôr causa da propaganda do Neno.

O Fornão é muitíssimo melhor.

Fica o aviso para quem resolver enfrentar um rodízio de filés.

Amanhã vou a Lajeado para apanhar um processo em que devo apelar: é daqueles da empresa fornecedora dos R$1,99.

Eles estão me devendo uma nota e prometeram fazer um depósito amanhã.

Se não fizerem, vão ter que procurar outro advogado.

Neste momento – são 23:28 – o Grêmio que renasceu das cinzas, está jogando no Chile com o time reserva na Copa Mercosul.

Parece que está 0 x 0.

O João veio de São Paulo para complementar o exame médico devido a uns fungos na axila.

Até eu diagnostiquei o que é: a medicina em São Paulo não parece ser tão boa assim.

O Carlos até riu do paulista ter levantado a hipótese de algo pior.

Esteve no escritório o Rotta que marcou uma entrevista, acerca do seu livro, com o Assis Brasil, aquele autor de Videiras de Cristal etc.etc.

Tenho certeza que o Assis vai gostar.

O Rotta está empolgado.

Esteve também o Napoleão querendo saber qual seria a melhor tradução para “mutatis mutandis”.

Acontece que o pai dele dizia que a expressão latina significava “conservar melhorando”…

Sem comentários.

Estes dias, ele – o Napoleão – já estivera nos escritório para saber qual a tradução de uma frase complicada constante do epitáfio de um matemático famoso.

Acontece que o Napoleão anda escrevendo uns textos herméticos e o Latim sempre ajuda para dar um tom erudito às coisas.

Eu não sou grande conhecedor do Latim mas tenho uns bons livros de consulta.

Terminou o jogo do Grêmio, 1 x 1.

Hoje doei a frigider da churrasqueira para o Mensageiro da Caridade; há uns seis meses eu havia mandado consertá-la contrariando minhas próprias convicções. Como seria de se prever, o conserto não deu certo.

Eletrodomésticos não se concertam, compram-se novos.

Pôr hoje é só.

Boas noites.

 

Quinta-feira, 17 de Setembro de 1998, 18:28, chuva forte.

 

O tempo voltou a ficar brabo e as previsões são as piores: até Sábado chuva e depois garoa com frio de rachar!

Vistas ao aniversário do Diego que vai ser Domingo naquele cocoruto de morro, batido pêlos ventos do rio.

Tivemos esta semana a queda do helicóptero da Globo lá em Roraima.

A impressão que fica é que as pessoas de tanto falar em Ecologia, acabam pôr achar que bom é o mato, lá tudo é lindo, amigável e agradável.

Aí cai o helicóptero e verifica-se que a região é inóspita, não há nem possibilidade de socorro, não existe radar nem o radio funciona, frio de zero graus, bichos querendo fazer uma boquinha etc. etc. e tal.

Se não fosse um aldeamento de índios próximo, os caras teriam morrido aguardando socorro.

Próximo em termos.

Caiu o primeiro helicóptero e depois o que foi salvar, caiu também.

Como já voei e muito naquela região, sei muito bem o que significa o norte de Roraima; e o sul também.

Acho que o ator da Globo que se acidentou( o Adriano da novela das oito) só vai querer ver mato em fotografia colorida e não mais passar nem perto da Floresta da Tijuca.

No máximo, Jardim Botânico.

Temos que substituir o mato pôr fábrica de oxigênio.

O Alemão Henrique pesteou o que não é surpresa com este tempo.

Ontem fui a Lajeado ver um processo dos R$1,99 que levou chumbo; a sentença é quase inacreditável, prolatada pôr um pretor.

O que de besteiras esses guris que estão entrando na Magistratura fazem, não dá para acreditar e os advogados têm que trabalhar o dobro.

Já estou de saco cheio porque em menos de três meses estou tendo que deslindar as roscas feitas pêlos meritíssimos que ainda nem saíram das fraldas.

Antigamente, para ser juiz, o pátria tinha que ter sido advogado pôr cinco anos: hoje, neguinhos e neguinhas, vão direto da PUC para a sala de audiências.

E dê-le asneiras.

Não há saco que agüente.

Isto juntado ao Horário Político deixa qualquer um a beira de ataque de nervos como as mulheres do filme.

Nos USA continua firma a história do Clinton mas já surgem opiniões mais sensatas sobre o filhadaputismo do promotor Starr e da Mônica.

Vai ser difícil para o Pinton sair desta mas os outros vão junto.

Estou com uma edição especial da Time sobre o tema e parece que transcreve as partes mais picantes do depoimento da moça.

Agora vão publicar um vídeo com as declarações do Pinton no Grand Juri.

Ou seja, os caras querem é sacanagem para vender na Internet e para videocassetes.

Ofereceram 6 milhões de dólares pelas memórias da Lewinski mas ela quer 10! Ela e mãe dela que é uma vigarista.

No fim é isto aí.

Ainda não temos notícias dos Pfeifer, se chegaram ou não; segundo a Lúcia já teriam voltado ante – ontem mas a passagem deles era para hoje.

Talvez o Alemão tenha melhorado e adquirido condições para aproveitar um pouco da viajem.

Esperemos que seja assim.

Ontem Heloisa foi com os Fietz na feira de artesanato do Mercosul, Usina do Gasômetro e gostou muito.

A feira vai até Domingo mas com esta chuva, não creio que tenha grande movimento porque a parte mais interessante – as comidas – acontece ao ar livre.

Também os tradicionalistas que estão acampados no Parque Mauricio Sobrinho devem estar arrependidos de querer dar uma de galponeiros; mal sabem eles que o sonho dos legítimos é uma sala com lareira.

Ontem vi, na TV, um destes gaúchos de cidade, todo pilchado e com uma camisa de cetim verde abacate!

E não se tratava de uma bicha enlouquecida mas sim de um homem velho suposto cultuador das tradições farrapas.

Ou seja, assim não dá ou, como costumo dizer, então tá!

O Felipe é que ficava roxo de raiva com esses pátrias que desfilam de bombachas, guaiaca, alparcatas, lenço no pescoço e boina, como eles dizem.

Vai checar o cara pensa que cavalo tem chifre; como aqueles cueras do Caverá.

É um bando de guaipecas.

Quem inventou os gauchinhos foi o Paixão Cortes que agora não quer assumir e foge dos shows de dança típica, dos quais o mais representativo é aquele do “Garfo e Bombacha” do Canela.

Vale a pena ver para avaliar o estado em que chegamos.

Os cariocas do subúrbio que nunca foram além de Madureira e vêm à Serra Gaúcha para ver a neve, adoram.

E quando chegam no Rio narram as maravilhas dos gaúchos, só para

chatear os que não puderam vir porque gastaram a grana em farofadas homéricas no Recreio dos Bandeirantes.

Ou em Itaipu.

Isto aí.

Estou com muita fome aí começa a bater o mau humor.

Odeio farofeiros!!!

Eu e o Caco Antibes.

Aquele cara até pode ser bicha mas não leva nenhum jeito.

Quem dá informações sobre as bichices dos televisivos ou é a Silvia ou a Bia mas faço restrições porque pode ser uvas verdes.

“Pode” está certo.

Agora, com as aulas do Ângelo, estou ficando doutor em concordâncias, tanto verbais como nominais.

Hoje assisti ao Horário Político de cabo a rabo; é sempre a mesma lenga – lenga, os caras dizendo as maiores sandices, com a maior cara de pau.

São muitos mas, à semelhança da Copa do Mundo, no fim elegem-se os de sempre.

Vou votar no Ciro Gomes, é o único voto do qual tenho certeza.

O Brito até que é bom sujeito mas a turma dele é brabíssima e, num segundo mandato, sabendo que é o último decerto irão exagerar na mão boba.

Neste exato momento chove em bicas; os Pfeifer já chegaram mas não ligaram.

Fiquei sabendo porque telefonei para a Cláudia que está esperando o nenê a qualquer hora.

Assim que vou desejar boas noites a todos.

 

Segunda-feira, 21 de Setembro de 1998, 23:27, tempo chuvoso.

 

De um modo geral, tivemos chuva desde Quinta feira até hoje e parece que, após breve interrupção amanhã, a coisa recomeça na Sexta.

Sábado normal: o estacionamento da feira estava lotado porque os Jeovah reuniram-se no estádio do Grêmio: era Jeovah que não acabava mais.

Se os somarmos aos fieis do bispo Macedo, iremos concluir que a maioria católica no Brasil já era.

Domingo almoçamos nos Fietz eis que pôr causa do aniversário do Diego, marcado para as três horas da tarde, churrasco não houve.

Sábado de noite fui levar o Ângelo em casa e conversamos sobre a doença do Pfeifer.

A Isinha, com a sua característica de levantar os aspectos mais contundentes dos problemas, formulou a seguinte hipótese:

Aquele castelo de “Caras” é do tempo da peste negra e aquelas roupas poderiam guardar micróbios da referida.

Como sabemos, os micróbios resistem pôr muitos séculos e assim não seria impossível que o Pfeifer houvesse contraído a peste!!!

O que daria um enredo formidável para uma novela.

Depois de uma introdução com considerações sobre a carreira da Silvia, o convite para pousar em Paris, o castelo e sua história na qual contar-se-ia o que ocorrera na época da peste, inventando um enredo felpudíssimo, a viajem sonhada pêlos Pfeifers, um médico que se apaixona pela Silvia, a doença e o diagnóstico feito em segredo pelo médico “in love”.

Nunca esquecendo que se ele falasse, eles nunca mais sairiam da França e o mundo todo ficaria agitado com a possibilidade de contaminação pela peste negra!

A solução seria encerrar a família toda num laboratório secreto donde nunca mais sairiam; uma das soluções.

Daria para botar o Camus no chinelo.

Lamentavelmente não é o meu estilo: quem deveria encarar seria a Isinha.

Bem.

O aniversário do Diego transcorreu bem apesar da chuva; saímos cedo porque esta semana a Alda andou meio enrolada com problemas financeiros o que exigiu a presença mais freqüente da Heloisa.

É uma história comprida que envolve vários personagens e cujo enredo já foi esclarecido mas que deve permanecer como insolúvel.

Dá para entender?

Maria Helena veio para o aniversário do Diego, “en route “para os USA, tendo embarcado hoje.

O Dr. Barrios não compareceu à festa porque embarcava para Foz do Iguaçu, decerto para comprar umas muambas no Paraguai…

Ontem de noite o Ângelo foi deportado para cá devido às suas brigas com o Lucas: a autoridade  deportante foi a Isinha e a idéia era que ele permanecesse uma temporada aqui, o que muito nos agradou mas eu avisei a Heloisa que o degredo seria pôr, no máximo, 24 horas.

Tese confirmada.

Deu para estudar umas horas de Geometria.

Se o Ângelo passasse um tempo aqui, pelo menos iria aprender Matemática o suficiente para o vestibular.

Fica para a próxima.

O Henrique já está recuperado de sua virose; a Virgínia não foi ao aniversário do Diego para ficar com ele: várias pessoas prontificaram-se a cuidar do Alemão e não ir ao aniversário – houve gente que até ofereceu grana – mas a Virgínia foi irredutível.

O 20 de setembro, apesar de muito planejado e com grandes perspectivas, ficou meio mixe pôr causa da chuva.

“En passant “ocorreu-me que a rua General Lima e Silva não é uma homenagem ao Caxias mas a um tio dele que foi o primeiro general da República Riograndense, coisa que muito pouca gente sabia, inclusive este que vos fala.

Aprendi na História do Rio Grande publicada pela Zero Hora e patrocinada pela CEE.

Apesar de tio do Caxias, era mais moço do que ele e morreu numa emboscada quando saia de um batizado em Santana.

Como era carioca, os de bombacha não gostam que o primeiro general farroupilha nasceu no Rio.

Infelizmente é assim que se faz História: contando o que interessa – ou agrada – e escondendo o que não interessa.

Ontem numa entrevista com o Décio Freitas, o entrevistador um gordinho nojento do canal 36, queria pôr força que o Décio dissesse que os Farrapos tinham vencido. O Décio não embarcou no papo e informou que, quando da paz, os farrapos já estavam militarmente batidos.

Mas não falou na magnanimidade do Caxias que, mesmo assim, assinou uma paz honrosa para os de bombacha.

É fogo!

Um outro personagem cuja história nunca foi bem contada é o Davi Canabarro.

A batalha do Cerro dos Porongos, em Bagé, que liquidou com os Farrrapos, é meia braba.

O crioléu já anda querendo recontar a história porque só quem morreu foram os chamados lanceiros negros.

E parece que o Canabarro deu uma baita colher de chá para o Moringue cercar e trucidar uis negrão.

Podiam ter resolvido o pobrema da família Colar: alguém bobeou…

Em termos de eleição o PT adotou uma linha interessante: uns trovadores daqueles tipo Caranchão e Zé Bernarde aparecem na TV cantando para o Olivio, como a seguir:

O Olivio é Missioneiro

Galo véio brigador

O Olivio não se achica

Olivio governador!

 

Ou então:

Galo que é Missioneiro

Só canta de madrugada

E é no cantar do galo

Que o Olivio ganha a parada!

 

Tais brincando.

O Tarso deve estar amando os caras que organizam a campanha do Olivio.

Eles também bolaram aquela do “Contra o burgueis, vota no 16”.

O Eneas pelo menos inovou, agora ele urra: MEU NOME É ENEAS, 56!

A gente quase não acredita que isto exista.

Até o Ciro Gomes anda dando umas pedradas.

Em compensação, em São Paulo, aquele pastor do Brizola já está entrando pelo ralo e, no Rio o tal de Antony Garotinho, do PDT, começa a ver a coisa preta.

A coisa preta é aquela negrona senadora pelo PT que convidou a Vera Loyola, uma emergente social e naufraga intelectual, que estava também no castelo de “Caras ” ( candidata à peste), a ser candidata à deputada pelo PT.

Os cariocas, que elegeram a negrona como elegeram o Cacareco, devem estar dando grandes risadas.

Dá-le Brêisil.

Pior que nóis só o Pinton.

Com o que, me despeço desejando boas noites a todos.

 

Quinta-feira, 24 de Setembro de 1998, 16:27, chuvoso.

 

Ontem, virando minhas prateleiras do escritório, achei um livro de crônicas do Sérgio Costa Franco, “Achados e Perdidos “.

O Costa Franco, que escreveu muitos anos no Correio do Povo, é mais conhecido pôr seus trabalhos de História mas, é um cronista, do quotidiano, excelente.

Recomendo.

Foi uma pena que ele não quisesse ir para a Z H quando do colapso do Correio; ele achava que os de Israel não eram sérios, no que, penso até tinha razão. O livro está agora aqui em casa.

Como vemos no cabeçalho, a chuva continua o que não é surpreendente na Primavera mas, como o inverno foi água e água, já encheu.

Aguardamos a prevista seca da La Niña.

Conta o Eduardo que lá pôr cima, a seca é medonha e que de Brasília até a fronteira da Bahia, os campos simplesmente desapareceram devido às queimadas.

Não que queimada seja ruim no Cerrado que até precisa delas mas parece que este ano estão demais.

Neste exato momento a Heloisa está num chá de avós no colégio do Chico.

Acho a maior frescura este negócio dos colégios envolverem pais e avós em tertúlias que são, no fundo, um caça níquel.

Imagina o velho Janguta ou a velha Olinda indo a um chá  “oferecido “aos avós no Ginásio Anchieta.

Comprei hoje – e já li – “Memórias de um Sargento de Milícias ” do que o Ângelo deve fazer uma crítica nos próximos dias.

Devo admitir que, para um historiador ou rato de biblioteca, o livro é interessante mas para uma pessoa não afeita a tais extravagâncias, é um pontapé no saco.

Admite-se – mas com muita cautela porque o tema é explosivo – que o velho Machado andou garimpando nas “Memórias ” mas não me parece que isto interesse muito ao Ângelo ou à classe de Literatura do Americano.

Aliás eu acho o Machado um chato de galochas, um escritor de segunda classe, mais um imitador suburbano dos franceses da época.

Disse “mais um” porque há vários e até o Eça meteu sus colher genial no Balzac e no Zolla.

E, dum modo geral, todos os escritores de língua portuguesa deste século, meteram a colher na sopa do Eça.

Então tá.

Hoje telefonou o João que está trabalhando em Gravatai: ele foi para São Paulo mas faltou alguém aqui e ele veio quebrar o galho, inclusive ganhado diárias as quais deve estar tratando de gastar o mais rápido possível.

Para o que não lhe faltam conhecimentos…

Tenho recebido visitas quase que diárias dos nossos escritores, Rotta e Napoleão que vão ao escritório trovar a respeito de suas obras: o Napoleão com a Cosmologia e o Rotta com a sua novela semi – policial.

O Rotta teve até um papo com o Assis Brasil que é diretor da cadeira de composição literária na PUC.

O Assis pensa que ele deve publicar o livro.

Tomara que tenha sucesso.

Artistas e velhos generais geralmente gostam de escrever suas biografias mas o Rotta escolheu um caminho melhor.

Em que pese a biografia do David Niven que é excelente.

O Napoleão finalmente terminou o seu artigo sobre a luz e o tempo que ele considera absolutamente inédito mas, infelizmente não é.

Já antes eu havia – sutil mas claramente – dito e escrito para ele que sua grande descoberta era um baita bizu mas, de tão empolgado, não entendeu o recado.

Mandei para o Job ver se consegue publicar o calhamaço na Revista do Clube Militar.

E, não falarei mais no assunto que já encheu.

Neste exato momento o Boloral está jogando contra o Flamengo no Rio e daqui a pouco o Grêmio joga sua sorte contra o Ponte Preta no Olímpico.

O Grêmio se bobeia vai para a Segunda Divisão e aí a coisa complica porque sair de lá não é fácil.

O Flamengo também está a perigo e vai fazer tudo para ganhar.

Dr. Barrios já voltou do Paraguai e veio com muambas, quem diria!

Para a Heloisa, trouxe um baralho Ken, legítimo e muito bonito.

Hoje é o aniversário do Chico mas como a festa será Domingo decerto não iremos lá.

A Alda já pediu o telefone deles para ligar.

E depois diz que não tem memória.

Para a janta teremos caldo verde, uma receita que a Virgínia conseguiu numa revista de culinária; na primeira experiência que fiz, de ouvido, não deu muito certo, vamos ver o que acontece hoje.

Também a Alba está de posse de uma receita de bacalhau a Gomes de Sá, publicada sob os auspícios da Colônia Portuguesa: achei meia fracota mas hai que respeitar.

No fim agente chega à conclusão que a melhor comida típica é feita pêlos outros que não os nativos.

A comida italiana é melhor aqui do que na Itália, a chinesa idem e, sem irmos muito longe, os paulistas, na média servem um churrasco melhor do que o nosso.

Como também é verdade que aqui na capital o churrasco é muito melhor do que em qualquer galpão de fazenda.

O negócio todo tem explicação mas não estou com saco para digressões.

O João sumiu; deve ter ido para São Paulo hoje.

Assim que boas noites.

 

Terça-feira, 29 de Setembro de 1998, 18:47, tempo bom, frio.

Acho que houve alguma coisa pôr aqui e perdeu-se algum registro.

Ou então, o tempo passa tão depressa que a gente nem acredita.

Domingo tivemos o aniversário do Chico, animado pelo Neno e estava a festa muito boa.

A Heloisa reforçou os comes mas, mesmo assim, acho que faltou: estavam muitos adultos, cerca de 25!

Fizemos, ainda Domingo, o curriculum do Pingo porque o João quer ver se ele é contratado pela GM.

Na confecção do curriculo, fiquei impressionado com os conhecimentos do Pingo em Word.

Realmente ele sabe muito mas, em compensação, desarruma o computador com os macetes dele.

Nada de mais, já está tudo em ordem.

Nasceu a filha da Cláudia o que motivou dezenas de E Mail da Lúcia que ainda nem li.

 

Quarta-feira, 30 de Setembro de 1998, 18:00h, tempo ótimo.

 

Continuando, ontem vi um filme em que a protagonista trabalhava firme com correio eletrônico: a gente fica humilhada de ver como isto funciona nos USA.

Quando alguém manda alguma coisa, acende um ícone igual a uma caixinha postal e fica piscando.

Aí é só clicar e deu.

Para mandar é mais fácil ainda.

Parodiando o Collor, aqui estamos andando de carroça enquanto os americanos vão de Boeing.

Está aqui o Pablo que veio fazer as lições e aguardar a Heloisa para irem em uma representação teatral em que o Alemão Henrique é o protagonista.

Parece que o Diego também vai.

Da minha parte, declinei do convite eis que tenho que fazer algumas coisas de noite…

Domingo a noite começam as Olimpíadas dos wesleianos e as duas Heloisas e mais a Helena vão abrir o desfile, simbolizando três gerações de atletas.

Desta eu não escapo inclusive porque a Isinha disse que há fortes probabilidades de fechar o pau, assunto do qual entendo e portanto posso agir como elemento de dissuasão das partes envolvidas.

No mais o país está parado aguardando as eleições e aterrorizado pela apocalipse pregada pela oposição.

Hoje o Lula, o Brizolla e o Bixol fazem o comício de encerramento; da mesma forma o Brito.

Quanto ao FHC não há a menor dúvida que leve no primeiro turno mas o Brito pode ter que enfrentar um segundo tempo.

A vaca da Emília está se queixando no jornal que foi abandonada pelo PDT e que bom era o Zambiazi: além de ser tarde, ela revela uma ingenuidade atroz eis que só ela não sabia que estava de boi de piranha para conseguir um segundo turno.

Tomara que, mesmo assim, não dê.

O Ciro Gomes andou fazendo força para o Lula desistir em seu favor, no que também revela ser um babaca.

Tinha o meu voto, não tem mais.

Boa parte da família: Bolão, Virgínia e Isinha vão de Olivio.

A esquerda de buteco funciona.

Ontem contamos 47 anos de casados mas não houve festa nem comemoração porque para estas coisas precisa-se algum planejamento e o tempo anda escasso.

Havia a idéia de irmos até Gravatal ou coisa assim mas quando se viu, já era o dia 29.

Tudo bem.

Vou ver os E Mail da Lúcia e volto mais tarde.

Chegaram os E Mail mas já sabíamos de tudo pelo telefone.

A Lúcia contou que a vizinha de porta dela, toca a campainha e avisa:

  • Vou te mandar um E Mail!

Então tá.

No início, tudo é muito excitante mas depois a gente só usa as coisas necessárias do computador e chega à conclusão que o telefone ainda é o melhor meio de comunicação.

Vou dar uma voltinha no programa de scan porque preciso treinar.

O pessoal que foi ao teatro do Henrique já voltou depois de ter ido festejar a performance no Bambina, pizaria.

Boas noites,

 

Segunda-feira, 5 de Outubro de 1998, 16;46h, tempo chuvoso.

 

Acabei de deixar a Heloisa lá no quarto distrito para embarcar rumo ao Paraguai, o que já é uma tradição nesta época do ano, ao ponto do Pablo me perguntar quando a Vó iria ao Paraguai para as compras de Natal…

Estamos em plena apuração de eleições, como RGS e São Paulo na berlinda; lá com a Marta Suplicy e aqui com o Brito e o Olivio indo para o segundo turno.

Os galistas estavam empolgados com a votação do Olivio porque, no início, apuravam-se as urnas eletrônicas ou seja, cidades grandes com mais de 40.000 eleitores e ali o Olivio ganha, como todo o mundo sabe.

Agora começou a apuração dos votos em cédulas, cidades pequenas, e o Brito está recuperando e decerto vai ultrapassar o Galo Missioneiro.

O Olivio, ontem, na televisão, estava arrogante como se tivesse ganho a eleição pelo dobro de votos.

Tomara que se rale o SOB.

O FHC ganha no primeiro turno e o Lula disse que iria chutar o balde mas parece que desistiu: decerto vai dizer que o juiz roubou.

Em São Paulo, se o Covas for para o segundo turno, ganha do Maluf.

Se for a Marta, perde.

O que está havendo de notável é que os institutos de pesquisa, de um modo geral, pisaram no tomate em vários lugares.

Em Goiás, Distrito Federal, Amazonas, o erro foi feio. Aqui foi regular, os caras não levaram em consideração que, na Semana Farroupilha, o Olivio leva uma baita vantagem pôr ser da Bossoroca, usar aquele bigodão guasca  falar Missioneiro e ter tido o apoio da maioria dos tradicionalistas.

Chega de eleições.

Sexta feira de manhã, o Pingo teve um acidente de carro, Ipiranga com Silva Só, para variar, e destruiu o carango; seis horas da madrugada, o enredo a gente conhece.

Dá vontade de processar a porra da Prefeitura que há anos, á séculos, recebe pedidos para construir um viaduto naquela esquina, local da maioria dos acidentes, acho que do mundo!

E ainda atem gente que acredita nesses bagaceiros incompetentes.

Sábado o Bolão aniversariou e fomos lá junto com o irmãos( exceto a Isinha`, às voltas com o acidente).

Domingo fomos para o Imbé votar; estava um dia lindíssimo, de verão.

O Evaldo foi atrás de nós e está completamente tararaca.

A noite, o Heloisa, Isinha e Helena, representando três gerações de atletas, abriram as cerimônias das Olimpíadas Wesleinas; Heloisa chegou em casa muito emocionada e feliz, mesmo que tenha tido de fazer um discurso.

Aguardemos agora que o fato se repita quando forem quatro as gerações.

O Alemão Henrique está de muletas eis que quebrou o pé numa queda, lateral do pé, nada grave.

Acho que o Alemão está muito pesado e deveria emagrecer um pouco.

Aliás acho que todos devíamos emagrecer, exceto a Patrícia.

Até o Dr. Carlos está com uma barriga que já se nota.

O pior é que estamos chegando ao fim do ano e às comilanças e bebelanças decorrentes.

De mim, pretendo fazer regime no verão.

Regime inclui alimentação e exercícios.

De acordo com um candidato do PT, o governo é responsável pelo aumento do buraco de ozônio na Antardida ( não estou exagerando), assim que teremos de nos cuidar com o sol…

Para registrar que uma outra candidata do mesmo partido disse que o PT vai resolver o problema do desemprego no Estado instituindo feiras populares aos montes…

A gente tem que rir mas, no fundo, é triste.

 

Terça-feira, 6 de Outubro de 1998,23:21h, tempo bom.

Terminou a apuração e temos um empate entre o Olivio e o Brito;

No segundo turno, se a vaca de piranha funcionar – a Emília-, ganha o Galo Missioneiro e aí não dá para fazer-se prognósticos.

O Bossoroca véio certamente vai querer fechar a GM para não complicar mais o tráfego em Porto Alegre que o Cachurro não consegue equacionar.

Temos bem arranjados e até já estou atualizando o meu vocabolário, de acordo com os novos tempos.

Falando nisto, o Collar não se elegeu, ficou na soprência.

A china dele nem largou, ficou no partidor.

Que barbaridade!

Quem tem vindo para jantar todas as notes, são o Diego e o Pablo mas a bóia de noite é ruim barbaridade.

A Ana está de férias e a Arba véia sai às quatro.

Os guri come arguma pelanca tomam uns todinho e nem recrama; piasada boa de queixo.

Acabou de telefonar a Isinha para informar que o Pingo e o Ângelo estão formando um conjunto de guitarra e bateria: parece mentira que os crias de um gaiteiro bom barbaridade em vez de ir para a sanfona de oito baixo, ficam com estas porcarias.

Devia era imitar o Boguetti.

Diz que o Tergolina até pensa em se ir a la cria pôr causa do bochincho dos dois.

Até o guaipeca não quer mais voltar para casa de noite e aprefere ficar no garpão.

É cosa séria, estes guris!

Então tá.

Hoje não consegui fazer nada no escritório pôr causa das visitas: o Napoleão e suas preocupações cosmológicas, o Bagé com seus problemas econômicos e o Rotta com seus tormentos literários.

O Bagé parece que vai vender a estância: diz que não agüenta mais este viver de pobre.

Pobre relativo.

Está vibrando pôr que os RBS estão a beira de um cano monumental ele tem uma pinimba antiga com eles e até que com razão; quando da compra da casa, os jacós sacanearam o Bagé que teve que dar o escritório de Brasília para não atrasar dois dias a prestação.

Consta que o Nelsinho resolveu passar a perna no Roberto Marinho na negociação da tele de São Paulo e aí o furo é mais embaixo: brigar com a Globo faz mal à saúde.

Se o Olivio se elege, o que é provável, a coisa vai ficar ainda mais feia para os RBS.

Cresceram demais em muito pouco tempo.

Ninguém faz isto impunemente (a não ser o Bil Gattes).

Observo agora que estou a exatamente 22 páginas para completar as duzentas que normalmente escrevo para os registros de uma ano: como ainda tenho cerca de dois meses, acho que vou ultrapassar.

Eu sempre imaginei escrever uma novela paralelamente com estes registros porque, além de ficar mais interessante, a gente mantém a imaginação viva. Ocorre que, na medida em que se envelhece, ficamos mais realistas e com enormes dificuldades para pensar no plano ideal.

Escritor velho só de Filosofia ou enredos policiais.

Às vezes fico imaginando de como os escritores de novelas podem criar as tramas incríveis que são sua característica e concluo que, para mim, seria impossível.

Lembremos que o Vargas Llosa tenta uma experiência assim no romance da sua tia, aliás o melhor dele.

Na época em que escreveu o livro, a moda eram as novelas radiofônicas, cubanas e mexicanas que assolaram a latinidad pôr muito tempo; para nós sobravam umas rebarbas, tipo Penumbra, Mamãe Dolores e outras que tais.

A gente mete o pau mas até hoje se fala no Albertinho Limonta e na Mamãe Dolores.

En passant, hoje o Carlos e eu assistimos um pouco do programa do Ratinho, o maior Ibope da televisão brasileira.

Simplesmente não dá para acreditar na baixaria.

Ainda bem que hoje o Ratinho estava em mood filosófica e teceu as seguintes considerações de ordem humaníssima:

  • Na primeira semana que o namorado da moça freqüenta a casa, quando vai mijar, mija no canto do vaso para não fazer barulho, não puxa a descarga, nem abre a torneira etc. etc.
  • Um mês depois, mija de jorro, puxa a descarga, aproveita para dar uma cagadinha e ainda pede para a sogra trazer papel higiênico!

Se alguém achar que estou exagerando, pergunte ao Carlos Barrios.

Devo anotar para a posteridade que o Ratinho está contratado pelo módico salário de R$1000.000,00/mês.

Diz a Isinha que, quando nos USA e mais especificamente em St. Louis, Mo, viu coisa muito pior na televisão de lá, programa local.

Até pode mas a minha experiência do Misouri é bem diferente: os caras eram uns tremendos moralistas ( fariseus) e nem em anúncios as molier apreciam de short.

Só se mudou e muito.

Muito boas noites.

 

Quarta-feira, 7 de Outubro de 1998, 21:38h, tempo bom, frio.

 

Terminadas a s apurações, ganhou o Brito mas praticamente houve empate.

Em São Paulo a briga ficou entre o Covas e o Maluf e ganha o Covas, sem dúvidas.

FHC vai hoje fazer um pronunciamento – daqui a pouco – para apresentar seu programa para o próximo mandato.

Assim que estamos aí.

Heloisa ainda não deu notícias, se e’ que pode: não sei se tem telefone no Paraguai.

Vai ver que lá as comunicações funcionam via sinais de fumaça.

O Dr. Barrios andou pôr lá e voltou horrorizado o que não parece sensibilidade de americano oriundo do Meio Oeste.

Talvez um dia eu crie coragem e vá conferir.

Quem confere o ferro com ferro será conferido, este é o problema…

Os guris não apareceram e não havia nadie em casa; daqui a pouco telefonarei para saber o que houve.

Casualmente hoje a bóia estava razoável.

Ante ontem e ontem os guris enfrentaram uma gororoba braba.

O Pingo está sem carteira de motorista e vai ter que voltar à escola de direção pôr quinze horas.

Quem está louco para entrar numa destas é o Bolão cuja habilitação, da Flórida, está vencida há um ano ou mais.

Dirigir com carteira vencida é ilícito penal e também patrimonial porque a multa é violenta mas, como costumo dizer, passarinho que come pedra sabe o Cu que tem.

O João esteve aqui de tarde porque iria lá nos Fietz instalar multi mídia no computador mas os referidos iriam sai de noite assim que ele ficou pôr aqui: Está mais pelado que calcanhar de tamanco porque agora recebe de  salário de quinze em quinze dias e não mais a toda hora como quando fazia seus trabalhos de Informática.

Acontece que dinheiro na mão do João faz cócegas e some logo depois de recebido.

Eu até podia ter emprestado algum a ele mas é preciso que se acostume à nova situação e as dificuldades são as melhores mestras.

Deixa ele roer beira de penico até segunda feira.

É impressionante o número de pessoas que estão quebradas: como sempre tenho dito, até o pessoal aprender a viver em um mundo sem inflação, em que o dinheiro vale, ainda vai haver muita inadimplência.

De acordo com informações da Heloisa, a Alda dispunha de R$100,00 para se agüentar até ao dia 20.

Acho que não vai dar…

A gente tem socorrido as partes mas chega um dia em que as reservas acabam e aí vamos ter que usar a técnica da pane de avião: “se der algum galho, primeiro coloque a máscara em você e depois atenda o companheiro do lado, pena de irem vocês dois para o brejo” .

O que parece muito sábio.

Os meus gastos pessoais têm sido reduzidos mas espero racionalizá-los ainda mais: com um pouco de esforço, diminuo a diferença entre aposentadorias e gastos, ou seja a dependência de ter que trabalhar e ganhar.

O bom é poder trabalhar sem ter que ganhar.

Chegaremos lá.

Daqui a pouco haverá uma entrevista do FHC com o Bonner e vou assistir;

Estes negócios são meio chatos mas esclarecem algumas coisas.

Acabo de assistir à entrevista do FHC e realmente devo admitir que o pátria tem classe, sabe o que está fazendo e é uma pessoa d bem; em alguns momentos chega a empolgar.

O Bonner, que afinal é um guri, em alguns momentos foi além do que seria razoável mas o FHC resistiu bravamente à vontade que decerto tinha de mandar o piá à merda.

Muito bom.

O Lula realmente não tem a menor condição de competir com o FHC.

Fomos os únicos no Brasil a não enxergar este óbvio: no RGS, única exceção no Brasil, o Lula teve mais votos do que o FHC.

Acho que isto aqui não tem mesmo a menor afinidade com o Brasil e deveríamos pedir o boné e nos estabelecermos pôr conta própria.

É claro que em seguida iríamos arranjar um meio de fazer uma guerra contra o Uruguai, Argentina, Paraguai e logo teríamos um território respeitável e uma base econômica que nos permitiria conquistar o Império.

Repetindo um caso que contei a respeito do Dr. Ademar, um gaúcho que vive no nordeste, depois de muitas experiências pôr lá:

  • Depois de tudo, a gente conclui que a única coisa que nós gaúchos sabemos fazer bem e gostamos de fazer, é guerra!

E, é verdade porque se não estamos brigando, estamos provocando e a provocação – uma prova de estupidez – sempre tem o nosso aplauso e admiração, vide literatura regional, o nosso herói é o Rodrigo Cambará, nos magro dou de prancha e nos gordos dou de talho.

Pior que nós só os argentinos: ainda ontem o Menem, arrabalero estafador, ofereceu ajuda ao Brasil na reunião de cúpula do FMI.

O desgraçado depende nós, está numa merda federal mas não perde a chance de fazer uma bazófia provocativa.

Se eu tivesse nascido no inicio do século XIX, hoje seria muito difícil encontrar um argentino vivo.

Acho que o cúmulo da balaca é aquela história do duelo de facões do Borges: num determinado momento, um dos fedorentos quase atora a mão do outro que fica pendurada pela pele.

Aí o tal se abaixa, põe a mão no chão, pisa em cima e puxa o braço arrancando-a fora para não atrapalhar!!!

Indo atrás deste papo, os argentinos importaram os “faconeros” para brigar com os ingleses nas Malvinas.

Do resultado sabemos.

Houve o caso daquele general argentino, o Menedez, que a televisão mostrou gritando, com o punho levantado diante da bandeira argentina hasteada nas Malvinas:

  • Antes me sacar la mano do què bajar esta bandera!(portunhol).

No dia seguinte o cachorro estava assinando a rendição diante da Union Jack.

Assim não dá.

Ainda ontem assisti no canal 55 uma hora de tangos criollos cantados pôr portenhos de cabelo engomado, jaquetão e tudo o mais a que têm direito aqueles pintas.

As letras são para matar: todo o mundo é trouxa e bunda mole só eles é que são os bãos.

“Garufa, yo sè que sos un perdido…”

Então tá.

Garufa é sinônimo de bunda mole ou, pelo menos, era, na década de 20.

Na verdade eu também sou um grande apreciador de la vieja guardia porque me agrada o clima do tango, aquelas coisas de tarde gris, pizito que puso Maple, piano estera y velador, aquel tapado de armiño, en las sombras de mi pieza es tu vulto el que regressa, su nombre era Margor, llevava boina azul, hoy tenes el mate lleno de infelices ilusiones, vieja pared del arrabal… e pôr aí empós.

O clima do tango é que me encanta.

Uma vez, o Ingo e eu fomos à Pelotas para comprar o Galenogal.

O dono era o protótipo do portenho dos anos 20, bem arrumado, de jaquetão azul, cabelo engomado, sapatos de bico fino.

Convidou-nos à sua casa e aí foi um desbunde: a sala era escura, toda alcatifada, com móveis antigos, uma lareira e em cima da lareira um retrato belíssimo da mulher dele, já falecida, pintada pelo Locatelli.

Serviu-nos o chá e colocou na vitrola um disco de Gardel.

Aquilo foi mais do que poderia ser uma noite de tangos no Viejo Almacèn.

Não esquecerei nunca do velho cavalheiro do Galenogal.

O Ingo, mais chegado a um festival de cerveja em Munich, nem notou.

Asi és la vida.

O Ângelo pretende escolher Espanhol para o vestibular de línguas estrangeiras: fica claro que eu não posso ajudá-lo em nada.

Registro que o quadro do Locatelli foi composto como aquele famoso retrato de Rebeca que aparece no filme homônimo: a mesma posíção, o mesmo vestido, o mesmo ar da modelo que pôr sinal – refiro-me à senhora do velho cavalheiro – era muito bonita.

Pôr onde andará aquele quadro?

Sei que o proprietário morreu cerca de uns dois meses depois que estivemos lá.

Em Pelotas há muitas coisa interessantes.

Como também em Cachoeira.

Ontem conversando com o Napoleão ele me disse que sua vida teria sido mais prazerosa se dedicada à pesquisa história.

Acho também que é uma atividade muitíssimo estimulante mas parece-me que a pessoa que se dedica a isto deve levar uma erudição muito grande, o que só se consegue na velhice e aí já é tarde.

Para confirmar a tese, irei agora ler a história dos aztecas.

Boas noites.

 

Domingo, 11 de Outubro de 1998, 17:55h, tempo bom.

 

Heloisa voltou ontem do Paraguai de malas vazias: na batida em Irai, foi depenada pela Receita Federal.

Acho que os guias da excursão bobearam porque até o João já havia alertado sobre a barreira de Ira.

Veremos se ainda é possível fazer alguma coisa.

Na verdade, na saída do Paraguai, os ônibus deveriam parar na alfândega brasileira para declarara valores: em não o fazendo, caracteriza-se o descaminho mas, vamos ver.

Ontem chegaram Simone e Roberto e fomos esperá-los no aeroporto; estão lá na Alda.

A turma toda, todos os quatro, está na praia e hoje fizeram um galeto em comum; espero que estejam gostando.

O tempo lá está bom mas sopra um nordestão daqueles de antigamente.

Porto Alegre está vazia; fomos almoçar no Mama e éramos pouquíssimos o que é incomum aos domingos quando fazem-se filas de espera.

O horário de verão começou à meia noite de ontem, zero hora de hoje e, no início é um pé no saco; neste momento já são 19:10, o dia está claríssimo e a gente nem quer ouvir falar em janta.

O pior é de manhã: hoje, quando acordei eram dez horas.

Na região sul a Niña já começou: em Bagé faz 30ºC e um sol de rachar há quase uma semana.

Aqui, há uns três dias parece que vai chover mas fica só na encenação.

“Parece que va llover, el tiempo se está nublando, ay mama me estoy mollando…”

Esperemos um verão seco e quente.

 

Ontem fomos na mãe que não está muito bem; a Saara iria levá-la ao Hospital para um cheque.

Iria, porque a mãe não quis ir.

Neste momento a Heloisa está na Alda, para o chá domingueiro.

A Alda, apesar de apresentar todos os sintomas possíveis e imaginários, está muito bem e continua contando para todos os que ainda não sabem – são poucos – a história dos piolhos.

Do Rio, silêncio total; penso que a Lúcia está emburrada porque eu não ligo a Internet para receber os seus E Mails.

Acho a Internet um saco.

Segundo informações, o Pingo está em Santa Catarina e o Ângelo acampado em Tapes; segundo outras informações, em SC chove e faz frio e aqui venta bastante assim que a dupla não deve estar tendo um feriado comme il faut.

Recomeçou a propaganda política mas conversando com um e outro, fica-se com a impressão que ganha o Olivio.

Hoje de manhã esteve aqui o marido da Alba que afirmou categoricamente que bom era no tempo da inflação.

Assim não dá: o cara está vivendo uma realidade que o beneficia diretamente eis que já dispõe de um monte de bens de que antes nem sonhava e mesmo assim não enxerga.

Bom era roer beira de penico e chegar no fim do mês com o salário já reduzido em 40%, dinheiro que ia para os que aplicavam no over.

Assim que este povo merece mesmo o Olivio.

Levados a escolher entre o Amim Dada, Paulinho Paiakan e o Fernando Henrique, os gaúchos certamente iriam para um segundo turno entre o Amim e o Paiakan.

A gente sempre briga para fazer deste um grande país e critica os estrangeiros exploradores mas acho que ainda não entendemos bem a coisa toda.

Penso que a história atual da África e das Missões forneceria grandes subsídios para melhor entendermos nossos compatriotas.

Contrariamente ao que se escreve e diz, o desenvolvimento das Missões foi conseguido a custa de muita disciplina e muito pau na indiada.

A Companhia de Jesus e os seguidores da doutrina do Bom Selvagem, escondem este fato mas a leitura dos diários dos padres que aqui trabalharam revela que os índios só funcionavam debaixo de cacete e outros castigos não menos vexatórios.

Tem razão o Fugimori.

O FHC não gostou do que disse o Fuji:

  • Onde vai o Brasil o peru vai atrás…

O povo do Casseta vibrou e difundiu a frase para o mundo.

Quanto aos africanos, estamos vendo no que deu a independência deles; quem não morre de fome, morre assassinado nas revoluções tribais.

E os desgraçados ainda matam todos os bichos que encontram porque agora andam armados de rifles AR 15 e nem os elefantes têm chances.

Acho que o terceiro milênio vai marcar o desaparecimento dos países africanos que voltarão a ser protetorados.

E, se agente bobear, entra nessa.

Falando nisto, a última Time só trata do Brasil e seus problemas de potência emergente naufragante.

A capa é o FHC, com o título: ” O Senhor consertador ?, que pode ser traduzido como: Será que ele consegue?”

Está todo o mundo querendo ajudar mas claro que não de graça.

É o que veremos nos próximos capítulos.

Particularmente acho que se os USA quiserem – e parece que querem – saímos bem dos ataques ditos especulativos.

Aqui no RS, como o capital não é especulativo mas é capital, o Olivio se puder fecha a GM, a Ford e etc.

É que ele acha que assim ajuda a prefeitura de Porto Alegre a resolver o problema do trânsito e se alguém pensa que estou exagerando, está enganado, o Livio já declarou isto publicamente tanto que o marido da Alba repetiu hoje este conceito lapidar.

É brabo.

Eu gostaria que ganhasse o Britto só pôr causa daquela vaca de piranha, a Emília.

O PDT foi tão descarado que nem tinha terminado a apuração já declarava que iria apoiar Olivio; os pintas revelaram a maracutaia da candidatura da Emilia mas ao mesmo tempo se quebraram porque formalizaram o apoio sem consultar as bases e as bases estão botando a boca no trombone e dez prefeitos do PDT, indignados já viraram-se para o Britto.

Heloisa chegou e disse que o Roberto da Simone anda pelas ruas de bandeira vermelha fazendo campanha para o PT.

Ele e a Simone são da cúpola da CUT e acho que ele veio junto só para fazer alaúsa pôr aqui.

Tomara que não queira imitar os brizolla da Cinelândia e fazer confusão que acaba entrando no relho.

Boas notes.

 

Quinta-feira, 15 de Outubro de 1998, 18:02h, tempo mais ou menos.

 

Ao que tudo indica, chegamos em La Niña porque a Meteorologia anuncia chuvas e não acontece nada, há mais de uma semana.

De Domingo para cá, pouca coisa aconteceu ou seja, nada mais do que o quotidiano.

Segunda foi feriado e estiveram aqui o Renato e a Anna; fiz um churrasquinho para quatro.

O povo veio entusiasmado da praia que estava muito boa apesar do vento e um pouco de frio.

Ontem a parceria saiu com os cariocas bundas – chocas do PT para uma janta no Sgt. Pepper’s, aquele bar do careca da Tevah.

Ridículo.

Hoje a Heloisa foi até lá para convidá-los para um passeio até Gramado mas já haviam ido de ônibus.

Tem ideologia nisto.

A Alda queixou-se de que eu não vou até lá para conversar com o Roberto…

Então tá.

Ontem saiu uma pesquisa que deu o Olívio com 4% dos votos na frente do Britto.

Também tá!

Boas noites.

 

 

 

Sexta-feira, 16 de Outubro de 1998, 18h00, chuva.

 

Hoje de manhã a mãe baixou no Ernesto Dornelles, o que é lamentável principalmente porque ela detesta hospitais.

Repete-se o que ocorreu na praia no verão, o coração está muito fraco.

Até agora não temos maiores informações mas logo a Saara estará em casa e falaremos com ela.

Agora à noite farei um churrasco para os PT e outros parentes que querem vê-los: Marília, suas filhas e os Fietz.

Amanhã teremos o jantar do aniversário da Patrícia que é hoje.

De resto, sem maiores novidades.

Teremos também, daqui a pouco, um debate entre o Olívio e o Britto.

Permaneço com a intuição de que o Britto ganha no segundo turno, bem como o Covas em São Paulo.

Apesar das pesquisas ou pôr causa delas.

Se o Olívio ganhar, quem vai se ralar é a RBS que, dizem, já anda muito mal das pernas.

Até que não seria ruim.

Acontece que, caindo a RBS, assume a Caldas Júnior e aí a emenda é muito pior que o soneto, aquilo lá é um antro de bandidos.

Estamos entre a cruz e a caldeirinha como se dizia no tempo da Inquisição.

Em termos nacionais, estamos entrando em outra com o FMI o que significa que as coisas vão engrossar.

Já há uma deflação de 2,5% e vai ficar muito pior.

Está na hora de reduzir gastos e, principalmente, não fazer dívidas de nenhuma espécie porque ganhar dinheiro será muito difícil.

Pretendo cortar uma porção de gastos menores e não absolutamente necessários.

Acho que vou cortar a Net que não serve para nada, no fim a gente só vê a Globo.

Bobeia, encosto o Santana e passo a andar de Gol.

Aliás, do ponto de vista negocial, vender o Santana é uma boa porque daqui há algum tempo já não valerá mais nada, embora seja um excelente carro.

Estamos, como previsto, chegando perto da Matriz, no que concerne a automóveis.

Pena que, no resto, ainda nos falte muito andar.

Falando na Matriz, o Congresso autorizou o início de processo de impeachment contra o Clinton.

O que é uma baita sacanagem.

Considerando o fato de que há uma maioria republicana, é bem possível que o Clinton leve chumbo.

A última Time versa o assunto.

Bem, vamos aos preparativos do churrasco.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 21 de Outubro de 1998, 22:09.

 

Estamos em pleno verão.

No fim de semana passado, tivemos um churrasquinho para os cariocas na Sexta e o jantar da Patrícia no Sábado.

Domingo estava todo o mundo de ressaca mas mesmo assim fomos levar Simone e Roberto no aeroporto.

Tergolina foi para a Alemanha e Italia e deve estar voltando hoje ou amanhã.

Helena confirmada para passar o mês de janeiro nos USA, Novo México, Colorado e Flórida.

Vai gostar; parece que o Lucas também vai.

Dos demais, poucas notícias: Bolão desapareceu, decerto fazendo campanha para o Olívio quem, pelo jeito vai dar uma lavagem no Brito, a coisa está feia.

Temos ido diariamente ao hospital visitar a mãe que deve dar baixa amanhã de manhã; ela ficou todo o tempo na Sala de Recuperação (?) mas até que gostou ou pelo menos disse que gostou.

Preferiu ficar lá em vez de ir apara um quarto porque isto dificultaria de muito a vida da Saara que anda às voltas com o Paulo, piorando muito do Alzheimer( ou será Parkinson?).

Só mesmo a D. Célia.

A Patrícia fez um diagnóstico certo para o fato da mãe vomitar quase tudo o que come: é astenia muscular do esôfago, o que irá obrigar a uma alimentação especial.

A Patrícia é boa de diagnóstico.

O Paulo Borges é que está piorando e com a baixa da mãe, fica a impressão de que as coisas se agravaram.

Não sei de como a Saara irá sair desta sem baixar o Paulo numa clínica especializada.

Causou espécie o fato do Beto ter ido para a praia justamente quando a mãe baixou e ainda não ter retornado.

Pelo menos para dar uma mão com o Paulo.

Ontem nasceu o filho da Mariane e foi tudo bem.

A Lucia e o Pfeifer às voltas com a filha da Cláudia e loucos para irem morar em Paris; de acordo com a Lucia, o Alemão está simplesmente deslumbrado e passa os dias às voltas com o mapa de Paris, estudando roteiros.

Então tá.

Há certas coisas que permanecem imutáveis apesar de todos os avanços tecnológicos dos últimos anos e um deles certamente é o deslumbramento dos brasileiros pôr Paris, coisa que já foi um must lá pelo fim do século pasado e início deste: mais ou menos como a nossa gurizada pela Disney.

In illa tempora, família que se prezasse, mandava os filhos estudarem na França; em lá chegando os rapazes faziam a alegria das coristas do Mulin ou das midinettes da Rive Gauche.

E queimavam a grana fornecida pelo café, açúcar ou pelo charque.

Na verdade este era um modismo que afetava boa parte do mundo; os americanos dos loucos anos vinte, Hemingway à frente, escreveram bastante sobre o tema.

Lembremos também Scott Fitzgerald ( Babilonia) e dos ingleses – mas versando os americanos –  “O Fio da Navalha” de S. Maughan.

En passant, estou colecionando, com vistas ao vestibular do Ângelo, questões do vestibular que a Zero Hora publica às quartas feiras.

Ontem fiz duas provas de Literatura e devo dizer que gabaritei as duas!

O mesmo acontece em História, Inglês, Geografia e Português.

Vou comprar um livro de Biologia e pedir à Isinha que me dê umas aulas da Química nova porque sou do tempo dos sais e das bases.

Com o que e com um pouco de tempo para rever Física e Matemática acho que enfrentaria qualquer vestibular com chance de passar.

Talvez eu faça isto para aliciar os mais parceiros da família que ainda têm que fazer exames vestibulares.

Se não for um bom exemplo pelo menos será motivo para considerações de ordem filosófica como “a vida não acaba aos setenta”.

Neste momento o Grêmio e o Colorado estão jogando e parece que o Grêmio ganhou e já se assanha para classificar-se entre os oito finalistas.

O Colorado perdeu!

Hoje o jogo das malheres foi aqui em casa e o Vares – que participa das malheres- saiu assanhadíssimo, mais cedo, para assistir ao jogo do Inter pela Net paga.

Deu azar.

Estou fazendo um teste de cor e agora devo ver como é que se volta para o preto…

Parece fácil, como se depreende; agora devo aprender a usar as outras cores.

No fim, a gente usa muito pouco das possibilidades que o Word oferece Acho que minhas experiências não vão dar certo…

 

Mexi com um tal de Wordart e agora estou enrolado para desfazer até mesmo o padrão das fontes.

Olha só o que ficou aí no meio!!!

Vamos em frente que atrás vem gente.

Mas a verdade é que tenho de treinar estas coisas, de preferência com o auxílio do Pingo que sabe tudo sobre Word.

Consegui eliminar as experiências, ufa!

Estes programas obedecem ao obvio e se a gente começa a elocubrar não dá certo; é duro dizer que os americanos planejam para burros mas não é muito distante disto.

Falando nisto olhem esta frase do Eça em “A Reliquia”, quando o Raposão estava indignado porque havia sido passado para trás pôr uma dama de vida alegre:

“Oh, a Terra! A Terra! Que é ela senão um montão de coisas podres, rolando pêlos céus com bazofias de astro”?

Quero dizer que, a partir do ano que vem, autores portugueses estão incluídos nas provas de Literatura do vestibular: Camões, Eça, Camilo, Alexandre Herculano, pôr ai empós.

Tenho quase todos os livros deles mas querer que um guri leia – e entenda – qualquer um deles, é demais.

Começa que a língua é outra: é oitocentista e portuguesa.

Hoje reli “A Relíquia” e francamente, o vocabulário, apesar da perfeição do Eça, está completamente fora de uso.

A gurizada não irá conseguir ler “Os Maias ” ou “O Monge de Cister”, se muito “O Crime do Padre Amaro” pôr causa da sacanagem.

Estas coisas de leitura ou se começa muito cedo ou nunca mais se consegue a bagagem mínima necessária.

Acontece também que a gente lê do que gosta e nem sempre o nosso gosto combina com o dos eventuais examinadores.

Particularmente nunca tive saco para literatura nacional – exceto talvez o velho Érico – mas os caras adoram o Graciliano, um chato de galochas e o Machado de Assis, um mulato pernóstico e idem chato.

Quando fazia a prova ontem havia um trecho do ” O Tempo e o Vento” que parecia saído diretamente de “E O Vento Levou”.

O seu Érico dava umas copiadas feias mas, no fim, era um bom narrador e sabia descrever tipos e situações com bastante agudeza.

Assim que estamos aí, nas vésperas de sermos governados pôr um personagem misto de Stalin com Horácio Terra.

Acho que o Olívio vai encampar os pedágios, reduzir-lhes o preço mas não irá abrir mão deles.

Acho que o Assis fez muita sacanagem em todas as privatizações e que isto irá aparecer.

O Brito não deve ser ladrão mas a turma dele é barra pesada e o reflexo disto está nesta derrota feia que ele irá sofrer.

Ainda se ouvirá falar muito de Assis Anaya, Russowski, Druck, Proença e similares.

Assim que aproveito o ensejo para apresentar meus desejos de boas noites a todos não sem antes registrar que, na família, com exceção de Heloisa e eu, todos votam no Olívio!

Espero que daqui a quatro anos todos estejam felizes com a escolha que fizeram.

Particularmente acho que caminhamos para uma separação do Brasil ou, pelo menos, uma tentativa disto.

O nosso Stalin da Bossoroca vai querer mexer com interesses alienígenas e vai se dar mal, mesmo que com alguma razão.

Esta história de “Gringos Go Home ” já caiu em desuso desde a Revolução Zapatista.

A palavra “gringo” criou-se assim: os americanos usavam uniforme verde e os mexicanos diziam; “greeen go home”.

Daí “gringo”.

Como “forró” originou-se dos bailes que os americanos faziam no NE durante a Guerra e para os quais, em alguns casos todos eram convidados e não só o pessoal da Base.

Aí os aratacas diziam “o baile é for all”.

Mas, disto sabíamos, não é mesmo?

Agora que “barbecue” pôr exemplo, é uma palavra que veio dos tainos, isto poucos sabem.

Tainos eram os nativos do Caribe e que simplesmente foram dizimados, direta ou indiretamente, pêlos espanhois.

Só sobrou um.

A Liege lá em São Domingos andava cavocando em cavernas para descobrir-lhes a memória.

Parece que o Olívio é o taino!!!

Com o que me despeço.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 26 de Outubro de 1998, 15:47h, chuva.

 

Assim que ontem tivemos o segundo turno das eleições e ganhou o Olívio pôr menos de 1% dos votos.

Fomos votar no Imbé e levamos o Evaldo; na volta o Vita pegou carona.

Acho que o Evaldo não tem mais condições de morar só mas acho também que, considerando os diversos considerandos, esta ainda é a melhor hipótese para ele.

Acabo de chegar do Mãe de Deus onde fomos levar a Alda que está com muitas dores lombares e não sabe a causa.

Ela e Heloisa ficaram lá pôr causa da demora e dificuldades de estacionar; aproveitei a folga forçada e levei a gata para a Associação Protetora dos Animais eis que aqui não dá mais: a operação que fizemos nela e que visava a que ela não mais entrasse em cio, teve efeito contrário e aqui em casa virou o maior point da gataria da vizinhaça.

Como os gatos costumam demarcar o seu território com uma mijada, não se aguentava mais o fedor, sem contar com a alaúsa noturna.

Ontem, quando chegamos da praia, quase não pude entrar na cozinha pôr causa do cheiro.

Assim que parece encerrado o capítulo Candelaria.

Para terem-se bichos, recomendam-se os machos porque as fêmeas, quando no cio, ficam insuportáveis.

Lembremos da gata da Virgínia que quase enloqueceu os Fietz.

Hoje a Isinha, o Ângelo e o Lucas almoçaram aqui; o Ângelo foi contratar aulas de bateria.

Como serão aulas de bateria?

Mistério!

O Paulo Martins telefonou informando que comprou um apto. lá pelo Espírito Santo.

Bons ventos.

A mãe está se recuperando lentamente porque veio muito fraca do hospital.

Ela detesta hospitais e penso que se tiver outra crise de arritmia, é melhor arranjar um jeito de fazer o tratamento, que é simples, em casa.

Quanto aos mais participantes, embora desaparecidos, sabe-se que estão todos bem; Helena prepara-se para os USA e o Lucas aguarda decisão paterna para ir.

De acordo com a Isinha está difícil mas creio que ele irá.

Trata-se de um curso intensivo de Inglês lá pelo Novo México com o cabeça de ovo (Fio) e como o Lucas é muito bom em línguas, penso que será de grande utilidade para ele.

Mesmo que o Inglês do Novo México tenha muito que ver com o Portunhol ou Espanhês, como queiram.

Voltando à Política, o Olívio prometeu mundos e fundos durante a campanha, inclusive 100.000 bolsas de primeiro emprego, o que é o cúmulo da demagogia ou da santa ignorância.

Pois bem, hoje, num programa radiofônico, uma mulher já telefonou cobrando emprego para os dois filhos dela!

Disse que só votou no Gambalo pôr causa dos empregos e agora irá cobrar até conseguir.

O Brito ainda irá dar muita risada e agradecer aos céus pôr não ter sido reeleito.

Como a fronteira toda votou no Olívio, o fato foi também atribuído aos artigos que o Brossard publica metendo o pau no governo pôr causa dos juros altos e falta de incentivo para a produção primária.

O Brossard é um advogado daqueles que têm pôr lema que direito bom é o do seu eventual cliente: ele não é um jurista e mesmo cagando moral, admite defender deputados e vigaristas conhecidos, desde que paguem bem.

Assim que os artigos são uma deturpação dos fatos em causa própria eis que ele é pecuarista mas não duvido que a Farsul pingue com algum para o já abarrotado bolso dele.

Cada povo tem o governo que merece.

Hoje de manhã, quando cheguei no escritório, encontrei um recado do Joaquim Freitas dizendo que estava tomando um champanhe( ele diz uma chamapanha) para festejar a vitória do Olívio.

E acrescentava profético:

  • As coisas começam a mudar, doutor!

Se mudarem, para ele irá ficar muito ruim porque certamente irão diminuir os doze mil de pensão que recebe da Assembléia.

Pôr enquanto, pimenta no cú dos outros é refresco.

A Ilza também votou no Olívio em sinal de protesto contra as cobranças que o Governo faz dos impostos devidos pelo Nico.

Se a experiência é válida, aí sim é que o Nico vai ver o que é bom para a tosse: Os PT são terríveis para cobrar impostos principalmente dos borguês, classe da qual o Nico é o mais lídimo representante.

O gozado em tudo isto é que temos miles de exemplos históricos recentes sobre de como os fascistas( O PT é fascista) agem quando assumem o poder.

É tudo um repeteco, um dejá vu cansativo mas os trouxas, os que irão carregar a canga, estão aí para babar e aplaudir.

Fui contra em 64 e sou contra agora porque é em situações assim que a escumalha emerge, que a lama aflora.

Todos os complexados, incapazes, frustrados, burros, ignorantes, assumem a arrogância que o poder lhes confere via Democracia na qual não acreditam porque incapazes mentalmente de discutir uma idéia, pôr menor que seja.

Hoje ouvi uma Socióloga da PUC fazendo a pregação do PT e a vontade que dá é ir lá e esfregar a cara da mulher no chão, tamanha a ignorância e tamanhas as sandices que regouga como se tivesse ressucitando os Evangelhos.

Me lembrei da ESCEME quando ouvia um determinado imbecil de Infantaria doutrinar sobre os méritos da Rwevolução

Como isto tudo pode chegar a conseqüências sérias, a partir de agora usarei de ênfase no debater tais problemas.

Azar dos Valdemares.

Eu sempre portei-me de modo extremamente educado ante os fascistas de esquerda porque eles eram os pobres, oprimidos e senhores de uma verdade da qual não lhes era dada a chance de verbalizar; agora tudo mudou e o pobre oprimido sou eu assim que o “in dubio pro misero”passa a ser “in dubio, pau no burrio”.

Acabaram de chegar Heloisa e D. Alda, esta desolada porque a radiografia mostrou que sequer desgaste ósseo ela tem!

Assim não dá, a pessoa com câncer nos ossos e vem o médico dizer que não tem nada e até pelo contrário!

É uma conspiração, sem dúvida.

A Olivia – hoje é dia de faxina – acaba de quebra uma coisa.

Mais uma coisa.

O que será desta vez?

Ela deveria trabalhar no “Casseta” naquele quadro do Porrada.

Pôr sinal que de muito mau gosto.

Acabo de alcançar duzentas páginas neste registro; como se vê, não é difícil escrever um livro médio em um ano, mesmo trabalhando pouco como é o caso.

Se, pôr exemplo, eu levantasse às sete horas diariamente e trabalhasse até às nove, certamente faria obra de mais de 500 páginas.

Como de manhã a minha cuca geralmente está a mil, certamente seria bem melhor do que isto daqui.

E, como o Saramago, que é um chato de galochas, ganhou o Nobel, quem sabe não sobraria o Neguinho do Pastoreio?

Amanhã temos a audiência trabalhista da Saara e à noite a festa surpresa do aniversário do Vares, no Germania.

Estão convidadas todas as senhoras do chá, curriola a qual- como já disse – o Vares agora pertence.

O que é a velhice: se alguém ousasse dizer há uns vinte anos atrás que o Vares faria parte de um chá carteado com as senhoras, ele partiria para o desforço pessoal, briga de foice.

O belicoso Agustin virou Conchita.

Sem salero.

Salero de salerosa.

Eu continuo faturando firme nos jogos de Sexta feira; jogo duro que nunca vou a soireé de damas.

E ganho, mesmo que seja covardia porque as gêmeas jogam muito mal e- o que é pior – pensam que são as tais.

Nada contra elas que são excelentes pessoas mas moleza não tem.

Qualquer dia aumento o cacife.

Quando jogamos eu e Heloisa juntos, até dá pena mas quem a tem é galinha.

É pau no burro.

A Alda hoje pousa aqui mas amanhã já quer ir para casa.

Aí é a Heloisa que irá pousar lá.

Devo fazer algum comentário sobre os demais filhos ou devo ser elegante em meu palavreado?

Com o afastamento dos gatos, espero que os sabiás voltem a alegrar nosso pátio.

A pitangueira está carregada e, nesta época, nos anos anteriores, era uma festa de sabiás; este ano, os poucos que sobraram, os poucos que a Candelaria não comeu, não se aventuravam nem mesmo com a tentação de miríades de pitangas maduras e gostosas.

Vamos torcer para que voltem e se os gatos galãs reaparecerem, serão caçados com 22.

Como sabemos, sabiá é um bicho muito trouxa, faz ninho baixo e ensaia voar quando ainda não pode; daí caem no chão e os gatos fazem a festa.

Me lembro que no ano passado, no vizinho da frente, dois baitas filhotões caíram do ninho e a mãe deles vinha alimentá-los praticamente na mão do vizinho.

Não sei se sobreviveram.

A verdade é que havia montes de sabiás entre aqui em casa e o Alemão mas depois do advento da tal de Candelária foram diminuindo e nem mesmo aquele famoso canto das 5:45 se ouve mais.

No Alemão, como tem cachorro, decerto ainda há alguns.

Esperemos também que os gaturamos voltem em abril se bem que com gaturamos o furo é mais embaixo: voam alto e muito rápido assim que os gatos dificilmente levam a melhor mas de qualquer forma, espantam os bichinhos.

Até pintassilgos eu vi aqui em casa, na parreira.

Aguardemos.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 28 de Outubro de 1998, 22:13h, tempo bom.

 

Ontem aconteceu o aniversário do Vares com festa surpresa no Germania mas não fomos.

Dizem, os que lá estiveram, que estava ótimo.

Buenos provechos.

  1. Alda, com as prescrições do Carlos, está bem melhor e deve ficar conosco até terça feira pôr causa do feriadão.

A mãe também está bem melhor; ontem tivemos a audiência inicial da Saara que combinou de não fazer acordo e na hora se estava borrando.

Um saco a JT: decididamente não é a minha praia.

Está pousando aqui o Ângelo que estava jogando futebol.

Amanhã consta que virá estudar.

Com os farranchos de fim de ano do IPA, quase não deram matéria; agravado pelo fato de que a professora de Matemática teve cachumba…

Hoje saiu o pacote de ajuste fiscal que irá ralar o funcionalismo público.

Milicos fora o que, certamente vai dar grita geral.

A Gringa Katia vai botar a boca no trombone: ela é de Bento e o pesaol da lá nutria uma tremenda inveja do pessoal do Batalhão Ferroviário.

Particularmente os homens – uma colonada braba – que tinha que competir com os tenentes.

É uma velha e comprida história: os nativos emersos em sua mediocridade provinciana e os tenentes, elegantes, cultos, chegados da Academia no Rio de Janeiro, o que punha caraminholas românticas na cuca das jovens.

As brigas eram comuns e ainda pôr cima os nativos levavam a pior porque a rapaziada verde oliva tem um ótimo preparo físico.

Velho tema, como já disse.

Não há romance que tenha o interior como cenário que não aborde o assunto.

O velho Érico era um especialista, vide ” O Retrato”.

E como a Katia casou com um nativo que não progrediu muito na vida e que mantém o mesmo sentimento contra o povo VO, apesar dos muitos anos transcorridos, ela também adotou a mesma linha.

Ou, quem sabe, porque não conseguiu fisgar um oficial.

Consta que ela era lindísssima – informação do Américo de Gasperi – quando moça o que deve ser verdade porque ainda é bonita.

Mas, pôr esta ou aquela razão, às vezes dá vontade de dar uma ripada na Gringa quando ela começa a falar mal do Inzércio e elogiar o Brezol de quem é fã incondicional.

Agora, quando o Olivio cortar parte da grana que recebe como aposentada, quero ver se não muda de idéia.

Falando nisto, o Olívio já botou a boca no trombone contra o ajuste fiscal.

Vai ficar assoprando na tuba pôr muito tempo e sem ninguém ouvir porque o Governo Federal deve estar muito satisfeito com o Rio Grande que, além de ser oposição, ainda é o segundo Estado do país no que concerne ao binômio  “arrecadação x  folha de pagamento de pessoal.”

O primeiro é Alagoas, o que diz tudo.

Quero ver de como o Galo Missioneiro irá sair desta.

Hoje o Santana republicou uma crônica do ano passado na qual dizia que o Britto estava arrumando o Estado para o PT, o que é verdade.

Os biriva da Bossoroca irão colher do que o Britto plantou mas como são uns babacas mal intencionados, logo acabam com tudo.

Sempre lembro daquela história dos bugres e da colheita da erva mate na fazenda do Fenker.

O Olívio é índio misturado com negro, o que melhora um pouco mas não muito.

Falando nisto – em política – quem deve se ralar é o Antônio Pedro que foi chefe de torcida do turco Simão e do Schirmer mas é também funcionário estadual.

Partindo do principio de que ele é geólogo, o Olívio decerto vai mandar ele cavar poços lá pela Bossoroca.

Sem sonda, só de pá e picareta.

Pôr outro lado, a Liege e talvez o Bolão irão se dar bem.

No que concerne à GM, não se sabe o que irá acontecer mas já começou a dispensar povo antes contratado para operar a fábrica.

O João já recebeu o bilhete azul mesmo antes de começar, o que é um péssimo sinal.

A Ford parou a terraplenagem, alegando as chuvas…

De uma coisa podemos ter certeza: o Olívio irá encampar os pedágios aliás uma das grandes causas do Britto ter perdido a eleição!

Os caras exageraram no preço e na quantidade de pedágios, cresceram demais o olho ou tiveram que pagar demais para o Assis e agora irão levar chumbo, sem sombra de dúvida.

Isto daí é certo.

Já temos também uma tempestade em vista: a Tarsinha Genra não quer nem ouvir falar de PDT no governo do PT e aí temos uma bela bronca porque foi a candidatura da Vaca da Emília que proporcionou um segundo turno e o PDT – leia-se tio Brezol – vai querer fatia e fatia gorda com bastante manteiga.

Pelo jeito – a ala da Tarsinha é forte e domina o PT – não vai levar e aí os PT voltam a ser os bandidos como queria o Negão Colar.

Tudo gente fina como se vê: em bela canoa estamos embarcados.

Qualquer dia neguinhos fecham a redoviária e o aeroporto e reabrem o noturno da fronteira, com baldeação em Marcelino Ramos.

Eles têm uma baita saudade das baldeações quando o povo descia para comer um pastel na estação ou então tomar café no bufê.

Era um café brabíssimo, pão com mel, servido nuns bules de bico descascado, em cima dumas mesas de pinho que geralmente estavam cheias de farelod e pão.

Isto quando o pão não era feito em casa, maçudo, preto, sem gosto.

Detesto pão feito em casa.

Das veis, no noturno que ia para Santa Maria, quando chegava em Cachoeira, neguinhos descia para comer ensopado de pintado ou galinha com arroz, depende da época e era a glória!

Os birivas falavam daqueles bródios pôr meses e até anos.

No fim eram uma porcaria braba, uma comida de terceira, acompanhada de cerveja quente.

Sobremesa arroz doce.

Quantas e quantas vezes o Olívio deve ter feito estas viagens assim que o sonho de modernidade dele é reativar o noturno da fronteira.

E nóis aí, metidos no sorongo.

Periga até o Barbosa Lessa ir morar em Santa Catarina.

Bem.

Ontem, no Casseta saiu uma piada muito boa.

Eles agora têm um quadro da Loira Burra que funciona ao contrário.

Aparece um deles, vestido de cozinheiro e pergunta:

-Loira Burra, e Kosovo?

Aí a Loira Burra responde:

  • Olha, este negócio de Kosovo é muito complicado porque as minorias servias, croatas, montenegrinas etc. nunca aceitaram a unificação imposta pelo Tito o que aliás agrediu nacionalidades que tradicionalmente foram distintas em suas origens e…
  • Pô, que loira burra, não entendeu nada: eu quero saber o que que eu faço cos ovo!

No “Sai de Baixo” os caras fazem piada com Kos ovo e Chechênia.

Outro que sofre com o pessoal da Casseta é o Peru.

Também pôr registrar que a confusão está grande na Inglaterra com a prisão do Pinochet; infelizmente o Tony Blair pisou na jaca porque prender um cara com imunidade diplomática, mesmo que seja o Pino, abre um precedente brabíssimo eis que a imunidade diplomática vem desde os tempos da bandeirinha branca dos negociadores.

Matar ou prender um portador de bandeira branca era o sumo da baixaria.

Naquele filme “Coração Valente ” há um episódio concernente para caracterizar a má caratice dos ingleses.

Como se vê, nihil novum sub solem.

Em “A Ilustre Casa de Ramirez” o Eça resolve dar uma de Alexandre Herculano – ironizando nas entrelinhas, é claro – e inventa uma daquelas grandiloqüentes cenas de  Romance de Cavalaria en que o tema é abordado de modo magistral.

Vale a pena ler.

Acontece que o Alexandre Herculano fazia em Portugal o que o Walter Scott fazia na Escócia, romances da época heróica da formação de Portugal e isto lhe conferia uma serie de glórias e honrarias que deixavam os novos – principalmente o Eça – com o que diremos inveja, coisa comum entre escritores.

E aí o Eça, para provar que também podia versar temas históricos com igual erudição e graça, escreveu a Ilustre Casa de Ramirez.

O povo ficou indignado pelo eu considerou uma gozação com o Herculano, mas que é uma obra prima, é.

Observe-se que, quando se fala na obra do Eça, fala-se  em “Os Maias”, “As Cidades e as Serras”, “A Reliquia” “O Crime do Padre Amaro “, etc.etc.

Mas não se fala na ” Ilustre Casa” justamente porque a inteligentzia da época ficou indignada com o atrevimento do Eça.

Agora, os guris vão ter que enfrentar Literatura Portuguesa no vestibular, incluindo-se aí Camões, Gil Vicente, Almeida Garret, Camilo, Eça, Ramalho etc.

E parece que também o Saramago e o Pessoa cujos aliás eu acho uns galochas.

Para quem gosta de ler será uma festa mas, para quem lê só como última opção de vida, não vai dar.

Parece-me que já disse mas acho o Machado de Assis um pontapé no saco, o Aluizio de Azevedo idem, bem como a maioria dos escritores do século XIX do Brasil.

E também acho o Graciliano um feijão queimado, difícil de engolir.

Acho também que estes enganadores que gravitam em ambientes literários e dão aulas na PUC, no Curso de Letras, é um bando de analfabetos deslumbrados que tem tanta capacidade de perceber se alguém escreve bem ou mal como uma vaca tem de analisar um chip de circuito integrado.

Recomendo a leitura dos textos sobre literatura no Caderno de Cultura da Zero Hora: duvido que alguém consiga chegar ao fim e não fique com o fim de semana estragado pelo festival de asneiras ditas de modo arrogante como só um cretino pode fazê-lo.

E são esses dromedários que formulam questões do vestibular.

Depois vão para os jornais falar da ignorância dos vestibulandos…

É dose!

A respeito, recomendo a leitura de  “As Farpas” do Ramalho e do Eça, coletânea de artigos publicados nos jornais portugueses e versando sobre a cultura nacional da época.

Já naquele tempo, os enganadores cacarejavam suas asneiras do mesmo modo como os nossos.

Pior do que os beletristas só os teatrólogos, autores e artistas.

Como eu já disse, um espetáculo teatral escrito e representado aqui, é uma das mais ridículas manifestações da tolice humana.

Então tá.

Boas noites.

 

Sábado, 31 de Outubro de 1998, 18:42, tempo bom.

 

Hoje começa o feriadão de Finados e os Fietz foram para a praia; o tempo está bom mas um pouco frio e ventoso.

Hoje estivemos na mãe que melhora mas ainda está fraca; D. Alda está ºK.

Impressiona que, até agora, nenhum filho telefonou e já são cinco dias que ela veio para cá.

No comments.

Ontem de noite, enquanto jogávamos, gravei  “Artistas e Modelos”, um filme da década de sessenta que marcou a virada nos musicais.

É uma comédia excelente ainda com um pouco de cantoria mas de primeira qualidade.

A coadjuvante chama-se Shirley Mc Lane que tinha então dezoito anos…

O cantor e galã é aquele italiano que fazia parte da curriola dos Kennedy e do Frank Sinatra.

O ator principal é o professor aloprado que também começava a aparecer.

De notável, além do filme, é que já se percebe que os dois – a Shirley e o aloprado destacavam-se dos demais e certamente iriam muito longe.

Foram!

De notável também é que não consigo lembrar os nomes dos pintas.

Estes dias eu queria lembrar o nome da Kim Novak e não conseguia.

No dia seguinte, de manhã, lembrei.

É possível que lembre também os que agora me fogem, antes mesmo de terminar este registro.

Fiz um teste de memória proposto pela “Veja” e cheguei à conclusão que estou muito bem; o que acontece é que quando me concentro em alguma coisa, grande parte do cérebro fica envolvido no processo e levo algum tempo para restabelecer os circuitos e religar a memória genérica.

Depois, tudo volta à normalidade.

Acabei de falar com a Virgínia na praia porque quero saber se os Tergolinas vêm almoçar amanhã; acontece que o Eduardo chega ao meio dia da Alemanha e a Isinha, que está no Imbé, não vai ter tempo de fazer nada porque ela vem de lá amanhã de manhã.

Seria o lógico mas há que considerar que, quando a pessoa chega de viajem, quer é ir para casa.

Aguardemos.

No mais estamos em plena gestação do ajuste econômico que irá incluir uma diminuição dos vencimentos do funcionalismo da União; estamos nesta.

Penso que alguma dia alguém com mais visão irá lembrar-se de socorrer-se dos fundos de pecúlio que as empresas públicas amealharam com o dinheiro público ao longe do tempo.

No todo o Brasil deve uns duzentos bilhões de dólares, um pouco menos do que o patrimônio dos citados fundos.

Só a famosa Fundação Petrus da Petrobras tem um patrimônio maior do que 40 bilhões de dólares; a Prever do Banco do Brasil não fica muito longe.

Acontece que a contribuição das empresas para os Fundos incidia sobre o faturamento e não sobre o lucro, como é normal na iniciativa privada.

Enquanto o BB levava um prejuízo de 7 bilhões de dólares, todos os meses a Prever recebia um percentual sobre o faturamento.

Este é, ao meu ver, o maior argumento a favor das privatizações.

Vamos receber 30 bilhões do FMI e no entanto poderíamos vender a Petrobras pôr 80 bilhões.

E garanto como a gasolina iria baixar de preço e o petróleo começaria a aparecer.

À semelhança do que aconteceu com a “nomenklatura” do PCB na Rússia, o povo da estatais no Brasil achou uma maneira de acertar suas vidas às custas dos demais brasileiros.

Um dia vai aparecer alguém para botar a boca no trombone.

Vou escrever para o Roberto Campos a respeito.

Lembremos que grande parte do que está acontecendo é culpa da Constituição Cidadã do Ulisses Guimarães que criou direitos para todo o mundo; lembremos também que o Orogoai foi para o brejo e nunca mais levantou justamente porque cometeu o mesmo erro no famoso episódio das jubilaciones.

Agora os uruguaios estão todos aposentados e os que trabalham não ganham nada, a ponto de um capitão do Exército com todos os cursos, ganhar 500 Reais pôr mês.

Tem mesmo é que reduzir o Estado ao máximo e modificar a Cidadã para ver se conseguimos escapar da bancarrota.

Ou então deixar o PT assumir e avacalhar de vez, caso em que, na virada, se liquida definitivamente o chamado populismo brasileiro cuja expressão máxima é Justiça (?) do Trabalho, criada pelo Sr. Getúlio Vargas.

Bem, vou tomar um café e depois ver a s notícias.

 

Segunda-feira, 2 de Novembro de 1998, 22:21, tempo bom, ventoso.

 

Está terminando o feriadão e tudo em paz; o povo que foi para a praia disse que estava bom, apesar de um pouco ventoso, como aqui.

Ontem fiz um churrasquinho com freqüência reduzida pis os Fietz estavam no Imbé e o Tergolina chegou cansado.

De tarde fui à missa o pai do Indiana, numa Igreja que eu pensava ser na Guilherme Alves, do outro lado da Ipiranga.

Quando cheguei lá, fui informado que era do lado de cá e perguntei para o informante “e agora? como é que vou para o lado de lá ?

Aí ele me disse: “Ué, o senhor passa na ponte”.

E eu: “Que ponte”?

  • A ponte que fizeram para o shopping!
  • Tais brincando! Estive aqui há menos de um mês e não tinha nada.
  • Fizeram em uma semana.

Em resumo, o Zaffari fez uma belíssima ponte sobre o Ipiranga para dar acesso ao no shopping em menos de uma semana e ninguém sequer percebeu o movimento!

E os bolhas do PT, em doze anos não conseguem fazer um viaduto.

Assim não dá mas dá para medir a capacidade dos pátrias.

Talvez com tal evidência o PT finalmente adote uma solução brilhante:

Estatize o Zaffari!!!

Ontem o tio Brezol foi entrevistado num canal de televisão a respeito das estatizações que fez, da Carris, Força e Luz e CRT.

Saiu-se bem e a sua resposta constituiu um recado para os PT.

Disse que não estatizou porque eram companhias estrangeiras mas sim porque eram companhias que não cumpriam seus contratos de concessão; que tanto podiam ser americanas como nacionais ou búlgaras que ele faria o mesmo.

Heloisa, junto com Marília, foi ontem ao cemitério e visitou os túmulos onde estão os despojos dos familiares.

  1. Alda continua aqui e está bem; há pouco telefonou o Banda que, não sabe, mas está em caminho para ser bisavô.

O Banda bisavô é difícil de visualizar.

E D.Alda será tataravó, capaz de dizer a famosa frase: “Minha neta, dá cá teu neto”.

A mãe também pode chegar lá mas está mais difícil porque as filhas do Beto não são muito chegadas à prole.

Hoje estou mais afim com leituras do que com escrituras.

Infelizmente não tenho nenhum bom livro.

A secretaria do Rotta telefonou que ele, antes de viajar recomendou que quando o segundo volume do seu romance estivesse pronto, me entregasse.

Amanhã eu pego ali no Club de Xadrez.

Assim que fico pôr aqui.

Boas noites em 031198.

 

Domingo, 15 de Novembro de 1998, 20:09, calor e sol.

 

Sabia que estava atrasado mas não tanto.

No intervalo, as coisas não sofreram grandes modificações a não ser o Grêmio que milagrosamente conseguiu classificar-se e neste momento está jogando com o Corintians aqui em Porto Alegre. 0 x 0.

A mãe continua com alguns achaques, principalmente no que concerne à alimentação.

O Pingo ganhou um carro novo, um Peugeot; não tenho a menor idéia a respeito de peugeots.

O Lucas andou acampando em Canela e o Angelo às voltas com as provas de fim de ano e, principalmente, com o futebol.

1 x 0 para o Corintians.

Hoje grandioso galeto sem os Barrios e os Tergolinas; veio o Diego que não quis ir ao churrasco do Pablo.

A Graça reapareceu depois de uma estada em Israel; a opinião dela sobre o país dos pardais é a pior possível.

Ela só escapou de um atentado porque teve uma dor de barriga e voltou para o hotel já com meio caminho andado ate’ ao local onde houve a explosão.

Diz a Graça que aquilo lá é um bando de vigaristas grosseiros.

Não é grande surpresa.

Bolão e sua turma todos bem; o Bolão queixa-se amargamente de ter deixado a divertida profissão de garçon de bordo para ser médico do SUS.

Não era o que ele dizia quando estava embarcado: as histórias sobre o serviço desumano no navio era conhecidas de todos.

No que concerne aos bagulhos da Heloisa aprendidos em Santo Ângelo, até agora não houve notícias.

Hoje o Alemão Henrique e a Heloisa começaram a montagem da árvore de Natal mas pararam aguardando a montagem da luzes, tarefa meio difícil que deve ser feita pôr mim.

Esta semana eu coloco.

A Graça vai estar de serviço no Natal e no Ano Novo e surgiu a idéia de irmos até ao hospital levar-lhe os cumprimentos da família.

Afinal, creio que são mais de vinte anos que a Graça  comparece na ceia de Natal, sem nenhuma falta.

Acabou o jogo e o Corintians ganhou de 1 x 0.

E eu vou assisti ao Fantástico.

Boas noites.

 

Domingo, 22 de Novembro de 1998, 12:32, tempo ótimo.

Afinal um dia de verão completo: sol calor, brisa leve; o pessoal que está na praia, os Fietz, devem estar aproveitando.

Não fomos porque, entre outras coisas, fomos a Santo Ângelo na Sexta Feira e são mais de 1200 kms.

Deu para cansar.

Aproveitamos e esticamos até às ruínas de São Miguel.

Gostaria que a visão da catedral me motivasse para comentários mil a respeito mas, na verdade a gente não se emociona com o que vê;

A melhor conclusão é que a matéria latu senso, não é nada sem as pessoas para as quais existe.

Aquilo sem índios, sem padres etc. é um prédio velho abandonado no meio do campo.

E, bota abandonado nisto.

Tiramos umas fotos inclusive de um mineiro cujo sonho era fotografar-se defronte da Catedral mas, na hora H, a sua câmera pifou!

Depois de reveladas, enviarei para ele que mora em Sete Lagoas.

P6or outro lado, a região da Missões impressiona pelo solo que é ótimo e pela quantidade de área plantada: praticamente só não estão plantadas com trigo, milho e soja as áreas que o Incra exige que sejam mantidas como reservas ecológicas.

Impressiona também o preço das coisas que são baratíssimas: almoçamos muito bem num bufê cujo preço era de R$1,99.

Num hotel de beira de estrada – modesto, é verdade – a diária para casal era de R$10,00.

E, pôr aí empós.

Na volta houve uma tentativa de multa, abortada pôr uma contribuição espontânea aos zelosos patrulheiros.

Acontece que naqueles ermos, cada vilazinha estende seu perímetro urbano pôr um monte de quilômetros onde a velocidade está fixada em 60 km/hora e a sinalização fica escondida no meio do arvoredo.

Como qualquer ser pensante jamais poderá imaginar que campos, vacas e matos sejam perímetros urbanos porque nem urbes existem, a multa é certa e é de R$540,00.

Só que os patrulheiros aceitam a tese que entre dar dinheiro para o governo que certamente irá desperdiça-lo com aratacas fedorentos, e socorrer uma família necessitada – a deles – opta-se pela última proposta.

Parece que as multas exageradas fixadas pelo Código de Trânsito irá melhora muito a arrecadação dos patrulheiros; porque, antigamente a multa era R$20,00 e a gente pagava ou financiava uma cerveja.

Agora, com valores tão altos, o CPF (contribuição pôr fora)sobe.

E dizem que não há inflação…

Hoje a Heloisa fez um cozido que, pelo aroma , deve estar maravilhos.

Patrícia convidou-nos para almoçar na AABB mas agradecemos; o Pablo que está aqui em casa, porque o Carlos e a Patrícia ontem fizeram aniversário de casamento e foram jantar fora, também não gostou de idéia.

Parece que os Fietz já chegaram e o Carlos vai lá buscar o Diego que estava na praia.

Heloisa e Pablo deram uma avanço na arrumação da árvore de Natal.

Isto aí.

Até a próxima.

 

Segunda-feira, 23 de Novembro de 1998, 22:04, verão.

 

Hoje de manhã cedo a Saara telefonou para dizer que a mãe estava mal; fomos para lá juntamente com o Carlos.

Tratava-se e uma crise mas como a médica disse para a Saara que nada mais havia P6or fazer, ela ficou meio desesperada.

Na verdade não era uma situação terminal, como diz o Carlos, mas uma indicação de piores dias.

Veio ao debate o problema do médico que vai em casa aistiraos seus doentes e ficou claro que eles hoje não fazem isto prque os convênios pagam muito pouco pôr visita.

Ficou combinado que a Saara irá oferecer mais grana ao sapatào para que ela vá lá em casa em vez da mãe, na situação que está ir ao consultório.

Perguntei então se a Dra. Patrícia PHD não era cardiologista e o Carlos disse que não era quando se tratasse da avó dela!!!

Na verdade, a alegação coloca o médico – ou qualquer outro profissional mas especialmente o médico – numa situação cômoda que elide a critica.

Penso também que esta é uma posição elitista, somente permissível a sociedades ricas, adiantadas, onde as pessoas prescindem das outras.

Suponhamos que não houvessem cardiologistas bons em Porto Alegre ou mesmo que a mãe não tivesse meios de pagá-los, o que são situações comuns, especialmente a última.

Seria razoável a Patrícia não atender a avó dela?

Ou seja, isto daí pode ser uma regra mas não deve ser um principio.

Assim que provavelmente a mãe irá morrer sem ter tido o prazer e talvez o orgulho de ter sido tratada pôr um descendente para cuja existência ela cooperou.

Creio que mesmo que o descendente não soubesse a diferença entre um cateter e um fio de luz,  morreria mais feliz.

Como se vê, o episódio fez com que eu entrasse na área de considerações subjetivas o que evito.

Bem.

No mais tudo caminhando: neste momento a Heloisa foi a uma reunião da turma do vôlei da ACM onde pontificam antigos astros da pré – história deste esporte.

Dizem que as reuniões são muito divertidas, animadas principalmente pela famosa Cloé  que foi campeã gaúcha nas comemorações da Revolução Farroupilha, em 1935.

A situação geral da Bulgária é que não está nada boa: descobriram ums gravações clandestinas que irão melar algumas privatizações para gáudio do Olívio que certamente vai querer rever aquelas feitas pelo Brito.

No que concerne, nota-se que a população está se radicalizando e parece que a eleição ainda não terminou.

Acho que teremos grandes confusões mas penso também que se o Olívio quiser rever os contratos de pedágio, tem toda razão: os caras abusaram e certamente nisto daí tem o dedo do Assis Anaya.

Vai aparecer muita mutreta.

Como diria o Eça, este país é uma choldra.

Pôr ressaltar que o Grêmio ganhou de 2 x 0 do Coríntians lá em São Paulo e quarta feira joga a última: se empatar ou ganhar, terá derrubado o  primeiro colocado e abaixado a crista daquele mulato pachola, o Wanderlei Luxemburgo.

O nome dele deveria ser, pelo aspecto, Valdineides da Silva.

De apelido  Pintinho.

Vamos torcer.

Se der Grêmio e Palmeiras na final, a CBF vai ter que rever seus contratos.

Porque será Felipão x Felipão eis que o Celso Roth é discípulo dele.

Se for possível, esta semana iremos à praia, na quinta feira para voltar no Domingo, aniversário do Henrique.

Este processador tema  a mania de colocar os dias da semana em maiúsculas, coisa de portuga.

A partir de agora, não mais irei corrigir.

Este ano, farei diferente e levarei estes registros até ao dia 31 de dezembro, deixando a entrega deles para a Páscoa.

Isto porque preciso de tempo para imprimi-los; se for o caso, compro uma impressora pequena que aceite formulário contínuo.

Afinal já são mais de duzentas páginas e imprimir uma a uma dá um trabalhão e um gasto expressivo.

Também porque no ano que vem é minha intenção ( história antiga) escrever trabalhos mais extensos, talvez ficção.

Isto se eu não resolver fazer vestibular de Medicina, no que estou pensando seriamente.

Só tenho que estudar Química e Biologia.

O resto eu sei.

Semana passada acabei de ler o segundo volume do livro do Rotta que já está um calhamaço de mais de trezentas páginas e ainda falta um terço para terminar.

O livro transmite uma sensação estranha: não se sabe se é um best seller ou uma chatice.

Tudo vai depender da terceira parte.

Agora, como é que eu digo isto para o Rotta sem arranjar um inimigo para o resto da vida?

Esta foi uma lição do Pitigrilli: você chega para o autor e diz:

  • O seu livro é uma obra maior do que a Divina Comédia, melhor do que Don Quixote mas na quinta linha da página 178 há um erro de concordância!

Pronto! Você acaba de fazer um inimigo.

Agora, se você quiser que um autor bissexto lhe beije os pés, diga para ele:

  • Gostei muito do teu livro e olha que eu acho o Saramago um chato, o Garcia Marquez um repetitivo, o Jorge Amado escritor de um só enredo.

Pronto: se depender dele você se elege embaixador em Portugal.

E, é mesmo assim.

Daqui a pouco, de novo, Brasil x Cuba pelo vôlei masculino; quem ganhar já estará nas finais.

Heloisa tem assistido a todos os jogos que geralmente começam às quatro da matina eis que o campeonato é no Japão.

Assim que anda com as tripas de arrasto mas não perde as festinhas que as coleguinhas de 50 anos atrás costumam fazer nos fins de ano.

Bota resistência nisto.

Está um calor danado e vou para debaixo do ventilador ver um pouco de TV.

Boas noites.

 

Segunda-feira, 30 de Novembro de 1998, 22:08, verão tipo La Niña.

Uma semana sem comparecer.

De novidade, o roubo do carro do Bolão que agora curte uma de pedestre, o que não fácil.

A mãe está bem, dentro das possibilidades: alimenta-se pouco mas não tem tido maiores problemas nestes últimos três dias.

Estivemos no Imbé, Quinta e Sexta feira e estava uma beleza: deixei a piscina limpa, quase em ponto de uso.

Quando fomos mandar fazer almofadas para as cadeiras da copa, passamos no CláudioMazzoti e a filha dele estava estudando triângulos retângulos.

Não resisti e meti o bico, ensinado para ela aquela descoberta que fiz sobre progressões aritméticas com razão igual a um terço do valor do primeiro termo.

A tese é : Numa progressão aritmética em que a razão é um terço do valor do primeiro termo, os três primeiros termos são lados de um triângulo retângulo.

Exemplo: 6, 8, 10 ou 12,1 6, 20 etc. etc.

Pois bem : o Carlos me deu um livro sobre o teorema de Fermat e verifiquei que a minha descoberta até hoje não foi cogitada pêlos matemáticos.

Acontece que eles acham que os trios pitagóricos são limitados em números mas a minha série demonstra que não é assim.

Estou falando porque a filha do Cláudio estuda Matemática na faculdade e ficou maravilhada dizendo que iria apresentar  tese para os seus colegas e professores.

Algum professor malandro irá certamente publicar o negócio como sendo dele – o que é comum no meio acadêmico – mas fica aqui o meu registro.

O livro sobre o teorema de Fermat é muito interessante mas bastante elementar no que concerne à Matemática: não devemos esquecer que o referido viveu no século XVII.

Ainda voltarei ao assunto: preciso de mais uns dias para terminar o livro.

Ontem foi a janta de aniversário do Henrique e estava bastante bom: só os avós e os Fietz.

A Helena apronta-se para a viajem aos USA; a Virgínia que ir até são Paulo, o que é perfeitamente dispensável.

A turma da Isinha praticamente de férias só fazendo as recuperações de melhoria.

Pablo e Diego estiveram ontem aqui e hoje o Chico e o Zé.

Ainda esta semana pretendo fazer uma sinopse da situação geral da família: o que estão fazendo as pessoas, onde moram e alguns outros detalhes que devem ser lembrados para no futuro constituírem-se em referências.

Vou registrar aqui, pôr inusitado que o Pablo foi convidado para fazer um teste para um programa de televisão badalado – creio que é o da Xuxa – o que o levaria para Buenos Aires durante seis meses ganhando US$5.000,00 pôr mês.

O Pablo, judiciosamente, não quis nem pensar no assunto, no que acho que ele tem toda razão.

Negócio meio de louco.

Amanhã será o jantar da turma de 41 do Anchieta e talvez eu vá embora a disposição seja muito pouca.

Acabo de abrir a janela e o  perfume dos jasmins do Cabo invade a sala.

Uma das coisas boas do início do verão são os jasmins: pena que durem tão pouco.

Foi a Virgínia quem plantou o jasmineiro, já fazem muitos anos.

Sem dúvida uma bela contribuição para o nosso singelo jardim.

Ontem fiz churrasco e não vieram os Barrios, que foram a um almoço na AABB e a turma do Bolão com hóspedes de Pelotas.

Quando chega o fim do ano, é difícil reunir toda a família.

O Ângelo levou um belo farnel para o Conam.

No que concerne a esportes, o Grêmio foi desclassificado pelo Coríntians e o time de vôlei do Brasil perdeu as duas finais, para Itália e Cuba.

A Itália é tri campeã mundial, em segundo a Iugoslávia, terceiro Cuba e quarto o Brasil.

Resultado justo; o Bebeto de Freitas, antigo técnico do Brasil, é o técnico da Itália.

Amanhã o Vasco joga em Tóquio com Real Madrid.

Com o que me despeço desejando boas noites a todos.

Segunda-feira, 30 de Novembro de 1998( agora a data vai também no fim)

 

Segunda-feira, 7 de Dezembro de 1998, 18:42, tempo bom.

 

Como se depreende, ultimamente só apareço uma vez pôr semana.

É que andei meio baleado do estômago e faltava vontade.

Sexta feira fiz um churrasquinho na Isinha para mim e para os guris: as malheres estavam num chá daqueles para vender bagulhos.

Pôr sinal, a Heloisa comprou umas lâmpadas da Viviane que no funcionaram quando as instalei hoje.

Ontem o almoço foi na Patrícia: uma paella veterana ( não confundir com valenciana) que estava no freezer desde dezembro doa ano atrasado.

Mas estava bom.

Escolhemos os amigos secretos.

A discussão do dia foi política e cabem algumas considerações.

Algumas pessoas que me conhecem desde há muito, espantam-se que sou favorável ao FHC.

Então, expliquemos.

Fomos educados – e principalmente os militares – valorizando o diploma, a educação formal: é corriqueiro, mesmo no meio civil, que as pessoas partam do principio que, para fazer-se bem alguma coisa, o diploma, o título é indispensável.

Lembro que pôr causa disto, o Joaquim Freitas teve que formar-se em Engenharia mesmo sabendo mais de refrigeração do que aquele monte de débeis que eram engenheiros mecânicos.

O corolário disto é que, naturalmente, acreditamos que as elites intelectuais levam toda a virtude, estou escrevendo no estilo do Graciliano.

Ou seja, valorizamos a minoria em detrimento da maioria.

Mas, a análise histórica mostra que não é assim que as coisas acontecem.

Sugiro uma leitura mais acurada sobre o Império Romano, principalmente a vida de Cícero.

Abreviando a análise, posso dizer que desde muito cedo, lá pelos trinta e poucos anos, firmei a convicção que a democracia era o melhor regime existente para que uma nação pudesse existir como um todo.

O que me levou a repelir qualquer tipo de radicalismo.

É que também observei  “in vita” que os radicais ou são burros, ou são frustrados ou levaram uma grande paulada da vida.

A par, sempre fui cartesiano, ou seja, duvidemos de tudo e conseqüentemente, sejamos tolerantes porque sempre há uma solução melhor para qualquer coisa.

Pôr isto fui contra a Revolução de 64, cujos mentores acreditavam ser a elite intelectual do país e donos da verdade.

Eles diziam que se opunham ao radicalismo comunista mas a verdade é que evitando um extremo, colocavam-se no outro.

Razões pelas quais sou contra o PT e seus radicais.

Então, em princípio, não devo tentar destruir ou denegrir um governo que foi eleito pelo sistema que julgo melhor.

A tese para a solução de problemas é que a gente os analise, discuta, divirja mas respeite a vontade da maioria.

E depois que essa está estabelecida, fazer tudo para que dê certo.

“Eu não disse?” ” Eu sabia”, são frases que não constroem nada.

No caso específico do FHC, nunca alguém pegou uma batata quente tão quente como ele.

O Brasil estava inviável pela Constituição de 88, economicamente arrasado pelo Sarney e finalmente, desmontado pelo Collor.

Quem tinha dinheiro aplicava no “over” e ganhava fortunas enquanto dormia; a nomenklatura estatal através dos fundos de pensão ficou dona do Brasil: os assalariados tinham uma redução mensal de salário de mais de 30% e pagavam a turma que investia no “over”; o Congresso assaltava os cofres públicos; a máquina do Estado estava totalmente incapaz de funcionar pelas maluquices do Collor que passava todo o mundo a disposição, em, casa, mas ganhando o salário.

Sem falar na situação dos Estados, na dívida externa, no descrédito do Brasil.

Em suma: um pepino monumental.

Era fundamental resolver o problema da inflação para que os mais pobres deixassem de aportar dinheiro às contas bancárias dos mais ricos: foi feito.

Era também fundamental que a Constituição fosse modificada e eisto está sendo feito à duras penas e ainda não acabou.

Era fundamental que o Estado se livrasse de funções que melhor podem ser executadas pela iniciativa privada e isto está sendo feito mas a reaçõ da nomenklatura é violenta.

Ainda falta acertar os fundos de pensão mas um dia chegaremos lá.

É bom que se saiba que somente o Previ( BB) e a Petrus (Petrobras) têm juntos um patrimônio líquido de mais de 40 bilhões de dólares, justamente o valor que o FMI colocou à disposição do Brasil.

Dinheirinho nosso, meu , teu, nosso.

O Banco do Brasil mesmo com um prejuízo de 7 bilhões de dólares, não deixava de recolher a alíquota devida à PREVI, alíquota esta que, nós que pagamos, não fomos consultados do valor.

A Petrobras vale 80 bilhões de dólares e a nossa gasolina continua sendo um das mais caras do mundo!

Porque não vendemos a incompetente?

O Vares não pode fazer exame para a ESCEME porque era um fanático defensor da Petrobras; hoje ele acha que até de graça seria um bom negócio transferí-la.

Para quem não sabe, o monopólio da Petrobras continua.

Como não sou motorista de taxi e nem barbeiro, não sei de uma receita simples para governar, com êxito, o Brasil.

E, aí reside o x do problema: o conhecimento pela rama.

Nos meus tempo de Glorioso, fazia parte do folclore marretar os oficiais de Estado Maior quem, dizia-se, levavam aquela ferradura no braço para poder dar coices na verdade.

Para um manga lisa, todas as soluções eram simples, banais, imediatas.

Só que não davam certo porque eles desconheciam a maioria dos fatores condicionantes.

Pôr isto, quanto mais pessoas participam da solução do problema, mais fatores são levantados e pôr isto, a democracia.

O que explica porque sou a favor do governo democraticamente constituído e conduzido.

O que é o caso atual.

Aqui no RGS, estamos iniciando uma experiência que eu diria parecida com a República de Roma, se não for desvirtuada pelo radicalismo.

Vamos ver no que dá: é muito possível que a austeridade e honestidade do Olívio e seu apregoado fervor democrático, nos levem a uma boa solução.

Mas poderemos ser parte de um processo tumultuado em que pontifiquem as Tarsas Genras e as Lucias Camini da vida.

O ataque feito pêlos estudantes de teatro da UERJ à D. Rute Cardoso, são um exemplo vivo das cafajestagens que podem ser perpetradas pôr indivíduos de tal extração.

Com o que, encerro estas considerações de ordem política mas não sem antes comentar um episódio que foi objeto do Fantástico, ontem.

Tratava-se da reunião ministerial que precedeu à promulgação do AI 5.

Aí, lembrei que, quando terminei a EsCEME, o Portela – chefe da Casa militar do velho Costa e Silva – e o Massa, sub – chefe, ao término da cerimônia de formatura foram falar comigo:

– Moura, o Presidente mandou te perguntar como tu receberias um convite para a Casa Militar?

Neste meio temo a mulher do Massa estava lá em casa convencendo a Heloisa de que eu não poderia ir para a reserva.

O massa acrescentou:

– Tú pegas a tua mala de mão e te apresenta no Grupamento: a D. Heloisa nem vai, pode ir direto para o Sul. Daqui há dois meses, mando te buscar para Brasilia.

Sem maiores considerações, estes os fatos. Como eu me dava muito bem como velho Costa e mais ainda com o Portela e o Massa, a pergunta é:

  • Será que teria havido AI5 se eu tivesse aceitado o convite?

Pergunta sem resposta.

Boas noites.

 

Quarta-feira, 9 de Dezembro de 1998, 18:40, tempo meio enfarruscado.

 

Hoje foi julgado o recurso da ação da Ana e Maria Cristina, lá de Bagé.

O povo veio para o julgamento, estavam muito nervosos mas eu sabia que não haveriam surpresas; deu 3 x 0 para nós.

O que significa, para as meninas, mais ou menos R$2.000.000,00!!!

É mesmo de ficar nervoso.

Já voltaram, numa algareação que me deixa preocupado porque podem

querer dar uma de machalhões da fronteira e dificultar as coisas para o futuro.

A partir de agora irão ficar no meu pé.

Estou sentindo que  praia este ano vai ser intercalada com a Fazenda; ainda bem que em fevereiro termina o arrendamento da Ronda porque terei que passar tempo em Bagé e ficar lá é uma beleza.

O Renato trouxe um cordeiro hoje.

Ontem fomos ao aniversário da Saara e encontrei tias Carmem e Maria com quem bati um bom papo.

A mãe está bem mas muito alheia aos acontecimentos pôr causa da surdez.

Diego e Pablo têm aparecido para ficar aqui enquanto a Patrícia e o Carlos vão a um dos seus inúmeros churrascos, jantares e bailes.

De resto, tudo normal: hoje jogam Corintians e Santos e Cruzeiro e Portuguesa parta ver quem vai para as finais.

Torço pelo Santos e Cruzeiro mas acho que vou ficar de cabeça inchada.

O time daquele pardavasco exibido, o Corintians, é muito bom.

Heloisa está no último chá doa ano e ainda não sei o que irei jantar.

O que irei ver neste momento.

Boas noites.08/12/98.

 

Terça-feira, 15 de Dezembro de 1998, 00:20, calor.

Acho que irei retomar de manhã pois já passa da meia noite.

 

Sexta-feira, 18 de Dezembro de 1998, 23;19.

 

Acabei não voltando na Terça e nem na Quarta porque esqueci que Terça haveria a formatura da Helena e na Quarta combinara tomar chope com o Ingo.

A formatura da Helena, 1º grau, estava muito boa, tranqüila, sem grandes gogós. Depois fomos jantar na pizzaria alí perto do apartamento dos Fietz.

Tudo bem.

O chope do Ingo foi interessante porque cheguei à conclusão que o Alemão embirutou de vez.

Para inicio de conversa, comprou um Mustang 5000 que mais parece um avião da Guerra do Golfo; não contente comprou junto um Mercedes igual ao do Emerson Fittipaldi!

Considerando o fato eu ele usa práticas comerciais não ortodoxas e considerando que o PT vem aí, o Alemão vai se ferrar e feio.

O que ele faz, carrões, apartamentos de luxo, casas em Punta etc.etc. configuram o que se chama de “sinais externos de riqueza” e põe o fisco no pé dele.

Tomara que ele não esteja metido em falsificações o que eu não acreditava por causa da farmacêutica que trabalhava lá e era fogo na roupa: só que fiquei sabendo que ela foi despedida há dois anos…

O Alemão também anda semeando ventos entre os concorrentes e isto é muito ruim.

Aguardemos.

Ainda não conseguimos ir até à praia porque o tempo virou e ontem e hoje esteve até bastante frio, coisa aí de 13º C.

Com grandes chuvaradas, é claro.

Pessoalmente ando muito ruim do estômago, melhor, do tubo digestivo porque os sintomas vão mais para vesícula biliar.

Semana que vêm, vou ver um gastro que certamente pedirá todos os exames possíveis e imaginários.

Antigamente neguinhos receitavam OLINA.

No mais, acho que tudo em paz.

Este registro está perto de terminar o que pretendo fazer lá pelo dia 29 dezembro.

Ainda não sabemos onde estaremos na passagem do ano porque há algumas incógnitas: a situação de saúde da mãe, a viajem da Helena etc. etc.

Ontem o Pablo estava com febre e a Heloisa passou a tarde com ele.

O Clinton atacou o Iraque – está atacando, guerra de televisão – para desviar a atenção do impeachment mas parece que a coisa não vai dar certo, o golpe está muito manjado eis que é a segunda vez que ele faz isto.

Ele vai mesmo para o impeachment.

Hoje fizemos as compras para a ceia de Natal e está tudo sob controle.

O Brasil, continua na merda com grandes evasões diárias de dólares.

O FHC vai inaugurar o novo período numa situação muito difícil.

Há pessoas que dizem que ele irá acabar o governo como o Sarney.

Será criado o Ministério da Defesa o que parece ser uma grossa besteira e mais uma maneira de encarecer o Governo.

O sistema militar que sempre deu certo é o alemão, mesmo que eles tenham perdido a guerra; e é exatamente o que adotamos, com a FFAA sendo dirigidas e coordenadas pelo EMFA.

Só falta o FHC colocar no Ministério da Defesa um ex subversivo, o que não é de todo improvável.

A turma gosta de se coçar.

Mientras tanto o Pinochet conseguiu um novo julgamento porque um dos Lords era da Anistia Internacional.

Não me parece que haverá mudanças no resultado final e bobeia o Pino será extraditado para a Espanha e a coisa pega fogo.

O Chile, mesmo não gostando do Pinochet vai para o pau com os bifes.

Ou seja, a situação geral da Bulgária está mais para urubu do que para colibri.

Seria uma grande solução para o Brasil se os USA enrolassem o pé com o Sadan, os ingleses com o Chile e os argentinos aproveitando para dar uma rasteira nas Malvinas.

Todos sabemos que quando o polígono de forças da produção se equilibra só a guerra permite que ele se abra porque a guerra consome muito e não produz.

Sempre foi assim e se acontecer, esperemos que os babacas daqui saibam aproveitar como fizeram o Peron e outros malandros.

O Getúlio bem que tentou mas conseguiu pouco porque ficou do lado dos vencedores e vencedor não precisa pagar nada.

Perdedor é que paga qualquer coisa para livrar o pescoço.

E eu não falei de árabes e judeus.

Daqui a pouco o Sadan enlouquece e manda Israel para o espaço.

Aí é que a coisa pega fogo e penso que o Clinton está provocando uma situação assim.

Aguardemos; enquanto isto, dele míssil em cima de Bagdad e tudo televisionado pela CNN.

Só que desta vez está todo o mundo contra e os russos já retiraram os embaixadores de Washington e Londres; na verdade os russos já não podem mais nada mas a grande surpresa ficou por conta do Tony Blair

Que apoiou o Clinton inclusive com a RAF.

Os nossos esquerdinhas, para quem o Tony era o enfant gaté, estão sem saber o que dizer.

Aguardemos o Brezol que certamente dirá a última palavra sobre tão momentosos tema…

Enquanto isto o Olívio espera para assumir entre grandes fofocas e acusações.

Politicamente – pelo menos – 99 será um ano muito divertido.

Boas noites.

 

Terça-feira, 22 de Dezembro de 1998,23:27

 

No fim de semana, pessoas, mexeram no meu computador e agora o Word tranca!

Acontece que os personagens acham que entendem e partem para a moda Miguelão e aí adeus tia Chica.

O “Miguelão”e a “tia Chica”, não se usam mais desde a década de 40, mais ou menos de acordo com os conhecimentos tecnológicos das pessoas que mexeram aqui.

Como a resolução deste tipo de problema exige tempo, paro por aqui.

Boas noites, 22 dez 98.

 

Sábado, 2 de Janeiro de 1999, 22:40, calorão.

 

Este é o último registro 98; desde o dia 22, tivemos a festa natalina sem a Graça e a Marilia, depois a ida para a praia no dia 26, a passagem de ano com a Isinha ,os guris, a família Fietz  e o retorno hoje para o embarque da Helena para os USA.

Apesar de ser a primeira grande viagem que faz, a Helena foi tranquila; quem estava emocionada era a Virgínia mas também não demonstrou.

Este ano o Antônio Pedro e a Denise chegaram depois da meia noite para passar o ano com a Lélia.

Na passagem, muitos fogos como de costume.

Neste momento, os Fietz estão aqui em POA, a Isinha com os guris no Imbé, os Barrios em Artigas, o Bolão de plantão e a Liege em Pinhal.

Eu ando às voltas com umas dores chatas de estômago e até telefonei para o Raul pois as pessoas acham que é Vesícula biliar mas ao que tudo indica é uma gastrite decorrente de uso abusivo de anti-inflamatórios, mais especificamente Ibuprofen ( Advil ).

No intervalo a mãe andou meio mal mas agora está se recuperando, depois que lhe foram retirados todos os remédios, como aliás já preconizara o Carlos.

Ou seja, quanto menos remédio, melhor.

Doenças e remédios, conversas de velho.

Ontem, o, O Olívio assumiu o governo que lhe foi passado pelo vice Bogo porque o Brito não aguentou as cachorradas do PT.

O Simão quis dar uma de bacana, compareceu à posse e levou uma vaia da chamada militância.

Ë a primeira vez que um índio, pobre e chato assume um governo deste vulto no Brasil; vamos ver no que dá porque chato é duro de aguentar.

Se fosse no México, amanhã estourava a Revolu.

A única bandeira hasteada na posse do Olívio, foi a  de Cuba…

Isto daqui vai ficar divertido.

A praia este ano está ótima, o mar azul, um solão de rachar e a temperatura agradável.

Segunda feira quero ver se despacho a grana dos Pfeifer, vejo uns probleminhas no escritório e me mando.

O Ângelo irá ficar conosco por lá porque a Isinha vai fazer um curso de didática na Ulbra e o Lucas está empenhado em segunda época até o dia 14.

Diego e Pablo devem ir para o Imbé quando voltarem de Montevidéu, no dia 10; o Alemão não sabe se vai porque a Virgínia dá aulas até o dia 24.

Para terminar, cabe assinalar que 98 foi um ano bom para a nossa família embora nem tanto para o Brasil.

De um modo geral as pessoas da clã fizeram coisas que devem mostrar resultados a longo prazo, o que é bom: a Patrícia decidiu-se pela carreira universitária, a Isinha ancorou mais na área de ensino, o Bolão vai firme para o último ano de residência, a Liege abriu o seu consultório, o Paulo optou decisivamente e exclusivamente pela advocacia, o que é bom.

Nós viajamos para Portugal o que era um velho sonho

Todos estes assuntos pendiam no fim do ano passado e agora já são etapas vencidas.

Os netos todos passaram de ano e estão bem de saúde; A Alda está muito bem e a mãe supera suas crises.

Heloisa e eu continuamos vivos e – pensamos – ajudando mais do que estorvando.

Agora, em 99, é só consolidar eis que o segredo do êxito é durar na posição.

Felicidades em 1999.

Sábado, 2 de Janeiro de 1999.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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